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Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 
O ADMINISTRADOR FINANCEIRO: SEU PAPEL E SUAS HABILIDADES 
DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES SOB A PERCEPÇÃO DOS GESTORES 
 
José Ricarte de LIMA1 
Roseli Farias de OLIVEIRA2 
 
RESUMO 
 
O processo de gestão das grandes, micro e pequenas empresas tem sido objeto de estudo nos 
dias atuais. A percepção dos empresários em relação a gestão dos seus ativos passou nos 
últimos anos a ser algo de suma importância antes de qualquer metodologia ser adotada no 
tocante a construção de projetos e suas execuções. Nesse sentido, o estudo aqui buscou 
demostrar a importância do administrador financeiro nas organizações, seu papel no processo 
de elaboração dos projetos da organização, bem como a percepção dos gestores em relação ao 
trabalho desse agente. Para tanto, os métodos adotados para a execução dos dados se deu a 
partir de pesquisas bibliográficas e pesquisa de campo, sendo que a mesma se caracterizou 
como descritiva. Como instrumento de busca de informações foi utilizado um questionário. 
Como resposta, percebe-se que os gestores compreendem o papel do administrador financeiro 
como sendo de fundamental importância para que as empresas atinjam seus objetivos 
propostos. Por outro lado, 86% dos gestores pesquisados dizem estar satisfeitos, mas 14% dos 
mesmos dizem não estar satisfeitos com o papel dos administradores financeiros nas suas 
organizações. 
 
Palavras-chave: Finanças. Administrador. Empresas. 
 
THE FINANCIAL ADMINISTRATOR: THE PERCEPTION OF ITS ROLE AND 
SKILLS IN ORGANIZATIONS UNDER MANAGERS’ VIEWS 
 
ABSTRACT 
 
The process of management of large, small and micro enterprises has been studied today. The 
perception of businessmen regarding the management of their assets became, in recent years, 
something very important before any methodology to be adopted regarding the project 
constructions and their execution. In this sense, the study reported here tried to demonstrate 
the importance of financial manager in organizations, its role in the organization's project 
development process, as well as the perception of managers in relation to the work of this 
agent. Therefore, the methods adopted for the implementation of the data was from literature 
and field research, and the same was characterized as descriptive. As a search tool for 
information to field work a questionnaire was used. In response, it is clear that managers 
understand the role of financial manager as being of fundamental importance for companies to 
reach their goals. On the other hand, 86% of the surveyed managers say they are satisfied, but 
14% of them say they are not satisfied with the role of financial managers in their 
organizations. 
 
