Prévia do material em texto
COORDENAÇÃO NA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS AUTOMOTIVA: ESTUDO DO CASO DE VMI EM PEÇAS DE REPOSIÇÃO DA SCANIA Autoria: José Roberto do Rego, Marcos Roberto Luppe, Jorge Luiz de Biazzi, Marílson Alves Gonçalves Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar o uso de VMI (Vendor Managed Inventory) como forma de coordenação para gestão dos estoques de peças dos concessionários de veículos, discutindo suas vantagens frente à gestão tradicionalmente independente e caracterizando seu impacto no nível de serviço oferecido aos clientes e na lucratividade. O trabalho é um estudo de caso baseado na experiência da Scania Latin América na implantação de VMI para sua distribuição de peças de reposição no mercado brasileiro. Apresenta uma visão geral da cadeia de suprimentos do setor, uma revisão teórica dos conceitos de gestão de estoques e uma descrição do caso com base no referencial conceitual. Detalham-se o histórico e o porte das operações de peças da Scania no Brasil, a estratégia, os fatores críticos e os investimentos realizados para a implantação da nova metodologia de gestão de estoques. Discute as áreas para pesquisa futura. Abstract: The objective is to present VMI (Vendor Managed Inventory) as a coordination tool for spare parts inventory management at automotive dealers, discussing the advantages over traditional independent management and revealing its impact on service level and profitability. The paper is a case study based on Scania Latin America experience on VMI introduction at their spare parts distribution on Brazilian market. An overview of the sector supply chain, a theoretical review of inventory management and the case description based on the conceptual references are presented. Scania spare parts operations history and size in Brazil are detailed, the strategy, the key success factors and the investments made to introduce the new inventory management methodology. Future research areas are also discussed. Palavras-chave: efeito chicote, gestão de estoques, nível de serviço, peças de reposição, Vendor Managed Inventory, concessionário, montadora, veículos. 1. Introdução O setor automobilístico possui grande importância no Brasil, tendo representado em 2002 mais de 10% do PIB industrial (Anfavea, 2004). O ano de 2004 terminou com produção acima de 2,2 milhões de unidades (Anfavea, 2005), com crescimento de 20% sobre 2003. A indústria de autopeças fechou o ano de 2004 com faturamento total acima de US$ 15,4 bilhões, sendo 52% destinado às montadoras, 28% para exportação, 14% para o mercado de reposição e o restante intrasetorial (Sindipeças, 2004). Segundo dados da Anfavea (2004), a frota em circulação no país em 2002 já superava 20 milhões de veículos. Para prestar a operação de venda no varejo e assistência técnica a esta frota circulante, as montadoras mantêm em operação no país 2794 concessionários. Urdan (1999) apud Brito, Aguilar, Kimura (2004) relata que “o resultado operacional dos concessionários vem se modificando nos últimos anos e o varejo de peças e serviços tem aumentado sua participação no lucro e no resultado final destas empresas, em comparação com a venda de veículos novos e usados”. 2 Assim, diante do cenário apresentado e do conseqüente ganho de importância competitiva do setor de peças e serviços para os concessionários, este trabalho apresenta um caso de uso de VMI (Vendor Managed Inventory) como forma de coordenação para gestão dos estoques de peças de concessionários, discutindo suas vantagens frente à gestão tradicionalmente independente e caracterizando seu impacto no nível de serviço oferecido aos clientes e na lucratividade. O artigo está estruturado em quatro seções. Na próxima seção, é feita a justificativa do estudo a partir de uma visão geral da cadeia de suprimentos do setor. Em seguida, é apresentada uma revisão teórica dos conceitos relacionados com a gestão dos estoques. Na seqüência, aborda-se o método de pesquisa adotado no estudo e apresentam-se os dados levantados no estudo. Na seção final são discutidas as conclusões e apresentadas possíveis extensões deste trabalho. 2. A cadeia de suprimentos do setor O ambiente do setor de peças de reposição automotivas tem passado por mudanças recentes, nas quais a qualidade dos serviços e a disponibilidade de peças têm importância crescente. Cohen & Lee (1990) mencionam algumas tendências: • aumento da complexidade dos produtos têm aumentado os custos dos componentes, prazos de reparo e custo de treinamento para técnicos envolvidos nos reparos. Conseqüentemente para muitos produtos o reparo consiste agora na substituição de módulos; • clientes têm expectativas cada vez maiores sobre a qualidade dos produtos e dos serviços associados; • ciclos de vida de produto reduzidos e pressão para reduzir tempos de desenvolvimento de novos produtos têm feito a demanda de peças de reposição mais volátil e mais difícil de se prever; • aumento da complexidade (customização) dos produtos leva também a maior complexidade nos componentes (maior número de SKU’s – Stock Keeping Units), a despeito de maior padronização entre modelos. A cadeia de suprimentos no segmento