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TORCH é um acrónimo médico que designa um grupo de infeções de origem parasitária, viral e bacterianas na gravidez que podem provocar anomalias graves e mesmo a morte fetal: T – Toxoplasmose; O = Outras (Chamydia trachomatis, gonorreia, sífilis e varicela); R = Rubéola; C = Citomegalovírus; H = Herpes simplex. TOXOPLASMOSE A toxoplasmose é uma zoonose que tem como agente etiológico um protozoário, o Toxoplasma gondii (T. gondii), que é um parasita intracelular obrigatório, distribuído em quase todas as partes do mundo, e capaz de infectar diversas células do hospedeiro. O Toxoplasma apresenta-se de diversas maneiras, a depender do hospedeiro: oocisto, taquizoíto e cisto. Os hospedeiros intermediários são principalmente o porco, a ovelha e o ser humano; os hospedeiros definitivos são membros da família Felidae, e o exemplo típico é o gato doméstico. As três principais formas de transmissão da toxoplasmose são a ingesta de carne crua ou malcozida, a exposição a fezes de gatos contaminadas com oocistos e a transmissão vertical na gravidez. Na maioria das vezes a toxoplasmose apresenta-se como uma infecção assintomática; sintomas ocorrem em apenas 10 a 20% dos adultos infectados, quase sempre uma linfadenopatia cervical, outros sintomas incluem febre, mal-estar e hepatoesplenomegalia. TRANSMISSÃO CONGÊNITA A infecção primária ocorrida na gestação pode ser transmitida ao feto pela via transplacentária. A invasão da placenta pelos taquizoítos e a multiplicação dos parasitas nesse local é um cenário provável. A toxoplasmose congênita pode determinar abortamento e malformação fetal, com graves repercussões no recém-nascido, podendo levar ao óbito. Recém-nascidos exibem variedade de sintomas da infecção aguda como, convulsões, esplenomegalia, febre, anemia, icterícia e linfadenopatia. A tríade clássica coriorretinite, hidrocefalia e calcificações intracerebrais (sd. toxoplasmósica) ocorre em apenas 10% dos casos. A maioria das crianças infectadas (70 a 85%) não apresenta sintomas ao nascimento – infecção subclínica ou assintomática – e somente serão diagnosticadas por exames laboratoriais TORCH–DOENÇAS INFECCIOSAS (sorologia IgM). Embora possam parecer saudáveis ao nascimento, 90% desenvolvem sequelas – coriorretinite, comprometimento visual ou auditivo, grave retardo no neurodesenvolvimento Enquanto o risco de transmissão para o feto aumenta com a duração da gravidez (10 a 15% no primeiro trimestre, 25% no segundo e > 60% no terceiro), a sua gravidade diminui, ou seja, se a transmissão ocorrer mais tarde na gravidez, especialmente após 20 semanas, ela é muito menos grave. OBS: A infecção primária adquirida antes da gravidez não afeta o concepto, exceto em mulher imunodeprimida. No entanto, é aconselhável que, após infecção por toxoplasmose, a mulher espere 6 meses para engravidar DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO MATERNA A sorologia IgG e IgM para toxoplasmose é obrigatória na primeira consulta pré-natal. A soroconversão para IgG e IgM preenche os requisitos para o diagnóstico. Mulheres soronegativas serão examinadas mensalmente. Baixos níveis de IgM podem permanecer por diversos anos. Exames pareados, com intervalo de 2 a 3 semanas, com aumento do título de IgG de pelo menos 4 vezes, indicam infecção aguda. Na primeira consulta pré-natal, 5% das grávidas exibem IgM positivo e, destas, a minoria (< 5%) apresentará recém-nascido com infecção congênita, ou seja, o IgM positivo não necessariamente significa uma infecção aguda e, portanto, infecção congênita. O teste de avidez IgG é muito útil para esse propósito, e separa a infecção antiga da recente. A alta avidez (> 60%) no primeiro trimestre significa infecção há > 3 a 4 meses; portanto, antes da gravidez. Ao contrário, a baixa avidez (< 30%) indica infecção recente (< 3 meses); o resultado intermediário (30 a 60%) é inconclusivo. O valor preditivo positivo do teste de avidez é muito superior ao