 
1
 Graduado em Ciências Contábeis – UNEMAT; Especialista em Estatística e Matemática – UFLA; Mestre em 
Ciências Sociais – UNISINOS. Professor no Curso de Ciências Contábeis da Universidade do Estado de Mato 
Grosso, trabalhando com as disciplinas: Contabilidade de Custos, Ética Contábil e Perícia Contábil. Coordenador 
do Projeto de Extensão “A contabilidade no ar”. ri.carte007@hotmail.com 
2
 Graduada em Ciências Contábeis – UNEMAT. Pós-graduada; Administradora Financeira na Empresa Auto 
Posto Everest Ltda. roselif_oliveira@hotmail.com 
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Keywords: Finance. Administrator. Companies. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Nos dias atuais o termo finanças pode ser entendido como ciência, ou arte, de saber 
tomar decisões financeiras. Decisão esta que visa assegurar que os investimentos realizados 
em empreendimentos, empresas e projetos, públicos ou privados, atinjam os resultados 
esperados pelos investidores. Para que tais resultados sejam alcançados as empresas além de 
outros colaboradores, contam também com os administradores financeiros. Assim, é possível 
compreender que esses administradores financeiros necessitem conhecer estas empresas não 
só no formato desconexo, mas na sua totalidade. Isto significa que somente com o 
conhecimento profundo e profissional em relação às finanças será possível por parte dos 
gestores financeiros tomarem decisões com eficiência e eficácia 
Para tanto, o administrador financeiro desempenha um papel fundamental, no tocante 
à administração das finanças de uma organização. Ao se pensar no administrador financeiro 
como elemento fundamental dentro de uma empresa, logo se podem pensar também nos 
demais setores, que, aliados aos setores financeiros, formam o instrumento essencial no 
desenvolvimento das atividades de uma entidade. 
A partir deste contexto, a referente pesquisa buscou mostrar que o administrador 
financeiro tem papel fundamento no processo administrativo e nos resultados líquidos das 
organizações. O trabalho procurou, também, definir o papel deste agente financeiro dentro 
desse processo, além de ressaltar a importância das suas funções para o sistema de produção 
no qual está inserido. O referido estudo procurou entender e descrever a percepção dos 
gestores em relação ao papel do administrador financeiro destro das suas organizações. 
A pesquisa caracterizou-se como descritiva que, segundo Gil (2010) e Malhotra 
(2001), tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou 
fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis. Para tanto, utilizou-se de um 
questionário destinado a alguns gestores de empresas privadas, cujo ramo de atividades 
caracteriza-se em: indústria, comércio e prestação de serviço. As empresas as quais foram 
enviados. Vale dizer que a identidade dos gestores e das empresas não foi mencionada neste 
trabalho, uma vez que o interesse primordial do estudo foi observar e relatar as informações 
advindas dos atores objetos do estudo. 
Para Cobra (1992), questionário refere-se ao processo de registro das informações 
obtidas do entrevistado. Foi realizada os questionários estão localizadas na região oeste do 
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estado de Mato Grosso, no município de Cáceres uma comunicação prévia com os gestores 
dando ciência sobre o assunto e, em seguida, houve o encaminhamento do questionário para 
respectiva apreciação e resposta. O questionário teve por finalidade precípua colher 
informações dos gestores ou proprietários das referidas organizações, objetivando levantar 
opiniões dos mesmos no que diz respeito à importância do administrador financeiro nas 
organizações. 
O processo de análise das informações coletadas construiu-se a partir da 
metodologia das análises de conteúdo sistemático (BARDIN, 2009), estabelecido a partir dos 
materiais disponíveis e subsídios advindos do questionário disponibilizado aos gestores. Para 
Minayo (2001, p. 43), análise de dados é “compreendida muito mais como um conjunto de 
técnicas”. Na visão da autora, constitui-se na análise de informações sobre o comportamento 
humano, possibilitando uma aplicação bastante variada, e tem duas funções: verificação de 
hipótese e/ou questões e descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestados. Tais 
funções podem ser complementares, com aplicação tanto em pesquisa qualitativa como 
quantitativa. 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA: FINANÇAS, O COLABORADOR FINANCEIRO E 
SEU PAPEL NAS EMPRESAS 
 