não se limita, porém, à operação através dos concessionários. Segundo enquete realizada pela revista Mais Automotive (ABRAC, 2002), 65% dos clientes levam seus veículos para manutenção em oficinas independentes e 35% nos concessionários. A competição com as oficinas independentes se acirra principalmente com o envelhecimento dos produtos. Deve-se ressaltar, porém, que os enfoques destes canais são bem distintos quanto à manutenção de estoques de peças de reposição. Enquanto as montadoras e seus concessionários mantêm a obrigação legal de fornecer peças de reposição durante a vida útil dos produtos (CDC – Código de Defesa do Consumidor, 1990), os canais que não estão envolvidos na comercialização dos veículos podem decidir trabalhar somente com os itens de maior giro e/ou lucratividade. A indústria fornecedora das montadoras sofre concorrência de indústrias que produzem componentes similares, normalmente a custos e preços menores, bem como de peças provenientes de operações de desmanche cuja legalidade é questionável. Alguns outros aspectos relevantes da cadeia: • alta complexidade com baixa demanda: a Scania Latin América possui mais de 60.000 itens ativos, dos quais 95% da demanda concentram-se em apenas 3.500 itens. Tal situação se reproduz em todas as demais montadoras; • grandes diferenças nos preços e custos dos componentes: dentre os milhares de SKU’s encontram-se itens bem distintos tais como motores completos e porcas/parafusos, cujas diferentes características influenciam as decisões de estocagem na cadeia; 3 • alto risco de obsolescência: as baixas demandas, sua pouca sensibilidade a preços e a fuga dos consumidores para outros canais traz grande risco de obsolescência aos concessionários e montadoras. A Scania reportou uma obsolescência de 4% dos itens em seu estoque (sem movimento nos últimos 60 meses) e de 4,8% nos itens dos estoques dos concessionários (sem movimento nos últimos 24 meses); • ampla distribuição geográfica: os concessionários estão presentes em todos estados e as grandes distâncias alongam os tempos de transporte; • falta de qualificação dos gestores dos estoques dos concessionários: Corrêa & Dias (1998) relatam, em estudo feito na gestão de sobressalentes de 11 grandes empresas, que a maioria delas não utiliza os modelos de gestão de estoques encontrados na literatura porque os profissionais responsáveis não os conhecem suficientemente para bem utilizá-los ou mesmo para avaliar a adequação de seu uso. Esta falta de qualificação é também característica deste mercado de concessionários automotivos. É possível destacar, também, o histórico de relações conturbadasentre as montadoras e os concessionários no país. Segundo a Fenabrave (2004), os concessionários são tipicamente pequenas e médias empresas de capital 100% nacional, com distribuição geográfica largamente pulverizada nos municípios brasileiros. A modificação de políticas no relacionamento entre estes diferentes níveis da cadeia precisa levar em conta o longo histórico de forças distintas em uma relação comercial. 3. Referencial Conceitual 3.1. Gestão de Estoques e Efeito Chicote Os modelos de gestão de estoques tradicionais partem do pressuposto de que as empresas detentoras do estoque a ser gerenciado estão isoladas e, assim, não levam em consideração que a empresa é parte de uma rede de suprimentos (ALCANTARA, 2003). Este fator leva a uma falta de coordenação na cadeia de suprimento e pode ocorrer tanto porque diferentes estágios possuem objetivos conflitantes como, também, porque as informações que circulam entre os estágios são distorcidas. Segundo Chopra & Meindl (2003), o desafio principal hoje em dia é promover a coordenação entre os participantes das cadeias de suprimento, apesar do grande número de responsáveis e do aumento da variedade de produtos. Os efeitos dinâmicos que podem afetar o desempenho de redes de suprimentos quando usadas as técnicas convencionais são chamadas genericamente de efeito chicote (bullwhip effect), no qual a variabilidade de pedidos é amplificada em cada elo da cadeia de abastecimento. O efeito chicote distorce as informações e leva estágios muito diferentes a fazer análises muito distintas sobre a demanda. Este fenômeno foi inicialmente descrito por Jay Forrester nos anos 60 em um artigo publicado na Harvard Business Review (July-Aug.-1958). Burbidge (1984) também relatou a amplificação das variações da demanda através da observação e análise do chão-de-fábrica. Nestes trabalhos destaca- se a existência de certa dinâmica entre empresas, numa cadeia de suprimentos, que causa erros e volatilidade, e que são crescentes para empresas mais a montante da cadeia de suprimentos (SLACK et al., 1999; BALLOU, 2004). Lee, Padmanabhan & Whang (1997) analisam quatro fontes do efeito chicote: processamento da demanda (demand signaling), pedidos em lotes (order batching), flutuações de preços (fluctuating prices) e pedidos sob racionamento (shortage game). A primeira fonte do efeito chicote é gerada pelo fato de cada estágio da cadeia de suprimento prever a demanda baseando-se no conjunto de pedidos que recebe do estágio anterior, e isto leva à ampliação das oscilações da demanda à medida que