Buscar

LIVRAMENTO CONDICIONAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

LIVRAMENTO CONDICIONAL
ASPECTOS GERAIS
O instituto do livramento condicional é benefício concedido a um condenado à pena privativa de liberdade superior a 2 (dois) anos, desde que cumprida parte da repreensão imposta e sejam observados os demais requisitos legais, o cumprimento da punição em liberdade até a extinção da pena. 
Assegurou-se a doutrina no sentido de tratar-se o livramento condicional de benefício conferido pela lei ao condenado que preenche os requisitos previstos nos artigos 83 a 90 do Código Penal, e nos artigos 131 a 146 da Lei de Execução Penal.
Esse benefício é concedido pelo juízo da execução (artigo 66, inc. III, “e”, LEP) e pode ser suspenso no caso de descumprimento das condições determinadas quando da concessão ou ainda se o condenado cometer novos crimes. O artigo 131 da LEP prevê que o Ministério Público e o Conselho Penitenciário sejam ouvidos antes da concessão do livramento condicional.
Egresso é a nomenclatura apresentada pelo art. 26, inc. II, da Lei de Execução Penal, ao condenado beneficiado pelo livramento condicional, durante o período de prova. 
Em face do caráter do processo de execução, é competente o juízo do local em que o condenado cumpre a pena, independente da comarca em que foi proferida a sentença condenatória.
LIVRAMENTO CONDICIONAL E O SURSIS
O livramento condicional e o sursis não se confundem, ainda que apresentem alguns pontos em comum como: os destinatários serem condenados à pena privativa de liberdade; os requisitos devem ser preenchidos pelo condenado; sujeitam-se ao cumprimento das condições; possuem um período de prova; e a finalidade de evitar a execução da pena privativa de liberdade total ou parcialmente. 
As diferenças entre os institutos apresentam-se na execução da pena, onde não tem início no sursis, enquanto no livramento condicional o condenado cumpre parte da pena imposta; na duração do período de prova, 2 a 4 anos no sursis, em regra, ou o restante da pena, no livramento condicional; no momento da concessão, o sursis é concedido na sentença ou no acórdão, e o livramento condicional durante a execução da pena; e o recurso cabível é a apelação no sursis e agravo em execução no livramento condicional.
REQUISITOS PARA A CONCESSÃO
Cumprimento de mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes.
Cumprimento de mais da metade da pena em caso de reincidência em crime doloso.
Comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho e possibilidade de prover a própria subsistência mediante trabalho honesto.
Reparação do dano causado pela infração.
Cumprimento de mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico de drogas e terrorismo, desde que o condenado não seja reincidente. 
Fonte: Conselho Nacional de Justiça.
Como mencionado anteriormente, é necessário que o condenado preencha uma série de requisitos objetivos e subjetivos previstos na legislação. Vejamos:
Requisitos objetivos 
Espécie da pena: deve ser privativa de liberdade (reclusão, detenção ou prisão simples).
Quantidade da pena: deve ser igual ou superior a 2 (dois) anos, destacando-se que as penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para fins do livramento (art. 84, CP).
Parcela da pena já cumprida: para o condenado que não for reincidente em crime doloso e apresentar bons antecedentes, basta o cumprimento de mais de um terço da pena (art. 83, inc. III, CP). Trata-se do livramento condicional simples. 
Reparação do dano: dispensa-se esse requisito quando comprovada a efetiva impossibilidade do condenado em atende-lo ou quando a vítima não for encontrada para ser indenizada, renunciar a dívida ou mostrar-se desinteressada em ser ressarcida. 
Requisitos subjetivos
Comportamento satisfatório durante a execução da pena: deve ser comprovado pelo diretor do estabelecimento prisional. A prática de falta grave como a fuga, impede a concessão do livramento condicional. Ocorrendo tal falta grave, o período de pena a ser cumprido reinicia-se.
Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído: o exercício de atividade laboral é obrigatório para a concessão do livramento condicional. Esse requisito pode ser desprezado quando em face de problemas do estabelecimento prisional, nenhum trabalho foi atribuído ao condenado. 
Aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto: exige-se unicamente prova da aptidão para o exercício de trabalho honesto, e não de emprego certo e garantido após a saída do estabelecimento prisional.
Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir: deve ser constatado pela Comissão Técnica de Classificação, responsável pela elaboração e fiscalização do programa de individualização da execução penal, analisando o provável comportamento futuro do condenado.
