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ELEMENTOS DE DTO TRIBUTARIO

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Elementos de Direito 
Tributário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paulo Sergio Abreu Mendes 
Macapá - 2007 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ 
Curso de Direito 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
Professor Paulo Mendes 
 2 
Sumário 
 
AULA 1 – TRIBUTO 05 
1) DEFINIÇÃO DE TRIBUTO 05 
a) “Tributo” como quantia em dinheiro 05 
b) “Tributo” como norma, fato e relação jurídica 05 
2) DEFINIÇÃO LEGAL DE TRIBUTO 05 
a) Tributo é toda prestação pecuniária/ Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir 05 
b) Prestação compulsória 05 
c) Que não constitua sanção de ato ilícito 06 
d) Instituída em lei 06 
e) E cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada 06 
 
AULA 2 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR – 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 06 
1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 07 
1.1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE NO CTN 08 
a) Fato Gerador (Hipótese de incidência) 08 
b) Base de Cálculo 08 
c) Alíquota 08 
d) Sujeito Passivo 08 
e) Multa 08 
f) Sujeito Ativo 08 
2) TRIBUTOS E MEDIDA PROVISÓRIA 08 
 
AULA 3 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR – 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS (continuação) 09 
1) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA 09 
2) CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS E ANTERIORIDADE 10 
3) MEDIDAS PROVISÓRIAS E PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE 11 
 
AULA 4 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR – 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS (continuação) 11 
1) PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA 11 
2) PRINCÍPIO DA IGUALDADE TRIBUTÁRIA 12 
a) Princípio da Interpretação Objetiva do Fato Gerador 13 
b) Princípio da Capacidade Contributiva 13 
3) PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO 14 
4) PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS 15 
5) VEDAÇÕES ESPECÍFICAS DA UNIÃO 15 
a) Princípio da Uniformidade Geográfica 16 
b) Vedação de Tributação 16 
c) Vedação de Instituição de Isenções 16 
d) Vedação de Diferenciação Tributária 17 
6) PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE E DA SELETIVIDADE 17 
 
AULA 05 – PODER DE TRIBUTAR – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 19 
1) MODALIDADES DE COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 19 
a) Competência comum 19 
 3 
Competência privativa 19 
c) Competência especial 19 
d) Competência residual 19 
e) Competência extraordinária 20 
2) CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 20 
a) Indelegabilidade 20 
b) Irrenunciabilidade 20 
c) Incaducabilídade 20 
 
AULA 06 – SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL – ESPÉCIES DE TRIBUTO 21 
1) CLASSIFICACÃO DOS TRIBUTOS 21 
2) ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 21 
2.1) IMPOSTO 21 
2.2) TAXA 21 
a) Taxa de Polícia 22 
b) Taxa de Serviço 22 
2.2.1) TAXA E IMPOSTOS 23 
2.2.2) TAXA E TARIFA (OU PREÇO PÚBLICO) 23 
2.3) CONTRIBUIÇÕES 23 
2.3.1) CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA 24 
a) Individual 24 
b) Total 25 
2.4) CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS 25 
2.4.1) CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DE SEGURIDADE SOCIAL 25 
2.4.2) CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE) 27 
2.4.3) CONTRIBUIÇÃO COORPORATIVA NO INTERESSE DAS CATEGORIAS 
ECONÔMICAS E PROFISSIONAIS 27 
2.4.4) CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA 27 
 
AULA 07 – IMUNIDADES 29 
 
AULA 08 – FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO 33 
1) FONTES MATERIAIS OU REAIS 33 
2) FONTES FORMAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 33 
2.1) FONTES FORMAIS PRIMÁRIAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 33 
2.1.1) CONSTITUIÇÃO 33 
2.1.2) EMENDAS À CONSTITUIÇÃO 33 
2.1.3) LEIS COMPLEMENTARES 34 
2.1.4) LEIS ORDINÁRIAS 35 
2.1.5) LEIS DELEGADAS 35 
2.1.6) MEDIDAS PROVISÓRIAS 35 
2.1.7) DECRETOS LEGISLATIVOS 36 
2.1.8) RESOLUÇÕES DO SENADO 36 
2.1.9) DECRETOS E REGULAMENTOS 36 
2.2) FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS ou NORMAS COMPLEMENTARES 37 
2.2.1) ATOS NORMATIVOS 37 
2.2.2) DECISÕES COM EFEITOS NORMATIVOS 37 
2.2.3) COSTUMES 37 
2.2.4) CONVÊNIOS 37 
 
 4 
AULA 09: APLICAÇÃO – INTERPRETAÇÃO – INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO 
TRIBUTÁRIA 39 
1) APLICAÇÃO 39 
2) INTEPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 40 
2.1) INTERPRETAÇÃO LITERAL 40 
2.2) INTERPRETAÇÃO BENIGNA 41 
3) INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 42 
3.1) ANALOGIA 42 
3.2) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO 42 
3.3) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO PÚBLICO 42 
3.4) EQUIDADE 43 
4) INSTITUTOS DE DIREITO PRIVADO 44 
 
AULA 10 : RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA 45 
1) OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 45 
a) Principal 45 
b) Acessória 45 
1.1) ORIGEM DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 46 
1.2) SUJEITOS DA RELAÇÃO TRIBUTÁRIA 46 
1.2.1) SUJEITO ATIVO 46 
a) Parafiscalidade 47 
1.2.2) SUJEITO PASSIVO 47 
a) Contribuinte 48 
b) Responsável 49 
2) HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA 49 
3) FATO IMPONÍVEL 51 
4) BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA 52 
4.1) BASE DE CÁLCULO 52 
4.2) ALÍQUOTA 53 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 54 
 
REFERÊNCIAS 55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
AULA 1 – TRIBUTO 
 
1) DEFINIÇÃO DE TRIBUTO: 
 
O vocábulo “tributo” pode representar significados diferentes, dependendo de onde, quando e 
quem o utilize. 
 
a) “Tributo” como quantia em dinheiro: refere-se à importância em dinheiro que representa 
o quantum do crédito tributário devido. Exemplo: eis aí o imposto que vou levar ao banco. 
Até no Código Tributário Nacional encontramos este significado: 
 
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do 
respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido 
encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado 
a recebê-la. 
 
Neste caso tributo é “o objeto daquela prestação que satisfaz 
aquele dever” (Becker, 1963, p. 237). 
 
Graficamente temos: Sa. $ Sp. 
 
b) “Tributo” como norma, fato e relação jurídica: este é o significado mais amplo e 
importante para o nosso curso. Segue a linha da teoria tridimensional do direito, de Miguel 
Reale. Tributo é fato, valor e norma, isto é representa todo o fenômeno da incidência 
tributária, “desde a norma instituidora, passando pelo evento concreto, nela descrito, até o 
liame obrigacional que surde à luz com a ocorrência daquele fato” (CARVALHO, 1999, p. 
24). É justamente este significado que consta no art. 3o do Código Tributário Nacional, cujo 
estudo faremos a seguir. 
 
Quem é o sujeito passivo? Quem tem o dever jurídico? Quem tem o direito subjetivo? Quem é 
o sujeito ativo? O que representa $? 
 
2) DEFINIÇÃO LEGAL DE TRIBUTO: 
 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se 
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante 
atividade administrativa plenamente vinculada. 
 
Para o correto entendimento é necessário verificarmos cada uma das parcelas em que se 
decompõe esta definição: 
 
a) Tributo é toda prestação pecuniária/ Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: 
O tributo é um valor monetário. Pecúnia é dinheiro, pode-se também quitar o crédito 
tributário com bens imóveis, previsto no art. 156, XI do CTN – DAÇÃO EM PAGAMENTO, 
admite-se ainda com créditos de outras espécies; 
b) Prestação compulsória: é o ato de pagar de forma obrigatória decorrente de uma 
obrigação advinda da lei. Querendo ou não, ao realizar a norma jurídica que cria a obrigação 
tributária, alguém deverá realizar o comportamento de pagar, ainda que contra o seu interesse 
(Carvalho, 1999, p. 25). Não há que optar pelo pagamento do tributo, mas a ele se submeter, 
isto é, não voluntário. Diferença entre obrigação ex lege e obrigação contratual. 
 6 
c) Que não constitua sanção de ato ilícito: tributo é decorrente de uma hipótese lícita, e a 
multa de uma hipótese ilícita; A multa é reação do Direito à conduta querida que nãotenha 
sido realizada. É penalidade cobrada pelo descumprimento de uma obrigação tributária, 
possuindo caráter de sanção. Não confundir a hipótese com a ocorrência do fato gerador, que 
pode ocorrer com circunstâncias ilícitas. O mensalão é tributável? Ver art. 43 do CTN. 
d) Instituída em lei; é o Princípio Constitucional da Legalidade. Os tributos somente podem 
ser instituídos por Lei, ordinária ou complementar. Também podem por meio de medidas 
provisórias. 
e) E cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: tal atividade 
refere-se ao lançamento, cuja definição esta no art. 142 do CTN. É o ato documental que 
constitui e cobra o crédito tributário. Pode aparecer com vários nomes: Notificação de Débito, 
Auto de Infração e Imposição de Multa, Auto de Infração, Notificação de Lançamento, entre 
outros. É ato administrativo vinculado, isto é, possui roteiro definido em lei, obrigatoriamente 
seguido pela autoridade lançadora. 
 
