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aula 24 - Marx-segunda - reduzido

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1 
6666. . . . Karl MarxKarl MarxKarl MarxKarl Marx 
6.2. Dimensões do pensamento marxiano6.2. Dimensões do pensamento marxiano6.2. Dimensões do pensamento marxiano6.2. Dimensões do pensamento marxiano 
............ 
6.2.5. Crítica da economia política6.2.5. Crítica da economia política6.2.5. Crítica da economia política6.2.5. Crítica da economia política 
............ 
6.4. Mercadoria, valor e fetichismo6.4. Mercadoria, valor e fetichismo6.4. Mercadoria, valor e fetichismo6.4. Mercadoria, valor e fetichismo 
6.4.1. A mercadoria: valor de uso e valor6.4.1. A mercadoria: valor de uso e valor6.4.1. A mercadoria: valor de uso e valor6.4.1. A mercadoria: valor de uso e valor 
6.4.2. O trabalho produtor de mercadorias6.4.2. O trabalho produtor de mercadorias6.4.2. O trabalho produtor de mercadorias6.4.2. O trabalho produtor de mercadorias 
6.4.3. Troca, dinheiro e circulação de me6.4.3. Troca, dinheiro e circulação de me6.4.3. Troca, dinheiro e circulação de me6.4.3. Troca, dinheiro e circulação de mercadoriasrcadoriasrcadoriasrcadorias 
6.4.4. O mercado: leis de apropriação e fetichismo6.4.4. O mercado: leis de apropriação e fetichismo6.4.4. O mercado: leis de apropriação e fetichismo6.4.4. O mercado: leis de apropriação e fetichismo 
6.5. Transformação do dinheiro em Capital6.5. Transformação do dinheiro em Capital6.5. Transformação do dinheiro em Capital6.5. Transformação do dinheiro em Capital 
 2 
6.2.5. Crítica da economia política6.2.5. Crítica da economia política6.2.5. Crítica da economia política6.2.5. Crítica da economia política 
● investigação econômica de Marx parte dos achados 
e questões não resolvidas pelos clássicos 
 
● perguntas e as respostas clássicas 
- o que é o valor? (valor de uso; valor de troca) 
- o que determina razão de trocas? 
- qual o princípio científico que rege a produção e a 
distribuição numa economia mercantil? 
- é o trabalho (trabalho comandado, ou incorporado) 
que regula as trocas, determina a produção e regula a 
distribuição (concorrência) 
- como todas as mercadorias custam trabalho, 
o valor é um atributo inerente da mercadoria 
 3 
● os problemas não resolvidos pelos clássicos: 
- origem do excedente com trocas de equivalentes 
- relação entre taxa de lucro e valor 
● a pergunta inicial de Marx é diferente: 
 - não é sobre o que determina o preço ou proporções 
de troca, mas sim: 
- em que condições os produtos do trabalho são 
mercadorias, coisas de valor? 
- somente na relação social de mercado os produtos 
do trabalho ganham a propriedade de ter valor 
- o trabalho criador de valor é de tipo social específico; 
é trabalho que produz mercadorias, portanto valor de 
uso para outros; é trabalho social o que produz valor 
 4 
- substância econômica da sociedade, o trabalho é 
socializado via mercado 
- mercado promove a regulação econômica pelo valor, 
à revelia da consciência individual 
● para Marx, as categorias da economia política são 
históricas, expressam certas relações sociais de 
produção 
- presos às representações capitalistas, os 
economistas vêem como se produz dentro dessas 
relações, mas não como se produzem essas relações 
- o que a economia política pressupõe, Marx quer 
explicar 
 5 
● há uma clara disparidade de horizontes: 
- clássicos: horizonte burguês, limitado, viam formas 
sociais históricas como naturais do homem, eternas, 
“houve história, mas não há mais” 
- Marx: horizonte da produção social humana 
 
● Marx considera ambos os conceitos de trabalho 
(Smith e Ricardo) 
- trabalho comandado pode explicar o comando do 
capital sobre o trabalho e a essência desigual de uma 
troca aparentemente igual entre os dois, mas não 
explica a equivalência geral nas trocas 
 6 
- trabalho contido vincula o valor às condições 
objetivas de produção, mas não explica a origem do 
excedente 
 
● Marx submete à crítica o conceito de trabalho dos 
clássicos 
- é considerado simplesmente como trabalho natural, 
trabalho genérico do homem; sem consideração pelas 
condições peculiares que afetam o trabalho sob a 
produção capitalista de mercadorias 
- o trabalho assalariado não é trabalho natural, é 
trabalho socializado via mercado, trabalho alienado, 
diverso do que seria em condições naturais 
 7 
- é trabalho alienado na medida em que: (a) não é 
comandado pelo trabalhador, (b) seu produto não 
pertence ao trabalhador, (c) é criador de valor, mero 
trabalho abstrato, que domina o criador (trabalhador) 
 
● o que é o capital: 
- enquanto os clássicos investigam como funciona o 
capital, Marx quer (também) saber o que é, porque 
existe, porque estão separados meios de 
produção/terra e trabalho 
- não é nenhuma de suas formas (dinheiro, 
mercadorias, meios de produção) e é cada uma delas 
 8 
- capital é um valor que se expande, valor auto-
determinado, que circula com vistas à sua auto-
expansão 
- isto é uma relação social de exploração, em que os 
meios de produção privados submetem força de 
trabalho para se apropriar de mais valor 
- é uma forma social específica da riqueza, que tem 
lógica de movimento 
- forma contraditória, histórica (x clássicos, harmônico, 
natural), é o modo de produção capitalista 
(construção teórica, “expressão” da realidade) 
 
