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Prévia do material em texto

GUIA DO ALUNO
Volume 1
Língua Portuguesa
3ª série do Ensino Médio
Entre Jovens 3ª série do Ensino Médio: guia do aluno língua portuguesa.
– São Paulo: Instituto Unibanco/CAEd, 2013.
148 p.; Vol I
Coordenação do material
Juliana Irani do Amaral
Pesquisa e conteúdo
CAEd – Centro de Políticas Públicas e Avaliação 
da Educação
Consultoria responsável
CAEd – Centro de Políticas Públicas e Avaliação 
da Educação
Agradecimentos especiais
Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, 
Secretarias de Estado de Educação do Rio de Janeiro, 
São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais e escolas 
parceiras que contribuíram para a testagem e validação 
da Metodologia Entre Jovens.
Realização
Instituto Unibanco
Presidência
Pedro Moreira Salles
Vice-Presidência
Pedro Sampaio Malan
Conselho
Antonio Matias
Cláudio de Moura Castro
Cláudio Luiz da Silva Haddad
Marcos de Barros Lisboa
Ricardo Paes de Barros
Tomas Tomislav Antonin Zinner
Thomaz Souto Corrêa Netto
Wanda Engel
Diretoria Executiva
Fernando Marsella Chacon Ruiz
Gabriel Amado de Moura
Jânio Gomes
José Castro Araujo Rudge
Leila Cristiane B. B. de Melo
Luis Antônio Rodrigues
Marcelo Luis Orticelli
Superintendência Executiva
Ricardo Henriques
Gerência de Implementação de Projetos
Tiago Borba
Gerência de Desenvolvimento e Conteúdo
Marta Grosbaum
Gerência de Gestão do Conhecimento
Camila Iwasaki
Gerência de Administração e Finanças
Fábio Santiago
Gerência de Escritório de Projetos
José Carlos R. de Andrade
Assessoria de Assuntos Estratégicos
Christina Fontainha
Assessoria de Comunicação
Marina Rosenfeld
Assessoria de Voluntariado
Fabiana Mussato
SUMÁRIO
Apresentação
OFICINA 1
O TEXTO ARGUMENTATIVO: um diálogo sobre o valor do conhecimento 
e da leitura
OFICINA 2
O TEXTO ARGUMENTATIVO: analisando a estrutura de argumentações
OFICINA 3
A NARRATIVA LITERÁRIA: contos brasileiros
OFICINA 4
A NARRATIVA LITERÁRIA: o conto contemporâneo
OFICINA 5
LENDO POEMAS E FALANDO DE POESIA
OFICINA 6
A POESIA MODERNISTA
OFICINA 7
O TEXTO EXPOSITIVO: divulgando a ciência
OFICINA 8
A CRÔNICA: um olhar sobre o cotidiano
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APRESENTAÇÃO
Aos jovens alunos do “Entre Jovens”
É com prazer que entregamos a você este material de tutoria de Língua Portuguesa do Projeto 
“Entre Jovens”. Queremos convidá-lo a participar de oficinas, nas quais a atividade mais importante 
é a leitura. Nessas oficinas, vamos trabalhar com textos variados, investindo em sua formação 
como leitor e usuário da língua. Procuramos selecionar textos pensando também em temas que 
sejam de seu interesse. Desse modo, você poderá descobrir que a leitura é uma atividade que 
nos permite construir um diálogo sobre questões importantes da vida, da nossa comunidade, do 
mundo. A leitura garante que estejamos informados e nos dá acesso ao conhecimento. Saber ler 
nos torna mais capazes de construir nossa autonomia e nossa cidadania. 
A leitura é também a melhor forma de exercitar e estudar nossa língua e nossa literatura. 
Aqui, você encontrará os mais diversos tipos de texto: textos de opinião, contos, notícias, 
propagandas, crônicas, poemas etc. Lendo esses textos, você terá a oportunidade de aprender 
sobre como usamos a linguagem e seus recursos para produzir textos com diferentes objetivos 
e de diferentes gêneros. Lendo, você aprenderá sobre nossa Literatura, conhecerá autores 
importantes de nossa tradição, escritores que tornam nosso país conhecido no mundo inteiro. 
Lendo, você irá conhecer autores contemporâneos, que nos convidam a pensar sobre problemas 
da sociedade brasileira. Lendo, você poderá também divertir-se. Lendo e refletindo sobre como 
se organizam os textos, você poderá, ainda, aperfeiçoar-se como escritor. 
Por que nossas atividades de tutoria foram chamadas de “oficinas”? Uma oficina é um lugar de 
trabalho, de “produção”. Nesses encontros, você deverá atuar e produzir seu conhecimento com 
a ajuda e orientação dos jovens tutores que o acompanharão. Por isso, é importante que você:
•	 leia com atenção os textos propostos;
•	 faça as atividades de leitura, pois através delas você estará 
desenvolvendo habilidades de leitura e de linguagem;
•	 considere com atenção as dúvidas que surgirem, pois elas são 
muito importantes para o seu aprendizado;
•	 participe das discussões das oficinas, expondo suas dúvidas e 
emitindo sua opinião;
•	 releia/refaça as atividades de leitura em casa, caso seja necessário;
•	 faça todas as atividades de escrita propostas, encaminhe suas 
dúvidas ao tutor e peça sua orientação.
Ao prepararmos esse material, nossa maior preocupação foi com a sua formação como leitor. 
Temos certeza de que seu empenho nessa tarefa garantirá a você segurança para enfrentar os 
desafios que se colocam nessa etapa de sua vida estudantil, como os concursos vestibulares e 
a participação no ENEM. 
Bom trabalho! Bons estudos!
O TEXTO ARGUMENTATIVO
um diálogo sobre o valor do conhecimento e 
da leitura
OFICINA 1
Begma Tavares Barbosa
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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA
O texto que você vai ler conta a história de dois brasileiros: pai e filho. Vale a pena conhecer essas 
histórias, que falam de “superação”. Leia atentamente o texto, observe as pistas que indicam 
onde foi publicado e quem é seu autor. Sinalize nele os trechos que chamarem a sua atenção 
ou as dúvidas que surgirem. Depois de lê-lo, você vai conversar sobre ele com seu grupo.
TEXTO I
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Ensinando a voar
Repetia, como se fosse mantra: “o gosto pelo conhecimento é a melhor herança 
que posso deixar”
O CEARENSE Expedito Resende, 66, conseguiu atrair a atenção mundial ao inventar um combustível para avião 
feito à base de óleo de babaçu, atualmente em 
testes avançados nos laboratórios da Boeing, 
acompanhados pela Nasa, a agência espacial dos 
Estados Unidos. Mudar o jeito como os aviões 
voam, usando o chamado “bioquerosene”, não 
seria sua mais importante descoberta. 
Professor de engenharia química da 
Universidade Federal do Ceará, Expedito criou, 
nos anos 70, o biodiesel. Usando plantas 
comuns no Nordeste, viu que o combustível 
servia, sem nenhum problema, nos motores 
como substituto do petróleo. Mas, na época, 
não havia tanta consciência ecológica, o preço 
do petróleo ainda não estava nas alturas 
e não se sabia como dar escala comercial à 
sua invenção. Em 1991, alemães e austríacos 
resolveram usar a descoberta para produzir 
energia limpa. 
Nos últimos tempos, Expedito vem 
ganhando prêmios internacionais e ajudando 
a implantar centenas de usinas de biodiesel. 
Isso significa a perspectiva de criação de 
empregos, especialmente no Nordeste, e de 
um recurso contra o aquecimento global. 
Por trás dessa tecnologia há uma história 
não menos interessante sobre quem ajudou a 
inventar esse inventor. Chama-se José Parente, 
pai de Expedito – é uma criação muito mais 
do que biológica. 

José Parente tinha 12 anos quando 
deixou um povoado nas proximidades de 
Sobral (CE), onde vivia, e mudou-se para 
Fortaleza. Era o caçula entre seus 28 irmãos, 
sustentados pelo pai agricultor. Fez o trajeto 
a pé, sozinho, alimentando-se com o que 
encontrava no caminho. Tinha dois projetos: 
obter um emprego e entrar numa escola.
Matriculou-se para o período noturno 
de uma escola, mas, com o excesso de 
trabalho, acabou desistindo. Tentou por várias 
maneiras continuar estudando. Pediu ajuda a 
seu patrão e ouviu a seguinte frase: “Menino 
pobre não precisa de escola”.
Praticando, José Parente aprendeu 
as artes do comércio. Adulto, tornou-se 
empresário, casou, teve nove filhos, todos 
entraram na faculdade. Repetia algumas 
frases como se fossemmantras: “o gosto pelo 
conhecimento é a melhor herança que posso 
deixar” ou “a maior riqueza está dentro da 
cabeça”.

Nas conversas familiares, sempre 
vinham as histórias do menino de 12 anos, 
caminhando sozinho pelas estradas de terra, 
a frustração pela impossibilidade de estudar 
compensada pelas habilidades autodidatas. Já 
empresário próspero (depois teve um banco), 
José Parente tratou de ajudar aquela escola 
em que tentou, mas não conseguir estudar.
Expedito cresceu ouvindo esses casos. 
“Ficou arraigada em todos nós aquela 
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reverência pelo saber”, conta Expedito. Essa 
reverência estava por trás de sua decisão de 
sair de casa para estudar, como tinha feito seu 
pai. “Só que, desta vez, sem desconforto”, 
diz ele. Mudou-se para o Rio, onde se formou 
em engenharia química e, depois, aprimorou-
se nos Estados Unidos e na Europa. Voltou 
para o Ceará, fascinado pelo encanto dos 
experimentos químicos. Uma de suas criações 
foi a “vaca mecânica” para a produção de leite 
de soja, disseminada em centenas de cidades 
brasileiras.

Testou motores com álcool, mas 
preferiu investigar melhor o poder de plantas 
como o babaçu. Em 1984, um Bandeirante, 
da Embraer, voou de São José dos Campos até 
Brasília, movido a bioquerosene, desenvolvido 
por Expedito – apesar do sucesso do voo, o 
projeto foi arquivado pelos militares.
Foram necessários mais 20 anos para 
que levassem a sério sua experiência, agora 
em apreciação pelos americanos – certamente 
seria impossível se o inventor não tivesse com 
um de seus professores um menino de 12 
anos, andando a pé pelo interior do Nordeste, 
com o sonho de aprender.

