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Elipse MO´DULO 1 - AULA 18 Aula 18 – Elipse Objetivos • Descrever a elipse como um lugar geome´trico. • Determinar a equac¸a˜o reduzida da elipse no sistema de coordenadas com origem no ponto me´dio entre os focos e eixo x como o eixo focal. • Esboc¸ar o gra´fico da elipse, a partir da equac¸a˜o reduzida, e fazer translac¸o˜es. • Identificar os paraˆmetros a,b e c e a sua excentricidade. • Determinar as coordenadas dos focos e dos ve´rtices, a partir da equac¸a˜o reduzida. Conceitos: Sistemas de coordenadas e distaˆncias no plano. Refereˆncias: Aulas 13 e 14. Como acabamos de mencionar na aula anterior, ha´ muitas aplicac¸o˜es para a para´bola, sendo esta curva plana encontrada em va´rias situac¸o˜es na pra´tica cotidiana. A elipse, curva plana que vamos descrever nesta aula, na˜o e´ ta˜o facilmente encontrada na natureza. Pore´m, observe as seguintes figuras: Figura 18.1: Vemos uma elipse olhando um c´ırculo de lado. Figura 18.2: Elipse na superf´ıcie da a´gua num copo inclinado. Figura 18.3: Elipse no telhado do planeta´rio Ty- cho Brahe em Copenha- gen, Dinamarca. Kepler, 1571-1630. Nasceu perto de Stuttgart. Obteve o modelo para o movimento dos planetas, usando os dados observados pelo astroˆnomo Tycho Brahe. Embora os gregos ja´ conhecessem as coˆnicas, apenas em 1609 o astroˆnomo alema˜o Johann Kepler descobriu que as o´rbitas dos planetas eram elipses. Consideremos fixados no plano dois pontos F1 e F2. A elipse e´ o lugar geome´trico dos pontos do plano cuja soma das distaˆncias aos pontos F1 e F2 e´ constante. Escrevendo esta constante como 2a, temos elipse= {P | d(P, F1) + d(P, F2) = 2a}. Os pontos F1 e F2 sa˜o chamados focos da elipse. Foi Kepler quem introduziu o nome foco. 243 CEDERJ Elipse Figura 18.4: Vista da o´rbita que a Terra faz ao redor do Sol. Figura 18.5: A soma das distaˆncias de um ponto da elipse a F1 e F2 e´ constante: d1+d2 = 2a. Voceˆ ja´ deve ter observado que os jardineiros, preferencialmente, cons- troem canteiros circulares e el´ıpticos. E´ muito fa´cil desenhar na terra ou no papel c´ırculos e elipses. O jardineiro amarra cada ponta de um barbante em um graveto, fixa os dois gravetos, na terra, a uma distaˆncia menor que o comprimento do barbante e, com um terceiro graveto, estica o barbante. Os pontos na terra descritos pelo terceiro graveto formam a elipse. Voceˆ pode desenhar uma elipse no papel, prendendo as extremidades do barbante com tachas e usando um la´pis para esticar o barbante. As tachas sera˜o os focos da elipse. Observe que a distaˆncia entre os focos e´, obviamente, menor do que o comprimento do barbante. Figura 18.6: Desenhando uma elipse no papel. Seja 2c a distaˆncia entre F1 e F2. Note que 2c < 2a, isto e´, c < a. Para encontrar a equac¸a˜o de uma elipse, vamos fixar um sistema de coordenadas. Consideramos o eixo x