valor preditivo negativo, ou seja, a baixa avidez não assegura a infecção fetal e a alta avidez praticamente a afasta. OBS: Se houver titulação IgG positiva e IgM negativa, a infecção é considerada antiga e o feto, protegido. DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO FETAL O diagnóstico da infecção fetal é feito atualmente pela PCR-LA. O teste só deve ser oferecido após 18 semanas da gestação e decorridas 4 semanas da infecção materna (soroconversão), para reduzir a taxa de resultados falso-negativos. Eventualmente, o diagnóstico pode ser feito por ultrassonografia, que mostra calcificações intracerebrais, ventriculomegalia, microcefalia, hepatoesplenomegalia e CIR acentuado. DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO NO RECÉM-NASCIDO É feito por meio da dosagem do IgM que não atravessa a placenta. TRATAMENTO O tratamento deve ser realizado imediatamente após a soroconversão com a espiramicina (3 g/dia), a fim de reduzir a transmissão fetal (profilaxia secundária). Estima-se que, para alcançar esse objetivo, o tratamento tenha de ser iniciado dentro de 3 semanas da soroconversão (janela da espiramicina), motivo pelo qual a sorologia nas mulheres negativas será mensal (apesar do MS aconselhar ser trimestral, o livro apoia a escola francesa que sugere mensalmente). Caso seja confirmada a infecção fetal pela PCR-LA ou pela ultrassonografia, é iniciado o tratamento com a pirimetamina/sulfadiazina e ácido folínico. A espiramicina, mesmo se a PCR-LA for negativa, não será interrompida, mas mantida durante toda a gestação. O tratamento dos recém-nascidos infectados, inclusive dos assintomáticos, é muito recomendado para reduzir a gravidade das sequelas. Embora o tratamento na gravidez pareça ter grande impacto em reduzir as lesões intracranianas e o desenvolvimento neurológico da criança, até mesmo se associado à medicação após o nascimento, não traria grandes benefícios na coriorretinite. O tratamento do infante com infecção congênita toxoplasmósica deve ser feito com pirimetamina/sulfadiazina e ácido folínico por 1 ano PREVENÇÃO PRIMÁRIA Para a prevenção primária da infecção em mulheres soronegativas, aconselha-se que as mãos de quem lida com carne sejam lavadas com água e sabão antes de assumirem outras tarefas. Todo o material de corte em contato com carne crua deve também ser lavado com água e sabão. O Toxoplasma na carne (cistos) é morto na exposição a calor e frio extremos. A grávida deve evitar contato com gatos ou qualquer objeto contaminado com as suas fezes (caixas de areia), e é obrigatória a prática de jardinagem com luvas. Os vegetais e as frutas devem ser bem lavados antes de ingeridos, pois podem estar contaminados por fezes de gato. SÍFILIS A sífilis é doença venérea sistêmica causada pelo Treponema pallidum. A classificação mais recente é em: sífilis inicial (primária, secundária e latente até 1 ano) e tardia (latente após 1 ano e terciária). Sorologia Existem dois tipos de testes: Testes não específicos (não treponêmicos), como o VDRL (venereal disease research laboratory) Testes específicos (treponêmicos), como o FTA-Abs (fluorescent treponemal antibody absorption) e o teste rápido. O rastreamento é feito com o VDRL, mas a ocorrência de falso-positivos demanda a confirmação por FTA-Abs. Em geral, o VDRL torna- se positivo 1 a 3 semanas após o aparecimento do cancro duro. O VDRL quantitativo também é o teste de escolhade acompanhamento para os casos após o tratamento, uma vez que o FTA-Abs permanece positivo após a infecção sifilítica inicial. Atualmente nos ambulatórios de referência para DST e particularmente na rotina do pré-natal empregam-se teste treponêmicos imunocromatográficos, para triagem, denominados de testes rápidos, por serem de fácil execução e com resultado em cerca de 30 min. O VDRL pode dar falso-positivo em títulos baixos por causa de reações cruzadas e falso- negativo principalmente nas fases primária e latente tardia. O mesmo pode ocorrer com exames