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ESPECIAL LINDB Modulo 02

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1	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
INTERPRETAÇÃO	
  DA	
  LEI	
  	
  
	
  
CONCEITO	
  E	
  OBJETO	
  
	
  
Interpretação	
   é	
   a	
   atividade	
   mental	
   que	
   procura	
   estabelecer	
   o	
   conteúdo	
   e	
   o	
   significado	
  
contido	
  na	
  lei.	
  	
  
A	
  ciência	
  que	
  disciplina	
  e	
  orienta	
  a	
  interpretação	
  das	
  leis	
  é	
  chamada	
  de	
  hermenêutica	
  jurídica.	
  
Toda	
  lei,	
  por	
  mais	
  clara	
  que	
  seja,	
  deve	
  ser	
  necessariamente	
  interpretada.	
  Sobremais,	
  a	
  clareza	
  
só	
  aflora	
  após	
  uma	
  interpretação.	
  
O	
   objeto	
   da	
   interpretação	
   é	
   a	
   busca	
   da	
   vontade	
   da	
   lei	
   e	
   não	
   do	
   legislador.	
   Uma	
   vez	
  
promulgada,	
  a	
  lei	
  desvincula-­‐se	
  do	
  pensamento	
  daqueles	
  que	
  a	
  elaboraram.	
  	
  
	
  
FUNÇÕES	
  DA	
  INTERPRETAÇÃO	
  
	
  
As	
  funções	
  da	
  interpretação	
  são:	
  
	
  
a)	
   viabilizar	
   a	
   aplicação	
   da	
   norma	
   jurídica	
   ao	
   caso	
   concreto.	
   Qualquer	
   lei,	
   seja	
   clara	
   ou	
  
ambígua,	
  submete-­‐se	
  a	
  um	
  processo	
  de	
  interpretação	
  para	
  só	
  depois	
  ser	
  aplicada.	
  
b)	
  adaptar	
  a	
  lei	
  à	
  realidade	
  atual,	
  fazendo	
  com	
  que	
  ela	
  se	
  desvencilhe	
  do	
  contexto	
  social	
  que	
  
lhe	
  deu	
  origem,	
  quando	
  este	
  tornar-­‐se	
  arcaico.	
  
c)	
   amenizar	
   o	
   eventual	
   rigor	
   excessivo	
   da	
   lei,	
   temperando	
   o	
   seu	
   alcance	
   para	
   que	
   possa	
  
atender	
  aos	
  fins	
  sociais	
  e	
  às	
  exigências	
  do	
  bem	
  comum,	
  conforme	
  preceitua	
  o	
  art.	
  5º	
  da	
  LINDB.	
  
	
  
Os	
  fins	
  sociais	
  e	
  o	
  bem	
  comum	
  nada	
  mais	
  são	
  do	
  que	
  a	
  própria	
  ética	
  da	
  vida	
  em	
  comunidade,	
  
compreendendo	
  o	
  modelo	
  ético	
  do	
  comportamento	
  humano	
  social.	
  
A	
   expressão	
   “fins	
   sociais”	
   refere-­‐se	
   aos	
   fins	
   do	
   direito	
   que	
   o	
   intérprete	
   deve	
   encontrar	
  
embutido	
  na	
  lei.	
  O	
  bem	
  comum,	
  por	
  sua	
  vez,	
  é	
  o	
  fim	
  da	
  vida	
  social,	
   isto	
  é,	
  os	
  fins	
  que	
  inspiram	
  a	
  
elaboração	
  da	
  lei.	
  Portanto,	
  o	
  intérprete	
  deve	
  procurar	
  desvendar	
  as	
  duas	
  finalidades	
  contidas	
  na	
  
lei,	
  isto	
  é,	
  a	
  finalidade	
  do	
  Direito	
  e	
  a	
  finalidade	
  da	
  vida	
  social	
  
	
  
INTERPRETAÇÃO	
  QUANTO	
  AO	
  SUJEITO	
  
	
  
Quanto	
  ao	
  sujeito	
  que	
  a	
  realiza,	
  a	
  interpretação	
  pode	
  ser:	
  autêntica,	
  doutrinária	
  e	
  judicial.	
  
