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1 
 
Treinamento esportivo como ferramenta para a educação física. 1 
Anselmo José Perez 2 
Centro de Educação Física e Desportos - CEFD/UFES 3 
Endereço: Laboratório de Fisiologia do Exercício/CEFD/UFES - Av. Fernando Ferrari, 4 
514, Goiabeiras | Vitória - ES - CEP 29075-910 5 
Tel. (27) 3335-2638 / e-mail: anselmo.perez@ufes.br 6 
Resumo 7 
O objetivo é apresentar a importância do conhecimento sobre o treinamento 8 
esportivo contemporâneo como conteúdo fundamental para o professor de educação física 9 
utilizar durante as suas ações pedagógicas na escola e em outros campos de atuação 10 
profissional. Descreve sobre os conceitos de treinamento desde a visão restrita a atletas até 11 
a sua ampliação para não atletas, a importância da valorização do conhecimento produzido 12 
historicamente e o atual momento do treinamento esportivo, além de considerações 13 
pedagógicas para a utilização dos conteúdos do processo de treinamento objetivando 14 
re(educar) os alunos, em busca de uma postura crítica frente ao desempenho corporal 15 
humano. 16 
Palavras-chave: Educação Física e Treinamento; Ensino; Educação; Atividades Humanas; 17 
Educação da População. 18 
Abstract 19 
The purpose is to present the importance of knowledge about the contemporary 20 
sports training as a key content for physical education teacher for their educational 21 
activities at school and in other professional fields. Describes about the training concepts 22 
from the restricted view the athletes to their extension to nonathletes, the importance of 23 
valuing the knowledge produced historically and the current situation of sports training, 24 
and pedagogical considerations for the use of the training process aiming content re 25 
(education) students, in search of a critical posture to the human body performance. 26 
2 
 
Key words: Physical Education and Training; Teaching; Education; Human Activities; 1 
Population Education. 2 
Introdução 3 
O que sabemos hoje sobre treinamento esportivo é fruto da produção humana, e 4 
todo conhecimento dever ser entendido como patrimônio da humanidade1, devendo estar 5 
disponível às pessoas, irrestritamente. De acordo com Barbanti et al.2, Tubino e DaCosta3, 6 
hoje o treinamento esportivo como área de saber da Educação Física, esporte e atividades 7 
físicas de saúde e de lazer, tem posição central no Brasil entre os profissionais da área. 8 
O significado e a necessidade desses saberes, frutos das experiências humanas, 9 
devem passar por um processo de reflexão e escolha, garantindo a autonomia da pessoa 10 
que apreende o conhecimento. Para isto, a educação é o melhor caminho, além de ser 11 
direito de todos4, e tende a ser permanente, uma vez que, 12 
(...)além das necessárias adaptações relacionadas com as alterações 13 
da vida profissional, ela deve ser encarada como uma construção 14 
contínua da pessoa humana, dos seus saberes e aptidões, da sua 15 
capacidade de discernir e agir. Deve levar cada um a tomar 16 
consciência de si próprio e do meio ambiente que o rodeia, e a 17 
desempenhar o papel social que lhe cabe enquanto trabalhador e 18 
cidadão1. 19 
É nesse caminho que este texto seguirá, trilhando os conteúdos e experiências 20 
produzidas pelo conteúdo do treinamento esportivoa. Tradicionalmente, utiliza-se o termo 21 
treinamento esportivo para todos os conhecimentos relacionados ao processo de melhoria 22 
corporal por meio dos gestos motores, desde sua aprendizagem, passando pelo 23 
aperfeiçoamento e especialização, podendo estar relacionado aos esportes ou não5. Mais 24 
acentuadamente remete ao alto rendimento, aos atletas e rendimentos em nível olímpico, 25 
recordes mundiais e profissionalismo6, pois faz parte da sua tradição3. 26 
3 
 
Por isso, é senso comum associar algumas etapas e conteúdos do treinamento 1 
esportivo aos desempenhos de atletas profissionais, dizendo, por exemplo, que por 2 
questões psicológicas um nadador, judoca ou iatista não venceu a sua disputa nos Jogos 3 
Olímpicos ou o mesmo para a seleção brasileira de futebol que perdeu de 7 x 1 para o time 4 
da Alemanha na semifinal da Copa do Mundo de Futebol de 2014 no Brasil. A preparação 5 
psicológica faz parte dos conteúdos do processo de treinamento esportivo, e nos casos 6 
exemplificados anteriormente, mesmo sem uma análise científica, permitem opiniões, que 7 
sem análise crítica gera interpretações errôneas da realidade. Porém, como descreve Betti7, 8 
Podemos até considerar a possibilidade de que, em breve, muitos 9 
alunos saibam mais sobre alguns aspectos da cultura corporal de 10 
movimento do que os próprios professores de educação física, 11 
embora nem sempre se possa confiar na correção técnico-científica 12 
das informações disseminadas pelas mídias. 13 
Além disso, para Betti7 há um preço a ser pago pela espetacularização esportiva 14 
vinculada pelos meios de comunicação social, levando a uma fragmentação e 15 
descontextualização do fenômeno esportivo, e da experiência global do ser atleta. Na 16 
situação de espectador/audiência durante os jogos olímpicos e outras competições de 17 
maior importância competitiva mais de 3,5 bilhões de consumidores acompanharão uma 18 
transmissão olímpica8, e podem ser levados a conviver com o conhecimento do processo 19 
do treinamento inconscientemente. Este processo é mais comum do que se pensa e, em um 20 
sentido pedagógico, torna-se tema necessário ao processo de educação e formação da 21 
cidadania, principalmente as vésperas de o Brasil sediar uma edição de grande evento como 22 
são os Jogos Olímpicos9. Leitura, análise e compreensão sobre a organização dos jogos e 23 
dos desempenhos dos atletas só poderão ser feitas com qualidade e independência se o 24 
cidadão tiver conhecimento sobre o assunto e estiver educado para isso. Porém, estar 25 
educado é mais do que simplesmente estar informado. Segundo Cruz10, informação, sem 26 
4 
 