se avança para a montante da cadeia de 4 suprimento, do varejista ao fabricante. Chopra & Meindl (2003) sugerem que uma solução para este problema seria ter o controle de ressuprimento sob responsabilidade de apenas um estágio. Assim, uma previsão unificada da demanda por apenas um estágio pode reduzir as crescentes oscilações provocadas pelo efeito chicote. O pedido em lotes provoca o efeito chicote, pois grandes lotes levam a fluxos de pedidos muito mais irregulares que os fluxos de demanda, além de aumentar os tempos de espera (lead times) de ressuprimento. Uma cadeia de suprimento pode atenuar estes efeitos implementando melhorias operacionais como o intercâmbio eletrônico de dados (eletronic date interchange - EDI) e o pedido assistido por computador (computer-assisted ordering - CAO). Outro fator são as flutuações de preços que ocorrem devido às promoções e descontos de curto prazo que são oferecidos pelos fabricantes e que resultam em compras antecipadas. Essas compras resultam em pedidos grandes durante o período promocional seguidos por pequenos pedidos nos períodos subseqüentes. Uma solução seria a indústria promover descontos por quantidade baseados em volumes por períodos longos e não por pedidos no curto prazo. Outra saída seria eliminar as promoções e praticar uma política de preços baseada no preço baixo todos os dias (CHOPRA & MEINDL, 2003). Os esquemas de racionamento que alocam produção limitada em relação aos pedidos feitos por varejistas levam à ampliação do efeito chicote. Esse esquema de racionamento e escassez resulta em um jogo em que os varejistas tentam aumentar o tamanho de seus pedidos para aumentar a quantidade suprida. Uma das medidas que pode desestimular os varejistas a aumentarem artificialmente seus pedidos em situações de escassez é alocar o suprimento disponível baseando-se nas vendas passadas do varejista e não em seus pedidos atuais (CHOPRA & MEINDL, 2003). Portanto, os impactos do efeito chicote no desempenho da cadeia de suprimentos são substanciais, pois aumentam os custos de fabricação, de estoque e de transporte, aumentam o tempo de espera (lead time) de ressuprimento e diminuem o nível de disponibilidade do produto e, como conseqüência destes fatores, reduzem a lucratividade da cadeia como um todo. Em resumo, este efeito é causado pela falta de gerenciamento adequado e coeso da cadeia de suprimentos. Cada estágio considera apenas a sua demanda e procura maximizar a sua lucratividade, mesmo que, para alcançar este objetivo, prejudique os outros estágios e assim, de forma consolidada, prejudicam o único estágio que sustenta a cadeia que é o consumidor final. 3.2. Inventário Gerenciado pelo Fornecedor (Vendor Managed Inventory – VMI) Uma das técnicas apontadas como das mais eficientes de reposição de mercadorias é a reposição contínua (Continuous Replenishment Program – CRP). É um processo no qual o reabastecimento de mercadorias do fornecedor ao varejista é feito através de um algoritmo que minimiza as interferências humanas e segue a lógica da abordagem “puxada” – que se baseia não apenas no histórico de vendas, mas principalmente na demanda atual (ECR BRASIL, 1998). Dentro deste processo estão inseridos os modelos de VMI – Vendor Managed Inventory, que são técnicas nas quais as decisões de instantes e quantidades de ressuprimento são tomadas pelo fornecedor. Sendo assim, os cálculos são realizados por um algoritmo cadastrado no fornecedor, formado por parâmetros preestabelecidos pelo vendedor e comprador e baseado nas informações obtidas do varejista. Nesse modelo, o varejista somente é informado da quantidade que será enviada. Desta maneira, ele faz um acompanhamento, monitora, mas não controla o processo (ECR BRASIL, 1998). Portanto, é uma das soluções que podem atenuar ou mesmo em alguns casos eliminar o efeito chicote (SEIFERT, 2003). 5 Corrêa (2004a) acrescenta que o que se pretende com o VMI é “uma redistribuição das atividades necessárias, dentro da cadeia de suprimentos, para elos com maior vocação/competência para fazê-las”. No entanto, segundo este mesmo autor, existe a necessidade de alguns elementos estarem presentes para que se possa instrumentalizar o uso dos modelos de VMI na gestão da rede de suprimentos: • em primeiro lugar, é necessário que toda essa gestão parta da demanda do usuário final ou o mais próximo disto. Isso significa que é necessário que o elo gestor (aquele que enxerga a demanda agregada) tenha a informação da demanda no ponto de venda; • em segundo lugar, para que essa informação seja percebida pelo elo gestor com a freqüência e a capilaridade necessárias e levando em conta as dimensões continentais do país, é necessária um infra-estrutura de telecomunicações ágil e confiável que conecte os vários estágios da rede; • em terceiro lugar, é necessário que, dada a diversidade de características de demanda dos vários produtos que os fabricantes fornecem, haja uma biblioteca de modelos gerenciais de gestão de estoques, previsão de demanda e modelos logísticos, de modo que possam utilizar diferentes modelos para gerenciar as contingências necessárias; • em quarto lugar, é necessário que tenha inteligência artificial suficiente