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Agravo de instrumento.docx

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Noções históricas
o agravo de instrumento é o recurso cabível contra decisões interlocutórias, isto é, contra decisões proferidas em primeiro grau de jurisdição, situações expressamente autorizada por lei. 
Na sistemática do CPC/73, das decisões interlocutórias proferidas no curso do processo, cabia agravo, tanto na forma retida quanto na forma de instrumento. Toda decisão que fosse prejudicial à parte, deveria obrigatoriamente ser desafiada por agravo sob pena de preclusão. 
O agravo retido tinha esse nome porque era interposto perante o próprio juiz que Proferiu a decisão agravada e, depois de respondido, ficava retido nos próprios autos. O juiz da causa tinha a possibilidade de rever a decisão. Caso não revisse a decisão, o agravo ficava nos autos para eventual aproveitamento quando da apelação, ou contrarrazões, se fosse o caso. 
Havia também no CPC/73 a figura do agravo oral que poderia ser interposto verbalmente de decisões proferidas em audiências. Nesse caso advogado da parte protestava da decisão do juiz que, por exemplo, indeferiu a oitiva de uma determinada testemunha e fazia consignar na ata de audiência que estava interpondo agravo contra aquela decisão. Se a sentença proferida naqueles autos fosse prejudicial à parte por falta de provas, cabia ao advogado suscitar em sua apelação que havia protestado contra isso, conforme o agravo oralmente interposto que se encontrava retido nos autos. 
O Novo CPC mantém apenas o agravo de instrumento e acabou com o agravo retido e o agravo oral. Quer dizer, qualquer decisão que seja prejudicial à parte e que não seja possível manejar agravo de instrumento, não sofrerá mais os efeitos da preclusão. 
2. CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO 
Com relação ao agravo de instrumento é importante deixar claro que somente é cabível em situações muito especiais, conforme consta expressamente descrito, em numerus clausus, no art. 1.015 do Novo Código de Processo Civil, quais sejam:
a) Tutelas provisórias: 
Tanto a decisão que concede quanto a que nega ou revoga tutela provisória, tanto de urgência quanto de evidência, pode ser enfrentada por agravo de instrumento, através do qual a parte pode buscar reverter a situação junto ao tribunal. 
b) Mérito do processo: 
Durante o curso do processo pode haver decisão de mérito que, se transitada em julgado, autoriza a parte vencedora a executá-Ia imediatamente. Nesses casos, como a decisão é interlocutória, o recurso cabível é o agravo de instrumento. É o caso, só para exemplificar, de julgamento antecipado parcial de mérito (ver CPC, art. 356). 
c) Rejeição da alegação de convenção de arbitragem: 
Se as partes estabeleceram em contrato que as dúvidas e controvérsias sobre o negócio jurídico que realizaram seriam resolvida por arbitragem, não cabe ir bater as portas do judiciário para dirimir questões. Se a parte o fizer, cabe a outra arguir em preliminares de sua contestação a existência de convenção de arbitragem. Da decisão do juiz acolhendo ou rejeitando a alegação, cabe a parte contrária agravar de instrumento. 
d) Incidente de desconsideração da personalidade jurídica: 
A decisão que acolhe ou rejeita o pedido de desconsideração pode 
ser contestada através do agravo de instrumento. Pode ser manejado pelo sócio e/ou pela empresa no caso de acolhimento da pretensão; ou mesmo pela parte que requereu, no caso de indeferimento do pleito. 
e) Rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação: Pelo expresso texto de lei, não cabe agravo contra a decisão que defere o pedido de gratuidade de justiça. Quer dizer, não cabe agravo contra a decisão de deferimento ou de manutenção da gratuidade. Somente cabe agravo de instrumento se o pedido da parte for rejeitado ou se já tenha sido concedido, venha a ser revogado posteriormente. 
f) Exibição ou posse de documento ou coisa: Também é agravável a decisão que versar sobre a exibição ou posse de documento ou coisa pode ser requerida por qualquer das partes, como também pode ser determinada de ofício pelo juiz da causa. 
g) Exclusão de litisconsorte e rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio:
Nestas duas situações aquele que se sentir prejudicado poderá manejar o agravo de instrumento para tentar reverter a decisão do juiz. 
h) Admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros:
 Qualquer decisão que verse sobre intervenção de terceiro é agravável exceto na intervenção do amicus curiae por expressa exclusão constante do art. 138, § 1°, do CPC. 
i) Concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução: A decisão que atribui efeito suspensivo aos embargos à execução é agravável, assim como as decisões posteriores que versem sobre modificação ou revogação da medida. 
J) Redistribuição do ônus da prova:
 É agravável a decisão que altera as regras normais de distribuição do ônus da prova (ver CPC, art. 373, § 1°). Na aplicação regular do instituto, não cabe o recurso. 
k) Todas as decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença, cumprimento de sentença processo de execução e inventário: 
Nestas fases processuais, qualquer decisão interlocutória pode ser desafiada por agravo de instrumento e isso se justifica em face das peculiaridade dos procedimentos. 
|) Outros casos previstos em lei especial: Também será possível manejar o agravo de instrumentos nas situações em que seja autorizado por regramento em leis esparsas tal qual acontece com a Lei de Improbidade Administrativa que expressamente prevê a sua aplicação (ver Lei n° 8.429/92, art. 17, § 10). 