uma mente que a analise, que a reflita, que a compreenda e que a use adequadamente, é 1 
inútil para o crescimento intelectivo do sujeito. 2 
Muitas informações poderão ser disponibilizadas pelos meios de comunicação, mas 3 
a leitura crítica da realidade pode ser influenciada pela autonomia de pensamento que a 4 
educação de qualidade proporciona10-13. Por exemplo, não só as técnicas apresentadas pelos 5 
atletas podem influenciar, já que a imitação sobrepõe-se à educação14, mas o próprio agir e 6 
pensar dos protagonistas dos Jogos Olímpicos, divulgados nos meios de comunicação, 7 
pode influenciar na busca por imitações sociais, considerando o prestígio social dos 8 
mesmos. A emoção vinculada a eventos esportivos sobrepõe-se a razão15, dificultando a sua 9 
crítica. 10 
Desta forma, este artigo apresentará o conteúdo do treinamento esportivo como 11 
ferramenta necessária para o professor de educação física trabalhar, por meio de suas ações 12 
pedagógicas, considerando os seguintes enfoques: a) os conceitos de treinamento, 13 
treinamento esportivo e a construção do seu conhecimento; e b) o sentido pedagógico para 14 
o ensino do treinamento nas atividades profissionais do professor de educação física. 15 
Conceito de treinamento 16 
Antes mesmo de buscar conceitos específicos sobre treinamento esportivo é 17 
importante descrever sobre o conceito de treinamento, que é mais amplo e se relaciona ao 18 
fato de permitir que uma pessoa realize movimentos que atendam suas necessidades e 19 
interesses, tanto individuais como coletivos, e não somente movimentos corporais 20 
específicos aos esportes. Por exemplo, cortar a grama do jardim, limpar as janelas, dançar, 21 
caminhar, praticar musculação, não são esportes e são treináveis. 22 
Treinar é um processo peloqual se submete alguém à busca de melhoria de alguma 23 
coisa. É processo, pois envolve pelo menos três etapas: aprendizado, aperfeiçoamento, e 24 
podendo chegar à especializaçãob. Em uma perspectiva de educação crítica, e que será 25 
defendida aqui em oposição a uma visão educativa acríticac, visa à melhoria, o fazer bem as 26 
5 
 
coisas da vida, tornando-se parte do próprio ser humano ativo e independente que, 1 
historicamente, assume ações com tendências evolutivasd, desde a fase da infância até a 2 
velhice. 3 
É difícil encontrar alguém que queira, em sã consciência, ser pior e não melhorar. 4 
Todos os seres humanos querem ser melhores no que fazem, e para isso criam - ou 5 
deveriam criar - situações e condições de atingir esses benefícios. Não se defende aqui uma 6 
postura de ser o melhor, mas simplesmente fazer o seu melhor. É diferente. 7 
Apesar de sua complexidade, treinamento significa “ato ou efeito de treinar”, e 8 
treinar (do francês traîner), por sua vez, é tornar apto, destro, capaz para determinada tarefa 9 
ou atividade16. Normalmente, fala-se em treinar animais, atletas, ou treinar para os jogos 10 
esportivos, para competição. E isso faz pensar na necessidade de uma (re)educação das 11 
pessoas na busca de informação, conhecimento, saber sobre o treinamento, possibilitando 12 
uma visão além da mecanicista e irracional do treinar o corpo humano. Treinar não é 13 
necessariamente ignorar o processo intelectivo, como se faz ao malhar o corpo. Além 14 
disso, o processo de treinamento não precisa ser entendido somente para os esportes ou 15 
para os atletas. Qualquer processo que torne alguém apto a alguma coisa pode ser 16 
entendido como treinamento. Então, por exemplo, uma pessoa que melhorou sua condição 17 
de digitar um texto, consciente ou inconscientemente, passou por um processo que lhe 18 
possibilitou essa melhoria e, portanto, treinou para isso. Nesse processo, obviamente, está 19 
incluída a etapa de aprendizagem. Isso aconteceu ao ser introduzido no dia a dia das 20 
pessoas os smartphones, com seus teclados muito menores do que aqueles dos computadores 21 
ou mesmo tablets. A mesma lógica pode ser aplicada ao ato de dirigir um veículo, de pilotar 22 
uma nave, de realizar uma cirurgia, de fazer um prato culinário, de lavar uma vidraça etc. O 23 
processo de treinamento dessas tarefas pode levar pessoas a serem especialistas e 24 
profissionais, sendo contratadas para isso. 25 
6 
 
Não seria necessário treinar para se equivaler ou se comparar a outra pessoa, muito 1 
menos para produzir algum bem comercializável, ou ainda ser uma pessoa mais produtiva 2 
em atenção às exigências mercantilistas. Se o processo de treinamento for empregado para 3 
determinada função profissional, que sejam compreendidos e respeitados princípios éticos, 4 
conscientemente aplicados para a convivência social justa, democrática, participativa e, 5 
acima de tudo, humana. É o que se pode pensar inclusive para a profissão de atletae. 6 
O processo de treinamento, então, é mais comum e presente no dia a dia do que se 7 
imagina. Portanto, é necessário que essa informação seja o ponto de partida da reeducação 8 
das pessoas sobre o treinar para ações que fazem parte do movimento corporal desse dia a 9 
dia. 10 
Esse conhecimento é fundamental, por exemplo, para se analisar criticamente as 11 
propostas de treinamentos realizados em empresas, que manipulam a lógica do fazer bem e 12 
melhor na busca de corpos dóceis, disciplinados e produtivos, e na maioria das vezes 13 
explorados. Outro exemplo não esportivo pode ser a preparação de uma apresentação 14 
folclórica em festas juninas, tão frequentes em diversas regiões brasileiras. O que as pessoas 15 
fazem é treinar uma quadrilha para apresentação nessas festas populares. E quanto mais 16 
treinado estiver o grupo, melhor ficará a apresentação, mais bonita. O grupo se expõe, se 17 
apresenta, pensando na boniteza da apresentação, das pessoas, dos pares, das gentes. O 18 
sentido social aqui é o de apresentar-se bem, fazer bem, dentro das razões culturais do 19 
local, da região, do contexto. 20 
Muito mais do que se pode perceber homens e mulheres treinam todos os dias para 21 
realizar as coisas melhores, fazer bem feito, mesmo não identificando isso como 22 
treinamento, mesmo não tendo conhecimento ou ciência do processo que envolve esse 23 
treinamento. Isso é fato. 24 
Por outro lado, este processo de treinamento não deve remeter a ideologia 25 
neoliberal, a qual prega a ordem, o racionalismo, a competição e a iniciativa individual17. 26 
7 
 
Como diz Chauí18, ideologia se refere a um conjunto de ideias sociais, históricas e políticas 1 
que visam a ocultar a realidade, as explorações econômicas e as dominações políticas 2 
existentes na sociedade. Além disso, afirma ainda que não há uma ideologia que não possa 3 
ser quebrada ou destruída quando uma classe social compreende sua realidade e organiza-se 4 
visando transformar a realidade em que vive e que é impossível compreender a ideologia 5 
sem ter a compreensão da luta de classes. A educação deve elevar o indivíduo a esse 6 
patamar de visão/leitura crítica dos fatos sociais. O treinamento é um fato social. Segundo 7 
Freitas19, “quando escolhemos alguns conteúdos escolares e omitimos outros, revelamos 8 
interesses relacionados a uma visão política, econômica e social do mundo”. 9 
Ora, sendo o treinamento um processo que atende a todos os movimentos 10 
corporais humanos, a lógica social desses movimentos, suas representações e intenções, 11 
não estão blindadas de uma ideologia neoliberal que atende àqueles que detêm o poder. 12 
Poder-se-ia aludir às ideologias gerenciais de empresas que tratam de corpos de 13 
trabalhadores igualmente aos corpos dos atletas, que também são trabalhadores. Assim, 14 
Gurgel17 diz que, 15 
Envolvido nos valores liberais reanimados e na suspensão de 16 
algumas censuras seculares, o trabalhador contemporâneo coloca a 17 
lealdade a si próprio no mesmo plano individualista dominante. A 18 
moral assim construída não encontra limite para o que se poderia 19 
considerar, com benevolência, modos de auto-retribuição ou 20 
compensação pelos salários contidos, disparidades de ganhos, 21 
contrastes entre níveis, enfim todas as formas de sentimento de 22 
inequidade, exploração e injustiça. 23 
Influenciada pelas teorias organizacionais, o processo de treinamento sofre com 24 
distorções ideológicas que em um processo de educação formal ou não formal podem 25 
transgredir a visão de ética que se defende. Essa influência é descrita por Gurgel17, 26 
8 
 
