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Toxicologia PV2 
 
1- Micotoxinas e Micotoxicoses 
● Micotoxinas são substâncias toxicas ao homem e aos animais, produzidas durante o 
metabolismo secundário de fungos. São conhecidas cerca de 500 substâncias produzidas por 
aproximadamente 100 espécies de fungos dos gêneros ​Aspergillus​, ​Penicillium​, ​Fusarium ​e 
Alternaria 
● Fungos podem produzir diversas patologias: 
◦ Micetismo → intoxicação alimentar pela ingestão do macro fungo ou seus 
componenetes 
◦ Micotoxicose → intoxicação causada pelas micotoxinas produzidas pelos fungos 
◦ Alergia → reações de hipersensibilidade 
◦ Micoses → causadas quando o fungo invade tecidos 
● Fatores de patogenicidade: “como” os fungos afetam o hospedeiro 
◦ alterações morfológicas 
◦ modulação/supressão do sistema imunológico 
◦ interferência em cadeias mediadas por enzimas 
◦ liberação de toxinas 
● Micotoxinas: 
◦ Fatores predisponentes 
▪ Produtos agrícolas podem ser contaminados durante toda a cadeia produtiva: da 
colheita a armazenagem final 
▪ Podem ser divididos em FATORES AMBIENTAIS, FATORES DO FUNGO E 
FATORES DO HOSPEDEIRO 
▪ Os fatores ambientais são pré colheita (no campo) e pós colheita (transporte, 
armazenagem) 
▪ Fatores pré colheita: umidade, stress hídrico, vento, temperatura (LEMBRE-SE 
FUNGO GOSTA DE CALOR E UMIDADE) 
▪ Fatores pós colheita: temperatura, atividade de água, pH, oxigênio, uso de fungicidas 
▪ ATENÇÃO: atividade de água é a água “livre” no alimento. Qnt mais água livre, 
maior a dissolução do sólido e maior o “caldo” de cultura para os fungos. Umidade 
relativa é a água ligada, atividade de água é a água livre. Abaixo de 0,6 de atividade 
de água praticamente não há desenvolvimento de fungos 
▪ Fatores do Fungo: cepa, capacidade adaptativa, interação com outros patógenos 
microbianos 
▪ Fatores do Hospedeiro: genótipo, presença de inibidores e situação nutritiva 
▪ A ocorrência de micotoxinas depende portanto da combinação de fatores intrínsecos 
(tipo de substrato vegetal, atividade de água desse substrato, qualidade genética, 
microbiota natural e contaminante, infestação por insetos) e extrínsecos (região e 
clima, estação do ano, condições de cultivo e armazenagem) 
● Principais fungos produtores de micotoxinas: 
◦ Aspergillus 
◦ Penicillium 
◦ Fusarium 
◦ Alternaria 
◦ Claviceps 
◦ Stachybotrys 
● Critérios diagnósticos para Micotoxicoses 
◦ Enfermidade relacionada a alimentos, não contagiosa, nem transmissível ou infecciosa 
◦ Não é possível isolamento do microorganismo 
◦ A retirada do alimento trás melhora ao quadro clínico 
◦ Sinais clínicos devem corresponder a uma micotoxicose conhecida 
● Dificuldades no diagnóstico: 
◦ micotoxinas ocorrem em geral em baixa quantidade 
◦ falta de alimentos disponíveis para a análise 
◦ sinais e sintomas sub-agudos ou crônicos 
◦ falta de treinamento profissional 
◦ interações entre micotoxinas estão pouco estudadas 
● As micotoxicoses podem ser divididas em: 
◦ Primárias: quando a ingestão é do vegetal/substrato contaminado 
◦ Secundária: qnd ocorre ingestão de carne de um animal contaminado pelo consumo de 
vegetal com fungos 
◦ Aguda: causa sintomas com baixa ingestão (rara) 
◦ Crônica: forma mais comum, por bioacumulação 
● Fungos causam grande impacto econômico e de saúde pública: 25% da safra mundial é 
descartada por contaminação por fungos, 40% do tempo de vida das pessoas em países em 
desenvolvimento é perdido em função de doenças moduladas por fungos, o rebanho animal 
sofre com infertilidade e doenças renais e do trato GI. 