 9 
● Marx: é apenas o domínio do trabalho acumulado, 
trabalho passado, sobre o trabalho vivo, que 
transforma o trabalho acumulado em capital 
- então o capital não consiste em que o trabalho 
passado sirva de meio para o trabalho presente (vivo), 
mas que o trabalho vivo sirva de meio (trabalho 
abstrato) para aumentar o valor do trabalho passado 
● resultados da economia política assumidos por Marx: 
- valor = trabalho contido nas mercadorias (Smith, 
Ricardo) 
- origem do lucro (excedente) deve ser buscada através 
do conceito de trabalho comandado (Smith), e não de 
trabalho contido (Ricardo) 
 10 
● em Marx, a diferença observada por Smith entre 
trabalho comandado e trabalho contido traduz-se na 
diferença entre trabalho contido na força de trabalho 
(valor da FT) e trabalho contido (objetivado) nas 
mercadorias 
- Smith intuiu corretamente a ruptura na lei das trocas 
pelo trabalho contido, quando aplicada às trocas entre 
capital e trabalho; além disso, vinculou a teoria do 
valor (através do conceito de trabalho comandado) à 
teoria da acumulação 
- Ricardo não hesitou em formular uma teoria do valor 
também apoiada no trabalho, apesar dos problemas 
levantados por Smith, deixando porém de lado o 
problema fundamental da troca entre capital e trabalho 
 11 
● com base nisso, Marx faz uma crítica da análise 
clássica (trabalho, capital, lucro, salário, renda, ...) e 
cria novos conceitos (distinção entre trabalho e força 
de trabalho, trabalho abstrato e trabalho concreto, 
mais-valia, capital) 
- ultrapassa o que chamou de aparências (descrição 
de como funciona) da economia capitalista, para 
analisar sua essência (o que é o porque existe o 
capital) 
- Marx conclui que o sistema capitalista (e suas 
categorias de análise) não é um sistema natural, não é 
eterno, mas um sistema social específico, histórico 
 
 12 
● lógica e história do capital: 
- mesmo que as categorias sejam históricas, são 
movidas por um certa lógica - uma teoria “pura” do 
modo de produção 
- o movimento do modo de produção capitalista na 
realidade concreta é o capitalismo (termo não usado 
por Marx), a realidade histórica mesma 
 
A estrutura de A estrutura de A estrutura de A estrutura de O CapitalO CapitalO CapitalO Capital 
livro I – produção do capital 
a partir da mercadoria simples, investiga o 
excedente, as formas da produção capitalista e 
as leis da produção e acumulação do capital em 
geral 
 13 
livro II – a circulação do capital 
trata do capital singular e do capital socialtotal 
livro III – o processo global 
consideração conjunta da produção e da circulação, 
incluindo em parte a concorrência entre múltiplos 
capitais e a formação dos preços e rendas 
livro IV – história da teoria (Teorias da Mais-Valia, 3 vol.) 
● o plano original de Marx abrangia mais temas: 
I – livro do capital 
II – livro da propriedade da terra 
III – livro do trabalho assalariado 
IV – livro do Estado 
V – livro do comércio exterior 
VI – livro do mercado mundial e das crises 
 14 
Sobre o método de Marx: gênese de categoriasSobre o método de Marx: gênese de categoriasSobre o método de Marx: gênese de categoriasSobre o método de Marx: gênese de categorias 
 
● Marx opera outra forma de fazer ciência 
- apreensão categorial da realidade (após 
investigação, apresentação) 
- suas categorias são lógicas e históricas; lógica é o fio 
condutor, história é contraprova, explica origem 
● explicação da realidade de uma categoria (seu 
movimento, contradição) desdobra-se na introdução 
de outras, sucessivamente 
- novas “camadas” de realidade trazem novas 
explicações (determinações) 
● aparência e essência: são planos de realidade 
- deter-se na primeira é próprio da economia vulgar 
 15 
● percurso do texto de O Capital: concretização 
progressiva, desde a unidade mais simples e genérica 
da riqueza moderna (a mercadoria) até a forma mais 
complexa das finanças e dos juros 
● gênese de categorias (esquema)
 
