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5 Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 O ADMINISTRADOR FINANCEIRO: SEU PAPEL E SUAS HABILIDADES DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES SOB A PERCEPÇÃO DOS GESTORES José Ricarte de LIMA1 Roseli Farias de OLIVEIRA2 RESUMO O processo de gestão das grandes, micro e pequenas empresas tem sido objeto de estudo nos dias atuais. A percepção dos empresários em relação a gestão dos seus ativos passou nos últimos anos a ser algo de suma importância antes de qualquer metodologia ser adotada no tocante a construção de projetos e suas execuções. Nesse sentido, o estudo aqui buscou demostrar a importância do administrador financeiro nas organizações, seu papel no processo de elaboração dos projetos da organização, bem como a percepção dos gestores em relação ao trabalho desse agente. Para tanto, os métodos adotados para a execução dos dados se deu a partir de pesquisas bibliográficas e pesquisa de campo, sendo que a mesma se caracterizou como descritiva. Como instrumento de busca de informações foi utilizado um questionário. Como resposta, percebe-se que os gestores compreendem o papel do administrador financeiro como sendo de fundamental importância para que as empresas atinjam seus objetivos propostos. Por outro lado, 86% dos gestores pesquisados dizem estar satisfeitos, mas 14% dos mesmos dizem não estar satisfeitos com o papel dos administradores financeiros nas suas organizações. Palavras-chave: Finanças. Administrador. Empresas. THE FINANCIAL ADMINISTRATOR: THE PERCEPTION OF ITS ROLE AND SKILLS IN ORGANIZATIONS UNDER MANAGERS’ VIEWS ABSTRACT The process of management of large, small and micro enterprises has been studied today. The perception of businessmen regarding the management of their assets became, in recent years, something very important before any methodology to be adopted regarding the project constructions and their execution. In this sense, the study reported here tried to demonstrate the importance of financial manager in organizations, its role in the organization's project development process, as well as the perception of managers in relation to the work of this agent. Therefore, the methods adopted for the implementation of the data was from literature and field research, and the same was characterized as descriptive. As a search tool for information to field work a questionnaire was used. In response, it is clear that managers understand the role of financial manager as being of fundamental importance for companies to reach their goals. On the other hand, 86% of the surveyed managers say they are satisfied, but 14% of them say they are not satisfied with the role of financial managers in their organizations. 1 Graduado em Ciências Contábeis – UNEMAT; Especialista em Estatística e Matemática – UFLA; Mestre em Ciências Sociais – UNISINOS. Professor no Curso de Ciências Contábeis da Universidade do Estado de Mato Grosso, trabalhando com as disciplinas: Contabilidade de Custos, Ética Contábil e Perícia Contábil. Coordenador do Projeto de Extensão “A contabilidade no ar”. ri.carte007@hotmail.com 2 Graduada em Ciências Contábeis – UNEMAT. Pós-graduada; Administradora Financeira na Empresa Auto Posto Everest Ltda. roselif_oliveira@hotmail.com 6 Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 Keywords: Finance. Administrator. Companies. 1 INTRODUÇÃO Nos dias atuais o termo finanças pode ser entendido como ciência, ou arte, de saber tomar decisões financeiras. Decisão esta que visa assegurar que os investimentos realizados em empreendimentos, empresas e projetos, públicos ou privados, atinjam os resultados esperados pelos investidores. Para que tais resultados sejam alcançados as empresas além de outros colaboradores, contam também com os administradores financeiros. Assim, é possível compreender que esses administradores financeiros necessitem conhecer estas empresas não só no formato desconexo, mas na sua totalidade. Isto significa que somente com o conhecimento profundo e profissional em relação às finanças será possível por parte dos gestores financeiros tomarem decisões com eficiência e eficácia Para tanto, o administrador financeiro desempenha um papel fundamental, no tocante à administração das finanças de uma organização. Ao se pensar no administrador financeiro como elemento fundamental dentro de uma empresa, logo se podem pensar também nos demais setores, que, aliados aos setores financeiros, formam o instrumento essencial no desenvolvimento das atividades de uma entidade. A partir deste contexto, a referente pesquisa buscou mostrar que o administrador financeiro tem papel fundamento no processo administrativo e nos resultados líquidos das organizações. O trabalho procurou, também, definir o papel deste agente financeiro dentro desse processo, além