PS – O caso de José Parente mostra os 
caminhos para se evitar a marginalidade, 
gerando inventores e não criminosos – 
envolvimento familiar na vida dos filhos, 
culto ao empreendedorismo e reverência 
ao aprendizado. Nosso problema não é de 
maioridade penal, mas a de menoridade dos 
adultos.
FOLHA DE SÃO PAULO, 25 fev 2007. Cotidiano.
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Vamos ler agora um outro texto argumentativo. Observe sempre, antes de iniciar sua 
leitura, as várias informações que acompanham o texto: quem o escreveu, onde e quando 
foi publicado. Preste atenção também naquilo que está em destaque: título, frases, imagens. 
Isso pode tornar sua leitura mais eficiente. 
TEXTO II
Lya Luft
Alegres e ignorantes
“Estar informado e atento é o melhor jeito de ajudar a construir
a sociedade que queremos, ainda que sem ações espetaculares”.
Ilustração Atômica Studio
Há fases em que, inquieta, eu talvez aponte mais o lado preocupante da vida. Mas jamais 
esqueço a importância do bom humor, que na verdade me caracteriza no cotidiano, mais do 
que a melancolia. Meu amado amigo Erico Verissimo certa vez me disse: “Há momentos em 
que o humor é até mais importante do que o amor”. Eu era muito jovem, na hora não entendi 
direito, mas a vida me ensinou: nem o amor resiste à eterna insatisfação, à tromba assumida, 
às reclamações constantes, à insatisfação sem tréguas. Bom humor zero. Desperdício de vida: 
acredito que, junto com dinheiro, sexo e amor, é a alegria que move o mundo para o lado 
positivo. Ódio, indignação fácil, rancores e inveja – e nossa natureza predadora – promovem 
mediocridade e atos cruéis.
Quando, seja na vida pessoal, seja como cidadãos ou habitantes deste planeta, a descrença 
e o desalento rosnam como animais no escuro no meio do mato, uma faísca de bom humor 
clareia a paisagem. Mas há coisas que nem todo o bom humor do mundo resolveria num riso 
forçado. Como senti ao ler, numa dessas pesquisas entre esclarecedoras e assustadoras (quando 
vêm de fonte confiável), que mais de 30% da nossa chamada elite é de uma desinformação 
avassaladora. Aqui o termo “elite” não tem a ver com aristocracia, roupa de grife, apartamento 
em Paris ou décima recostura do rosto, mas com a gente pensante. A que usa a cabeça para 
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algo além de separar orelhas. Pois, segundo a pesquisa, entre nós a imensa maioria dos ditos 
pensantes não consegue dizer o nome de um só ministro desta nossa República. Senadores, 
nem falar.
A turma que completa o 2º grau, que faz faculdade, que tem salário razoável, conta no banco, 
deveria ser a informada. Essa que não precisa comprar carro em noventa meses e deixar de 
pagar depois de quatro. A elite que consegue viajar conhece até algo do mundo, e poderia 
ter uma pequena biblioteca em casa. Em geral, não tem. Com sorte, lê jornal, assiste a boas 
entrevistas e noticiosos daqui e de fora, enfim, é gente do seu tempo. Para isso não se precisa 
de muita grana, acreditem. Mesmo assim, essa elite é pouco interessada numa realidade que 
afinal é dela.
Resolvi testar a mim mesma: nomes de ministros atuais desta nossa República. Cheguei a meia 
dúzia. São quase quarenta. Então começo a bater no peito, em público, aliás. Num país onde 
mais da metade dos habitantes são analfabetos, pois os que assinam o nome não conseguem 
ler o que estão assinando, ou vivem como analfabetos, pois não leem nem o jornal largado 
na praça, os que sabem ler deveriam ser duplamente ativos, informados e participantes. Não 
somos. Nossos meninos raramente sabem o título de seus livros escolares ou o nome dos 
professores (sabem o dos jogadores de futebol, dos cantores de bandas, das atrizezinhas 
semieróticas). Agimos como se nada fora do nosso pequeno círculo pessoal nos atingisse.
Além das desgraças longe e perto, vindas da natureza ou do homem, estamos num ano 
eleitoral. Inaugurado o circo de manobras, mentiras e traições escrachadas ou subliminares 
que conhecemos. Precisamos de claridade nas ideias, coragem nos desafios, informação e 
vontade, e do alimento dos afetos bons. Num livro interessante (não importa o assunto) alguém 
verbaliza velhas coisas que a gente só adivinhava; um filme pode nos lembrar a generosidade 
humana; uma conversa pode nos tirar escamas dos olhos. Estar informado e atento é o melhor 
jeito de ajudar a construir a sociedade que queremos, ainda que sem ações espetaculares. Mas, 
se somos desinformados, somos vulneráveis; se continuarmos alienados, bancaremos os tolos; 
sendo fúteis, cavamos a própria cova; alegremente ignorantes, podemos estar assinando nossa 
sentença de atraso, vestindo a mordaça, assumindo a camisa de força que, informados, não 
aceitaríamos.
Alegria, espírito aberto, curiosidade, coisas boas desta vida, todos as merecemos. Mas me 
poupem do risinho tolo da burrice ou da desinformação: o vazio por trás dele não promete 
nada de bom.
Lya Luft é escritora
VEJA, 3 Março, 2010.
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ATIVIDADES DE LEITURA 
O texto que você leu é um texto de opinião, uma ARGUMENTAÇÃO. Antes de iniciar as 
atividades de leitura, considere, atentamente, o quadro abaixo: 
O componente mais importante de uma argumentação é a sua TESE. A tese de 
um texto argumentativo é o ponto de vista ou posicionamento assumido pelo 
autor a respeito do tema em discussão. 
1. No texto “Alegres e ignorantes”, Lya Luft posiciona-se a respeito de vários temas. 
Grife no texto as teses ou pontos de vista da autora: 
1.1 Sobre o humor. 
1.2. Sobre a “elite pensante” brasileira.
1.3. Sobre a importância de nos mantermos informados:
2. Leia com atenção: 
Textos escritos para defender uma opinião sobre determinado tema são textos 
argumentativos. Uma boa argumentação deve utilizar argumentos que 
confirmem suas teses. 
Que argumentos a autora utiliza para cada uma das opiniões defendidas? Grife 
esses argumentos no texto: 
2.1. “(...) Os que sabem ler deveriamser duplamente ativos, informados e 
participantes. Não somos.”
2.2. “Estar informado e atento é o melhor jeito de ajudar a construir a sociedade 
que queremos, ainda que sem ações espetaculares”
3. Os títulos dos textos são uma pista muito importante sobre o seu conteúdo, 
e costumam indicar o seu tema central. Comente o título do texto: “Alegres e 
ignorantes”. 
4. Quem são os alegres e ignorantes de que fala a autora?
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5. Por que a autora afirma que “os que sabem ler deveriam ser duplamente ativos, 
informados e participantes.”?
6. Qual seria o objetivo principal do texto?
7. Considere a ilustração que acompanha o texto. Como você a interpreta?
8. Releia:
“Mas, se somos desinformados, somos vulneráveis; se continuarmos alienados, 
bancaremos os tolos; sendo fúteis, cavamos a própria cova; alegremente 
ignorantes, podemos estar assinando nossa sentença de atraso, vestindo a 
mordaça, assumindo a camisa de força que, informados, não aceitaríamos”.
8.1. Explique a afirmação: “se somos desinformados, somos vulneráveis”. Considere 
o verbete abaixo para construir sua resposta.
vulnerável 
[Do lat. vulnerabile.] 
Adjetivo de dois gêneros. 
1.Que pode ser vulnerado: 
“Perdidos e sós no grande descampado, sentem-se desamparados e 
vulneráveis como crianças.” (Miguel Torga, Portugal, pp. 114-115.) 
2.Diz-se do lado fraco de um assunto ou de uma questão, ou do ponto pelo 
qual alguém pode ser atacado ou ferido. [Pl.: vulneráveis. Cf. vulneráveis, do v. 
vulnerar.]
Dicionário Aurélio versão digital
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8.2. Explique também: “se continuarmos alienados, bancaremos os tolos”. 
Considere o verbete abaixo para construir sua resposta.
alienar 
[Do lat. alienare.] 
Verbo transitivo direto. 
1.Transferir para outrem o domínio de; tornar alheio; alhear: 
O testamento proibia alienar os bens herdados. 
2.Desviar, afastar; alhear. 
3.Indispor, malquistar: 
Evita alienar o ânimo do velho amigo. 
4.Alucinar, perturbar; alhear: 
O grande desgosto alienou-lhe o juízo. 
Verbo transitivo direto e indireto. 
5.Desviar, apartar: 
Alienou de mim a boa vontade que o ministro demonstrara. 
Verbo pronominal. 
6.Afastar-se, distanciar-se. 
7.Tornar-se alienado; manter-se alheio aos acontecimentos. 
Dicionário Aurélio versão digital
8.3. No fragmento de texto em destaque na questão 8, grifamos algumas 
expressões metafóricas que a autora utiliza para argumentar sobre a importância 
de sermos informados. Explique o significado dessas expressões.
Leia agora o último texto desta oficina. Observe que ele foi escrito pelo mesmo autor do texto 
I e publicado também no jornal Folha de São Paulo. Gilberto Dimenstein costuma discutir, em 
sua coluna, temas relativos ao conhecimento, à juventude e à educação.
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COMEÇA NA PRÓXIMA segunda-feira, em 
São Paulo, o festival internacional de filmes 
com apenas um minuto de duração, reunindo 
80 países – esse tipo de mostra ocorre 
anualmente em 40 nações, circula em escala 
planetária e atrai o patrocínio de empresas 
multinacionais. Pouca gente sabe que esse 
festival é uma invenção brasileira e ninguém 
imagina que seu inventor era visto, por 
muito tempo, como um fracasso, um caso 
irrecuperável. 
Marcelo Masagão estava desempregado, em 
1991, quando conseguiu passar filmes de um 
minuto num teatro da PUC, em SP; no ano 
seguinte, iria para o MIS (Museu da Imagem e 
do Som). Um italiano viu aquela experiência e 
a levou para a Europa, de onde se disseminou. 
Como era excessivamente bagunceiro, foi 
expulso – ou, como se diz, convidado a se retirar 
– das escolas em que estudou. “Nunca tive uma 
turma de formatura”, lembra. Não conseguiu 
ficar nem mesmo no Colégio Equipe, uma ilha 
de liberalidade paulistana. Na faculdade, cursou 
psicologia, mas, após 
sete anos, não tinha 
completado 40% dos 
créditos. 
Só resolveu mesmo 
se esforçar na oitava 
série porque seu pai 
o chamou de “burro 
e vagabundo”. Tirou 
notas altas, a maioria 
dez, nas matérias. 
Mas no final se 
desentendeu com um 
professor e, mais uma 
vez, recebeu o convite 
para se retirar.
Como ele conseguiu 
montar um projeto bem-sucedido? A resposta 
possivelmente está nos estudos sobre as 
diversas formas de inteligência desenvolvidos 
em Harvard – é uma das questões essenciais 
para os alunos que, nesta semana, voltam 
para seus colégios e universidades. 

Disseminador da ideia de que existem 
inteligências múltiplas (a escola só focaria 
numa delas), o psicólogo Howard Gardner 
afirma que um dos atributos fundamentais 
para prosperar profissionalmente é a “mente 
sintetizadora”. Com o excesso atordoante 
de informação, graças em boa parte à 
abundância de fontes na internet, passa a 
valer mais quem sabe extrair o que é essencial 
– ou seja, quem sabe selecionar e apontar um 
caminho. 
O primeiro filme de Masagão era um esforço 
de resumir e encadear em 70 minutos toda 
a história do século 20 – e sem nenhuma 
fala, apenas com imagens. Depois de tanto 
tempo de dispersão, acabou encontrando a 
TEXTO III
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Mentes do futuro
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síntese de seu futuro na busca de gente que 
procura uma síntese em apenas um minuto, 
transformada também num projeto de 
internet, e não apenas nos festivais. 
Agora, ele criou a modalidade de obra em dez 
segundos, batizada de “nanofilme”. 

Em meio ao turbilhão de dados fragmentados 
e desconexos, a habilidade da seleção será 
cada vez mais demandada – o que vai abater 
parte do encanto da produção coletiva de 
conhecimento (o jornalismo colaborativo, 
por exemplo), na 
qual muitos sentem 
autoridade para falar 
de qualquer assunto. 
Afinal, a síntese 
depende de um longo 
processo de avaliação 
do que é essencial. 
Mais uma vez, o Festival do Minuto serve como 
exemplo. Tecnicamente, qualquer um hoje 
pode se sentir um cineasta. Basta um celular. 
São enviados para lá milhares de filmes, sem 
qualquer esforço de produção. O ex-vice-
presidente dos Estados Unidos, Al Gore, 
tentou fazer uma emissora de TV, via internet, 
para a qual qualquer um pudesse mandar 
sua matéria. Viram-se obrigados a mudar 
o formato. Um claro sinal dessa tendência 
apareceu no projeto “Círculo de Leitores”, 
desenvolvido pela Folha, em que, durante 
oito meses, o jornal ouviu seus assinantes 
em São Paulo, Rio e Brasília. Eles querem 
uma publicação com os seguintes atributos: 
analítico, sintético, prático e interpretativo. 
Em síntese: querem ter ajuda para selecionar 
o que importa para suas vidas. 

É fácil entender as razões dessa demanda; 
difícil é enfrentá-las. Como reduzir tantas 
coisas, muitas delas complexas, em tão 
poucos minutos de leitura diária? Como 
captar a atenção de um público cada vez 
mais hiperativo? Não é um problema, óbvio, 
apenas dos meios de comunicação. É um 
Em meio ao turbilhão de 
dados fragmentados e 
desconexos, a habilidade 
da seleção será cada vez 
mais demandada
desafio que envolve toda a rede de produção 
e disseminação do conhecimento. 
Em geral, as crianças e os jovens não são 
treinados, nas escolas, a selecionar, mas a 
acumular informações de diferentes matérias, 
sem muita conexão com a realidade, 
avaliadas em provas – e depois, rapidamente, 
esquecidas. Os estudantes voltam, nesta 
semana, às aulas e vão encontrar um sistema 
curricular que, na maioria dos casos, está 
fracassado, determinado não por pedagogos, 
mas pelo mercado de trabalho. Está aí uma 
das razões por que foi muito mais fácil paraMarcelo Masagão fazer 
sucesso na vida do que 
na escola. Só não sabia 
que iria virar uma espécie 
de professor na arte de 
sintetizar. 