As organizações, em particular as empresas privadas, começam a introduzir novos 1 
elementos no discurso teórico da gestão contemporânea: a função social da empresa e a 2 
ética. Estes novos elementos são a demonstração mais recente da inesgotável capacidade 3 
que possui a teoria organizacional de operar no plano ideológico. Tal qual diria Marx do 4 
fetiche da mercadoria e sua capacidade de disfarçar as verdadeiras relações dos homens por 5 
trás das relações das coisas, assim podemos dizer da teoria de gestão e seu notável poder de 6 
apresentar suas formulações como avanços e soluções, dissimulando a ordem socialmente 7 
atrasada e problemática a que serve, criativa e docilmente. 8 
Mas, o treinamento para atividades sociais como: domésticas, de trabalho para 9 
funções de produção, apresentações folclóricas, danças ritualísticas, ou até mesmo treinar 10 
para os esportes, não é identificado somente em exemplos de sociedades capitalistas. Em 11 
clãs, tribos, povos orientais, povos ocidentais, até os dias de hoje, são observadas situações 12 
de treinamento. Não que o treinamento estejaacima dos valores capitalistas, mas os males 13 
desse sistema econômico não são, ou não devem ser sinônimo de treinamento. 14 
É óbvio que querer melhorar, fazer bem feito, não é só uma questão pessoal, de ter 15 
vontade e pronto. Não se devem excluir as condições socioeconômicas, muito menos a 16 
cultura de um povo para a busca de efetivo sucesso desse processo. Quando se considera o 17 
problema em uma perspectiva social há indivíduos que não estão providos de recursos, 18 
sejam financeiros ou até mesmo sociais e culturais, para que, educado ou reeducado, saia de 19 
sua condição atual. Assim, não basta o professor de educação física de uma escola, por 20 
exemplo, simplesmente anunciar nos seus planos de ensino que ensinará o conceito de 21 
treinamento para os seus alunos. Lembra-se que tanto a educação formal (regularmente 22 
desenvolvida nas e pelas escolas), como a educação não formal (dentro das instituições 23 
religiosas, por meio da mídia, e no seio da família, entre outras), precisa ser praticada. 24 
Portanto, treinar um corpo humano é uma práxis. 25 
9 
 
Ficam questões para reflexão: você já procurou melhorar alguma coisa em sua vida? 1 
Treinou para isso? Ou seja, aprendeu, aperfeiçoou, e talvez tenha chegado a se especializar? 2 
Tinha consciência disso como processo? Conseguiu analisar criticamente esse efeito do 3 
treino para você dentro da sociedade em que vive? Precisou de alguém para treinar? E, por 4 
fim, se tivesse havido um professor para treiná-lo teria sido melhor? 5 
Todos os estímulos que são dados durante uma aula, seja nas aulas de educação 6 
física nas escolas, na academia, no clube, na empresa, ou durante os programas de atividade 7 
física regular ao ar livre, podem fazer parte de um conjunto de meios que visam à melhoria 8 
do aluno e que merecem ser observados a partir de alguns conhecimentos específicos já 9 
estudados pelas chamadas ciências do treinamento. Isso não significa, necessariamente, 10 
copiar a preparação de um atleta de alto rendimento, ou objetivar melhores rendimentos 11 
individuais em uma competição. 12 
Esses conhecimentos podem ser aplicados ao ato de jogar um jogo culturalmente 13 
enraizado na comunidade, praticar uma caminhada/corrida para perda de peso, ou até 14 
praticar esportes. Aliás, muitos métodos de treinamento eram conhecidos e utilizados antes 15 
mesmo da “invenção” dos chamados esportes modernos, como: o voleibol, o futebol, o 16 
basquetebol, o handebol, a natação e outros atuais esportes olímpicosf. 17 
Cita-se Newsholme et al.20, que afirmam que, 18 
Nos primeiros anos atléticos da Grécia, até cerca do sexto ou 19 
quarto século a.C., considerava-se que as tarefas diárias do 20 
fazendeiro (como levantar pesos, puxar o arado colhendo milho e, 21 
o melhor de tudo, pegar cavalos correndo atrás deles) consistiam 22 
num treino adequado. Mas, com o profissionalismo, veio o 23 
treinamento específico; ao fim do quarto século a.C., o programa 24 
de treinamento frequentemente envolvia um ciclo de quatro dias, 25 
onde se realizava: no primeiro dia, a fase de preparação com 26 
10 
 
exercícios leves e rápidos; no segundo dia, a fase de concentração, 1 
com esforços máximos até a exaustão; no terceiro dia, a fase de 2 
relaxamento consistia de repouso e recuperação; e no quarto dia, 3 
iniciava-se um novo ciclo de forma moderada, representado 4 
apenas por exercícios técnicos para algum evento especial futuro 5 
para o qual se estaria treinando. 6 
Portanto, ao se aplicar o conceito de treinamento para os esportes, de que esporte 7 
se fala quando se pensa em treinamento esportivo? O praticado nos séculos passados ou 8 
esse esporte que pode ser observado nos atuais Jogos Olímpicos? Esses conhecimentos 9 
poderão ser inferidos para outras práticas corporais além dos esportes? Há manifestações 10 
às quais se podem aplicar os conceitos de treinamento além daqueles vinculados aos atletas 11 
de alto rendimento? Principalmente, o processo de treinamento pode ser ensinado pelo 12 
professor de educação física? 13 
Conceito de treinamento esportivo 14 
Segundo Tubino e DaCosta3, 15 
Em específico e de acordo com a tradição da competição 16 
esportiva, chama-se “treinamento esportivo” ao conjunto de meios 17 
utilizados para o desenvolvimento das qualidades técnicas, físicas, 18 
e psicológicas de um atleta ou de uma equipe, tendo como objetivo 19 
final colocá-lo(a) na ‘forma’ projetada na época certa da 20 
performance, considerando-se ‘forma’ como a eficiência máxima 21 
de um indivíduo ou um grupo de indivíduos (equipe) em 22 
determinada prova esportiva. 23 
Pode-se dizer que este conceito predominou até o final dos anos 80 do século XX, 24 
mas, pela necessidade de ser identificado e aplicado a outras manifestações da cultura 25 
corporal foi ampliado. Assim, ainda segundo Tubino e DaCosta3, o conceito, 26 
11 
 