de ressaltar a importância das suas funções para o sistema de produção no qual está inserido. O referido estudo procurou entender e descrever a percepção dos gestores em relação ao papel do administrador financeiro destro das suas organizações. A pesquisa caracterizou-se como descritiva que, segundo Gil (2010) e Malhotra (2001), tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis. Para tanto, utilizou-se de um questionário destinado a alguns gestores de empresas privadas, cujo ramo de atividades caracteriza-se em: indústria, comércio e prestação de serviço. As empresas as quais foram enviados. Vale dizer que a identidade dos gestores e das empresas não foi mencionada neste trabalho, uma vez que o interesse primordial do estudo foi observar e relatar as informações advindas dos atores objetos do estudo. Para Cobra (1992), questionário refere-se ao processo de registro das informações obtidas do entrevistado. Foi realizada os questionários estão localizadas na região oeste do 7 Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 estado de Mato Grosso, no município de Cáceres uma comunicação prévia com os gestores dando ciência sobre o assunto e, em seguida, houve o encaminhamento do questionário para respectiva apreciação e resposta. O questionário teve por finalidade precípua colher informações dos gestores ou proprietários das referidas organizações, objetivando levantar opiniões dos mesmos no que diz respeito à importância do administrador financeiro nas organizações. O processo de análise das informações coletadas construiu-se a partir da metodologia das análises de conteúdo sistemático (BARDIN, 2009), estabelecido a partir dos materiais disponíveis e subsídios advindos do questionário disponibilizado aos gestores. Para Minayo (2001, p. 43), análise de dados é “compreendida muito mais como um conjunto de técnicas”. Na visão da autora, constitui-se na análise de informações sobre o comportamento humano, possibilitando uma aplicação bastante variada, e tem duas funções: verificação de hipótese e/ou questões e descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestados. Tais funções podem ser complementares, com aplicação tanto em pesquisa qualitativa como quantitativa. 2 REVISÃO DE LITERATURA: FINANÇAS, O COLABORADOR FINANCEIRO E SEU PAPEL NAS EMPRESAS Quando o assunto se refere a finanças, logo se pensa algo que de forma direta ou indireta possa afetar a vida de todas as pessoas que fazem parte das organizações. Finanças, segundo Gitman (1997), é a arte e a ciência de administrar fundos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm ou levantam fundos, gastam ou investem. Portanto, tratar de finanças é, além de tudo, pensar no processo que se ocupa de trabalhar nas instituições com instrumentos que sejam responsaveis pala transferência defundos entre pessoas, empresas e governos. Pode-se entender por finanças a guarda, a aplicação e a distribuição de recursos financeiros. Além disso, lidar com finanças e construir patrimônios são duas ações que acompanham o homem há muitos séculos. De acordo com Gropelli e Nikbakht (1998), finanças é a aplicação de uma série de princípios econômicos para maximizar a riqueza ou valor total de um negócio. Antes de 1970, a ênfase desse tema caía sobre as novas formas de melhoria efetiva na administração do capital de giro, incrementando métodos para a manutenção de registros financeiros e para a interpretação dos demonstrativos financeiros. Atualmente, a ênfase dá-se sobre as formas 8 Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 pelas quais o gestor necessita trabalhar os recursos escassos efetivamente e investir os fundos em ativos ou projetos que rendam a melhor compensação entre risco e retorno. A maioria das decisões empresariais são medidas em termos financeiros. Todas as áreas da empresa, a saber, contabilidade, produção, marketing, recursos humanos, pesquisas e outras, necessitam interagir com a área de finanças para realizarem seus projetos. O conhecimento em relação a esse assunto tornou-se essencial para as pessoas engajadas na prática de conduzir os negócios. Recentemente, com a proeminente competitividade do mercado e com as grandes mudanças no ambiente econômico a figura do administrador financeiro tornou-se cada vez mais necessária nas organizações e as atividades que desempenha muito mais complexas. No início do século XX, as principais tarefas do administrador financeiro eram: aspectos legais de fusões, aquisições, processo de formação de novas empresas e emissão de títulos para captação de recursos (VAN HORNE, 1995). Uma das mais significativas contribuições para a evolução da teoria financeira ocorreu em 1958, com os modelos propostos por Modigliani-Miller, demonstrando a influência da estrutura de capital sobre o valor das empresas (ALCÂNTARA, 1997). Assim, o