PS – Coloquei em meu site (www.dimenstein.
com.br) um texto para quem quiser conhecer 
melhor as ideias de Howard Gardner, 
professor da escola de Educação em Harvard. 
Também coloquei uma seleção dos filmes de 
um minuto que serão exibidos, nesta semana, 
no festival em São Paulo. 
gdimen@uol.com.br
FOLHA DE SÃO PAULO, 3 março 2009. Cotidiano.
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ATIVIDADES DE LEITURA
1. Explique o título do texto.
2. O texto de Gilberto Dimenstein é um texto argumentativo. Explique por quê.
3. A frase em destaque pode ser considerada a tese principal do texto de Gilberto 
Dimenstein. Releia:
“Em meio ao turbilhão de dados fragmentados e desconexos, a habilidade de 
seleção será cada vez mais demandada.”
3.1. Como você compreende essa afirmação?
3.2. Relacione a imagem que acompanha o texto à tese em destaque acima.
3.3. Que argumentos são utilizados, no texto, para sustentar a tese do autor?
4. Observe a diagramação do texto: ele está dividido em partes. Procure explicar 
essa divisão.
5. Além da tese principal do texto, o autor apresenta também sua opinião 
sobre como a escola lida com a habilidade de selecionar e sintetizar a 
informação. 
5.1. Identifique no texto o posicionamento do autor a respeito desse assunto.
5.2. Que argumento o autor usa para confirmá-la?
5.3. Você concorda com esse posicionamento? Justifique sua resposta.
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VAMOS ESCREVER
Depois de ler textos que falam sobre o valor do conhecimento, da informação e da leitura, 
escreva um texto curto sobre o tema “Juventude e Conhecimento”. As perguntas abaixo devem 
ajudar você a escrever seu texto, que deve apresentar seu ponto de vista e a sustentação 
desse ponto de vista. 
Pense, então, nessas questões:
O jovem tem interesse pelo conhecimento? Onde ele o busca? Ele valoriza o conhecimento 
escolar? A escola contribui para que o jovem aprenda a valorizar o conhecimento? O que 
motiva o jovem a querer aprender algo? O que poderia ser feito na escola para que o jovem se 
sentisse motivado a aprender?
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O TEXTO ARGUMENTATIVO
analisando a estrutura de argumentações
OFICINA 2
Begma Tavares Barbosa
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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA
As tecnologias criadas pelo homem têm um poder enorme nos tempos modernos. O homem 
quer inventar máquinas cada vez mais “inteligentes”. O editorial abaixo discute essa questão. 
Leia-o atentamente. Antes, porém, saiba o que é um EDITORIAL.
EDITORIAL 
[Do ingl. editorial.] 
Adjetivo de dois gêneros. 
1.Relativo a editor ou editora. ~ V. encadernação —, matéria — e produção —. 
Substantivo masculino. 
2.Jorn. Artigo que exprime a opinião do órgão, em geral escrito pelo redator-
chefe, e publicado com destaque; artigo de fundo. 
Substantivo feminino. 
3.Lus. Casa editora (q. v.).
DICIONÁRIO DIGITAL AURÉLIO
TEXTO I
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Poderá um dia a máquina pensar melhor e de forma mais inteligente que um ser humano? 
Qualquer resposta definitiva para esta questão parece precipitada, mas os cientistas estão de 
fato empenhados na busca de um computador capaz de pensar e evoluir mais do que um ser 
humano. 
Para alguns, trata-se de uma tarefa impossível. A máquina jamais poderá superar seu 
criador. Estes aplaudem estrondosamente a recente vitória do enxadrista Garry Gasparov 
contra o computador Deep Blue, uma máquina inteligente construída pela IBM, a um custo de 
US$ 2,5 milhões, com o propósito único de jogar xadrez. O Deep Blue é capaz de analisar 200 
milhões de lances por segundo; Gasparov, um ou dois.
Para outros, desenvolver as máquinas mais inteligentes que o homem é apenas uma 
questão de tempo. O cérebro humano não seria ele próprio mais do que uma máquina 
biológica, cujo mecanismo carbônico poderia ser transposto para o silício.
A primeira posição parece um pouco ingênua e é certamente alimentada por uma visão 
catastrofista do criador que perde o controle sobre a criatura, como o Frankenstein de Mary 
Shellley...
É igualmente precipitado afirmar que, algum dia, a humanidadeestará construindo 
androides mais inteligentes que o homem. Nesse domínio, o bom senso recomenda que não 
se negue “a priori” o conceito de inteligência (ele próprio tão fluido) a computadores, nem que 
se considere a existência de androides hiperinteligentes como algo inelutável. 
A discussão toda, no fundo, é muito antiga. Trata-se de saber se o homem é uma 
máquina biológica cuja inteligência seria o produto de estímulos eletroquímicos ou se existe 
um algo mais que os velhos filósofos gregos batizaram de alma.
(Editorial da Folha de São Paulo – 24-03-96)
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ATIVIDADES DE LEITURA
1. Que tema o texto discute?
2. O texto começa com uma pergunta. Qual seria a função dessa pergunta?
3. Releia atentamente o segundo e terceiro parágrafos. 
O texto expõe aí uma polêmica, ou seja, diferentes posicionamentos a 
respeito do tema em discussão. Esses posicionamentos não correspondem à 
opinião defendida pelo editorial. Vamos, então, chamá-los de HIPÓTESES. À 
opinião defendida pelo editorial chamaremos TESE.
3.1. Grife, no segundo e terceiro parágrafos, as hipóteses defendidas por outros 
argumentadores.
3.2. Cada uma dessas hipóteses é sustentada por argumentos. Grife no texto 
esses argumentos.
4. Releia agora o quarto e o quinto parágrafos do texto. Depois de apresentar 
dois diferentes posicionamentos a respeito do tema em discussão, apresenta-se a 
tese do editorial.
4.1. Que posicionamento é assumido pelo jornal?
4.2. Ao posicionar-se no debate, o autor contesta as opiniões de outros 
argumentadores. Preencha o quadro abaixo, considerando sua resposta à questão 
3 e 4:
HIPÓTESES DE 
OUTROS
ARGUMENTO PARA AS 
HIPÓTESE 1 E 2 
CONTRA 
ARGUMENTAÇÃO DO
EDITORIAL 
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4.3. No último parágrafo, o autor conclui o seu texto. Como ele o faz?
5. Observe agora como o autor organiza os parágrafos de seu texto. Preencha o 
quadro abaixo indicando os tópicos de cada parágrafo.
PARÁGRAFOS TÓPICOS
1.
2.
3.
4.
5.
6.
6. O texto lido apresenta marcadores que sinalizam o que será apresentado em 
cada parágrafo. Ao mesmo tempo, essas sinalizações articulam os parágrafos do 
texto, garantindo a coesão textual. Observe a expressão em negrito na frase em 
destaque. Ela indica que o autor irá apresentar, nesse parágrafo, uma hipótese, 
a opinião de um grupo de pessoas.
Para alguns, trata-se de uma tarefa impossível. A máquina jamais poderá superar 
seu criador.
Grife, no texto, outros marcadores discursivos que fazem a coesão textual, 
articulando os parágrafos do texto. Explique a sua função.
7. Textos que discutem temas polêmicos costumam apresentar posicionamentos 
bastante ponderados, ou seja, seus autores evitam apresentar, de forma radical, 
suas opiniões. Que recursos, nas frases abaixo, demonstram que os argumentadores 
são ponderados ao apresentar suas opiniões? 
Vamos ler agora um outro texto argumentativo sobre o mesmo tema: a relação do homem com 
a tecnologia. As atividades de leitura do texto ajudarão você a consolidar os conhecimentos 
sobre o texto argumentativo. Ao mesmo tempo, você terá oportunidade de refletir sobre um 
tema interessante. 
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TEXTO II
+ M a r c e l o G l e i s e r
40 anos de internet 
Será que a 
tecnologia está 
redefinindo quem 
somos?
Faz 40 anos que os computadores de Leonard 
Kleinrock, da Universidade da Califórnia em 
Los Angeles, e de Douglas Engelbart, do 
Instituto de Pesquisas na Universidade de 
Stanford, foram conectados por uma “linha 
especial” da Arpanet, um sistema de apenas 
quatro computadores 
que faziam parte de um 
projeto do Departamento 
de Defesa dos EUA.
Com o passar dos anos, 
o sistema exclusivo de 
tráfego de informação 
evoluiu, saiu dos laboratórios de cientistas 
para o público e hoje é conhecido como 
internet.
Não há dúvida de que a internet está 
transformando o mundo, de que vivemos 
em meio a uma revolução. A questão, ou 
uma delas, é que tipo de revolução é essa: 
será que a internet pode ser comparada, por 
exemplo, ao telefone ou ao carro, ou mesmo 
à imprensa de tipo móvel, que revolucionou 
o livro? Ou será que ela pertence a outra 
classe de tecnologia, que não só transforma 
a sociedade mas que vai além, redefinindo 
quem somos?
A questão é complicada, difícil até de ser 
formulada. O telefone e o carro transformaram 
o modo como as pessoas se comunicavam, 
iam ao trabalho, viajavam, viam o mundo. 
Como toda tecnologia que se torna de uso 
público, primeiro começaram pequenos, 
com alcance limitado: eram poucas as linhas 
telefônicas e as estradas.
Aos poucos, as coisas foram crescendo 
e, em meados do século 20, telefones e 
estradas estavam pelo mundo todo. Uma 
diferença bem importante é que a internet, 
por ser acessível por computadores, é bem 
mais aberta aos jovens. Telefones celulares 
também; os jovens têm a sua privacidade, 
o seu espaço virtual separado do dos pais e 
irmãos. A comunicação é tão fácil e rápida 
que chega a tornar o contato direto, em carne 
e osso, desnecessário.
Talvez seja uma 
preocupação dos meus 
leitores mais velhos, que, 
como eu, nutriam as 
amizades no campo real 
e não por meio de sites 
como Facebook e Twitter, 
mas será que a internet nos fará desaprender 
como nos relacionar diretamente com outros 
seres humanos?
Deixando esse tipo de preocupação de lado, 
se olharmos para a história da civilização, 
veremos que podemos contá-la como uma 
história da tecnologia. À medida que novas 
tecnologias foram sendo desenvolvidas, 
do controle do fogo e da rotação de terra 
na agricultura até a roda, o arado e os 
transistores e semicondutores usados em 
aparelhos eletrônicos, nossa história foi, 
em grande parte, determinada pelas nossas 
máquinas. Valores e interesses mudam, e 
visões de mundo se transformam de acordo 
com nossos instrumentos.
O Homo habilis, nosso ancestral que usou 
ferramentas pela primeira vez, evoluiu rumo 
ao Homo sapiens e, agora, este se transforma 
no Homo conectus. Será que nossos avanços 
tecnológicos são, hoje, a principal mola da 
nossa evolução como espécie? Nesse caso, 
será que a tecnologia está redefinindo o que 
significa ser humano?
Descontando uma grande devastação 
biológica, como uma epidemia de proporções 
globais ou um cataclismo climático ou 
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ecológico, somos donos da nossa evolução: 
nossa transformação como espécie ocorre 
muito menos devido a mutações aleatórias e 
ao processo de seleção natural do que, por 
exemplo, devido a um maior intercâmbio 
racial, à melhor alimentação e aos avanços 
da medicina, à integração de tecnologias 
diversas com o corpo (marca-passos, órgãos 
e membros artificiais) e com a mente (drogas 
que mudam nossas emoções, implantes nos 
olhos e ouvidos, chips no cérebro).
A internet talvez represente uma nova 
fronteira, a da integração coletiva da 
humanidade a um nível sem precedentes. Se 
não no mundo real, ao menos no virtual.
______________________________________
MARCELO GLEISER é professor de física teórica no 
Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro 
“A Harmonia do Mundo”
FOLHA DE SÃO PAULO, 3 de nov 2009. MAIS!
ATIVIDADES DE LEITURA
1. Qual é o tema do texto?
2. No texto, há uma série de perguntas. Grife-as. Qual é a função dessas 
perguntas?
3. Considere a opinião do autor a respeito do impacto da tecnologia na vida 
humana: 
“Valores e interesses mudam, e visões de mundo se transformam de acordo com 
nossos instrumentos.”
Encontre, no texto, um argumentoque sustenta essa opinião.
4. No texto o autor discute também a relação do jovem com a internet.
4.1. Que opinião ele defende a esse respeito? 
4.2. Ao discutir o tema Juventude e Internet, o autor apresenta um novo 
“problema”. Qual? 
5. Releia: 
“Será que nossos avanços tecnológicos são, hoje, a principal mola da nossa 
evolução como espécie? Nesse caso, será que a tecnologia está redefinindo o 
que significa ser humano?”
Observe que, no final do 7º parágrafo, o autor retoma a pergunta já colocada no 
final do 3º parágrafo. 
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5.1. Levante hipóteses sobre por que isso acontece.
5.2. Ele responde a essa pergunta? 
TEXTO III
Dando continuidade às nossas discussões a respeito da relação do homem com a tecnologia, 
propomos a leitura do texto publicitário abaixo. Considere, ao ler esse texto, as várias pistas 
textuais: imagem, texto verbal, destaques. 
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ATIVIDADES DE LEITURA
1. Qual seria o objetivo do texto?
2. O texto publicitário é um tipo de texto argumentativo, pois apresenta 
argumentos para convencer seus leitores a comprar um produto ou mesmo uma 
“ideia”. Qual é o argumento do texto publicitário que você leu? 
VAMOS ESCREVER
Escreva um texto argumentativo sobre o tema “Juventude e Tecnologia”. Pense nas questões 
colocadas pelo autor e em outras, como: como o jovem se relaciona com a tecnologia? Você 
concorda com a afirmação de que o jovem é muito dependente dela? Que aspectos positivos 
você apontaria na internet como tecnologia para juventude? Que aspectos negativos apontaria? 
Que outra tecnologia, além da internet, o jovem valoriza? Por quê? Etc.
Esquema I: O jovem e a internet
Parágrafo 1 – Introdução – O interesse crescente do jovem pela internet.
Parágrafo 2 – Aspectos positivos dessa tecnologia.
Parágrafo 3 – Aspectos negativos dessa tecnologia.
Parágrafo 4 – Como os jovens podem fazer bom uso da tecnologia?
Esquema II: Tecnologias preferidas pelo jovem
Parágrafo 1 – Quais são: internet, celular, Ipod...?
Parágrafo 2 – Por que essas tecnologias atraem os jovens? 
Parágrafo 3 – Os jovens fazem bom uso da tecnologia? Como poderiam fazê-lo?
Esquema III: Juventude e inclusão digital
Parágrafo 1 – A importância da tecnologia da internet como meio de informação e conhecimento.
Parágrafo 2 – Muitos jovens não têm acesso ou ainda não conhecem as possibilidades da 
internet como tecnologia da informação.
Parágrafo 3 – Como resolver o problema da exclusão digital no Brasil?
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OFICINA 3
A NARRATIVA LITERÁRIA
contos brasileiros
OFICINA 3
Begma Tavares Barbosa
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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA
O texto que você vai ler foi escrito por Machado de Assis (1839-1908), 
considerado por muitos o maior escritor da literatura brasileira. Grande 
parte da obra desse escritor se caracteriza por uma visão bastante crítica 
do ser humano, da sociedade e de suas instituições. Machado foi também 
um investigador bastante competente da alma humana. Autodidata, foi o 
fundador da Academia Brasileira de Letras. Conheça um pouco mais desse 
grande escritor que faz a literatura brasileira ser reconhecida em todo o mundo.
TEXTO I
A CARTEIRA 
Machado de Assis
…DE REPENTE, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e 
guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de 
uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:
— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.
— É verdade, concordou Honório envergonhado.
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar 
amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A 
dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as 
quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. 
Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, 
que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que 
não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se.Começou pelas contas de lojas 
e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, 
e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, 
uma voragem.
— Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C…, advogado e familiar 
da casa.
— Agora vou, mentiu o Honório.
A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos; 
por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não só 
recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo 
caso, andavam mofinas nos jornais. D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, 
bons ou maus negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse 
em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia 
uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música 
alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível 
prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e 
viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.
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— Nada, nada.
Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças 
voltavam com facilidade. A ideia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto para 
a luta. Estava com trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são 
difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou emprestado, para pagar mal, e a 
más horas.
A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. 
Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe 
punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório 
quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, 
mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembleia é que viu a carteira no 
chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.
Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, 
andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, — enfiou depois pela Rua 
da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a 
pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu 
alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; 
podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a 
causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro 
que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão 
irônica e de censura.
Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida?
Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à 
polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, 
e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, 
se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.
Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase às 
escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas 
notas de duzentos mil-réis, algumas de cinquenta e vinte; calculou uns setecentos mil réis ou 
mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas urgentes.
Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a 
dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, tornou a 
guardá-la.
Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar 
para quê? Era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório Teve 
um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um 
anjo… Honório teve pena de não crer nos anjos…
Mas por que não havia de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas 
mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou 
de ver se havia na carteira algum sinal.
“Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro,” 
pensou ele.
Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, 
que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a carteira?… 
Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais 
dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.
A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito, 
e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o castelo 
levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem reparar que 
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estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. Parece que a 
necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.
“Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer.”
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado. E a própria D. Amélia 
o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa.
— Nada.
— Nada?
— Por quê?
— Mete a mão no bolso; não te falta nada?
— Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso.
Sabes se alguém a achou?
— Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.
Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar 
foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um 
triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe 
as explicações precisas.
— Mas conheceste-a?
— Não; achei os teus bilhetes de visita.
Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar.
Então Gustavo sacou novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos 
bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e 
trêmula, rasgou-o em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor.
ATIVIDADES DE LEITURA
Agora que você já leu o conto de Machado de Assis, procure responder as questões abaixo:
1. Quem são os personagens do conto de Machado de Assis. Quem é o 
personagem protagonista? Descreva resumidamente esse personagem, 
destacando informações que são importantes para a compreensão da história.
2. Leia com atenção a informação abaixo: 
Toda narrativa se organiza em torno de um conflito. O conflito (ou complicação) 
de uma narrativa é seu elemento de tensão, capaz de prender a atenção do 
leitor. Ao ponto máximo de tensão de uma narrativa chamamos de clímax. O 
desfecho de uma narrativa corresponde à resolução de seu conflito.
Responda:
2.1. Qual é o conflito ou o elemento complicador dessa narrativa?
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2.2. Indique, no texto, o clímax da narrativa, ou seja, seu ponto máximo de tensão. 
2.3. Releia o último parágrafo do texto. Como você compreende o desfecho 
dessa história de Machado de Assis?
3. Leia atentamente:
Na maioria das vezes, as narrativas incluem trechos de “orientação”. São 
partes da narrativa que orientam o leitor indicando, por exemplo: onde e 
quando acontecem os fatos narrados,quem são e como são os personagens 
envolvidos na história. 
Grife, no texto, trechos de orientação narrativa.
4. Releia o trecho abaixo: 
“D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus 
negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse 
em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa 
dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois 
ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao 
piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou 
simplesmente falavam de política.”
Que tempo verbal predomina nesse trecho? Dê exemplos e comente o uso desse 
tempo verbal na narrativa.
5. Leia atentamente:
O NARRADOR é um elemento essencial em uma narrativa. O narrador, na maioria 
das vezes, não é o AUTOR. Podemos dizer que o narrador é uma ESTRATÉGIA 
que o autor escolheu para contar sua história. Ele é ponto de vista a partir do 
qual a história será contada.
Considerando a definição acima, que tipo de narrador observamos no conto de 
Machado de Assis?
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QUESTÕES OBJETIVAS
Resolva agora as questões objetivas abaixo:
1. O conflito da narrativa que você leu tem início em:
a) “…DE REPENTE, Honório olhou para o chão e viu uma carteira.”
b) “A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que 
advoga...”
c) “...D. Amélia tocava muito bem ao piano, e o Gustavo escutava com indizível 
prazer...”
d) “A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de 
carros...”
e) “Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida?”
2. A alternativa que contém um comentário do narrador é: 
a) “Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.”
b) “Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha...”
c) “Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria.”
d) “Durante os primeiros minutos, Honório não pensou em nada...”
e) “Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos 
mil réis...”
3. 
“A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a 
carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer 
isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a 
ir pagar a cocheira.”
A palavra “apuros”, no fragmento acima, significa:
a) sacrifícios.
b) apertos.
c) incômodos.
d) deveres.
e) amigos.
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4. 
“Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado. E a 
própria D. Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo 
se lhe faltava alguma cousa...”
O pronome grifado tem como referente:
a) D. Amélia.
b) Gustavo.
c) Honório.
d) A expressão “alguma coisa”.
e) A expressão “a casa”.
5. 
“Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. 
Esse olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta 
com a necessidade, era um triste prêmio....”
O fragmento acima permite concluir que:
a) Gustavo desconfiou de que Honório pudesse ter mexido no dinheiro.
b) Honório sentiu no olhar do amigo que ele, Gustavo, desconfiou de sua 
honestidade.
c) Honório descobriu a traição do amigo.
d) Honório não quis revelar que descobrira a traição do amigo.
e) A traição da esposa foi uma grande dor para Honório.
Vamos conhecer agora outro grande autor da literatura brasileira, muito conhecido por suas 
crônicas, publicadas em jornais de grande circulação, é também autor de romances e belos 
contos, como o que você vai ler abaixo. 
Luis Fernando Verissimo (Porto Alegre, 26 de setembro de 1936) é um 
escritor brasileiro. Mais conhecido por suas crônicas e textos de humor, 
publicados diariamente em vários jornais brasileiros, Verissimo é também 
cartunista e tradutor, além de roteirista de televisão, autor de teatro e 
romancista. É ainda músico, tendo tocado saxofone em alguns conjuntos. 
Com mais de 60 títulos publicados, é um dos mais populares escritores 
brasileiros contemporâneos. É filho do também escritor Érico Veríssimo.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Luis_Fernando_Verissimo
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TEXTO II
Conto de Verão No 2: Bandeira Branca
Luís Fernando Veríssimo
Ele: tirolês. Ela: odalisca. Eram de culturas muito diferentes, não podia dar certo. Mas 
tinham só quatro anos e se entenderam. No mundo dos quatro anos todos se entendem, 
de um jeito ou de outro. Em vez de dançarem, pularem e entrarem no cordão, resistiram a 
todos os apelos desesperados das mães e ficaram sentados no chão, fazendo um montinho 
de confete, serpentina e poeira, até serem arrastados para casa, sob ameaças de jamais serem 
levados a outro baile de Carnaval.
Encontraram-se de novo no baile infantil do clube, no ano seguinte. Ele com o mesmo 
tirolês, agora apertado nos fundilhos, ela de egípcia. Tentaram recomeçar o montinho, mas 
dessa vez as mães reagiram e os dois foram obrigados a dançar, pular e entrar no cordão, sob 
ameaça de levarem uns tapas. Passaram o tempo todo de mãos dadas.
Só no terceiro Carnaval se falaram.
— Como é teu nome?
— Janice. E o teu?
— Píndaro.
— O quê?!
— Píndaro.
— Que nome!
Ele de legionário romano, ela de índia americana.
***
Só no sétimo baile (pirata, chinesa) desvendaram o mistério de só se encontrarem no 
Carnaval e nunca se encontrarem no clube, no resto do ano. Ela morava no interior, vinha 
visitar uma tia no Carnaval, a tia é que era sócia.
— Ah.
Foi o ano em que ele preferiu ficar com a sua turma tentando encher a boca das meninas 
de confete, e ela ficou na mesa, brigando com a mãe, se recusando a brincar, o queixo enterrado 
na gola alta do vestido de imperadora. Mas quase no fim do baile, na hora do Bandeira Branca, 
ele veio e a puxou pelo braço, e os dois foram para o meio do salão, abraçados. E, quando se 
despediram, ela o beijou na face, disse “Até o Carnaval que vem” e saiu correndo.
No baile do ano em que fizeram 13 anos, pela primeira vez a fantasia dos dois combinaram. 
Toureiro e bailarina espanhola. Formavam um casal! Beijaram-se muito, quando as mães não 
estavam olhando. Até na boca. Na hora da despedida, ele pediu:
— Me dá alguma coisa.
— O quê?
— Qualquer coisa.
— O leque.
O leque da bailarina. Ela diria para a mãe que o tinha perdido no salão.
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No ano seguinte, ela não apareceu no baile. Ele ficou o tempo todo à procura, um 
havaiano desconsolado. Não sabia nem como perguntar por ela. Não conhecia a tal tia. Passara 
um ano inteiro pensando nela, às vezes tirando o leque do seu esconderijo para cheirá-lo, 
antegozando o momento de encontrá-la outra vez no baile. E ela não apareceu. Marcelão, o 
mau elemento da sua turma, tinha levado gim para misturar com o guaraná. Ele bebeu demais. 
Teve que ser carregado para casa. Acordou na sua cama sem lençol, que estava sendo lavado. 
O que acontecera?
— Você vomitou a alma — disse a mãe.
Era exatamente como se sentia. Como alguém que vomitara a alma e nunca a teria de 
volta. Nunca. Nem o leque tinha mais o cheiro dela.
Mas, no ano seguinte, ele foi ao baile dos adultos no clube — e lá estava ela! Quinze 
anos. Uma moça. Peitos, tudo. Uma fantasia indefinida.
— Sei lá. Bávara tropical — disse ela, rindo.
Estava diferente. Não era só o corpo. Menos tímida, o riso mais alto. Contou que faltara 
no ano anterior porque a avó morrera, logo no Carnaval.
— E aquela bailarina espanhola?
— Nem me fala. E o toureiro?
— Aposentado.
A fantasia dele era de nada. Camisa florida, bermuda, finalmente um brasileiro. Elaestava com um grupo. Primos, amigos dos primos. Todos vagamente bávaros. Quando ela o 
apresentou ao grupo, alguém disse “Píndaro?!” e todos caíram na risada. Ele viu que ela estava 
rindo também. Deu uma desculpa e afastou-se. Foi procurar o Marcelão. O Marcelão anunciara 
que levaria várias garrafas presas nas pernas, escondidas sob as calças da fantasia de sultão. 
O Marcelão tinha o que ele precisava para encher o buraco deixado pela alma. Quinze anos, 
pensou ele, e já estou perdendo todas as ilusões da vida, começando pelo Carnaval. Não devo 
chegar aos 30, pelo menos não inteiro. Passou todo o baile encostado numa coluna adornada, 
bebendo o guaraná clandestino do Marcelão, vendo ela passar abraçada com uma sucessão 
de primos e amigos de primos, principalmente um halterofilista, certamente burro, talvez até 
criminoso, que reduzira sua fantasia a um par de calças curtas de couro. Pensou em dizer 
alguma coisa, mas só o que lhe ocorreu dizer foi “pelo menos o meu tirolês era autêntico” e 
desistiu. Mas, quando a banda começou a tocar Bandeira Branca e ele se dirigiu para a saída, 
tonto e amargurado, sentiu que alguém o pegava pela mão, virou-se e era ela. Era ela, meu 
Deus, puxando-o para o salão. Ela enlaçando-o com os dois braços para dançarem assim, ela 
dizendo “não vale, você cresceu mais do que eu” e encostando a cabeça no seu ombro. Ela 
encostando a cabeça no seu ombro.
 ***
 
