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TREINAMENTO ESPORTIVO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, e com a Educação a Distância presente em todo estado do Espírito Santo, e com polos distribuídos por todo o país. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Paulo Victor Mezzaroba Treinamento Esportivo/ MEZZAROBA, P.V - Multivix, 2020 Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2020 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE QUADROS Escala de percepção subjetiva de esforço 141 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS Diferentes práticas de exercícios físicos 12 Movimento cíclico de corrida 13 Uso de cronômetro nos treinamentos 14 Percentual de contribuição aeróbia e anaeróbia no fornecimento de energia durante um exercício de carga progressiva de corrida. 15 Exercício resistido de levantamento de peso 17 Anatomia cardíaca 19 Mensuração da pressão arterial 20 Transporte de oxigênio no sangue 21 Relação do treinamento físico com aspetos cognitivos e escolares 22 Componente tático em uma equipe de futebol 24 Diferenças biológicas entre crianças durante a maturação 28 Estímulos físicos gerais em crianças 29 Escala de 10 pontos de percepção de esforço 38 Percepção subjetiva de esforço da sessão em dois diferentes sujeitos 39 Zonas de treinamento com base em percentuais submáximos da frequência cardíaca 40 Uso de smartwatch para acompanhamento de uma sessão de treinamento 41 Aumento da ventilação durante um exercício intenso 43 Capacidade de realizar esforços intensos de uma atleta de 44 salto em distância 44 Escala de Borg para mensuração da percepção subjetiva de esforço 45 Controle da frequência cardiaca durante um exercício de corrida 47 Exercício resistido com controle externo com base em número de repetições 48 Pessoa sedentária iniciando a prática de exercícios físicos 50 Modelo de integração entre as cargas internas e externas de treinamento físico 50 Exaustão gerada pela acidose metabólica durante exercícios de cada pesada 52 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Treinamento de ativação anaeróbia com potência de saltos 53 DNA como componente genético da individualidade biológica 60 Experiências e práticas físicas de uma criança 61 Criança bailarina com alto nível de flexibilidade 62 Perfil de somatotipo endomorfo e ectomorfo 64 Ajuste corporal ao frio 65 Exercício com sobrecarga alta 68 Avaliação física de força muscular 69 Medidas antropométricas de uma avaliação física 70 Sobrecarga com anilhas em um exercício de supino na musculação 71 Desenvolvimento da força em um caminho que foca na intensidade 72 Movimento potente de um atacante no futebol 73 Compromisso frequente de exercícios físicos 75 Importância do momento de férias para atletas 76 Perda de resultados estéticos após a interrupção da prática de exercícios físicos 77 Vantagens relacionados ao histórico de treinamento físico 78 Sistema respiratório requisitado nas demandas de capacidade aeróbia 85 Uso do analisador de gases para detecção do consumo de oxigênio 88 Sensação de falta de ar durante exercício intenso 89 Caixa d’água representando a capacidade anaeróbia 90 Teste de Wingate em cicloergômetro 91 Comprometimento funcional ao longo do processo de envelhecimento 93 Estruturas do coração que podem ser modificadas com treinamento físico 94 Treinamento de potência com pliometria 96 Fadiga por alto número de repetições em exercícios resistidos 97 Hipertrofia muscular associada ao treinamento resistido 99 Dor muscular causada por eventos inflamatórios e miotraumas no treinamento físico 102 Representação de treinamento neuromuscular para melhora da coordenação 108 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Representação das adaptações respiratórias na pré-ativação 110 Recuperação após sessão de corrida 111 Planejamentos semanais dos microciclos 112 Microciclo com até três treinos diários (T), sessões complementares (TC), e de força (TF) 113 Distribuição de cargas altas (A), médias (M), baixas (B) e repouso (R) em um microciclo 114 Momento de competição com o auge das capacidades físicas 115 Momento de repouso necessário durante o macrociclo transitório 118 Planejamento anual das métricas de treinamento 119 Plano anual simples com um pico de rendimento 120 Plano anual duplo com dois picos de rendimento 122 Plano anual triplo com três picos de rendimento 124 Uso do termômetro para verificação da temperatura interna 130 Variações do clima que devem ser adaptados pelo organismo 131 Hidratação durante o exercício físico 133 Suor durante a prática de exercício físico 134 Cidade próxima à região montanhosa, propícia para realizar estratégias de treinamento em altitude 136 Simulação de treinamento em altitude com o uso de máscara de restrição de influxo respiratório 137 Corredor enfrentando condição chuvosa 140 Ambiente para execução do teste Yo-Yo 141 Uso do monitor cardíaco para as práticas físicas 142 Controle com alta validação científica para monitoramento cardíaco 144 Autocontrole na respiração 145 Espirometria em teste laboratorial de corrida em esteira 146 Resultados de consumo de oxigênio e gás carbônico durante teste de corrida 147 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO AO TREINAMENTO FÍSICO 11 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 11 1.1 TIPOS DE TREINAMENTO FÍSICO 11 1.2 FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO FÍSICO 22 2. APLICAÇÃO DO TREINAMENTO ESPORTIVO 34 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 34 2.1 VARIÁVEIS DE CONTROLE DO TREINAMENTO FÍSICO 34 2.2 VARIÁVEIS DE PRESCRIÇÃO E MONITORAMENTO 42 3. PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO FÍSICO 58 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 58 3.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO TREINAMENTO 59 3.2 PRINCÍPIOS AVANÇADOS DO TREINAMENTO 69 4.CAPACIDADES BIOMOTORAS 83 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 83 4.1 CAPACIDADES E POTÊNCIAS84 4.2 CAPACIDADES RESISTIDAS 92 5. PERIODIZAÇÃO 106 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 106 5.1 ESTRUTURAS MENORES DE PERIODIZAÇÃO 107 5.2 ESTRUTURAS MAIORES DE PERIODIZAÇÃO 118 6. AVALIAÇÕES E FATORES INFLUENCIADORES DO TREINAMENTO 128 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 128 6.1 FATORES INFLUENCIADORES 129 6.2 AVALIAÇÕES 138 1UNIDADE 2UNIDADE 3UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 4UNIDADE 9 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA UNIDADE 1 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO > Compreender a aplicabilidade prática dos diferentes tipos de treinamento físico. > Identificar as terminologias específicas da área de treinamento esportivo e as aplicações básicas do treinamento físico. > Relacionar objetivos da prática com os tipos mais adequados de treinamentos. > Diferenciar os perfis de treinamento em função da idade e do nível de treinamento. 11 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO 1 INTRODUÇÃO AO TREINAMENTO FÍSICO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Ajustes e adaptações internas são necessários para o organismo suportar al- terações nas demandas dos diversos sistemas. Sabemos que o coração acele- ra os batimentos como ajuste a uma atividade física e tal situação ocorre, pois os músculos ativos requisitam mais oxigênio, presente no sangue, para gerar energia mecânica durante as contrações musculares. No entanto, um organismo que é continuamente exposto a esse ajuste, como durante um treinamento físico, começa a buscar estratégias para sofrer me- nos impacto desse estresse cardíaco e vascular, adaptando-se estruturalmen- te, seja pelo aumento do miocárdio, seja pelo aumento da câmara cardíaca. E essa é a complexidade e o dever do treinamento físico do exercício: em es- sência, garantir que o caminho das intervenções físicas seja o mais adequado possível para cada objetivo traçado pelo professor de Educação Física, com- preendendo que cada tipo de estímulo externo gera uma resposta interna diferente, individual e com magnitudes variadas. Esta é uma disciplina extremamente aplicada, com alto vínculo à maioria das áreas aplicadas do curso de Educação Física, seja com as aplicações de fins performáticos, seja de melhora da saúde, e compreender os pontos que im- pactam e são impactados pelo treinamento físico é essencial. 