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Capítulo 12 Espinhal Medula e Nervos Raquidianos

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Microfotografia de varrimento colorida de fascículos
nervosos que contêm feixes de axónios.
O sistema nervoso central (SNC)
consiste em encéfalo e medula es-
pinhal, sendo a divisão entre estas
duas partes, uma intracraniana e ou-
tra raquidiana, definida, de modo um
pouco arbitrário, ao nível do buraco occi-
pital. O sistema nervoso periférico (SNP)
consiste nos nervos e gânglios exteriores à
caixa craniana e à coluna vertebral (ver o capítulo
11). Os nervos são feixes de axónios com as suas célu-
las de Schwann, envolvidos em bainhas de tecido conjuntivo. Os gânglios são
aglomerações de corpos celulares no SNP. O SNP inclui 12 pares de nervos
cranianos e 31 pares de nervos raquidianos.
O SNC recebe informação sensorial, avalia essa informação, armazena
parte dela e desencadeia reacções. O SNP recolhe informação de numerosas
fontes tanto no interior como no exterior do corpo e retransmite-a através dos
axónios para o SNC. Os axónios dos neurónios motores no SNP retransmitem
informação do SNC para várias partes do corpo, principalmente músculos e glân-
dulas, regulando, assim, a actividade destas estruturas.
Neste capítulo descrevem-se a medula espinhal e os nervos raquidianos.
O encéfalo e os nervos cranianos são estudados no capítulo seguinte. Os tó-
picos específicos deste capítulo são a medula espinhal (412), os reflexos (415)
as vias espinhais (420), a estrutura dos nervos periféricos (420) e os nervos
raquidianos (420).
C A P Í T U L O
Medula Espinhal
e Nervos
Raquidianos
12
Pa
rt
e 
3
S
is
te
m
as
 d
e 
In
te
gr
aç
ão
 e
 C
on
tr
ol
e
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle412
Medula Espinhal
Objectivos
■ Descrever a estrutura geral e a localização da medula
espinhal.
■ Descrever um corte transversal da medula espinhal,
explicando as funções de cada área.
A medula espinhal é de extrema importância para o fun-
cionamento global do sistema nervoso. Constitui o elo de co-
municação entre o encéfalo e o sistema nervoso periférico (SNP)
abaixo da cabeça, integrando a informação que recebe e produ-
zindo respostas através de mecanismos reflexos.
Estrutura Geral
A medula espinhal (figura 12.1) estende-se desde o buraco occi-
pital até ao nível da segunda vértebra lombar. É consideravel-
mente mais curta do que a coluna vertebral porque, durante o
desenvolvimento, não atinge a mesma velocidade de crescimen-
to que esta última. Compõe-se dos segmentos cervical, torácico,
lombar e sagrado, designados de acordo com a área da coluna
vertebral pela qual os seus nervos entram e saem. Trinta e um
pares de nervos raquidianos originam-se na medula espinhal e
passam para fora da coluna vertebral através dos buracos
intervertebrais, também conhecidos por buracos de conjugação
(ver a figura 7.15). Os nervos raquidianos dos segmentos inferio-
res da medula descem numa certa extensão do canal raquidiano
antes de abandonarem a coluna vertebral, porque a medula es-
pinhal é mais curta do que a coluna vertebral que a envolve.
A medula espinhal não tem um diâmetro uniforme em todo
o seu comprimento. Há uma diminuição geral do diâmetro de
cima para baixo, com dois alargamentos onde os nervos que ser-
vem os membros entram e saem da medula espinhal (ver a figu-
ra 12.1). A dilatação cervical na região cervical inferior corres-
ponde ao local onde os nervos que servem os membros superio-
res entram ou saem da medula, e a dilatação lombar ou crural,
nas regiões torácica inferior e lombar superior é o sítio onde en-
tram ou saem os nervos para os membros inferiores.
E X E R C Í C I O
Porque é que a medula espinhal alarga nas regiões cervical e
lombar?
Logo abaixo da dilatação lombar, a medula espinhal afunila
formando uma região cónica chamada cone medular. A sua
ponta está ao nível da segunda vértebra lombar e constitui a
extremidade inferior da medula espinhal. Um filamento de te-
cido conjuntivo, o filamento terminal, estende-se inferiormente
desde o ápex do cone medular até ao cóccix e fixa a medula
espinhal ao cóccix. Os nervos dos membros inferiores e outras
estruturas inferiores do corpo, (raízes da segunda lombar à quin-
ta sagrada), saem da dilatação lombar e do cone medular, per-
correm a parte inferior do canal vertebral e saem através dos
buracos de conjugação desde a segunda vértebra lombar (L2) à
quinta vértebra sagrada (S5). O cone medular e os numerosos
nervos que se estendem para baixo dele assemelham-se a uma
cauda de cavalo e são por isso chamados cauda equina (ver a
figura 12.1).
Meninges da Medula Espinhal
Três camadas de tecido conjuntivo, as meninges, envolvem e pro-
tegem o encéfalo e medula espinhal (figura 12.2). A camada mais
superficial e mais espessa é a duramáter (mãe firme). A dura-
máter envolve a medula espinhal e está na continuidade do
epinervo dos nervos raquidianos (estudado na p. 420). A dura-
máter raquidiana está separada do periósteo do canal vertebral
pelo espaço epidural. Trata-se de um espaço verdadeiro em tor-
no da medula espinhal que contém vasos sanguíneos, tecido con-
juntivo areolar e gordura. A anestesia epidural dos nervos ra-
quidianos, frequentemente dada às parturientes, é induzida pela
injecção de anestésicos neste espaço.
A túnica meníngea que se segue é a aracnóideia (como
uma aranha, isto é, uma teia de aranha), muito fina e delgada. O
espaço entre esta camada e a duramáter é o espaço subdural
que contém apenas uma quantidade muito pequena de líquido
seroso.
A terceira túnica meníngea, a pia (dedicada) máter (mãe),
liga-se muito estreitamente à superfície do encéfalo e medula
espinhal. Para lá do cone medular, a piamáter forma o filum
terminale (também designado de filamento terminal), umFigura 12.1 Medula Espinhal e Raízes dos Nervos Raquidianos
Raízes
posteriores
Nervos raquidianos
T1
L1
S1
Dilatação 
cervical
Dilatação
lombar
Nervo
coccígeo
Cone
medular
Cauda
equina
Filum
terminal
C1
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 413
filamento de tecido conjuntivo que se estende inferiormente até
ao cóccix, onde a medula espinhal vem ancorar. Entre a arac-
nóideia e a piamáter fica o espaço subaracnóideu, que contém
fios emaranhados como teias de aranha, provenientes da arac-
nóideia, vasos sanguíneos e líquido cefalorraquidiano (LCR), que
será descrito no capítulo 13.
A medula espinhal é mantida no seu lugar dentro do canal
vertebral por séries de cordões de tecido conjuntivo que ligam a
piamáter à duramáter, levando a aracnóideia a constituir pontes
entre as emergências dos nervos. Como criam um aspecto
“denteado”, estas fixações designam-se por ligamentos dentados
(ver a figura 12.2).
Secção Transversal da Medula Espinhal
Uma secção cruzada da medula espinhal revela que esta consiste
de uma porção cinzenta central e de uma porção branca perifé-
rica (figura 12.3). A substância branca consiste em axónios
mielinizados, formando feixes nervosos, e a substância cinzenta
consiste em corpos celulares neuronais, dendrites e axónios. O
sulco mediano anterior e o sulco mediano posterior são fen-
das profundas que separam parcialmente as duas metades da me-
dula. A substância branca de cada lado da medula espinhal está
organizada em três cordões que se designam por anterior (ven-
tral), lateral e posterior (dorsal). Cada cordão subdivide-se em
feixes nervosos ou vias. Os neurónios que transportam poten-
ciais de acção para o (ascendentes) ou do (descendentes) encéfalo
agrupam-se habitualmente em feixes e os axónios de um dado
feixe transportam basicamente o mesmo tipo de informação,
embora os feixes se possam sobrepor em determinada extensão.
Por exemplo, uma determinada via ascendente transporta po-
tenciais de acção relacionados com as sensações de dor e tempe-
ratura, enquanto outra transporta potenciais de acção relacio-
nados com a sensibilidade táctil fina.A substância cinzenta central organiza-se em cornos. Cada
metade da substância cinzenta da medula espinhal consiste num
corno posterior (dorsal), relativamente delgado, e um corno
anterior (ventral), mais largo. Existem também pequenos cor-
nos laterais em certos níveis da medula, associados ao sistema
nervoso autónomo (ver o capítulo 16). As duas metades da me-
dula espinhal estão ligadas por comissuras cinzentas e brancas
(ver a figura 12.3). As comissuras branca e cinzenta contêm
axónios que cruzam de um lado para outro da medula espinhal.
O canal central está no centro da comissura cinzenta.
Os nervos raquidianos provêm de numerosos radicelos ao
longo das superfícies dorsal e ventral da medula espinhal. (ver a
figura 12.3)(*) Cerca de seis a oito destes radicelos combinam-se
para formar cada raiz anterior no lado ventral (anterior) da
medula espinhal e outros seis a oito formam cada raiz posterior
no lado dorsal (posterior) de cada segmento medular. As raízes
posterior e anterior juntam-se logo ao lado da medula espinhal
e formam os nervos raquidianos. Cada raiz dorsal tem um
gânglio, designado de gânglio da raiz posterior, gânglio
raquidiano ou gânglio espinhal.
Organização dos Neurónios na Medula Espinhal e
nos Nervos Raquidianos
Os corpos celulares de neurónios sensoriais situam-se nos
gânglios da raiz posterior (ver a figura 12.3c). Os axónios destes
neurónios unipolares estendem-se de várias partes do corpo e
passam nos nervos raquidianos até aos gânglios da raiz posterior.
Os axónios não fazem sinapse no gânglio da raiz posterior, mas
atravessam a raiz posterior e projectam-se no corno posterior da
Duramáter
Piamáter
Ligamento
dentado
Espaço subdural
Epinervo do
nervo raquidiano
Espaço
subaracnóideu
Gânglio da raiz
posterior
Nervo raquidiano
Aracnóideia
Raiz anterior
ou ventral
Figura 12.2 Invólucros Meníngeos na Medula Espinhal
(*) O que lhes tira a sensibilidade, mas também a força, acabando por impedir
habitualmente um parto normal (N.R.).