como a reta passando por F1 e F2, com a origem O situada no ponto me´dio do segmento F1F2, e o eixo y sendo a reta perpendicular a este segmento passando por O. A orientac¸a˜o do eixo x CEDERJ 244 Elipse MO´DULO 1 - AULA 18 e´ de O para F2. O eixo y tem a sua orientac¸a˜o, forc¸osamente, fixada (para relembrar o conceito de orientac¸a˜o, reveja a Aula 13). Figura 18.7: Construc¸a˜o do sistema de coordenadas. Nesse sistema de coordenadas, temos F1 = (−c, 0) e F2 = (c, 0), onde c e´ um nu´mero real positivo. Enta˜o, P = (x, y) e´ um ponto da elipse ⇐⇒ 2a = d(P, F1) + d(P, F2) ⇐⇒ 2a = d((x, y), (−c, 0)) + d((x, y), (c, 0)) ⇐⇒ 2a = √(x− (−c))2 + (y − 0)2 +√(x− c)2 + (y − 0)2 ⇐⇒ 2a = √(x + c)2 + y2 +√(x− c)2 + y2 ⇐⇒ 2a−√(x− c)2 + y2 =√(x + c)2 + y2. Elevando ao quadrado ambos os membros da u´ltima igualdade, obtemos 4a2 − 4a√(x− c)2 + y2 + (x− c)2 + y2 = (x + c)2 + y2. Desenvolvendo os quadrados, temos 4a2 − 4a√(x− c)2 + y2 + x2 − 2cx + c2 + y2 = x2 + 2cx + c2 + y2. Cancelando as parcelas iguais e somando −4a2 +2cx a ambos os mem- bros da igualdade, obtemos −4a√(x− c)2 + y2 = 4cx− 4a2. Cancelando o fator comum, temos −a√(x− c)2 + y2 = cx− a2. Elevando ao quadrado ambos os membros desta igualdade, temos a2((x− c)2 + y2) = c2x2 − 2a2cx + a4. Desenvolvendo o lado esquerdo desta igualdade, obtemos a2x2 − 2a2cx + a2c2 + a2y2 = c2x2 − 2a2cx + a4. Somando −c2x2 + 2a2cx − a2c2 a ambos os membros desta igualdade, reescrevemos a equac¸a˜o como (a2 − c2)x2 + a2y2 = a4 − a2c2 = a2(a2 − c2). 245 CEDERJ Elipse Como a > c > 0, temos que a2 > c2. Assim, a2 − c2 e´ um nu´mero real positivo e podemos escreveˆ-lo como o quadrado de um nu´mero real b > 0, logo b2 = a2 − c2. Observe que b < a. A equac¸a˜o anterior se reescreve como b2x2 + a2y2 = a2b2 que, dividindo por a2b2 6= 0, e´ equivalente a x2 a2 + y2 b2 = 1, onde c2 = a2 − b2. Esta equac¸a˜o e´ chamada equac¸a˜o reduzida da elipse. A interpretac¸a˜o geome´trica para a e b pode ser vista a partir da equac¸a˜o reduzida. Fazendo y = 0 nesta equac¸a˜o, obtemos x2 a2 = 1, que e´ equivalente a x2 = a2. Portanto, x = ±a e os pontos A1 = (−a, 0) e A2 = (a, 0) sa˜o pontos da elipse, chamados ve´rtices. O eixo maior da elipse e´ o segmento de reta A1A2, que tem comprimento 2a. Fazendo agora x = 0, obtemos y2 b2 = 1, que da´ y = ±b. Logo, os pontos B1 = (0,−b) e B2 = (0, b) sa˜o os pontos de intersec¸a˜o da elipse com o eixo y e sa˜o as extremidades do eixo menor, cujo comprimento e´ 2b. A origem O e´ o centro da elipse. Observe que os focos esta˜o situados no eixo maior da elipse. Figura 18.8: Eixos maior e menor da elipse. Figura 18.9: Relac¸a˜o dos paraˆmetros: a2 = b2 + c2. O gra´fico da elipse e´ Graf = { (x, y) ∣∣ x2 a2 + y2 b2 = 1 } . Ilustramos, nas Figuras 18.10 e 18.11, os gra´ficos de x2 4 + y2 1 = 1 e x2 9 + y2 4 = 1. CEDERJ 246 Elipse MO´DULO 1 - AULA 18 Figura 18.10: Elipse x 2 4 + y2 1 = 1. Figura 18.11: Elipse x2 9 + y2 4 = 1. Note que: (1) um ponto P = (x, y) esta´ na elipse ⇐⇒ (x,−y) tambe´m esta´ na elipse. (2) um ponto P = (x, y) esta´ na elipse ⇐⇒ (−x, y) tambe´m esta´ na elipse. (3) um ponto P = (x, y) esta´ na elipse ⇐⇒ (−x,−y) tambe´m esta´ na elipse. As propriedades anteriores sa˜o consequ¨eˆncia das varia´veis x e y apare- cerem ao quadrado na equac¸a˜o da elipse e significam, respectivamente, que: (1) o gra´fico da elipse e´ sime´trico com respeito ao eixo x. (2) o gra´fico da elipse e´ sime´trico com respeito ao eixo y. (3) o gra´fico da elipse e´ sime´trico com respeito a` origem O. Figura 18.12: Visualizac¸a˜o das simetrias dos pontos da elipse. A excentricidade da elipse e´ o nu´mero real e = c a , 0 < e < 1. A excentricidade da elipse e´ responsa´vel pela forma da elipse. Elipses com excentricidade pro´xima de zero teˆm os semi-eixos com com- primentos pro´ximos. Elas sa˜o aproximadamente um c´ırculo, pois e = c a ≈ 0 =⇒ c ≈ 0 =⇒ c2 ≈ 0 =⇒ b2 = a2 − c2 ≈ a2 =⇒ b ≈ a. o s´ımbolo ≈ significa aproximadamente. 247 CEDERJ Elipse Elipses com excentricidade pro´xima de um teˆm uma forma alongada, com o semi-eixo menor de comprimento pro´ximo de zero, pois e = c a ≈ 1 =⇒ c ≈ a =⇒ c2 ≈ a2 =⇒ b2 = a2 − c2 ≈ 0 =⇒ b ≈ 0. Os planetas teˆm o´rbitas el´ıpticas em torno do Sol, um dos focos, com excentricidade pro´xima de zero. O Cometa Halley leva 76 anos para dar uma volta em torno do Sol, com o´rbita el´ıptica com excentricidade 0, 96, enquanto a excentricidade da o´rbita da Terra e´ 0, 02. Exemplo 18.1 Qual e´ o subconjunto do plano E = {(x, y)| 4x2 − 8x + 9y2 + 36y = −4}? Para responder vamos tentar reescrever a equac¸a˜o anterior, tomando como modelo a equac¸a˜o reduzida da elipse. Temos: −4 = 4x2 − 8x + 9y2 + 36y, isolando os polinoˆmios em x e em y, = (4x2− 8x) + (9y2 + 36y), colocando 4 e 9 em evideˆncia, na primeira e segunda parcelas, respectivamente, = 4(x2 − 2x) + 9(y2 + 4y), completando os quadrados dos polinoˆmios em x e y, respectivamente, = 4(x2 − 2x + 1− 1) + 9(y2 + 4y + 4− 4), reescrevendo, = 4(x2 − 2x + 1)− 4 + 9(y2 + 4y + 4)− 36, escrevendo os quadrados, = 4(x− 1)2 + 9(y + 2)2 − 40. Esta igualdade e´ equivalente a 4(x− 1)2 + 9(y + 2)2 = 36. Dividindo ambos os membros desta igualdade por 36, obtemos (x− 1)2 9 + (y + 2)2 4 = 1, Figura 18.13: Elipses x 2 9 + y2 4 = 1 e (x−1)2 9 + (y+2)2 4 = 1. que e´ a equac¸a˜o de uma elipse obtida pela translac¸a˜o de 1 unidade, horizon- talmente, e de −2 unidades, verticalmente, dos pontos da elipse com equac¸a˜o CEDERJ 248 Elipse MO´DULO 1 - AULA 18 x2 9 + y2 4 = 1. O centro (0, 0) desta u´ltima elipse e´ transladado para (1,−2). De modo geral, a elipse x2 a2 + y2 b2 = 1 tem centro (0, 0) e eixos de simetria x = 0 e y = 0. Quando esta elipse e´ transladada de h unidades, horizontal- mente, e de k unidades, verticalmente, uma elipse congruente e´ obtida tendo equac¸a˜o (x− h)2 a2 + (y − k)2 b2 = 1. O centro (0, 0) e´ transladado para o ponto (h, k) e os focos, os ve´rtices, as extremidades do eixo menor e os eixos de simetria sa˜o transladados como indicado a seguir: x2 a2 + y2 b2 = 1 (x− h)2 a2 + (y − k)2 b2 = 1 centro: (0, 0) −→ (h, k) focos: (c, 0) e (−c, 0) −→ (c + h, k) e (−c + h, k) ve´rtices: (a, 0) e (−a, 0) −→ (a + h, k) e (−a + h, k) extremidades do eixo menor : (0, b) e (0,−b) −→ (h, b + k) e (h,−b + k) eixos de simetria: x = 0 e y = 0 −→ x = h e y = k Atenc¸a˜o: A translac¸a˜o na˜o afeta a excentricidade, porque a translac¸a˜o na˜o de- forma a figura. Figura 18.14: Elipses x 2 a2 + y 2 b2 = 1 e (x−h) 2 a2 + (y−k) 2 b2 = 1, com a > b. 249 CEDERJ Elipse Resumo Voceˆ aprendeu a descrever a elipse como um lugar geome´trico; a deter- minar os paraˆmetros a, b e c da elipse, a partir da equac¸a˜o reduzida obtida no sistema de coordenadas onde o eixo x e´ o eixo focal e a origem e´ o centro de simetria da elipse ; a fazer translac¸o˜es; a determinar as coordenadas dos focos, dos ve´rtices e do eixo menor; a determinar a excentricidade da elipse e o seu significado. Exerc´ıcios 1. Esboce o gra´fico das elipses: (a) x2 16 + y2 9 = 1 (b) x2 4 + y2 1 = 1 (c) x2 25 + y2 16 = 1 (d) 8x2 + 9y2 = 72 (e) x2 + 9y2 = 36 (f) (x− 1)2 9 + (y + 2)2 4 = 1 (g) 9(x− 3)2 + 16(y − 2)2 = 144 (h) 4(x + 2)2 + 9(y − 3)2 = 36 (i) 9x2 + 25y2 = 225 2. Considere as elipses do exerc´ıcio anterior. Determine: (a) as coordenadas dos focos e dos ve´rtices. (b) a excentricidade. 3. Determine a equac¸a˜o reduzida da elipse, satisfazendo a propriedade dada: (a) Centro (0, 0), eixo maior horizontal de comprimento 8 e eixo menor de comprimento 6. (b) Focos (±3, 0) e ve´rtices (±5, 0). (c) Os pontos limitantes dos eixos maior e menor sa˜o, respectiva- mente, (3, 1), (9, 1) e (6,−1), (6, 3). (d) Focos (−2, 4) e (6, 4), eixo menor de comprimento 8. 4. Determine as coordenadas do centro, ve´rtices e focos das elipses: 4x2 − 8x + 9y2 − 36y + 4 = 0 e 16y2 + 64y + x2 − 4x + 52 = 0. 5. O Sputnik, primeiro sate´lite lanc¸ado da Terra em 1957, descrevia uma o´rbita el´ıptica, sendo o centro da Terra um dos focos. Determine a equac¸a˜o da sua o´rbita, sabendo que, aproximadamente, a sua maior CEDERJ 250 Elipse MO´DULO 1 - AULA 18 altitude foi de 840 km, a sua menor altitude foi de 189 km e o raio da Terra e´ de 570 km. Auto-avaliac¸a˜o Se voceˆ sabe determinar a equac¸a˜o reduzida da elipse, a partir das propriedades geome´tricas; esboc¸ar o gra´fico da elipse, usando a sua equac¸a˜o reduzida; determinar as coordenadas dos ve´rtices, dos focos e das extremi- dades do eixo menor, a partir da equac¸a˜o reduzida, enta˜o pode passar para a pro´xima aula. Na Aula 22 continuaremos a estudar a elipse e veremos a sua interessante propriedade reflexiva! 251 CEDERJ
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