Quando o assunto se refere a finanças, logo se pensa algo que de forma direta ou 
indireta possa afetar a vida de todas as pessoas que fazem parte das organizações. Finanças, 
segundo Gitman (1997), é a arte e a ciência de administrar fundos. Praticamente todos os 
indivíduos e organizações obtêm ou levantam fundos, gastam ou investem. Portanto, tratar de 
finanças é, além de tudo, pensar no processo que se ocupa de trabalhar nas instituições com 
instrumentos que sejam responsaveis pala transferência defundos entre pessoas, empresas e 
governos. Pode-se entender por finanças a guarda, a aplicação e a distribuição de recursos 
financeiros. Além disso, lidar com finanças e construir patrimônios são duas ações que 
acompanham o homem há muitos séculos. 
De acordo com Gropelli e Nikbakht (1998), finanças é a aplicação de uma série de 
princípios econômicos para maximizar a riqueza ou valor total de um negócio. Antes de 1970, 
a ênfase desse tema caía sobre as novas formas de melhoria efetiva na administração do 
capital de giro, incrementando métodos para a manutenção de registros financeiros e para a 
interpretação dos demonstrativos financeiros. Atualmente, a ênfase dá-se sobre as formas 
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pelas quais o gestor necessita trabalhar os recursos escassos efetivamente e investir os fundos 
em ativos ou projetos que rendam a melhor compensação entre risco e retorno. 
A maioria das decisões empresariais são medidas em termos financeiros. Todas as 
áreas da empresa, a saber, contabilidade, produção, marketing, recursos humanos, pesquisas e 
outras, necessitam interagir com a área de finanças para realizarem seus projetos. O 
conhecimento em relação a esse assunto tornou-se essencial para as pessoas engajadas na 
prática de conduzir os negócios. Recentemente, com a proeminente competitividade do 
mercado e com as grandes mudanças no ambiente econômico a figura do administrador 
financeiro tornou-se cada vez mais necessária nas organizações e as atividades que 
desempenha muito mais complexas. 
No início do século XX, as principais tarefas do administrador financeiro eram: 
aspectos legais de fusões, aquisições, processo de formação de novas empresas e emissão de 
títulos para captação de recursos (VAN HORNE, 1995). Uma das mais significativas 
contribuições para a evolução da teoria financeira ocorreu em 1958, com os modelos 
propostos por Modigliani-Miller, demonstrando a influência da estrutura de capital sobre o 
valor das empresas (ALCÂNTARA, 1997). Assim, o principal objetivo da administração 
financeira e do administrador financeiro, seu subordinado, passou a ser a maximização da 
riqueza para os seus acionistas proprietários, por meio de uma gestão adequada e suas 
políticas de investimento, financiamento e de dividendos. 
Gropelli e Nikbakht (1998) afirmam que, quando da tomada de decisões de 
investimentos, os administradores financeiros consideram os efeitos de alterações nas 
condições de demanda, ofertas e preços sobre o desempenho da empresa. O entendimento da 
natureza desses fatores ajuda os administradores a tomarem as decisões operacionais mais 
vantajosas. Igualmente, os administradores podem determinar o momento propício de 
emitirem ações, obrigações ou outros instrumentos financeiros. Ainda para Gropelli e 
Nikbakht (1998), o conhecimento dos princípios econômicos pode ser útil na geração de 
vendas as mais elevadas possíveis. Entender e responder, adequadamente, às mudanças na 
demanda permite aos administradores financeiros que tirem todas as vantagens das condições 
do mercado. Nota-se que os melhores administradores, para obterem isso, desenvolvem e 
adotam técnicas estatísticas confiáveis e executáveis que antecipem a demanda e apontem 
quando as mudanças de direção nas vendas devem ser feitas. Porém, os fatores econômicos 
não podem ser previstos com precisão e muitas projeções estão sujeitas a grandes erros. 
Quanto à percepeção e definição sobre análise e planejamento financeiro, Gitman 
(2001) destaca que esta diz respeito à transformação dos dados financeiros, de forma que 
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possam ser utilizados para monitorar a situação financeira da empresa e também a avaliação 
da necessidade de se aumentar (ou reduzir) os financiamentos requeridos. 
Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001) afirmam que o principal objetivo do 
administrador financeiro era a maximização da riqueza do acionista proprietário. Em outras 
palavras, preocupava-se tal profissional com o patrimônio do proprietário, analisando fatores 
externos, decisões de política estratégica, níveis de atividade econômica e condições no 
mercado acionário, de sorte a maximizar o preço da ação da empresa no mercado. Tal postura 
persiste até os dias atuais, porém maximizada, a visão atual mais abrangente, sistêmica por 
assim dizer. 
Segundo Chiavenato (2003, p. 04), “o administrador - para ser bem-sucedido 
profissionalmente, precisa desenvolver três competências duráveis: o conhecimento, a 
perspectiva e a atitude”. Nesse sentido, Gonçalves (1997) diz que o futuro pertence às 
empresas que conseguem explorar o potencial da centralização nos seus processos. Isso 
significa dizer que, a partir dessas competências, outras iniciativas poderão ser trabalhadas 
como métodos para dar novos formatos ao processo de produção. 
Ainda segundo Chiavenato (2003, p. 03), “existem três tipos de habilidades 
importantes para o desempenho administrativo bem-sucedido: as habilidades técnicas, 
humanas e conceituais”. A partir disto, as habilidades e competências do administrador 
financeiro que a princípio se dá em planejar e controlar as atividades da empresa, agora passa 
a ir além, ou seja, precisa também prever e decidir. Para tanto, e pensando nas palavras de 
Chiavenato (2003), as habilidades técnicas envolvem o uso de conhecimento especializado 
(conhecimento de contabilidade, programação de computador, engenharia e outros) enquanto 
que as habilidades humanas estão relacionadas com o trabalho, com pessoas e referem-se à 
facilidade de relacionamento interpessoal e grupal. 
Portanto, a se pensar a partir dos conceitos propostos, para administrar com 
eficiência e eficácia, há a necessidade de que os gestores nas suas mais variadas funções 
necessitam de habilidades que estejam relacionadas às técnicas apresentadas pelo mercado, 
sem perder o traquejo no âmbito das relações interpessoais (conceituais, humanas e técnicas). 
Para Chiavenato (2003), não há dúvidas de que a atitude é a mais importante 
competência para o administrador, uma vez que não basta ter conhecimento, ter perspectiva se 
não houver habilidades capazes de colocá-las em prática. Deve-se partir do princípio de que o 
administrador é o agente de mudanças na organização, portanto, é preciso que desenvolva 
certas características pessoais que o tornem um verdadeiro líder na organização. 
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Gitman (2001) aponta que a administração financeira lida com as obrigações do 
administrador financeiro na empresa. Com isso, os administradores financeiros gerenciam de 
forma ativa as questões relacionadas as finanças de muitos tipos de negócios privados e 
públicos, grandes e pequenos, com ou sem fim lucrativo. A eles cabem desempenhar diversas 
atividades, a saber, orçamentos, previsões financeiras, administração do fluxo de caixa, 
administração de crédito, análise de investimentos, captação de recursos financeiros, análise 
econômica e financeira da organização e outras. Gitman (2001) ressalta ainda que eles 
trabalham em tarefas financeiras tão variadas como planejamento, concessão de crédito para 
clientes, entre outros meios, pretendendo assim obter recursos para financiar as operações da 
empresa. 
Para um profissional deste ramo é essencial que, além de conhecer sua empresa, este 
conheça o mercado em que atua bem como a economia como um todo, visto que, a partir da 
globalização, cada vez mais as organizações, sejam elas micro, média ou macro, sofrem 
influências, diretas ou indiretamente, das mudanças econômicas mundiais. 
 