Interpretação	
  autêntica	
  ou	
  legislativa	
  é	
  a	
  que	
  emana	
  do	
  próprio	
  legislador,	
  quando	
  edita	
  uma	
  
norma	
  com	
  o	
  objetivo	
  de	
  esclarecer	
  o	
  conteúdo	
  de	
  outra	
   lei.	
  É	
  a	
  chamada	
   lei	
   interpretativa.	
  Essa	
  
interpretação	
  tem	
  força	
  obrigatória.	
  Exemplos:	
  o	
  conceito	
  de	
  causa	
  (art.	
  13	
  do	
  CP)	
  e	
  o	
  conceito	
  de	
  
funcionário	
  público	
  (art.	
  327	
  do	
  CP).	
  A	
  interpretação	
  autêntica	
  pode	
  ser:	
  
	
  
a)	
  interpretação	
  contextual:	
  é	
  a	
  que	
  se	
  realiza	
  no	
  próprio	
  texto	
  da	
  lei;	
  
b)	
  interpretação	
  posterior:	
  ocorre	
  quando	
  a	
  lei	
  interpretativa	
  surge	
  depois	
  da	
  lei	
  interpretada.	
  
	
  
A	
   lei	
   interpretativa	
   posterior	
   tem	
   eficácia	
   retroativa	
   (ex	
   tunc),	
   só	
   não	
   abrange	
   os	
   casos	
  
definitivamente	
   julgados.	
   A	
   lei	
   interpretativa	
   não	
   cria	
   situação	
   nova;	
   ela	
   simplesmente	
   torna	
  
obrigatória	
  uma	
  exegese	
  que	
  o	
  juiz,	
  antes	
  mesmo	
  de	
  sua	
  promulgação,	
  já	
  podia	
  adotar.	
  	
  
Não	
   há	
   qualquer	
   discrepância	
   na	
   doutrina	
   no	
   sentido	
   de	
   que	
   a	
   lei	
   interpretativa	
   posterior	
  
retroage	
  até	
  a	
  data	
  da	
  entrada	
  em	
  vigor	
  da	
  lei	
  interpretada.	
  	
  
Interpretação	
  doutrinária	
  ou	
  científica	
  é	
  a	
  oriunda	
  da	
  doutrina,	
  isto	
  é,	
  dos	
  teóricos	
  do	
  direito	
  
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Adriana de Souza Melo Franciulli
CPF - 307.111.798-16
 
 
	
  
	
   2	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
penal.	
  Não	
  tem	
  força	
  obrigatória.	
  
Interpretação	
   judicial	
  ou	
   jurisprudencial	
  é	
  a	
   realizada	
  pelos	
  magistrados	
  na	
  decisão	
  do	
  caso	
  
concreto.	
  Não	
  tem	
  força	
  obrigatória,	
  salvo	
  para	
  o	
  caso	
  concreto,	
  quando	
  a	
  sentença	
  que	
  a	
  adotou	
  
transitar	
   em	
   julgado.	
   É	
   também	
   obrigatória,	
   vinculando	
   todos	
   os	
  magistrados,	
   a	
   decisão	
   do	
   STF	
  
declarando	
  a	
  constitucionalidade	
  ou	
  inconstitucionalidade	
  da	
  lei,	
  no	
  controle	
  por	
  via	
  de	
  ação	
  direta.	
  
Já	
  no	
  controle	
  por	
  via	
  de	
  exceção,	
  uma	
  vez	
  declarada	
  inconstitucional	
  por	
  decisão	
  definitiva	
  do	
  STF,	
  
a	
  lei	
  só	
  perde	
  a	
  eficácia	
  quando	
  o	
  Senado,	
  por	
  resolução,	
  suspender	
  sua	
  aplicação.	
  
	
  Por	
   outro	
   lado,	
   ingressou	
   no	
   ordenamento	
   jurídico	
   pátrio	
   o	
   polêmico	
   instituto	
   da	
   súmula	
  
vinculante	
   do	
   STF.	
   Com	
   efeito,	
   dispõe	
   o	
   art.	
   103-­‐A	
   da	
   EC	
   n.	
   45/2004	
   que	
   o	
   Supremo	
   Tribunal	
  
Federal	
  poderá,	
  de	
  ofício	
  ou	
  por	
  provocação,	
  mediante	
  decisão	
  de	
  dois	
  terços	
  dos	
  seus	
  membros,	
  
após	
   reiteradas	
   decisões	
   sobre	
   matéria	
   constitucional,	
   aprovar	
   súmula	
   que,	
   a	
   partir	
   de	
   sua	
  
publicação	
   na	
   imprensa	
   oficial,	
   terá	
   efeito	
   vinculante	
   em	
   relação	
   aos	
   demais	
   órgãos	
   do	
   Poder	
  
Judiciário	
   e	
   à	
   Administração	
   Pública,	
   direta	
   e	
   indireta,	
   nas	
   esferas	
   federal,	
   estadual	
   e	
  municipal,	
  
bem	
  como	
  proceder	
  à	
  sua	
  revisão	
  ou	
  cancelamento,	
  na	
  forma	
  estabelecida	
  em	
  lei.	
  	