1.1 TIPOS DE TREINAMENTO FÍSICO Ao pensarmos em todas as possibilidades de exercícios físicos e modalidades esportivas, deparamo-nos com um grande leque de opções, o que pode inti- midar o professor de Educação Física que não consegue se sentir preparado para tantas áreas de atuação e também confundir o potencial aluno acerca da modalidade que melhor se encaixa em seu perfil e objetivo. Observe a imagem a seguir: 12 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 DIFERENTES PRÁTICAS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: silhuetas em diferentes posições de exercícios. No entanto, desconsiderando aspectos técnicos e táticos específicos de cada atuação física, as respostas físicas podem ser facilmente agrupadas em pou- cos perfis de treinamento físico. Dessa maneira, é simples compreender as respostas orgânicas esperadas em cada tipo de estímulo e os objetivos que melhor podem ser desenvolvidos em curto e em longo prazo. Nesse tópico, serão abordados os principais agrupamentos de treinamento físico nos subtópicos expostos a seguir: 1.1.1 TREINAMENTO AERÓBICO O treinamento físico pode atender a uma enorme variedade de estímulos compatíveis com esportes coletivos, como futebol e basquetebol, outras para esportes individuais, como a natação e o ciclismo, e ainda estímulos exclusi- vos das modalidades resistidas, como a musculação e a ginástica funcional. De fato, é extremamente complexo tratar de cada uma dessas alternativas, pois o aprimoramento das capacidades físicas pode ocorrer com os mais di- versos tipos de estímulos. Entretanto, determinadas intervenções são espe- cializadas para o desenvolvimentos de algumas características específicas. Treinamentos aeróbios, por exemplo, possuem, em geral, características de movimentos cíclicos; são amplamente utilizados para o aprimoramento das potências e capacidades aeróbias e anaeróbias, como corridas para o aprimo- 13 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO ramento do consumo máximo de oxigênio ou até mesmo da capacidade de sprint (McARDLE et al., 2016), demonstrados pela imagem a seguir. MOVIMENTO CÍCLICO DE CORRIDA Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: sprint de um corredor. A característica cíclica se dá pela repetição de fases, com o movimento contínuo, normalmente característico de locomoção (andar, nadar, pedalar ou remar). Tais situações favorecem aspectos cardiovasculares centrais pela facilitação das bombas musculares no retorno venoso. Como a circulação sanguínea é facilitada, o aporte de oxigênio para os músculos durante esses exercícios é grande e, assim, o metabolismo aeróbio garante grande parte das demandas energéticas requisitadas (McARDLE et al., 2016). desenvolvimento das culturas. Os professores que atuam com modalidades aeróbias e cíclicas utilizam, com frequência, variáveis como o tempo e ou a velocidade para controlar as ações 14 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 que seus alunos estão realizando, por exemplo: correr 45 minutos a 12 km/h ou, ainda, realizar 10 séries de 100m de corrida para 15 segundos, com intervalo de 30 segundos entre elas. O cronômetro, mostrado na imagem seguinte, é um instrumento comum no pescoço de um professor dessas modalidades. USO DE CRONÔMETRO NOS TREINAMENTOS Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: mão segurando um cronômetro. Cada uma dessas ações tem um custo energético e desgaste orgânico espe- cíficos. Pense no cansaço, no desgaste, na falta de ar e em outras sensações que você apresenta quando: caminha por uma hora; corre intensamente por 100m; sobe 5 lances de escada; realiza movimentos explosivos, como saltos ou arremessos; e faz exercícios resistidos, como a musculação. Os exercícios aeróbios com característica cíclica são aqueles que permitem duração maior de permanência em esforço. Contudo, demandas maiores de esforço geram alteração nas capacidades de permanência em exercício, mantendo prioridades nas utilizações dos sistemas aeróbios. Pensando nessa lógica, uma corrida de 100m, muito intensa, com du- ração entre 10 e 15 segundos, pode ter maior ativação de metabolismos anaeróbios, como a creatina-fosfato. Uma prova de 200m crawl na na- tação, com tempo aproximado de 2 minutos, vai ter maior ativação da glicólise anaeróbia, e um corredor de rua de provas entre 10 e 20 km, ou maratona, vai ter forte ativação dos sistemas aeróbios, especialmente pela quebra dos lipídios (McARDLE et al., 2016). 15 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO No entanto, nosso corpo é essencialmente aeróbio e essas alterações de intensidade nos exercícios cíclicos não desregulam a manuten- ção da predominância aeróbia. Para interpretar o gráfico seguinte, con- sidere que a coluna equivale ao percentual gasto de energia; já a linha equivale à velocidade (Km/h): PERCENTUAL DE CONTRIBUIÇÃO AERÓBIA E ANAERÓBIA NO FORNECIMENTO DE ENERGIA DURANTE UM EXERCÍCIODE CARGA PROGRESSIVA DE CORRIDA. Velocidade (km/h) Aeróbico Glicolítico Limiar Aeróbico Limiar Anaeróbico Limiar Anaeróbico Pe rc en tu al d e en er gi a (% ) 100 80 60 40 20 0 6 8 10 12 14 16 18 Fonte: Adaptado de Bertuzzi et al. (2013). #pratodosverem: Gráfico mostrando que, durante o aumento da intensidade de esforço, a quantidade de energia derivada dos metabolismos aeróbios é maior. O gráfico reforça que mesmo durante o aumento da intensidade de esfor- ço, a quantidade de energia derivada dos metabolismos aeróbios é maior, no entanto, o aumento da dependência dos metabolismos anaeróbios gera complicações, como a alternação do pH celular, que comprometem a permanência do esforço. 16 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1.1.2 TREINAMENTO RESISTIDO Se o treinamento aeróbio costuma apresentar características cíclicas, no trei- namento resistido há a quebra do movimento com ações de frenagem. Um agachamento, como o ilustrado pela figura a seguir, apresenta as fases de flexão do quadril e dos joelhos e a extensão dessas articulações, ou seja, em um momento, o movimento cessa e há o retorno na direção oposta (FLECK; KRAEMER, 2017). Movimento de agachamento representando o treinamento resistido Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: mulher fazendo exercício de agachamento na academia. Tal ação causa pequenas compressões teciduais que ocorrem entre as fases excêntricas e concêntricas do movimento e geram uma pequena oclusão dos vasos sanguíneos, restringindo, assim, o fluxo de sangue e, consequentemente, o volume de oxigênio ao músculo. Distribuição de sangue via sistema cardiovascular Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: imagem demonstrando a anatomia do coração e dos vasos sanguíneos. Para suprir as demandas energéticas durante os exercícios, o corpo precisa se utilizar de estratégias específicas, criando um refluxo sanguíneo direcionado à região de músculos ativos, gerado por alterações periféricas e temporárias dos vasos sanguíneos, induzidas pela vasodilatação (FLECK; KRAEMER, 2017). 17 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Devido ao aumento da frequência cardíaca induzido pelo exercício físico, há uma elevação do fluxo sanguíneo e do estresse de cisalhamento na parede dos vasos, sobretudo no local em que ocorrem as pequenas oclusões vasculares, estimulando, desse modo, a produção de um potente vasodilatador pelas células endoteliais locais, o óxido nítrico. Em função disso, algumas características de praticantes de modalidades com esse perfil são evidentes, por exemplo, as respostas vasculares mais dependentes de alterações periféricas do que centrais acarretam maior aparência da vasodilatação dos capilares sanguíneos periféricos (FLECK; KRAEMER, 2017). Algumas modalidades se utilizam amplamente de exercícios com caracte- rísticas tipicamente acíclicas, como os treinamentos resistidos ou de força, musculação, treinos funcionais ou levantamento de peso. Esses são alguns dos exemplos de estímulos que geram respostas relacionadas ao aumen- to de força e potência muscular, resistência muscular localizada e também hipertrofia muscular. EXERCÍCIO RESISTIDO DE LEVANTAMENTO DE PESO Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: imagem demonstrando a execução de um levantamento de peso. 18 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Todas essas variáveis treináveis podem ser utilizadas de forma direta e indi- reta para obtenção de objetivos distintos, como melhora na velocidade, agili- dade, equilíbrio, coordenação, saltos, flexibilidade, emagrecimento, economia de movimento, entre outros. Outro ponto interessante é pensar na progressão da carga e no volume de treino, destacando que, quando se trata de força, o volume deve comandar grande parte dessa equação. Pense naqueles treinos em que o professor exi- ge que o aluno faça alguma série até a fadiga e tente entender como essa requisição é um absurdo no raciocínio explicitado a seguir. A fadiga pode ocorrer em 1 ou 100 repetições do movimento e vai depender exclusivamente da carga utilizada na execução do movimento. Todavia, a representação de uma falha para uma repetição é completamente diferente do que para 100. Assim, os treinos mais lógicos e assertivos devem determinar a quantidade de repetições máximas desejadas ou até mesmo a zona de repetições (FLECK; KRAEMER, 2017). 1.1.3 TREINAMENTO CONCORRENTE É interessante pensar que, ao contrário do que ocorre em exercícios aeróbios, em que o grande volume de sangue liberado pelo coração auxilia no direcio- namento de componentes dos metabolismos energéticos musculares, nos exercícios resistidos esses componentes precisam chegar rapidamente, ven- cendo as restrições vasculares para isso. Por conta disso, a manipulação de carga e de volume gera adaptações cardio- vasculares específicas nos sujeitos treinados aerobiamente. Como nos mostra a imagem a seguir, nota-se um aumento das câmaras cardíacas e, conse- quentemente, do volume de ejeção, fazendo com que o coração possa redu- zir a frequência de batimentos e manter o débito cardíaco. 