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PROF. SERGIO SALLES CONCEITOS BÁSICOS INTRODUÇÃO I. A busca pelo sentido da vida e do ser A procura do sentido da vida e do ser do homem é um dos sinais mais autênticos da vida religiosa, tanto daqueles que pela fé atestam a existência do sagrado, quanto daqueles que pela teologia almejam conhecer o sagrado em seus fundamentos últimos. As indagações a respeito da experiência religiosa pertencem não só aos que reconhecem e testemunham a existência do sagrado, mas também àqueles que negam seu sentido e seu valor para o ser humano. A(s) resposta(s) afirmativa(s) ou negativa(s) que cada um admitiu como válida(s) sobre a existência e a natureza do sagrado, sobre a existência e a natureza de Deus, define(m) o seu modo de ser no mundo. Neste curso, espera-se investigar a religiosidade como dimensão constitutiva do ser humano, manifesta em suas relações com o sagrado na religião. INTRODUÇÃO II. Conceitos básicos Por “fé” pode-se entender o assentimento à verdade daquilo em que se crê. Mas, no ato de fé, o assentimento dado pelo entendimento não é dado da mesma forma que na ciência ou na mera opinião. Com efeito, no ato de fé a vontade move o entendimento a assentir com certeza, sem medo da opinião contrária, à verdade baseada no testemunho e na autoridade de outrem, em especial de Deus em sua revelação. Por “sagrado”, compreende-se o que pertence a uma ordem de coisas separada, reservada, inviolável. Na literatura contemporânea, o “sagrado” é uma categoria decisiva para a compreensão da especificidade dos fenômenos religiosos. Juntamente com a categoria do “sagrado” aparece o “numinoso”, conceito difundido, sobretudo, a partir da obra Das Heilige (O Sagrado) de Rudolf Otto (1869-1937). Por “numinoso”, concebe-se algo de inacessível à redução conceitual (racional e científica), já que é inefável e indefinível, exercendo na pessoa humana duas forças misteriosas, mysterium tremendum e mysterium fascinans. O primeiro aspecto do “numinoso” e do “sagrado” seria o repulsivo (tremendum), enquanto o segundo seria o atrativo (fascinans). INTRODUÇÃO II. Conceitos básicos Por “religião”, entende-se, em sentido etimológico, a ligação ou união dos homens com o sagrado, com Deus. A sua etimologia é discutível pois alguns derivam de religare (re-ligar), outros de relegere (re- ler ou rever com cuidado), enfim, há os que sustentam ser religião derivada de religere (re-eleger, eleger novamente). Essa variação já era testemunha por Tomás de Aquino, que assim reune as diversas concepções em sua Suma Teológica (II-II, q. 1, a. 4): “Escreve Isidoro: ‘religioso é definido por Cícero como aquele que repassa e, por assim dizer, relê o que se refere ao culto divino’. Desse modo, religião parece dizer reler aquilo que pertence ao culto divino, porque isto deve ser frequentemente refletido no coração, segundo se lê no livro dos Provérbios: ‘Em todos os teus caminhos, pensa n’Ele’. Pode o termo religião também ser entendido, conforme Agostinho, no sentido de reeleger a Deus, a quem por negligência perdemos. Pode ainda ser compreendido como derivado de religar, segundo o mesmo Agostinho: ‘A religião nos religará ao Deus único e onipotente’. Desse modo, quer a religião se refira à frequente leitura, quer à reeleição daquilo que por negligência se perdeu, quer à religação, propriamente implica orientação para Deus. A Ele principalmente nos devemos ligar, como a infalível princípio. A quem também a nossa atenta eleição se deve dirigir, como para o último fim do qual nos desviamos pelo pecado e, crendo e protestando a fé, deveremos a ele voltar.”
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