treponêmicos, porém, com menor frequência. Sífilis congênita A sorologia VDRL na primeira consulta pré- natal é a medida mais importante para identificar os fetos de risco para a sífilis congênita. O CDC (2015) recomenda, ainda, a repetição do teste no 3o trimestre (28 semanas). A infecção transplacentária pode ocorrer durante quaisquer estágios da doença e idade da gravidez; o comprometimento fetal depende particularmente da treponemia materna. Assim, a taxa de transmissão em mulheres não tratadas será de 70 a 100% nas fases primária, secundária e latente inicial; e de 30% nas fases latente tardia e terciária. A sífilis congênita em mulheres não tratadas é responsável por: •Perda fetal/natimorto •Neomorto •Parto pré-termo/baixo peso •Infante com sífilis congênita •Prognóstico adverso global Os achados de infecção fetal na USG representam uma resposta inflamatória robusta do feto ao treponema e se mostram presentes apenas após 20 semanas da gravidez. A seguir, aparecem listados em ordem decrescente de frequência: •Hepatomegalia •Aumento da velocidade sistólica máxima na artéria cerebral média, sinal de anemia fetal •Placentomegalia •Polidrâmnio •Ascite e hidropisia. Cerca de 50% dos recém-nascidos infectados apresentam sífilis congênita precoce quando os sintomas aparecem nos primeiros 2 anos de vida, ou sífilis congênita tardia quando os sintomas se desenvolvem após os 2 anos de idade. A hepatoesplenomegalia e o exantema são as manifestações iniciais mais comuns da sífilis congênita precoce, que tende a manifestar-se ao nascimento ou dentro de 3 a 7 semanas do parto. As manifestações tardias resultam principalmente da infecção crônica dos ossos (nariz em sela, fronte olímpica), dos dentes e do SNC. Tratamento O tratamento é feito com penicilina G benzatina IM, em esquemas relacionados com a fase clínica da infecção. O parceiro também deve ser tratado. Considera-se a sífilis inadequadamente tratada na gravidez se: •O tratamento foi feito de maneira incompleta •O tratamento foi feito com fármaco diferente da penicilina •A mãe completou o tratamento a menos de 30 dias do parto •O parceiro sexual não foi tratado, não houve documentação do tratamento ou queda dos títulos da sorologia após o tratamento. Nesses casos, o recém-nascido deve ser tratado para sífilis congênita. Não há alternativa satisfatória à penicilina na gravidez e, por isso, as pacientes alérgicas deverão ser dessensibilizadas. O tratamento do recém- nascido com sífilis congênita requer hospitalização e 10 dias de tratamento. RUBÉOLA Após o período de incubação de 14 a 21 dias, a rubéola exterioriza-se como doença de pequena gravidade, caracterizada por linfadenopatia pós- auricular (precede em 5 dias o exantema); exantema maculopapular, que se inicia na parte superior do tórax, estendendo-se depois por todo o corpo; e febrícula. As complicações são mais comuns no adulto e incluem artralgia, artrite, encefalite, neurite e púrpura trombocitopênica. A excreção do vírus pela faringe pode ser detectada 7 dias antes do exantema ou até 7 a 12 dias após o seu início, assim, o paciente é potencialmente infectante por mais de 2 semanas. Diagnóstico laboratorial na grávida A Secretaria de Vigilância em Saúde notificou que a sorologia para rubéola não é mais um exame de rotina no pré-natal para detectar as pacientes suscetíveis, exceto em grávidas com manifestações clínicas e/ou vínculo epidemiológico. Em 20 a 50% dos casos de rubéola, o paciente não apresenta exantema, o que dificulta o diagnóstico; quando feito pelo teste ELISA, o diagnóstico deve ser realizado a partir de: Diagnóstico da infecção fetal Realizada por PCR- LA. Para reduzir os resultados falso-negativos, é necessário esperar 6 a 8 semanas após a infecção materna e 21 semanas de gestação, quando a excreção urinária fetal é maior. Síndrome da rubéola congênita Na gravidez, a infecção no 1° trimestre determina a síndrome da rubéola congênita (SRC), caracterizada pela tríade: catarata, surdez