para que as alocações de diversos modelos gerenciais(e sua parametrização) para as várias situações sejam feitas de forma adequada e possam evoluir ao longo do tempo respondendo a possíveis mudanças de condições de contorno. Para mostrar como estes quatro pontos são formalizados na prática, Corrêa (2004a) apresenta o caso da General Motors e seu programa AutoGIRO para gestão das peças de reposição da rede de concessionários, o qual disparou iniciativas para conseguir construir os quatro pontos identificados acima: 1. a captura dos dados de demanda no nível do varejo é feita diariamente, quando as concessionárias enviam arquivos para a GM sobre suas vendas, posição de estoques e outras informações; 2. infra-estrutura de telecomunicações para permitir que quase 500 concessionárias comuniquem-se com a GM diariamente. Isto foi conseguido através de um grande esforço da GM para criar um sistema que se chama “GM Connect”; 3. uma biblioteca de modelos gerenciais para suportar o funcionamento do AutoGIRO foi desenvolvida ad hoc, por profissionais da GM Brasil, Saab, Saturn e consultores da Cap- Gemini, num projeto custoso que levou quase dois anos; 4. inteligência gerencial para montar o modelo de negócio e implantá-lo foi desenvolvida por uma equipe da GM Brasil. Em outro estudo, realizado por Disney e Towill (2003), foram investigados os efeitos do uso de um sistema de VMI nas quatro fontes já supracitadas do efeito chicote. A análise dos resultados obtidos mostra que duas fontes do efeito chicote, pedidos em lotes e pedido sobre racionamento, foram completamente eliminadas. Com a coordenação das promoções e dos preços praticados entre os agentes, houve uma melhora de aproximadamente 50% nas variações apresentadas anteriormente. Finalmente, o efeito Forrester (processamento da demanda) exibiu bem menos variação que na cadeia de suprimentos tradicional. Portanto, estes resultados indicam que os modelos de VMI oferecem oportunidades para a redução do efeito chicote na rede de suprimentos. Segundo Urquiza (2003), os potenciais benefícios do VMI devem ser divididos em benefícios para o fornecedor (vendor) e para o cliente. O principal benefício para o fornecedor é a suavização da 6 demanda pela capacidade de enxergar a demanda real do mercado e não a política de reposição do cliente. Para o cliente, o benefício central está na redução dos custos administrativos de gerenciamento de estoques, além do aumento do nível de serviço e da redução do espaço de estocagem e do nível de estoque. Apesar dos potenciais benefícios de um sistema de VMI entre um fornecedor e um cliente, alguns obstáculos podem gerar problemas e ineficiências no relacionamento entre as partes. James et al.(2000) apud Urquiza (2003) citam alguns obstáculos que podem ocorrer: • relacionamentos surgidos da posição de dominância do cliente sobre o fornecedor podem empurrar custos adicionais para este último, ao invés de otimizá-los através da execução de atividades pelo elo da cadeia que tem maior vocação para fazê-las; • aumento da dependência do cliente pelo fornecedor. Ocorre que o VMI aumenta a dependência, pois a integração exigida entre ambos é tão grande que fica difícil trocar de fornecedor; • necessidade de abertura de informação confidencial para o fornecedor é outra fonte de risco para o cliente, principalmente quando o fornecedor também fornece para os principais concorrentes deste cliente. 4. O Estudo de Caso 4.1. Metodologia O trabalho seguiu todas as fases de desenvolvimento de uma pesquisa em administração, de acordo com Cooper e Schindler (2003), incluídas as fases de planejamento da pesquisa, coleta de dados, análise, interpretação e elaboração do relatório final. O método empregado para o desenvolvimento deste trabalho foi um estudo de caso na empresa Scania Latin América. Esta empresa desenvolveu um novo sistema de gerenciamento de peças de reposição em seus concessionários e assim, a proposta foi apresentar como se desenvolveu o processo de implantação de um sistema integrado de gerenciamento de estoques, quais foram os obstáculos enfrentados e os benefícios obtidos com a adoção do sistema. A análise dos dados do estudo de caso foi feita com base nos conceitos apresentados nas seções anteriores, que constituem o referencial conceitual do presente artigo. 4.2. Histórico A Scania iniciou suas operações no Brasil em 1957, já tendo produzido mais de 150.000 caminhões, dentre os quais 122 mil ainda circulam no país (fonte RENAVAM, em material fornecido pela empresa). Sua fábrica, em São Bernardo do Campo - SP, tem capacidade de produção de 20 mil veículos/ano e 5 mil motores/ano. 7 Tabela 1: Produção anual de veículos Scania no Brasil de 1957 a 2003 Fonte: Anfavea (2004) 4.3. O negócio de peças Scania no Brasil A Scania conta com uma rede de 92 concessionários operando atualmente no Brasil, para atendimento de seus clientes. Esta rede (e também incluindo alguns faturamentos diretos a grandes frotistas) foi responsável por um faturamento em 2004 de aproximadamente R$ 155 milhões em peças de reposição, tendo movimentado 18.970 diferentes SKU’s em mais de 716 mil linhas (cada linha é uma quantidade de um item que foi coletado e embarcado