principal objetivo da administração financeira e do administrador financeiro, seu subordinado, passou a ser a maximização da riqueza para os seus acionistas proprietários, por meio de uma gestão adequada e suas políticas de investimento, financiamento e de dividendos. Gropelli e Nikbakht (1998) afirmam que, quando da tomada de decisões de investimentos, os administradores financeiros consideram os efeitos de alterações nas condições de demanda, ofertas e preços sobre o desempenho da empresa. O entendimento da natureza desses fatores ajuda os administradores a tomarem as decisões operacionais mais vantajosas. Igualmente, os administradores podem determinar o momento propício de emitirem ações, obrigações ou outros instrumentos financeiros. Ainda para Gropelli e Nikbakht (1998), o conhecimento dos princípios econômicos pode ser útil na geração de vendas as mais elevadas possíveis. Entender e responder, adequadamente, às mudanças na demanda permite aos administradores financeiros que tirem todas as vantagens das condições do mercado. Nota-se que os melhores administradores, para obterem isso, desenvolvem e adotam técnicas estatísticas confiáveis e executáveis que antecipem a demanda e apontem quando as mudanças de direção nas vendas devem ser feitas. Porém, os fatores econômicos não podem ser previstos com precisão e muitas projeções estão sujeitas a grandes erros. Quanto à percepeção e definição sobre análise e planejamento financeiro, Gitman (2001) destaca que esta diz respeito à transformação dos dados financeiros, de forma que 9 Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 possam ser utilizados para monitorar a situação financeira da empresa e também a avaliação da necessidade de se aumentar (ou reduzir) os financiamentos requeridos. Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001) afirmam que o principal objetivo do administrador financeiro era a maximização da riqueza do acionista proprietário. Em outras palavras, preocupava-se tal profissional com o patrimônio do proprietário, analisando fatores externos, decisões de política estratégica, níveis de atividade econômica e condições no mercado acionário, de sorte a maximizar o preço da ação da empresa no mercado. Tal postura persiste até os dias atuais, porém maximizada, a visão atual mais abrangente, sistêmica por assim dizer. Segundo Chiavenato (2003, p. 04), “o administrador - para ser bem-sucedido profissionalmente, precisa desenvolver três competências duráveis: o conhecimento, a perspectiva e a atitude”. Nesse sentido, Gonçalves (1997) diz que o futuro pertence às empresas que conseguem explorar o potencial da centralização nos seus processos. Isso significa dizer que, a partir dessas competências, outras iniciativas poderão ser trabalhadas como métodos para dar novos formatos ao processo de produção. Ainda segundo Chiavenato (2003, p. 03), “existem três tipos de habilidades importantes para o desempenho administrativo bem-sucedido: as habilidades técnicas, humanas e conceituais”. A partir disto, as habilidades e competências do administrador financeiro que a princípio se dá em planejar e controlar as atividades da empresa, agora passa a ir além, ou seja, precisa também prever e decidir. Para tanto, e pensando nas palavras de Chiavenato (2003), as habilidades técnicas envolvem o uso de conhecimento especializado (conhecimento de contabilidade, programação de computador, engenharia e outros) enquanto que as habilidades humanas estão relacionadas com o trabalho, com pessoas e referem-se à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal. Portanto, a se pensar a partir dos conceitos propostos, para administrar com eficiência e eficácia, há a necessidade de que os gestores nas suas mais variadas funções necessitam de habilidades que estejam relacionadas às técnicas apresentadas pelo mercado, sem perder o traquejo no âmbito das relações interpessoais (conceituais, humanas e técnicas). Para Chiavenato (2003), não há dúvidas de que a atitude é a mais importante competência para o administrador, uma vez que não basta ter conhecimento, ter perspectiva se não houver habilidades capazes de colocá-las em prática. Deve-se partir do princípio de que o administrador é o agente de mudanças na organização, portanto, é preciso que desenvolva certas características pessoais que o tornem um verdadeiro líder na organização. 