neurossensorial e malformação cardíaca; Além da tríade da SRC já referida, outras manifestações são: CIR, púrpura, icterícia, hepatoesplenomegalia, microcefalia e retardo mental, meningoencefalite. Vacina A vacinação contra sarampo/caxumba/rubéola/varicela (tetraviral) faz parte do calendário vacinal do SUS e é indicada, atualmente, para crianças com 1 ano de idade, com um reforço entre os 4 e os 6 anos. A ocorrência de rubéola e, consequentemente, da SRC tem sido reduzida nos países que implantaram o programa de vacinação. A taxa de soroconversão é de 95% após uma dose da vacina, mas a persistência da imunidade apresenta resultados controversos. A vacinação é recomendada para mulheres suscetíveis em idade fértil e no pós-parto, e está proibida na gravidez. Mulheres vacinadas devem aguardar 1 mês para engravidar. O abortamento provocado não está indicado em mulheres acidentalmente vacinadas durante a gravidez ou que não esperaram os 30 dias para engravidar. CITOMEGALOVÍRUS O CMV é um herpes-vírus. Esse grupo inclui os herpes-vírus simples (HSV) dos tipos 1 e 2, o vírus varicela-zóster (VZV) e o vírus Epstein-Barr (EBV). No caso específico do homem, provoca a doença de inclusão citomegálica. Assim como outros vírus pertencentes à família Herpesviridae, o CMV compartilha propriedades de latência e reativação. Para a maioria das pessoas que adquirem a infecção pelo CMV após o nascimento, a sintomatologia é pobre, síndrome mononucleose- símile, com febre prolongada e hepatite leve, com testes para mononucleose e hepatite negativos. INFECÇÃO CONGÊNITA Para a grávida, as duas vias mais comuns de exposição ao CMV são o contato sexual (sêmen) e o contato com a saliva e a urina de crianças pequenas infectadas. A infecção congênita pelo CMV é responsável por sequelas definitivas e morte na infância em maior número de casos que a síndrome de Down, síndrome alcoólica fetal e defeitos do tubo neural A infecção primária por CMV no 1o trimestre da gravidez é responsável por 10 a 20% de recém-nascidos infectados sintomáticos e, desses, 30% morrem; dos que sobrevivem, 65 a 80% apresentam sequelas definitivas (perda da audição e comprometimento neurológico). Dos 80 a 90% assintomáticos, 5 a 15% desenvolvem sequelas (perda auditiva neurossensorial). A infecção por CMV no 2o e no 3o trimestre da gravidez traz riscos mínimos de sequelas nos fetos infectados. Nos casos em que a infecção materna primária ocorreu após 14 semanas da gestação, não foi observada infecção congênita grave. DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO MATERNA Muito embora adultos com infecção primária pelo CMV tendam a ser assintomáticos (80%), indivíduos podem apresentar uma síndrome mononucleose-símile, com febre, calafrios, mialgias, cefaleia, leucocitose,linfocitose, função hepática anormal e linfadenopatia. O diagnóstico de infecção materna primária pelo CMV é feito por soroconversão IgG ou elevação dos títulos de no mínimo 4 vezes. O IgM específico costuma ser positivo. Na infecção materna primária recente (< 3 meses), o teste de avidez IgG apresenta resultado < 30%. Na infecção recorrente há elevação dos títulos de IgG, o IgM é positivo em 10% dos casos e há alta avidez IgG (> 60% – infecção > 6 meses). OBS: Não está recomendado o rastreamento universal do CMV no pré-natal. O diagnóstico laboratorial na gravidez somente está indicado quando a gestante apresentar sintomatologia semelhante à da mononucleose, ou sinais ultrassonográficos sugestivos de infecção fetal pelo CMV. DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO FETAL Os achados ultrassonográficos são importantes, mas não diagnósticos, pois são comuns a outras doenças fetais. Além disso, as alterações ultrassonográficas somente são observadas em menos de 25% dos fetos infectados. As mais frequentes incluem crescimento intrauterino restrito (CIR), ventriculomegalia, calcificação periventricular e hepática, microcefalia e intestino hiperecogênico. Contudo, o teste usual para o diagnóstico