Em geral e mais recentemente, contudo, o treinamento esportivo 1 
passou a visar à melhoria de uma determinada qualidade física 2 
(força, resistência etc.) para fins de forma física (fitness), como 3 
também saiu da perspectiva única do rendimento para uma 4 
abrangência mais ampla de acesso ao lazer e à saúde e de pleno 5 
direito à cidadania. 6 
O treinamento esportivo caracteriza a aplicação do conceito de treinamento para os 7 
esportes. Não só isso, os conhecimentos restritos originalmente aos esportes são aplicados 8 
a todos os programas que envolvem movimentos corporais. Movimentos esses que se 9 
apresentam de formas variadas e são denominados de exercícios físicosg nos colóquios e na 10 
linguagem popular. 11 
Essa aplicação não é recente, como já citada anteriormente21, visto que jogos e 12 
esportes eram praticados e treinados com base em fundamentos que até hoje fazem parte 13 
do processo de treino. Por isso, sem engano, qualquer modismo de ‘novos métodos’, 14 
qualquer novo inventor de método de treinamento revolucionário nos dias atuais pode 15 
estar nada mais nada menos fazendo coisas que já se fazia a milhares de anos. 16 
A partir de diversas obras3,22-28 que apresentam o tema para conceituar o processo 17 
de treinamento esportivo, devem-se considerar como componentes deste processo: 1) três 18 
preparações - preparação técnico-tática, física e psicológica; 2) controle do treino, baseado 19 
nas variáveis fisiológicas, biomecânicas, cinesiológicas, nutricionais, de doenças, de hábitos 20 
de vida; 3) identificação das variáveis influenciadoras e condicionantes, como: clima, 21 
altitude, material esportivo. Esses componentes devem estar sistematizados e organizados 22 
por uma comissão técnica, permitindo planejamento com no mínimo: a) identificação clara 23 
do(s) objetivo(s) a ser(em) atingido(s) e quando se pretende alcançá-lo(s); b) identificação e 24 
descrição dos recursos necessários incluindo humanos, materiais e financeiros; c) 25 
periodização das cargas do treinamento; d) administração do projeto de planejamento 26 
12 
 
visando a sua realização. Todos esses componentes juntos possibilitam a formação do 1 
conceito de treinamento esportivo que poderá ser ensinado pelo professor de educação 2 
física. Imprescindível é que este professor domine os princípios científicos do treinamento 3 
esportivo21, pelos quais terá a base do conhecimento que permitirá a compreensão da 4 
aplicação dos componentes citados anteriormente. 5 
Em geral o conceito está relacionado ao esporte de alto rendimento e aos atletas de 6 
alto nível competitivo. Funciona como a ideia de aplicação dos investimentos tecnológicos 7 
em carros de fórmula 1 para carros de passeio. Ou seja, o que funciona para a vida dos 8 
atletas principalmente em relação aos seus bons rendimentos passaa ser entendido como 9 
também importante para ser aplicados aos não atletash, até mesmo porque os primeiros 10 
representam uma grande oportunidade de experimentos e vivências. 11 
Por outro lado, o esporte em si pode ser considerado uma instituição social14, 12 
portanto a prática educativa como prática social humana deve ser realizada em seu meio29. 13 
Só com essa identificação já bastaria para afirmar que o processo educativo, de ensino 14 
intencional e sistemático, deveria ocorrer em todos os locais da prática esportiva. Para esta 15 
tarefa foi destinada à Educação Física, por meio de seus profissionais, o papel de cumprir 16 
com tal responsabilidade. Portanto, todo saber relativo ao processo do treinamento de 17 
esportes deve fazer parte de um corpo de conhecimentos fundamentais para a formação do 18 
profissional que trabalhará nessa área de atuação, proporcionando-lhe competência técnica 19 
de ensino30. 20 
Segundo Barbanti et al.2, 21 
Qualquer que seja o nome utilizado, esta disciplina acadêmica 22 
cobre um grande número de sub-disciplinas, algumas já 23 
estabelecidas há longo tempo, outras ainda por se estabelecer. As 24 
sub-disciplinas (Biomecânica do Esporte; Fisiologia do Esporte; 25 
Medicina do Esporte; Psicologia do Esporte; Bioquímica do 26 
13 
 
Esporte; Nutrição do esporte etc.) desenvolveram áreas específicas 1 
de conhecimento, o chamado “corpo de conhecimento”, com 2 
muitas informações importantes para esta área do conhecimento. 3 
A compartimentalização dos componentes do treinamento, que parece ser uma 4 
ajuda no sentido didático para o estudo dos seus conteúdos, dificulta não só a visão de 5 
corpo desfragmentado como ajuda a esquartejar o corpo que treina, interferindo em sua 6 
compreensão e, principalmente, dificultando a interpretação de um resultado esportivo. 7 
Mesmo assim, pode-se concordar com Miguel31, quando afirma que, 8 
(…)a estrutura compartimentalizadora que assume o saber 9 
humano no espaço acadêmico é fruto de um conjunto variável de 10 
condicionamentos que pode incluir, por exemplo: o projeto 11 
político-acadêmico da comunidade de prática científica; o contexto 12 
geopolítico de ação de tal comunidade; o estado do conhecimento 13 
científico, tecnológico, filosófico e do conhecimento em geral em 14 
cada momento; as demandas e pressões políticas, econômicas, 15 
sociais e profissionais que imperam sobre a comunidade de prática 16 
científica em cada momento; o estado das instituições científicas, 17 
das instituições definidoras de políticas científicas, dos recursos 18 
tecnológicos e dos investimentos científicos; as relações 19 
institucionais de poder que envolvem os membros da comunidade 20 
de prática científica, bem como aquelas que se estabelecem entre 21 
essa e outras comunidades etc. 22 
Com esta visão, se aceita a tese de que deve existir uma forma em particular de se 23 
juntar os conhecimentos e possibilitar interpretações científicas, e ao mesmo tempo 24 
aplicações práticas a problemas relacionados ao processo de treinamento, criadas a partir da 25 
própria prática pedagógica do professor em sua atividade de aula. 26 
14 
 
De qualquer forma, o conhecimento sobre o treinamento esportivo, proposto 1 
como conteúdo para as ações pedagógicas do professor de educação física, quer seja nas 2 
aulas de educação física escolar ou em outros campos profissionais, emergem de conteúdos 3 
culturais universais, constituindo-se em domínio de conhecimento relativamente 4 
autônomos, incorporados pela humanidade e reavaliados, permanentemente, em face da 5 
realidade social32. 6 
Não se trata necessariamente de treinar os alunos para determinado fim esportivo e 7 
de rendimento, mas sim ensiná-los sobre os conteúdos que permitirão a compreensão e o 8 
conhecimento sobre a área do saber, contribuindo com a educação e formação de sua 9 
cidadania nas três dimensões: atitudinal, conceitual e procedimental33. Por exemplo, você 10 
não precisa ser o melhor jogador da sala de aula e muito menos ser campeão olímpico para 11 
aprender sobre a importância das preparações técnico-tática, física e psicológica, ou sobre a 12 
importância da formação de base para futuras evoluções de desempenho, ou qualquer 13 
outro conteúdo do processo de treinamento. 14 
Não se distingue aqui a função de professor simplesmente pelo local de atuação, ou 15 
seja, quando na quadra de uma escola ou na quadra de um clube ou de uma comunidade. O 16 
técnico esportivo, sobretudo professor de educação física, antes de tudo é educador e deve 17 
atuar com o compromisso pedagógico de educar, até mesmo por meio de uma escolinha de 18 
esporte. É claro que a escola, como espaço institucional, é o ambiente mais bem apropriado 19 
para essa ação educativa, porém nem sempre o único local para se ensinar/educar. Então, 20 
porque abrir mão dessa oportunidade e, assim, destinar verdadeiros professores para 21 
assumirem essa função? O professor de educação física é reconhecidamente o agente mais 22 
importante, no que se vê na prática no Brasil, na força do binômio escola-clube em 23 
desenvolver o processo tradicional de formação de atletas, identificado pelos mesmos 24 
como um dos principais coautores nas “primeiras letras” no esporte e condutor na 25 
transição do estágio de iniciação ao estágio de aperfeiçoamento6. 26 
15 
 