  
No	
   §	
   1º	
   dispõe	
   que	
   a	
   Súmula	
   terá	
   por	
   objetivo	
   a	
   validade,	
   a	
   interpretação	
   e	
   a	
   eficácia	
   de	
  
normas	
  determinadas,	
   acerca	
   das	
   quais	
   haja	
   controvérsia	
   atual	
   entre	
   órgãos	
   judiciários	
   ou	
   entre	
  
esses	
  e	
  a	
  Administração	
  Pública	
  que	
  acarrete	
  grave	
   insegurança	
   jurídica	
  e	
  relevante	
  multiplicaçãode	
  processos	
  sobre	
  questão	
  idêntica.	
  	
  
O	
  §	
  2º	
  estabelece	
  que	
  sem	
  prejuízo	
  do	
  que	
  vier	
  a	
  ser	
  estabelecido	
  em	
  lei,	
  a	
  aprovação,	
  revisão	
  
ou	
   cancelamento	
   de	
   súmula	
   poderá	
   ser	
   provocada	
   por	
   aqueles	
   que	
   podem	
   propor	
   a	
   ação	
   de	
  
inconstitucionalidade.	
  	
  
E	
   em	
   seu	
   §	
   3º	
   diz	
   que	
   do	
   ato	
   administrativo	
   ou	
   decisão	
   judicial	
   que	
   contrariar	
   a	
   súmula	
  
aplicável	
   ou	
   que	
   indevidamente	
   a	
   aplicar,	
   caberá	
   reclamação	
   ao	
   Supremo	
   Tribunal	
   Federal	
   que,	
  
julgando-­‐a	
   procedente,	
   anulará	
   o	
   ato	
   administrativo	
   ou	
   cassará	
   a	
   decisão	
   judicial	
   reclamada,	
   e	
  
determinará	
  que	
  outra	
  seja	
  proferida	
  com	
  ou	
  sem	
  a	
  aplicação	
  da	
  súmula,	
  conforme	
  o	
  caso.	
  
A	
  Exposição	
  de	
  Motivos	
  do	
  Código	
  Penal	
  não	
  é	
  interpretação	
  autêntica,	
  pois	
  não	
  é	
  lei.	
  É	
  uma	
  
simples	
  interpretação	
  doutrinária.	
  Não	
  tem,	
  portanto,	
  força	
  obrigatória.	
  
	
  
INTERPRETAÇÃO	
  QUANTO	
  AOS	
  MÉTODOS	
  
	
  
A	
   interpretação	
  é	
  um	
  processo	
  unitário,	
  desenvolvido,	
  sucessivamente,	
  por	
  dois	
  métodos:	
  o	
  
gramatical	
  e	
  o	
  lógico.	
  
A	
  interpretação	
  gramatical	
  ou	
  literal	
  prende-­‐se	
  à	
  análise	
  sintática	
  das	
  palavras,	
  esclarecendo	
  
se	
  o	
  termo	
  foi	
  empregado	
  no	
  sentido	
  vulgar.	
  De	
  acordo	
  com	
  o	
  art.	
  5º	
  da	
  LINDB,	
  “na	
  aplicação	
  da	
  lei,	
  
o	
  juiz	
  atenderá	
  aos	
  fins	
  sociais	
  a	
  que	
  ela	
  se	
  dirige	
  e	
  às	
  exigências	
  do	
  bem	
  comum”.	
  
A	
   interpretação	
   teleológica,	
   na	
   busca	
   do	
   verdadeiro	
   escopo	
   da	
   lei,	
   serve-­‐se	
   dos	
   seguintes	
  
elementos:	
  
	
  
a)	
  Histórico:	
  analisa	
  a	
  realidade	
  social	
  existente	
  ao	
  tempo	
  da	
  promulgação	
  da	
  lei,	
  bem	
  como	
  
os	
  trabalhos,	
  discussões	
  e	
  debates	
  que	
  a	
  antecederam.	
  Todavia	
  o	
  que	
  importa	
  é	
  o	
  significado	
  atual	
  
da	
  norma,	
  e	
  não	
  o	
  seu	
  sentido	
  pretérito.	
  
b)	
   Sistemático:	
   analisa	
   a	
   coerência	
   entre	
   a	
   lei	
   interpretada	
   e	
   os	
   outros	
   dispositivos	
   legais,	
  
buscando	
   extrair	
   uma	
   harmonia	
   entre	
   ela	
   e	
   a	
   ordem	
   jurídica	
   como	
   um	
   todo.	
   Confronta-­‐se	
   a	
   lei	
  
interpretada	
  com	
  as	
  outras,	
  procurando	
  harmonizá-­‐la	
  com	
  o	
  sistema	
  jurídico.	
  Uma	
  lei	
  não	
  deve	
  ser	
  
interpretada	
  isoladamente,	
  mas	
  em	
  conjunto	
  com	
  as	
  demais.	
  Nessa	
  interpretação,	
  a	
  rubrica,	
  isto	
  é,	
  o	
  
nomen	
  juris	
  do	
  delito,	
  acaba	
  exercendo	
  importante	
  papel.	
  