AULA 2 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE 
TRIBUTAR – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
TRIBUTÁRIOS 
 
O Direito Tributário compõe o universo do Direito Público. Sua natureza é obrigacional, pois 
se refere à relação de crédito e débito que surge entre os sujeitos da relação jurídica tributária. 
Porém, esta relação possui uma nota dissonante da obrigação de direito privado: o dever 
jurídico não é escolhido pela parte, a prestação que se deve pagar não surge da livre vontade 
do sujeito passivo, pois já vem definida em lei. 
 
A relação jurídica tributária é polarizada. No pólo ativo (credor) aparecem os entes 
tributantes: são as pessoas jurídicas de Direito Público Interno (fisco) UNIÃO, ESTADOS, 
MUNICÍPIOS E O DISTRITO FEDERAL; no pólo passivo (devedor), aparece a figura do 
contribuinte, que pode ser pessoa física ou jurídica. O vínculo que os une é a ocorrência da 
hipótese de incidência tributária. 
 
Por intermédio das leis o Estado cria os tributos para arrecadar os recursos financeiros 
suficientes para custear o gasto público. Este é o cenário afeto à natural invasão patrimonial, 
que caracteriza a relação obrigacional, em que o credor (fisco) avança em direção ao 
patrimônio do devedor (contribuinte) de maneira compulsória, com objetivo de “retirar” os 
valores, denominados tributos, dos particulares para os cofres públicos. 
 
Não há como ser furtar desta “invasão” no seu patrimônio, exceto se: a) o tributo for 
ilegítimo; b) não ocorrer o fato gerador, ou c) o lançamento for feito de forma ilegal. 
 
O contribuinte fica então em posição inferior em relação ao Estado, e é justamente por isto, 
que a CONSTITUIÇÃO FEDERAL impõe LIMITES AO PODER DE TRIBUTAR. A 
evolução do Direito Tributário é justamente no sentido de limitar o poder estatal em amealhar 
recursos da iniciativa privada. Desde a carta imposta pelos barões ingleses ao rei João sem 
terra, Os súditos, hoje conhecidos como contribuintes, tentam limitar este poder que já foi 
absoluto. 
 
 7 
As principais limitações encontram-se no art. 150, 151 e 152 da CF/88 e também são 
conhecidas como PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS. Vejamos cada um 
deles: 
 
1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: art. 150, I, da CF/88. 
 
Somente a LEI, pode criar (instituir / exigir) ou aumentar tributo. É decorrente do direito 
fundamental inserido no inciso II, art. 5º, CF/88 de que ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer algo, sem lei que o estabeleça. Este comando garante a segurança do 
contribuinte em relação ao Estado: 
 
"Tratando-se de base de cálculo do IPTU (CTN, art. 33), a fixação de valor venal presumido de 
imóvel deve ser feita mediante lei e não mediante decreto do Poder Executivo, tendo em vista o 
princípio da legalidade tributária (CF, art. 150, I). À vista desse entendimento, a Turma 
confirmou acórdão do STJ que entendera ilegal o lançamento tributário do IPTU pelo 
Município de Porto Alegre feito com base no sistema de ‘plantas genéricas de valores 
imobiliários’ — que fixava novos valores de metro quadrado para terrenos e construções e 
excedia a correção monetária relativa ao exercício anterior — baixado mediante decreto. 
Precedente citado: RE 114.078-AL (DJU de 1º/7/88)”. (AG 181.853, Rel. Min. Moreira Alves, 
(Informativo 68)). 
 
"Relevância do direito, caracterizada pela circunstância de haver-se definido, por decreto, fato 
gerador e base de cálculo de tributo; e, ainda, por ter-se pretendido modificar, pela mesma via, a 
natureza jurídica do fornecimento de água potável, encanada, às populações urbanas, 
transmudando-a de serviço público essencial em circulação de mercadoria”. (ADI 567-MC, Rel. 
Min. Ilmar Galvão, DJ 04/10/91). 
 
Regra geral o ente tributante utiliza a LEI ORDINÁRIA, porém em 4 casos a CF/88 exige 
LEI COMPLEMENTAR, são eles: 
IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS (art. 153, VII); 
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS (art. 148); 
IMPOSTOS RESIDUAIS DA UNIÃO (art. 154, I); 
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS NOVAS OU RESIDUAIS (art. 195, § 4o). 
 
“O § 4º do art. 195 da Constituição prevê que a lei complementar pode instituir outras fontes de 
receita para a seguridade social; desta forma, quando a Lei nº 8.870/94 serve-se de outras fontes, 
criando contribuição nova, além das expressamente previstas, é ela inconstitucional, porque é lei 
ordinária, insuscetível de veicular tal matéria”. (ADI 1.103, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 
25/04/97). 
 
Exceções: há tributos que poderão ter suas alíquotas majoradas por ATO poder executivo: art. 
153, § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites 
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e 
V.: 
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO; 
IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO; 
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS; 
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS. 
 
Estes impostos possuem característica EXTRAFISCAL, de intervenção no mercado, não 
possuem a características arrecadatória, portanto, devem ser manejados pelo executivo de 
forma ágil e eficaz, porém sob limites. A maior parte dos impostos tem função arrecadatória. 
 8 
A emenda constitucional 33/01 criou mais dois casos de exceção ao princípio da legalidade: 
CIDE – COMBUSTÍVEIS, (art. 149, § 2o, II, c/c art. 177, § 4o, I, “b”, início); 
ICMS SOBRE COMBUSTÍVEIS, (art. 155, § 4o, IV), por intermédio de convênio dos 
executivos estaduais. 
 
1.1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE NO CTN: 
 
De acordo com o art. 97 do Código Tributário Nacional, a lei que cria (institui) o tributo 
deverá conter pelo menos: 
a) Fato Gerador (Hipótese de incidência): é a descrição hipotética de um fato da vida que, 
ao ocorrer, gera a obrigação tributária (prestação), é o aspecto material, isto é, a condição de 
fato ou de direito, que ocorrendo gera a obrigação tributária, também conhecida como fato 
príncipe, hipótese de incidência, fato signo presuntivo, entre outros; 
b) Base de Cálculo: é o montante tributável, é a riqueza do particular que será alcançada pela 
tributação. Ex.: rendimento tributável, folha de salários, faturamento, lucro líquido; 
c) Alíquota: é o percentual a ser retirado da base de cálculo. Ex. IRPF: 15% e 27,5%; 
d) Sujeito Passivo: é o aspecto pessoal da relação tributária, define quem será o contribuinte 
ou responsável; 
e) Multa: pelo descumprimento das obrigações, como toda penalidade, deverá vir prevista em 
lei; 
f) Sujeito Ativo: se o ente tributante que cria o tributo definir outra pessoa para exercer a 
capacidade tributária ativa. 
 
Atenção: prazo para pagamento não entra, pode ser até por portaria ou Instrução Normativa, 
precedentes do STF. 
 
"As Leis 7.787/89, art. 3º, II, e 8.212/91, art. 22, II, definem, satisfatoriamente, todos os 
elementos capazes de fazer nascer a obrigação tributáriaválida. O fato de a lei deixar para o 
regulamento a complementação dos conceitos de ‘atividade preponderante’ e ‘grau de risco leve, 
médio e grave’, não implica ofensa ao princípio da legalidade genérica, CF, art. 5º, II, e da 
legalidade tributária, CF, art. 150, I". (RE 343.446, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 04/04/03). 
 
“ICMS. Minas Gerais. Decretos nºs 30.087/89 e 32.535/91, que anteciparam o dia de 
recolhimento do tributo e determinaram a incidência de correção monetária a partir de então. 
Alegada ofensa aos princípios da legalidade, da anterioridade e da nãocumulatividade. 
Improcedência da alegação, tendo em vista não se encontrar sob o princípio da legalidade estrita 
e da anterioridade a fixação do vencimento da obrigação tributária”. (RE 195.218, Rel. Min. 
Ilmar Galvão, DJ 02/08/02). 
 
2) TRIBUTOS E MEDIDA PROVISÓRIA: 
 
As medidas provisórias – MP’s podem instituir e majorar TRIBUTOS, desde que a CF/88 
não exija Lei Complementar para sua criação. Entretanto há três regras que devem ser 
observadas: 1) para os tributos em geral a validade é desde a edição (publicação) respeitados 
os princípios da anterioridade anual e nonagesimal; 2) os impostos possuem regra especial, 
isto é, só valem após a aprovação e não desde a publicação, respeitados os limites da 
anterioridade, em outras palavras: devem ser convertidas em lei dentro do prazo de 60 dias, 
prorrogáveis por mais 60 (art. 62, §7º). Mas só produzem efeitos no exercício financeiro 
seguinte daquele que foi convertida em lei (art. 62, § 2o); 3) os impostos de Importação, 
Exportação, Produtos Industrializados, Operações Financeiras e Extraordinário de Guerra, 
valem desde a edição, sendo que para o IPI deve se observar o art. 150, III, “c”. 
 
 9 
Art. 65, § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os 
previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro 
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. 
 
AULA 3 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE 
TRIBUTAR – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
TRIBUTÁRIOS (continuação) 
 
1) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA (ou eficácia diferida, não 
surpresa): art. 150, III, “b” e “c”, da CF/88. 
 
Art. 150, III - cobrar tributos: 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou 
aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu 
ou aumentou, observado o disposto na alínea b. (EC. Nº 42/03). 
 