● Mecanismos de ação das Micotoxinas: 
◦ Inibição de síntese proteica 
◦ Inibição de respiração mitocondrial → bloqueio de vias metabólicas 
◦ Altera estrutura e função da Membrana Celular → inibe/dificulta transporte pela 
membrana 
◦ Impede síntese de DNA 
◦ Inativa enzimas do grupo Tiol 
◦ Inibe a síntese lipídica 
◦ São fatores antinutricionais: se ligam a co-fatores e impedem absorção de vitaminas e 
micronutrientes 
● Substratos ou Matrizes (vegetais mais comumente infestados, em ordem decrescente) 
◦ Amendoim, castanhas e nozes 
◦ Milho 
◦ Algodão, centeio, cevada e sorgo 
◦ Trigo, aveia e arroz 
◦ Feijão 
◦ Frutas secas 
● Principais classes de Micotoxinas 
◦ Aflatoxinas: 4 tipos (B e G de série 1 ou 2). Produzidas por fungos do gênero 
Aspargillus (flavus e parasittus), tem ação imunossupressora, inibe síntese proteica e 
fatores de coagulação sanguínea. É teratogênica, carcinogênica e mutagênica. 
Metabolismo hepático e excreção renal, biliar e fecal. Tbm é excretada em ovos e leite. 
Doenças mais comuns: Hepatocarcinoma e síndrome de má absorção alimentar. Em 
ruminantes tem ação microbicida sobre a microbiota ruminal 
◦ Ocratoxinas: 3 tipos. Produzidas por fungos do gênero Aspergillus e Penicillium. Forte 
ação nefropática, piora a conversão alimentar, diminui o ganho de peso, em aves altera a 
qualidade da casca dos ovos, causa diarreia e infertilidade. Principais doenças: 
adenocarcinoma renal e nefropatia micotóxica de suínos e aves 
◦ Citrinina: metabólito produzido por fungos do gênero Aspergillus, Penicillium e 
Monascus. Ação nefrotóxica e imunossupressora. Sinergismo com Ocratoxina: aumenta 
a ação da ocratoxina em 200% 
◦ Tricotecenos: mais de 150 tipos. Os mais encontrados são: T-2 toxina, DAS, DON. 
Efeitos: 
▪ T2-Toxina → lesões orais, as aves são as mais afetadas 
▪ DAS/ DON → diminui o consumo de alimentos, provoca vômitos e rejeição ao 
alimento em grandes concentrações 
◦ Zearalenona: produzida por fungos do gênero Fusarium. A ação é mimética, 
micotoxina-estrógenos. Une-se aos receptores de 17b estradiol. Efeitos: 
hiperestrogenismos em machos e fêmeas. Sintomas: 
▪ fêmeas jovens: puberdade precoce, tumefação vulvar, prolapso vaginal, infertilidade, 
hipertrofia mamária 
▪ fêmeas adultas: abortos, atrofia ovariana, infertilidade 
▪ machos: infertilidade e feminilização 
◦ Fumonisinas: Inibe a síntese de esfingolipídeos, com profunda ação nos mecanismos de 
transdução celular, incluindo fatores de crescimento, fatores de necrose de tumor, 
interleucina 1 e fator de crescimento de nervos. Principais doenças: 
leucoencefalomalácia equina (LEME) ATENÇÃO, ISSO CAIU NO CONCURSO DO 
MAPA E ELE FALOU PRA ESTUDAR, edema pulmonar em suínos, lesões hepáticas e 
pancreáticas em suínos e animais de companhia e câncer esofágico em humanos 
◦ Estaquilisina: hemolisina produzida pelo fungo do gênero ​Stachybotrys que causa 
hemorragias. 
◦ ATENÇÃO: primeira micotoxicose estudada foi o ERGOTISMO. Fungos do gênero 
Claviceps. São ergotaminas e alcalóides derivados do ácido lisérgico (efeitos 
semelhantes ao LSD). Atividade no SNC e vasoconstricção periférica. Causa confusão 
mental, bradicardia e cianose periférica que pode levar a NECROSE DE MEMBROS 
(mais comum em animais) 
● Exposição prolongada as micotoxinas tem efeitos diretos na saúde humana 
● Prevenção: 
◦ Seleção de culturas resistentes 
◦ Evitar monocultura e promover rotação de culturas 
◦ Aragem de resíduos de colheita 
◦ Evitar plantio direto 
◦ Manter armazenamento adequado com controle de teor de umidade e umidade relativa 
◦ Manter a temperatura de armazenagem abaixo de 20° 
◦ Evitar stress (hídrico, geadas) 
◦ Controlar insetos e roedores 
◦ Controle biológico e químico 
◦ Se houver contaminação, promover a detoxificação ou a destruição das micotoxinas. Emcaso que não seja possível, destruição completa do alimento. 
