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Resenha Hermeneutica em crise

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STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica Jurídica e(m) crise: uma exploração hermenêutica do direito. 1. Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999.
Lenio Luiz Streck nasceu em 21 de novembro de 1955 (62 anos). É um jurista brasileiro, muito renomado na área da Hermenêutica Jurídica e a Filosofia do Direito. É bacharel pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), mestre e doutor pela Universidade de Santa Catarina(UFSC). É Membro Catedrático da Academia Brasileira de Direito Constitucional e Presidente de honra do Instituto de Hermenêutica Jurídica. Atualmente divide sua vida como palestrante no Brasil e no exterior, docente de cursos de pós-graduação e advogado.
A obra é dividida em 11 capítulos, discutindo diversos pontos da hermenêutica jurídica em face de problemas contemporâneos e refutações de diversos pontos de vista em relação a intepretação da lei nos dias atuais, com críticas que vão desde o caráter jus filosófico até a crítica intra-dogmática.
O autor aborda o tema de forma descritiva e analítica, utilizando de diversas visões sobre hermenêutica jurídica e analisando perspectivas de vários juristas para enriquecer a obra, como Anibal Bruno, Paulo Nader, Carlos Maximiliano, Emílio Betti, Maria Helena Diniz, entre outros. Essa obra é dirigida não só para estudantes de Direito, mas também para qualquer um que queira ter um olhar mais crítico sobre a interpretação da lei na fase denominada por muitos de Neoliberalismo, e o quanto este momento tem impacto na legislação brasileira. 
Começa sua obra já fazendo uma crítica em relação ao Neoliberalismo e a tardia modernização brasileira, que só alcançou as classes sociais mais altas e que cresceu em cima de seus trabalhadores e seus direitos. No Brasil, a Modernidade ainda não é uma realidade, pelo contrário, o crescimento é a passos lentos e há, a acentuação das desigualdades. Daí entra a discussão em relação ao Estado, que de acordo com a postura liberalista acima citada, deve ser mínimo, enxuto, privatizado. Oras, se o País ainda não conseguiu chegar a um patamar estabilizado, como se pode tirar o caráter protecionista do Estado perante seus “filhos”? A resposta pode ser encontrada na própria Constituição, em seu artigo 6º que garante ao Estado o dever de ofertar garantias mínimas para seus cidadãos, assim se fala de Direitos Sociais. Assim, percebemos a importância do Direito, que tem um caminho árduo para diminuir a segregação no Brasil. Ele vem para combater o que Lenio Streck chama de Razão Cínica Brasileira (“eles sabem muito bem o que estão fazendo, mas fazem assim mesmo”).
O Estado Democrático de Direito veio para acentuar ainda mais as desigualdades sociais em relação a distinção de punibilidade entre infratores de classes sociais diferentes, fazendo com que quem tem uma maior posição social tenha uma faceta mais estável perante a justiça. Assim, acaba tendo uma individualização excessiva, no qual como diz o autor: “os direitos do indivíduo estão acima dos direitos da comunidade”. O que é um erro, afinal quando se fala em Direitos sociais, devem ser abrangidos toda a coletividade, independentemente da classe social. Em relação a isso, os remédios constitucionais presentes na CF de 1988, representam uma significativa característica do Estado de Direito, dando mais autonomia ao Judiciário. 
Há também que se falar no paradigma epistemológico da filosofia da consciência, relativa entre o sujeito e objeto, onde se há um sujeito cognoscente, ontológico onde se vai sair das amarras do legislador e pensar além do objeto. O autor faz duras críticas a jurisprudência dos conceitos, ao excesso de formalismo e sistematização do Direito, que engessa a ordem jurisdicional, característica da segurança do processo: “-.... a lei passa a ser, privilegiadamente, um instrumento de ação concreta do Estado” (STRECK, Lenio, 1999, p.37).
Élcio relaciona as características do legislador como sendo: figura singular, permanente, único, consciente, finalista, onisciente, onipotente, justo, onicompreensivo, econômico, operativo e preciso. Faz duras críticas a Doutrina e o ensino jurídico no Brasil, que acaba limitando o acesso a discussão e criticidade dos bacharéis em Direito. Os que conseguem se libertar dessas amarras, acabam chegando ao mesmo ponto, impondo sua Doutrina aos demais e acaba virando um círculo vicioso que não leva o aluno a indagar e sim a consumir mais e mais conteúdo, que só o levará a reproduzir o que foi aprendido. Para o autor a dicotomia entre uma interpretação objetivista e subjetivista, também está longe de ser ideal. Afinal, tanto uma como outra, se levadas ao estremo trazem ou o nazismo ou a anarquia, facetas que têm conotações negativas.
