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TEORIA DO BEM JURÍDICO E ESTRUTURA DO DELITO Revista Brasileira de Ciências Criminais | vol. 90 | p. 97 | Mai / 2011 | DTR\2011\1586 Wolfgang Wohlers Professor Catedrático. Área do Direito: Penal Resumo: O autor defende a ideia segundo a qual a pergunta genérica pelo bem jurídico tutelado pela norma não conduz à resolução do problema da legitimidade de tipos penais que antecipam a intervenção penal para momentos anteriores à lesão, e propõe, ao fim, uma análise diferenciada a ser realizada noutro plano, a saber: no plano da estrutura de delito. Palavras-chave: Antecipação do direito penal - Delitos de perigo - Teoria do bem jurídico - Estrutura do delito Abstract: The author defend the opinion that the problem of the anticipation of the criminal law may be better and clearly resolved with the help from a theory of the structure of the crime than with a theory of harm. Keywords: Anticipation of the criminal law - Theory of harm - Structure of the crime Sumário: 1.INTRODUÇÃO - 2.A CAPACIDADE DE RENDIMENTO DA TEORIA DO BEM JURÍDICO - 3.O TIPO DE DELITO COMO PADRÃO DE LEGITIMIDADE DE TIPOS PENAIS - 4.RESUMO - 5.BIBLIOGRAFIA 1. INTRODUÇÃO Na 1 ciência 2 alemã do direito penal a problemática da legitimação de normas penais é equiparada à procura por um bem jurídico “legítimo”. 3 Muito em razão da ampla fixação pela teoria do bem jurídico, outro relevante aspecto do desenvolvimento do direito penal “moderno” acaba sendo tratado de forma ainda bastante insuficiente: trata-se da tendência do legislador de substituir os delitos de resultado, que ainda podem ser considerados como o protótipo de tipo penal, por delitos de perigo, em especial por aqueles tipos penais que sequer pressupõem um perigo concreto, a saber: os chamados delitos de perigo abstrato, para usar a terminologia mais tradicional. 4 A tendência de tratar os efeitos causados pela criminalização de atividades em estágio prévio à lesão na estrutura de imputação de determinados tipos penais como um problema secundário de natureza meramente técnica e, portanto, apenas acessório à problemática do bem jurídico, 5 é fruto de um erro de avaliação: de um lado, a capacidade de rendimento da teoria do bem jurídico é exageradamente superestimada e, de outro, o significado da estrutura típica como um critério autônomo de avaliação da legitimidade do direito penal é subestimado. 2. A CAPACIDADE DE RENDIMENTO DA TEORIA DO BEM JURÍDICO Pode-se considerar que, no que diz respeito ao seu objetivo autoatribuído, qual seja, ferecer um critério plausível e aplicável capaz de orientar as decisões do legislador e igualmente desenvolver padrões de avaliação para a justiça dessas mesmas decisões, 6 a chamada concepção crítica ao sistema da teoria do bem jurídico fracassou. Os problemas surgem logo de cara, já que faltam critérios e padrões incontroversos a respeito de um contorno conceitual. 7 O potencial crítico ao sistema da teoria do bem jurídico é dependente, nesse sentido, de duas perguntas claramente formuláveis. Em primeiro lugar: pode o círculo de bens jurídicos legítimos ficar circunscrito apenas a uma espécie de classe de bens jurídicos dotados de determinadas características? Em segundo lugar: em que medida podem bens jurídicos que não apresentem uma corporificação objetiva, substancial, serem inseridos no círculo dos bens jurídicos legítimos? Nesse sentido é que a limitação fundamental à proteção de bens jurídicos individuais clássicos, 8 propagada por alguns autores, não pode convencer, já que a necessária delimitação entre bens jurídicos individuais e bens jurídicos coletivos em última análise não pode sequer ser mantida. Na realidade, trata-se de perceber que a esfera pessoal de liberdade dos indivíduos deve englobar, além da garantia de determinados bens existentes, também a garantia de pressupostos fundamentais para o desenvolvimento daquela liberdade pessoal. Ocorre que a partir do momento em que se admite que os membros da sociedade possuam um interesse conjunto na garantia dos pressupostos fundamentais necessários para o desenvolvimento de sua liberdade individual, parece ser TEORIA DO BEM JURÍDICO E ESTRUTURA DO DELITO Página 1 equivocado tentar escandalosamente negar a proteção penal desse interesse atribuindo-lhe a pecha de bem jurídico universal. 