c)	
   Direito	
   comparado:	
   analisa	
   a	
   interpretação	
   dada	
   pelo	
   direito	
   estrangeiro	
   sobre	
   uma	
   lei	
  
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Adriana de Souza Melo Franciulli
CPF - 307.111.798-16
 
 
	
  
	
   3	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
semelhante	
  à	
  nacional.	
  
d)	
   Extrajurídico:	
   analisa	
   o	
   significado	
  do	
   termo	
  à	
   luz	
   de	
  outras	
   ciências	
   diversas	
   do	
  direito,	
  
medicina,	
  filosofia,	
  química	
  etc.	
  Exemplos:	
  as	
  expressões	
  “doença	
  mental”	
  (psiquiatria)	
  e	
  “veneno”	
  
(química).	
  
	
  
INTERPRETAÇÃO	
  QUANTO	
  AO	
  RESULTADO	
  
	
  
Quanto	
   ao	
   resultado	
  ou	
   conclusão	
  obtida,	
   a	
   interpretação	
  pode	
   ser:	
   declarativa,	
   extensiva,	
  
restritiva	
  e	
  ab-­‐rogante.	
  
Interpretação	
  declaratória	
  é	
  a	
  que	
  apresenta	
  coincidência	
  entre	
  o	
  texto	
  e	
  a	
  vontade	
  da	
  lei.	
  É	
  
uma	
  interpretação	
  normal,	
  sem	
  tropeços;	
  nada	
  há	
  a	
  suprimir	
  ou	
  acrescentar.	
  
Interpretação	
  extensiva	
  é	
  a	
  que	
  amplia	
  o	
  texto	
  da	
  lei,	
  adaptando-­‐o	
  à	
  sua	
  real	
  vontade.	
  Ocorre	
  
quando	
  a	
  lei	
  disse	
  menos	
  do	
  que	
  queria	
  dizer	
  (minus	
  dixit	
  quam	
  voluit).	
  Na	
  interpretação	
  extensiva,	
  
o	
   fato	
   está	
   implicitamente	
   previsto	
   no	
   texto	
   da	
   lei.	
   É	
   admissível	
   o	
   seu	
   emprego	
   até	
  mesmo	
   nas	
  
normas	
  penais	
  incriminadoras.	
  Aplicam-­‐se,	
  para	
  justificar	
  a	
  interpretação	
  extensiva,	
  os	
  argumentos	
  
da	
  lógica	
  dedutiva:	
  	
  
a)	
  argumento	
  a	
  fortiori:	
  se	
  a	
  lei	
  prevê	
  um	
  caso	
  deve	
  estendê-­‐la	
  a	
  outro	
  caso	
  em	
  que	
  a	
  razão	
  
da	
  lei	
  se	
  manifeste	
  com	
  maior	
  vigor;	
  	
  
b)	
  argumento	
  a	
  maiori	
  ad	
  minus:	
  o	
  que	
  é	
  válido	
  para	
  o	
  mais	
  deve	
  também	
  ser	
  válido	
  para	
  o	
  
menos;	
  
c)	
  argumento	
  a	
  minori	
  ad	
  maius:	
  	
  o	
  que	
  é	
  proibido	
  para	
  o	
  menos	
  é	
  proibido	
  para	
  o	
  mais.	
  	
  
Interpretação	
  restritiva	
  é	
  a	
  que	
  diminui	
  a	
  amplitude	
  do	
  texto	
  da	
   lei,	
  adaptando-­‐o	
  à	
  sua	
  real	
  
vontade.	
  A	
  lei	
  disse	
  mais	
  do	
  que	
  queria	
  dizer	
  (plus	
  dixit	
  quam	
  voluit).	
  
Interpretação	
  ab-­‐rogante	
  é	
  aquela	
  em	
  que,	
  diante	
  da	
  incompatibilidade	
  absoluta	
  e	
  irredutível	
  
entre	
   dois	
   preceitos	
   legais	
   ou	
   entre	
   um	
   dispositivo	
   de	
   lei	
   e	
   um	
   princípio	
   geral	
   do	
   ordenamento	
  
jurídico,	
  conclui-­‐se	
  pela	
  inaplicabilidade	
  da	
  lei	
  interpretada.	
  