Encontraram-se de novo 15 anos depois. Aliás, neste Carnaval. Por acaso, num aeroporto. 
Ela desembarcando, a caminho do interior, para visitar a mãe. Ele embarcando para encontrar 
os filhos no Rio. Ela disse “quase não reconheci você sem fantasias”. Ele custou a reconhecê-
la. Ela estava gorda, nunca a reconheceria, muito menos de bailarina espanhola. A última 
coisa que ele lhe dissera fora “preciso te dizer uma coisa”, e ela dissera “no Carnaval que vem, 
no Carnaval que vem” e no Carnaval seguinte ela não aparecera, ela nunca mais aparecera. 
Explicou que o pai tinha sido transferido para outro estado, sabe como é, Banco do Brasil, e 
como ela não tinha o endereço dele, como não sabia nem o sobrenome dele e, mesmo, não 
teria onde tomar nota na fantasia de falsa bávara…
— O que você ia me dizer, no outro Carnaval? — perguntou ela.
— Esqueci — mentiu ele.
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Trocaram informações. Os dois casaram, mas ele já se separou. Os filhos dele moram no 
Rio, com a mãe. Ela, o marido e a filha moram em Curitiba, o marido também é do Banco do 
Brasil… E a todas essas ele pensando: digo ou não digo que aquele foi o momento mais feliz 
da minha vida, Bandeira Branca, a cabeça dela no meu ombro, e que todo o resto da minha 
vida será apenas o resto da minha vida? E ela pensando: como é mesmo o nome dele? Péricles. 
Será Péricles? Ele: digo ou não digo que não cheguei mesmo inteiro aos 30, e que ainda tenho 
o leque? Ela: Petrarco. Pôncio. Ptolomeu…
ATIVIDADE DE LEITURA
1. Procure resumir, em poucas palavras, a narrativa de Veríssimo. 
2. Explique o título do conto.
3. O conto de Veríssimo está organizado em 4 partes. Cada parte corresponde 
a fases da vida dos personagens. Preencha o quadro abaixo, considerando essa 
correspondência e indicando as pistas textuais que a confirmam.
FASES DA VIDA PISTAS TEXTUAIS
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
4. As fantasias de carnaval usadas pelos personagens são pistas muito importantes 
na narrativa. Observe: 
ELE ELA
tirolês odalisca.
legionário romano índia americana
pirata chinesa
toureiro bailarina espanhola
a fantasia dele era de nada fantasia indefinida
O que elas poderiam indicar?
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5. Releia o fragmento abaixo, em que se expõe o que os personagens estão 
pensando: 
“E a todas essas ele pensando: digo ou não digo que aquele foi o momento 
mais feliz da minha vida, Bandeira Branca, a cabeça dela no meu ombro, e que 
todo o resto da minha vida será apenas o resto da minha vida? E ela pensando: 
como é mesmo o nome dele? Péricles. Será Péricles? Ele: digo ou não digo que 
não cheguei mesmo inteiro aos 30, e que ainda tenho o leque? Ela: Petrarco. 
Pôncio. Ptolomeu”
O que o fragmento revela a respeito dos sentimentos dos personagens?
6. No início da narrativa, temos o seguinte comentário do narrador: 
“Ele: tirolês. Ela: odalisca. Eram de culturas muito diferentes, não podia dar 
certo.”
Considerando o desfecho da história, como você interpreta esse comentário?
7. Leia atentamente:
Observe:
DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO
DISCURSO INDIRETO 
LIVRE
Enquanto dançavam ,ele 
lhe perguntou:
- Você tem namorado?
Enquanto dançavam, 
ele lhe perguntou se ela 
tinha namorado.
Dançavam juntinhos. 
Será que ela tem 
namorado?
O discurso indireto livre é um recurso que faz surgir, na fala do narrador, 
elementos típicos da fala do personagem. É um recurso muito interessante 
para o registro do pensamento do personagem. Encontre no texto exemplos de 
discurso indireto livre.
8. Compare o conto de Veríssimo ao conto de Machado de Assis. O que caracteriza 
a linguagem de Veríssimo nesse conto? 
9. O humor é um característica marcante da prosa do escritor Luís Fernando 
Veríssimo. Você reconhece o humor nesse conto?
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OFICINA 4
A NARRATIVA LITERÁRIA
o conto contemporâneo
OFICINA 4
Begma Tavares Barbosa
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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA
TEXTO I
Vamos conhecer um grande contista da literatura brasileira. Sua obra se caracteriza pela 
linguagem concisa, objetiva. O texto abaixo foi escrito por Dalton Trevisan, escritor curitibano, 
nascido em 1925. Leia-o atentamente.
Uma Vela para Dario
Dalton Trevisan
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, 
diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-
se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a 
boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia 
sofrer de ataque.
Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. 
O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o 
paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e 
bolhas de espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os 
moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de 
pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando 
ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-
chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou 
para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a 
corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede – 
não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a 
farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma 
peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo 
e bebendo, gozavam as delíciasda noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da 
peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados – com vários objetos – de 
seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de 
nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.
Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a 
rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram 
no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo – os bolsos vazios. Restava a 
aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida 
com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.
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A última boca repetiu – Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario 
levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam 
vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas 
mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. 
Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela 
alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. 
Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do 
rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado 
até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair. 
ATIVIDADES DE LEITURA
1. De que trata o texto de Dalton Trevisan? O que o título do texto nos sugere? 
2. Recupere alguns elementos dessa narrativa:
2.1. Onde ocorrem os fatos narrados?
2.2. Quando ocorrem? 
2.3. Quem é Dario? Descreva esse personagem.
2.4. Quem são os demais personagens da narrativa?
2.5. Como agem esses personagens que assistem ao drama de Dario?
3. Quando tem início o conflito da narrativa? 
4. Qual é o foco narrativo do conto lido?
TEXTOS EM DIÁLOGO
Você vai ler agora a letra de uma música de dois grandes compositores brasileiros: João Bosco 
e Aldir Blanc. A cena desenhada nessa letra de música é bastante semelhante àquela descrita 
no conto “Uma vela para Dario”. Procure descobrir as semelhanças entre os dois textos. Faça 
anotações no seu caderno. 
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TEXTO II
De frente pro crime
Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de um rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém
O bar mais perto depressa lotou
Malandro junto com trabalhador
Um homem subiu na mesa do bar
E fez discurso para vereador
Veio camelô vender anel, cordão perfume barato
E baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gato
Quatro horas da manhã baixou o santo na porta bandeira
E a moçada resolveu parar e então...
 
Ta lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém
 
Sem pressa foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou num time
Olhei o corpo no chão e fechei 
Minha janela de frente pro crime
 
Veio camelô vender anel, cordão perfume barato
E baiana pra fazer pastel e um bom churrasco de gato
Quatro horas da manhã baixou o santo na porta-bandeira
E a moçada resolveu parar e então...
 