16 
 
 17 
6.4. Mercadoria, valor e fetichismo6.4. Mercadoria, valor e fetichismo6.4. Mercadoria, valor e fetichismo6.4. Mercadoria, valor e fetichismo 
6.4.1. A mercadoria: valor de uso e valor6.4.1. A mercadoria: valor de uso e valor6.4.1. A mercadoria: valor de uso e valor6.4.1. A mercadoria: valor de uso e valor 
● a riqueza da sociedade moderna aparece como uma 
imensa coleção de mercadorias 
- mercadoria é a unidade elementar da riqueza, 
realidade imediatamente posta na sociedade 
mercantil, em que se produz para o mercado e se 
obtém o necessário no mercado 
- é a menor unidade de análise nesta sociedade 
- análise de Marx começa no âmbito do mercado 
(igualdade entre produtores), onde ocorrem as trocas 
de mercadorias (o que conduz ao dinheiro), sem 
 18 
exploração, sem capital; o mercado é a aparência do 
modo de produção capitalista (é parte da realidade) 
● as mercadorias são coisas úteis (valores de uso), 
conforme as qualidades do seu corpo, satisfazem 
necessidades humanas (reais ou imaginárias), direta 
ou indiretamente 
- como valor de uso, cada mercadoria é única, com 
qualidades não comparáveis, são distintas 
- o valor de uso se realiza no consumo, que extingue 
aquele corpo (no uso é que ele vale) 
● os valores de uso (coisas úteis) não precisam ser 
mercadorias; existem em outras formas sociais, como 
produção doméstica ou como produtos da natureza 
 19 
- o valor de uso é o conteúdo material da riqueza, 
sempre; é um atributo das coisas (objetivo), social e 
historicamente determinado 
- fontes originais da riqueza material: natureza e 
trabalho 
- valores de uso sempre existiram para o homem e as 
necessidades são dadas socialmente; historicamente 
o homem descobre novas utilidades em sua relação 
com a natureza 
● nas sociedades mercantis, os valores de uso que se 
necessita geralmente são mercadorias 
- a mercadoria é uma forma que assume o produto do 
trabalho do homem; aqui o valor de uso é portador do 
valor de troca (preço) 
 20 
- quem produz quer dinheiro para adquirir outra M 
● o que é o valor de troca? 
- o preço é apenas sua figura desenvolvida, específica 
- o valor de troca é sempre a relação quantitativa entre 
valores de uso diferentes, pela qual são trocados 
- uma mesma mercadoria pode assumir um ou 
diversos valores de troca (forma simples ou forma 
desdobrada do valor); relação parece circunstancial, 
puramente relativa 
● conclusões de Marx: 
- os valores de troca expressam algo igual 
- o valor de troca deve ser expressão de um conteúdo 
distinto dele: o valor 
 21 
20 va20 va20 va20 varas de linho = 1 casacoras de linho = 1 casacoras de linho = 1 casacoras de linho = 1 casaco 
- expressão de valor, através de uma igualdade, 
significa que há algo em comum da mesma grandeza, 
dos dois lados 
- duas coisas são iguais a uma terceira, que não é 
nenhuma delas (como o ‘peso’ que se verifica na 
balança) 
● o que é esse algo em comum? 
- não pode ser uma qualidade natural (isso faz das M 
valores de uso diferentes) – isso é abstraído na troca 
- o que resta da mercadoria, abstraído o valor de uso? 
(desconsiderado o corpo da mercadoria, o tipo 
específico, concreto, de trabalho desaparece) 
 22 
- resta às mercadorias a propriedade de serem fruto 
de trabalho humano 
- são gelatinas (cristalizações) de trabalho humano em 
geral, abstrato, indiferenciado 
● trabalho abstrato: na troca (no mercado) abstrai-se o 
tipo específico de trabalho e os desvios de habilidade 
e confrontam-se diferentes valores de uso (diferentes 
trabalhos concretos) 
- apesar das formas diferentes de despender trabalho, 
trabalhar é sempre dispêndio produtivo de cérebro, 
músculo, nervos, etc., 
- o valor das mercadorias é constituído desse trabalho 
genérico 
 23 
● abstração real – pressupõe: 
- organização social que desenvolve variedade de 
gêneros de trabalho, em que é fácil trocar de gênero, 
qualquer tipo é meio válido de produzir riqueza, obter 
salário, todos são socialmente aceitos 
- o trabalho é abstrato porque produz um produto 
abstrato, genérico = valor (de troca) 
- é o aspecto social do trabalho incorporado nas 
mercadorias 
- não é uma categoria fisiológica, mas uma categoria 
social e histórica 
 
 24 
● o valor não é uma condição natural da mercadoria, é 
uma relação social (mercantil) que se materializa 
nelas 
- as mercadorias são (têm) valores porque seus 
produtores trocam seus trabalhos – relacionam-se – 
através delas 
- essa relação (produção e troca de mercado) abstrai o 
caráter concreto do trabalho 
- o valor é esse acúmulo de trabalho humano 
(substância social), o que há de comum entre as 
mercadorias e que se revela nas trocas, ganha 
expressão no valor de troca 
 
 
 25 
 
 - substância (social): 
valor conteúdo trabalho humano abstrato 
 - grandeza: quantidade de trabalho (tempo) 
 forma: valor de troca 
 
● a grandeza de tempo de trabalho que conta para o 
valor é a média social (não o dispêndio individual) 
- tempo de trabalho socialmente necessário (ttsn): em 
condições normais de produção, com grau médio de 
habilidade e intensidade do trabalho 
- a mercadoria vale como exemplar médio de sua 
espécie 
 
 26 
● a igualdade entre os trabalhos, promovida pela 
relação mercantil, abstrai a qualificação concreta 
- mercado opera uma relação quantitativa entre 
trabalhos de diferentes qualificações 
- em cada sociedade, há um trabalho médio simples 
(tms): que o homem comum possui em seu organismo 
- trabalho complexo = trabalho simples potenciado; é 
uma capacidade de trabalho que custou trabalho 
- redução ocorre a todo momento através do valor; não 
está dada pela tradição 
- trabalho médio simples serve como unidade de 
medida 
 
 27 
● o valor das mercadorias muda conforme a 
produtividade do trabalho, que depende de técnica, 
habilidade e natureza 
- ex: diamantes, representam muito trabalho em 
pouco volume; com acesso a minas mais ricas, será 
preciso menos trabalho, cai seu valor 
 