(**) Esta, para ser válida, tem que ser monitorizada durante horas (24, preferencialmente)
(N.R.).
(***) A introdução de corpos estranhos, como uma substância radiopaca, sempre de
risco para o indivíduo, tem graves implicações éticas e médico-legais, pelo que se
procura antes obter imagens por ressonância magnética (N.R.).
Inserção de Agulhas no Espaço Subaracnóideu
Diversos procedimentos clínicos pressupõem a inserção de uma agulha
no espaço subaracnóideu abaixo do nível de L2, porque a medula
espinhal se estende apenas até este nível, não sendo lesada pela
agulha, enquanto que o espaço subaracnóideu se estende até S2. Os
nervos da cauda equina são muito facilmente desviados pela agulha
durante estas intervenções e normalmente não são atingidos. Na
anestesia raquidiana, ou bloqueio espinhal, as drogas que bloqueiam a
transmissão dos potenciais de acção são introduzidas no espaço
subaracnóideu, impedindo as sensações de dor na parte inferior do
corpo. Durante o parto, muitas mulheres recebem anestesia
raquidiana(*). A punção lombar consiste na remoção do LCR do espaço
subaracnóideu. Pode ser executada com a finalidade de examinar o LCR
para pesquisar agentes infecciosos (meningite), presença de sangue
(hemorragia), ou para medir a pressão do LCR(**). Pode, ainda, ser
injectada uma substância radiopaca nesta área para execução de uma
mielografia (radiografia da medula espinhal), permitindo visualizar
defeitos ou lesões da medula espinhal(***).
(*) Na nomenclatura anatómica mantém-se a opção por raízes anteriores e posteriores;
nas referências clínicas, particularmente cirúrgicas, vai sendo corrente o uso de raiz
dorsal e raiz ventral (N.T.).
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle414
III
Corno posterior
Sulco mediano 
posterior
Raiz
posterior
ou dorsal
Corno
posterior
Central
canal
Corno
anterior
Porção
branca periférica
Comissura
cinzenta
Comissura
branca
Sulco
mediano
anterior
Corno anterior
Corno lateral
Raiz posterior
Raiz anterior
Gânglio da raiz posterior
Neurónio sensorial
Neurónio motor somático
Nervo raquidiano
Neurónio autonómico
Corno posterior
Corno lateral
Corno anterior
Substância
cinzenta
Cordão posterior
Cordão anterior
Cordão lateral
Substância
branca
Radicelos
Comissura cinzenta
Raiz anterior
ou ventral
Nervo
raquidiano
Gânglio da raiz
posterior
Raiz posterior
ou dorsal
Canal central
Comissura branca
Sulco mediano anterior
Sulco mediano
posterior
(a)
(b)
(c)
Figura 12.3 Secção Transversal da Medula Espinhal
(a) Desenho em 3 D de um segmento da medula espinhal, mostrando uma raiz posterior e uma anterior de cada lado e os radicelos que as formam. (b) Fotografia
de uma secção transversal ao nível da região lombar média (x 20). As áreas mais escuras são de substância branca, onde se localizam os feixes. As áreas mais
claras são de substância cinzenta, onde se localizam os corpos celulares neuronais. (c) Relação dos neurónios sensoriais e motores com a medula espinhal.
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 415
substância cinzenta da medula espinhal. Os axónios fazem sinapse
com neurónios de associação no corno posterior ou passam para
a substância branca e sobem ou descem na medula espinhal.
Os corpos celulares dos neurónios motores, que inervam
músculos e glândulas, localizam-se nos cornos anterior e lateral da
substância cinzenta da medula espinhal (ver a figura 12.3c). Os
neurónios motores somáticos multipolares estão no corno ante-
rior ou corno motor e os neurónios autonómicos estão nos cornos
laterais. Os axónios dos neurónios motores formam a raiz anterior
e passam nos nervos raquidianos. Assim, a raiz posterior contém
neurónios sensoriais, a raiz anterior contém neurónios motores e
os nervos raquidianos têm axónios sensoriais e axónios motores.
1. Descreva as dilatações cervical e lombar da medula
espinhal, o cone medular e a cauda equina. Quantos pares
de nervos raquidianos saem da medula espinhal?
2. Indique quais as meninges que envolvem a medula
espinhal. O que se encontra nos espaços epidural, subdural
e subaracnóideu?
3. Como é que a medula espinhal está segura no canal
vertebral?
4. Explique a disposição da substância branca na medula
espinhal. O que são comissuras?
5. Descreva a substância cinzenta medular. Onde se localizam,
na substância cinzenta, os corpos celulares neuronais
sensitivos, autonómicos e motores?
6. Onde é que as raízes posteriores e anteriores saem da
medula espinhal? Que espécies de axónios se encontram
nas raízes posteriores e anteriores e nos nervos
raquidianos?
E X E R C Í C I O
Explique porque é que os gânglios das raízes dorsais têm um maior
diâmetro que as raízes dorsais.
Reflexos
Objectivo
■ Listar as componentes e características de um reflexo.
A unidade estrutural básica do sistema nervoso é o neu-
rónio. O arco reflexo é a unidade funcional básica do siste-
ma nervoso e a sua porção mais pequena e mais simples ca-
paz de receber um estímulo e produzir uma resposta. Tem
cinco componentes básicos: (1) um receptor sensorial, (2)
um neurónio aferente ou sensorial, (3) um neurónio de asso-
ciação, (4) um neurónio eferente ou motor e, (5) um órgão efector
(figura 12.4).
Os potenciais de acção iniciados nos receptores sensoriais
propagam-se ao longo dos axónios de neurónios sensoriais para
o SNC, onde habitualmente fazem sinapse com neurónios de
associação. Os neurónios de associação fazem sinapse com
neurónios motores que, por seu turno, enviam axónios para fora
da medula espinhal e, através do SNP, para músculos ou glându-
las, onde os potenciais de acção dos neurónios eferentes levam
os órgãos efectores a responder. A resposta produzida pelo arco
reflexo chama-se de reflexo. É uma resposta automática a um
estímulo, que ocorre sem pensamentoconsciente.
Os reflexos são, em geral, homeostáticos. Alguns deles fun-
cionam no sentido de remover o corpo de estímulos dolorosos
que poderiam provocar lesão dos tecidos e outros impedem o
corpo de cair ou de se deslocar subitamente, em consequência
de forças externas. Numerosos reflexos são responsáveis por man-
ter relativamente estáveis a pressão sanguínea, os níveis sanguí-
neos de dióxido de carbono e a ingestão de água.
Os reflexos variam na sua complexidade. Alguns implicam
vias neuronais simples e poucos ou nenhuns neurónios de asso-
ciação, enquanto outros têm vias complexas e centros de inte-
gração. Muitos são integrados na medula espinhal e outros são
Raiz ventral de
um nervo raquidiano
Neurónio motor
Orgão afectado
Neurónio sensorial
Receptor
sensorial
Neurónio de associação
Medula espinhal
Raiz dorsal de
um nervo raquidiano
Gânglio da raiz dorsal
Pele
Músculo esquelético
Nervo
raquidiano
1
2
3
4
5
Figura 12.4 Arco Reflexo
As partes do arco reflexo estão numeradas pela ordem em que o potencial de acção passa através delas. As cinco componentes são (1) receptor sensorial, (2)
neurónio sensorial, (3) neurónio de associação, (4) neurónio motor e (5) órgão efector.
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle416
integrados no encéfalo. Alguns reflexos envolvem neurónios
excitatórios e resultam numa resposta, como quando um mús-
culo se contrai (ver o capítulo 11). Outros reflexos envolvem
neurónios inibitórios e resultam na inibição de uma resposta,
como quando um músculo relaxa. Para além disso, centros
encefálicos superiores influenciam os reflexos, suprimindo-os ou
exagerando-os. Os principais reflexos medulares são o reflexo de
extensão, o reflexo dos órgãos tendinosos de Golgi, o reflexo de
retirada e o reflexo extensor contralateral.
Reflexo de Extensão
O mais simples dos reflexos é o reflexo de extensão (figura 12.5),
em que o músculo se contrai em resposta a uma força de
estiramento que lhe é aplicada. O receptor sensorial do reflexo é
o fuso muscular, que consiste em três a dez pequenas células
musculares esqueléticas especializadas. As células são contrácteis
apenas nas extremidades e são inervadas por neurónios motores
específicos que se chamam neurónios motores gama (o termo
gama aplica-se a neurónios motores com axónios de pequeno
diâmetro), originados na medula espinhal e que controlam a
contracção das extremidades das células do fuso muscular. Os
centros, não contrácteis, das células dos fusos musculares são
inervados por neurónios sensoriais que transportam impulsos
para a medula espinhal, onde fazem sinapse directamente com
neurónios motores chamados neurónios motores alfa (o ter-
mo alfa aplica-se a neurónios motores com axónios de grande
diâmetro), que por sua vez inervam o músculo onde estão incluí-
dos os fusos musculares. A particularidade do reflexo de exten-
são é não exigir um neurónio de associação entre os neurónios
sensoriais e motores.
O estiramento de um músculo determina também a ex-
tensão dos fusos musculares situados entre as suas fibras. A ex-
tensão estimula os neurónios aferentes que inervam o centro de
cada fuso muscular. O aumento de frequência dos potenciais de
acção nos neurónios aferentes estimula os neurónios motores
alfa na medula espinhal. Os neurónios motores alfa transmitem
potenciais de acção ao músculo esquelético, provocando uma
contracção rápida do músculo em extensão, o que gera uma re-
sistência à extensão do músculo. Os músculos posturais demons-
tram a natureza adaptativa deste reflexo. Se uma pessoa que está
em pé, na vertical, se inclinar ligeiramente para um lado, os
músculos posturais associados à coluna vertebral do outro lado
são estendidos, em consequência do que se inicia nesses múscu-
los um reflexo de extensão, que os faz contrair e recuperar a pos-
tura normal.
Os axónios colaterais dos neurónios aferentes dos fusos
musculares também fazem sinapse com feixes nervosos ascendentes,
o que permite ao encéfalo perceber que ocorreu a extensão do
músculo (ver p. 422). Neurónios descendentes na medula espi-
nhal fazem sinapse com os neurónios do reflexo de extensão e
modulam a sua actividade. Esta actividade é importante para
manter a postura e coordenar a actividade muscular.
