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Disciplina: Prática de ensino e estágio supervisionado em processos educacionais Aula 1: Importância do estágio na formação do pedagogo Introdução O estágio em processos educacionais está voltado para a Educação Básica e desafia você a analisar esse cenário sob a perspectiva da gestão. Nesta aula, propomos, então, que investigue as seguintes questões: 1. Quais são os sujeitos que atuam na gestão? 2. Qual é o significado da gestão no espaço escolar? 3. O que orienta o debate acerca da gestão democrática? A ideia é que o conteúdo o ajude a responder essas perguntas. Bons estudos! Objetivos Identificar o significado do estágio na formação do pedagogo; Reconhecer os espaços de atuação do gestor escolar. Início da trajetória do estágio Esta disciplina tem como desafio principal refletir sobre os vários aspectos que perpassam o debate acerca da gestão realmente democrática da educação brasileira. Esperamos que você não só participe dessa discussão como também possa contribuir com suas experiências desenvolvidas no campo de estágio <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2008/lei/l11788.htm> . Estágio De acordo com a Lei nº 11.788/2008 “Art. 1º Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos [...]”. Para começar, é necessário saber que, conforme o Parecer CNE/CP nº 2/2015, as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) definem a formação do profissional do Magistério da Educação Básica para o exercício da gestão educacional e escolar, bem como da coordenação pedagógica e de atividades afins. Assim, a prática de estágio supervisionado, dirigida à atuação na gestão escolar, compreende os processos educacionais específicos dessa dimensão gestora. A proposta é que o aluno (estagiário) acompanhe a rotina diária do diretor, do coordenador pedagógico e do supervisor de ensino, a fim de se preparar criticamente para a prática profissional. Afinal, o estágio proporciona aos estudantes uma visão reflexiva e um conjunto de saberes significativos sobre a realidade na qual atuarão. Para isso, é fundamental que você desenvolva postura e habilidade de pesquisador, elaborando projetos que lhe permitam compreender, problematizar e intervir nas situações observadas. Vamos entender melhor esse contexto? Conceito de gestão e suas implicações para o campo de estágio A gestão está presente, mesmo que informalmente, em diferentes organizações (públicas ou privadas), e o gestor desempenha a função de coordenar, organizar ou liderar grupos de trabalho. O mesmo ocorre no meio educacional, mais especificamente na escola, em que há uma equipe multiprofissional, formada, em geral, por: No entanto, o acesso às tecnologias e a facilidade de utilizar os meios de comunicação provocaram mudanças rápidas e silenciosas que nos colocaram diante da necessidade de refletir sobre as seguintes questões: 01 O que é gestão educacional na atualidade? 02 Quais são suas implicações nas práticas de organização e de planejamento de instituições de ensino? Para responder essas perguntas, precisamos entender que a gestão implica o diálogo como forma superior de encontro das pessoas e solução dos conflitos. Dentro de tais parâmetros, trata-se da geração de um novo modo de administrar a realidade. Afinal, a gestão é, em si mesma, democrática, já que se traduz pela comunicação e pelo envolvimento coletivo. No campo educacional, é fundamental analisar os aspectos democráticos do ambiente escolar e, em especial, a figura do gestor, que, articulado com sua equipe, pode contribuir para tal prática participativa. O estágio possibilita que você acompanhe o trabalho desse gestor e de sua equipe na escola, cujo foco é a formação profissional – traduzida nas palavras de Libâneo (2013, p. 26) como: “[...] um processo pedagógico, intencional e organizado, de preparação teórico-científica e técnica”. Assim, a formação docente passa por um procedimento teórico que deveria sustentar as vivências/experiências no contexto educacional e promover a reflexão acerca da realidade escolar. Gestão democrática na escola Como temática histórica, a gestão democrática nos move em direção contrária àquela mais difundida em nossa trajetória política, em que os gestores se pautam ora por um movimento paternalista, ora por uma relação propriamente autoritária. Comentário Paternalismo e variantes, autoritarismo e conceitos do mesmo gênero são formas de pensar e de agir sobre o outro não reconhecido como igual. A educação é definida como “gestão democrática