● quanto maior a produtividade do trabalho: 
- menor o tempo de trabalho socialmente necessário 
- menor a quantidade de trabalho na mercadoria 
- menor o seu valor (em tempo igual, mais valores de uso) 
- efeito contraditório: reduz o valor e ampliaa riqueza 
material; deve-se ao duplo caráter do trabalho que 
produz mercadorias 
 28 
 
● questões acerca das categorias valor e valor de uso 
- há coisas que são (têm) valores de uso e não são 
(têm) valores, quando a utilidade delas para o homem 
não é mediada pelo trabalho, ou são produtos do 
trabalho para auto-consumo 
- para ser mercadoria, é preciso produção de valor de 
uso para outros, para o mercado 
- uma coisa não pode ter valor sem ter valor de uso; 
sem ser valor de uso, não tem utilidade, é coisa inútil e 
o trabalho despendido foi inútil, não conta como 
trabalho social, não cria valor 
 
 29 
6.4.2. O trabalho produtor de mercadorias6.4.2. O trabalho produtor de mercadorias6.4.2. O trabalho produtor de mercadorias6.4.2. O trabalho produtor de mercadorias 
● o trabalho que produz mercadorias possui um duplo 
caráter: é concreto útil e é abstrato 
 
 
 concreto constitui o 
 útil (alfait., tecelagem, etc.) � valor de uso 
 
trabalho produz mercadoria 
 cria 
 abstrato � valor 
 (dispêndio de 
 energia humana) 
 
 30 
 
● como trabalho concreto, produz valores de uso, é 
considerado segundo seu efeito útil, é um 
determinado tipo de atividade produtiva, caracterizado 
por: (a) modo de operar, (b) objeto de trabalho, (c) 
meios de trabalho, (d) resultado 
- o trabalho concreto útil sempre existiu, é condição da 
existência humana, necessidade natural, meio de 
auto-construção da espécie 
 
● o valor de uso representa ligação entre os dois 
elementos: 
natureza – substrato material / homem – trabalho útil 
 
 31 
● enquanto o trabalho útil conta qualitativamente 
(como, o quê), o trabalho abstrato conta 
quantitativamente (quanto) 
- duas mercadorias quaisquer sempre serão valores 
iguais, em certas proporções 
 
● abstração é feita pela relação mercantil e tem 3 
aspectos: 
- caráter concreto útil 
- redução de trabalho complexo a tms 
- produtividade média (ttsn) 
 
 32 
● na expressão de valor, 20 varas de linho = 1 casaco: 
- diferença ou igualdade depende do tempo de 
trabalho (digamos, 10 h tms) 
- com produtividade (pdv) constante, a grandeza do 
valor sobe com a quantidade 
- mas com variação da pdv, varia também o ttsn 
 se a pdv dobra 20 varas = 10 varas antes 
 se cai à metade 20 varas = 40 varas antes 
- enquanto 20 varas de linho mantêm o mesmo valor 
de uso 
 
● quanto mais valores de uso, maior a riqueza 
material e pode haver até decréscimo simultâneo do 
valor total 
 33 
- o movimento contraditório provém do duplo caráter 
do trabalho 
- a produtividade do trabalho tem a ver com seu 
aspecto útil, refere-se ao trabalho concreto útil, afeta a 
riqueza, não afeta o valor criado pelo trabalho em 
dado tempo 
- em 10 horas de trabalho médio simples, produz-se o 
mesmo valor, porém mais ou menos riqueza 
 
● o trabalho que produz mercadorias é um trabalho 
privado e um trabalho social 
- a estrutura social da economia de mercado, com sua 
infinidade de tipos de mercadorias, diferentes valores 
 34 
de uso, implica que existe infinidade de diferentes 
trabalhos úteis: há uma divisão social do trabalho (dst) 
- um sistema complexo pelo qual a massa do trabalho 
social é múltipla de formas e está dividida entre 
produtores distintos 
- divisão social do trabalho é condição (necessária) 
para a produção de mercadorias, porque somente 
produtos de trabalhos privados autônomos 
confrontam-se como mercadorias, em concorrência 
 
● trabalho é privado: decorre de decisões autônomas 
de produção (o que, quanto, como), corresponde aos 
negócios privados de produtores autônomos 
 35 
● trabalho também é social: voltado para atender 
necessidades sociais (dirigido ao mercado), parte 
integrante da massa de trabalho da sociedade 
- caráter social desse trabalho é mediado pelo mercado (indireto) 
- trabalho vale (cria valor) conforme condições sociais 
da produção 
 
● riqueza mercantil é uma massa de trabalho social 
(massa de valor e massa de valores de uso), a 
substância da sociedade 
- o trabalho privado volta-se para o mercado, a troca 
permite a apropriação de cada um segundo sua 
inserção no mercado 
 36 
- lei do valor: o valor é dado pelo ttsn e regula as 
trocas, regula a distribuição (setorial) do trabalho 
social, através da concorrência 
- no âmbito do mercado (aparência), a equivalência 
nas trocas significa que coincidem produção e 
apropriação de valor (como enriquecer? trabalhando) 
● o caráter simultaneamente privado e social do 
trabalho constitui uma contradição das sociedades 
mercantis 
- o trabalho, executado privadamente, é determinado 
pelas condições sociais e deve atender necessidades 
sociais (valor de uso); o valor do produto depende das 
relações com outros produtores 
 37 
6.4.3. Troca, dinheiro e circulação de mercadorias6.4.3. Troca, dinheiro e circulação de mercadorias6.4.3. Troca, dinheiro e circulação de mercadorias6.4.3. Troca, dinheiro e circulação de mercadorias 
● considerando uma expressão de valor: 
30Kg de açúcar = R$ 75,0030Kg de açúcar = R$ 75,0030Kg de açúcar = R$ 75,0030Kg de açúcar = R$ 75,00 
- para expressar o valor do açúcar, preciso de algo 
diferente dele 
- como esse algo veio a ser dinheiro? ou 
- como o valor adquire forma de expressão autônoma, 
distinta do corpo do açúcar? 
- como o valor de troca veio a ser “preço”? 
● resposta: generalização das trocas produz a 
evolução social de uma mercadoria para cumprir a 
função de equivalente geral, representação do 
trabalho humano abstrato 
 38 
● dinheiro é a forma comum de expressão do valor 
das mercadorias e a revelação de sua origem requer a 
análise da evolução das formas do valor 
a) forma simples do valor (acidental, singular) 
b) forma desdobrada do valor (total) 
c) forma geral do valor 
d) forma dinheiro do valor 
 
