Buscar

TDL DIREITO DO TRABALHO

Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS
ENGENHARIA CIVIL
SEMINÁRIO – DIREITO DO TRABALHO APLICADO À ENGENHARIA CIVIL
BELO HORIZONTE
2018
SEMINÁRIO – DIREITO DO TRABALHO APLICADO À ENGENHARIA CIVIL
Trabalho acadêmico apresentado ao curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Newton Paiva, como requisito parcial para aprovação à disciplina de Tópicos de Direito e Legislação.
Orientador: Prof.º Alvimar Alvares Malta 
BELO HORIZONTE
2018
INTRODUÇÃO
Direito do trabalho é o ramo jurídico que trata as normas e princípios que regulam as relações de trabalho. Tem a função de promover a dignidade do trabalhador garantindo a ele direitos básicos.
A expressiva relação de trabalho pode ser representada, inicialmente, pelo período da escravidão, apesar do mesmo não envolver uma relação de trabalho produtiva e que garantisse a dignidade. Após, então, a abolição da escravatura, no ano de 1888, as relações de trabalho evoluíram da servidão para o trabalho remunerado. (JUNIOR, 2017).
Com o advento da Revolução Industrial, a transformação do ambiente social levou os trabalhadores da época a pressionarem os donos das fábricas por melhores condições de trabalho e maiores salários. Desta forma, o Estado, que era ausente, passou a interferir nas relações de trabalho através das leis de amparo ao trabalhador. (ADORNO, 2011).
Surgem, assim, no século XX, as primeiras normas a respeito dos sindicatos e, também, a instituição da Justiça do Trabalho. Em 1º de maio de 1943, durante o governo de Getúlio Vargas, período do Estado Novo, foi criada a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho – que regulamenta as relações individuais e coletivas de trabalho.
Segundo Adorno (2011), o surgimento do direito do trabalho contribuiu para garantir uma proteção social e econômica aos trabalhadores e com os avanços no patamar trabalhista se torna cada vez mais consolidada.
Diante disso, o direito do trabalho está presente sempre que há a relação entre trabalhador e empregador. No ramo da engenharia civil existem diversas situações em que o direito do trabalho é aplicado diretamente. Portanto, neste trabalho será apresentado um estudo de caso que corresponde a tal aplicação do direito do trabalho.
DIREITO DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
O setor de Construção Civil está sujeito aos riscos causados pelo desconhecimento de leis trabalhistas. Como as construtoras e incorporadoras contratam constantemente fornecedores de mão de obra, precisam conhecer e cobrar o cumprimento das normas por parte dos contratados.
A lei prevê, por meio da responsabilidade subsidiária, que, caso a terceirizada descumpra com as leis trabalhistas e fique impossibilitada de arcar com as dívidas, a empresa contratante pode ser acionada judicialmente pelo trabalhador.
Contrato de Empreitada
A definição de contrato de trabalho segundo a CLT é dita no art. 442, como um acordo que pode ser tácito ou expresso e que trata das relações de emprego. Com a evolução do direito do trabalho houve modificações nas variações de modalidade de vínculos empregatícios. Um exemplo, da evolução, é o contrato de empreitada.
Entretanto para Paludo (2012) apesar das modificações de nomenclatura, o objetivo do contrato de empreitada é a obra em si e não o trabalho do empregador. E devido a redução de custos, especialização da mão de obra e agilidade de execução conduz a construtora a contratar por empreitada, terceirizando as atividades.
No contrato por empreitada, disciplinado nos artigos 610 a 626 do Código Civil, o empreiteiro tem o compromisso de executar uma obra, ou parte dela, pessoalmente ou delegando atividades à terceiros (subempreitada), mediante remuneração acertada, cumprimento das instruções recebidas e sem vínculo jurídico de subordinação.
A construtora ou incorporadora deve sempre dar especial atenção à elaboração das cláusulas de contrato e à entrega de documentação da empreiteira antes da assinatura do contrato e antes de cada medição dos serviços executados pela contratada, verificando a idoneidade econômica e financeira da empreiteira.
RESPONSABILIDADES TRABALHISTAS
Quando se celebra um contrato de emprego entre as partes empregado e empregador, há a responsabilidade do empregador perante a Justiça do Trabalho com relação as reclamações levantadas pelo empregado.
Tratando-se da engenharia civil existem certas peculiaridades sobre as responsabilidades no âmbito trabalhista, com relação aos débitos oriundos da relação de emprego entre trabalhadores e construtor, empreiteiro e subempreiteiro.
Construtora/Incorporadora x Empreiteiro
A CLT define empregado, como toda pessoa física que presta serviços ao empregador, mediante o pagamento de salário. Na engenharia civil é muito comum verificar a relação de trabalho entre: construtor/empreiteiro e empreiteiro/ subempreiteiro, diante disso surge à dúvida de quem arcará com as evidentes responsabilidades trabalhistas de empregador.
Existem duas correntes doutrinárias no direito, a de caráter subsidiário e solidário, que tratam das responsabilidades pelos créditos trabalhistas entre empreiteiro e subempreiteiro. Segundo Cavalcante (2004), os direitos econômicos dos empregados não podem ficar confiados ao subempreiteiro, uma vez que este não possui condição econômica suficiente para suprir com as responsabilidades trabalhistas. Sendo assim a corrente solidária se resume na responsabilidade principal atribuída ao subempreiteiro e a responsabilidade solidária ao empreiteiro, visto que possui maiores recursos para pagar tudo que é devido ao empregado.
Em contraposição, Barros afirma que a responsabilidade subsidiária cabe ao empreiteiro. Pois, como a responsabilidade solidária decorre da vontade das partes, caso seja omisso a natureza de responsabilidade em contrato celebrado pelo empreiteiro e subempreiteiro, não há como atribuir responsabilidade solidária ao empreiteiro.
Diante das duas correntes, o artigo 455 da CLT, descreve com clareza como atribuir as responsabilidades: 