3 A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E SEU PAPEL NO DESENVOLVIMENTO 
DAS ATIVIDADES DAS EMPRESAS 
 
De acordo com Gitman (1997), a maioria das decisões empresariais são medidas em 
termos financeiros, logo, o administradorfinanceiro desempenha um papel crucial na 
operação da empresa. As pessoas de todas as áreas de responsabilidade da empresa são 
levadas a interagir com os agentes responsáveis pelas finanças das organizações no sentido de 
que possam acessar recursos e possíveis métodos para realização das suas tarefas. As 
instituições não funcionam sozinhas, os cargos que fazem parte do plano de carreira não têm 
vida própria. Equipes, empresas, corporações ou governos constituem-se de resultado do 
trabalho de um grupo de pessoas. Consequentemente, o administrador de finanças, para fazer 
previsões úteis e tomar decisões acertadas, carece possuir intrinsecamente e extrinsecamente 
de metodologia que o capacite ao diálogo com todos dentro da empresa. Logo, para 
compreender a função da administração financeira, é importante focalizar seu papel na 
organização, seu relacionamento com a economia e a contabilidade, bem como as atividades-
chaves do administrador financeiro. 
A dimensão e a importância da função da administração financeira dependem do 
tamanho da empresa. Em pequenas empresas, a função financeira é geralmente exercida pelo 
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departamento de contabilidade. À medida que a empresa cresce, a importância da função 
financeira conduz, em geral, à criação de um departamento próprio. 
A função financeira compreende um conjunto de atividades relacionadas com a 
gestão dos fundos financeiros movimentados por todas as áreas da empresa. Essa função é 
responsável pela obtenção dos recursos necessários e pela formulação de uma estratégia 
voltada para a otimização do uso desses fundos. Encontrada em qualquer tipo de empresa, a 
função financeira tem um papel muito importante no desenvolvimento de todas as atividades 
operacionais, contribuindo significativamente para o sucesso do empreendimento (BRAGA, 
1989). 
O profissional responsável pela administração financeira geralmente é denominado 
de Administrador Financeiro, Diretor Financeiro, ou Supervisor Financeiro. Competem ao 
mesmo o gerenciamento e aplicabilidade das técnicas da administração adaptando os 
conceitos teóricos à realidade da organização. 
Como possíveis habilidades, o administrador financeiro necessita estar preparado 
para administrar os recursos da empresa de tal forma que o retorno aos acionistas seja 
suficiente para mantê-los como investidor, além de preocuparem-se com a satisfação de seus 
clientes, consumidores e fornecedores internos e externos. Ainda compete a esse agente, 
conhecer os espaços de debates no ambiente de produção e possuir visão sistêmica da 
atividade para garantir que esta esteja sendo operada da forma mais eficiente possível. É 
necessidade primordial nesta função o conhecimento do mercado financeiro a fim de analisar, 
avaliar entre diversas propostas, qual o melhor investimento a se fazer e quando fazer. Ser 
capaz de captar novos recursos também é essencial, além de saber analisar, planejar e prever 
os riscos envolvidos nas tomadas de decisão. 
 