● forma simplesforma simplesforma simplesforma simples: 30 kg de açúcar = 1 casaco30 kg de açúcar = 1 casaco30 kg de açúcar = 1 casaco30 kg de açúcar = 1 casaco 
- encontrada quando os produtos do trabalho se 
transformam em mercadorias por meio de trocas 
ocasionais 
 39 
- dois pólos: o açúcar expressa seu valor (papel ativo) 
no casaco (passivo), que serve de material para 
expressão do valor do açúcar, é coisa de valor 
- conteúdo e grandeza da expressão de valor 
 - mudanças reais de grandeza do valor não se 
refletem claramente nem completamente na forma do 
valor (valor de troca); o valor de troca deriva do valor, 
não o contrário 
- a mercadoria tem preço porque tem valor 
- a antítese oculta interna à mercadoria (v. uso; valor) 
representa-se através de uma antítese externa: 
 açúcar (valor de uso) X casaco (valor de troca) 
- forma simples do valor é insuficiente, porque 
distingue o valor da 1ª mercadoria de seu próprio valor 
 40 
de uso, através de UMA espécie individual de 
mercadoria 
- não representa a igualdade qualitativa do açúcar 
(enquanto valor) e a proporção quantitativa de seu 
valor com TODAS as demais mercadorias 
 
● forma desdobradaforma desdobradaforma desdobradaforma desdobrada do valor: 
30 Kg de açúcar = 1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou 30 Kg de açúcar = 1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou 30 Kg de açúcar = 1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou 30 Kg de açúcar = 1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou 
2 sapatos, ou 1 moeda de ouro, etc.2 sapatos, ou 1 moeda de ouro, etc.2 sapatos, ou 1 moeda de ouro, etc.2 sapatos, ou 1 moeda de ouro, etc. 
- ocorre quando um produto do trabalho é trocado por 
diversas outras mercadorias (exemplo: gado) 
- é um desenvolvimento da forma simples, em que 
qualquer tipo de mercadoria pode servir de material 
para expressão do valor açúcar 
 41 
- trabalho que produz açúcaré comparável a qualquer 
outro; valor aparece claramente como uma 
quantidade de trabalho humano indiferenciado 
- grandeza do valor regula as trocas; antes, proporção 
podia ser casual, agora o valor aparece como 
fundamento da proporção e como algo diferente dela 
(valor ≠≠≠≠ v. de troca) 
- essa forma do valor é insuficiente, porque expressão 
do valor do açúcar é interminável, cada mercadoria é 
um equivalente apenas particular e o trabalho 
humano abstrato expressa-se através de infinitos 
trabalhos concretos úteis (não encontra expressão 
unitária e geral) 
 
 42 
● forma geralforma geralforma geralforma geral do valor: 
1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou 1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou 1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou 1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou = = = = 30 Kg de açúcar 30 Kg de açúcar 30 Kg de açúcar 30 Kg de açúcar 
2 sapatos, ou 1 moeda de ouro, etc.2 sapatos, ou 1 moeda de ouro, etc.2 sapatos, ou 1 moeda de ouro, etc.2 sapatos, ou 1 moeda de ouro, etc. 
- surge quando há generalização das trocas (mercado) 
em certas épocas e regiões 
- é uma inversão da forma desdobrada resulta nessa 
forma em que TODAS as mercadorias expressam seus 
valores na mesma de maneira simples e unitária 
- valor de cada mercadoria se expressa como algo 
igual ao açúcar, distingue-se não apenas do seu valor 
de uso, mas de qualquer outro 
- todas as mercadorias relacionam-se entre si como 
valores (quantidades de açúcar), todas são iguais, 
quantitativamente comparáveis 
 43 
- uma mercadoria só ganha expressão geral de valor, 
se todas as demais também 
- açúcar tornou-se o equivalente geral 
 
● forma geral surge e desaparece (açúcar, sal, etc.), 
mas quando a troca rompe laços locais, uma 
mercadoria se fixa nessa função, assume a forma 
dinheiro 
- na forma geral, expressão unitária do valor ganha 
validade social geral 
- há uma tendência à fusão social da forma natural 
(corpo) com a forma equivalente geral - surge a 
mercadoria dinheiro 
 
 44 
● mercadoria dinheiro é a que assume o monopólio 
social da representação dos valores - historicamente 
foi o ouro 
- dinheiro é a forma unitária de manifestação do 
trabalho humano abstrato 
 