10 Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 Gitman (2001) aponta que a administração financeira lida com as obrigações do administrador financeiro na empresa. Com isso, os administradores financeiros gerenciam de forma ativa as questões relacionadas as finanças de muitos tipos de negócios privados e públicos, grandes e pequenos, com ou sem fim lucrativo. A eles cabem desempenhar diversas atividades, a saber, orçamentos, previsões financeiras, administração do fluxo de caixa, administração de crédito, análise de investimentos, captação de recursos financeiros, análise econômica e financeira da organização e outras. Gitman (2001) ressalta ainda que eles trabalham em tarefas financeiras tão variadas como planejamento, concessão de crédito para clientes, entre outros meios, pretendendo assim obter recursos para financiar as operações da empresa. Para um profissional deste ramo é essencial que, além de conhecer sua empresa, este conheça o mercado em que atua bem como a economia como um todo, visto que, a partir da globalização, cada vez mais as organizações, sejam elas micro, média ou macro, sofrem influências, diretas ou indiretamente, das mudanças econômicas mundiais. 3 A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E SEU PAPEL NO DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DAS EMPRESAS De acordo com Gitman (1997), a maioria das decisões empresariais são medidas em termos financeiros, logo, o administradorfinanceiro desempenha um papel crucial na operação da empresa. As pessoas de todas as áreas de responsabilidade da empresa são levadas a interagir com os agentes responsáveis pelas finanças das organizações no sentido de que possam acessar recursos e possíveis métodos para realização das suas tarefas. As instituições não funcionam sozinhas, os cargos que fazem parte do plano de carreira não têm vida própria. Equipes, empresas, corporações ou governos constituem-se de resultado do trabalho de um grupo de pessoas. Consequentemente, o administrador de finanças, para fazer previsões úteis e tomar decisões acertadas, carece possuir intrinsecamente e extrinsecamente de metodologia que o capacite ao diálogo com todos dentro da empresa. Logo, para compreender a função da administração financeira, é importante focalizar seu papel na organização, seu relacionamento com a economia e a contabilidade, bem como as atividades- chaves do administrador financeiro. A dimensão e a importância da função da administração financeira dependem do tamanho da empresa. Em pequenas empresas, a função financeira é geralmente exercida pelo 11 Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 departamento de contabilidade. À medida que a empresa cresce, a importância da função financeira conduz, em geral, à criação de um departamento próprio. A função financeira compreende um conjunto de atividades relacionadas com a gestão dos fundos financeiros movimentados por todas as áreas da empresa. Essa função é responsável pela obtenção dos recursos necessários e pela formulação de uma estratégia voltada para a otimização do uso desses fundos. Encontrada em qualquer tipo de empresa, a função financeira tem um papel muito importante no desenvolvimento de todas as atividades operacionais, contribuindo significativamente para o sucesso do empreendimento (BRAGA, 1989). O profissional responsável pela administração financeira geralmente é denominado de Administrador Financeiro, Diretor Financeiro, ou Supervisor Financeiro. Competem ao mesmo o gerenciamento e aplicabilidade das técnicas da administração adaptando os conceitos teóricos à realidade da organização. Como possíveis habilidades, o administrador financeiro necessita estar preparado para administrar os recursos da empresa de tal forma que o retorno aos acionistas seja suficiente para mantê-los como investidor, além de preocuparem-se com a satisfação de seus clientes, consumidores e fornecedores internos e externos. Ainda compete a esse agente, conhecer os espaços de debates no ambiente de produção e possuir visão sistêmica da atividade para garantir que esta esteja sendo operada da forma mais eficiente possível. É necessidade primordial nesta função o conhecimento do mercado financeiro a fim de analisar, avaliar entre diversas propostas, qual o melhor investimento a se fazer e quando fazer. Ser capaz de captar novos recursos também é essencial, além de saber analisar, planejar e prever os riscos envolvidos nas tomadas de decisão. 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSÃO DOS RESULTADOS Quanto ao processo de análise e discussão dos dados coletados, o processo de análise constituiu-se a partir de uma leitura flutuante nos materiais bibliográficos disponíveis, bem como através da imersão nos conteúdos produzidos a partir das informações das respostas dadas pelos participantes por meio do questionário. O referido estudo procurou entender e descrever a percepção dos gestores em relação ao papel do administrador financeiro destro das suas organizações. Portanto, conjecturando nas bases que motivaram o referido estudo, foi possível perceber através das leituras e experiências, que esses agentes articuladores e gerenciadores das finanças das entidades, 12 Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 desempenham papel fundamental no processo de