A construção do conhecimento sobre o treinamento esportivo e o seu ensino 1 
O contexto deste conhecimento sobre o treinamento esportivo que se propõe 2 
como ferramenta de ensino é aquele que, de acordo com Saviani12, é etapa fundamental da 3 
autonomia de ação proporcionada pela educação, no caso específico por meio da Educação 4 
Física e dos conteúdos sobre o treinamento corporal. Portanto, para se atingir o processo 5 
educativo/pedagógico por meio dos saberes/conhecimentos o ponto de partida é 6 
informar, conhecer e saber sobre determinado fenômeno, permitindo uma interpretação 7 
crítica pelo aprendiz. 8 
Segundo Dias34, inúmeros documentos ao longo da história tem procurado garantir 9 
a educação como direito da pessoa, e a Declaração de Viena, de 1993, descreve sobre, 10 
(…)a importância de a educação em direitos humanos ser efetivada 11 
no contexto da educação formal e não-formal, considerando-a 12 
como elemento essencial de promoção de relações harmoniosas 13 
entre as comunidades, capaz de fomentar o respeito mútuo, a 14 
tolerância e a paz, reiterada pela exposição de conteúdos e 15 
processos mediante os quais a tarefa de educar em direitos 16 
humanos pode ser realizada. 17 
O conhecimento constrói-se, fundamentalmente, a partir da base material, 18 
caracterizado pela prática social humana nos processos de transformação da natureza; 19 
porém as organizações culturais, artísticas, políticas, econômicas, religiosas, jurídicas e 20 
esportivas também são expressões sociais que inferem na construção do conhecimento. 21 
Portanto, é a existência social entre essas pessoas que gera o conhecimento, pois este 22 
resulta do trabalho humano, no processo histórico de transformação do mundo e da 23 
sociedade. O conhecimento, como fato histórico e social, supõe sempre continuidades, 24 
rupturas, reelaborações, reincorporações, permanências e avanços35. 25 
16 
 
E assim ocorreu e está ocorrendo com o treinamento esportivo. Nos primórdios 1 
das civilizações foi se buscando a melhoria da força, da resistência e das habilidades 2 
motrizes para vencer os obstáculos naturais exigidos para a sobrevivência, para o trabalho. 3 
Como afirmam Almeida et al.36, 4 
Pode-se considerar que muitas dessas práticas se processavam de 5 
forma inconsciente, como na pré-história, onde o homem 6 
objetivava apenas e tão somentea sua sobrevivência cotidiana em 7 
relação aos animais predadores, bem como os de sua própria 8 
espécie, através de um excepcional condicionamento físico 9 
adquirido no cotidiano. 10 
Esta é uma suposição plausível quando se imagina a capacidade de o homem 11 
utilizar o seu corpo para a sua sobrevivência e a dos seus companheiros6. Atividades diárias 12 
que aos poucos foram sendo ocupadas pelo cultivo da lavoura e cuidados com as criações, 13 
considerando que as tribos procuravam se estabelecer em territórios. Essas atividades hoje 14 
em dia são consideradas atividades físicas e fundamentais para a saúde da população37, 15 
conceituada como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos e 16 
que resulta em um dispêndio de energia, enquanto que o exercício é o movimento corporal 17 
planejado, estruturado e repetitivo, executado com a finalidade de melhorar ou manter um 18 
ou mais componentes da aptidão física38. Com esta diferenciação se reforça a necessidade 19 
de a população adotar hábitos de uma vida ativa, que aos poucos foram deixados de lado 20 
pelo avanço tecnológico, enquanto caracteriza a importância do conhecimento sobre o 21 
conteúdo do treinamento esportivo ser aplicado aos programas de exercício corporal, não 22 
deixando a mercê das tendências consumistas de saúde e culto ao corpo. 23 
Retornando ao progresso histórico, segundo Tubino e DaCosta3, 24 
As origens do treinamento particularizado para a competição 25 
atlética remontam à Grécia Antiga quando a preparação dos atletas 26 
17 
 
para os Jogos Olímpicos e outras competições similares era 1 
metodizada por sessões de aplicação de trabalhos além do normal 2 
para cada atleta (sobrecargas) – com halteres, corridas etc. – 3 
alternados com descanso. 4 
E em continuidade ao progresso do conhecimento a respeito do treinamento 5 
esportivo dizendo: 6 
Historicamente, o treinamento esportivo retoma o momento grego 7 
– datado na tradição das Olimpíadas entre 776 a. C. e 394 da era 8 
cristã – nas últimas décadas do século XIX, sobretudo com a 9 
restauração dos Jogos Olímpicos em 1896, privilegiando uma 10 
postura de melhoria técnica nos movimentos a serem 11 
aperfeiçoados para a performance e correspondente adoção de 12 
sobrecargas3. 13 
Este é o motivo histórico da grande influência do treinamento esportivo sobre os 14 
programas de exercícios corporais não só para atletas, mas também para não atletas hoje 15 
em dia. É uma tradição milenar que avança gerações e se manifesta nas mais diversas 16 
formas de aplicação dos princípios do treinamento, entre eles o da sobrecarga. 17 
Esta história, portanto a construção do conhecimento sobre o treinamento 18 
esportivo, os seus métodos, as suas vivências aplicadas a homens e animais, as diversas 19 
gerações de atletas, desde os que veneravam os deuses do Olímpio até os astros 20 
hollywoodianos de hoje, também pode ser contada pelas etapas evolutivas, divididas em 21 
período segundo Tubino et al.21. Resumidamente ela passa pelo Período da Arte, que inclui 22 
o conhecimento deixado pelos Gregos não só sobre métodos de treinamento, mas todo o 23 
processo de preparação dos atletas para os jogos e combates, que faziam parte dos Jogos 24 
Olímpicos, onde se saudavam as tradições e se elegiam por seus feitos esportivos e atléticos 25 
os representantes dos deuses em que acreditavam orientar os destinos da sua civilização, e 26 
18 
 