19 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO ANATOMIA CARDÍACA Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: imagem mostrando as estruturas e as câmaras cardíacas. Já para sujeitos treinados em exercícios resistidos, o coração adapta-se com uma hipertrofia funcional do miocárdio, aumentando-se o tamanho, o peso e a espessura das paredes cardíacas (FLECK; KRAEMER, 2017). Tal situação não afeta exclusivamente os fatores centrais, uma vez que, com uma ejeção mais potente de sangue, haverá maior turbilhonamento do san- gue e estímulos acentuados para síntese de óxido nítrico, gerando ajustes pe- riféricos pontuais no direcionamento de sangue para os músculos-alvo, devi- do à vasodilatação, impedindo o aumento abrupto da pressão arterial. 20 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 MENSURAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: homem tendo a pressão arterial aferida por profissional da Saúde. Essa junção de benefícios gera destaque para o treinamento concorrente, haja vista que o sujeito exposto aos estímulos variados, no mesmo dia ou em dias alternados, pode garantir respostas amplas e acopladas que esse perfil de treinamento pode gerar. Respostas de emagrecimento e de aumento nas capacidades físicas dos exercícios aeróbios chamam muito a atenção de professores e de praticantes para o treinamento concorrente. Como exemplo para o uso do treinamento concorrente, um maratonista não utilizará os mesmos percentuais de ativação de sistemas energéticos, tipagem de fibras musculares e gestos motores requeridos em uma sala de musculação. Entretanto, os benefícios do aumento de força e potência, especialmente na maior rigidez do músculo e tendão, podem criar uma força elástica que reduz a demanda energética durante cada passada na corrida, o que torna o corredor mais econômico e, consequentemente, mais eficiente (McARDLE et al., 2016). 21 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Corredores mais eficientes e econômicos apresentam menor consumo de oxigênio em mesmas intensidades, aumentando a eficiência de transporte de oxigênio, sendo que a inclusão de treinamentos pouco específicos à mo- dalidade, como treinamento de saltos e treinamento de força em alta intensi- dade, podem ser recomendados para esse fim. TRANSPORTE DE OXIGÊNIO NO SANGUE Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: representaçãode uma hemácia carreando uma molécula de oxigênio. Todavia, ao se acoplarem diferentes estímulos, também é preciso maior aten- ção aos efeitos gerados no corpo humano. Sobrecargas orgânicas ou ainda o desalinhamento entre os tipos de treinamento acerca dos melhores cami- nhos para gerar respostas de aumento de força ou potência muscular podem evidenciar alguns problemas acerca do uso indiscriminado do treinamento concorrente, principalmente quando diferentes profissionais são responsá- veis por cada sessão ou perfil de trabalho. 22 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1.2 FUNDAMENTOS DO TREINAMENTO FÍSICO Sabendo que diferentes tipos de treinamento físico são utilizados nas rotinas de profissionais de Educação Física, é de extrema relevância compreender os principais motivos e objetivos que fazem as pessoas buscarem um ambiente de estímulos para esse fim. De fato, a melhoria das capacidades físicas faz parte do motivo mais óbvio, mas, cada vez mais, destacam-se melhorias nos aspectos psicológicos, cog- nitivos, sociais, além de fatores intimamente ligados à qualidade de vida e à saúde global de um indivíduo. RELAÇÃO DO TREINAMENTO FÍSICO COM ASPETOS COGNITIVOS E ESCOLARES Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: professora conversando com um jovem estudante. Atualmente, o campo que aplica os conhecimentos do treinamento físico abrange uma grande quantidade de informações de diversas áreas e até mesmo profissões. Assim, não é incomum vermos o envolvimento de nutri- cionistas, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, entre outros, em um ambiente de treinamento de alto nível e também em rotinas de pessoas que buscam meramente se tornarem fisicamente ativas. Os próximos tópicos abordarão os componentes do treinamento físico. Acompanhe! 23 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO 1.2.1 COMPONENTES DO TREINAMENTO FÍSICO São diversos os componentes presentes em um treinamento físico, que, jun- tos, auxiliam no aumento da capacidade e na habilidade de o sujeito treinado realizar performances melhores. Componente físico Responsável pelo desenvolvimento de todas as capacidades biomotoras, como força ou resistência. Componente técnico Responsável pela melhoria nas habilidades específicas da modalidade praticada. Componente tático Responsável pela capacidade cognitiva na prática, desenvolvendo estratégias de melhoria da performance. O principal componente de um treinamento esportivo e físico é a própria pre- paração física, com o desenvolvimento progressivo das capacidades biomo- toras de interesse para o objetivo do indivíduo ou da modalidade. Seja para aumentar força, potência ou resistência muscular, capacidades ou potências aeróbias e anaeróbias, o treinamento físico busca gerar melhorias progressi- vas e continuadas em quem recebe os estímulos (ROSCHEL et al., 2011). O componente físico valida grande parte das respostas desejadas em uma rotina de treinamento, mas não é o único aspecto a ser considerado na me- lhora da performance humana nas diversas modalidades de interesse. Outro componente relevante é o técnico, que busca aprimorar as habilidades e a execução dos movimentos, muitas vezes tornando-os mais eficientes, facili- tando, por conseguinte, os componentes físicos. 24 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Apesar de ser um componente continuamente trabalhado, a grande maioria das melhoras funcionais em performance obtidas nas primeiras semanas do início de um treinamento físico ocorrem em função das adaptações neurais, que, efetivamente, garantem melhor coordenação para execução do movi- mento. Por exemplo, os treinos de pliometria são um grande desafio para ini- ciantes, devido à grande exigência coordenativa e à demanda neural, e, com o passar do tempo, saltar caixotes passa a ser mais possível. O componente técnico é evidenciado na troca de modalidades, em que su- jeitos muito bem preparados fisicamente não necessariamente mantêm a qualidade performática sob outras condições técnicas. É bastante perceptível essas alterações em modalidades aquáticas, tendo em vista que há grande al- teração na técnica de locomoção e, nesse caso, grandes esforços podem não recompensar altas velocidades de deslocamento. Por fim, o componente tático perfaz os fatores relacionados às estratégias dos movimentos e das ações de cada modalidade. Tal componente é amplamen- te citado em modalidades coletivas, como o futebol, quando se trata da mo- vimentação das posições, jogadas ensaiadas, posicionamento dos jogadores e comportamento coletivo, de grupos ou individual. COMPONENTE TÁTICO EM UMA EQUIPE DE FUTEBOL Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: quadro com representação de um campo de futebol com jogadas ensaiadas. 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Porém há grande dependência do componente tático em modalidades com- petitivas individuais e, apesar de demandar menos tempo de preparo em comparação às modalidades coletivas, também gera efeito significativo no rendimento físico final. Na corrida, é comum ouvir a palavra pace para qua- lificar o ritmo imposto em cada quilômetro ou etapa de um percurso, e esse ritmo pode ser uma estratégia individual em que, para cada distância, um atleta opta por manter velocidades maiores no começo, no meio ou no fim da prova. Somada a esses componentes, a periodização ou o planejamento do treina- mento indica os caminhos mais adequados para desenvolver, progressiva- mente, os aspectos mais globais e básicos, importantes no começo de um treinamento físico para gerar base sólida das capacidades orgânicas, até as demandas mais específicas, que usualmente dispõem o sujeito no momento de pico de rendimento, que pode ser o calendário de uma competição ou, ainda, o fim de período de treinamento. É justamente nesse calendário que os componentes somam-se para gerar resultados compatíveis com os objetivos desejados inicialmente, adicionan- do também os componentes externos à Educação Física, como a nutrição e a fisioterapia, que vão acompanhando, de forma aliada, toda a mudança de demanda ou de necessidades dos indivíduos ativos. 1.2.2 DIFERENTES IDADES DE TREINAMENTO O treinamento desportivo, com o intuito de aprimoramento da performance, ganha cada vez mais espaço no cenário mundial, com exigências de respos- tas efetivas e rápidas dos atletas que se submetem aos programas de treina- mento, rigorosidade do seu controle e prescrição, além do entendimento das respostas fisiológicas do organismo ao esforço físico. Isso acontece, cada vez mais, em idades precoces. No entanto, em relação às variáveis e às adaptações fisiológicas decorrentes da exposição ao treinamento sistematizado, não são muitos os estudos que utilizam a população de crianças e de adolescentes como sujeitos, devido aos empecilhos éticos ou à própria falta de referências específicas para tanto, fa- zendo com que, na prática, possivelmente muitos alunos e pequenos atletas sejam tratados como “miniadultos”. 