● forma dinheiroforma dinheiroforma dinheiroforma dinheiro do valor: 
1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou 1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou 1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou 1 casaco, ou 3 sacos de batata, ou = 1 moeda de ouro = 1 moeda de ouro = 1 moeda de ouro = 1 moeda de ouro 
2 sapat2 sapat2 sapat2 sapatos, ou 30 Kg de açúcar, etc.os, ou 30 Kg de açúcar, etc.os, ou 30 Kg de açúcar, etc.os, ou 30 Kg de açúcar, etc. 
- diferença com a forma geral é apenas que a forma 
dinheiro surge da fusão, por necessidade social, 
hábito, da forma natural de uma mercadoria 
específica com a função de equivalente geral 
- o valor de troca se torna a forma preço do valor 
 45 
30 Kg de açúcar = 1 moeda de ouro 
ou 
30 Kg de açúcar = R$ 75,00 
(se 75 reais for o nome monetário de 1 moeda de ouro) 
 
● a forma simples do valor é o germe da forma 
dinheiro; a forma mercadoria simples dos produtos do 
trabalho é o germe da mercadoria dinheiro 
● em princípio, Marx segue a proposição “clássica” de 
que os valores de troca são proporcionais às 
quantidades de trabalho (preços diretos) 
- posteriormente (à consideração dos capitais 
particulares em concorrência), mostra que os preços 
formam-se de outro modo com a presença do capital 
 46 
● Marx adverte sobre a flexibilidade da forma preço: 
- pode expressar o valor ou o mais ou menos pelo que 
se pode vender a M, pode haver uma incongruência 
quantitativa 
- também ocorre uma incongruência qualitativa: coisas 
que não são valores têm preço: terra, obras de arte, 
consciência, honra, etc. 
● o surgimento do dinheiro (D) é um processo 
histórico: processo de mercantilização da produção 
que faz das trocas ocorrências regulares e não 
marginais 
- presença do dinheiro implica elevado grau de 
mercantilização; as mercadorias já vêm ao mundo 
 47 
com um preço, são alienáveis por dinheiro e isso é 
uma necessidade 
● ouro e prata, por natureza, não são dinheiro; porém, 
dinheiro, por natureza (social), é de ouro e prata 
- para expressar unitariamente uma substância 
homogênea (tha), há convergência entre propriedades 
naturais e função do D (expressão do valor) 
- a circulação das mercadorias confere a uma M a 
forma-dinheiro do valor não o seu valor, que depende 
do tempo de trabalho na produção dessa M 
- Marx trata do D como mercadoria-dinheiro (metais 
preciosos), diferente do dinheiro de curso forçado 
 48 
● uma M é dinheiro porque todas as demais 
expressam seu valor nela, mas parece o contrário, 
porque o processo desaparece no resultado 
- não é por meio do D que as M se tornam 
comensuráveis, comparáveis; é por serem tal, que 
podem se medir numa mesma 
● funções do dinheiro: medida dos valores, meio de 
circulação, reserva de valor, meio de pagamento, 
dinheiro mundial 
● a presença do dinheiro implica um processo 
generalizado de circulação das mercadorias 
(economia mercantil), que corresponde a um 
metabolismo social: provê os homens através dos 
produtos do trabalho 
 49 
 
Produção ... M — D — M ... Consumo 
 
... M — D — M ... 
 
... M — D — M ... 
● circulação simples de mercadorias: 
- representação de uma economia de circulação 
monetária mercantil com vistas ao valor de uso 
(economia de mercado com produção regida pelas 
necessidades de consumo) 
- porém, a generalização da produção mercantil 
somente ocorre com a produção capitalista 
 50 
 
● no circuito M – D – M, as vendas/compras 
conservam o valor e as transações têm em vista o 
valor de uso 
- trabalho privado busca validação social no mercado 
- como trabalho abstrato é igual aos demais, garante 
acesso aos demais valores de uso 
- circulação das mercadorias é metabolismo social 
 
● diferença entre circulação de mercadorias e 
intercâmbio direto não é apenas formal, mas 
essencial (D não é mero meio de troca) 
 51 
- o mercado rompe as limitações do intercâmbio direto 
(locais, individuais), desenvolve o metabolismo social, 
cria vínculos sociais incontroláveis pelas pessoas 
- rompe identidade venda/compra, são momentos 
separados (possibilidade formal da crise) 
 52 
6.4.4. O mercado: leis de apropriação e fetichism6.4.4. O mercado: leis de apropriação e fetichism6.4.4. O mercado: leis de apropriação e fetichism6.4.4. O mercado: leis de apropriação e fetichismoooo 
● no mercado, a lei do valor regula as trocas 
(equivalência) e assim produção (dispêndio de 
trabalho social) e apropriação (do trabalho social) 
andam juntas 
- esta é também a aparência da produção capitalista de mercadorias: uma troca de equivalentes no 
mercado, que atribui o valor de cada contribuição 
- cada qual pode obter no mercado, na medida em que 
contribui (trabalho, capital, etc.) (este é o universo da 
“economia vulgar”, Say, Senior, Bastiat, hoje 
neoclássica) 
 