	
  
INTERPRETAÇÃO	
  PROGRESSIVA	
  
	
  
Interpretação	
  progressiva,	
  também	
  chamada	
  adaptativa	
  ou	
  evolutiva,	
  é	
  a	
  que	
  amolda	
  a	
  lei	
  à	
  
realidade	
  atual.	
  Na	
  verdade,	
  toda	
  interpretação	
  deve	
  ser	
  progressiva,	
  sob	
  pena	
  de	
  a	
  lei	
  desvirtuar-­‐
se	
  dos	
  fins	
  sociais	
  e	
  das	
  exigências	
  do	
  bem	
  comum.	
  
É	
   claro	
   que	
   a	
   interpretação	
   evolutiva	
   não	
   é	
   direito	
   livre.	
   Com	
   efeito,	
   o	
   juiz	
   não	
   pode	
   criar	
  
normas	
  jurídicas;	
  veda-­‐lhe	
  o	
  princípio	
  da	
  separação	
  dos	
  Poderes.	
  O	
  intérprete,	
  porém,	
  deve	
  adaptar	
  
os	
  termos	
  da	
  lei	
  às	
  concepções	
  atuais.	
  
	
  
MECANISMOS	
  DE	
  INTEGRAÇÃO	
  DO	
  ORDENAMENTO	
  JURÍDICO	
  
	
  
INTRODUÇÃO	
  
	
  
De	
  acordo	
  com	
  o	
  princípio	
  da	
  indeclinabilidade	
  da	
  jurisdição,	
  o	
  juiz	
  é	
  obrigado	
  a	
  decidir,	
  ainda	
  
que	
  nãohaja	
  lei	
  disciplinando	
  o	
  caso	
  concreto.	
  	
  
Diante	
   da	
   lacuna,	
   isto	
   é,	
   ausência	
   de	
   lei	
   regulando	
   determinada	
   situação	
   jurídica,	
   torna-­‐se	
  
necessário	
  ao	
  magistrado	
  valer-­‐se	
  dos	
  mecanismos	
  de	
  integração	
  do	
  ordenamento	
  jurídico,	
  que	
  são	
  
a	
  analogia,	
  os	
  costumes,	
  os	
  princípios	
  gerais	
  do	
  direito	
  e	
  a	
  equidade.	
  	
  
É	
  certo,	
  pois,	
  que	
  o	
  art.	
  4º	
  da	
  LINDB	
  não	
  se	
  refere	
  à	
  equidade.	
  	
  
Todavia,	
  caso	
  os	
  outros	
  mecanismos	
  de	
  integração	
  sejam	
  insuficientes,	
  outra	
  saída	
  não	
  há	
  a	
  
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Adriana de Souza Melo Franciulli
CPF - 307.111.798-16
 
 
	
  
	
   4	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
não	
  ser	
  solucionar	
  a	
  lide	
  pela	
  equidade.	
  	
  
	
  
ANALOGIA	
  
	
  
INTEGRAÇÃO	
  DO	
  ORDENAMENTO	
  JURÍDICO	
  
	
  
O	
   legislador	
  não	
  poderia	
  prever,	
  de	
  antemão,	
  todas	
  as	
  hipóteses	
  passíveis	
  de	
  ocorrência	
  na	
  
vida	
  real.	
  É,	
  pois,	
  natural	
  que	
  a	
  lei	
  contenha	
  lacunas.	
  
Na	
  ausência	
  ou	
  lacuna	
  da	
  lei,	
  surgem	
  os	
  mecanismos	
  de	
  integração	
  do	
  ordenamento	
  jurídico:	
  
analogia,	
  costumes,	
  princípios	
  gerais	
  do	
  direito	
  e	
  equidade.	
  	
  
O	
  direito	
  não	
  tem	
  lacunas	
  porque	
  ele	
  não	
  se	
  expressa	
  apenas	
  através	
  da	
  lei.	
  Esta,	
  sim,	
  pode	
  
ser	
  lacunosa	
  e	
  até	
  ausente	
  na	
  disciplina	
  do	
  caso	
  concreto.	
  
Analogia,	
  costumes,	
  princípios	
  gerais	
  do	
  direito	
  e	
  equidade	
  são	
  outras	
   formas	
  de	
  expressão	
  
do	
  direito,	
  aplicáveis	
  somente	
  na	
  ausência	
  ou	
  lacuna	
  da	
  lei.	
  
Efetivamente,	
  dispõe	
  o	
  art.	
  4º	
  da	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  ao	
  Código	
  Civil:	
  
“Quando	
  a	
  lei	
  for	
  omissa,	
  o	
  juiz	
  decidirá	
  o	
  caso	
  de	
  acordo	
  com	
  a	
  analogia,	
  os	
  costumes	
  e	
  os	
  
princípios	
  gerais	
  de	
  direito”.	
  