26 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 De fato, sabe-se que as respostas de crianças e de adolescentes à sobre- carga física e aos aspectos e às demandas fisiológicas são diferentes da- quelas observadas em sujeitos mais velhos. Pensando nisso, sempre deve ser ponderada a grande influência dos processos de maturação, de cres- cimento e de desenvolvimento físico na população de crianças e de ado- lescentes durante a avaliação da evolução do desempenho motor e da prescrição de treinamento (BOHME, 2003). Mesmo sem efeitos do treinamento, essas crianças tendem a melhorar va- riáveis relacionadasao treinamento físico, e a potencialização desses efeitos pode ser percebida pela inserção da prática de exercícios físicos. O gráfico, a seguir, demonstra mudanças naturais em variáveis biomotoras, como resistência, força, velocidade e flexibilidade com o passar das idades cronológicas, sob a influência de aspectos maturacionais. Mudanças em variáveis biomotoras com o passar da vida, sem a influência externa do exercício físico Fonte: adaptado de McArdle et al. (2011). #pratodosverem: na figura, um gráfico demonstra as mudanças que variáveis biomotoras, como resistência, força, velocidade e flexibilidade, apresentam com o passar das idades cronológicas. Notam-se as alterações com a maturação e com o envelhecimento: a força aumenta, gradativamente, com o transcorrer da puberdade até atingir o pico na idade adulta, enquanto a flexibilidade reduz, drasticamente, desde o nascimento até as idades mais avançadas. Estágios da vida Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: na figura, há a representação de diversas fases da vida de um homem, do bebê ao idoso. 27 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Assim, nem sempre é simples a diferenciação dos efeitos decorrentes dos pro- cessos de crescimento e de maturação; de fatores ambientais, como a respos- ta ao treinamento sistematizado, visto que os efeitos dos processos naturais e inerentes a esse período da vida podem mascarar ou serem maiores do que os efeitos da exposição ao ambiente. A identificação e a compreensão das mudanças internas decorrentes, única e exclusivamente, do processo matu- racional e a determinação da idade biológica individual permitem e facilitam quantificar a magnitude e o impacto dos efeitos desse processo nas várias etapas fisiológicas (BOHME, 2003). Tendo em vista esses conceitos, crianças e adolescentes necessitam de parâ- metros viáveis para suas peculiaridades, destinados ao controle das variáveis de treinamento, podendo evitar um supertreinamento ou uma estagnação de desempenho do jovem atleta ou da criança inserida no contexto esportivo e do exercício físico. Além disso, em um grupo de crianças e de adolescentes de mesma idade cronológica é possível encontrar sujeitos de diferentes níveis maturacionais (pré-púberes, púberes e pós-púberes), ou seja, a variabilidade entre idade cro- nológica e maturação biológica pode ser grande. A divisão de categorias competitivas e de grupos de treinamento é fei- ta pela análise da idade cronológica, que é uma avaliação que não conse- gue justificar o estágio maturacional em que crianças e adolescentes se encontram. Então, isso pode criar problemas na identificação de talentos esportivos já que, certamente, não seria possível identificar sujeitos com diferentes níveis de maturação. Maturação Processo evolutivo que engloba um conjunto de mudanças biológicas que ocorrem de forma sequencial e ordenada e levam o indivíduo a atingir o estado adulto. (McARDLE et al., 2016) Variação individual Processo que pode variar no seu ritmo e grau, independentemente de raça, sexo e ambiente. 28 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Efeito da variação Algumas crianças podem apresentar velocidade de maturação mais acelerada do que outras (precoce) ou mais lenta (tardia); porém, com a mesma ordem sequencial para cada sexo. Os fatores relacionados aos processos biológicos dificultam ainda mais o entendimento de quais respostas são exclusivamente advindas de fatores ambientais, como o treinamento sistematizado, e quais são resultantes do processo de crescimento e de maturação, já que, por exemplo, maturadores precoces podem apresentar uma melhor predisposição ao treinamento e à melhora do rendimento do que sujeitos de mesma idade cronológica e com maturação normal ou tardia, além da diferença evidente nos componentes físicos entre sexos a partir da puberdade. DIFERENÇAS BIOLÓGICAS ENTRE CRIANÇAS DURANTE A MATURAÇÃO Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: duas crianças, um menino e uma menina, de tamanhos diferentes. 29 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Olhando o outro lado da moeda, durante o envelhecimento também há uma série de eventos que devem ser considerados. À medida que há uma invo- lução de diversas capacidades físicas, também é possível frear essa situação com adaptações relacionadas ao treinamento físico. De fato, o treinamento físico deve sempre considerar o indivíduo que está envolvido para gerar as adaptações mais apropriadas em cada fase da vida. 1.2.2 DIFERENTES NÍVEIS DE TREINAMENTO Este tópico possui uma forte ligação com o anterior, uma vez que a evolução dos níveis de treinamento físico está intimamente interligada à capacidade de tolerar o estresse físico e as cargas de treino. Sobretudo nas idades preco- ces, o perfil da grande maioria dos treinamentos de alto rendimento não é compatível com a estrutura biológica das crianças. Apesar de algumas modalidades apresentarem peculiaridades, espera-se que crianças mais novas, até por volta dos 6 anos, ainda estejam em uma for- mação esportiva geral, focada especialmente nos estímulos corretos para o desenvolvimento motor (ROSCHEL et al., 2011). ESTÍMULOS FÍSICOS GERAIS EM CRIANÇAS Fonte: Plataforma Deduca (2023). #pratodosverem: crianças brincando em ambiente de prática esportiva. 30 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A iniciação esportiva pode ser introduzida na sequência, mas ainda focada em aprendizagens múltiplas e no desenvolvimento das habilidades motoras, com programas de treinamento de baixa intensidade e com foco em ludici- dade. Somente a partir dos 11 anos de idade, há o fluxo de formação atlética com aumentos progressivos dos componentes físicos, técnicos e táticos, até que se chegue ao treinamento especializado e, já próximo à idade adulta, o potencial alto desempenho. Essas etapas são extremamente importantes, pois a janela entre o início de práticas desportivas, possíveis especializações e eventuais demonstrações de alta performance é grande, compreendendo diversas idades e períodos ma- turacionais. Em essência, poucos que iniciaram práticas desportivas chegarão ao alto desempenho, mas todos que chegam ao alto desempenho precisam dessa formação inicial ampla e progressiva. Pensando em um planejamento de longo prazo e na evolução dos níveis de trabalho, para qualquer idade de trabalho, mas especialmente nos sujeitos mais novos e nos mais velhos, há necessidade de, progressivamente, alterar-se para mais o número de sessões, horas de treino, a carga de treino composta pelo volume e pela intensidade de trabalho e também a frequência a que o sujeito é exposto a competições se o objetivo for aprimorar- se em aspectos competitivos (BOHME, 2003). desenvolvimento das culturas. Sujeitos destreinados, fisicamente ativos, muito ativos e atléticos apresentam grandes diferenças entre si nas capacidades de tolerar as demandas de um treinamento físico e, por isso, o nível do indivíduo deve ser uma baliza impor- tante no direcionamento dos objetivos, da amplitude e da densidade de res- postas esperadas em determinado período de tempo. 31 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO CONCLUSÃO Esta unidade objetivou apresentar termos, componentes e fundamentos do treinamento físico. Cabe ao professor de Educação Física ser um grande co- nhecedor do corpo humano e dos efeitos que os estímulos físicos geram não somente para maximizar os efeitos do treinamento mas para garantir a inte- gridade de todo sujeito que ingressa em uma rotina sistematizada de esfor- ços físicos. Isso abrange desde aqueles sedentários,que pretendem começar a prática regular de atividades físicas, os praticantes recreacionais e com bas- tante atenção, aos atletas que dedicam grande parte das horas do dia para o treinamento físico. Tais observações destacam que tanto quanto ser um bom conhecedor do exercício físico, o professor de Educação Física também deve entender os eventos que ocorrem durante a maturação e o envelhecimento para propiciar as melhores práticas em cada fase da vida. Este é um conteúdo de alta aplicabilidade na atuação profissional e, com a continuidade de seus estudos, será possível abarcar as principais práticas para os mais diversos objetivos e modalidades trabalhadas na Educação Física. 32 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 MATERIAL COMPLEMENTAR BOHME, M. T. S. Relações entre aptidão física, esporte e treinamento esportivo. Revista Brasileira de Ciências e Movimento, [s. l.], v. 11, n. 3, p. 97-104, 2003. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbcm/article/ view/517. Acesso em: 23 mar. 2023. CHANDLER, T. J.; BROWN, L. E. Treinamento de força para o desempenho humano. Porto Alegre: Grupo A, 2009. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca. com.br/reader/books/9788536319353/pageid/0. Acesso em: 23 mar. 2023. FLECK, S. J.; KRAEMER, W. J. Fundamentos do treina- mento de força muscular. Porto Alegre: Artmed, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com. br/reader/books/9788582713907/pageid/0. Acesso em: 23 mar. 2023. MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Dispo- nível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788520461815/recent. Acesso em: 23 mar. 2023. ROSCHEL, H.; TRICOLI, V.; UGRINOWITSCH, C. Treina- mento físico: considerações práticas e científicas. Revis- ta Brasileira de Educação Física e Esporte, [s. l.], v. 25 (spe), p. 53-65, 2011. Disponível em:; https://www.scielo. br/j/rbefe/a/PmjBpDkZrRcMvzBfGX45Y6t/. Acesso em: 23 mar. 2023. https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbcm/article/view/517 https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbcm/article/view/517 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788536319353/pageid/0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788536319353/pageid/0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788582713907/pageid/0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788582713907/pageid/0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520461815/recent https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520461815/recent https://www.scielo.br/j/rbefe/a/PmjBpDkZrRcMvzBfGX45Y6t/ https://www.scielo.br/j/rbefe/a/PmjBpDkZrRcMvzBfGX45Y6t/ UNIDADE 2 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 33 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO > Compreender a diferença entre monitoramento, prescrição e controle das cargas de treino. > Identificar os principais métodos para os níveis adequados de carga do treinamento físico. > Compreender os efeitos cumulativos das cargas de treino diárias. > Analisar as principais variáveis utilizadas para aplicação do treinamento físico. 34 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO 2. APLICAÇÃO DO TREINAMENTO ESPORTIVO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Em uma disciplina como Treinamento Físico, o aluno de educação física con- solida todos as disciplinas que progressivamente foram vistas até então no curso. Isso fica evidente nesta unidade, em que abordaremos diferentes vari- áveis para monitoramento, prescrição e controle do treinamento físico. Cada modalidade esportiva explicita diferentes variáveis externas, como ve- locidade média para o ciclista ou cargas em quilos para o halterofilista; no entanto, a compreensão de como extrair informações relevantes dos dife- rentes sistemas orgânicos afetados pelos exercícios físicos é universal. Por exemplo, saber que a frequência cardíaca aumenta progressivamente com a sobrecarga externa é ponto-chave para utilizar essa variável interna como recurso para o treinamento físico. Ademais, ter noção de que a frequência respiratória responde às diferentes demandas energéticas do esforço físico pode facilitar a percepção do professor em relação a cada aluno que esteja executando exercícios. Tais variáveis ajudam na prescrição de exercícios e no monitoramento das sessões de treinamento para as diferentes possibilidades de exercícios, seja para melhorias em treinamentos resistidos, seja para treinamentos aeróbios. Aproveite este momento para relembrar das aulas de educação física e trei- namentos físicos que já teve durante a vida e verificar se algum dos conceitos já foram aplicados em você. Bons estudos! 2.1 VARIÁVEIS DE CONTROLE DO TREINAMENTO FÍSICO O treinamento físico sistematizado com acompanhamento de um professor de educação física deve garantir respostas individualizadas e que assegurem efeitos continuados com base na acoplagem de diversos estímulos sequen- ciais em diferentes dias, semanas e meses (GOMES, 2011). 35 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para garantir os melhores resultados em longo prazo no treinamento físico, três principais momentos de atuação do professor de educação física devem ser garantidos: o momento futuro, que representa a prescrição de treino, em que o professor deve pensar no que será realizado de maneira antecipada; o momento presente, que representa o monitoramento, com o acompanhamento em tempo real da efetividade do que foi prescrito; e, por fim, o tempo passado, que indica todos os somatórios de estresses que as prescrições causaram. . Em essência, não há professor efetivo que consiga atuar somente durante a carga horária de uma sessão de treinamento, pois o tempo dedicado na mon- tagem do treinamento e na compreensão do estresse acumulado em deter- minados períodos de acompanhamento de treinamento são tão importantes quanto o próprio treino. 2.1.1 CARGA DE TREINO Uma das variáveis que devem ser controladas de forma continuada e precisa é a carga de treino, responsável por determinar o volume de estresse físico específico e orgânico global, além das adaptações dos diversos sistemas cor- porais, em especial no tecido muscular (BOHME, 2003). É consensual a grande relevância da determinação e do monitoramento das cargas de treino para a compreensão do status de treinamento individual, assegurando, por um lado, o efeito do estímulo físico. Atleta após uma sessão de treino Fonte: Deduca (2023). #pratodosverem: nadador feliz após uma sessão de treino. 36 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Também é um ótimo balanço entre o tempo e a qualidade das transições de repouso ao esforço, e esforço ao repouso, resultando em uma adequada recuperação para cada fonte de estímulo e estresse físico. Tempo de descanso para dosar a carga ideal de treino Fonte: Deduca (2023). #pratodosverem: relógio indicando o período de relaxamento. A carga de treino é usualmente determinada pela relação entre intensidade e duração de cada sessão, além do efeito cumulativo de sessões de treinamen- to físico, podendo ser quantificada por diferentes métodos que determinam a quantidade de estresse físico em impulsos de treino (TRIMPs). TRIMPs Do inglês, Training impulses, são os métodos que determinam a quantidade de estresse físico em impulsos de treino. Método de Edwards TRIMP baseado no somatório do tempo de permanência em cada uma das cinco zonas de intensidade da frequência cardíaca (EDWARDS, 1993). Método de PSE-sessão TRIMP baseado na relação entre a percepçãosubjetiva de esforço da sessão e o seu tempo de duração (TIBANA et al., 2017). 37 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A prescrição e o monitoramento são fundamentais para gerar cargas adequa- das para cada capacidade física que se pretende treinar; porém, é o controle que gera percepção completa de como um corpo está suportando todo o impacto do treinamento físico. Isso acontece, pois sabemos que um único estímulo intenso não é o suficiente para gerar uma sessão completa intensa; além disso, a acoplagem de estresse de diferentes dias também deve ser considerada. Não é incomum que sujei- tos ativos reportem percepções mais intensas na sexta-feira em comparação à segunda-feira, após um período de recuperação passiva do final de semana, mesmo que faça sessões de treinamento idênticas nos dois dias. 2.1.2 PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO DA SESSÃO Um dos protocolos para determinação da carga de treino é a Percepção Subjetiva de Esforço da sessão (PSE-sessão), em que os sujeitos devem res- ponder após 30 minutos do término da sessão de treinamento: “Como foi o treino?”, apontando em uma escala de 0 a 10 o descritor que melhor re- presenta a sensação obtida. Além disso, é necessário registrar o tempo da sessão em minutos. Os 30 minutos de aguardo para realizar a pergunta deve-se à tentativa de reportar a sensação da sessão como um todo, e não somente dos últimos es- forços feitos, que, se muito intensos, irão superestimar os valores obtidos e, se muito leves, subestimá-los. A imagem seguinte mostra a escala de 10 pontos de percepção do esforço, modelo utilizado por Tibana (2017). 38 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO ESCALA DE 10 PONTOS DE PERCEPÇÃO DE ESFORÇO Classifi cação Descrição 0 Repouso 1 Muito, Muito fácil 2 Fácil 3 Moderado 4 Um Pouco Difícil 5 Difícil 6 - 7 Muito Difícil 8 - 9 - 10 Máximo Fonte: adaptado de Tibana (2017). #pratodosverem: classificação de 0 a 10 para descritores entre repouso e esforços máximos. Um ponto interessante para testar a habilidade do técnico e do professor, é realizar a comparação do descritor pretendido pelo descritor sentido pelos atletas e pelos alunos. Nesse caso, destaca-se a dificuldade de gerar estímulos em conjunto que acoplem-se de uma maneira previsível; motivo pelo qual é mais simples detectar o passado para ajustar o futuro. A PSE-sessão consiste no produto entre o tempo da sessão em minutos e o descritor reportado pelo sujeito após os 30 minutos, resultando em uma variável que não possui unidade de medida padrão, sendo conhecida como unidade arbitrária (UA). Com base nesses dados, é possível extrair quão monótonos estão os estímulos, variável que representa bem a variação ou a falta dela, nos estímulos previstos no treinamento, gerando treino com a mesma percepção continuamente; fa- tor que aumenta drasticamente o estresse percebido. A figura a seguir representa dados reais do estudo de Tibana et al. (2017) em que o sujeito A apresenta mais tendências de monotonia (representado pela linha) mesmo que o sujeito B apresente maiores carga de treinamento (re- presentado pelas barras). 