1. Os fusos musculares detectam o estiramento do músculo.
4. A estimulação dos neurónios motores alfa faz o músculo contrair-se e 
 resistir ao estiramento.
2. Os neurónios sensoriais conduzem potenciais de acção para a medula espinhal.
3. Os neurónios sensoriais fazem sinapse com neurónios motores alfa.
Fibra muscular do músculo
Fibra muscular do fuso muscular
Neurónio motor gama
Neurónio motor gama 
Neurónio sensorial
Músculo
Terminações
nervosas sensoriais
Terminações dos
neurónios motores
gama
Fuso muscular
Para o encéfalo
Neurónio
motor
alfa
Junção
neuromuscular
Neurónio
sensorial
Fuso
muscular
Reflexo
de extensão
1
2
3
4
Figura 12.5 Reflexo de Extensão
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 417
Os neurónios motores gama são responsáveis pela re-
gulação da sensibilidade do fuso muscular. Quando um múscu-
lo esquelético se contrai, a tensão no centro dos fusos muscula-
res diminui, porque o fuso muscular encurta passivamente quan-
do o músculo encurta. A diminuição da tensão no interior dos
fusos musculares torna-os menos sensíveis ao estiramento. A
sensibilidade é mantida porque, ao mesmo tempo que os neu-
rónios motores alfa estimulam o músculo a contrair-se, os neu-
rónios motores gama estimulam os fusos musculares a contraí-
rem-se. A contracção das fibras musculares nas extremidades dos
fusos musculares estira o centro dos fusos musculares e mantém
a tensão adequada. A actividade do fuso muscular ajuda a con-
trolar e coordenar a actividade muscular, como a postura, a ten-
são muscular e o comprimento muscular.
Reflexo dos Órgãos Tendinosos de Golgi
O reflexo do órgão tendinoso de Golgi evita a produção de ex-
cessiva tensão no tendão de um músculo em contracção. Os ór-
gãos tendinosos de Golgi são terminações nervosas encapsu-
ladas que têm nas extremidades numerosos ramos terminais com
pequenas dilatações que se associam a feixes de fibras de colagé-
nio dos tendões. Os órgãos tendinosos de Golgi localizam-se nos
tendões perto da junção músculo-tendinosa (figura 12.6). Quan-
do o músculo se contrai, os tendões que lhe estão ligados são
estirados, o que provoca aumento de tensão no tendão. O au-
mento de tensão estimula potenciais de acção nos neurónios sen-
soriais dos órgãos tendinosos de Golgi. Os órgãos tendinosos de
Golgi têm um limiar de estimulação elevado e só são sensíveis a
estiramentos intensos.
Os neurónios sensoriais dos órgãos tendinosos de Golgi
passam através das raízes dorsais para a medula espinhal e entram
na substância cinzenta posterior, onde se ramificam e fazem si-
napse com neurónios de associação inibitórios. Os neurónios de
associação fazem sinapse com neurónios motores alfa que inervam
o músculo a que está ligado o órgão tendinoso de Golgi. Quando
Reflexo de Extensão do Joelho
O reflexo de extensão do joelho ou reflexo patelar (ou rotuliano) é um
exemplo clássico do reflexo de extensão e é utilizado pelos clínicos para
determinar se os centros superiores do SNC, que normalmente influen-
ciam este reflexo, estão funcionais. Quando se estimula, por percussão, o
ligamento patelar, o tendão do músculo quadricípite crural e o próprio
músculo estiram-se. As fibras dos fusos musculares nestes músculos são
também estiradas, sendo assim activado o reflexo de extensão. Conse-
quentemente, a acção do músculo faz a extensão da perna, obtendo esta
resposta característica. Quando o reflexo de extensão está muito
exagerado, isso significa que os neurónios do encéfalo, que normalmente
inervam os neurónios motores gama e reforçamo reflexo, estão hiper-
activos. Pelo contrário, se os potenciais de acção facilitadores para os
neurónios motores gama estiverem deprimidos, o reflexo de extensão
está muito suprimido ou ausente. A ausência deste reflexo pode também
indicar compromisso da via reflexa.
Figura 12.6 Reflexo do Órgão de Golgi do Tendão
Órgão
tendinoso
de Golgi
A contracção muscular
aumenta a tensão 
aplicada aos tendões.
Em resposta, os 
potenciais de acção são
conduzidos para a 
medula espinhal.
Neurónio
sensorial
Tendão Músculo
1. Os orgãos tendinosos de Golgi detectam a tensão aplicada a um tendão.
4. A inibição dos neurónios motores alfa provoca relaxamento 
 muscular, aliviando a tensão aplicada ao tendão.
2. Os neurónios sensoriais conduzem potenciais de acção para a medula espinhal.
3. Os neurónios sensoriais fazem sinapse com neurónios de associação 
 inibitórios que sinapsam com neurónios motores alfa.
Para o encéfalo
Neurónio
motor alfa
Neurónio de associação
inibitório
Neurónio
sensorial
Reflexo dos
órgãos tendinosos
de Golgi
Orgão tendinoso de Golgi
1
2
3
4
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle418
uma grande tensão é aplicada ao tendão, os neurónios sensoriais
dos órgãos de Golgi são estimulados. Os neurónios sensoriais
estimulam os neurónios de associação a libertar neurotrans-
missores inibitórios que inibem os neurónios motores alfa do
músculo associado, provocando o relaxamento do músculo. Este
reflexo protege os músculos e tendões dos danos resultantes da
tensão excessiva. O relaxamento súbito do músculo reduz a ten-
são aplicada a esse músculo e seus tendões. Um halterofilista que,
de repente, deixa cair um grande peso depois de um esforço para
o levantar fá-lo, em parte, pelos efeitos do reflexo tendinoso de
Golgi.
Os músculos e tendões dos membros inferiores podem ser
sujeitos a tremendas quantidades de tensão. É frequente o refle-
xo tendinoso de Golgi de um atleta não ser suficiente para pro-
teger os músculos e tendões de uma tensão excessiva. Os grandes
músculos e movimentos súbitos dos jogadores de futebol e dos
velocistas estão associados a frequentes arrancamentos dos mús-
culos isquiotibiais e lesões do tendão de Aquiles (calcaniano).
Reflexo de Retirada
A função de retirada, ou reflexo flexor, consiste em afastar um
membro ou outra parte do corpo de um estímulo doloroso. Os
receptores sensoriais são receptores da sensibilidade dolorosa ou
álgica (ver o capítulo 15). Os potenciais de acção de um estímu-
lo doloroso são conduzidos por neurónios aferentes através da
raiz dorsal da medula espinhal, onde fazem sinapse com neurónios
de associação excitatórios, que por sua vez fazem sinapse com
neurónios motores alfa (figura 12.7). Os neurónios motores alfa
estimulam músculos, habitualmente flexores, que afastam o
membro do estímulo doloroso. Ramificações laterais dos neurónios
aferentes fazem sinapse com fibras ascendentes para o encéfalo, o
que garante o conhecimento consciente do estímulo doloroso.
Inervação Recíproca
A inervação recíproca associa-se ao reflexo de retirada e refor-
ça a sua eficiência (figura 12.8). Axónios colaterais de neurónios
sensoriais, que transportam potenciais de acção dos receptores
da dor, fazem sinapses com neurónios de associação inibitórios
no corno posterior da medula espinhal, os quais fazem sinapse com
e inibem os neurónios motores alfa dos músculos extensores (an-
tagonistas). Quando o reflexo de fuga é iniciado, os músculos
flexores contraem-se e a inervação recíproca determina o rela-
xamento dos músculos extensores. Desta forma, reduz-se a re-
sistência ao movimento por parte dos músculos extensores.
A inervação recíproca está também envolvida no reflexo de
extensão, em que são inibidos os músculos opositores. No refle-
xo patelar ou rotuliano, por exemplo, ao mesmo tempo que se
dá a contracção do quadricípete crural, ocorre o relaxamento
dos flexores da perna.
Reflexo Extensor Contralateral
O reflexo extensor contralateral é outro reflexo associado ao
reflexo de retirada (figura 12.9). Os neurónios de associação que
estimulam os neurónios motores alfa, levando à fuga de um
membro, têm axónios colaterais que se estendem através da co-
missura branca para o lado oposto da medula espinhal e fazem
Figura 12.7 Reflexo de Fuga ou Retirada
Reflexo de retirada
1. Os receptores da dor detectam um estímulo doloroso.
2. Os neurónios sensoriais conduzem potenciais 
 de acção para a medula espinhal.
3. Os neurónios sensoriais fazem sinapse com 
 neurónios de associação excitatórios que 
 fazem sinapse com neurónios motores alfa.
4. A excitação dos neurónios motores alfa 
 leva à contracção dos músculos flexores 
 e à retirada do membro para longe do 
 estímulo doloroso. 
Neurónio
motor alfa
Junção
neuromuscular
Neurónio de
associação
excitatório
Neurónio sensorial
Estímulo
Para o encéfalo
Neurónio sensorial
1
2 3
4
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 419
Figura 12.9 Reflexo de Retirada com Reflexo Extensor Contralateral
1
2
3
4
1. Durante o reflexo de retirada, os 
 neurónios sensoriais conduzem potenciais
 de acção para a medula espinhal.
2. Neurónios sensoriais fazem sinapse 
 com neurónios de associação 
 excitatórios que são parte do 
 reflexo de retirada.
3. Ramos colaterais também fazem 
 sinapse com neurónios da associação 
 inibitórios que são parte da inervação 
 recíproca.
4. A inibição dos neurónios motores 
 alfa que inervam os músculos 
 extensores leva-os a relaxarem e a 
 não se oporem aos músculos 
 flexores do reflexo de retirada.
Inervação recíproca
Reflexo de retirada com inervação recíproca
Ramo colateral
do neurónio sensorial
Neurónio de
associação 
inibitório
Neurónio
sensorial
Junção
neuromuscular
Neurónio motor
alfa
Neurónio de
associação 
excitatório
Para o encéfalo
Figura 12.8 Reflexo de Retirada com Inervação Recíproca
1
2
3
3. A excitação dos neurónios motores alfa leva à 
contracção dos músculos flexores de um membro 
e a estimulação dos neurónios motores alfa que 
inervam os músculos extensores do membro 
oposto faz que estes se contraiam e suportem o 
peso do corpo durante o reflexo de retirada.