Advirta-se ainda que se a decisão interlocutória não é agravável, mas puder gerar risco de graves danos a parte, a solução é impetrar mandado de segurança contra aquela decisão. Essa poderá ser uma solução para evitar danos irreparáveis tanto de ordem material quanto processual. 
3. ATENÇÃO PARA 0 INSTITUTO DA PRECLUSÃO 
Se o juiz profere uma decisão prejudicial à parte, a primeira coisa que seu advogado deve fazer é verificar se daquela decisão cabe agravo. Se couber, tem que agravar sob pena de preclusão. 
De outro lado, se contra aquela decisão não é possível manejar o agravo de instrumento, o advogado deve se resguardar e esperar a sentença final do processo para ver se será necessário suscitar aquela questão a seu favor na apelação ou nas contrarrazões. 
Vejam que interessante: no primeiro caso, deve obrigatoriamente agravar sob pena de preclusão; mas, no segundo caso não é necessário agravar porque as decisões que não podem ser agravadas não precluem e podem ser suscitadas na apelação ou nas contrarrazões do apelado (ver CPC, art. 1.009, § 1°). 
4. FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO 
O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente por meio de petição que deverá conter, além dos nomes das partes, a exposição do fato e do direito no qual se baseia a irresignação do agravante, encerrando com o pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido, além dos nomes e endereços dos advogados constantes do processo (CPC, art. 1.016).2 
Além disso, a petição do agravo de instrumento deverá ser instruída obrigatoriamente com as seguintes peças: cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado. Além disso, deverá também juntar a comprovação do recolhimento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais (CPC, art. 1.017).3 
Atenção: na impossibilidade de instruir a petição do agravo de instrumento com os documentos necessários, o advogado da parte, sob as penas da lei, poderá juntar uma declaração dizendo da inexistência daquele determinado documento. 
É também permitido ao agravante a juntadas ao recurso das peças ditas facultativas que, a seu critério, possa ser útil à perfeita compreensão da questãoposta em discussão. 
Na eventualidade de o recorrente não juntar as cópias necessárias ou mesmo tendo o recurso algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, o relator determinará que a parte promova a regularização, visando com isso o aproveitamento do ato processual, somente indeferindo o recurso se a parte não cumprir com essa determinação (ver CPC, art. 932, parágrafo único). 
5. COMUNICAÇÃO AO JUIZ DA CAUSA 
Pela dicção da nova lei, a parte “poderá" requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso (CPC, art. 1.018). 
Veja-se que pelo que consta expressamente no caput do art. 1.018, a comunicação é facultativa, porém isso só é valido para os autos eletrônicos. Quer dizer, se o agravo se origina de autos físicos a comunicação é obrigatória, no prazo de 3 (três) dias, a contar da interposição do recurso, sob pena de o seu recurso ser inadmitido, desde que arguido e provado pelo agravado o descumprimento dessa exigência. 
Em síntese: interposto o agravo de instrumento em processo eletrônico, a comunicação é opcional; sendo autos físico, a comunicação é obrigatória. 
Essa comunicação deve ser feita por petição na qual o recorrente deve informar ao juiz da causa, no prazo de três dias, que interpôs tal recurso, juntando na sua petição a cópia do agravo, o comprovante de sua interposição e a relação dos documentos que instruíram o recurso. 
Cumpre ainda esclarecer que a justificativa dessa comunicação é oportunizar ao juiz da causa a possibilidade de reforma da decisão. Se o juiz comunicar ao tribunal que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento, por perda do objeto. 
6. EFEITO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO 
O agravo de instrumento não tem efeito suspensivo, ele é recebido tão-somente no efeito devolutivo, isto é, não suspende o curso do processo. Assim, se a decisão agravada for daquelas que pode causar prejuízos irreparáveis, será importante requerer ao relator do recurso no Tribunal que lhe atribua o efeito suspensivo para sobrestar o andamento do feito até que o agravo seja julgado (ver CPC, art. 1.019, 1). 
7. PROCESSAMENTO 
Recebido o agravo no tribunal e depois de distribuído, o relator, nº prazo de 5 (cinco) dias, ordenará a intimação do agravado pelo Diário da justiça, na pessoa de seu procurador constituído nos autos, para que responda aos termos do recurso, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, sendo possível a juntada de documentos que possa comprovar suas alegações. Se a parte não tiver advogado nos autos, deverá ser intimado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento (CPC, art. 1.019).
Nesse mesmo prazo, o relator determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias. 
Cumpridas estas providências, o relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da intimação do agravado (CPC, art. 1.020).
8. RECOMENDAÇÓES IMPORTANTES 
Para interpor o agravo de instrumento, o agravante deverá observar as seguintes recomendações: 
a ) o prazo é de 15 (quinze) dias úteis, contados da intimação do advogado ou da sociedade de advogados que representa a parte (ver CPC, art. 1.003);
b) Deverá ser interposto através de petição dirigida diretamente ao tribunal competente; 
c) A petição deverá conter a exposição do fato e do direito; as razões do pedido de reforma da decisão; e o nome e o endereço completo dos advogados das partes; 
d) Deverá também instruir a petição do agravo de instrumento, obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que motivou a decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; 
e) Poderá, ainda, facultativamente, juntar à petição de interposição outras peças do processo que possam ser importantes para o reconhecimento do direito do agravante; 
f) Finalmente, deverá juntar à petição o comprovante do recolhimento das custas, bem como o pagamento das despesas de porte e retorno (se houver) ou requerer, se for o caso, os benefícios da gratuidade de justiça.

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