Tá lá o corpo estendido no chão
 
TEXTO III
Rubem Fonseca é um outro grande autor da literatura contemporânea. Escritor de romances e 
contos, sua prosa é escrita em linguagem bastante concisa. O texto abaixo é um bom exemplo 
de sua literatura.
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RELATO DE OCORRÊNCIA
Na madrugada do dia 13 de maio, uma vaca marrom caminha na ponte do rio Coroado, 
no quilômetro 53, em direção ao Rio de Janeiro.
Um ônibus de passageiros da empresa Única Auto Ônibus, chapa RF 80-07-83 e JR 81-
12-27, trafega na ponte do rio Coroado em direção a São Paulo.
Quando vê a vaca, o motorista Plínio Sérgio tenta se desviar. Bate na vaca, bate no muro 
da ponte, o ônibus se precipita no rio.
Em cima da ponte a vaca está morta.
Debaixo da ponte estão mortos: uma mulher vestida de calça comprida e blusa amarela, 
de vinte anos presumíveis e que nunca será identificada; Ovídia Monteiro, de trinta e quatro 
anos; Manuel dos Santos Pinhal, português, de trinta e cinco anos, que usava uma carteira de 
sócio do Sindicato de Empregados em Fábricas de Bebidas; o menino Reinaldo de um ano, filho 
de Manuel; Eduardo Varela, casado, quarenta e três anos.
O desastre foi presenciado por Elias Gentil dos Santos e sua mulher Lucília, residentes 
nas cercanias. Elias manda a mulher apanhar um facão em casa. Um facão?, pergunta Lucília. 
Um facão depressa, sua besta, diz Elias. Ele está preocupado. Ah! percebe Lucília. Lucília corre.
Surge Marcílio da Conceição. Elias olha com ódio para ele. Aparece também Ivonildo 
Moura Júnior. E aquela besta não traz o facão!, pensa Elias. Ele está com raiva de todo mundo, 
suas mãos tremem. Elias cospe no chão várias vezes, com força, até que a sua boca seca.
Bom dia, seu Elias, diz Marcílio. Bom dia, diz Elias entre dentes, olhando pros lados.Esse 
mulato!, pensa Elias.
Que coisa, diz Ivolnildo, depois de se debruçar na amurada da ponte e olhar os bombeiros 
e os policiais embaixo. Em cima da ponte, além do motorista de um carro da Polícia Rodoviária, 
estão apenas Elias, Marcílio e Ivonildo..
A situação não anda boa não, diz Elias olhando para a vaca. Ele não consegue tirar os 
olhos da vaca.
É verdade, diz Marcílio.
Os três olham para a vaca.
Ao longe vê-se o vulto de Lucília, correndo.
Elias recomeçou a cuspir. Se eu pudesse eu também era rico, diz Elias. Marcílio e Ivonildo 
balançam a cabeça, olham para a vaca e para Lucília, que se aproxima correndo. Lucília 
também não gosta de ver os dois homens. Bom dia, dona Lucília, diz Marcílio. Lucília responde 
balançando a cabeça. Demorei muito?, pergunta, sem fôlego, ao marido.
Elias segura o facão na mão, como se fosse um punhal; olha com ódio para Marcílio e 
Ivolnildo. Cospe no chão. Corre para cima da vaca.
No lombo é onde fica o filé, diz Lucília. Elias corta a vaca.
Marcílio se aproxima. O senhor depois me empresta a sua faca, seu Elias?, pergunta 
Marcílio. Não, responde Elias.
Marcílio se afasta, andando apressadamente. Ivonildo corre em grande velocidade. 
Eles vão apanhar facas, diz Elias com raiva, aquele mulato, aquele corno. Suas mãos, sua 
camisa e sua calça estão cheias de sangue. Você devia ter trazido uma bolsa, uma saca, duas 
sacas, imbecil. Vai buscar duas sacas, ordena Elias. 
Lucília corre.
Elias já cortou dois pedaços grandes de carne quando surgem, correndo, Marcílio e 
sua mulher Dalva, Ivolnildo e sua sogra Aurélia e Erandir Medrado com seu irmão Valfrido 
Medrado. Todos carregam facas e facões. Atiram-se sobre a vaca. 
Lucília chega correndo. Ela mal pode falar. Está grávida de oito meses, sofre de verminose 
e sua casa fica no alto de um morro. A ponte no alto de outro morro. Lucília trouxe uma 
segunda faca com ela. Lucília corta a vaca.
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Alguém me empresta a faca senão eu apreendo tudo, diz o motorista do carro da polícia. 
Os irmãos Medrado, que trouxeram vários facões, emprestam um ao motorista.
Com uma serra, um facão e uma machadinha aparece João Leitão, o açougueiro, 
acompanhado de dois ajudantes.
O senhornão pode, grita Elias.
João Leitão se ajoelha perto da vaca.
Não pode, diz Elias dando um empurrão em João. João cai sentado.
Não pode, gritam os irmãos Medrado.
Não pode, gritam todos, com exceção do motorista da polícia.
João se afasta; a dez metros de distância, para; com os seus ajudantes, fica observando.
A vaca está semidescarnada. Não foi fácil cortar o rabo. A cabeça e as patas ninguém 
conseguiu cortar. As tripas ninguém quis.
Elias encheu as duas sacas. Os outros homens usam as camisas como se fossem sacos..
Quem primeiro se retira é Elias com a mulher. Faz um bifão pra mim, diz ele sorrindo 
para Lucília. Vou pedir umas batatas a dona Dalva, vou fazer também umas batatas fritas para 
você, responde Lucília.
Os despojos da vaca estão estendidos numa poça de sangue. João chama com um 
assobio os seus dois auxiliares. Um deles traz um carrinho de mão. Os restos da vaca são 
colocados no carro. Na ponte fica apenas a poça de sangue.
ATIVIDADES DE LEITURA
1. O título do conto de Ruben Fonseca remete a um outro tipo de texto: a 
ocorrência policial ou Boletim de ocorrência. Que elementos do texto confirmam 
isso?
2. Releia os cinco primeiros parágrafos do conto e identifique:
2.1. Um trecho de orientação narrativa. (Grife no texto e, a seguir, explique sua 
resposta).
2.2. Qual é o conflito ou elemento complicador da narrativa?
3. A narrativa tem início com um acidente grave com vítimas fatais. Observe, no 
entanto, que esse drama inicial deixa de ocupar o primeiro plano da narrativa. 
3.1. Que outro drama passa a ocupar o primeiro plano da narrativa?
3.2. Quem são os personagens desse drama?
3.3. Como eles se relacionam na cena descrita?
 
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4. No conto, um personagem se destaca: Elias Gentil dos Santos.
4.1. Como se descreve, no conto, seu estado emocional? Que gesto, repetido pelo 
personagem, ajuda a descrever esse estado?
4.2. Há ironia na escolha do nome desse personagem? Explique sua resposta.
5. Na oficina anterior vimos que o pretérito (ou passado) é o tempo verbal que 
predomina em narrativas. Que tempo verbal predomina no conto lido? Analise 
essa escolha do autor.
Releia: 
A situação não anda boa não, diz Elias olhando para a vaca. Ele não consegue 
tirar os olhos da vaca.
É verdade, diz Marcílio.
Os três olham para a vaca.
Ao longe vê-se o vulto de Lucília, correndo.
Elias recomeçou a cuspir. Se eu pudesse eu também era rico,
6. Como você interpreta a afirmação de Elias: “A situação não anda nada boa (...) 
se eu pudesse eu também era rico.” ?
Releia também:
Elias segura o facão na mão, como se fosse um punhal; olha com ódio para 
Marcílio e Ivolnildo.
7. Que expectativa essa informação do narrador poderia criar nos leitores?
8. Compare e comente os dois fragmentos abaixo, que apresentam Elias na relação 
com sua mulher Lucília:
Elias manda a mulher apanhar um facão em casa. Um facão?, perguntou Lucília. 
Um facão depressa, sua besta, diz Elias.
Faz um bifão pra mim, diz ele sorrindo para Lucília.
9. Releia a cena em que aparece o personagem João Leitão, o açougueiro. Por que 
todos o impedem de se aproximar, “com exceção do motorista da polícia”?. Que 
conflito se instaura nesse momento?
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10. A narrativa literária de Rubem Fonseca, com muita frequência, aborda o tema 
da violência. Na sua opinião, como esse tema é abordado no conto “Relato de 
ocorrência”?
11. Estabeleça aproximações entre essa narrativa de Ruben Fonseca e o conto 
“Uma vela para Dario”, de Dalton Trevisan.
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Anotações
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OFICINA 5
LENDO POEMAS
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OFICINA 5
Marilda Clareth Bispo de Oliveira
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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA
Nesta oficina você vai ler vários poemas que falam da própria poesia. O primeiro foi escrito por 
Manoel de Barros, um escritor contemporâneo.
Manoel de Barros, poeta, advogado, fazendeiro em Cuiabá, nasceu em 
1916. Escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, mas se revelou como 
poeta aos 13 anos. Desde a década de 1930 foram vários livros publicados. 
Sua poesia tem como temática o pantanal, representado através de sua 
natureza e o cotidiano marcado pelas experiências pantaneiras. 
Manoel de Barros inventa e transforma a linguagem, a realidade,a vida, os sentimentos. 
Publicou, dentre outros, os livros: Poemas sem pecado (1937), O Livro das Ignorãnças(1993), 
Cantigas por um passarinho à toa (2003).
Texto I
Mundo Pequeno
Manoel de Barros
Parte VI 
Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas 
leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas. 
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito. 
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno. 
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse. 
Ele fez um limpamento em meus receios. 
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença, 
pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas... 
E se riu. 
Você não é de bugre? - ele continuou. 
Que sim, eu respondi. 
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas - 
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros. 
Há que apenas saber errar bem o seu idioma. 
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de 
agramática.
Conheça o significado de algumas palavras:
Preceptor- educador, instrutor, encarregado da educação de alguém.
Bugre- indivíduo rude, incivilizado, indígena, criado nos matos.
Ariticuns – árvore frutífera de 6 a 8 metros de altura que dá frutos comestíveis, espécie 
muito comum no cerrado.
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ATIVIDADES DE LEITURA
1. Quais são os personagens do texto?
2. O texto que você acabou de ler narra uma história sobre:
a) Um menino doente que precisava da ajuda de um padre.
b) Um padre muito severo que via só o defeito do menino.
c) O medo de não poder ver a beleza das frases no texto.
d) O prazer da leitura, a partir da invenção da linguagem.
e) A importância da leitura de textos poéticos.
3. No enunciado “Eu pensava que fosse um sujeito escaleno”, a palavra em 
destaque por ser substituída sem perda de sentido por:
a) desobediente
b) teimoso
c) coerente
d) inconstante
e) diferente
4. O que o adolescente de 13 anos descobriu sobre si mesmo? Explique sua 
resposta.
5. “Ele fez um limpamento em meus receios”. Esse verso indica que Pe Ezequiel: 
a) Explicou ideias que não estavam justificadas para o adolescente.
b) Confirmou os receios de Manoel, o leitor adolescente.
c) Entendeu que o adolescente ainda deveria aprender muito.
d) Sugeriu que o adolescente estudasse mais a gramática.
e) Orientou Manoel, explicando o que é um desvio de linguagem.
6. Como o Padre Ezequiel fez o “limpamento” dos receios de Manoel? Escreva um 
argumento usado pelo padre.
7. Com base na leitura do texto, podemos dizer que Manoel é apresentado como 
leitor e também como escritor. Transcreva do texto versos que confirmam isso.
8. Padre Ezequiel é o preceptor, isto é, o instrutor, o educador, o conselheiro de 
Manoel. Transcreva o fragmento do texto que expressa o conselho que o padre dá 
a Manoel. Justifique também a preocupação do padre em dar este conselho.
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9. “Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de agramática.” 
Nesse enunciado, há uma situação que provoca surpresa. Identifique-a e explique 
a afirmação feita por Manoel.
Vamos ler mais um poema do poeta Manoel de Barros.
Texto II
UMA DIDÁTICA DA INVENÇÃO
II
Desinventar objetos. O pente, por exemplo. 
Dar ao pente funções de não pentear. Até que 
ele fique à disposição de ser uma begônia. Ou 
uma gravanha. 
 