2. Neurónios sensoriais fazem sinapse com neurónios 
 de associação excitatórios que são parte do reflexo 
 de retirada. Ramos colaterais também fazem sinapse 
 com neurónios de associação excitatórios que 
 cruzam para o lado oposto da medula espinhal como 
 parte do reflexo extensor contralateral.
Neurónio
sensorial
Para o encéfalo
Neurónio
motor alfa
Junção 
neuromuscular
Neurónio
de associação
excitatório
Neurónio
motor alfa
Reflexo
extensor
contralateral
Reflexo
de retirada
Junção
neuromuscular
1. Durante o reflexo de retirada, os neurónios sensoriais conduzem 
 potenciais de acção para a medula espinhal
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle420
sinapse com neurónios motores alfa que inervam os músculos
extensores do lado oposto do corpo. Se um reflexo de retirada é
iniciado num membro inferior, o reflexo extensor contralateral
causa extensão do membro inferior do lado oposto.
O reflexo extensor contralateral é adaptativo, uma vez que
evita a queda por transferir o peso do corpo do membro afecta-
do para o membro não afectado. Um exemplo é o de uma pessoa
que pisa um objecto aguçado. Se a pessoa pisa um objecto agu-
çado com o pé direito, o peso do corpo é transferido do membro
inferior direito para o membro inferior esquerdo. Iniciar um re-
flexo de fuga em ambos os membros inferiores provocaria uma
queda.
7. Compare e indique a função do reflexo de extensão e do
reflexo dos órgãos tendinosos de Golgi. Descreva os
receptores sensoriais de cada um.
8.Descreva a actuação dos neurónios motores gama. O que é
que eles conseguem?
9. O que é um reflexo de retirada? Como é que os reflexos de
inervação recíproca e extensor contralateral ajudam o
reflexo de retirada?
Vias Espinhais
Objectivo
■ Descrever e dar exemplos da forma como vias convergentes
e divergentes interagem com os reflexos.
Os reflexos não operam como entidades isoladas no siste-
ma nervoso por causa da existência de vias divergentes e conver-
gentes (ver o capítulo 11). Ramos divergentes dos neurónios sen-
soriais ou de associação de um arco reflexo enviam potenciais de
acção ao longo das vias nervosas ascendentes para o encéfalo
(figura 12.10). Um estímulo doloroso, por exemplo, não se limi-
ta a iniciar um reflexo de retirada, removendo a parte afectada
do corpo do estímulo doloroso, mas também causa percepção
da sensação de dor, em consequência dos potenciais de acção
enviados ao encéfalo.
Axónios nas vias descendentes do encéfalo transportam
potenciais de acção para o corno anterior da medula espinhal,
convergindo com os neurónios do arco reflexo. Os neurotrans-
missores libertados dos axónios dessas vias podem estimular ou
inibir os neurónios motores no corno anterior. Os neurotrans-
missores alteram a sensibilidade do reflexo por meio da
estimulação (PEPS) ou inibição (PIPS) dos neurónios motores.
Diversas vias ascendentes e descendentes ocupam áreas específi-
cas da medula espinhal (figura 12.11).
10. Como é que as vias ascendentes e descendentes se
relacionam com os reflexos e outras funções neuronais?
Estrutura dos Nervos Periféricos
Objectivo
■ Descrever a estrutura de um nervo periférico.
Os nervos periféricos consistem em feixes de axónios, cé-
lulas de Schwann e tecido conjuntivo (figura 12.12). Cada axónio,
ou fibra nervosa, com a sua bainha de células de Schwann, é en-
volvido por uma delicada camada de tecido conjuntivo, o
endonervo. Grupos de axónios são rodeados por uma camada
mais consistente de tecido conjuntivo, o perinervo, que forma
os fascículos nervosos ou feixes nervosos. Uma terceira cama-
da de tecido conjuntivo denso, o epinervo, liga uns aos outros
os feixes nervosos, para formar um nervo. As camadas de tecido
conjuntivo dos nervos tornam os nervos do SNP mais robustos
que os feixes nervosos do SNC.
11. Descreva a estrutura dos nervos periféricos.
Nervos Raquidianos
Objectivos
■ Descrever a estrutura e explicar o nome dos nervos
raquidianos.
■ Descrever as raízes posteriores e anteriores e ramos
posteriores e anteriores dos nervos raquidianos.
■ Descrever plexos e delinear o padrão e distribuição dos
nervos intercostais.
■ Descrever a estrutura geral, distribuição e função dos plexos
cervical, braquial, lombossagrado e coccígeo.
Todos os 31 pares de nervos raquidianos, excepto o primeiro
par e os sagrados, saem da coluna vertebral através dos buracos
intervertebrais (também denominados de conjugação) localizados
entre duas vértebras adjacentes. O primeiro par de nervos
raquidianos sai entre a caixa craniana e a primeira vértebra cervical.
Os nervos do sacro saem deste osso único através dos buracos sa-
grados (ver o capítulo 7). Oito pares de nervos raquidianos saem
da coluna vertebral na região cervical, doze na região torácica,(*)
cinco na região lombar, cinco na região sagrada e um na região
coccígea (figura 12.13). Por motivos de conveniência, cada um dos
nervos raquidianos é designado por uma letra e um número. A
letra indica a região da coluna vertebral da qual o nervo emerge: C,
cervical; T, torácica; L, lombar; e S, sagrada. O único nervo coccígeo
muitas vezes não é designado mas, quando é, o símbolo utilizado é
Co. O número indica a localização em cada região onde o nervo
emerge da coluna vertebral, representando sempre o número mais
pequeno a origem mais superior. Por exemplo, o mais superior dos
nervos que saem da região torácica é designado por T1. Os nervos
cervicais são nomeados de C1 a C8, os torácicos de T1 a T12, os
lombares de L1 a L5 e os sagrados de S1 a S5. (**)
(*) Na nomenclatura tradicional portuguesa, diz-se região dorsal (designada por D); para evitar confusões com a designação de dorsal dada às raízes posteriores e com o termo direccional
dorsal, vai entrando em uso o termo torácico (NT.).
(**) Nas doenças da coluna vertebral usa-se C0 (zero) como referência à base do occipital (N.R.).
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 421
Músculo
esquelético
Órgão efector
Neurónio motor
Pele
Receptor
sensorial
Neurónio sensorial
Para o
encéfalo
Do
encéfalo
Axónio
descendente
Feixe
descendente
Axónio
ascendente
Feixe
ascendente
Local de
divegência
Local de
convergência
Figura 12.10 Reflexo Espinhal, com Axónios Ascendentes e Descendentes
Figura 12.11 Secção Transversal da Medula Espinhal, a
Nível Cervical, Mostrando as Vias
Os feixes nervosos ascendentes estão a azul, os descendentes a rosa. As setas
indicam a direcção de cada via.
Feixes nervosos
ascendentes
Feixes nervosos
descendentes
Figura 12.12 Estrutura de um Nervo Periférico
Estrutura do nervo, em que se podem observar os axónios rodeados por
diversas camadas de tecido conjuntivo: o epinervo, à periferia, rodeando todo
o nervo, o perinervo em torno dos feixes nervosos e o endonervo em torno
das células de Schwann e dos axónios.
Gordura
Epinervo
Perinervo
Endonervo
Célula de
Schwann
Axónio
Feixe
Artéria
e veia
422 Parte 3 Sistemas de Integração e Controle422
A lesão da medula espinhal pode seccio-
nar as vias ascendentes da medula espinhal
para o encéfalo, o que determina perda sen-
sorial e/ou as vias descendentes do en-
céfalo para os neurónios motores da medu-
la espinhal, o que leva a perda da função
motora. Há cerca de 10.000 novos casos de
traumatismo vertebromedular, em cada
ano, nos EUA. As causas principais são os
acidentes com automóveis e motociclos,
seguidas por feridas por arma de fogo, que-
das e acidentes de natação(*). A lesão ver-
tebromedular classifica-se de acordo com
o nível vertebral em que ocorreu o trauma-
tismo, com o facto de toda ou apenas uma
parte da medula ter sido lesada e com o
mecanismo da agressão. A maior parte des-
tas lesões ocorre a nível cervical ou na re-
gião toracolombar e as lesões são habitual-
mente incompletas. Os principais mecanis-
mos são a concussão (traumatismo por im-
pacto), a contusão (lesão que produz he-
morragia) ou laceração (rasgão ou corte) e
envolvem um excesso de flexão, extensão,
rotação ou compressão da coluna vertebral.
A maioria das lesões medulares consiste em
contusões agudas devidas a deslocamen-
to ósseo ou discal para dentro da medula e
envolve uma combinação de movimentos
direccionais excessivos, como flexão e com-
pressão simultâneas.
No momento do traumatismo, ocorrem
duas espécies de lesões dos tecidos: (1) pri-
Perspectiva Clínica Traumatismo Vertebromedular
mária, lesão mecânica e (2) secundária, lesão
dos tecidos. A lesão secundária da medula
espinhal, com início poucos minutos após a
lesão primária, é causada por isquemia,
edema, desequilíbrio iónico, libertação de
“excitotoxinas” como o glutamato e invasão
celular inflamatória. A lesão secundária esten-
de-se a uma região muito mais alargada da
medula do que a lesão primária. Constitui o
principal foco da investigação actualmente em
curso. O único tratamento para a lesão primá-
ria é a prevenção, como a utilização de cintos
de segurança nos automóveis e não mergulhar
em águas pouco profundas. Uma vez ocorrido
o acidente, de facto, pouco se pode fazer quan-
to à lesão primária. Por outro lado, sabe-se
hoje que grande parte da lesão secundária
pode ser prevenida ou revertida.
Até aos anos 50, os traumatismos verte-
bromedulares eram muitas vezes fatais. Hoje
em dia, com um tratamento rápido, dirigido aos
mecanismos da lesão secundária, grande par-
te dalesão medular pode ser evitada. O trata-
mento da medula espinhal lesada com
metilprednisolona (esteróide sintético) em al-
tas doses, no espaço de 8 horas após o aci-
dente, pode reduzir dramaticamente a lesão
medular secundária. O objectivo deste trata-
mento é reduzir a inflamação e o edema. O tra-
tamento actual consiste no realinhamento e
estabilização da coluna vertebral, descom-
pressão da medula espinhal e administração
de metilprednisolona. A reabilitação baseia-se
em retreinar o doente na utilização de todas
as conexões residuais que existam através
da porção lesada da medula.