9 Tampouco é possível construir uma limitação do círculo de bens jurídicos legítimos por meio do chamado critério da substancialidade. 10 Mesmo a suposição de que bens jurídicos individuais clássicos protegeriam bens jurídicos palpáveis mostra-se, após um olhar mais próximo, não passar de uma ilusão. Em se tratando desses tipos penais, palpável é apenas o objeto da ação – e isso não necessariamente, como provam os tipos penais que protegem a honra ou a liberdade de vontade. Uma diferença em relação à proteção de bens jurídicos supraindividuais (coletivos) reside no fato de que a lesão de grandezas supraindividuais não pode mesmo ser mensurada, em regra, pela lesão de um objeto da ação concretamente apreensível, já que sua expressão encontra guarida apenas na desorganização de determinado subssistema social e, por isso mesmo, possui naturalmente maior dificuldade de mensuração. Ocorre que essa diferença é de natureza meramente quantitativa, e não qualitativa. De fato pode-se dizer que a qualidade “real” da lesão nos casos de bens jurídicos que possuem objeto da ação concretos torna mais fácil sua avaliação do que nos casos de bens jurídicos que – como o caso das subvenções ou da economia de crédito – se baseiam em redes de ações interconectadas entre si, ou ainda os casos – como os sentimentos ou representações de valor – de fenômenos completamente vazios e sem substância. De outro lado, pode-se também dizer que apesar de a prova da lesão nesses casos enfrentar sérias dificuldades, não é ela impossível, de forma que a legitimidade desses tipos não pode ser por esse caminho en bloc negada. Se ainda se quiser emprestar à teoria do bem jurídico o caráter de pedra de toque na avaliação da legislação penal, seria necessário despedir-se do caráter meramente conceitual a ela ligado e substituí-la por uma nova concepção pensada a partir de um fundamento teórico-social. 11 De qualquer forma, também os resultados dessa concepção não representam um grande avanço: 12 uma teoria do bem jurídico baseada em critérios teóricos sociais iluministas está de fato em condições de apontar quais condições da convivência humana devem ser protegidas para que se garanta a continuidade de um concreto corpo social. O valor desse conhecimento é, todavia, puramente descritivo: exclusivamente a partir de uma base teórico-social não é possível nem estabelecer que a manutenção e não a mudança de uma forma concreta de sociedade é algo a ser considerado desejável, nem decidir se é mais adequado lançar mão especificamente de meios jurídico-penais para enfrentar a ameaça de uma temida mudança social. No plano da teoria do bem jurídico, pode-se apenas esperar uma decisão definitiva sobre a legitimação de um tipo penal nos raros casos nos quais a norma penal sob análise parte de um objeto de proteção que ou mostra-se completamente inexistente após um olhar mais acurado – como seria hoje o caso dos delitos de magia e de bruxaria –, ou quando se tratar de um objeto de proteção que não é passível de ser protegido da forma pretendida. Algo está claro: o potencial crítico ao sistema da teoria do bem jurídico não advém de um conceito de bem jurídico preexistente, mas é, na verdade, inteiramente dependente dos padrões e exigências externas ou sociais a ele dirigidos. 