Usar algumas palavras que ainda não tenham 
idioma. 
Conheça o significado da palavra: 
Gravanha - folha seca de pinheiro
1. Considerando a leitura do poema, a palavra desinventar significa:
a) Criar um novo objeto.
b) Reinventar um novo objeto.
c) Dar uma nova função para um objeto.
d) Destruir totalmente o objeto velho.
e) Criar um novo nome para o objeto.
2. Leia os versos do poema transcritos abaixo
“Desinventar objetos. O pente, por exemplo.
Dar ao pente funções de não pentear.”
O poeta usa a estratégia de exemplificar. Atribua uma intenção ao uso deste 
recurso discursivo. 
3. O pente, de acordo com a leitura do poema, deverá assumir novas funções, um 
novo estado de ser. Transcreva do poema o verso que confirma isto.
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4. No verso “Dar ao pente funções de não pentear”, o verbo em destaque dar é 
uma pista linguística que nos permite identificar a metáfora : 
a) do poeta como um criador, um inventor.
b) do pente como um simples objeto.
c) do poeta como um repetidor incansável
d) do pente como uma pessoa maleável
e) do poema como objeto imutável.
5. O que significa estar à disposição de ser begônia ou gravanha?
6. O poema que você está lendo é a parte II do poema intitulado “UMA DIDÁTICA 
DA INVENÇÃO”. Veja o que o dicionário nos informa sobre o sentido da palavra 
Didática:
Didática: [Fem. substantivado de didático.] S. f. 1. A técnica de dirigir e orientar 
a aprendizagem; técnica de ensino. 2. O estudo dessa técnica.
Considerando o sentido da palavra didática, explique o título do poema. 
7. Que técnicas o poeta utiliza para “ensinar a invenção”? 
Vamos conhecer agora outro poeta da literatura brasileira, Solano Trindade. Escolhemos, desse 
autor, dois textos que também tratam do fazer-poético.
Solano Trindade (1908 -1973) é grande um poeta brasileiro que 
nasceu em Pernambuco. Pobre, filho de sapateiro, foi conhecido, 
nos meios intelectuais, como o Grande Poeta Negro brasileiro. Sua 
grande preocupação era criar centros culturais para promover, divulgar 
o trabalho de artistas negros. Poeta do povo, tinha uma profunda 
consciência dos problemas sociais, das dificuldades vividas pelos
descendentes afrobrasileiros. Poeta, cineasta, pintor, teatrólogo, ator, estudioso da cultura 
popular e da cultura negra, o seu trabalho foi reconhecido internacionalmente. Elogiado 
por intelectuais importantes, como Darcy Ribeiro, Carlos Drummond de Andrade, Solano 
Trindade não só fazia poesias, mas participava de várias atividades ligadas à arte, à cultura, 
aos movimentos de conscientização do negro. Publicou: Poemas Negros (1936), Poemas de 
uma vida simples (1944),Seis tempos de poesia (1958) e Cantares ao meu povo (1961).
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Texto III 
Estética
Solano Trindade
Não disciplinarei
As minhas emoções estéticas
Deixá-las-ei à vontade
Como o meu desejo de viver...
É grande o espaço
Embora se criem limites...
Basta somente
Que eu sofra a disciplina da vida
Mas a estética
Deve ser sempre liberta
ATIVIDADES DE LEITURA
Antes de iniciar as atividades de leitura, considere o verbete transcrito abaixo: 
Estética [Fem. substantivado do adj. estético.] S. f. 
1. Estudo das condições e dos efeitos da criação artística.
2. Tradicionalmente, estudo racional do belo, quer quanto à possibilidade da sua conceituação, 
quer quanto à diversidade de emoções e sentimentos que ele suscita no homem.
3. Caráter estético; beleza: a estética de um monumento, de um gesto.
4. Beleza física; plástica: Ia à praia para apreciar a estética das garotas.
1. O que o poeta se propõe, na primeira estrofe?
2. Releia: 
“É grande o espaço/ Embora se criem limites...”
2.1. A oração “embora se criem limites” pode ser reescrita de todas as formas 
abaixo, EXCETO: 
a) Mesmo que se criem limites...
b) Apesar de se criarem limites...
c) Já que se criam imites...
d) Apesar de limites serem criados...
e) Mesmo que sejam criados limites...
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2.2. A conjunção embora estabelece relação semântica de:
a) Causa 
b) Concessão
c) Tempo
d)Lugar
e) Consequência
3. No poema, o poeta reconhece que há: 
a) liberdade e limitação tanto na forma de expressão poética quanto no desejo de 
viver.
b) restrições em seu desejo de viver e liberdade total em seu processo de escrever 
poesias.
c) diferença entre a liberdade presente em seu desejo de viver e a liberdade em sua 
vida. 
d) muitas semelhanças entre as limitações existentes em sua estética e em sua 
própria vida.
e) uma diferença muito grande entre as suas emoções estéticas e o seu desejo de 
viver.
4. No poema, o poeta se apresenta em duas situações discursivas diferentes. Em 
um momento ele assume uma atitude de comando, de controle sobre suas ações. 
Em outra situação, o poeta se vê limitado ou submetido a regras ou imposições. 
Transcreva os versos que mostram esta mudança de atitude comunicativa do 
sujeito lírico. 
5. Considerando o uso do verbo disciplinar, podemos dizer que este item 
linguístico deflagra todas as seguintes metáforas apresentadas nas opções abaixo, 
exceto:
a) O poeta é o libertador da poesia.
b) Viver é sofrer punições.
c) A vida é o juiz do poeta. 
d) A vida é o professor do poeta.
e) O poeta é o repressor da poesia.
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6. Leia a informação abaixo.
O Modernismo brasileiro, para alguns autores, pode ser dividido em duas fases: 
O período de combate (1922 - 1930) e o período de “construção” (1930 - 1945). 
A primeira fase é marcada pela difusão de novas ideias, pela crítica à literatura 
tradicional. A segunda fase é marcada pela consolidação da renovação proposta 
tanto na linguagem quanto na técnica para criar formas de representação da 
vida. A busca de liberdade de pensar e de se expressar sentimentos, a partir de 
uma linguagem simples, a valorização do popular eram objetivos da escola/
estética modernista.
De acordo com as informações que você leu podemos afirmar que:
a) O poema de Solano Trindade se enquadra na Estética Modernista, já que defende 
a liberdade de suas emoções estéticas.
b) A crítica à literatura tradicional não aparece no poema de Solano Trindade, pois 
ele não participa da Estética Modernista.
c) A renovação da linguagem e da forma de expressão das emoções estéticas não 
são propósitos do poeta Solano Trindade.
d) O autor Solano Trindade pertence ao movimento Modernista, mas ele não 
valoriza a liberdade de expressão poética.
e) A poesia de Solano Trindade pertence à Estética Modernista, pois busca o rigor 
formal, o rigor da expressão de emoções.
Você vai ler, agora, outro poema de Solano Trindade, o Poeta do Povo.
TEXTO IV
Eu gosto de ler gostando
Eu gosto de ler gostando,
Gozando a poesia,
Como se ela fosse
Uma boa camarada,
Dessas que beijam a gente
Gostando de ser beijada.
Eu gosto de ler gostando
Gozando assim o poema,
Como se ele fosse
Boca de mulher pura
Simples boa libertada
Boca de mulher que pensa...
Dessas que a gente gosta
Gostando de ser gostada
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1. O tema do poema é:
a) O fazer poético.
b) O prazer de fazer poesia.
c) A arte de compor poemas.
d) O prazer da criação estética.
e) O prazer de ler poesias.
2. Neste poema encontramos todas as metáforas apresentadas nos itens abaixo, 
exceto:
a) A poesia é uma mulher livre.
b) Ler poemas é vivenciar um prazer.
c) Ler poesias é beijar e ser beijado.
d) A poesia é uma boca de mulher. 
e) A leitura de poesias é uma viagem.
3. Nos dois primeiros versos do poema, o poeta “joga” com duas palavras, dois 
verbos: gostar e gozar. Que efeitos essas escolhas produzem?
4. Retire do poema versos em que “a poesia é mulher”.
5. Como o poeta caracteriza essa mulher? Resuma com suas palavras essa 
caracterização.
6. O que seria um poema com as características de mulher que você listou acima?
Conheça um outro grande poeta brasileiro: José Paulo Paes.
José Paulo Paes (1926-1998) nasceu em Taquiritinga, São Paulo. Formou-se em Química 
Industrial, em Curitiba, Paraná. Publicou seu primeiro livro de poesia, O Aluno, em 
1947. Escreveu em jornais, revistas e se destacou como tradutor de obras de autores 
importantes. A poesia de Paulo Paes é de tendência contemporânea. Sabe inventar, 
fazer da linguagem um recurso valioso para a construção de sentidos e de formas de 
expressão bastante inovadoras.
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Texto V
Convite
Poesia 
é brincar com palavras 
como se brinca 
com bola, papagaio, pião.
Só que 
bola, papagaio, pião 
de tanto brincar 
se gastam.
As palavras não: 
quanto mais se brinca 
com elas 
mais novas ficam.
Como a água do rio 
que é água sempre nova. 
Como cada dia 
que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?
1. No poema de Solano Trindade, lido anteriormente, encontramos algumas 
metáforas para definir “poesia”: “Ler é amar”; “Ler é gozar”. Que metáfora está 
presente no texto de José Paulo Paes? 
2. O que significa “brincar com as palavras”?
3. A única metáfora poética que NÃO contribui para organizar o sentido do poema 
Convite de Paulo Paes é: 
a) A leitura de poesia é um jogo, um prazer.
b) Ler poesias é brincar com significados. 
c) Brincar com palavras é inventar sentidos.
d) Ler poesia é jogar com as palavras.
e) O poeta é um carcereiro de palavras.
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4. Releia os versos abaixo:
“Só que 
bola, papagaio, pião 
de tanto brincar 
se gastam.
A expressão em destaque, só que, determina a seguinte relação semântica:
a) Negação 
b) Tempo
c) Lugar
d) Ressalva
e) Justificativa
5. Entre a segunda e a terceira estrofe identificamos uma relação de:
a) Oposição
b) Causa
c) Consequência
d) Condição
e) Conformidade
6. Depois de comparar poesia e brincadeira infantil, o poeta aponta uma 
diferença entre ambas. Como você entende essa diferenciação? 
7. Qual é a ideia defendida pelo poeta sobre a leitura de poesias.
8. Escreva pelo menos um argumento usado pelo autor para defender a opinião 
apresentada no poema.
9. Encontre duas imagens criadas pelo poeta para justificar também a opinião 
defendida.
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TEXTOS EM DIÁLOGO
Leia os textos a seguir e encontre semelhanças entre eles e os poemas trabalhados nesta oficina. 
Considere, portanto, o que você leu, estudou, conheceu nesta oficina
Texto I
“ Poesia é voar fora da asa.”
 (Manuel de Barros)
Texto II
Explicação da poesia sem ninguém pedir
(Adélia Prado)
Um trem de ferro é uma coisa mecânica,
Mas atravessou a noite, a madrugada, o dia,
Atravessou minha vida,
Virou só sentimento.
Texto III
Senhora Gramática
Solano Trindade
Senhora gramática
Perdoai os meus pecados gramaticais.
Se não perdoardes
Senhora
Eu errarei mais.
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Anotações
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OFICINA 6
A POESIA MODERNISTA
OFICINA 6
Begma Tavares Barbosa
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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA
A literatura sempre falou do Amor, em prosa e em poesia. Os poemas que você vai ler falam 
de Amor e foram escritos por dois grandes poetas brasileiros: o primeiro, por Castro Alves; o 
segundo, por Manuel Bandeira. Leia os textos atentamente e observe como eles “dialogam” 
entre si. Antes, porém, saiba quem foi Castro Alves.
Castro Alves é um dos nossos mais importantes poetas do século XIX. 
Nasceu em Salvador, em 14 de março de 1847. Morreu bastante jovem, aos 
24 anos, já tendo produzido uma obra grandiosa. É conhecido como Poeta 
dos Escravos, pois suas poesias mais conhecidas procuraram combater a 
escravidão, e por essa causa ele lutou muito. 
Sobre essa temática, são muito conhecidos os poemas “Vozes D’África” e “Navio Negreiro”. 
Escreveu também lindos poemas de amor, marcados por lirismo e por muita sensualidade. 
TEXTO I
O “adeus” de Teresa 
Castro Alves
A vez primeira que eu fitei Teresa, 
Como as plantas que arrasta a correnteza, 
A valsa nos levou nos giros seus 
E amamos juntos E depois na sala 
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala 
 
E ela, corando, murmurou-me: “adeus.” 
 
Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . . 
E da alcova saía um cavaleiro 
Inda beijando uma mulher sem véus 
Era eu. Era a pálida Teresa! 
“Adeus” lhe disse conservando-a presa 
 
E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!” 
 
Passaram tempos sec’los de delírio 
Prazeres divinais gozos do Empíreo 
... Mas um dia volvi aos lares meus. 
Partindo eu disse - “Voltarei! descansa!. . . “ 
Ela, chorando mais que uma criança, 
 
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!” 
 
Quando voltei era o palácio em festa! 
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra 
Preenchiam de amor o azul dos céus. 
Entrei! Ela me olhou branca surpresa! 
Foi a última vez que eu vi Teresa! 
 
E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”
 
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TEXTO II
Manuel Bandeira nasceu em Recife, em 19 de abril de 1886 e morreu aos 82 
anos. Foi poeta, crítico literário, tradutor e professor de literatura. Produziu 
vasta obra poética. Juntamente com Mário e Oswald de Andrade participou da 
Semana de Arte Moderna, evento realizado no Teatro Municipal de São Paulo, 
em fevereiro de 1922, que “inaugura” o Modernismo Brasileiro, movimento
que impulsinona a construção de uma literatura brasileira mais autônoma em relação aos 
padrões europeus, que nos serviam de modelo naquela época.
Teresa 
Manuel Bandeira 
A primeira vez que vi Teresa 
Achei que ela tinha pernas estúpidas 
Achei também que a cara parecia uma perna 
 
Quando vi Teresa de novo 
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo 
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse) 
 
Da terceira vez não vi mais nada 
Os céus se misturaram com a terra 
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
Conheça o significado de algumas palavras:
Reposteiro - cortina pendente nas portas interiores da casa.
Alcova - quarto de dormir; quarto de mulher, dormitório de casal.
Arquejar - respirar com dificuldade, ofegar, ansiar.
Referência: Dicionário Aurélio- versão digital.
ATIVIDADES DE LEITURA
Para melhor compreender os poemas, resolva as questões abaixo. 
1. O poema de Castro Alves tem estrutura narrativa, ou seja, ele narra 
acontecimentos que envolvem Teresa e seu amante. 
1.1. Gripe, no poema, as expressões de tempo que organizam os episódios da 
história contada. 
1.2. Que momentos ou fases da vida dos amantes o texto destaca? 
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1.3. Explique o título do poema.
1.4. Como você compreende o desfecho da narrativa?
1.5. Releia as estrofes abaixo, que são uma espécie de “refrão”, no poema: 
E ela, corando, murmurou-me: “adeus.” 
E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”
O que indicam as pequenas modificações feitas nesse refrão?
2. Releia, agora, o poema de Manuel Bandeira. 
2.1. Construa sua interpretação dos versos abaixo:
a) “Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo”
b) “Os céus se misturaram com a terra/ E o espírito de Deus voltou a se mover 
sobre a face das águas.”
3. Compare o poema de Bandeira ao poema de Castro Alves.
3.1. Que semelhanças há entre eles?
3.2. Em que os textos diferem?
4. O texto de Manuel Bandeira pode ser considerado uma paródia do texto de 
Castro Alves. Explique por quê.
paródia 
[Do gr. parodía, ‘canto ao lado de outro’, pelo lat. parodia.] 
Substantivo feminino. 
1.Imitação cômica de uma composição literária. 
Fonte: Dicionário Aurélio – versão digital
Leia agora dois outros poemas de amor. Um deles é também de Manuel Bandeira. Mais uma 
vez esse autor dialoga com outro escritor romântico: Joaquim Manuel de Macedo.
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TEXTO III 
Joaquim M. de Macedo“Mulher, irmã, escuta-me: não ames
Quando a teus pés um homem terno e curvo
Jurar amor, chorar pranto de sangue,
Não creias não, mulher, ele te engana!
As lágrimas são galas da mentira.
E o juramento manto da perfídia.”
TEXTO IV
Tradução
 Manuel Bandeira
Teresa, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de você
E te jurar uma paixão do tamanho de um bonde
Se ele chorar
Se ele se ajoelhar
Se ele se rasgar todo
Não acredita não Teresa
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
CAI FORA.
Conheça o significado de algumas palavras
Gala- traje de gala; pompa; ornamentação ou enfeites ricos, preciosos.
Perfídia- deslealdade, traição.
Referência: Dicionário Aurélio- versão digital.
ATIVIDADES DE LEITURA
1. Qual é o tema do texto de Joaquim Manuel de Macedo?
2. Explique o sentido das expressões metafóricas abaixo:
3. Leia agora o texto de Manuel Bandeira. Considere, atentamente, o diálogo ente 
o texto de Bandeira e o de Macedo.
3.1. Explique o título do texto de Bandeira. 
3.2. O texto de Bandeira pode ser considerado uma paródia?
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Você vai conhecer agora outro grande autor do Modernismo Brasileiro: o poeta Oswald de 
Andrade. 
Oswald de Andrade nasceu em São Paulo, em 11 de janeiro de 1890. Seu 
espírito combativo e irreverente fez dele um dos escritores mais importantes 
do Modernismo e da Literatura brasileira. Juntamente com Mário de Andrade 
e Manuel Bandeira, Oswald representa o Modernismo de 22. Escreveu o 
“Manifesto Antropofágico”, em que propôs que o Brasil “devorasse” a 
cultura estrangeira e criasse uma cultura revolucionária própria. Morreu aos 
64 anos.
EPITÁFIO
Oswald de Andrade
Eu sou redondo, redondo 
Redondo, redondo eu sei 
Eu sou urna redond’ilha 
Das mulheres que beijei
 