Esta limitação determina que o sujeito ativo da obrigação tributária não pode cobrar tributos: 
a) no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei, e b) 90 (noventa) dias 
depois desta publicação, observada a anterioridade anual do inciso “b”. O objetivo deste 
princípio é evitar a tributação de surpresa, garantindo ao contribuinte que ele possa prepara-se 
para o advento de mais um custo tributário. 
 
"O princípio da anterioridade da lei tributária - imune, até mesmo, ao próprio poder de 
reforma constitucional titularizado pelo Congresso Nacional (RTJ 151/755-756) - representa 
um dos direitos fundamentais mais relevantes outorgados ao universo dos contribuintes pela 
Carta da República, além de traduzir, na concreção do seu alcance, uma expressiva limitação 
ao poder impositivo do Estado. Por tal motivo, não constitui demasia insistir na asserção de 
que o princípio da anterioridade das leis tributárias – que se aplica, por inteiro, ao IPTU (RT 
278/556) - reflete, em seus aspectos essenciais, uma das expressões fundamentais em que se 
apóiam os direitos básicos proclamados em favor dos contribuintes". (Pet. 1.466, Rel. Min. 
Celso de Mello, DJ 02/09/98). 
 
"Na sessão de 29/11/00, o Pleno, apreciando a questão do princípio da anterioridade (CF, art. 
150, III, b), deferiu, em parte, a liminar para emprestar interpretação conforme a Constituição e 
sem redução de texto, no sentido de afastar a eficácia do art. 7º da norma impugnada (‘Esta Lei 
Complementar entra em vigor no primeiro dia do mês subseqüente ao da sua publicação’), no 
tocante à inserção do § 5º do art. 20 da LC 87/96, e às inovações introduzidas no art. 33, II, da 
referida Lei, bem como à inserção do inciso IV, protraindo o início da eficácia desses dispositivos 
para 1º/1/2001. Entendeu-se que a modificação do sistema de creditamento pela norma em 
questão, quer consubstancie a redução de um benefício de natureza fiscal, quer configure a 
majoração de tributo, cria uma carga para o contribuinte e, portanto, sujeita-se ao princípio da 
anterioridade”. (ADI 2.325, Rel. Min. Marco Aurélio, Informativo 362). 
 
“Substituição legal dos fatores de indexação — alegada ofensa às garantias constitucionais do 
direito adquirido e da anterioridade tributária — inocorrência — simples atualização monetária 
que não se confunde com majoração do tributo. (...) A modificação dos fatores de indexação, 
com base em legislação superveniente, não constitui desrespeito a situações jurídicas 
consolidadas (CF, art. 5º, XXXVI), nem transgressão ao postulado da não-surpresa, 
instrumentalmente garantido pela cláusula da anterioridade tributária (CF, art. 150, III, b)”. 
(RE 200.844-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 16/08/02). 
 
 10 
“Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no 
exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.” (SÚM. 584). (No mesmo 
sentido: RE 194.612, Rel. Min. Sydney Sanches, DJ 08/05/98). 
 
Exceções: Seis tributos federais não são alcançados pelo princípio da anterioridade anual e 
nem pelo principio da anterioridade mitigada (nonagesimal) e devem ser pagos 
imediatamente, por força do art. 150, § 1º, final, da CF/88. São eles: 
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO – II; 
IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO – IE; 
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS – IOF; 
IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA (Art. 154, II da cf); 
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública, guerra externa ou sua eminência (art. 148, I da CF). 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, 
IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 
148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos 
nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação da EC nº 42/03). 
 
Redação Anterior do artigo: 
§ 1º - A vedação do inciso III, "b", não se aplica aos impostos previstos nos arts. 153, I, II, IV 
e V, e 154, II. 
 
Perceba que o Imposto sobre a Renda – IR, é uma exceção ao princípio da anterioridade 
nonagesimal, obedecendo apenas à anterioridade anual. 
 
Já o Imposto sobre Produtos Industrializados é uma exceção ao princípio da anterioridade 
anual, porém deve obedecer ao princípio da anterioridade nonagesimal. Os aumentos das 
bases de cálculo do IPVA (art. 155, III) e do IPTU (art. 156, I) também não precisam esperar 
a noventena. 
 
Em ouras palavras, se houver aumento do IPI, sua exigência só pode ocorrer 90 dias a partir 
da Lei ou do Decreto. Se houver majoração do Imposto de Renda, com publicação até 31 de 
dezembro, aplica-se aos rendimentos recebidos naquele mesmo ano, que serão declarados no 
Ajuste do ano seguinte. VEJA O EXEMPLO EM SALA DE AULA. 
 
Outra Exceção: A emenda constitucional 33/01 criou mais dois casos de exceção ao 
princípio da anterioridade anual: 
CIDE – COMBUSTÍVEIS, (art. 149, § 2o, II, c/c art. 177, § 4o, I, “b”, FINAL); 
ICMS SOBRE COMBUSTÍVEIS, (art. 155, § 4o, IV – “c”), por intermédiode convênio dos 
executivos estaduais. 
 
2) CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS E ANTERIORIDADE: 
 
As contribuições de seguridade social, previstas no art. 195 da CF respeitam apenas o 
princípio da anterioridade mitigada por expressa previsão constitucional – art. 195, § 6o. 
 
 
 
 11 
3) MEDIDAS PROVISÓRIAS E PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: 
 
Com as regras da EC nº 32/2001, o que antes era construção da jurisprudência, passou a ser 
expresso no texto Constitucional. Veja o comentário na aula 02. Porém, a MP que veicula a 
criação ou majoração de imposto, somente terá eficácia no exercício financeiro seguinte 
àquele em que for aprovada, art. 62, § 2o. Também terá que obedecer aos 90 dias da letra “c” 
do inciso III, Art. 150. VEJA O EXEMPLO EM SALA DE AULA. 
 
Nota: As MP’s têm validade de 60 dias, prorrogáveis por igual período. Quando não 
aprovadas por ambas as casas do Congresso Nacional, caducam, perdem sua validade. Veja o 
art. 62 da CF/88. 
 
AULA 4 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE 
TRIBUTAR – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
TRIBUTÁRIOS (continuação) 
 
1) PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA: art. 150, III, “a”, da CF/88. 
 
Art. 150, III - cobrar tributos: 
a) em relação aos fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os 
aumentou ou criou. 
 
Esta limitação determina que o sujeito ativo da obrigação tributária só pode cobrar tributos 
daqueles fatos geradores que aconteceram depois de sua edição. Ela, a lei, não pode retroagir. 
 
Atenção: quando a lei diminuir a multa, ela retroage para beneficiar. A regra geral é a 
regulação do fato pela lei vigente em sua época (ultratividade da lei tributária), e que a 
lei nova deve ser prospectiva, isto é, voltar-se para regular os fatos futuros. Art. 106, II, 
“c” do CTN. 
 
"Ofensa ao princípio da irretroatividade (art. 150, III, a, CF) decorrente da inexigibilidade das 
contribuições sociais dentro do prazo de noventa dias da publicação da Lei que as houver 
instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Constituição 
Federal. A Lei nº 7.856/89, majorando a alíquota da Contribuição Social sobre o lucro das 
empresas de 8% para 10%, somente entraria em vigor noventa dias depois de sua publicação, 
sendo inalcançável pelo aumento de alíquota, por conseguinte, o resultado do balanço apurado 
em 31.12.89, vez que o princípio constitucional da irretroatividade não pode ser elidido por 
disposições de lei ordinária”. (RE 195.712, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 16/02/96). 
 
"Imposto de importação: alteração das alíquotas, por ato do Executivo, atendidas as condições e 
os limites estabelecidos em lei: CF, art. 153, § 1º. (...) O que a Constituição exige, no art. 150, III, 
a, é que a lei que institua ou que majore tributos seja anterior ao fato gerador. No caso, o 
decreto que alterou as alíquotas é anterior ao fato gerador do imposto de importação”.(RE 
225.602, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 06/04/01). 
 
“O princípio da irretroatividade da lei tributária deve ser visto e interpretado, desse modo, 
como garantia constitucional instituída em favor dos sujeitos passivos da atividade estatal no 
campo da tributação. Trata-se, na realidade, à semelhança dos demais postulados inscritos no 
art. 150 da Carta Política, de princípio que — por traduzir limitação ao poder de tributar — é 
tão-somente oponível pelo contribuinte à ação do Estado”. (ADI 712-MC, Rel. Min. Celso de 
Mello, DJ 19/02/93). 
 12 
E O IMPOSTO DE RENDA? COMO FICA? PARTICIPE DA DISCUSSÃO EM SALA DE 
AULA SOBRE O ASSUNTO COM FUNDAMENTO NA SÚMULA do STF: 
“Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no 
exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.” (SÚM. 584). 
 
2) PRINCÍPIO DA IGUALDADE TRIBUTÁRIA: art. 150, II, da CF/88. 
 
Art. 150, II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação 
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por 
eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou 
direitos; 
 
Este princípio proíbe aos sujeitos ativos estabelecer diferenças ou desigualdades tributárias 
para aqueles sujeitos passivos que se encontrem na mesma situação ou em situação 
equivalente. É corolário do princípio da igualdade definido no art. 5o da CF de que todos são 
iguais perante a lei. A lógica deste comando é TRATAR IGUALMENTE OS IGUAIS E 
DESIGUALMENTE OS DESIGUAIS. 
 
“Isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores concedida pelo Estado-
Membro aos proprietários de veículos destinados à exploração dos serviços de transporte escolar 
no Estado do Amapá, devidamente regularizados junto à Cooperativa de Transportes Escolares 
do Município de Macapá – COOTEM. Tratamento desigual entre contribuintes que se 
encontram em situação equivalente. Violação ao princípio da igualdade e da isonomia tributária. 
Art. 150, II da Constituição Federal”. (ADI 1.655-MC, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 24/10/97). 
 
“Emenda Constitucional (EC nº 41/2003, art. 4º, parágrafo único, I e II). Servidor público. 
Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição 
previdenciária. Bases de cálculo diferenciadas. Arbitrariedade. Tratamento discriminatório 
entre servidores e pensionistas da União, de um lado, e servidores e pensionistas dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, de outro. Ofensa ao princípio constitucional da isonomia 
tributária, que é particularização do princípio fundamental da igualdade”. (ADI 3.105, Rel. Min. 
Cezar Peluso, DJ 18/02/05). 
 
"Lei Complementar 87/96. ICMS e sua instituição. Arts. 150, II; 155, § 2º, VII a, e inciso VIII, 
CF. (...) Operações de tráfego aéreo internacional. Transporte aéreo internacional de cargas. 
Tributação das empresas nacionais. Quanto às empresas estrangeiras, valem os acordos 
internacionais. Reciprocidade. Viagens nacional ou internacional. Diferença de tratamento. 
Ausência de normas de solução de conflitos de competência entre as unidades federadas. Âmbito 
de aplicação do art. 151, CF é o das relações das entidades federadas entre si. Não tem por 
objeto a União quando esta se apresenta na ordem externa. Não incidência sobre a prestação de 
serviços de transporte aéreo, de passageiros intermunicipal, interestadual e internacional. 
Inconstitucionalidade da exigência do ICMS na prestação de serviços de transporte aéreo 
internacional de cargas pelas empresas aéreas nacionais, enquanto persistirem os convênios de 
isenção de empresas estrangeiras". (ADI 1.600, Rel. Min. Sydney Sanches, DJ 20/06/03). 
 
Portanto a lei pode, e deve, instituir diferenças para sujeitos que se encontrem em situações 
diferenciadas: veja o caso abaixo. 
 
“Tributário. COFINS. Art. 8º e § 1.º da Lei nº 9.718/98. Alíquota majorada de 2% para 3% 
compensação de até um terço com a contribuição sobre o lucro líquido – CSLL, quando o 
contribuinte registrar lucro no exercício. Alegada ofensa ao princípio da isonomia. Por efeito da 
referida norma, o contribuinte sujeito a ambas as contribuições foi contemplado com uma 
bonificação representada pelo direito a ver abatido, no pagamento da segunda (COFINS), até 
 13 
um terço do quantum devido, atenuando-se, por esse modo, a carga tributária resultante da 
dupla tributação. Diversidade entre tal situação e a do contribuinte tributado unicamente pela 
COFINS, a qual se revela suficiente para justificar o tratamento diferenciado, não havendo que 
falar, pois, de ofensa ao princípio da isonomia”. (RE 336.134, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 
16/05/03). 
 
Deste princípio podemos ainda deduzir dois outros, que parte da doutrina chamam de 
subprincípios:a) Princípio da Interpretação Objetiva do Fato Gerador: (princípio do non olet). A 
interpretação do fato gerador deve ocorrer de forma objetiva. São irrelevantes para identificar 
o surgimento da obrigação tributária características pessoais do sujeito passivo ou do próprio 
fato. Não se leva em consideração 1) a nulidade do ato jurídico; 2) a capacidade civil do 
sujeito passivo; 3) a característica lícita do ato que produz o surgimento da obrigação 
tributária. O fato signo presuntivo de riqueza, deve ser analisado objetivamente: ex. Auferir 
renda, não importa se do trabalho, de aluguel de imóvel ou do recebimento de valores pela 
venda de entorpecentes; ser proprietário ou possuidor de imóvel rural, não importa se por 
grilagem, posse fraudulenta ou invasão. 
 
“É legítima a tributação de produtos financeiros resultantes de atividades criminosas, nos 
termos do art. 118, do CTN”. (HC nº 77.530-RS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 25.08.98). 
 
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: 
I. da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou 
terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; 
II. dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. 
 
“Ementa:... São tributáveis, ex vi do art. 118 do Código Tributário Nacional, as operações ou 
atividades ilícitas ou imorais, posto a definição legal do fato gerador é interpretada com 
abstração da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, 
responsáveis ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos...” (STJ. REsp 
182563/RJ. Rel.: Min. José Arnaldo da Fonseca. 5ª Turma. Decisão: 27/10/98. DJ de 23/11/98, p. 
198.). 
“Ementa:... III. Para fins da incidência tributária, é irrelevante a capacidade jurídica do ente 
tributado, basta que seja uma unidade econômica...” (TRF-1ª Região. AC 95.01.35853-4/BA. 
Rel.: Juíza Vera Carla Cruz (convocada). 4ª Turma. Decisão: 08/10/99. DJ de 17/03/00, p. 173.). 
 
b) Princípio da Capacidade Contributiva: Dispõe o § 1º, do art. 145 da Constituição 
Federal de 1988 que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão 
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte. Imediatamente, já poderemos 
extrair um entendimento de que o princípio da capacidade contributiva não se refere a 
todos os tributos, mas tão somente a imposto. Não haverá a sua aplicação à taxa nem não 
pouco à contribuição de melhoria. 
 
A outra menção, digna de nota, que se extrai do aludido dispositivo, é o caráter de 
pessoalidade do princípio, o que se pode compreender como a condição estrita do contribuinte 
alvo da incidência, ou seja, somente haverá interesse da condição econômica daquele 
indivíduo e não de um terceiro. 
 
A condição econômica do contribuinte é outro requisito para que se aplique o princípio: quem 
ganha mais, paga mais, que significa PROGRESSIVIDADE. 
 
 14 
Por expressa previsão legal na CF são progressivos: 
O IMPOSTO DE RENDA – art. 153, §2o, I da CF/88. 
O ITR – art. 153, §4o, I da CF – emenda Constitucional nº 45/03. 
 
Corrente doutrinária entende que o IPVA também deve seguir a progressividade pelo 
comando inserto no art. 155, §6o, II da CF, ao determinar que as alíquotas sejam 
diferenciadas em função do tipo e da utilização do veículo. 
 
O ITBI não é progressivo: 
 
“É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão 
inter vivos de bens imóveis -ITBI com base no valor venal do imóvel”. (SÚM. 656). 
“Imposto de transmissão de imóveis, inter vivos – ITBI: alíquotas progressivas: a Constituição 
Federal não autoriza a progressividade das alíquotas, realizando-se o princípio da capacidade 
contributiva proporcionalmente ao preço da venda”. (RE 234.105, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 
31/03/00). 
 
3) PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO: 
 
A origem etimológica de CONFISCO vem do verbo latim "confiscare”, que é concebido, no 
ambiente jurídico, como ação de força exercida pelo Estado consistente em transferir para si 
todos ou parte dos bens de um particular. 
 
Confisco pode também ser definido como apreensão e adjudicação ao fisco de bens do 
patrimônio de alguém por violação da lei e como pena principal ou acessória. A tributação 
não pode violar o direito à propriedade, até por não conter, na sua essência, o caráter punitivo 
(o tributo não constitui sanção por um ato ilícito cometido – art. 3.º do CTN). Caso a intenção 
do administrador público seja o confisco, deve ele se servir das opções do D. Administrativo 
e, não, de relações tributárias. 
 
O artigo 150, inciso IV, da CF consagra o Princípio do Não-Confisco. Trata-se de uma 
inovação no Sistema Tributário Nacional, visto que o constituinte de 1988 preocupou-se em 
conferir à sociedade um elemento positivo que impossibilitasse o livre alvedrio estatal na 
instituição de tributos. Ressalte-se que o princípio do não confisco deve ser analisado de 
acordo com a carga tributária de cada ente tributante e não para cada tributo isoladamente, 
como deixa claro esta decisão do STF: 
 
"A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entende cabível, em sede de controle 
normativo abstrato, a possibilidade de a Corte examinar se determinado tributo ofende, ou não, 
o princípio constitucional da não-confiscatoriedade, consagrado no art. 150, IV, da Constituição. 
Precedente: ADI 2.010-MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello. A proibição constitucional do confisco 
em matéria tributária nada mais representa senão a interdição, pela Carta Política, de qualquer 
pretensão governamental que possa conduzir, no campo da fiscalidade, à injusta apropriação 
estatal, no todo ou em parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes, 
comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o exercício do direito a uma 
existência digna, ou a prática de atividade profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de 
suas necessidades vitais (educação, saúde e habitação, por exemplo). A identificação do efeito 
confiscatório deve ser feita em função da totalidade da carga tributária, mediante verificação da 
capacidade de que dispõe o contribuinte considerado o montante de sua riqueza (renda e capital) 
— para suportar e sofrer a incidência de todos os tributos que ele deverá pagar, dentro de 
determinado período, à mesma pessoa política que os houver instituído (a União Federal, no 
caso), condicionando-se, ainda, a aferição do grau de insuportabilidade econômico-financeira, à 
 15 
observância, pelo legislador, de padrões de razoabilidade destinados a neutralizar excessos de 
ordem fiscal eventualmente praticados pelo Poder Público. Resulta configurado o caráter 
confiscatório de determinado tributo, sempre que o efeito cumulativo — resultante das múltiplas 
incidências tributárias estabelecidas pela mesma entidade estatal — afetar, substancialmente, de 
maneira irrazoável, o patrimônio e/ou os rendimentos do contribuinte. O Poder Público, 
especialmente em sede de tributação (as contribuições de seguridade social revestem-se de 
caráter tributário), não pode agir imoderadamente, pois a atividade estatal acha-se 
essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade”. (ADC 8-MC, Rel. Min. Celso de 
Mello, DJ 04/04/03). 
 