avança pelo Período da Improvisação, Sistematização, Pré-Científico e até o Período 1 
Científico com ênfases metodológica, bioquímica e tecnológica21, possibilitando um 2 
crescente envolvimento das nações não somente com as competições, em especial os Jogos 3 
Olímpicos da Era Moderna, mas também com especial atenção a aptidão física voltada à 4 
saúde. 5 
Com o avanço dos meios de comunicações e das informações, cresce o 6 
conhecimento sobre o que fazer e o que não fazer por meio dos esportes e das diversas 7 
atividades corporais. Assim, ao mesmo tempo em que o esporte se profissionalizava, 8 
surgiam propostas de treinamento voltadas ao fitness. Hoje, por exemplo, já é fácil saber 9 
pela internet sobre a complexidade do treinamento de vários atletas, assim como ter dicas e 10 
opiniões sobre como perder peso por meio do exercício. 11 
É interessante citar que mesmo com todo o avanço no conhecimento científico 12 
ainda as descobertas de talentos esportivos acontecem ao acaso, se é assim que se poderia 13 
chamar. Veja o caso do atual recordista mundial da maratona, o queniano Denis Kimetto, 14 
que trabalhou como agricultor cultivando milho e cuidando do gado e só iniciou os seus 15 
treinos competitivos após os vinte e cinco anos de idade, convidado por um já consagrado 16 
corredor de maratonas, o também queniano Geoffrey Mutai, que ao ver o compatriota 17 
correndo viu no corredor um futuro campeão, o que reforça a noção de talento natural 18 
apresentada por Gibbons et al.39 e do desempenho valorizado pelo desempenho em 19 
competições6. Em uma situação muito semelhante ao processo de tentativa e erro social 20 
visto no Brasil, Kimetto sempre exibiu uma propensão para as corridas e frequentemente 21 
vencia corridas escolares. Mas a realidade da vida o impediu de seguir o seu talento como 22 
atleta. Com a família passando necessidade, o atleta não teve escolha, precisou buscar o 23 
cultivo do milho e criar gado para conseguir lutar pela alimentação40. Essa relação 24 
antagônica entre avanço científico e realidade para aplicação desses avanços também deve 25 
fazer parte do processo pedagógico de ensino sobre o treinamento esportivo apresentado 26 
19 
 
neste artigo, considerando a sua intencionalidade e as relações significativas entre o 1 
aprendiz e o conhecimento produzido pelos homens e mulheres em seu processo social e 2 
histórico de produção das condições materiais de sua existência. 3 
Atualmente, treinar as habilidades por meio dos esportes e outros movimentos 4 
corporais faz parte da vida de muitos alunos, estimulando-os e muitas vezes os atraindo 5 
mais do que outros componentes curriculares4,41,42. Isso só não basta. Como afirmam 6 
Darido et al.33, mais do que ensinar a fazer (dimensão procedimental), o objetivo das aulas 7 
de educação física é que os alunos e alunas obtenham uma contextualização das 8 
informações como também aprendam a se relacionar com os colegas (dimensão atitudinal), 9 
reconhecendo quais valores estão por trás de tais práticas (dimensão conceitual). Por meio 10 
do tema Jogos Olímpicos, por exemplo, como Tema Transversal ou não, alunos e alunas 11 
poderão vivenciar essas três dimensões. 12 
O trato pedagógico aqui é defendido por meio do olhar da pedagogia histórico-13 
crítica43,44, pensando no processo do treinamento como aquele vivido no dia a dia dos 14 
movimentos corporais humanos, principalmente pela prática social dos esportes, quer seja 15 
na escola ou fora dela. Histórico, porque é um processo que interfere sobre a sociedade, 16 
podendo contribuir para a sua transformação. Crítica, pois permitir consciência da 17 
determinação exercida pela sociedade sobre a educação da qual estamos falando. 18 
O foco da defesa de que o treinamento esportivo deve ser conteúdo fundamental 19 
do ensino é didático, porém, segundo Lavoura et al.45, "Ilusão acharmos que 20 
encontraremos a abordagem perfeita, pois sabemos que ela não existe; mas podemos 21 
refletir sobre a nossa forma dentro da abordagem escolhida ou ainda dentro do próprio 22 
modo de trabalhar." 23 
Tem-se consciência de que, normalmente, o treinamento é associado às abordagens 24 
pedagógicas tradicionais e tecnicistas, e que contribui com a competitividade e o 25 
individualismo, contrários aocooperativo e coletivo objetivado pelas tendências 26 
20 
 
pedagógicas que surgiram na educação física a partir da década de 80 do século passado, 1 
em contraposição exatamente a limitada visão de educação física de origem militar e 2 
médica, e até mesmo da visão esportivista e mecanicista das décadas de 60 e 7045. Com um 3 
sentindo de denúncia à rígida padronização dos movimentos predeterminados e a execução 4 
de gestos mecânicos visando à melhoria de rendimento e habilidade na prática da educação 5 
física escolar, os conteúdos do treinamento esportivo foram condenados por alguns autores 6 
a quase um exorcismo categórico, sugerindo serem evitados não só nas práticas, mas 7 
também no discurso escrito e falado entre os professores. 8 
Gestos mecânicos e rendimento sem sentido/significado não são problemas 9 
apresentados pelo treinamento esportivo, mas sim por ações didáticas incompetentes e mal 10 
executadas. Por exemplo, não se tem dúvida de que atletas de alto rendimento e 11 
fenomenais como o jamaicano Usain Bolt, do atletismo, expressam-se por meio de gestos 12 
corporais com sentido, significado, livres e espontâneos, e principalmente, com muita 13 
alegria, a ponto de quebrar regras biomecânicas seculares sobre a capacidade máxima de o 14 
homem correr. Além disso, em uma visão moderna do processo de treinamento, não se 15 
admite uma didática empregada pelo professor que não respeite as dimensões afetivas, 16 
cognitivas, sociais e motoras. Não se pode pensar no esporte de alto rendimento desligado 17 
das estruturas organizativas sociais, pois sem um acesso ao conhecimento esportivo como 18 
um todo, a sua prática se insere nos objetivos conservadores das sociedades que visam abrir 19 
novas áreas de consumo e manter os privilégios das classes dominantes, considerando que 20 
a competição penetrou em todo o patrimônio cultural a ponto de constituir a manifestação 21 
mais atual da motivação profunda do ser humano em todo o seu comportamento social14. 22 
Além disso, os aprendizados que o esporte de rendimento possibilitam por meio do 23 
treinamento esportivo, assim como o próprio esporte, não estão afastados da 24 
neutralidade14. Sendo uma prática sociocultural, ele representa as contradições e problemas 25 
que a sociedade apresenta em sua organização e em suas ações, além de caracterizar as 26 
21 
 