 
2- Zootoxinas: 
● Substâncias tóxicas produzidas por animais, mais comuns em países tropicais, que causam 
impacto econômico (em grandes animais) e epidemiológico e clínico (em pequenos animais) 
● Invertebrados: 
◦ Abelhas: o Brasil não possui mais abelhas européias puras. Nossas abelhas são 
africanizadas. Comportamento agressivo, ataque em enxame, são capazes de detectar 
movimento a 30m da colmeia e perseguir os invasores por mais de 400m. Veneno misto, 
urticariforme, com capacidade de provocar reação tóxica sistêmica. Cães são vitimas de 
Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA) e crise hemolítica. Reação é 
dependente da quantidade de veneno inoculado. Sinais: dor, edema e hiperemia local, 
vômito, diarreia, sinais de choque em caso sistêmico. Tratamento sintomático e retirada 
do ferrão 
◦ Aranhas: todas as aranhas possuem venenos, mas a potência de cada um é variável 
▪ aranha marrom (loxesceles): ação proteolítica e quimiotática. Causa úlceras por 
destruição do tecido podendo levar a necrose tecidual extensa, ictarícia, anemia e 
hemoglobinúria. Tratamento sintomático, reposição hídrica e transfusão sanguínea se 
necessário 
▪ Armadeira (Phoneutria): agressiva, veneno de ação neurotóxica (canais de sódio) e 
cardiotóxica. Sintomas leves a graves: dor, edema e rubos local, vômitos, náuseas, 
taquicardia, hipotensão, ICC, convulsões, coma podendo evoluir para óbito. 
Tratamento: antinflamatórios e opióides, analgésicos, observação e manutenção das 
funções vitais 
▪ Viúva Negra (latrodectus): pequenas e coloridas, veneno de ação neurotóxica central 
e periférica, ação direta no controle do cálcio celular, com abertura de canais iônicos 
e liberação de neurotransmissores. Sintomas iniciais: dor, sensação de queimadura, 
eritema com o centro claro no local da picada. Sintomas tardios: náuseas, febre e mal 
estar geral, sialorreia, lacrimejamento, taquipneia, dor, caimbras, hipertensão (tds 
sinais mediados por SNA e neurotransmissores). Choque, priapismo e midríase. 
Complicações: infarto, edema pulmonar. Tratamento: Neostigmina, glutamato de 
cálcio, ansiolíticos, miorrelaxantes e analgésicos 
▪ aranha de jardim (Lycosa): apesar de pouco agressiva, causa acidentes numerosos, 
sem gravidade. Dor intensa e sensação de queimação. Pode causar reação alérgica. 
Tratamento consiste em assepsia e uso de analgésicos 
▪ Caranguejeiras: grandes, mas pouco agressivas. As cerdas possuem substâncias 
urticariantes que podem causar prurido, mal estar, tosse, dispneia e broncoespasmo. 
Por seu potencial alérgico deve ser tratada com antihistamínicos por via muscular e 
corticoides 
◦ Lacraias: veneno pouco tóxico para humanos. Dor intensa. Tratamento com analgésicos. 
Prevenção: evitar lugares úmidos e sem luz solar. Raramente pode causar complicações 
no tempo de coagulação, com aparecimento de sangramentos 
◦ Lepdópteros (borboletas e lagartas) 
▪ acidente com borboletas se chama lepidopterismo. Causados pelas espículas que elas 
liberam ao tocar em objetos. Prurido e dermatite. Eventualmente acidente 
oftalmológico. Tratamento: banho morno ou frio, anti histamínicos e corticoides 
▪ acidente com lagartas se chama Erucismo: contato com as cerdas que elas usam para 
se defender de predadores. Ação urticante: granuloma e prurido, queimação, 
infartamento ganglionar. 
● Lagartas do gênero Lanomia (taturanas): causam sintomas sistêmicos de 
gravidade variável que podem evoluir para acidentes hemorrágicos. 
Gengivorragias, epistaxe e sangramento de ferimentos recentes. Náuseas, dores 
abdominais e artralgia. Sinais hemorrágicos graves como hematúria, melena, 
hematêmese, hemorragias pulmonares, intra peritoniais... Tratamento: de suporte 
e soroterápico em casos graves 
● Prevenção: não tocar em lagartas, usar mangas compridas e não subir ou sentar 
em árvores sem verificar a existência de lagartas. 