Por falecer do oh! amor 
Das mulheres de minh’ilha 
Minha caveira rirá ah! ah! ah! 
Pensando na redondilha
ATIVIDADE DE LEITURA
Considerando seu conhecimento sobre o Modernismo Brasileiro, apresente sua leitura do texto 
acima: por que ele tem esse título?; onde se pode notar o humor nesse poema?; que imagem 
recorre nos versos? 
Considere o verbete abaixo para construir sua resposta
epitáfio 
[Do gr. epitáphion, pelo lat. epitaphiu.] 
Substantivo masculino. 
1.Inscrição tumular. 
2.P. ext. Lápide ou tabuleta com epitáfio (1). 
3.Elogio fúnebre. 
4.Arte Poét. Espécie de poesia satírica (em geral uma quadra) feita sobre um vivo como se 
se tratasse de um morto.
Dicionário Aurélio – Versão Digital
Você vai ler agora um último texto do poeta Manuel Bandeira. 
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TEXTO VI
Poética
 Manuel Bandeira 
Estou farto do lirismo comedido 
Do lirismo bem comportado 
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de 
apreço ao Sr. diretor. 
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um 
vocábulo. 
Abaixo os puristas 
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais 
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção 
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis 
Estou farto do lirismo namorador 
Político 
Raquítico 
Sifilítico 
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja 
fora de si mesmo 
De resto não é lirismo 
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante 
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes 
maneiras de agradar às mulheres, etc 
Quero antes o lirismo dos loucos 
O lirismo dos bêbedos 
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos 
O lirismo dos clowns de Shakespeare 
 
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Conheça o significado de algumas palavras: 
Lirismo- poesia lírica
Vernáculo- linguagem pura, correta, isenta de estrangeirismos
Barbarismos- erro de pronúncia, grafia, forma gramatical ou significação
Pungente- comovente
Clow- palhaço
Referência: Dicionário Aurélio- versão digital.
1. Qual é o tema do texto de Manuel Bandeira?
2. Que tipo de poeta e de poesia o autor critica?
3. Que tipo de poesia o poeta valoriza?
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Anotações
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OFICINA 7
O TEXTO EXPOSITIVO
divulgando a ciência
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Begma Tavares Barbosa
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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA
O texto que você vai ler foi retirado da Revista Veja Especial, edição de novembro de 2002.
TEXTO I
Os novos horizontes da ciência
O que está em pesquisa nos laboratórios mais modernos do mundo para vencer as 
doenças associadas ao envelhecimento
No clássico Teogonia, escrito 700 anos antes do nascimento de Cristo, o poeta grego Hesíodo 
conta a seguinte história: Eos, a deusa da alvorada, pede que Zeus conceda a vida eterna a 
Títon, príncipe de Tróia e seu grande amor. Seu desejo é atendido. Ela não se lembra, porém, 
de pedir que ele também permaneça jovem para sempre. O tempo passa. Carcomido pela 
velhice, sem conseguir mais mexer as mãos e os pés, Títon quer morrer. Clama por isso. Mas se 
tornou imortal, está acorrentado à velhice. Quando entra em total estado de decrepitude, Eos, 
compadecida, o transforma em gafanhoto, o mais musical dos insetos, para ouvir eternamente 
a voz de seu amado. 
O mito transmitido por Hesíodo construiu-se a partir de duas dificuldades que, aos povos 
antigos, pareciam ser tão intransponíveis quanto voar – a de uma pessoa viver por décadas a 
fio e a de um velho manter a força dos verdes anos. Desde então, é uma obviedade ululante, 
vários obstáculos foram superados nos dois aspectos. No entanto, para a realização do sonho 
de uma juventude que ultrapasse os limites biológicos, a ciência ainda tem de percorrer um 
árduo caminho. Não foi decifrado, por exemplo, o processo de envelhecimento em toda a sua 
complexidade. E esse ponto é fundamental para que se consiga detê-lo. 
É curioso notar que essas questões não fazem parte da ordem natural das coisas. No livro 
Como e Por que Envelhecemos, o médico americano Leonard Hayflick, professor de anatomia 
da Universidade da Califórnia, observa que o envelhecimento é um produto da civilização. “A 
natureza planejou as coisas de modo que morrêssemos antes de envelhecer. O envelhecimento 
é um fenômeno que a natureza nunca pretendeu que experimentássemos”, escreve Hayflick. 
Ele explica que a degeneração do corpo humano começa entre 25 e 30 anos. Isso porque, nessa 
época da vida, homens e mulheres já teriam cumprido a sua única função: a de gerar uma 
prole, garantindo, assim, a continuidade da espécie. Morrer cedo, portanto, está inscrito na 
lógica dos genes – contra a qual, felizmente, nos opomos. Graças às conquistas da civilização, 
o homem aprendeu a domar as adversidades que encurtavam demais a sua expectativa de 
vida. Em contrapartida, viu-se obrigado a enfrentar doenças associadas ao envelhecimento 
(caso do câncer e dos distúrbios cardíacos). Veja a seguir quais são as armas que a ciência está 
desenvolvendo para ganhar essa batalha. 
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CÉLULAS-TRONCO 
Uma das grandes esperanças da medicina são as células-tronco. Sem função específica, elas podem 
se transformar em qualquer um dos mais de 200 tipos de células diferentes que compõem o corpo 
humano. Dada essa versatilidade, vêm sendo testadas na regeneração de tecidos e órgãos lesados 
de pessoas doentes. Entre elas, vítimas de diabetes, mal de Alzheimer, mal de Parkinson, distúrbios 
cardiovasculares e vários tipos de câncer. Experiências de sucesso já foram feitas com portadores de 
leucemia e determinados problemas cardíacos. A melhor fonte de células-tronco são os embriõescom até uma semana de gestação – quando eles não passam, do ponto de vista da ciência, de um 
amontoado de células sem função específica. Os estudos com células-tronco começaram em 1998. 
Desde então, avançaram em ritmo espantoso. Hoje já se sabe que é possível encontrar células-tronco 
no sangue do cordão umbilical de um bebê recém-nascido e no organismo de um adulto, ainda 
que em quantidades inferiores e com uma capacidade de multiplicação inferior à das encontradas 
em embriões. A descoberta resolve dois problemas. O primeiro é técnico: com uma célula-tronco 
própria, o paciente se livra do risco de rejeição. O segundo, ético-religioso: a Igreja Católica e governos 
comprometidos com fundamentalistas cristãos, como o dos Estados Unidos, condenam a utilização de 
embriões humanos para experimentos científicos. O uso das células-tronco em tratamentos médicos é 
relativamente simples. Em laboratório, os cientistas induzem essas células a se especializar em células 
do tecido ou órgão a ser regenerado. Em seguida, injetam as células-tronco modificadas no doente e 
esperam que elas se reproduzam. Atualmente, é possível transformar células-tronco em cerca de 150 
tipos de células especializadas.
VEJA ESPECIAL, novembro 2002.
ATIVIDADES DE LEITURA
1. O objetivo do texto lido é:
a) argumentar que o envelhecimento é um produto da civilização.
b) argumentar que as pessoas hoje não querem envelhecer.
c) discutir a importância do mito de Hesíodo.
d) apresentar as possibilidades da pesquisa com células-tronco.
e) argumentar sobre os riscos de se utilizar células-tronco.
2. Qual é o tema do texto lido?
3. Leia atentamente: 
Mito – narrativa na qual aparecem seres e acontecimentos imaginários, que 
simbolizam forças da natureza, aspectos da vida humana, etc. 
Dicionário Aurélio Digital
3.1. Que “aspectos da vida humana” o mito de Hesíodo discute?
3.2. Qual é a função dessa narrativa no texto?
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4. Releia:
“Desde então, é uma obviedade ululante, vários obstáculos foram superados 
nos dois aspectos. No entanto, para a realização do sonho de uma juventude 
que ultrapasse os limites biológicos, a ciência ainda tem de percorrer um árduo 
caminho.”
O conector grifado no texto estabelece com o período anterior uma relação de:
a) finalidade.
b) consequência.
c) causa.
d) condição.
e) oposição.
5. Releia:
“No livro Como e Por que Envelhecemos, o médico americano Leonard Hayflick 
(...) observa que o envelhecimento é um produto da civilização.”
5.1. A frase que melhor explica a afirmação do médico americano é: 
a) O ser humano desejou envelhecer.
b) O ser humano sempre lutou contra o envelhecimento. 
c) O ser humano quer vencer a morte e o envelhecimento.
c) Os avanços da ciência possibilitaram ao ser humano envelhecer.
d) Os avanços da ciência conseguiram vencer o envelhecimento.
5.2. A afirmação do médico americano é sustentada por um argumento. Reconheça 
esse argumento no texto. 
6. O texto fala da “luta contra o envelhecimento”. Temos aqui uma METÁFORA. 
Grife, no texto, as expressões metafóricas que remetem a essa metáfora. 
Releia agora a segunda parte do texto, de conteúdo expositivo, que reúne diversas 
informações sobre “célula-tronco”. Responda:
7. O que é célula-tronco?
8. Que doenças estão sendo combatidas com o uso de células-tronco?
9. O que é célula-tronco embrionária?
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10. Que polêmica envolve o uso de célula-tronco embrionária?
11. Onde se encontram células-tronco?
12. Como as células-tronco são utilizadas em tratamentos médicos?
13. Releia atentamente o trecho abaixo, retirado do texto lido:
“A melhor fonte de células-tronco são os embriões com até uma semana de 
gestação – quando eles não passam, do ponto de vista da ciência, de um 
amontoado de células sem função específica.”
Leia, também, o fragmento de uma entrevista concedida por Dom Geraldo Majella, 
presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), à Revista Época, 
publicada em janeiro de 2005. 
ÉPOCA - O senhor acha que está (a utilização de células-tronco) mais 
para um negócio?
DOM GERALDO - No horizonte da fé cristã, que compreende o ser humano 
como criatura, imagem e semelhança de Deus criador, há uma dignidade 
inviolável. Pensar que um embrião possa ser destruído, manipulado, tratado 
como um objeto para aproveitar o poder especial de suas células não é muito 
diferente de comercializar crianças com a finalidade de utilizar seus órgãos, 
transplantando-os em indivíduos doentes. A pesquisa com células-tronco pode 
perfeitamente progredir usando as de organismos adultos e as de placenta e do 
cordão umbilical. Não é verdade que a pesquisa científica é impedida quando 
não se lança mão das células retiradas de embriões humanos.
Compare os textos acima e exponha a diferença entre os posicionamentos 
manifestados:
TEXTO II
Vamos ler agora um texto que aprofunda a discussão anterior, abordando especificamente a 
utilização de células-tronco embrionárias pela ciência.
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04/03/2008 - 19h20 
Entenda o que são células-tronco 
embrionárias 
As células-tronco embrionárias são consideradas esperança de cura para algumas das doenças 
mais mortais. Elas podem se converter em praticamente todos os tecidos do corpo humano. 
Entretanto, o método de sua obtenção é polêmico, já que a maioria das técnicas implementadas 
nessa área exige a destruição do embrião. 
A forma mais comum de obtenção destas células ainda é por meio de embriões congelados. 
Nesta técnica, óvulos fertilizados em clínicas de reprodução assistida se desenvolvem até o 
estágio conhecido como blastocisto. Após chegar a este estágio, o embrião é destruído e as 
células-tronco são removidas. 
(...)
Alternativas 
Uma nova técnica anunciada no ano passado utiliza células humanas adultas da pele para 
criar células-tronco embrionárias “induzidas”. A técnica, que ainda está em fase experimental, 
consiste em fazer com que as células da pele “voltem no tempo” e passem a agir como se 
fossem as versáteis células-tronco embrionárias, conseguindo posteriormente se diferenciar em 
outros tecidos do corpo. 
Uma alternativa à utilização das células embrionárias é a utilização de células-tronco adultas 
derivadas de tecidos do organismo, como a medula óssea e cordão umbilical. Estas, no 
entanto, têm capacidade limitada de diferenciação. Células adultas já são usadas em terapia 
experimental atualmente, no tratamento de algumas doenças como leucemias, mal de Chagas, 
diabetes e anemia falciforme. 
Debate ético 
Recentemente, cientistas norte-americanos anunciaram uma descoberta que, caso confirmada, 
pode pôr fim à polêmica envolvendo a utilização de células de embriões. Os pesquisadores 
afirmam ter conseguido produzir células-tronco embrionárias sem a necessidade de destruir o 
embrião. 
O novo método consiste em retirar uma única célula do embrião seguindo um procedimento 
utilizado em clínicas de fertilização in vitro para fazer diagnósticos de defeitos genéticos. A 
retirada é feita ainda nos estágios iniciais do embrião, quando ele é formado por poucas 
células. De acordo com os pesquisadores, o método em geral não prejudica o embrião, que é 
congelado e supostamente pode ser utilizado em um futuro processo de fertilização. 
É preciso ressaltar, entretanto, que a mesma empresa havia divulgado o mesmo feito em agosto 
de 2006, na conceituada revista “Nature”. Porém, no mesmo ano os cientistas publicaram uma 
“correção” do artigo na revista, afirmando que os embriões utilizados na pesquisa foram, sim, 
destruídos. 
Com Folha de S.Paulo 
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ATIVIDADES DE LEITURA
1. O objetivo do texto é:
a) expor informações sobre células-tronco embrionárias.
b) defender a utilização terapêutica de células-tronco embrionárias.
c) polemizar em torno da utilização, em pesquisa, de células-tronco embrionárias.
d) defender alternativas à utilização de células-tronco embrionárias.
e) defender a tese de que o embrião é uma vida.
2. Segundo o texto, por que as células-tronco embrionárias são tão importantes 
para a ciência?
3. Por que a utilização de células-tronco embrionárias é polêmica?
4. Diante da polêmica que envolve o uso de células-tronco embrionárias, a ciência 
vem buscando alternativas. Que alternativas o texto apresenta à utilização desse 
tipo de célula?
5. Releia:
Uma alternativa à utilização das células embrionárias é a utilização de células-
tronco adultas derivadas de tecidos do organismo, como a medula óssea e 
cordão umbilical. Estas, no entanto, têm capacidade limitada de diferenciação. 
O pronome grifado refere-se, no texto, à expressão:
a) células-tronco;
b) células-tronco embrionárias;
c) tecidos do organismo;
d) células-tronco da medula e do cordão umbilical;
e) doenças.
6. Considere o verbete abaixo:
ética 
[Do lat. ethica < gr. ethiké.] 
Substantivo feminino. 
1.Filos. Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana 
suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja 
relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. [Cf. bem (1) e 
moral (1).]
Dicionário Aurélio – Versão digital
Explique o título da terceira parte do texto, considerando o sentido de “ética”.
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7. Qual é o tema da terceira parte do texto?
8. Releia:
Recentemente, cientistas norte-americanos anunciaram uma descoberta que, 
caso confirmada, pode pôr fim à polêmica envolvendo a utilização de células 
de embriões.
O conector grifado expressa ideia de:
a) afirmação;
b) condição;
c) finalidade;
d) consequência;
e) oposição.
9. Releia atentamente o último parágrafo do texto: 
É preciso ressaltar, entretanto, que a mesma empresa havia divulgado o mesmo 
feito em agosto de 2006, na conceituada revista “Nature”. Porém, no mesmo 
ano os cientistas publicaram uma “correção” do artigo na revista, afirmando 
que os embriões utilizados na pesquisa foram, sim, destruídos. 
9.1. Qual é o conector responsável por articular esse parágrafo com o anterior?
9.2. Considerando o valor semântico desse conector, explique a relação de sentido 
presente entre os dois parágrafos.
10. Considere ainda a seguinte afirmação:
De acordo com os pesquisadores, o método em geral não prejudica o embrião, 
que é congelado e supostamente pode ser utilizado em um futuro processo 
de fertilização.
O que a palavra grifada poderia nos dizer a respeito do posicionamento do autor 
do texto?
VAMOS ESCREVER
Você leu dois textos sobre o potencial das células-tronco de curar doenças para as quais a 
ciência ainda não via solução definitiva. No Brasil, houve muita polêmica até que se aprovasse 
a lei regulamentando a utilização dessas células pela ciência, particularmente a utilização 
das células-tronco embrionárias. Depois de muita discussão, veja como ficou a lei brasileira a 
respeito desse tópico:
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Leis nacionais
O que dizem as leis de alguns países sobre a clonagem de células tronco.
Brasil – permite a utilização de células-tronco produzidas a partir de embriões humanos para 
fins de pesquisa e terapia, desde que sejam embriões inviáveis ou estejam congelados há mais 
de três anos. Em todos os casos, é necessário o consentimento dos pais. A comercialização 
do material biológico é crime. Em 29 de maio de 2008 o Supremo Tribunal Federal confirmou 
que a lei em questão é constitucional, ratificando assim o posicionamento normativo dessa 
nação.
Fonte: http://pt.wikipedia.org
Você vai agora escrever um texto expositivo-argumentativo sobre o tema. Sugerimos que 
você organize seu texto seguindo o esquema abaixo:
•	 Parágrafo 1 – contrua um parágrafo introdutório de conteúdo 
expositivo, oferecendo informações gerais ao leitor sobre “células-
tronco”: I) o que são células-tronco?; II) que doenças poderiam ser 
combatidas com sua utilização? III) onde podem ser encontradas?; 
IV) como são utilizadas em tratamentos médicos?
•	 Parágrafo 2 – no segundo parágrafo apresente a polêmica 
envolvendo as células-tronco embrionárias: I) o que são as células-
tronco embrionárias?; II) por que elas são tão importantes para a 
ciência?; III) por que sua utilização é polêmica?
•	 Parágrafo 3 – no terceiro parágrafo, posicione-se a respeito da 
utilização das células embrionárias, concluindo seu texto. Você 
pode citar a lei brasileira. Pode também valer-se de alguns dos 
argumentos expostos no quadro abaixo. 
VALE USAR EMBRIÕES?
Sou a favor. O embrião é uma vida em 
potencial e sua utilização fará parte de um 
projeto maior, que é o de salvar vidas.
Enquanto a ciência não avançar na discussão 
do que seja a vida, a ciência deveria 
investir no emprego das células-tronco 
adultas, deixando para mais tarde o uso 
das embrionárias, quando a nossa visão do 
embrião for mais abrangente.
Acho legítimo usar embriões de clínicas de 
fertilização para curar pessoas com doenças 
letais. Melhor do que jogar no lixo os 
embriões não utilizados é aproveitar suas 
células para curar doenças graves.”
Considero que usar células-tronco 
embrionárias é um atentado contra a vida. 
Quem defende isso argumenta que vão usar 
um embrião que iria para o lixo. Mas jogar 
vidas no lixo é antiético e criminoso.
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A CRÔNICA
 um olhar sobre o cotidiano
OFICINA 8
Lúcia Helena Furtado Moura
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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA
Os dois textos que você vai ler são de escritores brasileiros que se destacaram como cronistas. 
São ambos modernistas e se tornaram especialistas na redação de crônica de jornal. São 
escritores que colaboraram para elevação da crônica a gênero literário, ao lado de outros 
nomes como Paulo Mendes Campos, Rachel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade. São 
eles: Fernando Sabino e Clarice Lispector.
TEXTO I
A Última Crônica
 Fernando Sabino
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. 
Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de 
estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no 
cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo 
humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao 
episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras 
de uma criança ou num incidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção 
do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso 
do poeta se repete na lembrança: “Assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e 
estou sem assunto. Lanço então um último olhar para fora de mim, onde vivem os assuntos 
que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas 
de mármoreao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de 
gestos e palavras, torna-se mais evidente pela presença de uma negrinha de seus três anos, 
laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal 
ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três 
seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da 
sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do 
bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço 
de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se 
aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se 
afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade 
de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do 
balcão apanha a porção de bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-
escuro, apenas uma pequena fatia triangular.
A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que 
o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e 
filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto 
e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha 
aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
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São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia de 
bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um 
gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as 
chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, 
a que os pais se juntam, discretos: “Parabéns pra você, parabéns pra você...” Depois a mãe 
recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas 
mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a 
fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai no colo. O pai corre os olhos pelo 
botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo 
de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido – vacila, 
ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria a minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.
ATIVIDADES DE LEITURA
Agora que você leu a crônica de Fernando Sabino, procure responder as questões abaixo:
1. Leia com atenção a informação abaixo:
A crônica não é um gênero maior, já escreveu Antônio Cândido. Graças a 
Deus, completa o crítico, porque sendo assim ela fica perto de nós (...) Na sua 
despretensão, ela humaniza, e esta humanização lhe permite, como compensação 
sorrateira, recuperar com a outra mão uma certa profundidade de significado e 
um certo acabamento de forma, que de repente podem fazer dela uma inesperada 
embora discreta candidata à perfeição. 
Responda:
1.1. Relacione o conteúdo da frase: “... na sua despretensão, a crônica humaniza”, 
com o assunto da “Última Crônica”, de Fernando Sabino.
1.2. Discuta a forma empregada pelo cronista para redigir a “Última Crônica”.
2. Leia com atenção as informações contidas no quadro abaixo:
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA CRÔNICA
Temas ligados ao cotidiano
Linguagem despojada e coloquial
Conteúdo subjetivo e pessoal
Extensão limitada
Identifique essas características no texto de Fernando Sabino, exemplificando-as.
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3. Leia atentamente as palavras grifadas:
“...uma negrinha de seus três anos...” “... toda arrumadinha no vestido pobre, 
mal ousa balançar as perninhas”. “... a menininha repousa o queixo no mármore” 
“A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a 
comê-lo”.
Qual é o recurso linguístico empregado pelo autor no fragmento acima? Com 
que intenção ele o utiliza?
4. O autor afirma: “Ninguém mais os observa além de mim” (4º parágrafo). Explicite 
a razão (motivo) que levaria o cronista a fazer este comentário.
5. Leia: “Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome...” (2º 
parágrafo). Explique o significado do algo mais a que se refere o cronista.
6. O autor presencia fato merecedor para sua última crônica e comenta: “lanço então 
um último olhar para fora de mim onde vivem os assuntos que merecem uma crônica”. 
(1º parágrafo). Resuma, em poucas palavras, o fato que originou a crônica.
7 – Leia com atenção a informação abaixo:
O texto metalinguístico é o que trata da própria linguagem. Quando 
consultamos um dicionário ou uma gramática temos o uso da linguagem para 
explicar o significado das palavras ou fornecer conceitos linguísticos. 
Podemos considerar “A Última Crônica” um texto metalinguístico? Justifique 
sua resposta empregando passagens da crônica.
QUESTÕES OBJETIVAS
Resolva agora as questões objetivas abaixo:
1. “Lanço então um último olhar para fora de mim, onde vivem os assuntos que 
merecem uma crônica” (1º parágrafo). 
A afirmação acima indica que o autor:
a) busca inspiração no seu cotidiano.
b) escreve somente sobre fatos incomuns.
c) escreve apenas sobre grandes temas.
d) pretende detalhar as cenas que observa. 
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2. “A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse 
a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se 
afasta pra atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da 
naturalidade de sua presença”.
Os pronomes em negrito referem-se respectivamente a:
a) garçom – homem – mãe – mulher
b) mãe – garçom – homem – mulher
c) mulher – homem – garçom – mãe
d) mãe – homem – garçom – mulher
3. Releia:
“Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito, mais um ano nesta busca do 
pitoresco ou do irrisório, no cotidiano de cada um...”
A alternativa em que há, respectivamente, o sinônimo das palavras em negrito:
a) original – irrelevante 
b) divertido – especial
c) diferente – grandioso
d) dinâmico – exuberante
Agora você vai ler a crônica de Clarice Lispector
TEXTO II
Ser cronista
Sei que não sou, mas tenho meditado ligeiramente no assunto. Na verdade, eu deveria 
conversar a respeito com Rubem Braga, que foi o inventor da crônica. Mas quero ver se consigo 
tatear sozinha no assunto e ver se chego a entender. 
Crônica é um relato? É uma conversa? É o resumo de um estado de espírito? Não sei, 
pois antes de começar a escrever para o Jornal do Brasil, eu só tinha escrito romances e contos. 
Quando combinei com o jornal escrever aqui aos sábados, logo em seguida morri de medo. 
Um amigo que tem voz forte, convincente e carinhosa, praticamente intimou-me a não ter 
medo. Disse: escreva qualquer coisa que lhe passe pela cabeça, mesmo tolice, porque coisas 
sérias você já escreveu, e todos os seus leitores hão de entender que sua crônica semanal é um 
modo honesto de ganhar dinheiro. No entanto, por uma questão de honestidade para com 
o jornal, que é bom, eu não quis escrever tolices. As que escrevi, e imagino quantas, foi sem 
perceber.
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E também sem perceber, à medida que escrevia para aqui, ia me tornando pessoal 
demais, correndo o risco daqui em brevede publicar minha vida passada e presente, o que não 
pretendo. Outra coisa notei: basta eu saber que estou escrevendo para jornal, isto é, para algo 
aberto facilmente por todo o mundo, e não para um livro, que só é aberto por quem realmente 
quer, para que, sem mesmo sentir, o modo de escrever se transforme. Não é que me desagrade 
mudar, pelo contrário. Mas queria que fossem mudanças mais profundas e interiores que então 
viessem a se refletir no escrever. Mas mudar só porque isto é uma coluna ou uma crônica? Ser 
mais leve só porque o leitor assim o quer? Divertir? Fazer passar uns minutos de leitura? E 
outra coisa: nos meus livros quero profundamente a comunicação profunda comigo e com o 
leitor. Aqui no jornal apenas falo com o leitor e agrada-me que ele fique agradado. Vou dizer 
a verdade: não estou contente. E acho mesmo que vou ter uma conversa com Rubem Braga 
porque sozinha não consegui entender.
ATIVIDADES DE LEITURA
Agora que você leu “Ser Cronista”, de Clarice Lispector, responda as questões que se seguem:
Releia a definição abaixo: 
O texto metalinguístico é o que trata da própria linguagem. Quando 
consultamos um dicionário ou uma gramática temos o uso da linguagem para 
explicar o significado das palavras ou fornecer conceitos linguísticos.
 