para algum cliente Scania). Esta rede de concessionários é abastecida a partir de um armazém central localizado junto à fabrica em São Bernardo do Campo, estado de São Paulo, mas também conta com um armazém regional localizado em Recife, no estado de Pernambuco, voltado aos clientes da região Nordeste. A empresa opera com 260 fornecedores de autopeças no Brasil, além dos componentes que são importados. Novos SKU’s são introduzidos conforme a quantidade de lançamentos da empresa e a média gira em torno de 600 itens/ano. Em um mercado no qual a disponibilidade dos veículos é crítica, visto que os produtos são usados comercialmente para transporte de cargas e pessoas, a rápida solução de problemas é exigida pelos clientes. Portanto, uma adequada disponibilidade de peças e uma logística rápida de suprimentos são fortes motivadores das políticas adotadas pela empresa neste setor. 4.4. Origens do DSM – Dealer Stock Management Os concessionários Scania operavam, até o ano 2000, seus estoques de peças de forma independente, com políticas diferentes e conseqüentemente gerando o efeito chicote na cadeia de suprimentos. A empresa desenvolveu o conceito do DSM globalmente, tendo, porém, adotadas diferentes estratégias de implantação, que fizeram com que a filial no Brasil fosse pioneira na adoção do sistema. Claramente o DSM é uma nomenclatura Scania para o conceito de VMI apresentado anteriormente. Em 2000, com o lançamento de uma nova linha de produtos (série Millenium), a empresa passou a ofertar o produto (caminhão) associado a um determinado nível de disponibilidade, e está sujeita a multa em caso de não atendimento deste nível. Para controlar o risco associado, em outubro 8 de 2000 a Scania implantou o R-DSM (Rapid DSM) gerenciando em princípio somente o estoque de 250 peças-chave do novo modelo, englobando concessionários com 73% das vendas no Brasil. O aprendizado proporcionado por esta experiência pavimentou o caminho para o desenvolvimento do DSM, que se iniciou em janeiro de 2001 e foi implantado em concessionário- piloto em dezembro do mesmo ano. 4.5. Objetivos e Fatores Críticos para Sucesso do DSM A implantação do conceito no Brasil foi resultado do trabalho de um grupo de profissionais de diversas áreas da empresa (Suprimentos, Estoque, Vendas, Sistemas, Logística). Seus objetivos com o programa foram: • aumentar a satisfação dos clientes devido a menores tempos de reparos; • melhorar a disponibilidade de peças nas concessionárias; • melhorar a imagem do serviço de Pós-Venda Scania; • aumentar o giro dos estoquesna concessionária; • incrementar vendas. A experiência demonstrou a existência de alguns fatores críticos para o sucesso da implantação: • no aspecto comportamental, foi essencial a obtenção do comprometimento de cima para baixo (top-down), partindo dos proprietários das empresas e chegando com clareza aos gestores dos estoques, dirimindo desconfianças e esclarecendo as políticas adotadas. Um acompanhamento constante, principalmente nos estágios iniciais de operação, também demonstrou ser extremamente importante, evitando deslizes nos comportamentos esperados dos gestores de estoque dos concessionários; • no aspecto técnico, a existência prévia de sistemas eletrônicos de comunicação de dados entre a Scania e seus concessionários foi um facilitador. Corrêa (2000) menciona que o projeto Autogiro da GM só pôde ser implantado após a criação do sistema integrado de comunicação entre os concessionários e a GM do Brasil; • também no aspecto técnico, outro facilitador-chave foi a quase unânime utilização de um mesmo sistema de gestão (SICOM – Sistema Comercial, ofertado pela própria Scania à sua rede). Corrêa (2000) também menciona a diversidade de sistemas como um complicador na experiência do Autogiro da GM; e • a disponibilidade de ferramentas de sistemas (BI – Business Intelligence) para análise de indicadores de desempenho (KPI – Key Performance Indicators) também facilitou a implantação realizada pela Scania e foi considerada essencial na mudança da cultura dos concessionários. Estes indicadores foram os principais argumentos nos constantes diálogos entre a Scania e seus revendedores sobre o DSM. 4.6. Estratégia de Implantação No VMI, a responsabilidade sobre as decisões de estocagem é transferida ao fornecedor da cadeia. No caso da Scania (e das demais montadoras) isto pode ser visto pelo concessionário como um sentimento de abdicação da autoridade de decisão sobre parte de seu capital. O convencimento de que a nova política seria vantajosa foi tarefa que envolveu longas reuniões da montadora com a associação de revendedores. A existência de um projeto-piloto implantado facilitou a desmontagem dos preconceitos. Sob o ponto de vista do concessionário, a adoção da nova política foi facilitada pelos seguintes incentivos: 9 • negociação de uma operação de recompra especial, para adequação dos estoques ao perfil da demanda. Para o concessionário isto foi a oportunidade de limpeza dos estoques, ainda que recomprados abaixo do custo pela Scania, mas com retorno muito maior do que seria esperado dada a rápida obsolescência. Para a Scania, esta recompra representou o maior investimento do