produção e prestação de serviços proporcionados pelas empresas. Crepaldi (2012) diz que um problema visível que aflige a maioria das empresas brasileiras é a falta de controle de custos, e a dificuldade de identificação de produtos que possam dar lucro ou prejuízo. Nesse sentido, definir o papel deste agente financeiro dentro desse processo de produção se torna essencial, uma vez que cabe a ele perceber, visualizar, participar de forma direta dos projetos de elaboração e vendas dos produtos e serviços disponibilizados pela a organização. Ainda para Crepaldi (2012), o controle é função primordial visto que toda cúpula administrativa deve se dedicar ao controle das operações empresariais. Sendo assim, o administrador financeiro tem papel primordial nesse contexto, por ser o agente responsável dos recursos necessários para execução dos projetos em fluxo. Uma empresa existe, entre outros objetivos, para aumentar a riqueza dos seus proprietários. Desta forma, pensar na importância da função do administrador financeiro para a empresa perpassa o entendimento de simples gestor dos recursos, indo para a responsabilidade de lidar com decisões sobre planejamento a fim de maximizar a riqueza dos proprietários (CREPALDI, 2012). Durante o trabalho de pesquisa constatou-se também que este profissional pode exercer outras funções, e que todos os setores devem estar vinculados com este profissional para tomadas de possíveis decisões no cotidiano destas organizações. Diante do exposto, cabe pensar no engendramento que se torna necessário entre gestor administrativo e administrador financeiro. Nesse sentido, o estudo procurou entender e descrever a percepção dos gestores em relação ao papel do administrador financeiro em suas organizações. Para tanto, propôs como parte metodológica de coleta de informações a aplicação de questionário contendo questões fechadas e, consequentemente, respostas fechadas, a ser dirigido aos gestores de algumas empresas privadas, cujo ramo de atividades caracteriza-se em: indústria, comércio e prestação de serviço. As empresas estão localizadas na região oeste do estado de Mato Grosso, no município de Cáceres. O instrumento empregado para envio deste questionário foi o correio eletrônico. Os dados e resultados estão organizados de acordo com os itens do questionário, utilizando métodos estatísticos de caráter descritivo, demonstrando assim a diversidade e a direção das opiniões e posição dos proprietários e gerentes das empresas pesquisados. De um universo de dez (10) gestores selecionados para responder o referido questionário, sete (7), ou seja, 70% responderam e enviaram dentro do prazo combinado. A pesquisa buscou trabalhar empresas de diversos ramos de atividades, sendo que 43% destas pertencem ao ramo de comércio e varejo; 43% prestação de serviços; e 14% da área da 13 Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 indústria. Dos que responderam os questionamentos 71% são proprietários e 29 % são gerentes das empresas. Diante das respostas obtidas, percebe-se que 100% dos gestores entendem ser necessário e de suma importância a função do administrador financeiro e ressaltam a importância de que todo administrador financeiro precisa apresentar conhecimento amplo em finanças, devido à complexidade da sua função. Ou seja, os gestores compreendem que as habilidades deste profissional perfazem elemento essencial no tocante a necessidade deste profissional no controle financeiro e gerencial das organizações. Entretanto, nota-se que 71% dos entrevistados responderam que nas suas empresas o administrador financeiro possui amplo conhecimento sobre finanças e 29% responderam que o mesmo possui tal conhecimento. Assim, é possível compreender que, entre amplo conhecimento e o simples conhecer, os sujeitos que são peças fundamentais na tomada de decisão dentro das organizações podem ser ou não ponto fundamental quando essas empresas necessitarem de conhecimentosespecíficos na área das finanças. Portanto, ao submergir nesse contexto, é possível aferir que estes profissionais necessitam de qualificação quer seja em nível de lato sensu ou stricto sensu, por depender em grau elevado a saúde da empresa das contribuições destes profissionais. Quando questionados sobre o papel do administrador financeiros que, além de administrar finanças, pode exercer outras funções dentro da empresa 71% dos questionados responderam que o administrador financeiro não pode exercer outras funções dentro da empresa e 29% responderam que podem sim exercer outras funções. Neste caso, percebe-se um percentual considerado de gestores que entendem que estes profissionais podem ser versáteis dentro das organizações. Isso pode ser compreendido desde que essas outras funções postas não interfiram na atividade fim, ou seja, isso não deve prejudicar o trabalho do administrador