13 Mesmo uma teoria do bem jurídico enriquecida por conhecimentos teórico-sociais possui, apesar de tudo, uma função exclusivamente negativa, ou seja, esta teoria apenas deslegitima tipos penais que – de acordo com os padrões de racionalidade da respectiva sociedade – exigem algo faticamente impossível, ou que querem proteger interesses que – de acordo com a estruturanormativa fundamental da respectiva sociedade – não são dignos de proteção jurídica. 14 3. O TIPO DE DELITO COMO PADRÃO DE LEGITIMIDADE DE TIPOS PENAIS É em princípio amplamente reconhecido que determinar em qual extensão e em relação a quais modos de agressão – ou seja como – deve ocorrer a proteção penal é algo bastante relevante. Essa ideia manifesta-se no entanto apenas na distinção sistemática entre delitos de resultado e delitos de perigo, distinguindo-se ainda dentro dos últimos entre delitos de perigo concreto e delitos de perigo abstrato. 15 Precisamente a categoria dos delitos de perigo abstrato não é mais do que um depósito no qual são estocados todos os tipos penais que não podem ser considerados nem delitos de resultado, nem delitos de perigo concreto. O desinteresse a respeito de uma análise diferenciada dos delitos de perigo abstrato corresponde igualmente ao difundido desinteresse em achar uma fundamentação material convincente para essa classe de delitos. É verdade que o recurso a delitos de perigo abstrato é sempre considerado como algo “especialmente carecedor de legitimação”, mas, ao final, acaba por considerar-se o recurso a delitos de perigo abstrato justificado quando se busca proteger um “objeto especialmente valioso”. 16 Na medida em que a teoria do bem jurídico não está TEORIA DO BEM JURÍDICO E ESTRUTURA DO DELITO Página 2 em condições de oferecer padrões prontos e preestabelecidos de conduta, soa no mínimo arriscado partir do valor dos bens jurídicos. Acrescente-se a isso que os delitos de perigo são precisamente caracterizados por prescindirem do momento da lesão, e dentro dos delitos de perigo abstrato apresentam-se possivelmente até casos nos quais essa lesão é de pronto de se afastar. Em razão disso é que os delitos de perigo demandam uma legitimação autônoma para além do dogma do bem jurídico: aqui trata-se de provar que já a mera ação contrária à norma – mesmo quando no caso concreto uma lesão ou um perigo estejam excluídos – é passível de legitimação. 17 Na realidade, entre os tipos penais conjuntamente elencados sob a rubrica de delitos de perigo abstrato não há uma unidade de tipo de delito, mas sim um agrupamento heterogêneo de tipos penais com potenciais de risco evidentemente diversos. Em razão disso é que é preciso, antes de mais nada, que se formule uma nova categorização de grupos de delito. Entre os tipos penais vigentes é possível distinguir fundamentalmente três tipos de delito: 18 1. Delitos de conduta concretamente perigosa: 19 Tratam-se de modalidades de comportamentos cuja perigosidade reside no fato de que elas conduzem a situações que não podem mais ser controladas pelo autor e que – quando apenas um objeto da ação estiver no raio de alcance do autor – por si só podem ter como consequência um perigo concreto e mesmo uma lesão. Exemplos do direito positivo alemão são a embriaguez na direção sem consequências posteriores (§ 316 StGB) e o incêndio qualificado (§ 306a, I StGB). 