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSÃO DOS RESULTADOS 
 
Quanto ao processo de análise e discussão dos dados coletados, o processo de análise 
constituiu-se a partir de uma leitura flutuante nos materiais bibliográficos disponíveis, bem 
como através da imersão nos conteúdos produzidos a partir das informações das respostas 
dadas pelos participantes por meio do questionário. 
O referido estudo procurou entender e descrever a percepção dos gestores em relação 
ao papel do administrador financeiro destro das suas organizações. Portanto, conjecturando 
nas bases que motivaram o referido estudo, foi possível perceber através das leituras e 
experiências, que esses agentes articuladores e gerenciadores das finanças das entidades, 
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desempenham papel fundamental no processo de produção e prestação de serviços 
proporcionados pelas empresas. 
Crepaldi (2012) diz que um problema visível que aflige a maioria das empresas 
brasileiras é a falta de controle de custos, e a dificuldade de identificação de produtos que 
possam dar lucro ou prejuízo. Nesse sentido, definir o papel deste agente financeiro dentro 
desse processo de produção se torna essencial, uma vez que cabe a ele perceber, visualizar, 
participar de forma direta dos projetos de elaboração e vendas dos produtos e serviços 
disponibilizados pela a organização. Ainda para Crepaldi (2012), o controle é função 
primordial visto que toda cúpula administrativa deve se dedicar ao controle das operações 
empresariais. Sendo assim, o administrador financeiro tem papel primordial nesse contexto, 
por ser o agente responsável dos recursos necessários para execução dos projetos em fluxo. 
Uma empresa existe, entre outros objetivos, para aumentar a riqueza dos seus 
proprietários. Desta forma, pensar na importância da função do administrador financeiro para 
a empresa perpassa o entendimento de simples gestor dos recursos, indo para a 
responsabilidade de lidar com decisões sobre planejamento a fim de maximizar a riqueza dos 
proprietários (CREPALDI, 2012). Durante o trabalho de pesquisa constatou-se também que 
este profissional pode exercer outras funções, e que todos os setores devem estar vinculados 
com este profissional para tomadas de possíveis decisões no cotidiano destas organizações. 
Diante do exposto, cabe pensar no engendramento que se torna necessário entre 
gestor administrativo e administrador financeiro. Nesse sentido, o estudo procurou entender e 
descrever a percepção dos gestores em relação ao papel do administrador financeiro em suas 
organizações. Para tanto, propôs como parte metodológica de coleta de informações a 
aplicação de questionário contendo questões fechadas e, consequentemente, respostas 
fechadas, a ser dirigido aos gestores de algumas empresas privadas, cujo ramo de atividades 
caracteriza-se em: indústria, comércio e prestação de serviço. As empresas estão localizadas 
na região oeste do estado de Mato Grosso, no município de Cáceres. O instrumento 
empregado para envio deste questionário foi o correio eletrônico. 
Os dados e resultados estão organizados de acordo com os itens do questionário, 
utilizando métodos estatísticos de caráter descritivo, demonstrando assim a diversidade e a 
direção das opiniões e posição dos proprietários e gerentes das empresas pesquisados. 
De um universo de dez (10) gestores selecionados para responder o referido 
questionário, sete (7), ou seja, 70% responderam e enviaram dentro do prazo combinado. A 
pesquisa buscou trabalhar empresas de diversos ramos de atividades, sendo que 43% destas 
pertencem ao ramo de comércio e varejo; 43% prestação de serviços; e 14% da área da 
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indústria. Dos que responderam os questionamentos 71% são proprietários e 29 % são 
gerentes das empresas. 
Diante das respostas obtidas, percebe-se que 100% dos gestores entendem ser 
necessário e de suma importância a função do administrador financeiro e ressaltam a 
importância de que todo administrador financeiro precisa apresentar conhecimento amplo em 
finanças, devido à complexidade da sua função. Ou seja, os gestores compreendem que as 
habilidades deste profissional perfazem elemento essencial no tocante a necessidade deste 
profissional no controle financeiro e gerencial das organizações. 
Entretanto, nota-se que 71% dos entrevistados responderam que nas suas empresas o 
administrador financeiro possui amplo conhecimento sobre finanças e 29% responderam que 
o mesmo possui tal conhecimento. Assim, é possível compreender que, entre amplo 
conhecimento e o simples conhecer, os sujeitos que são peças fundamentais na tomada de 
decisão dentro das organizações podem ser ou não ponto fundamental quando essas empresas 
necessitarem de conhecimentosespecíficos na área das finanças. Portanto, ao submergir nesse 
contexto, é possível aferir que estes profissionais necessitam de qualificação quer seja em 