possibilidades democráticas ou não de promoção da cidadania, de melhores condições de 1 
vida das populações, de qualidade de vida, e de usufruir de todos os benefícios das práticas 2 
corporais, quer seja para o lazer, para a educação ou para o rendimento em seu aspecto 3 
amador ou profissional. 4 
Ainda é possível concordar com Lima14 quando afirma que, 5 
Para nós o desporto de alta competição constitui a última etapa do 6 
processo social de uma prática desportiva que responda às 7 
necessidades de desenvolvimento do indivíduo e da sociedade – 8 
etapa que contribui de um modo particularmente vasto e dinâmico 9 
para a criação, individual e coletiva, de fatos culturais que se 10 
integram no desenvolvimento e no progresso social da 11 
humanidade. 12 
Torna-se um verdadeiro desafio olhar o processo de treinamento por outra lente. 13 
Uma lente que permite ver esse processo como uma possibilidade educativa para a 14 
cidadania fundamentada na lógica social e da democracia, que permite um ser humano 15 
livre, participativo e com a sua dignidade respeitada e protegida. Se houvesse uma forma 16 
ideal de democracia, segundo Saviani12, que pudesse solucionar os problemas encontrados 17 
na democracia liberal que vivemos, os seguintes princípios deveriam ser seguidos: liberdade 18 
individual, com o direito a não ser discriminado e de não ser submisso aos proprietários 19 
dos meios de produção e detentores de poder político abusivo; igualdade e justiça social, 20 
perante a lei e na distribuição do “bolo” em termos econômicos e socioculturais, 21 
permitindo oportunidades iguais para todos, incluindo aqueles desfavorecidos física, social 22 
ou mentalmente; e solidariedade, para atender as vítimas da injustiça e desigualdade e 23 
aqueles que dependem de outros para conviver. 24 
Reforçando a partir de Saviani12, educar é o processo de promoção do ser humano 25 
que, no caso, “significa formar o homem cada vez mais capaz de conhecer os elementos de 26 
22 
 
sua situação para intervir nela, transformando-o no sentido de uma ampliação da 1 
comunicação e colaboração entre os homens.” Daí a necessidade de um profissional de 2 
educação física educador e conhecedor das possibilidades de ensinar os conteúdos aqui 3 
sugeridos, procurando mais do que exigir mecanicamente memorização, repetições 4 
cadenciadas de gestos e estratégias muitas vezes inertes, ser sim crítico, desafiador e 5 
contextualizador. O corpo educado para um jogo é aquele que resolve os problemas que 6 
surgem durante o jogar. Mal resolvidos, os problemas se transformam em gestos inférteis, e 7 
o jogo pode se distanciar do prazer. Por isso, descontentar-se com as condições esportivas 8 
atuais também deve fazer parte da educação de técnicos e atletas que lidam com o 9 
treinamento esportivo. E é esse professor de educação física educador que precisa estar 10 
atuante nos diversos campos profissionais. 11 
Para se educar verdadeiramente o atleta, por exemplo, são necessárias atitudes 12 
corajosas além de simples repetições. O resultado do processo de treinamento de atletas de 13 
alto nível – cita-se mais uma vez como exemplo Usain Bolt, do atletismo – não deveria ser 14 
um adestramento, mas um efetivo processo de ensinamento, proporcionando-lhe um 15 
“correr” que vai além da mera repetição do gesto e atinge uma aprendizagem criativa e 16 
autônoma. Você pode dizer: mas ele é um fenômeno! Já reparou que sempre há um atleta 17 
quebrando barreiras, atingindo novos recordes e se apresentando como fenômeno? 18 
Estariam esses atletas vivendo um verdadeiro processo de ensinamento, aperfeiçoamento, 19 
ou treinamento propriamente dito? Será que não se pode pensar que o problema que atinge 20 
o treinamento de alto rendimento não é semelhante ao da maioria das escolas formais 21 
quanto à ineficiência no ato de ensinar? Ou seja, é tão ineficiente e ineficaz e baseado na 22 
tentativa e erro que atende a poucos? Com professores mais preocupados com conteúdos 23 
do que com o processo de ensinamento? Freire46 nos diz que “(...) ensinar não é transferir 24 
conhecimento, conteúdos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua 25 
construção.” e que, 26 
23 
 
(...)nem formar é a ação pela qual um sujeito criador dá forma, 1 
estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência 2 
sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das 3 
diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, 4 
um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende 5 
ensina ao aprender. Quem ensina ensina alguma coisa a alguém. 6 
Por isso é que, do ponto de vista gramatical, o verbo ensinar é um 7 
verbo transitivo-relativo. Verbo que pede um objeto direto – 8 
alguma coisa – e um objeto indireto – a alguém. 9 
É claro que Paulo Freire não se referia aos atletas, muito menos ao corredor Usain 10 
Bolt. Mas um processo de treinamento deveria ser um exemplo da ótima relação entre 11 
educando e educador, chamados de atleta e técnico. Ainda se apropriando do ensinamento 12 
de Freire46, 13 
(...)ensinar é algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar 14 
inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente 15 
que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era 16 
possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo 17 
dos tempos mulherese homens perceberam que era possível – 18 
depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de 19 
ensinar. Aprender precedeu ensinar ou, em outras palavras, ensinar 20 
se diluía na experiência realmente fundante de aprender. 21 
Essa concretude do processo do ensinamento deve ser aliada do processo de 22 
treinamento sem que ele seja um processo inibitório, impreciso, desrespeitador da condição 23 
humana, e infecundo. Desrespeitar esse processo seria pelo despreparo de seus 24 
ensinadores? E mesmo neste terreno infértil seria possível ver atletas educados?…uma vez 25 
que “(...) é a força criadora do aprender de que fazem parte a comparação, a repetição, a 26 
24 
 
constatação, a dúvida rebelde, a curiosidade não facilmente satisfeita, que supera os efeitos 1 
negativos do falso ensinar.”46. Ir mais além de seus condicionantes parece ser uma 2 
característica positiva humana. 3 
É claro que isso apenas não garante uma formação crítica a um cidadão atleta ou 4 
não atleta que se aproprie do saber do treinamento. Vejamos o exemplo de Mark Spitz, 5 
nadador norte-americano que influenciou toda natação mundial na década de 1970 do 6 
século passado, e que registrou seu nome como um dos maiores atletas olímpico. Segundo 7 
o seu técnico, James Counsilman, ao receber os ensinamentos de como dar a braçada do 8 
nado crawl, de forma “rebelde” percebeu que não fazia o que o seu técnico mandava. A 9 
fundamentação de Counsilman não explicava o deslocamento na água. Counsilman dizia 10 
para ele que empurrasse a água para trás e ele, ao contrário, sentia que se apoiava em 11 
massas de água a sua frente, o que permitia o seu deslocamento. O ensinamento do mestre 12 
era infecundo, e o seu aluno o desrespeitou. Assim, surgia a aplicação da teoria do 13 
deslocamento em forma elíptica (o efeito Bernoulli). Spitz não só não obedeceu a seu 14 
professor como foi capaz de respeitar a sensibilidade do seu corpo na água. Por outro lado, 15 
Doc, como era conhecido o professor James Counsilman, apesar de técnico da maior 16 
equipe de natação do mundo na época, não só aprendeu com o fato como utilizou os 17 
conhecimentos de forma cientifica para melhorar o processo de ensino-aprendizagem da 18 
natação. Esse rico exemplo mostra que estimular e permitir um ambiente de diálogo, como 19 
sugere Freire46, é fundamental para o ensino e só foi possível toda a descoberta e mudança 20 
de rumo nas pesquisas científicas da natação, pois o processo de treinamento permitiu 21 
cumplicidade devido às horas e horas de convívio entre professor e aprendizi. 22 
Mas poderia se perguntar: então porque nem todos os atletas “aprendem” assim? 23 
Ou os seus técnicos não são bons professores, como deveriam? Freire46 nos diz: “(...)não 24 
temo dizer que inexiste validade no ensino de que não resulta um aprendizado em que o 25 
aprendiz não se tornou capaz de criar ou de refazer o ensinado, em que o ensinado que não 26 
25 
 