"Fixação de valores mínimos para multas pelo não-recolhimento e sonegação de tributos 
estaduais. Violação ao inciso IV do art. 150 da Carta da República. A desproporção entre o 
desrespeito à norma tributária e sua conseqüência jurídica, a multa, evidencia o caráter 
confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em contrariedade ao 
mencionado dispositivo do texto constitucional federal." (ADI 551, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 
14/02/03).4) PRINCÍPIO DA NÃO LIMITAÇÃO AO TRÁFEGO DE PESSOAS E BENS: 
 
Este princípio determina aos entes tributantes que a simples passagem de um município para o 
outro ou de um Estado para outro NÃO podem constituir-se como hipótese de incidência 
tributária. Há duas ressalvas: a primeira para a cobrança do ICMS exigido pelos postos fiscais 
nas fronteiras. Perceba que o ICMS é devido pela CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS e 
não pelo tráfego entre os Estados e municípios. O segundo para o Pedágio, que possui 
natureza jurídica de taxa, conforme decisão do STF, e é devido pela utilização das rodovias, 
serviços e obras de arte. Entretanto, para efeito de concursos, as bancas examinadoras ainda 
tem considerado o pedágio como uma espécie não tributária (uma tarifa ou preço público). 
 
Art. 150 – é vedado.... 
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos 
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias 
conservadas pelo Poder Público; 
 
“Tributário. Pedágio. Lei nº 7.712, de 22/12/88. Pedágio: natureza jurídica: taxa: CF, art. 145, 
II, art. 150, V. Legitimidade constitucional do pedágio instituído pela Lei nº 7.712, de 1988”. (RE 
181.475, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 25/06/99). 
 
5) VEDAÇÕES ESPECÍFICAS DA UNIÃO: 
 
Art. 151. É vedado à União: 
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique 
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em 
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o 
equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; 
 
"A Constituição na parte final do art. 151, I, admite a ‘concessão de incentivos fiscais destinados 
a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do país’. 
A concessão de isenção é ato discricionário, por meio do qual o Poder Executivo, fundado em 
juízo de conveniência e oportunidade, implementa suas políticas fiscais e econômicas e, portanto, 
a análise de seu mérito escapa ao controle do Poder Judiciário. Precedentes: RE 149.659 e AI 
138.344-AgR". (RE 344.331, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 14/03/03). 
 
 
 16 
a) Princípio da Uniformidade Geográfica: Uniformidade Tributária – o tributo da União 
deve ser uniforme em todo o território nacional, isto é deve ter a mesma alíquota, ressalvando-
se a concessão de incentivos fiscais destinada a promover o equilíbrio socioeconômico entre 
as regiões do país (art. 151, I, CF). É a observância ao federalismo vigente no Brasil, comum 
em todos os incisos do art. 151, VEJA a previsão do art. 43, da CF/88. 
 
Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo 
complexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das 
desigualdades regionais. 
 
Exemplos: ZONA FRANCA DE MANAUS – foi prorrogada por mais 10 anos, vai até 2023 
– EC nº 42/2003 – Área de Livre Comércio de Macapá e Santana. 
 
Art. 151. 
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em 
níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; 
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos 
Municípios. 
b) Vedação de Tributação: Pela União, da renda das obrigações da dívida pública, dos 
outros entes públicos, assim como dos respectivos agentes públicos em patamar superior aos 
fixados para as suas próprias obrigações e para os seus agentes (art. 151, II, CF). Exemplo: 
Se um contribuinte investir em título da dívida pública de um Estado, os rendimentos só 
poderão ser tributados pela União (IOF, p. ex.) com uma carga limitada à mesma alíquota 
incidente sobre os ganhos com os títulos da dívida pública federal. Outro exemplo: 
remuneração e os proventos dos servidores estaduais e municipais não poderão ser tributados 
pela União (Imposto de Renda) em níveis superiores aos aplicados aos servidores federais. 
Trocando em miúdos: A União pode tributar a renda das obrigações da dívida pública e dos 
proventos dos agentes públicos, porém, não poderá tributá-los em percentuais maiores ao que 
ela (a União) tributa as situações em que faz parte (servidores federais, títulos da dívida 
pública federal). 
c) Vedação de Instituição de Isenções: Pela União, de tributos da competência dos Estados, 
Distrito Federal e dos Municípios (art. 151, III, CF). Proibido, portanto, a instituição das 
chamadas isenções heterônomas, em que um ente tributante podia estabelecê-las quanto a 
tributos de competência de outro ente – situação existente no nosso ordenamento jurídico 
anterior, que previa a possibilidade da União, atendendo o relevante interesse econômico ou 
social nacional, conceder isenções de impostos estaduais e municipais (art. 19, parágrafo 2º, 
da CF/1967). No Brasil vigora a regra geral das isenções autonômicas, respeitando a 
autonomia das unidades federadas. 
 
Devemos observar: 
* A vedação se refere à instituição de isenções, reforçada, ainda, pelo art. 150, parágrafo 6.º, 
da CF. 
* O art. 155, parágrafo 2.º, XII, “e”, com o art. 156, parágrafo 3.º, II, refere-se a hipóteses em 
que lei complementar excluirá certas situações da incidência dos respectivos impostos (ICMS 
e ISS, respectivamente). Parte da doutrina entende que tal exclusão é hipótese de isenção (art. 
175, I e 176, do CTN), e, como lei complementar é de competência da União, teríamos duas 
hipóteses em que a isenção poderia ser instituída por pessoa jurídica de direito público diversa 
da competente para instituí-lo. Entendo, entretanto, que aqui não é a União observada como 
um dos entes, atuando com uma lei federal; é a União representando todos os entes mediante 
uma lei nacional (a Lei Complementar). 
 17 
d) Vedação e Diferenciação Tributária: os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios não podem estabelecer diferenciação tributária para bens e serviços em razão de 
sua procedência ou destino (art. 152, CF). Este princípio é garantidor do federalismo 
brasileiro. Ex: não pode estabelecer uma alíquota mais ou menos elevada porque o produto 
tem origem no Rio Grande do Sul. 
 
6) PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE: (art. 153, parágrafo 3º, II, e 155, 
parágrafo 2.º, I, além dos 154, I e 195, parágrafo 4.º, todos da CF); e DA SELETIVIDADE 
(art. 153, parágrafo 3.º, I, e, 155, parágrafo 2.º, III, CF) referentes ao ICMS e ao IPI. 
 
O princípio da não cumulatividade refere-se à obrigatoriedade de abater-se, nas diversas 
operações do processo de produção e comercialização, o imposto pago nas etapas anteriores. 
Ex: Sociedade Empresária se credita do valor de imposto que pagou na etapa anterior (quando 
adquiriu a mercadoria ou produto); quando efetivar a saída, mediante a venda; ao apurar o 
valor devido do imposto, descontará aquele montante do qual se creditou na etapa anterior, de 
forma que só pagará o tributo sobre aquele valor por ele agregado na sua etapa do processo 
(no mínimo, o lucro). Aplica-se ao IPI, ao ICMS e a eventuais impostos e contribuições 
residuais (195, parágrafo 4.º e 154, I). 
 
Vejamos um exemplo fictício com uma alíquota de 10%. Se uma indústria vende um produto 
por R$ 10.000,00, o valor a ser pago de ICMS seria R$ 1.000,00. O atacadista comprador se 
credita dos R$ 1.000,00, pagos, que lhe foram repassados (característica dos chamados 
impostos indiretos), e, ao executar operação que agregue valor à mercadoria, a vende por 
R$11.000,00, fato que o obrigaria a recolher o imposto de circulação de mercadorias no valor 
de R$ 1.100,00 (10%). Perceba que ele já possuía um crédito deR$ 1.000,00 na etapa 
anterior. Agora ele pagará apenas a diferença: R$ 100,00. O procedimento se repete nas várias 
etapas seguintes envolvendo um comerciante comprador que venda a mesma mercadoria por 
R$ 15.000,00, Quanto ele pagará de ICMS? 
 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO: 
Alguns autores entendem que este não é um principio. Neste sentido, o govenbro neo-liberal de 
FHC editou a Lei Complementar nº114, de 16 de dezembro de 2002 e adiada, pela quarta vez 
consecutiva, a data a partir da qual as empresas poderiam se creditar do ICMS pago na 
aquisição de bens destinados ao uso e consumo do estabelecimento, bem como daquele 
recolhido através das contas de energia elétrica e telefone. Não fosse a euforia peculiar à época 
de final de ano, o assunto teria assumido maior dimensão nos noticiários do país. A ausência de 
divulgação desse assunto também se deve à previsibilidade do mencionado adiamento, tendo 
em vista que o aproveitamento de tais créditos fora postergado por três vezes, segundo estava 
previsto desde a Lei Complementar nº 87/96, a chamada Lei Kandir. Essa Lei, promulgada no 
governo FHC, disciplinou, por intermédio de Lei Complementar, a cobrança do ICMS, conforme 
exigia a Constituição de 88, a fim de que fosse minimizada a balbúrdia causada pela 
pulverização de legislações estaduais acerca do imposto. É essa a problemática que se procura 
solucionar, inclusive através da nova proposta de reforma tributária do atual governo. 
A LC 87/96 assegurou, em seu art. 20, o direito à compensação por parte do contribuinte do 
ICMS pago em operações anteriores, inclusive o referente aos bens destinados ao uso e 
consumo da empresa, bem como aqueles adquiridos com o objetivo de integrar seu ativo 
permanente. 
ICMS 
INDÚSTRIA 
R$1.000,00 
 