nível de lato sensu ou stricto sensu, por depender em grau elevado a saúde da empresa das 
contribuições destes profissionais. 
Quando questionados sobre o papel do administrador financeiros que, além de 
administrar finanças, pode exercer outras funções dentro da empresa 71% dos questionados 
responderam que o administrador financeiro não pode exercer outras funções dentro da 
empresa e 29% responderam que podem sim exercer outras funções. Neste caso, percebe-se 
um percentual considerado de gestores que entendem que estes profissionais podem ser 
versáteis dentro das organizações. Isso pode ser compreendido desde que essas outras funções 
postas não interfiram na atividade fim, ou seja, isso não deve prejudicar o trabalho do 
administrador financeiro no controle das finanças da organização. 
Para que o administrador financeiro possa tomar suas decisões no cotidiano da 
empresa é necessário que os demais setores estejam vinculados ao seu setor de origem, ou 
seja, ele depende dos outros setores para tomar suas decisões. Partindo desse pressuposto 
perguntou-se: em sua opinião a função do administrador financeiro é necessária dentro de 
uma organização? A resposta foi unânime no sentido de dizer que sim, ou seja, 100% dos que 
responderam o questionário responderam que a função destes profissionais dentro das 
empresas é de fundamental importância para o desenvolvimento das atividades da empresa. 
Ainda buscando entender o papel do administrador financeiro no cotidiano das 
organizações, indagamos se para atingir resultados satisfatórios (positivos) dentro das 
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organizações a presença destes profissionais seria importante. Os gestores responderam de 
forma unânime ser importante e indispensável as informações destes profissionais. Porém, ao 
indagarmos: você está satisfeito com o papel do administrador financeiro na sua empresa? A 
resposta parece contradizer ao exposto anteriormente. Neste sentido, o estudo mostra que o 
papel deste profissional é de suma importância, no entanto, estes não estão atendendo as 
expectativas dos gestores, dos proprietários. Isso fica claramente demonstrado quando 86% 
dos pesquisados dizem estar satisfeitos, mas 14% dos mesmos dizem não estar satisfeitos com 
o papel dos administradores financeiros nas suas organizações. 
Os dados podem induzir-nos a pensar que 14% perfazem um número pequeno em 
relação ao todo, mas é preciso refletir que, se esses 14% representarem mais de 50% das 
empresas que mais contribuem economicamente para o desenvolvimento de um município, 
região, estado ou até mesmo da União, isso é algo preocupante. Contudo, quando se pergunta 
se esses gestores ou empresários conseguiriam visualizar suas empresas sem um 
administrador financeiro, 100% dos pesquisados dizem não conseguir imaginar suas empresas 
sem a presença e as importantes contribuições destes profissionais das finanças. 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O estudo por meio dos instrumentos metodológicos utilizados buscou evidenciar o 
papel e importância do administrador financeiro dentro das organizações. Tendo em vista que 
o trabalho desenvolvido, fundamenta, comprova e evidencia essa máxima, pode-se concluir 
que o colaborador na função de administrador financeiro integra uma das mais importantes 
habilidades necessárias para o desenvolvimento das organizações. 
Desta forma, mesmo entendendo que muito pode ser pesquisado e discutido em 
relação a essas habilidades funcionais, conclui-se que o planejamento financeiro é 
fundamental para continuidade das empresas. Outro fator observado é todas as empresas de 
quaisquer ramos de atividade, ao incluir nos seus quadros gerenciais a figura do administrador 
financeiro, poderá, a partir da união com os demais gestores, construir um bom planejamento 
e executá-lo com eficiência e eficácia. 
Para tanto, é essencial que este profissional esteja a cada dia se aperfeiçoando de 
forma que suas habilidades possam ajudar a planejar o futuro das suas organizações. Isso 
decorre de uma utilização correta das ferramentas necessárias para tal objetivo, ferramentas 
essas baseadas nas informações geradas por sua própria administração, e pelos demais setores, 
que irá permitir a esse administrador executar seus objetivos e metas, e se eventualmente 
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encontrar alguma mudança no decorrer do caminho poderá fazer as devidas correções durante 
o processo de execução sem interromper ou causar danos a qualquer projeto da empresa. 
Assim, os resultados da pesquisa indicaram que os administradores financeiros são 
de suma importância dentro das organizações, e não há como visualizar as organizações sem a 
presença dos mesmos. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0034-
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Recebido em: 21 de março de 2016 
Aceito em: 03 de maio de 2016

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