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Pneumonia hospitalar Luiz Claudio Bastos Cesmac - 7º Período - 2018 PNEUMONIA NOSOCOMIAL Definições importantes Pneumonia adquirida no hospital (PAH): ocorre após 48h da admissão hospitalar, não se relacionando à intubação endotraqueal e VM. PAH precoce: até o 4º dia de internação PAH tardia: a partir do 5º dia da admissão Definições importantes Pneumonia associada a ventilação mecânica (PAVM): surge 48 a 72 h após intubação endotraqueal e instituição da VM invasiva. PAVM precoce: ocorre até o 4º dia de IOT e VM PAVM tardia: se inicia a partir do 5º dia da IOT e VM Definições importantes A pneumonia relacionada a cuidados de saúde ocorre em pacientes com as seguintes características: Residentes em asilos ou tratados em sistema de internação domiciliar. Pacientes que receberam antimicrobianos por via endovenosa, ou quimioterapia, nos 30 dias precedentes à atual infecção. Pacientes que foram hospitalizados em caráter de urgência por dois ou mais dias, nos últimos 90 dias antes da infecção. Pacientes em terapia renal substitutiva. Etiologia - Gram negativos aeróbios / Polimicrobiana -Agentes de difícil tratamento, associados a grande mortalidade. Legionella: surtos de infecção hospitalar em pacientes com doenças crônicas graves ou imunodepressão QUADRO 1 Prevalência dos agentes bacterianos em hospitais brasileiros Ordem de prevalência % Representada pela espécie (n) Pseudomonas aeruginosa Staphylococcus aureus Acinetobacter spp. Klebsiella spp. Enterobacter spp. Enterococcus spp. Serratia spp. Escherichia coli Stenopthophomonas maltophilia Proteus spp. Estafilococos coagulase-negativa 30,1 19,6 13,0 9,5 8,4 4,0 4,0 3,4 2,5 1,0 0,6 Dados do programa SENTRY de vigilância, 1997 – 1998. As infecções fúngicas também podem ocorrer: Etiologia FUNGOS FILAMENTOSOS Hifas septadas Hifas s/ septos FUNGOS LEVEDURIFORMES Aspergilos Scedosporios Zigomicetos Candida sp. Cryptococcus neoformans Patogenia ► Aspiração de secreções de orofaringe/estômago - Mais freqüente - pH gástrico maior ou igual a 4 ►Inalação de aerossóis contaminados - Terapia respiratória ou Anestesiologia - Mais grave em traqueostomizados ou IOT ►Disseminação hematogênica ►Translocação bacteriana - Luz do TGI => Linfonodo mesentérico => Pulmões Fontes de patógenos Dispositivos intravasculares para administração de medicamentos Medidas de parâmetros hemodinâmicos Alimentação enteral e parenteral Nebulizador Tubo endotraqueal e VM Hemodiálise Fatores de risco relacionados AO PACIENTE Extremos de idade Gravidade da doença de base Depressão do sensório Tabagismo Hospitalização prolongada Desnutrição Hipotensão Outras comorbidades: Acidose metabólica Alterações do SNC DPOC / DM Alcoolismo Uremia Insuf. respiratória Fatores de risco relacionados AO CONTROLE DE INFECÇÃO Transferência de patógenos entre pacientes, ou entre estes e os profissionais de saúde. Falta de troca de EPI entre o manuseio dos pacientes Lavagem inadequada das mãos Equipamentos de terapia respiratória contaminados VM risco > 6-21x Fatores de risco relacionados A INTERVENÇÕES Cirurgias torácicas ou abdominais altas SNG / SNE, Cânula traqueal e VM Antiácidos e antagonistas H2 Antibióticos Sedativos e BNM Fatores de risco para PAH Idade (> 65 anos) Escore de gravidade DPOC Doenças neurológicas Traumas Cirurgias Microorganismos resistentes: > 200 leitos Alta complexidade Modificáveis MEDIDAS DE INTERFERÊNCIA Lavagem e desinfecção das mãos Redução de prescrições inadequadas de antimicrobianos Vigilância microbiológica (prevalência e resistência da microbiota) Remoção precoce de dispositivos invasivos Evitar, sempre que possível, procedi-mentos invasivos que envolvam manipulação das vias aéreas. Não modificáveis Diagnóstico Dados radiológicos Dados clínicos Dados laboratoriais Avaliar sempre se há alternativas diagnósticas Modificáveis Diagnóstico Radiografia do tórax com infiltrado persistente novo ou progressivo Pelo menos UM dos seguintes: - Febre (>38ºC) - Leucocitose (>10.000/mm3) ou leucopenia (<4.000/mm3) - Em >70 anos: Alteração do estado mental sem outras causas Pelo menos DOIS dos seguintes: - Escarro purulento ou aumento das secreções respiratórias - Aparecimento ou piora da tosse / dispnéia / taquipnéia - Estertores crepitantes ou subcrepitantes - Dessaturação ou aumento da necessidade de O2 (piora das trocas gasosas) Exames de imagem RADIOGRAFIA DE