ATACADISTA 
Débito R$1.100,00 
Crédito R$1.000,00 
ICMS a pagar R$100,00 
COMERCIO 
Vende por R$15.000 
Débito R$1.500,00 
Crédito R$1.100,00 
ICMS a pagar R$???? 
 
consumidor 
 
 18 
Em seguida, no art. 32, postergou, a partir de 1º de janeiro de 1997 (ou seja, no ano 
subseqüente à entrada em vigor da chamada Lei Kandir), a utilização de tais créditos, inclusive 
os decorrentes do uso de energia elétrica e de serviços de comunicação. 
Daí em diante o que se viu foi um festival de adiamentos (1998, 2000, 2003 e agora 2007) que 
culminaram com a mencionada Lei Complementar nº114/2002, que adiou para janeiro de 2007 a 
fruição dos créditos de ICMS ora comentados. 
Em relação aos bens para incorporação ao ativo fixo das empresas, a Lei Complementar nº 
102/2000 parcelou em 48 meses a utilização dos créditos advindos do pagamento de ICMS. 
A possibilidade de o contribuinte utilizar os créditos de ICMS pago na aquisição de bens 
destinados ao uso e consumo, bem como aqueles decorrentes do aproveitamento do imposto 
incidente sobre energia elétrica e serviços de comunicação ainda é muito discutida. A 
mencionada acumulação de créditos proporciona ao contribuinte (produtor/comerciante) um 
abatimento substancial na carga tributária final inerente às suas operações, traduzindo-se em 
perda de receita para os Estados. 
Entretanto, a crise financeira pela qual atravessam os Estados não pode servir de pretexto para 
afronta à CF/88. O mecanismo de compensação inerente ao ICMS decorre de um princípio 
previsto no âmbito da Constituição Federal de 1988 (princípio da não-cumulatividade). 
O princípio constitucional da não-cumulatividade confere ao contribuinte a possibilidade de 
tornar-se credor do ICMS pago em operações anteriores, a fim de abater o valor desses créditos 
quando da incidência do mesmo imposto em operações posteriores. É o sistema do imposto-
contra-imposto, que permite a desoneração da produção, fazendo com que o encargo financeiro 
oriundo da tributária recaia sobre o consumidor final (fenômeno da repercussão tributária). 
Para boa parte dos estudiosos do Direito Tributário o mecanismo da não-cumulatividade não 
comporta restrições. Salvo exceções previstas no próprio texto da Constituição Federal, que em 
relação ao ICMS prevê a vedação da compensação do imposto, quando sobre a entrada ou a 
saída da mercadoria não incidir o imposto (ou incidir à alíquota zero); ou seja, o produto 
adquirido ou vendido é isento da tributação. Nos demais casos, toda aquisição geraria, em 
princípio, direito a crédito. 
Entretanto, Jurisprudência e Doutrina distinguem os créditos de ICMS em duas categorias: 
créditos físicos e créditos financeiros. Estes últimos seriam provenientes de todo e qualquer 
pagamento de ICMS relacionado com a atividade econômica da empresa contribuinte, excluindo-
se somente despesas pessoais. Nesse caso, toda entrada de mercadoria sobre a qual incidisse 
o ICMS geraria direito de crédito para o contribuinte. Já o crédito físico seria aquele decorrente 
do pagamento de ICMS apenas quando da aquisição de insumos, ou seja, de produtos utilizados 
na fabricação ou circulação do produto comercializado pelo adquirente. Observe-se que o 
aproveitamento de créditos físicos é bem mais restrito do que o de créditos financeiros. 
As Secretarias de Fazenda somente reconhecem o direito aos créditos de ICMS provenientes da 
aquisição de insumos, ou seja, de matérias-primas ou produtos em geral que são de alguma 
forma utilizados no processo produtivo empresa em questão (sistema base contra base, ou 
sistema físico de mercadoria contra mercadoria) Todavia, tal fato não impede que o contribuinte 
discuta judicialmente, com base nos argumentos já expostos, a utilização de créditos do imposto 
pago na aquisição de bens destinados ao uso e consumo, não se submetendo aos prazos da Lei 
Complementar nº114/2002. Quanto aos créditos do imposto pago na utilização de energia 
elétrica e de meios de comunicação, bem como o incidente sobre a aquisição de bens 
destinados ao ativo fixo, maiores razões assistem ao contribuinte, já que tais bens são 
incorporados ao processo produtivodas empresas. 
 
O princípio específico da seletividade, por sua vez, obriga o ente público a considerar a 
essencialidade dos produtos, mercadorias ou serviços, no momento da instituição e 
determinação do critério quantitativo dos respectivos impostos. Em tese, quanto mais 
essencial para a sociedade for um produto, menor deve ser a sua carga tributária relativa ao 
IPI e ao ICMS. Observe-se que os dispositivos constitucionais citados obrigam aos 
legisladores do IPI e do ICMS quanto ao respeito ao princípio da não cumulatividade. O 
mesmo não acontece com o da seletividade, pois enquanto a CF determina que o IPI será 
seletivo, aponta que o ICMS poderá ser seletivo. 
 
 19 
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à 
circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores 
pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; 
 
"O princípio da não-cumulatividade opera a compensação do tributo pago na entrada da 
mercadoria com o valor devido por ocasião da saída, evitando-se a sua cumulação. Se uma das 
operações não é tributada, não há possibilidade de cumulação, inexistindo espaço para 
compensação". (RE 212.019, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 21/05/99). 
 
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços; 
 
AULA 05 – PODER DE TRIBUTAR – COMPETÊNCIA 
TRIBUTÁRIA 
 
A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio do FEDERALISMO (art. 60, § 4º, I, CF) 
como forma de Estado, que na conceituação de Dalmo de Abreu Dallari é uma "aliança ou 
união de Estados", baseada em uma Constituição e onde "os Estados que ingressam na 
federação perdem sua soberania no momento mesmo do ingresso, preservando, contudo, uma 
autonomia política limitada". No sentido tributário delimita-se e dividi-se entre os entes 
políticos – UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS- o poder de 
tributar, garantindo o equilíbrio entre os sujeitos federados. Cada um possui determinada 
quantidade de poderes, que executam nos seus limites territoriais, podem ser inclusive de 
caráter concorrente ou complementar. É no exercício de sua soberania que o Estado exige 
daqueles que estão em seu território que lhe entregue os recursos para o desenvolvimento de 
sua atividade financeira. É o Poder de Tributar. Este Poder, delimitado juridicamente pela 
Carta Constitucional é denominado de competência tributária, definido como a capacidade 
constitucional de criar tributos, pois a Constituição não os criou e sim distribuiu as 
competências para criação. 
 
1) MODALIDADES DE COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA: são cinco. 
 
a) Competência comum: Diz respeito às taxas e contribuições de melhoria, as quais podem 
ser instituídas tanto pela União quanto pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, dentro 
dos limites das competências materiais para o exercício do poder de polícia e realização de 
serviços públicos no caso das taxas, outorgadas pela Constituição para cada ente político, e a 
realização de obra pública da qual decorra valorização imobiliária. 
Competência privativa: Refere-se à instituição de impostos e vem relacionada 
taxativamente na Constituição Federal. Cada ente político possui uma competência privativa 
sobre determinado conteúdo econômico (propriedade, renda, consumo, patrimônio, etc.) e só 
ele poderá criar tal tributo. 
c) Competência especial: Refere-se à instituição das contribuições especiais e do empréstimo 
compulsório. Entretanto, modernamente, entendo que estes tributos fazem parte do rol de 
tributos privativos da União. 
d) Competência residual: É exclusiva da União para a instituição de novos impostos (art. 
154, I, CF) e novas contribuições sociais (art. 195, § 4°, CF), desde que essa criação atenda às 
seguintes condições: instituição por lei complementar; não-cumulatividade; fato gerador e 
base de cálculo diferentes dos impostos já discriminados na Constituição. Nem sempre estas 
restrições são atendidas, como é o caso da CPMF. Porém o próprio STF decidiu, a meu ver 
contra a Constituição, de que as contribuições sociais residuais não precisam respeitar a 
 20 
segunda parte do inciso I do art. 154, em outras palavras, as contribuições sociais residuais, 
podem ter base de cálculo ou fato gerador próprio de impostos. 
e) Competência extraordinária: Na iminência ou no caso de guerra, a União poderá instituir 
o Imposto Extraordinário de Guerra, sobre conteúdos econômicos compreendidos ou não em 
sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de 
sua criação. 
 