2. Delitos de cumulação: 20 Tratam-se de modalidades de comportamento que em si consideradas, de fato, não são capazes de conduzir à lesão ou ao menos à lesão em quantidade relevante de nenhum interesse jurídico protegido, mas que em conjunto com outras modalidades de comportamento dirigidas no mesmo sentido podem, sim, conduzir a uma lesão. O âmbito especial de aplicação desse tipo de delito é a proteção de interesses supraindividuais (coletivos); nesse âmbito trata-se mesmo da forma típica fundamental dos tipos penais. Exemplos são, ao lado dos tipos penais que protegem o meio-ambiente (§ 324 e ss. StGB), aqueles tipos penais que visam a proteção de determinadas instituições estatais ou complexos funcionais ou sociais, como por exemplo os §§ 264, 21 264, 22 265b 23 StGB. 1. Delitos de preparação: Tratam-se de modalidades de comportamento cujo potencial de risco reside no fato de, ou o próprio autor, ou outra pessoa, poderem praticar uma conduta conectada ao resultado do comportamento prévio em questão. O âmbito de aplicação desse tipo de delito estende-se tanto à proteção de interesses individuais quanto à proteção de interesses coletivos. Em tipos penais nos quais são previstas penas para determinadas modalidades de comportamento em estágio prévio à lesão de interesses coletivos, surge em regra uma combinação entre delitos de preparação e delitos de cumulação. Por exemplo, poder-se-ia fazer referência aos delitos de moeda falsa (§ 146 e ss. StGB). Decisivo aqui é que nesses delitos de preparação-cumulação, as modalidades de comportamento em questão podem apenas conduzir a uma lesão real de um interesse coletivo quando ocorrerem um grande número de casos concretos que correspondam aos fatos previstos na preparação e nas ações a ela conectadas. Para afastar qualquer mal-entendido é preciso primeiramente esclarecer que a sistemática aqui apresentada possui em si caráter puramente descritivo, não passando de uma tentativa de conduzir inicialmente a categoria dos delitos de perigo abstrato de lege lata existentes, que reúne os excedentes dos delitos de resultado e perigo concreto, a uma categorização diferenciada baseada em pontos de vista materiais. Em segundo lugar é preciso afirmar que a classificação de tipos penais concretos é naturalmente dependente da escolha do bem jurídico cuja análise é necessária para a legitimação do tipo penal. Por exemplo: ao se partir da proteção da integridade física do consumidor da droga para a fundamentação da legitimidade dos tipos penais do direito penal das drogas – ressalvada aqui a problemática da autocolocação em perigo consciente –, os tipos penais que abarcam a conduta daquele que oferece a droga podem ser compreendidos como delitos de preparação para a proteção de interesses pessoais. Ao se partir, ao contrário, das consequências e dos custos sociais do consumo de drogas, tratam-se de delitos de cumulação no que diz respeito ao comportamento do consumidor e de delitos combinados de preparação-cumulação no que se refere ao comportamento daquele que oferece a droga. 24 Por fim é preciso ainda esclarecer que a sistematização em si mesma – evidentemente – não pode oferecer um ganho epistêmico no que toca a questão da legitimidade desses tipos de delito. O sentido e a finalidade da sistematização residem apenas em permitir que se formulem as perguntas a TEORIA DO BEM JURÍDICO E ESTRUTURA DO DELITO Página 3 respeito da legitimidade da cominação penal de forma mais clara: nos delitos de perigosidade concreta é preciso perguntar diante de quais pressupostos está o legislador autorizado a prever cominação penal para modalidades de comportamentos em si – ou seja, em avaliações de perigo autonomizadas – apenas potencialmente perigosas. 25 Nos delitos de cumulação é preciso perguntar se modalidades de comportamentos que apenas em cumulação com outras modalidades são capazes de conduzir a lesões podem de fato ser consideradas como um injusto digno de pena. 26 E nos delitos de preparação é preciso apenas perguntar se é permitido cominar pena para modalidades de comportamentos – e se sim, diante de quais comportamentos –, cujo potencial de risco reside no fato de ou o próprio autor, ou outra pessoa, poderem praticar uma conduta conectada ao resultado do comportamento prévio em questão e daqui poderem resultar possivelmente lesões a bens dignos de proteção penal. 