Durante muito tempo, pensou-se que a
medula espinhal não tinha capacidade de
regeneração após uma lesão grave. Sabe-se
hoje que, após a lesão, a maioria dos
neurónios da medula espinhal do adulto
sobrevivem e começam a regenerar, crescen-
do cerca de 1 mm no local do traumatismo,
mas, eventualmente, regressam a um esta-
do inactivo e atrófico. Além disso, os fetos e
recém nascidos exibem uma considerável
capacidade de regeneração e melhoria fun-
cional. O principal bloqueio à regeneração
da medula espinhal do adulto é a formação
de uma cicatriz, constituída principalmente
por mielina e astrócitos, no local da lesão. A
mielina na cicatriz parece ser o principal
inibidor da regeneração. A implantação de
nervos periféricos, células de Schwann ou
tecido do SNC de fetos pode ultrapassar a
cicatriz e estimular alguma regeneração. Al-
guns factores de crescimento também
podem estimular um certo grau de regene-
ração. A investigação em curso continua a
procurar a combinação correcta de factores
químicos e outros factores capazes de esti-
mular a regeneração da medula espinhal
após uma lesão.
(*) Em Portugal e na Europa, aos acidentes de viação seguem-se os acidentes de trabalho e, depois, os desportivos (N.T.).
Cada um dos nervos raquidianos, à excepção de C1, tem
uma distribuição sensitiva cutânea específica. A figura 12.14 des-
creve o mapa dos dermátomos para a distribuição sensitiva
cutânea dos nervos raquidianos. Um dermátomo é a área de
pele com inervação sensitiva por um par de nervos raquidianos.
E X E R C Í C I O
O mapa dos dermátomos é importante na apreciação clínica de
lesões nervosas. O padrão de perda de sensação num dermátomo
dá uma informação valiosa sobre a localização da lesão nervosa.
Indique o sítio possível da lesão nervosa de um doente que sofreu
um “golpe em chicotada” num acidente de automóvel e,
subsequentemente, desenvolveu anestesia (ausência de sensação)
no braço, antebraço e mão esquerdos (procure auxílio na figura
12.14).
A figura 12.15 descreve uma secção idealizada do tronco.
Cada nervo raquidiano tem um ramo dorsal e um ventral. Exis-
tem ramos adicionais, chamados ramos comunicantes, que saem
das regiões medulares torácica e lombar superior e que trans-
portam axónios ligados ao sistema nervoso simpático (ver o
capítulo 16). Os ramos dorsais inervam a maior parte dos mús-
culos profundos dorsais do tronco, responsáveis pelo movimen-
to da coluna vertebral. Também transmitem a sensibilidade do
tecido conjuntivo e pele perto da linha média do dorso.
Os ramos ventrais distribuem-se de duas maneiras. Na re-
gião torácica, os ramos ventrais formam os nervos intercostais
(entre as costelas), que se estendem ao longo da margem inferior
de cada costela e inervam os músculos intercostais e a pele que
recobre o tórax. Os ramos ventrais dos restantes nervos raqui-
dianos formam cinco plexos. O termo plexo significa “trança” e
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 423
descreve a organização produzida pelo entrelaçar dos nervos. Os
ramos ventrais de diferentes nervos raquidianos, chamados raí-
zes do plexo, juntam-se uns com os outros para formar um plexo.
Estas raízes não devem ser confundidas com as raízes dorsais e
ventrais da medula espinhal, que são mais internas. Os nervos
que saem dos plexos têm habitualmente axónios de mais de um
nervo espinhal e, consequentemente, originam-se em mais do
que um nível da medula espinhal. Os ramos ventrais dos nervos
raquidianos C1 a C4 formam o plexo cervical. De C5 a T1, for-
mam o plexo braquial; de L1 a L4, o plexo lombar; de L4 a S4, o
plexo sagrado; e S4, S5 e o nervo coccígeo (Co) formam o plexo
coccígeo.
Existem alguns plexos somáticos mais pequenos, como o
plexo pudendo na pelve, derivados de ramos mais distais dos
nervos raquidianos. Alguns dos plexos somáticos serão mencio-
nados neste capítulo, quando apropriado. Também existem plexos
autonómicos (descritos no capítulo 16) no tórax e no abdómen.
12. Descreva as camadas de tecido conjuntivo que formam e
envolvem os nervos raquidianos.
13. Distinga radicelos, raízes dorsais, raízes ventrais e nervos
raquidianos. Quais destas estruturas contêm fibras
sensoriais, fibras motoras ou ambas?
14. Identifique todos os nervos raquidianos pelo nome e número.
Onde é que cada um destes nervos sai da coluna vertebral?
15. O que é um dermátomo? Porque são clinicamente impor-
tantes?
16. Compare os ramos dorsais, ventrais e simpáticos dos nervos
raquidianos. Que músculos inervam os ramos dorsais?
17. Descreva a distribuição dos ramos ventrais da região
torácica.
18. O que é um plexo? O que acontece aos axónios dos nervos
raquidianos quando formam um plexo?
19. Nomeie os principais plexos raquidianos e os nervos
raquidianos associados a cada um deles.
Figura 12.13 Nervos Raquidianos
(a) Medula espinhal e nervos raquidianos com os seus plexos e ramos destes. (b) Regiões da medula espinhal e suas funções gerais.
Duramáter
Cauda equina
Cone medular
S1
S2
S3
S4
S5
Co
Plexo
cervical
(C1–4)
Plexo
braquial
(C5–T1)
C1
T1
2
3
4
5
6
7
8
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
L1
2
3
4
5
Plexo
sagrado
(L4–S4)
Plexo
coccígeo
(S4–Co)
Plexo
lombar
(L1–4)
Nervos
cervicais
Nervos
torácicos
Nervos
lombares
Nervos
sagrados
Nervos
coccígeos
C1
T1
2
3
4
5
6
7
8
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
L1
2
3
4
5
Nervos
cervicais
Nervos
torácicos
Nervos
lombares
Nervos
sagrados
Nervo
coccígeo
Plexo
lombosagrado
(L1–S4)
Funções
Movimento do diafragma
Movimento do pescoço
e do ombro
Movimento do membro
superior
Movimentos torácicos
(costelas) na respiração
Movimento da anca
Movimento do membro
inferior
Movimentos da cabeça
Tónus nos músculos
posturais do dorso,
movimento da coluna
vertebral
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle424
Plexo Cervical
O plexo cervical é um plexo relativamente pequeno com ori-
gem nos nervos raquidianos C1 a C4 (figura 12.16). Os ramos
derivados deste plexo inervam estruturas superficiais do pesco-
ço, como vários dos músculos ligados ao osso hióide. O plexo
cervical inerva a pele do pescoço e da porção posterior da cabeça
(ver figura 12.14).
Um dos ramos mais importantes do plexo cervical é o ner-
vo frénico, com origem nos nervos raquidianos de C3 a C5. Os
axónios deste nervo provêm, simultaneamente, dos plexos
cervical e braquial. Os nervos frénicos descem ao longo de cada
lado do pescoço e entram no tórax. Continuam a descer ao lon-
go de cada lado do mediastino até alcançar o diafragma, que
inervam. A contracção do diafragma é a principal responsável
pela capacidade de respirar.
E X E R C Í C I O
Explique como é que a lesão ou compressão do nervo frénico
direito pode afectar o diafragma. Descreva o efeito sobre a
respiração de uma secção total da medula espinhal ao nível de C2,
em comparação com uma secção ao nível de C6.
Figura 12.14 Mapa dos Dermátomos
As letras e números indicam os nervos raquidianos que inervam uma dada região da pele.
 C2
C3
C4
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
T11
T12 
L1
T2
T2
C5
C6 C7
C8
T1
S2
S5
Co
L2
L5
L5
S1S1
L5
L5
S1
L4 L4
L3L3
L2 L2
S3
S3
C8 C8
T1T1
C7
C7
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
T11
T12 
L1
C6
C6
C5
C5
C4
C4
C3
C2
S1
S2
L3
L2
S3
S4
S1
L5
C7
C8
T2
T1C6
C5
S2
L4
L4
T1
T1
C6
S4
Lesão do Nervo Frénico
A lesão do nervo frénico limita muito a capacidade respiratória. Como
ele desce ao longo do mediastino, é preciso cuidado para não o atingir
durante uma cirurgia torácica ou de coração aberto. O cancro do
brônquio é o tipo mais comum de cancro no homem, representando
cerca de 30% de todos os cancros masculinos e está associado, na
maior parte das vezes, ao tabagismo. Os tumores na base do pulmão
podem comprimir o nervo frénico.
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 425
Figura 12.15 Nervos Raquidianos
(a) Nervos raquidianos torácicos típicos. (b) Fotografia de quatro raízes dorsais dispostas ao longo da coluna vertebral.
Gânglio da raiz
dorsal (espinhal)
Ramo dorsal
do nervo raquidiano
Ramo ventral
do nervo
raquidiano
Nervo
raquidiano
Raiz dorsal do
nervo raquidiano
Ramos comunicantes
Gânglio
da cadeia
simpática
Raízes
do nervo
esplâncnico
Radicelos
Raiz ventral do
nervo raquidiano
Gânglio
da raiz
dorsal
Radicelos dorsais
Nervo
raquidiano
Apófise
transversa
da vértebra
(seccionada)
Buraco
intervertebral
(a)
(b)
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle426
Plexo Braquial
O plexo braquial tem origem nos nervos raquidianos de C5 a
T1 (figura 12.17). Na origem do plexo braquial existe também
um contributo de uma anastomose do ramo anterior de C4, fa-
zendo este último parte do plexo cervical. Os cinco ramos ven-
trais que integram o plexo braquial juntam-se para formar três
troncos primários e cada um bifurca-se; estes seis ramos tor-
nam depois a juntar-se para criar três troncos secundários (pos-
terior, ântero-interno e ântero-externo), a partir dos quais emer-
gem cinco nervos para o membro superior.
Os cinco nervos principais que emergem do plexo braquial
para o membro superior são o circunflexo, radial, musculo-
cutâneo, cubital e mediano. O circunflexo inerva parte do om-
bro; o radial inerva as regiões posteriores de todo o membro su-
perior (braço, antebraço e mão); o musculocutâneo inerva a parte
anterior do braço; o cubital e o mediano inervam a porção ante-
rior do antebraço e da mão. O plexo braquial origina, ainda, ou-
tros nervos, de pequenas dimensões, que inervam o ombro e os
músculos peitorais.