Art. 455 – Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro.
Parágrafo único – Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil, ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a este devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo.
Embora não ser descrito no art. 455 da CLT a responsabilidade do dono da obra, Neto (2004), posiciona no sentido de que o dono da obra não deve ser responsabilizado pelos débitos trabalhistas dos empregados, salvo quando exercer atividade econômica voltada para a construção civil.
A Orientação Jurisprudencial 191 da SBDI-I do TST, apresenta o seguinte:
Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.
Logo, o dono da obra sendo construtora ou incorporadora, será responsável juntamente com o empreiteiro pelas obrigações trabalhistas. Neste caso justifica-se, pois há terceirização de serviços. (GARCIA, 2017).
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) fixou as seguintes teses jurídicas sobre as responsabilidades das partes:
A exclusão de responsabilidade solidária ou subsidiária por obrigação trabalhista a que se refere a Orientação Jurisprudencial 191 da SDI-1 do TST não se restringe à pessoa física ou micro e pequenas empresas, compreende igualmente empresas de médio e grande porte e entes públicos;
A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas prevista na parte finalda Orientação Jurisprudencial 191, por aplicação analógica do artigo 455 da CLT, alcança os casos em que o dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro;
Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação Jurisprudencial 191 da SDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Regional do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do dono da obra, excepcionando apenas ‘a pessoa física ou micro e pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado’;
Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em face de aplicação analógica do artigo 455 da CLT e culpa in elegendo.
Diante ao apresentado no item IV, Paludo (2012) afirma que empresas – construtoras ou incorporadoras – responsáveis pela obra, devem-se atentar a idoneidade e confiabilidade da empreiteira contratada, para caso haver débitos trabalhistas, esta não sofrer a culpa in eligendo e/ou in vigilando, culpa na escolha e culpa na fiscalização, respectivamente.
ESTUDO DE CASO
Em 3 de janeiro de 2017 foi publicado na revista eletrônica ConJur (Consultório Jurídico) uma análise do caso na 24ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte, em que o pedreiro entrou com uma ação contra o dono da obra em que trabalhou, a fim de que este respondesse subsidiariamente pelas verbas trabalhistas que lhe era devida pela empreiteira que coordenou o serviço.
Conforme apresentado neste trabalho, com base na Orientação Jurisprudencial 191 da Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, o dono de obra, não sendo construtora ou incorporadora, não responde por dívida trabalhista da empreiteira que executa a obra.
Desta forma o juiz Charles Etienne Cury, que coordenou o caso, em sua análise, observou entre os réus (a empregadora do reclamante e o dono da obra) foi celebrado um contrato de empreitada para a construção de prédio residencial. Sendo assim tal responsabilidade deve ser analisada diante OJ 191 da SDI-1-TST, que diz:
Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.
Neste contexto, como o dono da obra, apesar de ter se beneficiado do trabalho do funcionário, ele não será responsabilizado pelos créditos trabalhistas, por não se tratar de empresa construtora ou incorporadora. 
Por fim, Cury afastou a aplicação, ao caso, do inciso IV da Súmula 331 do TST, pois na sua visão não houve terceirização de serviços entre os réus e negou o pedido do pedreiro. Nessa situação o dono da obra foi isento do polo passivo da ação.
CONCLUSÃO
Em face do disposto neste trabalho entende-se que as responsabilidades trabalhistas de cada integrante da cadeia construtiva, sendo eles, construtora, empreiteiro e subempreiteiro, deve-se fazer cumprir aos direitos econômicos dos funcionários.
Neste caso, consideramos que o assunto deve ser analisado e aprimorado em termos legais, para que não haja margem de dúvidas quanto às incumbências de cada um. O objetivo é que tanto trabalhadores, quanto empregadores sejam beneficiados através das leis ligadas a indústria da construção.
Desta forma o avanço das medidas normativas impulsionam o crescimento e progresso do país, e de igual modo a Engenharia Civil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, Hélcio Luiz Júnior. Apontamentos sobre a história do direito do trabalho e da justiça do trabalho, no mundo e no brasil, entre os séculos XIX e XXI. Artigo – Faculdade Santa Lúcia, 2011. Disponível em: < http://www.egov.ufsc.br /portal/sites/default/files/apontamentos_sobre_a_historia_do_direito.pdf >. Acesso em: 21 de set. 2018.
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 5. ed., São Paulo, LTr, 2009.
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Responsabilidade do dono da obra por débitos trabalhistas do empreiteiro. Artigo – Faculdade de Direito USP, 2017. Disponível em: < http://genjuridico.com.br/2017/05/23/responsabilidade-do-dono-da-obra-por-debitos-trabalhistas-do-empreiteiro/>. Acesso em: 23 de set. 2018.
JUNIOR, Rodolpho Priebe Pedde. Introdução ao Direito do Trabalho. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade do Oeste de Santa Catarina, 2017. Disponível em: <https://www.jurisite.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2017/03/direito_-trabalho.pdf >. Acesso em: 21 de set. 2018.
NETO, Francisco Ferreira Jorge; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa. Curso de Direito Do Trabalho, 2. ed., Atlas, 2004.
PALUDO, Luis Otavio. Responsabilidade Trabalhista do Empreiteiro. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Tuiuti do Paraná, 2012. Disponível em: < http://tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2014/04/RESPONSABILIDADE-TRABALHISTA-DO-EMPREITEIRO.pdf>. Acesso em: 22 de set. 2018.

Continue navegando