Não ser reincidente específico, nos crimes hediondos ou assemelhados.
CONDIÇÕES
A liberdade antecipada se sujeita ao cumprimento de condições a serem observadas pelo condenado durante o período de prova ou de experiência, isto é, pelo tempo restante da pena privativa de liberdade. 
Este período de prova tem início com a cerimônia realizada no estabelecimento prisional em que o condenado cumpre a pena, realizada após a concessão do benefício pelo juízo da execução. Na cerimônia, com suas etapas definidas pelo art. 137 da LEP, o condenado declara se aceita ou não as condições a que fica subordinado o livramento. 
Condições Legais
Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação;
Não mudar do território da Comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.
Condições Judiciais
Não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção;
Recolher-se à habitação em hora fixada;
Não frequentar determinados lugares.
Condições Legais Indiretas
Ausência de causas de revogação do livramento condicional. 
REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
 O livramento condicional é precário. Desta forma, é inerente ao benefício a possibilidade de sua revogação a qualquer momento, desde que não sejam cumpridas as suas condições legais, judiciais ou indiretas. 
A revogação pode ser obrigatória ou facultativa, e suas causas encontram-se disciplinadas pelos artigos 86 e 87 do Código Penal. Ela deve ser decretada pelo juiz da execução, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do Conselho Penitenciário. O juiz deve, obrigatoriamente, proceder a prévia oitiva do condenado sob pena de nulidade por violação do princípio constitucional da ampla defesa.
Revogação Obrigatória
São duas as causas de revogação obrigatória do livramento condicional. 
A primeira ocorre quando o liberado é condenado a pena privativa de liberdade em 
sentença irrecorrível, por crime cometido no período da vigência do benefício. Produzindo três efeitos: 
Não se computa na pena o tempo que esteve solto. 
Não se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento (art. 88 do CP e 142 da LEP). Para poder obter o livramento para a segunda pena, ele deverá cumprir a pena da primeira condenação integralmente, pois no que diz respeito a esta, lhe é negado novo livramento. 
O restante da pena cominada ao crime, sendo o livramento revogado, não pode somar-se à nova pena para efeito de concessão de novo livramento. 
A segunda causa de revogação obrigatória ocorre se o liberado venha a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível, por crime anterior. Entretanto os 
efeitos não são tão drásticos. Exemplos: 
O período de prova é computado como tempo de cumprimento de pena (art.141 da LEP). 
É possível a concessão de novo livramento desde que o condenado tenha cumprido a metade ou um terço, conforme seja ou não reincidente em crime doloso, da soma dotempo das duas penas (art. 141 da LEP). 
Revogação Facultativa
São duas as hipóteses de revogação facultativa: 
A primeira ocorre quando o liberando deixa de cumprir qualquer das condições constantes da sentença. Caso o juiz opte pela revogação os efeitos serão os seguintes: 
Não se computa na pena o tempo que o condenado esteve solto. 
Não se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento.
 
A segunda ocorre se o liberando for condenado por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade. Essas tais deliberações dão o ensejo à revogação facultativa. Os efeitos na hipótese de crime ou contravenção cometidos durante o período de prova, são os seguintes: 
não se computa na pena o tempo em que o condenado esteve solto; 
não se concederá em relação à mesma pena novo livramento. 
Sendo crime ou contravenção cometido antes de período de prova, computa-se na pena o tempo em que o réu esteve solto, permitindo ainda novo livramento condicional em relação ao restante da pena. Nos casos de condenação à pena privativa de liberdade (prisão simples) em razão de prática de contravenção, não é causa de revogação obrigatória nem facultativa. 
O artigo 88 do CP destaca que, uma vez revogado o livramento, o condenado retomará o cumprimento da pena e o benefício não poderá ser novamente concedido. Além disso, não se desconta na pena o tempo em que o condenado esteve solto.
SUSPENSÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
O artigo 145 da LEP permite ao magistrado, depois de ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, a suspensão do livramento condicional até a decisão final. O dispositivo legal é aplicável as hipóteses descritas no artigo 86, incisos I e II, bem como pelo artigo 87, ambos do Código Penal. 