C1
C1
C4
Raízes (ramos ventrais)
C2
C3
C4
Para o
plexo
braquial
C5
Ramos
Outros nervos (que não
integram o plexo cervical)
Nervo grande hipoglosso (XII)
Nervo espinhal (XI)
Pequeno nervo occipital
Nervo para o
esterno-cleido-mastoideu
Nervo para o
trapézio
Nervo grande auricular
Raiz superior da
ansa cervical
Ramo cervical
transverso
Ansa cervical
Raiz inferior da
ansa cervical
Nervos supraclaviculares Nervo frénico
Figura 12.16 Plexo Cervical, Vista Anterior
As raízes do plexo são formadas pelos ramos ventrais dos nervos espinhais
C1 a C4.
Figura 12.17 Plexo Braquial, Vista Anterior
As raízes do plexo são formadas pelos ramos ventrais dos nervos espinhais
C5 - T1 e juntam-se de modo a formar os troncos primários superior, médio e
inferior. Cada tronco bifurca-se num ramo anterior e posterior. Estes juntam-se
de modo a formar os tronco secundários posterior, ântero-externo e ântero-
-interno, a partir dos quais emergem os principais nervos do plexo braquial.
Bloqueio do Plexo Braquial
Por vezes é necessário anestesiar todo o membro superior; neste caso,
o anestésico pode ser injectado junto do plexo braquial. A injecção,
designada por bloqueio do plexo (braquial), é feita entre o pescoço e o
ombro, posteriormente à clavícula.
Raízes: C5, C6, C7, C8, T1
Divisões anteriores
Divisões posteriores
Troncos secundários: posterior,
ântero-externo e ântero-interno
Ramos: Nervo circunflexo
Nervo radial
Nervo musculocutâneo
Nervo mediano
Nervo cubital
C4
C5
C6
C7
C8
3º tronco
primário
(inferior)
2º tronco
primário (médio)
1º tronco
primário
(superior)
Nervo
do grande
dentado
Troncos: superior, médio, inferior
Nervo do grande dorsal
Nervo supra-escapular
Nervo subclávio
Nervo
músculo-cutâneo
Nervos
grande e
pequeno
peitorais
Nervo
mediano
Nervo cubital
Tronco secundário
ântero-externo
Tronco secundário
posterior
Nervo radial
Nervo circunflexo
Nervo braquial
cutâneo interno
Tronco secundário
ântero-interno
T1
C5
T1
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 427
Nervo Circunflexo
O nervo circunflexo inerva o deltóide e os músculos pequeno
redondo (figura 12.18). Dá também inervação sensorial à arti-
culação do ombro e a parte da pele que reveste o ombro.
Tronco secundário ântero-externo
Nervo secundário ântero-interno
Tronco secundário posterior
Pequeno redondo
Nervo circunflexo
Deltóide
Nervo Circunflexo
Origem
Tronco secundário posterior do plexo
braquial, C5-C6
Movimentos/Músculos Inervados
Rotação externa do braço
• Pequeno redondo
Abdução do braço
• Deltóide
Inervação cutânea
Porção infero-externa do ombro
Figura 12.18 Nervo Circunflexo
Percurso do nervo circunflexo e músculos que inerva. A figura menor representa a distribuição cutânea do nervo (área sombreada).
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle428
Nervo Radial
O nervo radial emerge do tronco secundário posterior do plexo
braquial e desce na porção profunda do braço posterior (figura
12.19). No terço médio da diáfise do úmero encosta-se ao osso,
percorrendo a sua goteira de torção, também conhecida por go-
teira radial. O nervo radial inerva todos os músculos extensores
do membro superior, o longo e curto supinadores e, ainda, parte
do braquial anterior. A sua distribuição sensitiva cutânea é para
a porção posterior do membro superior, incluindo a superfície
posterior da mão.
E X E R C Í C I O
A mão pendente pode também resultar de uma fractura composta
do úmero. Explique como e onde é que a lesão do nervo radial pode
ocorrer neste caso.
Lesão do Nervo Radial
Como o nervo radial está perto do úmero na axila, pode ser lesado, se
for comprimido contra este osso. O uso inadequado de muletas (isto é,
quando a muleta é muito apertada contra a axila) pode provocar a
“paralisia da muleta”. Nesta doença, o nervo radial foi comprimido
entre o topo da muleta e o úmero. Por isso, fica lesado e os músculos
que inerva perdem a sua função. O sintoma principal é a “mão
pendente”, em que os músculos extensores do punho e dos dedos,
inervados pelo nervo radial, perdem a sua função; desta forma, o
cotovelo, punho e dedos da mão ficam constantemente flectidos.
Vasto externo
Longo supinador
Longo radial
Curto radial
Curto supinador
Longo abdutor 
do polegar
Curto e longo 
extensores do polegar
Nervo radial
Tronco secundário posterior
Tronco secundário ântero-externo
Tronco secundário ântero-interno
Longa porção
do tricípete
Vasto interno
Ancónio
Extensor comum dos dedos
Extensor próprio do dedo mínimo
Cubital posterior
Extensor próprio do indicador 
Figura 12.19 Nervo Radial
Percurso do nervo radial e músculos que inerva. As figuras menores ilustram a
distribuição cutânea do nervo (área sombreada).
Nervo Radial
Origem
Tronco secundário posterior do plexo
braquial, C5-T1
Movimentos/Músculos Inervados
Extensão do antebraço
• Tricípete braquial
• Ancónio
Flexão do antebraço
• Braquial anterior (em parte; não se vê)
• Longo supinador
Extensão e abdução do punho
• Primeiro radial externo ou longo radial
• Segundo radial externo ou curto radial
Supinação do antebraço
• Curto supinador
Extensão dos dedos
• Extensorcomum dos dedos
• Extensor próprio do dedo mínimo
• Extensor próprio do indicador
Extensão e adução do punho
• Cubital posterior
Abdução do polegar
• Longo abdutor do polegar
Extensão do polegar
• Longo extensor do polegar
• Curto extensor do polegar
Inervação Cutânea
Face posterior do braço e antebraço, dois
terços externos do dorso da mão
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 429
Nervo Músculo-cutâneo
O nervo músculo-cutâneo dá inervação motora aos músculos
anteriores do braço. Dá também inervação sensitiva cutânea a
parte do antebraço (figura 12.20).
Nervo Músculo-cutâneo
Origem
Tronco secundário ântero-externo do
plexo braquial, C5-C7
Movimentos/Músculos Inervados
Flexão do braço
• Bicípete braquial
• Coracobraquial
Flexão e supinação do antebraço
• Bicípete braquial
Flexão do antebraço
• Braquial anterior (tem também inervação do
nervo radial, em pequena quantidade)
Inervação Cutânea
Face externa do antebraço
Tronco secundário posterior
Tronco secundário ântero-externo
Tronco secundário ântero-interno
Coracobraquial
Nervo músculo-cutâneo
Bicípite braquial
Braquial anterior
Figura 12.20 Nervo Músculo-cutâneo
Percurso do nervo músculo-cutâneo e músculos que inerva. A figura menor representa a distribuição cutânea do nervo (área sombreada).
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle430
Nervo Cubital
O nervo cubital inerva dois músculos do antebraço e, ainda, a
maior parte dos músculos intrínsecos da mão, excepto alguns
associados ao polegar. A sua distribuição sensitiva corresponde
à porção interna da mão (figura 12.21).
Lesão do Nervo Cubital
O nervo cubital é o mais facilmente lesado de todos os nervos periféricos,
mas essa lesão é quase sempre temporária. Pode dar-se uma pequena
lesão do cubital no local onde passa posteriormente à epitróclea do
úmero. Nesse ponto, o nervo pode ser palpado logo abaixo da pele e, se
essa região bater contra um objecto duro, pode haver lesão temporária
do cubital, produzindo sensações de formigueiro doloroso, que irradiam
distalmente ao longo da porção medial do antebraço e mão. Esta
sensação justifica que, na língua inglesa, se designe a porção interna
do cotovelo como “funny bone” ou “crazy bone” (respectivamente,
“osso engraçado” e “osso maluco”).
Nervo Cubital
Origem
Tronco secundário ântero-interno do plexo
braquial, C8-T1
Movimentos/Músculos Inervados
Flexão e adução do punho
• Cubital anterior
Flexão dos dedos
• Flexor comum profundo dos dedos (parte
interna deste músculo que vai para as
falanges distais dos dedos mínimo e anelar)
Adução do polegar
• Adutor do polegar
Controle dos músculos hipothenares
• Curto flexor do dedo mínimo
• Abdutor do dedo mínimo
• Oponente do dedo mínimo
Flexão da articulação metacarpofalângica
e extensão das articulações
interfalângicas
• Os dois lombricóides internos (cubitais)
Abdução e adução dos dedos da mão
• Interósseos palmares e dorsais
Inervação Cutânea
Terço interno da mão, dedo mínimo e
metade interna do anelar
Tronco secundário posterior
Tronco secundário ântero-externo
Tronco secundário ântero-interno
Nervo cubital
Cubital anterior
Flexor comum profundo
dos dedos
Músculos hipothenares
Adutores do
polegar
Todos os intersósseos
dorsais e palmares Os dois lombricóides
internos (cubitais)
Figura 12.21 Nervo Cubital
Percurso do nervo cubital e músculos que inerva. A figura menor representa a distribuição cutânea do nervo (área sombreada).
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 431
Nervo Mediano
O nervo mediano inerva todos os músculos flexores do ante-
braço excepto um e a maior parte dos músculos da região da
base do polegar, conhecida como região thenar. A sua distribui-
ção sensitiva cutânea corresponde à porção externa da palma da
mão (figura 12.22).
Lesão do Nervo Mediano
A lesão do nervo mediano ocorre, com mais frequência, na zona onde
percorre o punho e que se chama túnel do carpo. Este túnel é criado
pela organização côncava dos ossos do carpo e pelo ligamento anular
anterior do carpo. Nenhum dos componentes do tecido conjuntivo se
expande com facilidade. Uma inflamação do punho ou um aumento do
tamanho dos tendões no túnel do carpo pode produzir aumento da
pressão dentro do túnel, comprimindo o nervo mediano e provocando
adormecimento, formigueiro e dor nos dedos. Esta situação é designa-
da como síndroma do túnel do carpo. Esta síndrome é frequente em
pessoas que desempenham movimentos repetitivos dos punhos e dos
dedos, como os dactilógrafos. É muitas vezes necessária uma interven-
ção cirúrgica para aliviar a pressão no túnel cárpico.