39 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO DA SESSÃO EM DOIS DIFERENTES SUJEITOS Fonte: adaptado de Tibana (2017). #pratodosverem: gráficos com a variação da carga de treino medida em unidades arbitrárias e monotonia de duas pessoas. Todas essas variáveis devem estar amplamente inseridas em um contexto de treinamento adequado, regido por princípios científicos e métodos confiáveis, pensando que um sujeito por estar tendo estresse por altas cargas ou, ainda, por alta monotonia. 2.1.3 MÉTODO DE EDWARD Sabemos que a relação entre o esforço físico e a frequência cardíaca é direta e extremamente proporcional. Desse modo, é possível estabelecer que, quanto maior for o tempo em que um sujeito permanece em exercício com frequên- cia cardíaca elevada, maior também foi a carga de treino daquele momento. 40 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Aproveitando a relação entre essa variável fisiológica e a capacidade de exe- cutar performances físicas, outro método para determinação da carga de trei- no foi desenvolvido, baseando-se em zonas de intensidades progressivas na medida em que há aproximação aos valores máximos de frequência cardíaca. As cinco zonas de frequência cardíacas são exemplificadas na imagem a se- guir e descritas como: MUITO LEVE, quando a frequência cardíaca estiver en- tre 50 e 60% da máxima; LEVE, para 60 a 70%; MODERADA, entre 70 e 80%; DIFÍCIL, entre 80 e 90%; e MÁXIMA, quando a frequência cardíaca se aproxima dos 100% da máxima (MCARDLE et al., 2016). ZONAS DE TREINAMENTO COM BASE EM PERCENTUAIS SUBMÁXIMOS DA FREQUÊNCIA CARDÍACA ESFORÇO EFEITO MÁXIMA 90 -100% DIFÍCIL 80 - 90% MODERADO 70 - 80% LEVE 60-70% MUITO LEVE 50-60% DESENVOLVE O MÁXIMO DESEMPENHO E VELOCIDADE AUMENTA A CAPACIDADE DE DESEMPENHO MÁXIMO MELHORA A CAPACIDADE AERÓBICA MELHORA A QUEIMA DE RESISTÊNCIA E GORDURA BÁSICA MELHORA A SAÚDE E AJUDA NA RECUPERAÇÃO Fonte: adaptado de McArdle et al. (2016) #pratodosverem: imagem com classificação de esforços progressivos entre domínios muito leves e máximos de esforço. Cada zona representa um treinamento com um objetivo específico, por exem- plo, treinamentos regenerativos com foco em recuperação estarão mais pró- ximos da zona um, e treinamentos intervalados de alta intensidade apresen- tarão picos de estímulos na zona cinco. Uma sessão completa de treinamento físico é composta por um volume determinado em cada uma das cinco zonas. Sabendo disso, e pensando no contexto de volume e de intensidade, surgiu o método de Edwards, e que é necessário saber o volume de tempo, em minu- tos, que o aluno permaneceu em cada uma das zonas de intensidade e, em seguida, multiplicar pelo fator de correção de intensidade, sendo compatível com o número da zona. 41 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Se um aluno permaneceu durante 10 minutos na zona 1 (10 × 1 = 10 UA), e dois minutos na zona 5 (2 × 5 = 10 UA), esta sessão de 20 minutos de treinamento apresentou carga de treino total de 20 UA. Na prática, percebemos que treinos mais intensos geram maiores cargas de treino para mesmos volumes ou, ainda, que é possível atingir a mesma carga de treino com um volume consideravelmente menor. Esse método de controle da carga de treino tem se tornado bastante usual e presente nas rotinas de treinamento físico por conta da popularização dos equipamentos de mensuração da frequência cardíaca, que, anos atrás, eram equipamentos laboratoriais de alta complexidade e preço. USO DE SMARTWATCH PARA ACOMPANHAMENTO DE UMA SESSÃO DE TREINAMENTO Fonte: Pexels (2023). #pratodosverem: mulher utilizando um smartwatch durante uma sessão de treino. 42 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Os monitores cardíacos, e especialmente os smartwatches, apresentam tecnologia cada vez mais precisa e de custo acessível, possibilitando que professores de educação física e praticantes compreendam o funciona- mento do corpo durante o treinamento físico, por meio das variações da frequência cardíaca. 2.2 VARIÁVEIS DE PRESCRIÇÃO E MONITORAMENTO Se controlar diz respeito ao passado, prescrever e monitorar um treinamento físico diz respeito aos tempos verbais futuro e presente. Na prescrição, o pro- fessor de educação física prevê quais as cargas internas e externas desejadas para a sessão de exercício que ainda sequer foi realizada, enquanto, no moni-toramento, há a garantia de que o aluno ou o indivíduo está mantendo, em tempo real, as determinações da prescrição. Ambas devem fazer parte da rotina de exercício físico para garantir tanto o ca- minho desejado pelo professor para atender aos objetivos do aluno quanto a efetivação do que se deseja. Treinos mais intensos devem gerar respostas es- pecíficas, como o aumento de força ou de potência; treinos mais volumosos, outras respostas, como o aumento da resistência aeróbia ou resistência mus- cular localizada; e treinamentos regenerativos devem garantir a capacidade de suportar as acoplagens de estresse entre sessões. 2.2.1 VARIÁVEIS INTERNAS O uso de variáveis internas de monitoramento e de prescrição do treinamen- to físico pode ser concretizado por diferentes parâmetros fisiológicos, uma vez que, à proporção que a sobrecarga de esforço aumenta, a frequência cardí- aca, a respiração, os hormônios, os sinais elétricos neurais e diversos outros eventos internos alteram-se e, na maioria dos casos, de forma proporcional às intensidades de esforço. 43 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 AUMENTO DA VENTILAÇÃO DURANTE UM EXERCÍCIO INTENSO Fonte: Pexels (2023). #pratodosverem: mulher ofegante durante a realização de um exercício físico. Entender o motivo pelo qual esses eventos ocorrem é essencial, já que o cor- po busca todas as alternativas para garantir a energia para a demanda interna aumentada, sobretudo pela grande requisição metabólica do músculo ativo. Entretanto, para o treinamento físico, mais relevante do que determinar cada um dos eventos metabólicos e o que ocorre com cada um dos sistemas orgâ- nicos, é importante determinar as intensidades específicas em que cada um desses metabolismos são ativados (BOHME, 2003). É relevante destacar que, para cada evento interno, as sobrecargas exter- nas, como intensidade e volume, são individuais e fortemente dependentes de fatores, por exemplo, estado de treinamento, sexo e idade. Isso significa que as mesmas sensações e eventos biológicos podem ser experienciados por uma pessoa destreinada correndo a 8 km/h e outra muito bem treinada correndo a 16 km/h. Em função disso, detectar as cargas internas, com base nas premissas fisioló- gicas, é fundamental para o direcionamento do treinamento físico, visto que os estímulos para cada perfil metabólico e sistema energético geram adapta- ções úteis para cada tipo de gesto motor (MCARDLE et al., 2016). 44 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Pensem em sujeitos que precisam aprimorar a capacidade explosiva dos membros inferiores para provas de salto horizontal do atletismo. São esforços muito intensos e com duração pequena, compatíveis com a ativação meta- bólica do sistema energético anaeróbio da creatina fosfato e, em função disso, o treinamento físico deve direcionar esse perfil de ativação contrátil para gerar efeitos performáticos desejados. CAPACIDADE DE REALIZAR ESFORÇOS INTENSOS DE UMA ATLETA DE SALTO EM DISTÂNCIA Fonte: Pexels (2023). #pratodosverem: atleta de salto em distância aterrissando após um salto. Como resultado esperado dos efeitos crônicos do treinamento físico exem- plificado, espera-se maior acúmulo de creatina intramuscular, com maior capacidade energética desse sistema, permitindo maiores intensidades por mais durações. Mesmo que as intensidades desejadas e programadas estejam coerentes, também é necessário garantir que elas sejam efetivadas durante o proces- so de treinamento e de intervenções físicas, e, para isso, diferentes variáveis podem ser utilizadas. 45 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Diferentes respostas internas podem ser obtidas e mensuradas pelo treinamento físico. Muitas delas são conhecidas de disciplinas, como Bioquímica e Fisiologia; algumas exigem equipamentos caros e mão de obra especializada, como variáveis sanguíneas de lactato, glicose, hormônios e marcadores inflamatórios, variáveis respiratórias de consumo de oxigênio, ventilação pulmonar e troca gasosa, e até mesmo variáveis neurais, como a sinalização elétrica das sinapses ou a biopsia muscular (MCARDLE et al., 2016). Outras possuem instrumentalização mais popularizada, como a captação da frequência cardíaca por monitores cardíacos ou smartwatches, além de respostas muito simples, como a percepção subjetiva de esforço, em que o professor pode prescrever as intensidades de treino baseado na sensação de cansaço reportada pelo aluno em uma escala de esforço progressivo, exem- plificada pela figura a seguir. ESCALA DE BORG PARA MENSURAÇÃO DA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO 6 - 7 muito fácil 8 - 9 fácil 10 - 11 relativamente fácil 12 - 13 ligeiramente cansativo 14 - 15 cansativo 16 - 17 muito cansativo 18 - 19 exaustivo 20 - Fonte: adaptado de Tibana et al. (2017). #pratodosverem: escala progressiva de 6 a 20 pontos com descritores entre a sensação muito fácil e exaustivo. 