A	
  integração	
  da	
  lei	
  penal,	
  porém,	
  só	
  acontece	
  no	
  campo	
  das	
  normas	
  não	
  incriminadoras,	
  que	
  
beneficiam	
  o	
  réu.	
  O	
  nullum	
  crimen,	
  nulla	
  poena	
  sine	
  lege	
  impede	
  que,	
  na	
  ausência	
  ou	
  lacuna	
  da	
  lei,	
  
o	
  delito	
  seja	
  criado	
  pela	
  analogia,	
  costumes	
  ou	
  princípios	
  gerais	
  do	
  direito.	
  
	
  
CONCEITO	
  E	
  FUNDAMENTO	
  
	
  
A	
  analogia	
  é	
  a	
  aplicação,	
  ao	
  caso	
  não	
  previsto	
  em	
  lei,	
  de	
  lei	
  reguladora	
  de	
  caso	
  semelhante.	
  
Não	
   se	
   trata	
   de	
  mera	
   interpretação	
   da	
   lei,	
   mas,	
   sim,	
   de	
   um	
  mecanismo	
   de	
   integração	
   do	
  
ordenamento	
  jurídico.	
  
O	
   fundamento	
  da	
   analogia	
   é	
  o	
   argumento	
  pari	
   ratione,	
   da	
   lógica	
  dedutiva,	
   segundo	
  o	
  qual	
  
para	
  a	
  solução	
  do	
  caso	
  omisso	
  aplica-­‐se	
  o	
  mesmo	
  raciocínio	
  do	
  caso	
  semelhante.	
  
	
  
ESPÉCIES	
  DE	
  ANALOGIA	
  
	
  
A	
  doutrina	
  ainda	
  costuma	
  distinguir	
  a	
  analogia	
  em:	
  legal	
  e	
  jurídica.	
  A	
  primeira	
  aplica,	
  ao	
  caso	
  
omisso,	
   lei	
  que	
   regula	
   caso	
   semelhante.	
  A	
   segunda	
  aplica,	
  ao	
  caso	
  omisso,	
  um	
  princípio	
  geral	
  do	
  
direito.	
  A	
  analogia	
  jurídica	
  distingue-­‐se	
  da	
  aplicação	
  direta	
  do	
  princípio	
  geral	
  do	
  direito.	
  Com	
  efeito,	
  
na	
  analogia	
   jurídica,	
  aplica-­‐se,	
  ao	
  caso	
  não	
  previsto	
  em	
  lei,	
  um	
  princípio	
  geral	
  do	
  direito	
  que	
  rege	
  
caso	
  semelhante.	
  Já	
  o	
  princípio	
  geral	
  do	
  direito	
  é	
  aplicado	
  diretamente	
  ao	
  caso	
  omisso.	
  
	
  
NORMAS	
  QUE	
  NÃO	
  ADMITEM	
  ANALOGIA	
  
	
  
Não	
  admitem	
  o	
  emprego	
  da	
  analogia:	
  
a) leis	
   restritivas	
   de	
   direito:	
   são	
   as	
   que	
   proíbem	
   certa	
   conduta.	
   Por	
   força	
   do	
   princípio	
   da	
  
legalidade,	
  previsto	
  no	
  art.	
  5º,	
   inc.	
   II,	
  da	
  CF,	
  o	
  que	
  não	
   for	
  proibido	
  por	
   lei	
  é	
  permitido,	
  
vedando-­‐se,	
  	
  por	
  consequência,	
  a	
  analogia.	
  	
  
b) leis	
  excepcionais:	
  são	
  as	
  que	
  regulam	
  de	
  modo	
  contrário	
  à	
  regra	
  geral.	
  A	
  capacidade	
  civil,	
  
por	
  exemplo,	
  é	
  uma	
  regra	
  geral,	
  sendo,	
  pois,	
  presumida.	
  As	
  exceções,	
  vale	
  dizer,	
  os	
  casos	
  
de	
   incapacidade,	
   encontram-­‐se	
   nos	
   arts.	
   3º	
   e	
   4º	
   do	
   CC,	
   cujos	
   róis	
   não	
   podem	
   ser	
  
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   5	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
ampliados	
  por	
  analogia.	
  Com	
  efeito,	
  o	
  pressuposto	
  da	
  analogia	
  é	
  a	
  lacuna	
  da	
  lei,	
  isto	
  é,	
  a	
  
ausência	
   de	
   lei	
   que	
   regule	
   determinada	
   situação	
   jurídica.	
   No	
   caso,	
   não	
   há	
   falar-­‐se	
   em	
  
lacuna,	
   porquanto	
   as	
   situações	
   não	
   elencadas	
   na	
   lei	
   excepcional	
   encontram-­‐se	
  
automaticamente	
  abrangidas	
  pela	
  norma	
  geral.	
  	
  
c) leis	
  administrativas:	
  são	
  as	
  que	
  disciplinam	
  a	
  atividade	
  administrativa	
  do	
  Estado.	
  O	
  direito	
  
administrativo	
   é	
   regido	
   pelo	
   princípio	
   da	
   legalidade,	
   segundo	
   o	
   qual	
   o	
   administrador	
  
público	
   só	
   pode	
   fazer	
   aquilo	
   que	
   a	
   lei	
   o	
   autoriza,	
   de	
   forma	
   expressa	
   ou	
   implícita.	
  