O nervo mediano é habitualmente seccionado acima do túnel do
carpo, quando se cortam os “pulsos” numa tentativa de suicídio.
Nervo Mediano
Origem
Troncos secundários ântero-interno e
ântero-externo do plexo braquial,
C5-T1
Movimentos/Músculos Inervados
Pronação do antebraço
• Redondo pronador
• Quadrado pronador
Flexão e abdução do punho
• Grande palmar
Flexão do punho
• Pequeno palmar
Flexão dos dedos
• Flexor comum profundo dos dedos (parte
externa do músculo, que vai para as falanges
distais do dedo médio e do indicador)
• Flexor comum superficial dos dedos
Controle de músculo do polegar
• Longo flexor do polegar
Controle dos músculos thenares
• Curto abdutor do polegar
• Oponente do polegar
• Curto flexor do polegar
Flexão das articulações
metacarpofalângicas e extensão
das articulações interfalângicas
• Os dois lombricóides externos (radiais)
Inervação Cutânea
Dois terços externos da palma da mão,
dedos polegar, indicador e médio, e
metade externa do anelar; extre-
midades dorsais dos mesmos dedos
Figura 12.22 Nervo Mediano
Percurso do nervo mediano e músculos que inerva. A figura menor
representa a distribuição cutânea do nervo (área sombreada).
Outros Nervos do Plexo Braquial
Diversos nervos, para além dos cinco aqui descritos, têm origem
no plexo braquial (ver a figura 12.16). Servem a maior parte dos
músculos que actuam na omoplata e braço e incluem os nervos
grande e pequeno peitorais, do grande dentado, do grande dorsal,
do infra-escapular e supra-escapular. Além disso, os nervos do
plexo braquial dão inervação cutânea às regiões internas do bra-
ço e antebraço.
20. Indique as estruturas inervadas pelo plexo cervical.
Descreva a inervação do nervo frénico.
21. Nomeie os cinco maiores nervos que emergem do plexo
braquial. Enumere os músculos que inervam e as áreas da
pele que servem. Indique os músculos e áreas da pele
inervados por outros nervos do plexo braquial, para além
destes cinco.
Tronco secundário posterior
Tronco secundário ântero-externo
Tronco secundário ântero-interno
Nervo mediano
Redondo pronador
Grande palmar
Pequeno palmar
Flexor comum
superficial dos dedosFlexor comum profundo dos dedos
Longo flexor do polegar
Quadrado pronador
Músculos thenares
Os dois lombricóides
externos (radiais)
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle432
Plexos Lombar e Sagrado
O plexo lombar tem origem nos ramos ventrais dos nervos
raquidianos L1 a L4, e o plexo sagrado de L4 a S4. No entanto,
em virtude da sua relação de proximidade e sobreposição e da
sua distribuição similar, os dois plexos são muitas vezes conside-
rados em conjunto como um único plexo lombo-sagrado (L1 a
S4; figura 12.23). Dois importantes nervos emergem do plexo
lombar e entram no membro inferior: o obturador e o crural; do
plexo sagrado emergem dois grossos troncos que vão constituir
o nervo grande ciático. O obturador inerva a porção mediana da
coxa; o crural, a porção anterior da coxa; o nervo grande ciático,
pelo seu ramo ciático popliteu interno, inerva a face postero-
interna da coxa, a perna e o pé; e, pelo seu ramo ciático popliteu
externo, inerva a face póstero-externada coxa, anterior e externa
da perna e o pé. Outros nervos lombares e sagrados inervam a
parte inferior do dorso, a anca e o abdómen inferior.
L1
L1
L2
L3
L4
L4
L5
S1
S2
S3
S4
S4
S5
Grande abdómino-
genital
Pequeno abdómino-
genital
Fémoro-cutâneo
Génito-crural
Anastomose
lombo-sagrada
Glúteo superior
Glúteo inferior
Ciático
popliteu
externo
Ciático
popliteu
interno
Crural
Pudendo
Obturador
Raízes
Divisões anteriores
Nervos
Divisões posteriores
Nervo cutâneo femoral
posterior
Ciático
Figura 12.23 Plexos Lombar e Sagrado, Vista Anterior
As raízes do plexo lombar são formadas pelos ramos ventrais dos nervos raquidianos L1 - L4 e do plexo sagrado pelos das raízes L4 - S4, que se bifurcam em ramos
anteriores e posteriores, os quais dão origem aos nervos lombares e sagrados. O tronco lombo-sagrado junta os plexos lombar e sagrado.
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 433
Nervo Obturador
O obturador inerva os músculos que fazem a adução da coxa. A
sua distribuição sensitiva cutânea é para o lado interno da coxa
(figura 12.24).
Nervo Obturador
Origem
Plexo lombar, L2-L4
Movimentos/Músculos Inervados
Rotação externa da coxa
• Obturador externo
Adução da coxa
• Grande adutor (parcial)
• Médio adutor
• Pequeno adutor
Adução e flexão do joelho
• Recto interno
Inervação Cutânea
Porção superior interna da coxa
Grande adutor
Pequeno adutor
Médio adutor
Recto
interno
Obturador externo
Nervo obturador
L2
L3
L4
Figura 12.24 Nervo Obturador
Percurso do nervo obturador e músculos que inerva. A figura menor representa a distribuição cutânea do nervo (área sombreada).
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle434
Nervo Crural
O crural inerva o psoas ilíaco, costureiro e o quadricípete femoral.
A distribuição cutânea sensorial é nas faces anterior e externa da
coxa e na porção ântero-interna da perna e pé (figura 12.25).
Psoas
L2
L3
L4
Ilíaco
Costureiro
Vasto
externo
Recto anterior
Crural
Nervo crural
Pectíneo
Vasto interno
Figura 12.25 Nervo Crural
Percurso do nervo crural e músculos que inerva. A figura menor representa a distribuição cutânea do nervo (área sombreada).
NNNNNervoervoervoervoervo CruralCruralCruralCruralCrural
Origem
Plexo lombar, L2-L4
Movimentos/Músculos Inervados
Flexão da coxa
• Psoas
• Ilíaco
• Pectíneo
Flexão da coxa e da perna
• Costureiro
Extensão da perna
• Vasto externo
• Crural
• Vasto interno
Extensão da perna e flexão da coxa
• Recto anterior
Inervação Cutânea
Os ramos anteriores e laterais inervam a
coxa anterior e externa; o ramo safeno
inerva e perna (face interna) e o pé
Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos 435
Nervo Grande Ciático
O nervo grande ciático é o único ramo terminal do plexo sa-
grado e tem origem em dois grossos troncos que provêm dos
segmentos espinhais L4 a S3 e percorrem, numa fascia de tecido
conjuntivo, todo o comprimento da coxa. O termo ciático tem
origem numa corruptela de “isquiático”, tendo uma “Conferên-
cia Internacional de Anatomistas” decidido começar a usar o ter-
mo correcto. O nervo ciático, de longe o maior nervo periférico
do corpo, atravessa a grande chanfradura da bacia e desce na
porção posterior da coxa para o escavado popliteu, onde se bi-
furca, dando um ramo externo, o ciático popliteu externo (ou
peroneal comum), e um ramo interno, o ciático popliteu in-
terno (ou tibial).
O ciático popliteu interno inerva a maioria dos músculos
posteriores da coxa e da perna (ver figura 12.26). Ramifica-se
no pé formando os nervos plantares interno e externo, que
inervam os músculos plantares do pé e a pele que reveste a planta
do pé. Outro ramo, o nervo safeno externo, fornece parte da
inervação cutânea da face posterior da perna e superfície plantar
do pé (figura 12.26).
Semimembranoso
Semitendinoso
Grande
adutor
Popliteu
Longo flexor
comum dos dedos
Longa porção
do bicípete crural
Nervo tibial
Solhar
Longo flexor
do dedo grande
Nervo plantar externo
para os músculos
plantares
Gémeos
L4
L5
S1
S2
S3
Tibial posterior
Nervo plantar interno
para os músculos
plantares
Nervo Ciático Popliteu
Interno (ou Tibial)
Origem
Plexo sagrado, L4-S3
Movimentos/Músculos Inervados
Extensão da coxa e flexão da perna
• Bicípete crural (longa porção)
• Semitendinoso
• Semimembranoso
Adução e extensão da coxa
• Grande adutor (parcial)
Extensão do pé
• Plantar delgado
• Gémeos
• Solhar
• Tibial posterior
Flexão da perna
• Popliteu
Flexão dos dedos do pé
• Longo flexor comum dos dedos do pé
• Longo flexor do dedo grande do pé
Inervação Cutânea
Nenhuma
Nervos Plantares Interno
e Externo
Origem
Nervo ciático popliteu interno
Movimentos/Músculos Inervados
Flexão e adução dos dedos do pé
• Músculos plantares do pé
Inervação Cutânea
Planta do pé
Nervo Safeno Externo
(não se vê)
Origem
Nervo ciático popliteu interno
Movimentos/Músculos Inervados
Nenhum
Inervação Cutânea
Terço externo e posterior da perna e face
lateral do pé
Figura 12.26 Nervo Ciático Popliteu Interno (Tibial)
Percurso do nervo tibial e músculos que inerva. A figura menor representa a
distribuição cutânea do nervo (área sombreada).
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle436
O ciático popliteu externo (ou peronial) divide-se nos ner-
vos músculo-cutâneo e tibial anterior. Estes ramos inervam os
músculos anteriores e laterais da perna e pé. A distribuição
cutânea do ciático popliteu externo e seus ramos é na face antero-
externa da perna e dorso do pé (figura 12.27).
Peronial
anterior
Curto extensor
comum dos dedos
Longo
peronial
lanteral
Curto
peronial
lateral
Curta porção
do bicípete crural
Tibial anterior
Longo extensor
do dedo grande
Longo extensor
comum dos dedos
Nervo ciático popliteu
externo (peronial)
Nervo
músculo-cutâneo
Nervo
tibial anterior
S1
S2
S3
L5
L4
Figura 12.27 Nervo Ciático Popliteu Externo (Peronial)
Percurso do nervo peronial e músculos que inerva. A figura menor representa a distribuição cutânea do nervo (área sombreada).