programa; • política de preços diferenciada: com a adoção do DSM, os eventuais pedidos emergenciais passaram a ser encarados como conseqüência de variações excessivas da demanda e ficaram sob a responsabilidade da Scania. Desta forma, os custos que estes pedidos geram são absorvidos agora na sua totalidade pela Scania Latin America Ltda. O processo de implantação para cada concessionário foi dividido em 7 módulos de uma semana conforme abaixo: Semana 1 -- Inventário (contagem) do estoque do concessionário; Semana 2 – Negociação da recompra especial; Semana 3 – Treinamento conceitual; Semana 4 – Transferência entre filiais; Semana 5 – Despacho/Sucateamento da recompra especial; Semana 6 – Recebimento/Pagamento da recompra especial; Semana 7 – Treinamento Operacional e primeiro pedido. A realização de inventário é essencial para correção das informações sobre disponibilidade existente no concessionário. A manutenção da qualidade das informações também foi alvo dos diversos treinamentos oferecidos pela Scania a sua rede. O “casamento” das datas do pagamento da recompra especial foi feito com o envio do primeiro pedido, evitando drenagem do fluxo de caixa dos concessionários. 4.7. Políticas e sistemas Os itens (SKU’s) ativos na Scania são classificados em: “estoque técnico”, “estoque por demanda” e “itens não-estocáveis” para cada concessionário, utilizando-se os seguintes conceitos: Estoque Técnico • Porte do concessionário: grandes operações mantêm no estoque 482 itens técnicos definidos pela fábrica em conjunto com os concessionários. Filiais menores têm a lista diminuída para 376 itens e postos de serviço juntamente com pequenas filiais operam com 295 destes itens • Composição técnica: inclui SKU’s relacionados com kits de manutenção, peças de manutenção regular, itens relacionados à garantia ou problemas técnicos, itens relacionados como causadores de paradas no sistema de assistência 24 horas e itens com tempo de reparo em até 6 horas. Esta lista é revisada semestralmente entre a Scania e seus concessionários e atualmente contém 482 itens. • Sortimento específico: operações com características regionais possuem ainda módulos adicionais com componentes relacionados a motores marítimos (136 itens), veículos 6x4 (73 itens) e peças para motores (35 itens) utilizados em máquinas agrícolas da marca John Deere (que utilizam motores Scania). Estoque por Demanda • Demanda: itens com consumo de mais de 03 unidades por mês na fábrica e peso menor que 120 kg também são considerados estocáveis. 10 Itens Não Estocáveis • Os demais itens. A Scania adota um ciclo diário de pedidos para toda a sua rede de concessionários, ou seja, possibilita a existência de embarques diários para cada concessionário, em qualquer região do país. Comparativamente, Corrêa (2000) relata que a GM adotou diferentes freqüências de embarque (2, 3 ou 5 embarques semanais) com o objetivo de redução dos custos de transportes de pequenos lotes. A figura 1 mostra o fluxo de informações e pedidos gerados no DSM entre a Scania e sua rede: Figura 1: Esquema do fluxo de informações do DSM Fonte: adaptado de material da empresa A empresa não permite que os concessionários alterem as sugestões dos pedidos. O concessionário possui o direito de aceitar ou não o pedido por completo, e colocar outros pedidos caso julgue necessário. A aceitação das sugestões, segundo a empresa, tem sido de 100% por parte da rede. O algoritmo de previsão e sugestão dos pedidos utilizados pela Scania é único para todos os itens e tem as seguintes características: • utiliza-se somente das demandas registradas nas últimas 8 semanas. Comparativamente, a GM utiliza histórico das 26 últimas semanas (NBS, 2004); • utiliza-se de sistema semelhante ao alisamento exponencial simples, na hipótese de permanência (não há tendências ou sazonalidades) (CHOPRA & MEINDL, 2003); FFLLUUXXOO DDEE IINNFFOORRMMAAÇÇÃÃOO -- DDSSMM Responsabilidade: D= Dealer S= Scania Previsão Concess. Demanda Concess. A Cálculo Previsão VIA EDI Relatório Gerencial D S À Noite S Informação do Estoque Concessionário Cálculo da Reposição VIA EDI Sugestão de Pedido VIA Web Aceite Carteira de Pedidos D S D À Noite Manhã Seguinte A D S DDiiáárriioo S Seemmaannaall ((SSeexxttaa--FFeeiirraa)) 11 • adota somente os dados de cada concessionário na elaboração de suas previsões, ou seja, não considera influências regionais ou do mercado como um todo na decisão das previsões individuais; • adota política do tipo “repor diariamente estoque até” um nível máximo definido pelo consumo diário, lead-time de abastecimento e estoque de segurança; • utiliza um estoque de segurança definido em termos de dias de cobertura, fixo e o mesmo para todos os componentes. Na política comercial, a adoção do DSM levou a área comercial a modificar seus objetivos de vendas junto aos concessionários, evoluindo do conceito de “sell-in” para “sell- through”, ou seja, passando a se preocupar com o fluxo no concessionárioe com a venda ao mercado final e não somente com a venda para o concessionário. 