Com efeito, o artigo 145 da LEP limita-se a falar em prática de outra infração penal (crime ou contravenção), pouco importando se na vigência do livramento condicional ou em momento pretérito. Além do mais, a condenação por sentença irrecorrível decorrente de crime do qual resulte pena privativa de liberdade deve ensejar a revogação do benefício, enquanto a condenação definitiva por crime ou contravenção penal a pena que não seja privativa de liberdade pode produzir igual efeito.
Porém, não é possível a suspensão do livramento condicional quando o liberado deixa de cumprir qualquer das obrigações decorrentes da sentença, pois a Lei de Execução Penal autoriza esta medida somente quando praticada outra infração penal.
PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVA
É cabível a prorrogação do período de prova quando o beneficiário responde a ação penal em razão de crime cometido na vigência do livramento condicional (art. 89, CP).
O juiz da vara das execuções não poderá declarar a extinção da pena privativa de liberdade enquanto não transitar em julgado a sentença proferida na ação penal ajuizada em decorrência do crime cometido na vigência do livramento condicional. Deve prorrogar o período de prova até o trânsito em julgado da sentença, que poderá ser condenatória ou absolutória.
Durante a prorrogação não subsistem as condições do livramento condicional, desde que já tenha sido ultrapassado o período de prova.
Não se admite, entretanto, a prorrogação do período de prova no caso de contravenção penal cometida durante a vigência do livramento condicional, pois a lei fala somente em “crime”.
Com o término da prorrogação em razão de crime cometido durante a vigência do benefício, operando-se o trânsito em julgado da sentença, podem ocorrer as seguintes situações:
o liberado é absolvido: declara-se a extinção da pena privativa de liberdade.
liberado é condenado a pena privativa de liberdade: o benefício é obrigatoriamente revogado (art. 86, incisos I e II, CP).
o liberado é condenado a pena que não seja privativa de liberdade: a revogação do livramento condicional é facultativa (art. 87, in fine, CP).
EXTINÇÃO DA PENA
Trata-se de sentença meramente declaratória, com eficácia retroativa à data que se encerrou o período de prova. Antes da declaração, o magistrado deve ouvir o Ministério Público (art. 67, LEP).
PROPOSIÇÕES DIVERSAS SOBRE LIVRAMENTO CONDICIONAL 
LIBERDADE CONDICIONAL INSUBSISTENTE
É aquele em que o condenado foge do estabelecimento prisional depois da concessão do benefício, mas antes da aceitação das condições (art. 137, LEP). Não há causa para revogação do livramento condicional, que deve ser considerado insubsistente.
LIBERDADE CONDICIONAL E HABEAS CORPUS
O habeas corpus não é meio adequado para discutir eventual equívoco da decisão do juízo da execução que denegou o livramento condicional, pois no bojo do remédio constitucional não se admite dilação probatória.
LIBERDADE CONDICIONAL HUMANITÁRIO
É o livramento condicional deferido ao condenado que ainda não cumpriu o montante de pena legalmente exigido, mas está acometido de enfermidade grave e incurável. Baseia-se em razões de piedade, de forma análoga aos sursis humanitário. 
Não pode ser permitido por ausência de previsão legal, embora existam entendimentos contrários.
LIVRAMENTO CONDICIONAL PARA ESTRANGEIROS QUE ESTEJAM NO BRASIL 
EM CARÁTER TEMPORÁRIO
É controversa a possibilidade de estrangeiro obter livramento condicional, existindo duas posições sobre o assunto. 
A primeira, majoritária, é no sentido de não ser possível a concessão do livramento condicional ao estrangeiro. Isso decorre do fato de o estrangeiro não ter visto de permanência e endereço fixo no Brasil. Ademais, em liberdade, por ser apenas visitante, o estrangeiro não teria como cumprir as condições do livramento, já que é vedado ao estrangeiro a permanência irregular e o exercício de atividade remunerada. Por isso, deve cumprir toda a sua pena, para depois ser expulso do território brasileiro. Se não possui aptidão para prover a sua própria sobrevivência com trabalho honesto, não preenche um dos requisitos subjetivos para o livramento condicional. A única forma de romper essa barreira será o estrangeiro provar ter visto permanente no Brasil, endereço fixo e demonstrar, por certidão, não ter sido expulso.
 A segunda, minoritária, entende ser possível a concessão do livramento condicional ao estrangeiro, com fundamento no art. 5º, caput, da CF, que proíbe distinções entre brasileiros, nato ou naturalizado e estrangeiros.

Continue navegando