Nervo Ciático Popliteu
Externo (ou Peronial)
Origem
Plexo sagrado, L4-S2
Movimentos/Músculos Inervados
Extensão da coxa e flexão da perna
• Bicípete femoral (cura porção)
Inervação Cutânea
Superfície lateral do joelho
Nervo Tibial Anterior
Origem
Nervo ciático popliteu externo
Movimentos/Músculos Inervados
Flexão do pé
• Tibial anterior
• Peronial anterior
Extensão dos dedos do pé
• Longo extensor comum dos dedos do pé
• Longo extensor do dedo grande do pé
Inervação Cutânea
Dedo grande e segundo dedo do pé
Nervo Músculo-cutâneo
Origem
Nervo ciático popliteu externo
Movimentos/Músculos Inervados
Extensão e eversão do pé
• Longo peronial lateral
• Curto peronial lateral
Extensão dos dedos do pé
• Curto extensor comum dos dedos do pé
Inervação Cutânea
Terço dorsal anterior da perna e dorso
do pé
437Capítulo 12 Medula Espinhal e Nervos Raquidianos
Outros Nervos dos Plexos Lombar e Sagrado
Além dos já descritos, os plexos lombar e sagrado dão origem
aos nervos que inervam os músculos do abdómen inferior (ner-
vos grande e pequeno abdominogenitais), os músculos glúteos
que movem a anca (nervos glúteos) e os músculos do pavimento
abdominal (nervo glúteo inferior; ver a figura 12.23). Os nervos
grande e pequeno abdómino-genitais, génito-crural, fémoro-
-cutâneo e glúteo inferior ou pequeno ciático inervam a pele
da área suprapúbica, genitais externos, coxa superior, interna e
posterior. Os nervos pequenos ciáticos desempenham um papel
vital na estimulação e resposta sexual.
Plexo Coccígeo
O plexo coccígeo é um plexo muito pequeno formado pelosra-
mos ventrais dos nervos raquidianos S4, S5 e o nervo coccígeo.
Este pequeno plexo faz a inervação motora dos músculos do
pavimento pélvico e a inervação sensitiva cutânea da pele que
recobre o cóccix. Parte da pele que recobre o cóccix é inervada
pelos ramos dorsais dos nervos coccígeos.
22. Designe os quatro principais nervos que saem dos plexos
lombar e sagrado e descreva os músculos e áreas da pele
que servem. Que nome se dá ao nervo que origina os
nervos ciático popliteu interno e ciático popliteu externo?
23. Descreva as estruturas inervadas pelos outros nervos dos
mesmos plexos.
24. Quais as estruturas inervadas pelo plexo coccígeo?
Os doentes paralisados por Acidentes Vas-
culares Cerebrais (AVC) ou traumatismo
vertebromedular podem hoje em dia recu-
perar algumas funções, ainda que de for-
ma limitada. Estão a ser aperfeiçoados
microcomputadores que estimulam certas
actividades programadas como a preensão
ou a marcha. Pequenos fios transportam
impulsos eléctricos gerados pelo micro-
computador ou para os nervos periféricos
ou directamente para os músculos respon-
sáveis pelo movimento desejado. O progra-
Perspectiva Clínica Substituição de Nervos
ma é iniciado pelo movimento subtil de mús-
culos não afectados pela paralisia. Os sensores
ligados ao microcomputador são colocados na
pele que reveste os músculos funcionais e con-
seguem detectar actividade eléctrica associa-
da ao movimento dos músculos subjacentes.
Por exemplo, uma pessoa que tem ambas as
pernas paralisadas poderá ter um sensor des-
tes ligado ao abdómen. Os músculos abdomi-
nais, normalmente envolvidos na estabilização
e movimento da bacia durante a marcha, são
estimulados por feixes descendentes quando
a marcha é iniciada pelos centros do SNC. A
actividade resultante dos músculos abdomi-
nais é detectada pelo sensor, que activa o
programa que estimula a sequência muscu-
lar apropriada, e a pessoa paralisada con-
seguirá andar. Da mesma forma, um tetra-
plégico é capaz de iniciar certas acções do
membro superior e preensão, através de mo-
vimentos subtis do ombro, pescoço ou face,
onde podem ser colocados os sensores es-
pecíficos.
Lesão do Nervo Grande Ciático
Quando uma pessoa se senta numa superfície dura por um período de
tempo considerável, o nervo grande ciático pode ser comprimido contra
a porção isquiática do osso coxal. Quando a pessoa se levanta, pode
sentir uma sensação de formigueiro, descrita como “agulhas e
alfinetes”, ao longo do membro inferior, e diz-se que o membro está
“dormente”.
O nervo grande ciático pode ser gravemente lesado por diversas
formas. A rotura de um disco intervertebral ou a pressão exercida pelo
útero durante a gravidez podem comprimir as raízes deste nervo. Outras
hipóteses serão o traumatismo da anca ou uma injecção incorrectamen-
te aplicada.
Anestesia para Episiotomia
Os ramos do nervo glúteo inferior ou pequeno ciático são anestesiados
antes de o médico executar uma episiotomia durante o parto. A
episiotomia consiste num corte no períneo que alarga o canal do parto.
Parte 3 Sistemas de Integração e Controle438
Tipos Gerais de Perturbações do SNP
A anestesia é a perda de sensação (a pala-
vra grega esthesis significa sensação). Pode
ser uma situação patológica, se surgir es-
pontaneamente, ou ser induzida para faci-
litar uma intervenção cirúrgica ou qualquer
outro tratamento médico.
A hiperestesia consiste numa agudiza-
ção anormal da sensação – sensibilidade
aumentada, especialmente à dor, à pressão
ou à luz.
A parestesia é uma sensação anormal
espontânea, tal como cócegas, prurido ou
queimadura.
A nevralgia consiste em paroxismos
graves de dor tipo pontada ou facada no
território da distribuição de um nervo, re-
sultando de inflamação ou lesão ao longo
do trajecto desse nervo.
A ciática é uma nevralgia do nervo gran-
de ciático, em que a dor irradia ao longo da
face posterior do membro inferior. A causa
mais comum é a hérnia de um disco
intervertebral na região lombar, produzin-
do compressão nas raízes raquidianas do
plexo lombar. A ciática pode ser também
causada por uma nevrite ciática, que pode
ser devida a numerosas causas, como o
estiramento mecânico do nervo durante o
exercício, défice vitamínico ou perturbações
metabólicas (como a gota ou diabetes).
Nevrite é um termo geral que designa a
inflamação de um nervo devida a uma gran-
de variedade de causas, incluindo a lesão ou
pressão mecânica, infecção viral ou bacte-
riana, lesão por medicamentos ou outros pro-
Perspectiva Clínica Doenças do Sistema Nervoso Periférico – Nervos Raquidianos
dutos químicos e défices vitamínicos. A nevrite
dos nervos sensitivos caracteriza-se por
nevralgia ou pode produzir anestesia e perda de
reflexos na área afectada. A nevrite dos nervos
motores leva a perda de função motora.
Infecções
O herpes é uma família de doenças caracteri-
zadas por lesões da pele, causadas por um
grupo de vírus estreitamente relacionados (os
vírus herpes). O termo deriva da palavra grega
herpo, que significa rastejar e designa uma
erupção cutânea que se espalha. Os vírus re-
sidem aparentemente nos gânglios dos nervos
sensitivos e provocam lesões no território de
distribuição periférica do nervo. O herpes
simplex II ou herpes genital é habitualmente
responsável por uma doença de transmissão
sexual que provoca lesões nos órgãos genitais
externos.
O vírus da varicela provoca nas crianças a
varicela e em adultos a “zona” ou herpes
zoster. Normalmente, o vírus entra no organis-
mo durante a infância, causando varicela. Fica
depois alojado (quiescente) nos gânglios sen-
sitivos (dos nervos cranianos e raquidianos)
durante muitos anos e pode activar-se duran-
te uma fase de reduzida resistência provocan-
do a zona (vulgo cobrão), uma zona unilateral
de vesículas e descoloração na pele no trajec-
to de distribuição periférica de um ou mais
nervos raquidianos ou pares cranianos com um
componente sensitivo. As localizações mais
frequentes são em torno da cintura ou na zona
de inervação cutânea do trigémeo. Os sinto-
mas podem persistir por três a seis meses.
A poliomielite (“polio” ou paralisia in-
fantil; o termo grego polio significa substân-
cia cinzenta) é uma doença causada por um
enterovírus. É, de facto, uma infecção do
SNC, mas o seu principal efeito é sobre os
nervos periféricos e músculos que eles
inervam. O vírus infecta os neurónios moto-
res do corno anterior da substância cinzen-
ta central da medula espinhal. A infecção
leva a degenerescência dos neurónios mo-
tores, produzindo paralisia e atrofia dos
músculos inervados por esses nervos.
A anestesia leprosa é uma infecção bac-
teriana dos nervos periféricos causada pelo
Mycobacterium leprae. A infecção resulta em
anestesia, paralisia, ulceração e gangrena.
Doenças Genéticas e Auto-Imunes
A distrofia miotónica é uma doença heredi-
tária autossómica dominante que se carac-
teriza por diminuição da força, disfunção e
atrofia muscular, e défice visual resultante
de degenerescência nervosa.
A myastenia gravis (ou miastenia gra-
ve) é uma doença auto-imune que resulta na
redução do número de receptores da ace-
tilcolina funcionais nas junções neuromus-
culares. As células T do sistema imune des-
dobram as proteínas receptoras da ace-
tilcolina em dois fragmentos que desenca-
deiam a produção de anticorpos pelo sis-
tema imune. A miastenia gravis leva a fadi-
ga e diminuição progressiva da força mus-
cular, em consequência da disfunção neuro-
muscular.
Medula Espinhal (p. 412)
Estrutura Geral
1. Saem da medula espinhal trinta e um pares de nervos raquidianos. A
medula espinhal tem dilatações cervicais e lombares, onde os nervos
dos membros entram e saem.
2. A medula espinhal é mais curta do que a coluna vertebral. Os nervos
do fim da medula espinhal formam a cauda equina.
Meninges da Medula Espinhal
Três camadas meníngeas

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