27 Mesmo sobre o terreno de um sistema diferenciado de tipos de delito não é possível estabelecer de uma forma geral e abstrata as fronteiras e limites de um direito penal do perigo legítimo. Partindo-se do ponto de vista de que nem os delitos de perigosidade concreta, nem os delitos de cumulação e nem os delitos de preparação são tipos de delito por si só ilegítimos, não se perde ainda a possibilidade de avaliar cada tipo penal a partir dos critérios de legitimidade próprios. Entretanto, a orientação a partir de tipos de delito concretos acaba possibilitando o encontrode decisões que transcendem à vaga indicação de um especial valor de determinado bem jurídico. 4. RESUMO O bem jurídico protegido pela norma continua a ser o ponto de partida para a determinação da legitimidade de tipos penais. A teoria do bem jurídico sozinha pode apenas, no entanto, filtrar os objetos de proteção ilegítimos a partir dos fundamentos no interior de determinada estrutura normativo-social. A partir do momento em que se determine que um bem jurídico seja em princípio digno de proteção, a legitimidade da norma depende decisivamente da estrutura de delito, que resulta da relação das modalidades de comportamentos compreendidas com o algo considerado como bem jurídico. Ao final, deve-se medir a legitimidade das normas concretas individualmente consideradas de acordo com os critérios específicos formulados para o respectivo tipo de delito. 5. BIBLIOGRAFIA AMELUNG. Rechtsgüterschutz und Schutz der Gesellschaft. Frankfurt am Main, 1972. GRECO, Luís; TÓRTIMA, Fernanda. Bem jurídico como limite ao poder de incriminar? Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. HASSEMER. Nomos Kommentar zum StGB. 3 ed. § 1. ______. Theorie und Soziologie des Verbrechens. Frankfurt am Main, 1973. ______. ZRP. 1992. HIRSCH. FS für Arthur Kaufmann. Heidelberg, 1993. HOHMANN. Das Rechtsgut der Umweltdelikte. Frankfurt am Main, 1991. JAKOBS. Strafrecht.AT. 2. ed. Berlin, 1993. § 2. KINDHÄUSER. Gefährdungs als Straftat. Frankfurt am Main, 1989. KUHLEN. GA. 1986. ______. ZStW 105. 1993. LAGODNY. Strafrecht vor den Schranken der Grundrechte. Tübingen, 1996. LENCKNER. Schönke/Schröder. StGB. 26. ed. München, 2001. § 13 e ss, nm. 129. ROXIN. Strafrecht. AT. 3. ed. München, 1997. t. 1. RUDOLPHI. FS für Honig. Göttingen, 1970. TEORIA DO BEM JURÍDICO E ESTRUTURA DO DELITO Página 4 ______. SK-StGB. 6. ed. 1997. § 1, t. 1. SCHULZ. In: LÜDERSSEN (org.). Aufgeklärte Kriminalpolitik oder Kampf gegen das Böse? Baden-Baden, 1998. t. 1. STÄCHELIN, In: LÜDERSSEN (org.). Aufgeklärte Kriminalpolitik oder Kampf gegen das Böse? Baden-Baden, 1998. t. 1. ______. Strafgesetzgebung im Verfassungsstaat. Berlin, 1998. STRATENWERTH. FS für Lenckner. München, 1998. VON HIRSCH. In: SIMESTER; SMITH (orgs.). Harm and Culpability. Oxford, 1996. WOHLERS. Delikstypen des Präventionsstrafrechts – zur Dogmatik “moderner” Gefährdungselikte. Berlin, 2000. ZIESCHANG. Die Gefährdungsdelikte. Berlin, 1998. 1 Tradução de Alaor Leite. 2 As considerações que se seguem são um resumo de alguns resultados de meu escrito de habilitação, terminado no verão de 1998 e aceito e aprovado no começo de 1999 pela Faculdade de Direito da Universidade de Basel, a respeito da problemática do direito penal “moderno”. As notas de rodapé serão reduzidas na presente sede, em razão das limitações de espaço, ao estritamente necessário. 3 A respeito da proteção de bens jurídicos como tarefa do direito penal, compare: ROXIN. Strafrecht. AT. 3 ed. München, 1997. t. 1. § 2, nm. 1; RUDOLPHI. SK-StGB. 6. ed. 1997. t. 1, § 1, nm. 2. Segundo: HASSEMER. Theorie und Soziologie des Verbrechens. Frankfurt am Main, 1973. p. 16, a teoria do bem jurídico deve representar o “substrato material” da teoria do delito. 