foi aprendido não pode ser realmente aprendido pelo aprendiz.” Queremos atletas críticos 1 
e reflexivos, para ativamente atuantes no processo de treinamento, e professores que 2 
permitam tais ações. Sujeitos instigadores, curiosos, criadores, persistentes e humildes. 3 
Assim, o treinamento não será somente rotina, repetição, ficando a esperança de que a 4 
busca do novo surpreenda nas disputas individuais e coletivas. Essa condição – que pode 5 
parecer absurda para alguns que preferem fugir aos olhos da realidade – permite a 6 
formação de um atleta que, antes de tentar copiar outro atleta já bem sucedido, 7 
vislumbrando altos salários e sucesso esportivo, aprenda primeiro a jogar e ser atleta 8 
profissional em uma sociedade mercantilizada. Ensinar o aluno sobre isso é prepará-lo, 9 
para se atleta for, não ser refém de estruturas que queiram explorá-lo, ou pior, não o 10 
prepare com competência. 11 
Por isso mesmo há necessidade de outro olhar, até mesmo outro paradigma, para 12 
permitir o conhecimento sobre o que é e o que representa o processo de treinamento, além 13 
das perspectivas do rendimento e da disputa com valores que desrespeitam o ser humano e 14 
a convivência democrática, servindo de contraponto àqueles que querem dificultar a 15 
socialização do conhecimento e àqueles os quais interessa um esporte47, e um treinamento 16 
corporal que reproduza as relações de produção mercantilista, canalizando as pessoas à 17 
atitudes consumistas. 18 
Considerações finais 19 
Pelo exposto é possível verificar não só a necessidade atual de uma ação didática 20 
por parte dos professores de educação física quanto ao aprendizado sobre os conteúdos do 21 
treinamento e treinamento esportivo, considerando a produção histórica deste 22 
conhecimento e os valores que eles representam em termos educativos da sociedade 23 
brasileira, principalmente neste momento que vivemos o ambiente dos Jogos Olímpicos. É 24 
uma proposta que se apresenta inédita não nos conceitos vistos em separado, mas na 25 
necessidade de reuni-los e aplicá-los na formação dos cidadãos, que com certeza em algum 26 
26 
 
momento terão sido alunos de um professor. Isto permitiria sugerir o conceito de 1 
treinamento corporal humano, mais abrangente do que treinamento esportivo, que estaria 2 
contido no primeiro. 3 
Não se preocupou aqui com propostas e apresentações de possíveis ações didáticas 4 
para o ensino desses conteúdos, mas sim com a apresentação de pressupostos que 5 
caracterizam o treinamento esportivo como conteúdo imprescindível nos planos de ensino 6 
dos professores da escola, e, além disso, ações pedagógicas que vão além da dimensão 7 
atitudinal por parte dos professores de escolinhas de esportes, pensando na reeducação não 8 
só dos alunos/atletas, mas abrangendo outras pessoas que convivam no meio esportivo. 9 
Por outro lado, não se abre mão de uma educação para a autonomia do cidadão, 10 
possibilitando, por meio do autoconhecimento e do saber, atitudes de escolha consciente. 11 
Os professores de educação física já atingiram essa maturidade pedagógica para possibilitar 12 
uma aprendizagem que permita ao aluno escolher as ações ligadas ao processo do 13 
treinamento. Parafraseando Sênecaj, não escolha as coisas que são elogiadas, pois essas 14 
podem não ser importantes, podendo até mesmo ser indesejadas, mas sim escolha as coisas 15 
que são desejáveis, e, portanto necessárias. O que é necessário além da aprendizagem das 16 
atividades corporais? O que representa o desempenho que se pode atingir por meio do 17 
treinamento? Como interpretar o desempenho dos atletas? Essas respostas poderão ser 18 
dadas pelo aluno que aprende o que é o treinamento corporal humano (treinamento 19 
esportivo). 20 
Com essa educação para a cidadania autônoma, haverá alunos que, por opção, não 21 
irão querer avançar além da etapa de aprendizagem do processo de treinamento. Por outro 22 
lado, outros podem querer chegar ao seu máximo, e para isso os professores deverão ser os 23 
seus guias. 24 
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Paz e Terra; 1996. 21 
47. Sérgio M. O desporto como prática filosófica. Diabril: Lisboa; 1977. 22 
 
a Treinamento esportivo também poderá ser denominado de treinamento corporal 
humano, considerando que nem sempre está relacionado somente para os esportes, mas, 
sempre é para os humanos e para sua educação corporal. 
b Processo, no latim procedere, é verbo que indica a ação de avançar, ir para frente 
(pro+cedere). É conjunto sequencial e peculiar de ações que objetivam atingir uma meta. 
31 
 
 
Envolve sucessão de estados ou de mudanças. http://pt.wikipedia.org/wiki/Processo. 
Acesso em 27/02/2015. 
c Educação crítica refere-se às tendências pedagógicas críticas, em diferenciação das 
chamadas tradicionais (Saviani, 2012). 
d Porém, nada justifica que essa evolução tenha que sacrificar o próprio ser humano, 
exigindo que, para “crescer”, exista a exploração e o domínio de uns sobre outros. Nada é 
por acaso e as relações evolutivas, seja em qualquer área de conhecimento, fazem-se pelas 
relações sociais entre os indivíduos. 
e Para detalhes e aprofundamento sobre o conceito de atleta sugere-se Krieger MCR. 
Alguns Conceitos para o Estudo do Direito Desportivo. Revista Brasileira de Direito 
Desportivo. 2002; 1:24-30. 
f A preparação dos atletas helênicos pode ser comparada, com as devidas correções 
tecnológicas, as preparações e princípios utilizados nas preparações atuais (Tubino, et al. 
2007). 
g Melhor se referir a eles como movimento corporal humano, para não perder o foco e a 
ideia de corpo que será apresentado neste texto. É comum, na visão cartesiana que se 
pretende separar, tratar o corpo como físico, no caso exercícios físicos, e mente, como se 
fosse possível fazer exercícios que não incluíssem os dois. 
h Ver diferença entre atleta e não atleta em Perez (2000). 
i Relato do professorJames Counsilman durante a 1ª Clínica Internacional de Natação do 
Projeto Mesbla de Natação (1985), promovida pela Confederação Brasileira de Desportos 
Aquáticos. 
j Filósofo e intelectual do Império Romano.

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