46 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Percepção subjetiva de esforço Valor de sensação utilizada com base em valores da escala de Borg. Sensação fácil Valores de 6 a 9 para exercícios muito leves. Sensação relativamente fácil Entre 10 e 12 para exercícios fáceis. Sensação ligeiramente cansativo Entre 13 e 14 para exercícios moderados. Sensação muito cansativo De 15 até 18 para exercícios difíceis. Sensação exaustão De 18 a 19 para exercícios máximos (TIBANA et al., 2017). Com a utilização dessas variáveis internas de treinamento, sabe-se que a carga interna de dois sujeitos distintos poderá ser igual, mesmo quando as cargas externas forem diferentes e, mais importante, as cargas internas podem ser diferentes mesmo quando as cargas externas forem iguais. Isso explicita que um sujeito pode estar correndo com sensação 10 de Borg a 10 km/h, enquanto outro indivíduo, com a mesma sensação, pode estar a uma velocidade de 15 km/h. 47 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Já a prescrição pela frequência cardíaca é realizada, em geral, por percentuais submáximos da frequência cardíaca máxima, valor que pode ser obtido por testes físicos máximos ou por equações de predição, como as demonstradas por Tibana et al. (2009): “208 – (0,7 × idade)” e “220-Idade”. Como essa prescrição baseia-se em zonas de intensidades progressivas, haja vista que há aproximação aos valores máximos, utilizando a equação citada, estima-se que uma pessoa de 40 anos, por exemplo, tenha um valor de 180 batimentos cardíacos por minuto máximos para prescrição baseada nas zo- nas de frequência cardíaca vistas no último subtópico desta unidade. A zona muito leve, entre 50 a 60% da frequência cardíaca, indicaria um valor entre 90 e 108 batimentos; já a zona máxima, entre 90 e 100% da máxima, deve manter uma frequência cardíaca entre 162 e 180 batimentos. CONTROLE DA FREQUÊNCIA CARDIACA DURANTE UM EXERCÍCIO DE CORRIDA Fonte: Pexels (2023). #pratodosverem: homem de meia-idade realizando uma corrida em esteira com monitoramento da frequência cardíaca. 48 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Explicita-se, com base nisso, que a prescrição de treinamento deve ser sem- pre individualizada, considerando-se variáveis como nível de treinamento, idade, sexo, fatores genéticos e respostas às variáveis internas de controle da carga, além da compreensão de como aplicar esses instrumentos e quais são as melhores variáveis para cada tipo e momento do treinamento físico. 2.2.2 VARIÁVEIS EXTERNAS As variáveis externas utilizadas para prescrição e monitoramentodo treina- mento físico irão depender sempre da modalidade que está sendo aplicada. Exercícios cíclicos usam, com frequência, variáveis, como tempo e ou veloci- dade, por exemplo: correr 45 minutos a 12 km/h ou realizar 10 séries de 100m de corrida para 15 segundos, com intervalo de 30 segundos entre elas. Já os exercícios acíclicos resistidos utilizam-se, normalmente, de número de repetições, séries, tipos de exercícios e sobrecargas, como peso, tração de elás- tico, velocidade e amplitude do movimento, por exemplo: quatro séries de 10 repetições do movimento agachamento com uma velocidade de 1:1 (um se- gundo para a fase concêntrica e um segundo para a fase excêntrica do movi- mento), e intervalo de dois minutos entre cada série (FLECK; KRAEMER, 2017). EXERCÍCIO RESISTIDO COM CONTROLE EXTERNO COM BASE EM NÚMERO DE REPETIÇÕES Fonte: Pexels (2023). #pratodosverem: mulher realizando um exercício de braço em um equipamento de musculação. 49 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O professor deve ter habilidade de controlar essa carga externa de treino por meio da habilidade de gerar periodicidade de estímulos em um planejamen- to de treinamento; de mixar diferentes quantidades e qualidades de estímu- los externos com a variação da intensidade e do volume do estímulo; e, por fim, considerar os aspectos da individualidade biológica e do estilo de vida de cada sujeito inserido em uma rotina de treinamento. Um professor de atletismo, que utiliza a corrida como gesto motor, deve saber quando exigir do aluno esforços de longa distância, como 5 ou 10 km, esforços curtos e repetidos, como séries de 100 m, e, mais: qual a velocidade ideal para cada um desses esforços, tempo de descanso entre séries e entre dias de treinamento, além da ordem que esses estímulos serão aplicados. Obviamente todos esses estímulos externos, baseados em distâncias e em velocidades, geram diferentes respostas internas nos diversos sistemas or- gânicos, como respiratório, cardiovascular, muscular, além de respostas in- flamatórias, microlesões, entre outras. Monitorar essas diferentes respostas internas também pode trazer vantagens amplas no controle dos efeitos dese- jados do treinamento físico, especialmente quando se trata de sujeitos inse- ridos em rotinas intensas de exercícios ou de pessoas que desejam respostas rápidas e amplas (BOHME, 2003). Portanto, ao pedir para que um sujeito corra a 10 km/h, um professor deve saber que essa intensidade externa irá representar diferentes respostas inter- nas em diferentes pessoas. Uma pessoa bem treinada pode sentir essa carga como leve, regenerativa, mantendo-a com frequência cardíaca e respiratória baixas; por outro lado, um sujeito destreinado pode sofrer de forma aguda crônica para realizar uma corrida nessa intensidade, com sensações de quei- mação e dor muscular tardia. 50 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO PESSOA SEDENTÁRIA INICIANDO A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS Fonte: Pexels (2023). #pratodosverem: mulher realizando exercício em bicicleta ergométrica. A figura a seguir resume esses aspectos e sugere que as respostas efetivas e desejadas de um treinamento físico, também conhecidas como adapta- ções, são obtidas somente com a correta manipulação das cargas internas e externas. Acompanhe! MODELO DE INTEGRAÇÃO ENTRE AS CARGAS INTERNAS E EXTERNAS DE TREINAMENTO FÍSICO Carga externa de treinamento Características Individuais Qualidade e quantidade Resultado do treinamento (adaptações) Periodização Características individuais Fonte: adaptado de McArdle (2016). #pratodosverem: esquema com a associação entre a carga externa e interna de treinamento físico para proporcionar adaptações e resultados. 51 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 2.2.3 PERFORMANCE FÍSICA Pensando em cada uma das variáveis internas e externas para a prescrição e para o monitoramento do treinamento físico, a execução das performances coerentes em cada um dos domínios de intensidade é essencial. Os exercícios no domínio de intensidade MUITO LEVE são aqueles com sobre- carga de quase exclusividade aeróbia. Nesse domínio, os tecidos musculares exigem mais oxigênio para o metabolismo contrátil; contudo, não há necessi- dade de aumento robusto na ventilação, pois o corpo aumenta a eficiência de retenção, eliminando menos oxigênio a cada expiração. Aumentando-se a sobrecarga e a intensidade, atingem-se os domínios de intensidade leve e moderado, que ocorrem entre os limiares aeróbio e ana- eróbio. Nessas intensidades, a escala de Borg apresenta valores de até 14, o que representa um aumento considerável na produção de lactato muscu- lar. Porém, ao extravasar para o sangue a capacidade oxidativa do organismo como um todo ainda é eficaz em metabolizar os metabólitos ácidos, como os íons de hidrogênio. Um destaque dessas intensidades é o primeiro aumento íngreme de ven- tilação, uma vez que o corpo precisa aumentar a ativação do metabolis- mo para sustentar o equilíbrio energético, além de garantir um ambiente biológico estável. Acima do limiar anaeróbio, há o domínio de esforço pesado, momento em que a produção dos metabólitos do metabolismo anaeróbio superam a ca- pacidade de remoção. Há um novo aumento abrupto de ventilação; no en- tanto, nem mesmo a hiperventilação consegue compensar o aumento e o acúmulo de componentes ácidos, o que potencialmente gera acidose e, eventualmente, a fadiga. Nesse domínio, a fadiga pode acontecer em poucos instantes, quando há in- tensidades próximas da máxima, ou ser sustentada por período maior em intensidades submáximas, gerando exercícios extremamente desgastan- tes, sensações de mal-estar e náuseas geradas pela alta acidose metabólica (MCARDLE et al., 2016). 