Administrar	
  é,	
  portanto,	
   cumprir	
  a	
   lei.	
   Se	
  a	
   lei	
  não	
  autoriza	
  é	
  porque	
  o	
   fato	
  é	
  proibido,	
  
razão	
  pela	
  qual	
  torna-­‐se	
  inviável	
  o	
  emprego	
  da	
  analogia.	
  	
  
	
  
COSTUMES	
  
	
  
	
  Costume	
  é	
  a	
  repetição	
  da	
  conduta,	
  de	
  maneira	
  constante	
  e	
  uniforme,	
  em	
  razão	
  da	
  convicção	
  
de	
   sua	
   obrigatoriedade.	
   O	
   costume	
   requer	
   dois	
   elementos:	
   o	
   objetivo	
   (repetição	
   do	
  
comportamento)	
  e	
  o	
  subjetivo	
  (convicção	
  de	
  sua	
  obrigatoriedade).	
  
	
   A	
  norma	
  costumeira,	
  que	
  também	
  é	
  norma	
  jurídica,	
  pois	
  é	
  uma	
  das	
  formas	
  de	
  manifestação	
  
do	
   direito,	
   não	
   surge	
   ex	
   abrupto,	
   e,	
   sim,paulatinamente,	
   à	
   medida	
   que	
   o	
   povo	
   vai	
   tomando	
  
consciência	
  de	
  sua	
  necessidade	
  jurídica.	
  
No	
  Brasil,	
  há	
  o	
  predomínio	
  da	
  lei	
  escrita	
  sobre	
  a	
  norma	
  consuetudinária.	
  E,	
  no	
  aspecto	
  penal,	
  
o	
  costume	
  nunca	
  pode	
  ser	
  empregado	
  para	
  criar	
  delitos	
  ou	
  aumentar	
  penas.	
  Sua	
  intromissão	
  nesse	
  
campo,	
  que	
  é	
  restrito	
  à	
  lei,	
  é	
  barrada	
  pelo	
  princípio	
  da	
  reserva	
  legal.	
  
Os	
  costumes	
  distinguem-­‐se	
  em:	
  
	
  
a) Costume	
  secundum	
  legem:	
  é	
  o	
  que	
  auxilia	
  a	
  esclarecer	
  o	
  conteúdo	
  de	
  certos	
  elementos	
  da	
  
lei	
  .	
  
b) Costume	
  contra	
  legem	
  ou	
  negativo:	
  é	
  o	
  que	
  contraria	
  a	
  lei.	
  	
  
c) Costume	
  praeter	
   legem:	
  é	
  o	
  que	
  supre	
  a	
  ausência	
  ou	
   lacuna	
  da	
   lei.	
  É	
  o	
  chamado	
  costume	
  
integrativo.	
  	
  
	
  
Acrescente-­‐se	
  ainda	
  que	
  os	
  costumes	
  auxiliam	
  na	
  análise	
  dos	
  chamados	
  standard	
  jurídico.	
  De	
  
acordo	
  com	
  Limongi	
  França,	
  standard	
   jurídico	
  é	
  o	
  critério	
  básico	
  de	
  avaliação	
  de	
  certos	
  preceitos	
  
jurídicos	
   indefinidos,	
   variáveis	
   no	
   tempo	
   e	
   no	
   espaço,	
   como,	
   por	
   exemplo,	
   a	
   noção	
   de	
   castigar	
  
imoderadamente	
  o	
  filho	
  a	
  que	
  faz	
  menção	
  o	
  art.	
  1638,	
  inc.	
  I,	
  do	
  CC.	
  
Finalmente,	
   o	
   costume	
   judiciário	
   ou	
   jurisprudência	
   é	
   o	
   conjunto	
   de	
   decisões	
   judiciais	
   no	
  
mesmo	
  sentido,	
  prolatadas	
  de	
  maneira	
  uniforme	
  e	
  constante.	
  Nem	
  toda	
  decisão	
   judicial	
  constitui	
  
jurisprudência.	
   Esta	
  não	
   se	
   confunde	
  com	
  ato	
   jurisprudencial	
  particularmente	
   considerado.	
  Urge,	
  
para	
  caracterização	
  da	
  jurisprudência,	
  que	
  a	
  decisão	
  se	
  repita	
  de	
  maneira	
  uniforme	
  e	
  constante.	
  No	
  