1. Em sua crônica Clarice Lispector faz uma discussão metalinguística. Retire do 
texto fragmentos que demonstram isso. Justifique sua resposta. 
2. Qual seria o objetivo de Clarice ao escrever sua crônica?
3. Em “Ser Cronista”, Clarice Lispector fala do sentimento de medo.
3.1. Qual era o seu medo?
3.2. Considerando as pistas textuais, construa uma hipótese sobre a causa do 
medo que a autora sentiu.
3.3. De que modo a autor vivencia seu medo na crônica?
4. Ao escrever crônicas, Clarice revela algumas descobertas que faz a respeito de 
si mesma como escritora.
4.1. O que ela descobre? 
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4.2. O que a autora revela sentir diante dessas descobertas?
4.3. Segundo a autora, o que determina as alterações no seu modo de escrever?
5. No final a cronista afirma: “Vou dizer a verdade: não estou contente”. Quais 
as razões (motivos) que a levavam ao descontentamento? Explique com suas 
palavras. 
6. Releia o trecho abaixo:
“... nos meus livros quero profundamente a comunicação profunda comigo e 
com o leitor. Aqui no jornal apenas falo com o leitor e agrada-me que ele fique 
agradado. Vou dizer a verdade: não estou contente. E acho mesmo que vou ter 
uma conversa com Rubem Braga”.
6.1. Qual é o tempo verbal que predomina nesse trecho? Dê exemplos e comente 
o uso desse tempo verbal nesta crônica.
6.2. Que diferenças a autora reconhece, no texto, entre escrever livros e escrever 
crônicas para jornais?
7. Compare as duas crônicas lidas tendo em vista os seguintes elementos:
I – Linguagem 
II – Assunto
III – Estilo
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QUESTÕES OBJETIVAS
Resolva agora as questões objetivas abaixo:
SER CRONISTA 
Sei que não sou, mas tenho meditado ligeiramente no assunto. Na verdade eu 
deveria conversar a respeito com Rubem Braga, que foi o inventor da crônica. 
Mas quero ver se consigo tatear sozinha no assunto e ver se chego a entender.
1. A palavra “tatear” no fragmento acima, significa:
a) apalpar
b) pesquisar
c) sondar
d) guiar
2. Marque a alternativa que indica o tema da crônica “Ser Cronista”:
a) A comunicação profunda da cronista consigo mesma e com o leitor.
b) A transformação do modo de escrever.
c) A arte de ser cronista.
d) O embate entre Clarice Lispector cronista e Clarice Lispector ficcionista.
Releia atentamente:
“[...] No entanto, por uma questão de honestidade para com o jornal, que é 
bom, eu não quis escrever tolices. As que escrevi, e imagino quantas, foi sem 
perceber. 
3. Em relação ao termo negritado acima é correto afirmar:
a) é um artigo e se refere a “crônicas”.
b) é um pronome pessoal e se refere a “tolices”.
c) é um pronome possessivo e se refere a “crônicas”.
d) é um pronome demonstrativo e se refere a “tolices”.
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ATIVIDADE ESCRITA
1. Leia com atenção as frases abaixo:
I – Clarice Lispector pensa em conversar sobre crônicas com Rubem Braga.
II – Clarice Lispector quer ver se consegue entender sozinha o que é crônica.
III – Clarice Lispector acha que é mesmo necessário uma conversa com Rubem 
Braga.
Faça a ligação dessas frases em um único período. Para escrevê-lo empregue 
os recursos linguísticos que forem necessários, como pontuação, conectores e 
pronomes. 
2. No primeiro parágrafo de seu texto, o cronista, em busca de um assunto para 
sua crônica, afirma que “pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu 
disperso conteúdo humano...”.
Escreva um pequeno texto comentando o que a cena descrita pelo cronista possui 
de “conteúdo humano”. Antes de fazer esse comentário, resuma a cena narrada 
na crônica. Organiza seu texto em dois parágrafos.
3. De qual das duas crônicas você mais gostou? Escreva um pequeno texto 
justificando sua escolha.
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