● neste plano das relações de mercado (capitalista), 
vigem as leis impessoais do mercado (“leis da oferta e 
 53 
da demanda”) e imperam a Liberdade, a Igualdade, a 
Propriedade e ... Bentham! 
- liberdade: troca é contrato de agentes livres 
- igualdade: como proprietários de M ou D, 
equivalência 
- propriedade: cada um só dispõem do que é seu e 
somente toma na medida em que cede 
- Bentham: cada um cuida do seu auto-interesse 
● reflexão de Marx sobre o valor das mercadorias 
precede a introdução da categoria do capital e da 
exploração (o “segredo” da mais-valia), precede a 
análise da produção capitalista 
 54 
- deixar de fora o capital implica considerar as 
mercadorias como propriedade de produtores 
autônomos independentes, em concorrência- vigora a lei do valor, que opera em sua forma pura 
(sem consideração do capital) 
● teoria de Marx pretende ir além das aparências e 
explicar: 
- porque e como M e D se convertem em capital, em 
poderes sociais que dominam os homens (fetichismo) 
- como a produção capitalista resulta em não-
equivalência e desigualdade, sem deixar de postular a 
equivalência e a lei do valor 
 
 55 
● em qualquer sociedade há dispêndio de trabalho e 
consumo de produtos do trabalho (aspecto do trabalho 
concreto); há determinada alocação de tempo e dos 
resultados do trabalho, possivelmente uma d.s.t. 
- em outros modos não-mercantis de 
produção/distribuição (familiar, tribal, feudal, 
administrada, etc.) definições e procedimentos 
correspondem a normas morais, diretrizes política, 
condições naturais, diferenças de gênero e idade; 
geralmente envolvem escolhas e mediação pessoal 
- relações sociais entre os produtores aparecem como 
suas próprias relações pessoais, não disfarçadas como 
relações entre coisas 
 56 
- trabalho concreto útil é imediatamente social, ganha 
sua característica social diretamente, em função das 
definições estabelecidas, mais ou menos 
conscientemente pela sociedade 
● na economia de mercado, a socialização do trabalho 
faz-se mediante coisas (mercadoria e dinheiro), 
indiretamente, através do mercado (relações de valor), 
que realiza as funções de distribuição do tempo do 
trabalho social (perfil da produção) e de alocação dos 
resultados do trabalho (distribuição) 
- socialização do trabalho através do mercado é que 
torna o trabalho abstrato e faz dos valores de uso 
produzidos pelo trabalho valores 
 
 57 
● as relações sociais entre os homens na produção de 
sua vida material se estabelecem por meio de coisas 
- sendo o mercado o elo de ligação entre as diferentes 
atividades (conferindo integração social, unidade), 
produção e distribuição estão coisificadas, são 
relações sociais que se configuram por meio de coisas 
● em vista disso, produção e distribuição: 
- não obedecem orientação consciente dos produtores 
- se autonomizam perante os indivíduos 
- regem-se por leis independentes da vontade pessoal 
● o mercado cria a ilusão da independência privada, 
porém simultaneamente cria vínculos sociais 
incontroláveis (relações de valor) 
 58 
- a dependência recíproca e multilateral dos indivíduos 
indiferentes uns aos outros forma o seu nexo social 
- o nexo social se expressa no valor de troca: somente 
através dele para cada indivíduo sua própria atividade 
ou seu produto se torna uma atividade e um produto 
para ele 
● o “salto mortal da mercadoria”: é necessário vender, 
mas... as condições escapam ao controle: 
- divisão social do trabalho (d.s.t.) se desenvolve à 
revelia de cada produtor e o organismo produtivo pode 
lhe reservar má sorte (mercadoria é nova, surgiu 
substituto, há em excesso, outro melhor produtor, etc.) 
 59 
- a mesma d.s.t. que os faz produtores privados 
independentes, também torna independente deles o 
processo social de produção e suas relações com ele 
● a independência recíproca das pessoas se 
complementa num sistema de interdependência 
universal reificada 
● essa base material objetiva conduz ao fetichismo da 
mercadoria 
- aspecto objetivo: vida social é realmente comandada 
pelo movimento das coisas 
- aspecto subjetivo: consciência dos agentes adere a 
inversão da realidade, percebendo as qualidades 
sociais do trabalho humano como atributos das coisas 
 60 
● fetiche: objeto feito pelo homem ou produzido pela 
natureza ao qual se atribui poder sobrenatural ou se 
presta culto 
- exemplos na religião, na sexualidade 
- Marx ironiza a inversão do “mundo civilizado”, que 
rende culto à mercadoria e ao dinheiro 
● para Marx, a mercadoria esconde um segredo: é 
objeto inanimado que expressa (e oculta) relações 
sociais 
- sociabilidade de mercado promove a materialização 
das relações sociais: características do trabalho social 
(que atende necessidade e tem valor) aparecem como 
propriedades objetivas dos produtos do trabalho; 
somente aparecem através das trocas 
 61 
- o valor, determinado no conjunto da produção social 
(relação social) aparece como uma relação entre 
coisas (forma do valor, preço), como característica da 
coisa 
● a personificação das coisas: são portadoras de 
relações sociais e a propriedade sobre elas confere um 
papel social ao proprietário 
● relações sociais aparecem como atributo das coisas: 
- a potencialidade do capital produtivo, a capacidade 
do capital dinheiro ou da propriedade da terra em 
gerar ganhos para seu proprietário, a mercadoria e seu 
preço, a capacidade do dinheiro de compra universal, 
todas as potências do capital 
 62 
- resultam da produção social, são características 
sociais das coisas, não inerentes ou naturais 
● o fetiche do dinheiro: suprime diferença natural e 
específica entre as pessoas, todas niveladas como 
portadores de dinheiro 
- tem um poder mágico porque é um poder sobre o 
trabalho social 
- por trás disso, há um processo social que 
estabeleceu o dinheiro, que promoveu a abstração do 
trabalho e a capacidade de uma mercadoria particular 
representar universalmente o trabalho 
abstrato/substância social da riqueza 
● quando a economia mercantil já tem história, suas 
formas parecem naturais, eternas, evidentes 
 63 
- a organização social não permite o domínio 
consciente dos homens sobre suas atividades 
- sua integração é mediada pelas coisas, o que 
acarreta a transformação dos homens em objetos e 
das coisas em sujeitos das relações sociais 
 