4.8. Investimentos no sistema DSM Os investimentos para o desenvolvimento e implantação do sistema DSM foram assumidos totalmente pela Scania. Segundo a empresa, o investimento total foi de aproximadamente R$ 4.000.000,00 e estes valores foram alocados da seguinte forma: • Software : Desenvolvimento e Implantação = R$ 240.000,00 • Comunicação/ Processamento = R$ 185.000,00 (anuais) • Absorção de Estoque Obsoleto = R$ 3.200.000,00 • Treinamento = R$ 270.000,00 Comparativamente, Corrêa (2000) relata que a General Motors investiu US$ 10 milhões no desenvolvimento do sistema AutoGIRO, tendo este investimento sido em parte custeado em uma parceria com a empresa Saab e 25% assumido pela rede de concessionários. Deve-se ressaltar, porém, que as informações disponíveis no caso GM não são claras sobre a abrangência do investimento, que pode incluir também os custos do desenvolvimento do sistema de telecomunicações com a rede, bem como mudanças na logística de transportes. 4.9. Resultados obtidos Os resultados apresentados pelo DSM mostram a eficácia deste sistema de gerenciamento de peças de reposição na Scania. Segundo os dirigentes envolvidos no gerenciamento do DSM houve uma redução da variabilidade da demanda, apesar da empresa não fazer uma medição exata da diminuição desta variabilidade. Na literatura, podemos citar um estudo de Holmstrom (1998), em que este autor relata que em uma aplicação do modelo de VMI com a eliminação de um escalão na cadeia de suprimentos, a variabilidade da demanda para o fornecedor foi reduzida de 75% para 26% com a implementação do sistema. Em outro fator importante para este tipo de segmento, o nível de serviço (entendido aqui como a proporção dos itens atendidos por completo e de imediato pela Scania) melhorou de 96,3% para 97,3%. Estes números podem ser comparados aos apresentados por Corrêa (2004b) no caso do AutoGiro da GM, no qual o nível de serviço passou de 70% para 94%. A melhora nos números apresentados pela Scania podem parecer modestos, mas é importante observar que o nível de serviço apresentado anteriormente ao sistema já era muito bom e bastante superior ao da GM. O giro de estoque da Scania passou de 3,3 vezes ao ano, antes da implantação do DSM para 4 vezes ao ano e no giro de estoque da Rede de concessionários houve uma melhora bem mais significativa neste quesito, passando de 5,6 vezes ao ano para 7,6 vezes ao ano (o objetivo é alcançar o giro de 8 vezes ao ano em média no Brasil, pois alguns concessionários já estão com giro de estoque de 11 vezes ao ano). 12 Quanto ao nível de estoque da Scania e da Rede de concessionários também ocorreu uma redução, conforme mostrado nos gráficos 1 e 2. Na Scania, houve um decréscimo em torno de 10% e nos concessionários de aproximadamente 20% (o ano de 2001, anterior à introdução do DSM foi tomado como base 100): Nível de Estoque Scania 91,9 100,0 90,4 Base 100,0 '2001 '2002 '2003 '2004 Gráfico 1: nível (valor) do estoque de peças de reposição da Scania Fonte: fornecido pela empresa Gráfico 2: nível (valor) do estoque da rede Scania no Brasil Fonte: fornecido pela empresa. Nível de Estoque da Rede 79,8 81,676,1 Base 100,0 '2001 '2002 '2003 '2004 13 Neste item, para ilustrar os bons resultados alcançados com o DSM na Scania, também podemos utilizar os dados apresentados por Corrêa (2004b), que indicam que a redução dos estoques chegou a 36% nos concessionários GM. 5. Conclusões e Possíveis Extensões O trabalho apresentou o caso de coordenação na gestão da cadeia de suprimentos de peças de reposição em empresa do setor automotivo no Brasil, detalhando o processo de implantação, os resultados obtidos e comparando-os com outros casos mencionados na (pouca) literatura existente sobre estas aplicações neste setor. Dada a existência de condições favoráveis, o caso da Scania surpreende pelo baixo investimento necessário para implantação. Como a própria empresa apontou, existem ainda diversos aspectos do sistema que precisam de evolução, em especial nos algoritmos de previsão, na definição dos estoques de segurança e nas políticas de reabastecimento diários. Não está explícita, nas políticas e nos algoritmos utilizados, preocupação com os custos totais do processo. Em seu lugar, são usados indicadores parciais, como giro de estoques e valor médio em estoque. Estão ausentes os custos de pedidos e das falhas no atendimento, além do custo da estrutura de gestão (para avaliar se os benefícios gerados com a nova sistemática estão arcando com uma estrutura possivelmente mais cara do que a anterior). Como a previsão não permite a identificação de sazonalidades e tendências, a empresa pode achar que a incerteza na demanda é maior do que realmente é. O uso de período de cobertura para dimensionamento do estoque de segurança pode levar a valores equivocados, pois a incerteza na demanda (expressa pelo desvio-padrão da mesma, por exemplo) é uma base mais adequada para dimensionar os estoques de segurança. O tratamento igualitário dado aos itens também deveria ser avaliado, pois as relações entre os custos certamente são diferentes para os vários itens (o que levaria a coeficientes de segurança, usados no cálculo dos estoques de segurança, diferentes). Segundo Gil (1987), as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, com vistas na formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Este