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raios centrais (dedos médio e anular) objetos podem cair da mão por este espaço, criando um pro- blema funcional cuja solução pode ser a ressecção um raio. AMPUTAÇÃO DE RAIO 13 ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR A B C A – Amputação do dedo: Incisão para proporcionar boa qualidade de cobertura cutâ- nea. O retalho volar deve ser maior que o dorsal para permi- tir que a maior parte do coto seja revestido pela pele palmar, mais resistente e com sensibili- dade mais diferenciada. B – Incisão C – Surtura A ressecção das falanges e do meta- carpiano (amputação de um raio) é um procedimento utilizado no tratamento de traumas, infecções, deformidades congê- nitas e tumores. Apesar de reduzir a largu- ra da região palmar, a ressecção de um raio evita a formação de um espaço entre dedos remanescentes e proporciona um aspecto estético melhor para a mão do paciente. Do ponto de vista funcional, vários fatores interferem com a decisão de se indicar ou não a ressecção de um raio. São argumentos favoráveis à ampu- tação de um raio: • O espaço entre dedos remanescen- tes pode provocar um prejuízo funcional pois objetos podem cair da mão por este espaço; • A preservação de um dedo com comprometimento funcional importante e rígido pode causar prejuízo para os demais; • Nas amputações ao nível da articu- lação metacarpofalangiana dos dedos indicador e mínimo, a cabeça do metacar- piano ou seu colo ficam proeminentes. A cabeça do segundo metacarpiano proemi- nente ocupa a nova primeira comissura. A ressecção da metade distal destes meta- carpianos proporciona um contorno melhor para a mão. São argumentos favoráveis para a preservação do raio: • Em algumas atividades, a preserva- ção da largura da palma da mão é muito importante. A ressecção do raio está con- tra-indicada em paciente que manuseiam e necessitam realizar a preensão de obje- tos grandes em sua atividade profissional; • O paciente pode optar por utilizar uma prótese estética para propocionar melhor aspecto estético e fechar o espaço indesejável na mão; • Após a ressecção de um raio, há diminuição da força da mão para preen- são e pinça, segundo alguns estudos bio- mecânicos. A amputação de um raio é realizada mais freqüentemente como um procedimen- to eletivo e, sempre que possível, a ressec- ção do raio deve ser evitada na emergência. Portanto, na maioria das vezes, há possibili- dade de refletir e discutir com o paciente qual o melhor procedimento. AMPUTAÇÃO DO RAIO DO INDICADOR De acordo com a etiologia da patolo- gia que levou a indicação de amputação pode-se ou não utilizar a exsanguinação com faixa de Esmarch. Nas lesões tumo- rais e em infecções este procedimento deve ser evitado e o torniquete pode ser aplicado após a manutenção do membro superior elevado por cerca de 10 minutos. Realiza-se uma incisão ao nível da meta- carpofalangiana do dedo indicador, for- mando a figura de “V”, volar e dorsal, com ápice proximal, e estendendo-a longitudi- nalmente na região dorsal no eixo do metacarpiano. As veias dorsais são liga- das e os tendões extensor comum dos dedos para o indicador e o extensor pró- prio do dedo indicador são seccionados ao nível da base do metacarpiano. O metacarpiano é exposto e seccionado com uma serra de Gigli, serra elétrica ou osteótomo ao nível do 1/3 médio. Esta osteotomia pode ser oblíqua, deixando a extremidade medial mais longa que a radial, dando assim um contorno melhor para a primeira comissura. O tendão do primeiro interósseo dorsal é identificado e seccionado. O músculo lumbrical, situado redialmente ao segundo metacarpiano, é seccionado na sua inserção tendinosa no 14 parelho extensor. À seguir, disseca-se o feixe vásculo-nervoso na região volar do dedo. As artérias digitais para o dedo indi- cador são ligadas ao nível da bifurcação da artéria