do ensino público” nos seguintes dispositivos legais: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei nº 9.394/1996 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l9394.htm> (artigo 3º, inciso VIII) Constituição Federal <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.ht m> (artigo 206, inciso VI) Desse modo, como processo social colaborativo, demanda a participação de todos da comunidade interna da escola, dos pais e da sociedade em geral. A propósito, é da participação conjunta e organizada que resulta a qualidade do ensino para todos – princípio da democratização educacional. Portanto, a gestão democrática é proposta como condição de: Aproximação entre escola, pais e comunidade – para promover educação de qualidade Estabelecimento de ambiente escolar aberto e participativo – para que os alunos possam experimentar os princípios da cidadania, seguindo o exemplo dos adultos O objetivo é que cada um dos estudantes tenha a oportunidade de acesso, sucesso e progresso educacional com qualidade em uma escola dinâmica, que oferte ensino contextualizado em seu tempo e de acordo com a realidade atual, com perspectiva de futuro. Gestão democrática e cotidiano escolar Vamos entender, agora, o que é gestão democrática no contexto educacional. Para isso, assista à animação a seguir, que nos apresenta um exemplo desse conceito em escolas da rede pública de ensino: GESTÃO em foco – gestão democrática. Produção: Governo do Estado do Paraná – Secretaria da Educação. Publicação: 21 dez. 2015. https://www.youtube.com/embed/55QUI3wPANk Você observou quem participa desse processo e qual é seu princípio? A gestão é democrática porque garante a participação da comunidade escolar em sua concretização. No âmbito da unidade da escola, tal noção defende a composição de uma equipe gestora, contrapondo-se à figura do diretor como autoridade única. Além dele, essa equipe compreende os profissionais que realizam as atividades de coordenação e supervisão pedagógica. Nessa concepção, o diretor aparece como líder do grupo. A esse respeito, Hora (2007, p. 40) afirma: “Há, então, uma exigência ao administrador-educador de que compreenda a dimensão política, a dimensão de sua ação administrativa, respaldada na ação participativa, rompendo com a rotina alienada do mando impessoal e [de] racionalizações modernas. É a recuperação urgente do papel do diretor-educador na liderança do processo educativo”. No caso da escola pública, alguns sistemas de ensino estaduais e municipais definem o Conselho Escolar como parte integrante da equipe gestora. Além da constituição do Conselho, outros princípios marcam a gestão democrática da escola pública. São eles: Eleição direta para diretor – que possibilita à comunidade escolher o gestor por determinado período. Definição e fiscalização da verba da escola pela comunidade escolar. Divulgação e transparência na prestação de contas. Avaliação institucional da escola – que envolve professores, dirigentes, estudantes e equipe técnica. Assim como qualquer outra organização, a escola precisa ser gerida e cumprir, da melhor maneira possível, sua função social. No entanto, essagestão não deve ser semelhante àquela exercida em outras organizações – como, por exemplo, empresas e indústrias. Afinal, a escola possui natureza e finalidade mais amplas: contribuir para o processo formativo dos indivíduos, sistematizando, produzindo e veiculando conhecimento, cuja origem está nas relações sociais. Atenção Este é um espaço social que proporciona a aprendizagem e consolida vínculos afetivos. E é justamente com base na gestão democrática que tal ambiente garante a prática da emancipação humana. Escola: ações e especificidades Para compreender a importância da gestão democrática na escola, assista à entrevista a seguir com o professor Vitor Henrique Paro, que aborda as dificuldades do profissional docente nesse espaço: PARO, V. H. Vitor Henrique Paro: depoimento [jan. 2009]. São Paulo: SPTV, 2009. https://www.youtube.com/embed/hKcgSRBJ65c Como você percebeu, no sistema educacional brasileiro, há, ainda, muitas questões complexas que precisam ser resolvidas a partir de medidas cautelares. Nesse cenário, o papel da gestão é fundamental. De acordo com Paro (2001): “O gestor representa a figura do mediador para os fins da educação, mas os meios não podem ir contra esses fins.” O pedagogo afirma que, para muitos educadores, a administração soa como algo ruim. Isso acontece porque a palavra é, muitas vezes, confundida com a chamada burocracia, com que