Veja o quadro abaixo: 
 
TIPOS ESPÉCIES UNIÃO ESTADOS/DF MUNICIPAL/DF 
 
PRIVATIVA 
 
IMPOSTOS 
II, IE, IR, IPI, 
IOF, IGF – 
Art. 153 
ICMS, IPVA, 
ITCMD – 
Art. 155 
IPTU, ISSQN, 
ITBI – 
Art. 156 
 
 
COMUM 
Taxas e 
Contribuições 
de 
Melhoria – art. 
145, incisos II 
e III 
 
Decorrentes de 
sua atividade 
administrativa 
 
 
Decorrentes de 
sua atividade 
administrativa 
 
 
Decorrentes de 
sua atividade 
administrativa 
 
 
EXCLUSIVA 
 
Empréstimos 
Compulsórios 
 
Art. 148 
 
NÃO 
 
Contribuição de 
Iluminação 
Pública 
 
ESPECIAL 
Contribuições 
Especiais 
 
Art. 149 
 
Art. 149, 1º 
 
Art. 149, 1º 
 
RESIDUAL 
Novos 
Impostos 
 
Art. 154, I 
 
NÃO 
 
NÃO 
 
EXTRAORDINÁRIA 
Impostos 
Extraordinários 
de Guerra 
 
Art. 154, II 
 
NÃO 
 
NÃO 
 
Fonte: Constituição Federal de 1988. 
 
2) CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA: 
 
São características intrínsecas: 
 
a) Indelegabilidade: Não é possível ao ente político que recebeu a competência delegá-la a 
outro ente ou a outra entidade (art 7° CTN). 
 
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou 
fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria 
tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do 
art. 18 da Constituição. 
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à 
pessoa jurídica de direito público que a conferir. 
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica 
de direito público que a tenha conferido. 
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, 
do encargo ou da função de arrecadar tributos. 
b) Irrenunciabilidade: Em razão de a competência ser proveniente de uma regra 
constitucional, mesmo que o ente político não a queira, ou dela não se valha, essa atitude não 
lhe entrega o direito de renunciar à competência. 
 21 
c) Incaducabilídade: Essa característica garante ao ente político valer-se desse poder de 
tributar quando desejar sem que tenha de se preocupar com seu "prazo de validade". O não-
exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa 
daquela a que a Constituição a tenha atribuído (art. 8° CTN). 
Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito 
público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído. 
A capacidade tributária ativa não se confunde com competência, pois a competência vem em 
decorrência de uma regra constitucional, já a capacidade vem delegada em decorrência de 
uma lei ordinária. O CTN admite a delegação da atribuição das funções de arrecadar ou 
fiscalizar tributos. Ressalta-se que a atividade de legislar não pode ser delegada e que não 
constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo 
de arrecadar tributos (art. 7°, § 3°). 
 
“Ementa: ... II. A capacidade tributária, na parafiscalidade, é delegada nos termos do caput do 
art. 7º do CTN, importando na transmissão dos poderes para arrecadar, fiscalizar e executar 
leis, serviços, atos ou decisão em matéria tributária...” (TRF-1ª Região. Ag 1997.01.00.004785-
8/DF. Rel.: Juíza Vera Carla Cruz (convocada). 4ª Turma. Decisão: 30/06/00. DJ de 22/09/00, p. 
274. 
“Ementa: ... Em matéria de competência o não-exercício por seu titular não confere a outra 
entidade tributante qualidade para utilizá-la (art. 8º do CTN). Ilegítima a cobrança, por 
Município, de Imposto sobre Telecomunicações, de privativa competência federal...” (TRF-2ª 
Região. REO 91.02.05382-9/RJ. Rel.: Des. Federal Alberto Nogueira. 2ª Turma. Decisão: 
29/09/93. DJ de 19/04/94.). 
 
AULA 06 - SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL – ESPÉCIES 
DE TRIBUTO 
 
1) CLASSIFICACÃO DOS TRIBUTOS: 
Já conhecemos o conceito de tributo e sabemos que ele é encontrado no art. 3o do CTN. 
A classificação tradicional adotada pelo Código Tributário Nacional utiliza o fato gerador 
como critério distintivo das espécies tributárias (art. 4°); dessa forma, os tributos são 
vinculados ou não-vinculados, conforme a hipótese de incidência esteja ligada ou não a uma 
atuação estatal, sem qualquer vínculo com a destinação do produto da arrecadação. Desta 
forma teríamos apenas três tributos IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES DE 
MELHORIA. Mas dependendo do Autor podemos estabelecer várias diferenciações como 
demonstra o quadro abaixo: 
 
Rubens Gomes de Souza Impostos, taxas e contribuições como gêneros de tributos. 
Pontes de Miranda Impostos e taxas, em função da possibilidade de distinguir as 
pessoas a quem o tributo aproveita. 
Alfredo Augusto Becker Impostos e taxas, distinguindo-se pela base de cálculo. 
Geraldo Ataliba Vinculados e não-vinculados. 
Ives Gandra da S. MartinsCelso Ribeiro Bastos 
Hugo de Brito Machado 
Min. Moreira Alves 
Impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos 
compulsórios e contribuições especiais. 
Fabio Fanuchi Impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios. 
Paulo de Barros Carvalho Imposto, taxa, contribuição de melhoria, sendo que o 
empréstimo compulsório pode assumir qualquer uma delas e as 
contribuições ou são impostos ou taxas. 
 22 
Roque Carrazza Impostos, taxas e a contribuição de melhoria: as outras espécies 
se enquadram numa dessas três. 
Hamilton Dias de Souza Imposto, taxa, contribuições. 
José Afonso da Silva Impostos, taxas, contribuições e empréstimo compulsório, que 
equivale a contrato público. 
Luciano Amaro Impostos, taxas (de serviço, de polícia, de utilização de via 
pública – pedágio, de melhoria), contribuições (sociais, 
econômicas e corporativas, todas as destinações específicas) e 
empréstimo compulsório, que não considera como receita. 
 
Entretanto, o STF entendeu ser relevante a destinação legal do produto da arrecadação dos 
tributos, como característica suficiente para a criação de novas espécies tributárias. Sem nos 
alongarmos em discussões estéreis adota-se a divisão pentapartida isto é, são 05 os tributos: 
 
IMPOSTOS – TAXAS – CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA – CONTRIBUIÇÕES 
ESPECIAIS E EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS. 
 
“As diversas espécies tributárias, determinadas pela hipótese de incidência ou pelo fato gerador 
da Respectiva obrigação (CTN, art. 4º) são as seguintes: a) os impostos (CF arts. 145, I, 153, 154, 
155 e 156); b) as taxas (CF, art. 145, II); c) as contribuições, que podem ser assim classificadas: 
c.1. de melhoria (CF, art. 145, III); c.2. parafiscais (CF, art. 149), que são: c.2.1. sociais, c.2.1.1. 
de seguridade social (CF art. 195, I, II, III), C.2.1.2. outras de seguridade social (CF, art. 195, § 
4º), c.2.1.3. sociais gerais (o FGTS, o salário educação, CF, art. 212, § 5º, contribuições para o 
SESI, SENAI, SENAC, CF art. 240); c.3. especiais; c.3.1. de intervenção no domínio econômico 
(CF, art. 149) e c.3.2. corporativas (CF, art.149). Constituem, ainda, espécie tributária: d) os 
empréstimos compulsórios (CF, art. 148)”. (RE 138.284, voto do Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 
28/08/92). 
 
Convém notar, portanto, que os impostos são tributos não vinculados a atividade estatal em 
relação ao contribuinte, e as taxas e as contribuições de melhoria são vinculados a uma 
Atividade Estatal diretamente relacionada ao contribuinte. Já as contribuições especiais e os 
empréstimos compulsórios não se caracterizam somente por seu fato gerador (classificação 
intrínseca), mas, sobretudo e principalmente, por sua finalidade e a destinação do produto da 
sua arrecadação, exteriorizada pela atividade estatal desenvolvida e que se conecta, 
indiretamente, com o sujeito passivo. Nesse caso, seria traço característico das contribuições 
que o produto de sua arrecadação fosse destinado à atividade estatal, que é seu pressuposto. 
 
2) ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS: 
 
2.1) IMPOSTO: 
 
É o tributo exigível independentemente de qualquer atividade estatal específica relativa ao 
contribuinte (art. 145, I, CF, e art. 16, CTN) E SUA RECEITA NÃO DEVE TER 
DESTINAÇÃO ESPECÍFICA (art. 167, IV. CF). É um tributo não vinculado a qualquer 
atividade do Estado. A obrigação do pagamento surge pela realização de um ato de configure 
aquisição de riqueza pelo particular: propriedade de veículo, de terras rurais, aquisição de 
renda, circulação de mercadorias, prestação de serviços, entre outros. O Imposto tem 
característica FISCAL, serve para custear as despesas públicas universais e indivisíveis do 
Estado. Ex. Segurança, Saúde, despesas correntes, vencimentos, propaganda, etc. 
2.2) TAXA: É o tributo exigível em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização 
efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou 
 23 
postos a sua disposição (art. 145, II, CF, e art 77, CTN). É um tributo vinculado a uma 
atividade estatal específica. A taxa é um tributo de contraprestação: você paga para o Estado 
agir, fazer algo para você. Há duas espécies de TAXAS: a de POLÍCIA e a de SERVIÇO: 
 
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos 
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício 
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público 
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. • 
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que 
correspondam a imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas. (Redação 
dada pelo Ato Complementar 34, de 30/01/67). 
 