Uma importante discussão que permeia nos dias atuais é com o preenchimento de lacunas da lei. Para o autor, não existem lacunas técnicas, só axiológicas, ele dar ênfase aos princípios gerais do direito, que devem ser vistos na coletividade, para poder terem resultados no caso concreto. 
Dispõe ainda da importância da linguagem nas aplicações jurídico filosóficas da hermenêutica. Abordando com Crátilo, o princípio de toda essa discussão, mas é com Gadamer, que ele expõe o giro linguístico. Esse giro que tem como principais difusores Humboldt, Hamann e Herder, a quem Gadamer dar verdadeiro prestígio, principalmente ao primeiro, para ele o fundador da filosofia da linguagem e quem trás grandes influências para sua obra Verdade e Método (Editora Vozes, 1990). Concorda com aquele ao afirmar que a linguagem é essencial ao ser humano e representa o verdadeiro ser-no-mundo. Embora Pierce seja fundador da semiótica é com Saussure a quem Streck, dá fundamental importância na abordagem dos signos na linguagem, abordando suas principais características: a arbitrariedade, imutabilidade, mutabilidade com o passar do tempo e extensão do significante. Mas o critica, por não ter trabalhado os signos não linguísticos. Já no campo jurídico, trata a semiótica como Ciência Empírica do Direito que vai estudar as relações entre os enunciados jurídicos e os seres humanos que os criam, interpretam e os aplicam. É com esta mesma filosofia da linguagem citada acima que, ocorre a ruptura do ideal subjetivista da filosofia da consciência.
E por fim nos últimos capítulos, Lênio vai descrever a hermenêutica, em uma perspectiva voltada para seu papel no presente e no futuro. Em relação a isso, discorre sobre o passo a passo desta na interpretação, no qual primeiro há uma observação para depois aplica-la de forma metodológica, sem erros e impressões, garantindo assim a objetividade do método interpretativo. Dar bastante ênfase a filosofia hermenêutica de Heidegger e na Hermenêutica Filosófica de Gadamer. Para ele : “ Gadamer pretende liberar a hermenêutica da alienação estética e histórica, para estudá-la em seu elemento puro de experiência da existência humana. E Heidegger será o corifeu dessa postura que se caracterizará por explicar a compreensão como forma de definir o Dasein (ser-aí)”. Percebe-se uma grande influência entre seus discursos e o do filósofo Hans-George Gadamer, criticando assim, a Hermenêutica refutiva. Para este a compreensão pertence ao ser do que se compreende e para Heidegger situa a questão no sentido do ser e o único ente que compreende que é o homem.
Por último, o autor faz um desabafo, ao expor que a função do Direito não está sendo efetivada, a medida em que há ainda mais o aumento das desigualdades sociais, e a razão que há muito se procurava e era debatida não foi encontrada, pelo menos no Brasil. É necessário a quebra de paradigmas, diminuir o formalismo e abraçar mais o social, interpretando as leis e dando sentido ao que elas pregam, principalmente a igualdade. E principalmente dá vazão a teoria da razão crítica do Direito, indagar é o passo principal para construir uma justiça de todos e para todos.
DISSCUSSÃO CRÍTICA
Durante a leitura da obra ver-se uma linha de evolução construída pelo autor, através da interpretação do direito como um todo, focando principalmente em seu lado social.Descrevendo os temas com uma linguagem clara e descritiva, percebe-se seu grande conhecimento acerca das correntes de interpretação positivistas, explicando e classificando os objetos do direito de forma crítica, com ideias verdadeiras e originais. É perceptível na obra a abordagem de diversos tipos de conhecimento, tornando a descrição do conteúdo mais ampla e o abrangendo não só em uma única visão ( a dele) mas também citando diversas opiniões e correntes de autores renomados que só têm a acrescentar em conteúdo sua obra. Os exemplos citados pelos autores amplamente nos auxiliam na compreensão dos temas e nos possibilitam analisar e confrontar várias posições, a fim de chegarmos à nossa própria fundamentação teórica.

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