▪ Escorpiões: apenas 3 espécies são perigosas. Veneno é uma neurotoxina de ação 
simpática e parassimpática. Sintomas: dor, sudorese, lacrimejamento, parestesia, 
hipo ou hiperemia, diarreia, taquipneia, edema pulmonar, arritmias, ICC, choque, 
podendo evoluir para óbito. Tratamento: identificar o escorpião e remover o ferrão, 
analgésicos, monitoramento e tratamento dos sinais clínicos. Hidratação e 
monitoramento de edema pulmonar. Antivenenos raramente usados em animais 
porque o ataque quase nunca é fatal 
● Vertebrados 
◦ Cobras: 
▪ Fatores de Risco para acidentes ofídicos: invasão de áreas naturais, acúmulo de lixo 
e falta de controle de roedores 
▪ Importância do estudo: desmistificar, tratar corretamente e informar a população 
▪ Características Gerais: animais ectotérmicos, língua delgada e bífida, podem 
apresentar fosseta loreal, se reproduzem na peimavera e verão e tem comportamento 
variável com a espécie 
▪ Tipos de dentição 
● Áglifa: sem dentes inoculadores 
● Opistóglifa: dentes inoculadores pequenos e na parte anterior da boca 
● Proteróglifa: pequenos dentes inoculadores na parte posterior da boca, não 
retráteis 
● Solenóglifa: presas inoculadoras retráteis na parte posterior da boca 
▪ Profilaxia: informação, controle de roedores, preservação do habitat 
◦ Principais gêneros: 
▪ Bothrops: jararacas, caiçaras e urutus. Cobras agressivas, responsáveis pela maioria 
dos acidentes ofídicos. Dentição solenóglifa, fosseta loreal presente, final da cauda 
lisa. Veneno de ação proteolítica, anticoagulante, vasculotóxica e nefrotóxica. 
Sintomas: dor imediata, rubor, calor. Sistêmicos: aumento do tempo de coagulação, 
surgimento de bolhas, equimose, necrose, oligúria, anúria, hematúria, vômitos, 
hipotermia, sudorese, queda de pressão, choque e insuficiência renal aguda. 
Tratamento: soro específico, antibotrópico ou antibotrópico-laquético ou 
antibotrópico-crotálico que neutralize 100mg de veneno. Não fazer torniquetes e 
observar o tempo de coagulação 
▪ Crotalus: cascavéis. Responsáveis por cerca de 30% dos acidentes, áreas pedregosas, 
encostas de morro. Raramente em regiões litorâneas. Solenóglifa, com fosseta loreal, 
cauda em chocalho, comportamento agressivo se ameaçadas. Veneno de ação 
neurotóxica periférica em placa motora, miotóxica sistêmica, anticoagulante e 
nefrotóxica. Sintomas: sem dor local e picada de difícil visualização, transtornos de 
locomoção, fasciculações musculares, flacidez das musculatura facial, ptose 
palpebral, sialorréia, midríase, insuficiência respiratória aguda, mialgia, 
mioglobinúria, oligúria, anúria e insuficiência renal aguda. Tratamento: soro 
específico, anticrotálico ou anticrotálico-botrópico em doses que neutralizem 50mg 
de veneno. 
▪ Lachesis: surucucus. Bacia Amazônica e Mata Atlântica, porte grande, até 4m, 
agressivas apenas se provocadas. Solenóglifas, fosseta loreal presente, cauda em 
espinho. Veneno de ação semelhante ao botrópico acrescido de sinais 
parassimpáticos. Inocula grande quantidade de veneno. Sintomas semelhantes ao 
botrópico, com bradicardia, hematúria e hipotensão. Tratamento: soro específico em 
doses que neutralizem 400mg de veneno. Administração de sulfato de atropina em 
quadros parassimpáticos severos 
▪ Micrurus:coral verdadeira. Apenas 0,4% dos acidentes, distribuídas em todo o 
teritório. Proteróglifas, fosseta loreal ausente, corpo coberto por anéis coloridos, 
comportamento não agressivo. Veneno de ação neurotóxica pré e pós sinaptica, de 
baixo peso molecular que se dissemina rapidamente. Sinais: ausência de dor ou 
inchaço local, paralisia muscular flácida potente, ptose palpebral bilateral, sialorréia, 
fácies miastênica, ​respiração dificultada, dificuldade de deglutição e insuficiência 
respiratória aguda. Tratamento: soroterapia específica, soro antielapídico em doses 
que neutralizem 150mg de veneno. Soro de difícil obtenção 
▪ Todos os acidentes exigem internação para hidratação e monitoramento

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