52 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO EXAUSTÃO GERADA PELA ACIDOSE METABÓLICA DURANTE EXERCÍCIOS DE CADA PESADA Fonte: Pexels (2023). #pratodosverem: mulher demonstrando fadiga durante sessão de exercício físico. Nos últimos anos, também tem sido descrito o domínio de intensidade severo, muito utilizado em metodologias de treinamento intervalado, por gerar fadiga precocemente sem que haja descanso e intervalo de recuperação. No domínio severo, esperam-se sobrecargas internas supramáximas com a obtenção de valores maiores do que o máximo para frequência cardíaca, por exemplo (TIBANA et al. 2009). Todos esses estímulos são amplamente direcionados para treinamentos que visam aprimorar a capacidade e a potência aeróbia, melhorando o potencial de gerar energia de maneira mais volumosa ou mais rápida a partir dos me- tabolismos que utilizam o oxigênio para as reações energéticas. 53 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Todavia, também há uma grande preocupação nas metodologias de trei- namento acerca das ativações do metabolismo anaeróbio, as quais devem garantir dois pontos-chave: maior resistência à acidose, fazendo com que as enzimas não falhem imediatamente à redução do pH, e uma demora maior na produção dos elementos ácidos, potencialmente por aumento do forneci- mento de energia por vias aeróbias (FLECK; KRAEMER, 2017). São três as principais intensidades de treinamento: 1) os treinamentos de to- lerância à acidose, com intensidades de ativação glicolítica por maiores pe- ríodos de tempo; 2) os treinos voltados à produção de lactato, com foco nas intensidades máximas do metabolismo glicolítico e na maior produção em volume relacionada aos metabólitos desse sistema metabólico; e, por fim, 3) o treinamento de potência anaeróbia, com intensidades de ativação do sistema do fosfagênio.TREINAMENTO DE ATIVAÇÃO ANAERÓBIA COM POTÊNCIA DE SALTOS Fonte: Pexels (2023). #pratodosverem: mulher treinando saltos de potência. 54 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO Os treinos de tolerância buscam aumentar a capacidade de tamponamento à acidose muscular, melhorando tanto a capacidade contrátil física, como a habilidade de manutenção da coordenação e a técnica de movimento em in- tensidades altas. Além disso, também resulta em melhoras na quantidade de armazenamento de substratos energéticos, como o glicogênio intramuscular. Os treinamentos para produção de lactato são menos volumosos e mais in- tensos com o objetivo da máxima taxa de produção energética derivada do metabolismo glicolítico. Como resultado, as máximas intensidades são am- plamente aprimoradas, principalmente pela maior capacidade metabólica e pela manutenção da capacidade neuromuscular. Já os treinamentos de potência objetivam aumentar a explosão muscular em sprints ou gestos motores intensos contra resistência. Para essas intensida- des, distâncias ou volumes muito pequenos, com intensidades muito amplas, são utilizados nos treinos, com descansos maiores entre séries, por exemplo, sprints de 10 a 20m, ou a pliometria e o arremesso. A conexão entre os diversos tipos de performance física faz muito sentido para o treinamento físico, sobretudo quando monitorados, controlados e prescri- tos de maneira adequada. 55 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO O principal objetivo desta unidade foi elucidar como as diferentes variáveis de treinamento físico podem ser utilizadas por todo tipo de pessoa, seja um idoso, seja um atleta de alto nível. Com clareza, o professor de educação física deve estar preparado para trabalhar com os três tempos verbais: passado, pre- sente e futuro, atuando, assim, na prescrição das sessões de exercícios físicos que serão realizadas; no monitoramento da própria sessão, para garantir que ocorra o desejado; e no controle das sessões que ocorreram, para entender como a acoplagem de diversos estímulos e sessões de exercícios geram res- postas no organismo. Destaca-se a habilidade necessária para desenvolver treinamentos baseados em variáveis externas, mais perceptíveis aos alunos, e variáveis internas, que demonstram, de maneira clara, objetiva e individual, como essas cargas ex- ternas reagem perante cada realidade de perfil corporal, carga genética, nível de treinamento, estado de saúde, sono, alimentação, entre outros fatores que influenciam fortemente a atuação do professor de educação física. É interessante lembrar que a tecnologia dispõe de diversas instrumentaliza- ções para detectar cada uma dessas variáveis; algumas delas de alto custo e com necessidade de mão de obra especializada. No entanto, há outras ex- tremamente possíveis de serem aplicadas em qualquer realidade e área da educação física, como a percepção subjetiva de esforço e até mesmo o moni- toramento da frequência cardíaca. Bons estudos e vamos em frente! 56 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO MATERIAL COMPLEMENTAR Recomenda-se a leitura complementar dos livros: Treinamento de força para o desempenho humano. Fundamentos do treinamento de força muscular. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. Recomenda-se a leitura complementar dos artigos: Relações entre aptidão física, esporte e treinamento esportivo. Quantificação da carga da sessão de treino no Crossfit por meio da percepção subjetiva do esforço: um estudo de caso e revisão de literatura. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788536319353 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788582713907 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527730167/pages/recent https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788527730167/pages/recent https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbcm/article/view/517/542 https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rbcm/article/view/517/542 https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/919 https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/919 https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/view/919 UNIDADE 3 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 57 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO > Compreender os princípios que norteiam o treinamento físico e que geram resultados ao praticante. > Aplicar os conceitos de cada um dos princípios do treinamento físico. > Destacar os principais aspectos que são gerais e válidos para todo tipo de treinamento físico. 58 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 TREINAMENTO ESPORTIVO 3. PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO FÍSICO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Os princípios do treinamento físico permeiam o grupo de informações rele- vantes e aplicáveis para todo tipo de treinamento físico em todas as modalida- des. Podem ser reconhecidos como pilares fundamentais para a compreensão das respostas que todo sujeito que passa por estímulos físicos sistematizados potencialmente possui, além de discriminar informações aplicáveis para a prescrição de treinamento físico. Obviamente que as possibilidades de aplicação do treinamento físico são di- versas, podendo requisitar especificidades relacionadas a cada tipo de ges- to motor, como os cíclicos ou os resistidos; explicitar os padrões técnicos e gestuais de modalidades diferentes, como a natação e o atletismo; ou, ainda, direcionar necessidades de aprimoramento tático de forma única, como nas modalidades individuais ou nas modalidades coletivas. Mesmo com essas perspectivas, algumas respostas e efeitos são genéricos, como no caso dos principais do treinamento físico, destacando-se a individu- alidade biológica, com conceitos acerca da genética e do fenótipo humano; os princípios de adaptação, sobrecarga, interdependência volume-intensida- de e especificidade, que geram compreensão dos ajustes e das adaptações estruturais e funcionais a todo tipo de estresse, especialmente o físico; além dos princípios da continuidade e da reversibilidade, que explicitam o ciclo continuado do treinamento físico; e, por fim, o princípio da treinabilidade, que destaca como um corpo reage ao treinamento físico com o passar da vida e do próprio nível de treinamento obtido. Bons estudos! 59 TREINAMENTO ESPORTIVO MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DO TREINAMENTO Todos os princípios dão corpo teórico altamente aplicado aos professo- res de educação física e treinadores, seja na iniciação esportiva, seja no alto rendimento, no trabalho com crianças ou idosos, nos objetivos rela- cionados à saúde ou ao rendimento físico, e devem ser utilizados como base para o desenvolvimento de todos os demais itens que o treinamento físico exige (FLECK; KRAEMER, 2017). No entanto, alguns princípios podem ser considerados a base dos outros, ten- do em vista que norteiam as respostas iniciais obtidas e devem ser essencial- mente consideradas pelo professor de educação física, que são: o princípio da individualidade biológica, da adaptação e da sobrecarga. 3.1.1 PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA Como estratégia para compreender as particularidades de cada indivíduo que está na rotina de treinamento físico, destaca-se o princípio da indivi- dualidade biológica. É possível afirmar que existe uma alta variabilidade de fenômenos fisiológicos e funcionais entre sujeitos, mesmo quando aparen- temente parecidos. Nesse sentido, o treinamento individualizado, principal- mente baseado em variáveis internas, pode trazer melhores resultados