4 Compare nesse sentido a exposição crítica pontual de: HASSEMER. ZRP. 1992, p. 378, p. 380 e ss.; a respeito da discussão sobre a crise do direito penal “moderno” ver detalhadamente: WOHLERS. Delikstypen des Präventionsstrafrechts – zur Dogmatik “moderner” Gefährdungselikte. Berlin, 2000, p. 29 e ss. 5 Segundo vejo Hassemer (nota de rodapé n. 1, p. 204 e ss., p. 215 e ss.) foi o primeiro a apontar o significado autônomo do como da proteção penal. Suas considerações a respeito da “técnica de proteção” permanecem no entanto adstritas a posicionamentos relativamente gerais e abstratos e acabam não tocando na pergunta pela estrutura de delito. Compare no entanto atualmente SCHULZ, in: LÜDERSSEN (org.). Aufgeklärte Kriminalpolitik oder Kampf gegen das Böse? Baden-Baden, 1998, t. 1, p. 279; STÄCHELIN, Strafgesetzgebung im Verfassungsstaat. Berlin, 1998, p. 55; STÄCHELIN, in: LÜDERSSEN (org.). Aufgeklärte Kriminalpolitik oder Kampf gegen das Böse? Baden-Baden, 1998, t. 1, p. 246 e ss., p. 255 e ss. 6 HASSEMER. Nomos Kommentar zum StGB. 3 ed., § 1, nm. 261; ver também RUDOLPHI. FS für Honig. Göttingen, 1970. p. 154. 7 Confira as exposições de: JAKOBS. Strafrecht. AT. 2. ed. Berlin, 1993, § 2, nm. 15; STRATENWERTH. FS für Lenckner. München, 1998, p. 379 (Nota do Tradutor: há tradução para o português de lavra de Luís Greco, In: GRECO, Luís; TÓRTIMA, Fernanda. Bem jurídico como limite ao poder de incriminar? Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011). 8 Ver: HASSEMER. ZRP cit., § 1, nm. 274 e ss; HOHMANN. Das Rechtsgut der Umweltdelikte. Frankfurt am Main, 1991, p. 179 e ss.; para uma crítica da teoria pessoal do bem jurídico ver: WOHLERS. Op. cit., p. 91 e ss. 9 Idem, p. 22 com ulteriores referências. TEORIA DO BEM JURÍDICO E ESTRUTURA DO DELITO Página 5 10 Idem, p. 223 e ss. 11 Ver nesse sentido, especialmente: AMELUNG. Rechtsgüterschutz und Schutz der Gesellschaft. Frankfurt am Main, 1972; HASSEMER. Theorie und… cit. 12 WOHLERS. Op. cit., p. 229 e ss. 13 Sobre a problemática da dedução de padrões/critérios normativos para a determinação de um âmbito legítimo de aplicação de normas jurídico-penais, ver: WOHLERS. Op. cit., p. 241 e ss. 14 WOHLERS. Op. cit., p. 279 e ss. 15 Por todos: LENCKNER. Schönke/Schröder. StGB. 26. ed. München, 2001. § 13 e ss, nm. 129. 16 Ver: HASSEME. Theorie und… cit., p. 207 e s.; LAGODNY. Strafrecht vor den Schranken der Grundrechte. Tübingen, 1996, p. 520; A. H. MEYER, Die Gefährlichkeitsdelikte, Münster, 1992, p. 206. 17 KINDHÄUSER. Gefährdungs als Straftat. Frankfurt am Main, 1989, p. 227; WOHLERS. Op. cit., p. 291 e ss. 18 Para a sequência ver detalhadamente: WOHLERS. Op. cit., p. 305 e ss.; materialmente no mesmo sentido: VON HIRSCH, in: SIMESTER; SMITH (orgs.). Harm and Culpability. Oxford, 1996, p. 262 e ss; uma distinção divergente pode-se encontrar em: ZIESCHANG. Die Gefährdungsdelikte. Berlin, 1998, S. 347. 19 Em apoio à terminologia de: HIRSCH. FS für Arthur Kaufmann. Heidelberg, 1993, p. 559; assim também: ZIESCHANG. Op. cit. 20 Fundamental a respeito desses tipos de delito é a análise de: KUHLEN. GA. 1986, p. 389, p. 399 e ss.; KUHLEN. ZStW105. 1993, p. 697, p. 716; discordante em relação à concepção dos delitos de cumulação: ZIESCHANG. Op. cit., p. 241 e ss. 21 Nota doTradutor: Trata-se do estelionato de subvenções ( Subventionsbetrug). 22 Nota do Tradutor: Trata-se do delito de estelionato no investimento de capitais ( Kapitalanlagebetrug). 23 Nota do Tradutor: Trata-se do estelionato de crédito ( Kreditbetrug). 24 WOHLERS. Op. cit., p. 310. 25 A esse repeito: WOHLERS. Op. cit., p. 311 e ss. 26 Idem, p. 318 e ss. 27 Idem, nota de rodapé 2. TEORIA DO BEM JURÍDICO E ESTRUTURA DO DELITO Página 6
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