da infecção fetal pelo CMV é o PCR no líquido amniótico (PCR-CMV). Para conseguir boa sensibilidade, a amniocentese deve ser realizada 7 semanas após o início da infecção materna (soroconversão) e depois de 21 semanas da gravidez. Embora a PCR positiva no líquido amniótico seja altamente preditivo de infecção pelo CMV, ela não prevê a sua gravidade. Após o diagnóstico da infecção fetal por amniocentese, a ultrassonografia está indicada a cada 2 semanas para a detecção de anormalidades, especialmente cerebrais, assim como para se avaliar o crescimento fetal. Se a PCR der negativo a ultrassonografia deve ser repetida após 4 a 6 semanas. DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO NO RECÉM-NASCIDO Os achados clínicos da infecção congênita sintomática pelo CMV incluem icterícia, petéquias, trombocitopenia, hepatoesplenomegalia, CIR, miocardite e hidropisia fetal não imune. A infecção congênita pelo CMV pode ser diagnosticada se o recém-nascido apresentar o vírus na urina, na saliva ou em qualquer outro tecido até 2 a 3 semanas após o nascimento. Se os testes virológicos forem realizados depois desse período, não há como diferenciar a infecção congênita da adquirida após o parto. Como metade das grávidas apresenta anticorpos IgG específicos para o CMV, e eles atravessam a placenta, o achado no recém-nascido reflete apenas imunidade passiva. A IgM positiva parece ser conclusiva. Em geral, recém-nascidos com infecção pelo CMV adquirida após o parto não apresentam problemas, a não ser quando são extremamente pré-termo ou de muito baixo peso. Alterações à ultrassonografia no caso de infecção congênita por citomegalovírus. Ventriculomegalia Calcificação periventricular Calcificação hepática Intestino hiperecogênico Crescimento intrauterino restrito (CIR) Placentomegalia TRATAMENTO Nenhum tratamento está indicado para a infecção pelo CMV em pessoas saudáveis. O tratamento antivirótico é prescrito para pacientes imunodeprimidos (AIDS, transplantados de órgãos) com infecção por CMV potencialmente fatal. Todas as crianças infectadas por CMV de modo congênito devem ser submetidas regularmente a testes auditivos e visuais. Há dados limitados sobre o emprego do ganciclovir em recém-nascidos com infecção congênita por CMV e envolvimento do sistema nervoso central, com o propósito de evitar perda auditiva e outras sequelas neurológicas. O ganciclovir pode apresentar graves efeitos colaterais e por isso Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas não recomenda o seu uso, assim como a administração da globulina hiperimune-CMV em mulheres com infecção primária também não é recomendada pelo ACOG. PREVENÇÃO A prevenção primária é universal, qualquer que seja o estado imunológico CMV materno. Constituindo grupo de risco as grávidas em contato com crianças pequenas que excretam o vírus pela saliva ou pela urina, o que ocorre em 20% dos casos. A transmissão ocorre pela saliva e pela urina infectadas em contato com olhos, nariz e boca da mulher. As grávidas podem tomar medidas simples para evitar o contato com a saliva e a urina de crianças e, assim, reduzir o risco de exposição ao CMV e, consequentemente, de transmissão congênita: Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por 20 s, especialmente após: Troca de fraldas Alimentação e limpeza de nariz de bebês Contato com brinquedos infantis Não compartilhar comida, líquidos ou utensílios de alimentação com bebês pequenos Não colocar chupetas na boca Não compartilhar escova de dentes com crianças Evitar contato com saliva ao beijar uma criança Limpar brinquedos, qualquer utensílio ou superfície que ficar em contato com urina ou saliva do bebê. O ACOG (2015) acredita que essas medidas são de difícil implementação e a sua eficácia não está comprovada. OBS: Atendendo à viremia da infecção por CMV, aconselha-se que, após a ocorrência de infecção primária, a mulher evite a gravidez por pelo menos 6 meses.
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