os gestores precisam tomar muito cuidado. O pesquisador destaca que a documentação a respeito do tema é necessária, mas muitas escolas se valem de registros escritos e de reuniões que não servem para o aluno aprender, embora este deva ser o objetivo de qualquer escola. Em suas palavras: “A burocracia só é fim em si mesma.” (PARO, 2001). Ele também alerta para o fato de que os meios de gestão utilizados nas empresas não podem ser aplicados da mesma forma nas escolas, porque os objetivos das instituições de ensino são, além de diferentes, contrários aos propósitos empresariais. Paro (2001) defende a democracia nas escolas, lembrando que todo ser humano necessita do outro. No entanto, o professor ressalta que essa implementação no ambiente escolar não deve simplesmente levar em conta a opinião da maioria: “No Brasil, a maioria da população defende a pena de morte – um ato que vai contra os direitos humanos. Democracia é, antes de tudo, fazer com que todos tenham os mesmos direitos”. (PARO, 2001). Essa é a proposta para garantir à população um sistema de ensino de qualidade, que contemple a participação de todos que nele estão envolvidos. Momento reflexão Antes de finalizar a aula, reflita sobre seu campo de estágio: 1. Como é formada a equipe de gestão da escola? 2. Observe e reconheça os processos e projetos de gestão escolar. 3. Faça uma análise crítica desses processos e projetos a partir do que você aprendeu nesta aula. Atividade 1. Leia, a seguir, a tirinha de Mafalda: Como você percebeu, a história apresenta uma crítica da sociedade acerca do papel que tem sido desempenhado pela escola. De acordo com essa reflexão, tal instituição contribui, principalmente, para a: a) Resistência das classes menos favorecidas, na medida em que não propicia a aquisição mínima dos conteúdos prescritos. b) Reprodução das desigualdades e das injustiças sociais, pois não promove a formação de sujeitos letrados. c) Emancipação e libertação das pessoas, uma vez que sempre atraiu as mais diversas faixas da população. d) Formação da autonomia dos sujeitos, porque é um espaço de construção coletiva e política. 2. Analise este caso: “Bruna [12 anos] é uma das alunas mais ativas na tarefa de arrecadar livros para a escola municipal [em que estuda]. As novas aquisições comemoram a volta da antiga sala de leitura, que havia sido extinta para dar lugar a uma [sala de aula]. A retomada do espaço aconteceu após a reclamação dos alunos, apoiada pelos pais. [Tal ação foi realizada pela coordenação pedagógica da escola com base em] uma decisão do conselho participativo de classe, que acontece bimestralmente”. (PONTES, 2017) Esta é uma situação real que caracteriza um cenário pouco comum nas escolas, embora a gestão democrática esteja na lei. Identifique no caso apresentado aspectos da gestão escolar que podem definir uma ação democrática. 3. Analise a charge a seguir, que caracteriza aspectos diferentes de gestão: Disponível em: https://goo.gl/8VFrB5 <https://goo.gl/8VFrB5> . Acesso em: 13 jun. 2018. Como analisá-los sob a perspectiva da gestão democrática? Referências GROCHOSKA, M. A. Organização escolar: perspectivas e enfoques. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2013. (Série Pesquisa e Prática Profissional em Pedagogia). HORA, D. L. Gestão democrática na escola: artes e ofícios da gestão colegiada. 14. ed. Campinas: Papirus, 2007. LIBÂNEO, J. C. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013. PARO, V. H. Escritos sobre educação. 1. ed. São Paulo: Xamã, 2001. cap. V, p. 53- 62. PONTES, N. Gestão escolar democrática ainda é desafio na rede pública brasileira. Folha de S. Paulo, São Paulo, 30 set. 2017. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2017/09/1922955-gestao- escolar-democratica-ainda-e-desafio-na-rede-publica-brasileira.shtml <http://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2017/09/1922955- gestao-escolar-democratica-ainda-e-desafio-na-rede-publica- brasileira.shtml> . Acesso em: 13 jun. 2018. QUINO. Mafalda. Buenos Aires: Coleção, 1964-1973. Próximos Passos Concepção de escola e implicações de sua gestão; Espaço escolar nas interações pessoais e nas práticas pedagógicas; Etapa de construção do caderno de campo; Relações do observador/observado nesse cenário. Explore mais Para refletir sobre a prática educativa, a omissão e o anonimato na escola, sugerimos que assista ao seguinte filme: FREEDOM writers = ESCRITORES da liberdade. Direção: Richard LaGravenese. Estados Unidos: Paramount Pictures, 2007. 122 min, son., color.