TÓRAX - Papel fundamental na suspeição diagnóstica. - Natureza e extensão dos infiltrados, além de complicações. - Baixo valor preditivo positivo: - Pode estar normal em fases precoces. - Imagens semelhantes na SARA, TEP com infarto, atelectasias, EAP, ... Exames de imagem TOMOGRAFIA DE TÓRAX - Útil na pesquisa de cavidades e coleções pleurais, nas lesões complexas e nas manifestações radiológicas da SARA. Hemoculturas Sensibilidade relatada na literatura de 8 a 20% Extremamente útil quando positiva Valor prognóstico: risco de complicações e morte Meios diagnósticos imunológicos SOROLOGIA Pequeno valor no diagnóstico Análise retrospectiva e epidemiológica PESQUISA DE ANTÍGENOS SÉRICOS OU URINÁRIOS Suspeita de pneumonia causada por: - Legionela - Pneumococo - Criptococo Culturas positivas, sem quadro clínico correspondente, são consideradas falso-positivas. As culturas NÃO devem ser coletadas sem suspeita de pneumonia. Técnicas broncoscópicas (invasivas) de colheita de material Escovado brônquico protegido (EBP Lavado broncoalveolar convencional Lavado broncoalveolar protegido Marcadores biológicos ● Procalcitonina e Proteína C-reativa - Níveis séricos elevados na vigência de infecção bacteriana. - Pior prognóstico se níveis elevados após 4 - 7 dias de tratamento. Outros métodos invasivos TORACOCENTESE Identificação de agente de PAH complicada com empiema. Análise do líquido pleural. A presença de bactérias no líquido pleural é específica ao diagnóstico etiológico. Outros métodos invasivos Biópsia pulmonar a céu aberto ● Técnica invasiva, com maior custo e maior morbidade. ● Investigação do diagnóstico diferencial: suspeita de etiologia pneumônica não bacteriana ou de infiltrado não pneumônico. Tratamento ATB empírica de início imediato (maior impacto na mortalidade). Escolha com base nos agentes mais frequentemente isolados em cada situação até o resultado das culturas. A terapia combinada deve ser instituída como opção inicial nas pneumonias com risco de agentes potencialmente resistentes. Importante o conhecimento da prevalência dos germes em cada hospital e seu perfil de sensibilidade. Proposto algoritmo, ressaltando-se a necessidade de sua adaptação aos dados de cada instituição. Tratamento ▪S. aureus - Oxacilina - Alternativas: Glicopeptídeos (Vancomicina, Teicoplanina) ▪ Gram negativos entéricos, H. influenzae e S. pneumoniae - Cefalosporina de 3ª geração sem ação anti-pseudomonas - Beta-lactâmicos + Inibidor de beta - lactamase - Fluoroquinolona ▪ Anaeróbios - Clindamicina / Metronidazol ▪ P. Aeruginosa - Cefalosporina de 4ª ger + aminoglicosídio ou ciprofloxacina - Carbapenêmicos (imipenem/meropenem)+ aminoglicosídeo - Penicilina antipseudomona c/ inibidor de betalactamase + aminoglicosídeo ou ciprofloxacina INFECÇÃO FÚNGICA ▪ Aspergilose: Anfotericina B e/ou Itraconazol ▪ Candidose: Anfotericina B ou Fluconazol (boa penetração no SNC) ou itraconazol. Qual deve ser a duração do tratamento? Preconiza-se que pacientes com PAH bacteriana sejam tratados por um período mínimo de 14 dias. A duração do tratamento pode ser reduzida para 8 dias. Tratamento prolongado por, pelo menos, 15 dias quando: - P. aeruginosa - Outros germes resistentes: S. maltophilia, Acinetobacter, etc. Desafio A PAH representa um grande desafio diagnóstico e terapêutico, a despeito de todo o progresso da medicina atual. Por quê? Desafio Emergência de novos microorganismos e desenvolvimento de patógenos resistentes - Maior longevidade da população, - Utilização de fármacos imunossupressores, - Desenvolvimento de novos procedimentos médicos intervencionistas, - Uso indiscriminado de antimicrobianos, - Ausência de um padrão áureo diagnóstico e tratamento empírico inadequado. Conclusão O melhor esquema de tratamento antimicrobiano empírico para os pacientes com PAH deve ser individualizado para cada hospital e sua unidade de terapia intensiva. A caracterização clínica do hospedeiro, o conhecimento da prevalência dos agentes bacterianos, e seu perfil de sensibilidade, são elementos de fundamental importância na elaboração dos esquemas antimicrobianos adequados. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia Consenso Brasileiro de Pneumonias em Indivíduos Adultos Imunocompetentes (2001) Diretrizes Brasileiras para Tratamento das Pneumonias Adquiridas no Hospital e das Associadas à VM (2007)
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