digital comum. Os nervos digi- tais do dedo indicador são tracionados e seccionados proximalmente, de tal forma que os cotos, retraindo, permanecem na palma da mão. Da mesma forma, os ten- dões flexores superficial e profundo são identificados e seccionados, retraindo proximalmente para a palma da mão. À seguir, secciona-se o tendão do interós- seo palmar e após, a bainha dos flexores, placa volar e ligamento intermetacarpiano transverso. Este último é seccionado pró- ximo ao metacarpiano ressecado. Após a soltura do torniquete, realiza-se uma hemostasia criteriosa e sutura-se partes moles e pele com pontos separados. A movimentação ativa precoce do dedo deve ser encorajada. Normalmente o aspecto estético da amputação do raio do dedo indicador é bastante aceitável. AMPUTAÇÃO DO RAIO DO DEDO MÉDIO Há duas técnicas de amputação do raio do dedo médio sendo uma não envol- vendo a transposição de metacarpiano (nossa preferência) e outra transpondo o segundo metacarpiano para a posição do terceiro (Carroll). A desvantagem da técni- ca da transposição é que envolve uma osteossíntese e a necessidade de restrin- gir a movimentação do dedo transposto até a consolidação. A vantagem da trans- posição salientada pelo autor é a possibili- dade de fechar de forma mais eficiente e imediata o espaço criado pela amputação de raio central. Outro problema relaciona- do com a transposição é o cuidado que deve ser tomado com os desvios rotacio- nais. É recomendado utilizar um fio de Kirschner transversal para fixar o metacar- po transposto nos vizinhos para evitar este tipo de deformidade. No procedimento de amputação sem transposição, a técnica cirúrgica é seme- lhante àquela aplicada na amputação do raio do indicador, mas é muito importante seccionar o ligamento intermetacarpiano transverso próximo ao metacarpo a ser ressecado, de tal forma que os cotos des- te ligamento, dos metacarpos vizinhos, possam ser suturados, fechando o espa- ço. A eficiência do fechamento do espaço dependerá da qualidade da sutura do liga- mento intermetacarpiano transverso. Desvios rotacionais podem ocorrer e, em geral, são decorrência de sutura técnica- mente incorreta. Durante o período de cicatrização, um fio de Kirschner transver- sal pode ser utilizado para manter os metacarpianos dos dedos indicador e anu- lar aproximados e em posição correta. Ao contrário da técnica de transposição pro- posta por Carroll, na reconstrução de par- tes moles não há necessidade de imobili- zar a mão por longo período. AMPUTAÇÃO DO RAIO DO 15 ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR Caso clínico: Amputação transmetacarpiana do dedo indicador 16 Amputação do dedo médio (vista dorsal) 17 ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR Amputação do dedo médio (vista central) 18 Amputação transmetacarpiana, incisão dorsal e tenotomia do tendão extensor, individualização do metacarpiano e musculatura intrínseca 19 ATUALIZAÇÃO EM TRAUMATOLOGIA DO APARELHO LOCOMOTOR Amputação transmetacarpiana, osteotomia da base do metacarpiano. Dissecação das artérias digitais e nervos digitais. Ligadura das artérias digitais e secção do nervo digital do dedo amputado 20 Amputação transmetacarpiana: aspecto final – sutura dos intrínsecos 21 Caso clínico: Amputação transmetacarpiana: fechamento do espaço graças a sutura do ligamento intermetacarpiano transverso DEDO ANULAR O procedimento é o mesmo que para o dedo médio. Da mesma forma, preferimos não realizar procedimentos de transposição. O fechamento do espaço, da mesma forma, é conseguido graças à aproximação do ligamento intermatatarsiano transverso. 22 Caso clínico: Amputação transmetacarpiana do dedo anular AMPUTAÇÃO DO RAIO DO DEDO MÍNIMO O procedimento é semelhante àquele utilizado para o dedo indicador. O quinto meta- carpiano deve ser ressecado ao nível do terço médio, preservando a largura da