financeiro no controle das finanças da organização. Para que o administrador financeiro possa tomar suas decisões no cotidiano da empresa é necessário que os demais setores estejam vinculados ao seu setor de origem, ou seja, ele depende dos outros setores para tomar suas decisões. Partindo desse pressuposto perguntou-se: em sua opinião a função do administrador financeiro é necessária dentro de uma organização? A resposta foi unânime no sentido de dizer que sim, ou seja, 100% dos que responderam o questionário responderam que a função destes profissionais dentro das empresas é de fundamental importância para o desenvolvimento das atividades da empresa. Ainda buscando entender o papel do administrador financeiro no cotidiano das organizações, indagamos se para atingir resultados satisfatórios (positivos) dentro das 14 Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 organizações a presença destes profissionais seria importante. Os gestores responderam de forma unânime ser importante e indispensável as informações destes profissionais. Porém, ao indagarmos: você está satisfeito com o papel do administrador financeiro na sua empresa? A resposta parece contradizer ao exposto anteriormente. Neste sentido, o estudo mostra que o papel deste profissional é de suma importância, no entanto, estes não estão atendendo as expectativas dos gestores, dos proprietários. Isso fica claramente demonstrado quando 86% dos pesquisados dizem estar satisfeitos, mas 14% dos mesmos dizem não estar satisfeitos com o papel dos administradores financeiros nas suas organizações. Os dados podem induzir-nos a pensar que 14% perfazem um número pequeno em relação ao todo, mas é preciso refletir que, se esses 14% representarem mais de 50% das empresas que mais contribuem economicamente para o desenvolvimento de um município, região, estado ou até mesmo da União, isso é algo preocupante. Contudo, quando se pergunta se esses gestores ou empresários conseguiriam visualizar suas empresas sem um administrador financeiro, 100% dos pesquisados dizem não conseguir imaginar suas empresas sem a presença e as importantes contribuições destes profissionais das finanças. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo por meio dos instrumentos metodológicos utilizados buscou evidenciar o papel e importância do administrador financeiro dentro das organizações. Tendo em vista que o trabalho desenvolvido, fundamenta, comprova e evidencia essa máxima, pode-se concluir que o colaborador na função de administrador financeiro integra uma das mais importantes habilidades necessárias para o desenvolvimento das organizações. Desta forma, mesmo entendendo que muito pode ser pesquisado e discutido em relação a essas habilidades funcionais, conclui-se que o planejamento financeiro é fundamental para continuidade das empresas. Outro fator observado é todas as empresas de quaisquer ramos de atividade, ao incluir nos seus quadros gerenciais a figura do administrador financeiro, poderá, a partir da união com os demais gestores, construir um bom planejamento e executá-lo com eficiência e eficácia. Para tanto, é essencial que este profissional esteja a cada dia se aperfeiçoando de forma que suas habilidades possam ajudar a planejar o futuro das suas organizações. Isso decorre de uma utilização correta das ferramentas necessárias para tal objetivo, ferramentas essas baseadas nas informações geradas por sua própria administração, e pelos demais setores, que irá permitir a esse administrador executar seus objetivos e metas, e se eventualmente 15 Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 5-16, jan./jun. 2016 encontrar alguma mudança no decorrer do caminho poderá fazer as devidas correções durante o processo de execução sem interromper ou causar danos a qualquer projeto da empresa. Assim, os resultados da pesquisa indicaram que os administradores financeiros são de suma importância dentro das organizações, e não há como visualizar as organizações sem a presença dos mesmos. REFERÊNCIAS ALCÂNTARA, J. C. G. A experiência de empresas brasileiras com a implantação do sistema de Shareholder Value Based Management: um estudo clínico. 1997. Tese (Doutorado em Administração) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo. BARDIN, L. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Geográfica, 2009. BRAGA, R. Fundamento e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 1989. BRIGHAM, E. F.; GAPENSKI, L. C.; EHRHARDT, M. C. Administração financeira: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2001. CHIAVENATO, I. Remuneração, benefícios e relações de trabalho: como reter talentos na organização. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. COBRA, M. Administração de marketing. São Paulo: Atlas, 1992. CREPALDI, S. A. 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