“É constitucional a Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários 
instituída pela Lei 7.940/89”. 
“O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”. 
“É inconstitucional a taxa de urbanização da Lei 2.320, de 20/12/61, instituída pelo Município de 
Porto Alegre, porque seu fato gerador é o mesmo da transmissão imobiliária”. 
“É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de 
cálculo seja idêntica a do Imposto Territorial Rural”. 
 
a) Taxa de Polícia: é a taxa de fiscalização decorrente do poder de polícia administrativa 
efetivamente executado. O conceito encontra-se no art. 78 do CTN, transcrito abaixo: 
 
“Considera-se poder de polícia atividade da Administração Pública que, limitando ou 
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em 
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à 
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”. (Redação dada pelo Ato Complementar 31, 
de 28/12/66). 
 
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado 
pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, 
tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder”. 
 
O objetivo da taxa de polícia é custear os serviços de fiscalização efetuados em relação ao 
contribuinte. DEVE EXISTIR A EFETIVA AÇÃO DO ESTADO. 
 
b) Taxa de Serviço: é aquele serviço prestado ou posto a disposição do contribuinte em 
unidades autônomas de utilização, e quantificável de forma individual. O conceito encontra-se 
no art. 79 do CTN, transcrito abaixo: 
 
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o art. 77 consideram-se: 
I. utilizados pelo contribuinte: 
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; 
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição 
mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; 
II. específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de 
utilidade, ou de necessidade públicas; 
III. divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos 
seus usuários. 
 
 24 
Exemplos de Taxas: Taxa de Fiscalização Ambiental, Taxa de Esgoto, Taxa de Fiscalização 
de Funcionamento, Taxa de Licença de Funcionamento( Alvará de Localização). 
2.2.1) TAXA E IMPOSTOS: (art 145, §2O, CF e art. 77 parágrafo único, CTN , ). 
 
A TAXA NÃO PODERÁ TER BASE DE CÁLCULO NEM FATO GERADOR PRÓPRIOS 
DE IMPOSTOS. 
 
"Instituição de taxa de serviços prestados por órgãos de Segurança Pública. Atividade que somente pode 
ser sustentada por impostos." (ADI 2.424, Rel. Min. GilmarMendes, DJ 18/06/04) "É inconstitucional a 
taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a do imposto 
territorial rural." (SÚM. 595). 
"O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa." (SÚM. 670). 
“Sobre o tema da natureza jurídica dessa exação, o Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência no 
entido de se tratar de tributo da espécie taxa (Representação 1.077). Ela resulta da prestação de serviço 
público específico e divisível, cuja base de cálculo é o valor da atividade estatal deferida diretamente ao 
contribuinte. A taxa judiciária deve, pois, ser proporcional ao custo da atividade do Estado a que se 
vincula. E há de ter um limite, sob pena de inviabilizar, à vista do valor cobrado, o acesso de muitos à 
Justiça.” (ADI 948, Rel. Min. Francisco Rezek, DJ 17/03/00). 
“Taxa de Conservação e Manutenção das Vias Públicas. Inconstitucionalidade incidental. Acórdão que 
declarou a inconstitucionalidade de lei que instituiu a cobrança de Taxa de Conservação e Manutenção 
das Vias Públicas, por afronta ao disposto no art. 145, II, da CF. Entendimento firmado pelo STF no 
sentido de que a base de cálculo é ‘própria de imposto e não de taxa por serviços específicos e divisíveis 
postos à disposição do seu contribuinte’ e ‘não tendo o Município — uma vez que, em matéria de 
impostos, a competência é da União — competência para criar tributos outros que não os que a 
Constituição lhe atribui, o imposto dissimulado pela taxa é inconstitucional (RE 121.617)’.” (RE 293.536, 
Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 17/05/02). 
“Taxas de lixo e sinistro. (…) Taxas legitimamente instituídas como contraprestação a serviços essenciais, 
específicos e divisíveis, referidos ao contribuinte a quem são prestados ou a cuja disposição são postos, não 
possuindo base de cálculo própria de imposto.” (RE 233.784, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 12/11/99). No 
mesmo sentido: RE 206.777, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 30/04/99, AI 431.836-AgR, Rel. Min. Carlos 
Velloso, DJ 01/08/03). 
 
2.2.2) TAXA E TARIFA (OU PREÇO PÚBLICO): 
 
Distinção - A taxa é compulsória (obrigatória), nasce somente por intermédio de Lei (ou 
Medida Provisória), remunera os serviços públicos fundamentais ou o exercício do poder de 
polícia, prestados diretamente pelo Estado. Possui caráter de essencialidade. 
 
A tarifa (ou preço público) é facultativa,nasce por meio de um contrato, é voluntário e 
inessencial, remunera serviços prestados indiretamente pelo Estado. Exemplo: tarifa de água, 
de ônibus, táxi. Nos dias atuais o que se discute é a natureza do serviço: se for serviço público 
é taxa. Se for outra atividade do Estado, não essencial pode ser por tarifa. Ex: telefonia, tarifa 
de limpeza urbana. 
 
“Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, 
são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em 
relação à lei que as instituiu”. (SÚM. 545). 
 
2.3) CONTRIBUIÇÕES: 
 
Tal classificação parte da premissa de que existem três normas constitucionais que servem, 
em primeiro lugar, de fundamento para a instituição de contribuições, quais sejam, os arts. 
145, III; 149 e 149-A. Além disso, considera os tradicionais fenômenos da fiscalidade, 
parafiscalidade e extrafiscalidade como critério classificatório. 
 25 
O art. 145, III, estabelece a competência tributária para a instituição da contribuição de 
melhoria, que cumpre função fiscal, COM TAMBÉM A contribuição para o custeio do 
serviço de iluminação pública prevista no art. 149-A. Neste sentido, ambas as contribuições 
têm por finalidade o custeio de certas despesas assumidas pelo Estado em benefício do 
contribuinte, não se fazendo presentes os fenômenos da parafiscalidade e da extrafiscalidade. 
 
Por outro lado o art. 149 traz as matrizes constitucionais das demais contribuições: as 
contribuições parafiscais (as sociais e as corporativas) e as contribuições extrafiscais (de 
intervenção no domínio econômico). As outras contribuições parafiscais, as contribuições 
sociais, têm no art. 149 o seu epicentro. O que as distingue das contribuições corporativas é o 
fato de a parafiscalidade se referir ao financiamento dos chamados direitos de seguridade 
social, daí a denominação de contribuições de seguridade social ou simplesmente 
contribuições sociais. Entretanto, uma subdivisão se impõe, porque o texto constitucional, em 
matéria tributária, estabeleceu claramente duas espécies de direitos sociais cuja realização é, 
em parte, custeada por contribuições sociais: aqueles que são próprios da seguridade social 
(saúde, previdência e assistência social – previstos no art. 194) e outros que contam com 
previsão de receita tributária para custeá-los e que estão dispersos pela CF/88, que são a 
educação (art. 212, § 5.º), o FGTS (art. 7.º, III), o lazer e o aperfeiçoamento profissional dos 
trabalhadores (art. 240). Por isso a subdivisão das contribuições sociais em contribuições 
sociais de seguridade social (são as contribuições do art. 195, inclusive a contribuição para o 
PIS/PASEP, e a CPMF) e contribuições sociais gerais (contribuição do salárioeducação, 
contribuição do FGTS, contribuição dos 5 “S” SESI/SENAI, SESC/SENAC, SEST/SENAT), 
conforme a arrecadação seja feita para custear, respectivamente, os direitos sociais da 
seguridade social ou aqueles outros direitos sociais cujo financiamento também é assegurado 
por receita tributária. VEJAMOS AGORA AS ESPÉCIES DE CONTRIBUIÇÃO: 
 
2.3.1) CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA: 
 
É o tributo exigível em decorrência de obra pública (art.145, III, CF) que implique 
valorização imobiliária. Destina-se a custear parcialmente a obra realizada (art. 145, III, CF). 
 
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal 
ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face 
ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a 
despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para 
cada imóvel beneficiado. 
 
“Ementa: .... I. A entidade tributante ao exigir o pagamento de contribuição de melhoria tem de 
demonstrar o amparo das seguintes circunstâncias: a) exigência fiscal decorre de despesas 
decorrentes de obra pública realizada; b) a obra provocou a valorização do imóvel; c) a base de 
cálculo é a diferença entre dois momentos: o primeiro, o valor do imóvel antes de a obra ser 
iniciada; o segundo, o valor do imóvel após a conclusão da obra. II. É da natureza da 
contribuição de melhoria a valorização imobiliária.... IV. Adoção, também da corrente 
doutrinária que, no trato da contribuição de melhoria, adota o critério de mais valia para definir 
o seu fato gerador ou hipótese de incidência...”. (STJ. REsp. 169131/SP. Rel.: Min. José Delgado. 
1ª Turma. Decisão: 02/06/98. DJ de 03/08/98, p. 143.). 
 
Observação: Sua cobrança deve observar dois limites: 
 
a) Individual: o valor máximo de contribuição de melhoria exigida de um proprietário não 
pode ultrapassar o montante da valorização daquele imóvel; 
 26 
b) Total: somadas todas as contribuições de melhoria arrecadadas, o valor final não deve 
ultrapassar o custo total da obra. 
 
2.4) CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS: 
 
A União pode delegar a função de arrecadar e fiscalizar o tributo a um terceiro órgão – 
delegação da capacidade tributária ativa –. Os tributos que podem ser fiscalizados e 
arrecadados por órgão diferente daquele que o criou são chamados de PARAFISCAIS. 
“correspodem ao emprego das finanças públicas com objetivo extrafiscais, não visando 
precipuamente à obtenção de receitas, mas objetivando regular ou modificar a distribuição

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