● inversão na percepção do mundo: 
- o valor - relação social - aparece como característica 
externa às relações entre os homens, realizando-se na 
troca entre coisas, parece atributo das mercadorias 
- o valor de uso parece independente das qualidades 
naturais das coisas, pois se realiza para o homem no 
consumo, sem a troca, na relação entre homem e 
 64 
coisa; valor de uso parece atributo dos homens 
(subjetividade, utilidade) 
● alienação (individual e social) e instrumentalização 
do “outro” 
 65 
6.5. Transformação do dinheiro em Capital6.5. Transformação do dinheiro em Capital6.5. Transformação do dinheiro em Capital6.5. Transformação do dinheiro em Capital 
● como D se transforma em capital (K)? 
- para que surja o D e possa circular como valor que se 
expande é preciso a circulação de mercadorias em 
larga escala 
- dinheiro: primeira forma de aparição do capital 
 
● circulação do capital é diferente da circulação 
simples de mercadorias – fórmula geral do capital: 
D D D D ———— M M M M ———— D’ D’ D’ D’ 
- valor circula com vistas à expansão; o objetivo é o 
valor-de-troca (∆D), não o consumo 
 66 
- dinheiro é tão somente adiantado, para retornar 
acrescido de uma mais-valia (D’ = D + ∆D) 
- ponto de chegada é novo ponto de partida; D deve 
permanecer circulando para continuar sendo capital 
 
● circulação mercantil simples: 
M M M M ———— D D D D ———— M M M M 
- circuito se extingue, D media e sai fora, M para 
consumo é o objetivo, valor permanece 
- produtor isolado acresce valor, ganha conforme o 
trabalho que realiza, há um processo de formação do 
valor (tem de explicar algo diferente: valorização do 
valor) 
 
 67 
● o movimento de valorização faz do D capital 
- somente circulando o capital se valoriza, precisa 
trocar de formas; fora da circulação, acaba o 
movimento, D deixa de ser capital 
- meta do capital é o movimento do ganho; não uma 
mais-valia isolada 
- o valor é o sujeito do processo, no qual se expande 
trocando de formas; D é a forma em que se compara a 
si mesmo; K é sujeito automático, valor autonomizado 
- o capitalista incorpora essa lógica como motivaçãosubjetiva (entesourador também quer enriquecer, mas 
é o “capitalista demente”) 
 
 68 
● o capital não é coisa, é valor que circula (troca de 
formas) para crescer; precisa mudar de formas e pode 
estar nas mais diversas formas 
● como surge a mais-valia? 
- mais-valia parece contradizer a equivalência nas 
trocas 
- valor novo não pode surgir da circulação: embora o 
capital comercial ganhe com trocas desiguais, elas 
somente realizam redistribuição do valor (formas 
antigas do capital) 
 
● mais-valia não pode surgir da circulação de 
equivalentes, mas o D tem de circular para tornar-se 
capital (parado não cresce) 
 69 
- para valorizar o valor, mudança tem de ocorrer com a 
mercadoria comprada 
 
● circulação completa do capital (industrial) 
D D D D ———— M {MP;FT} . . . M {MP;FT} . . . M {MP;FT} . . . M {MP;FT} . . . P . . . M’ P . . . M’ P . . . M’ P . . . M’ ———— D’ D’ D’ D’ 
 compras vendas 
- compras e vendas do capitalista transcorrem 
conforme o valor; a explicação não pode estar no valor 
das mercadorias compradas, mas no seu valor de uso 
- explicação (da mais-valia) reside no valor de uso de 
uma mercadoria cuja utilização seja fonte de valor 
(trabalho) 
 
 70 
 
● essa mercadoria é a força de trabalho (FT) 
- tem valor e valor de uso como as demais, mas é 
específica, pelo seu valor de uso 
- valor: sustento que repõe, conforme t.t.s.n. 
- valor de uso: realiza-se no consumo = dispêndio de 
trabalho 
 
● somente em certas condições históricas o D pode 
encontrar capacidade de trabalho à venda (FT) no 
mercado, isso não é natural 
- a capacidade de trabalhar tem de pertencer a 
pessoas livres e despossuídas; contrato entre iguais 
 
 71 
● capital revela-se como relação social (e não coisa) 
entre pessoas (classes), na qual o valor (dinheiro) 
submete a força de trabalho e com seu uso expande-
se continuamente, incorporando o trabalho realizado 
- capital: precisa unir circulação e produção 
- relação social de exploração, na medida em que o 
salário paga a FT e não o trabalho realizado 
- diferente da servidão e da escravidão, exploração 
está encoberta 
 
● o capitalista é o proprietário do conjunto das 
condições de produção; o consumo produtivo da FT 
ocorre fora do mercado, na produção 
 72 
- o trabalho realizado pela FT pertence ao capitalista, 
assim como seu resultado (em conformidade com o 
direito mercantil burguês)

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