estudo de caso mostra que grandes benefícios podem ser obtidos com a coordenação na cadeia mesmo sem a sofisticação no uso de técnicas de previsão e políticas de estocagem. Como esperado, o estudo mostra que a coordenação da cadeia de suprimentos por um elemento central traz benefícios (melhorias no nível de serviço e redução de estoques) que devem motivar outras cadeias a seguirem o mesmo caminho. Neste aspecto, é fundamental compreender as dificuldades no processo de implantação, tendo em vista a nova configuração de forças resultante do uso do VMI. Uma possível extensão deste trabalho seria a comparação dos resultados dentre diversas cadeias (montadoras diferentes) e a correlação destes resultados com o grau de coordenação existente entre os elos, buscando comprovar quantitativamente os efeitos demonstrados nos estudos de caso existentes. 14 Referências Bibliográficas ABRAC (Associação Brasileira de Concessionários Chevrolet). Dicas de Pós-Vendas. Disponível em <http://www.abrac.com.br/escrito/economico/dicas-03-02.pdf>, 2002. Acesso em 28 Dez, 2004. ALCANTARA, E. Análise para implantação de VMI numa empresa do ramo farmacêutico no Brasil. 75f. Dissertação (Mestrado em Administração). EAESP/FGV, São Paulo, 2003. ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).Anuário Estatístico 2004. Disponível em <http://www.anfavea.com.br> Acesso em 28 Dez, 2004 ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Carta 224. Disponível em <http://www.anfavea.com.br/Pdf/carta224.pdf> Acesso em 26 Abr, 2005. BALLOU, R.H. Business Logistics/Supply Chain Management. Fifth Edition. New Jersey: Pearson- Prentice Hall, 2004. BRITO, E.; AGUILAR, R.; KIMURA, H. Determinantes da escolha do prestador de serviços de manutenção e reparação de veículos. Varejo Competitivo, São Paulo, vol.8, p.148-174, 2004. BURBIDGE, J.L. Automated Production Control with a simulation capability. Proceedings of IFIP Conference WG 5-7. Copenhagen. 1-14, 1984 CDC (Código de Defesa do Consumidor). Lei 8078 de 11 de setembro de 1990. Brasília, 1990. Disponível em <http://www.procon.sp.gov.br> CHOPRA, S.; MEINDL, P. Supply Chain Management: Strategy,Planning and Operations. Second Edition. New Jersey: Pearson-Prentice Hall, 2004. COHEN, M.; LEE, H. Out of Touch with Customer Needs? Spare Parts and After Sales Service. Sloan Management Review, vol.31 (2), p.55-66, 1990. COHEN, M.; CULL, C.; LEE, H.;WILLEN, D. Saturn´s Supply Chain Innovation: High Value in After-Sales Service. Sloan Management Review; vol.41(4), p.93-101, 2000. COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. Métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman, 2003. CORRÊA, H.L. Administração da produção e operações: manufatura e serviços. São Paulo: Atlas, 2004a. CORRÊA, H.L. Real Internet-Based Supply Chain Management in Latin America. Sumaq-Summit, 2004b. Disponível em <http://www.correa.com.br> CORRÊA, H.L. General Motors Brazil service parts business. EAESP/FGV, 2000. Disponível em <http://www.correa.com.br>. CORRÊA, H.L.; DIAS, G.P.P. De volta à Gestão de Estoques: as técnicas estão sendo usadas pelas empresas? In: SIMPOI 1998, Anais… São Paulo: EAESP/FGV, 1998. DISNEY, S.M.; TOWILL, D.R. Vendor-managed inventory and bullwhip reduction in a two-level supply chain. International Journal of Operations & Production Management; vol.23 (5), p.625-651, 2003. ECR BRASIL. Reposição Contínua de Mercadorias. São Paulo: Associação ECR Brasil, 1998. 15 FENABRAVE (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Perfil e Mapeamento do Setor. Disponível em <http:// www.tela.com.br/dadosmercado/index.asp?codItem=20> . Acesso em 28 Dez, 2004. GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987 HOLMSTROM, J. Business process innovation in the supply chain – a case study of implementing vendor managed inventory. European Journal of Purchasing & Supply Management, vol. 4, p.127-131, 1998. LEE, H.; PADMANABHAN,V.; WHANG, S. Information Distortion in a Supply Chain: the Bullwhip Effect. Management Science; vol.43(4), p.546-558, 1997. JAMES, R. et al. Vendor Managed Inventory (VMI): A Systemic Approach. In: HINES, P. et al. Value Stream Management. Strategy and Excellence in the Supply Chain. Prentice Hall. Great Britain. 2000. Cap.14, p.335-355 NBS (Network Business Solutions). AutoGIRO. Disponível em <http:// www.nbs.com.br/produtos/autogiro.htm> . Acesso em 30/12/2004. SEIFERT, D. Collaborative Planning, Forecasting and Replenshiment: How to create a Supply Chain advantage. New York: AMACON, 2003. SINDIPEÇAS (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores). Informativo – Crescimento 2005. Disponível em <http:// www.sindipecas.org.br/noticias/informativo.asp> Acesso em 27 dez, 2004. SLACK, N. et al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 1999. URDAN, F.T. Relacionamento entre orientação para o mercado e desempenho: estudo longitudinal de um grupo de concessionárias de veículos. 1999. Tese (Doutorado em Administração). Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. URQUIZA, M.J. VMI na cadeia de suprimentos da materiais de construção brasileira. 2003.133 f. Dissertação (Mestrado em Administração). EAESP/FGV, São Paulo.