Brasil,	
   em	
   regra,	
   a	
   jurisprudência	
   não	
   tem	
   valor	
   vinculante,	
   de	
   modo	
   que	
   o	
   magistrado	
   pode	
  
afastar-­‐se	
   de	
   sua	
   orientação.	
   Em	
   certos	
   casos,	
   porém,	
   a	
   decisão	
   judicial	
   tem	
   efeito	
   vinculante,	
  
aplicando-­‐se,	
  a	
  outros	
  casos	
  concretos.	
  Refiro-­‐me	
  às	
  seguintes	
  hipóteses:	
  	
  
a) lei	
  declarada	
  inconstitucional	
  em	
  ação	
  direta	
  de	
  inconstitucionalidade	
  movida	
  perante	
  o	
  STF.	
  
Nesse	
  caso,	
  todos	
  os	
  magistrados	
  devem	
  observar	
  essa	
  decisão,	
  abstendo-­‐se	
  de	
  aplicar	
  essa	
  
lei.	
  
b) lei	
  declarada	
  constitucional	
  em	
  ação	
  declaratória	
  de	
  constitucionalidade	
  movida	
  perante	
  o	
  
STF.	
  	
  
c) decisões	
  normativas	
  da	
  Justiça	
  do	
  Trabalho	
  acerca	
  dos	
  dissídios	
  coletivos.	
  
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   6	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
d) precedentes	
   judiciais	
   obrigatórios:	
   decisões	
   do	
   STF	
   em	
   controle	
   concentrado	
   de	
  
constitucionalidade,	
   súmula	
   vinculante	
   do	
   STF,	
   súmula	
   do	
   STF	
   em	
   matéria	
   constitucional,	
  
súmula	
   do	
   STJ	
   em	
   matéria	
   infraconstitucional,	
   acórdãos	
   em	
   incidente	
   de	
   assunção	
   de	
  
competência	
  ou	
  de	
  resolução	
  de	
  demandas	
  repetitivas	
  ou	
  em	
  julgamento	
  de	
  recurso	
  especial	
  
ou	
  extraordinários	
  repetitivos	
  e,	
  por	
  fim,	
  orientação	
  do	
  plenário	
  ou	
  do	
  órgão	
  especial	
  a	
  que	
  o	
  
magistrado	
  estiver	
  vinculado	
  (art.	
  927	
  do	
  CPC/2015).	
  
	
  
Sobre	
  a	
  súmula	
  vinculante	
  do	
  STF,	
  dispõe	
  o	
  art.	
  103-­‐A	
  da	
  EC	
  n.	
  45/2004	
  que	
  o	
  Supremo	
  Tribunal	
  
Federal	
  poderá,	
  de	
  ofício	
  ou	
  por	
  provocação,	
  mediante	
  decisão	
  de	
  dois	
   terços	
  dos	
   seus	
  membros,	
  
após	
  reiteradas	
  decisões	
  sobre	
  matéria	
  constitucional,	
  aprovar	
  súmula	
  que,	
  a	
  partir	
  de	
  sua	
  publicação	
  
na	
   imprensa	
   oficial,	
   terá	
   efeito	
   vinculante	
   em	
   relação	
   aos	
   demais	
   órgãos	
   do	
   Poder	
   Judiciário	
   e	
   à	
  
administração	
  pública	
  direta	
  e	
  indireta,	
  nas	
  esferas	
  federal,	
  estadual	
  e	
  municipal,	
  bem	
  como	
  proceder	
  
à	
  sua	
  revisão	
  ou	
  cancelamento,	
  na	
  forma	
  estabelecida	
  em	
  lei.	
  No	
  §	
  1º	
  dispõe	
  que	
  a	
  Súmula	
  terá	
  por	
  
objetivo	
   a	
   validade,	
   a	
   interpretação	
   e	
   a	
   eficácia	
   de	
   normas	
   determinadas,	
   acerca	
   das	
   quais	
   haja	
  
controvérsia	
   atual	
   entre	
   órgãos	
   judiciários	
   ou	
   entre	
   esses	
   e	
   a	
   administração	
   pública	
   que	
   acarrete	
  
grave	
   insegurança	
   jurídica	
   e	
   relevante	
   multiplicação	
   de	
   processos	
   sobre	
   questão	
   idêntica.	
   O	
   §	
   2º	
  
estabelece	
   que	
   sem	
   prejuízo	
   do	
   que	
   vier	
   	
   a	
   ser	
   estabelecido	
   em	
   lei,	
   a	
   aprovação,	
   revisão	
   ou	
  
cancelamento	
   de	
   súmula	
   poderá	
   ser	
   provocada	
   por	
   aqueles	
   que	
   podem	
   propor	
   a	
   ação	
   de	
  
inconstitucionalidade.	
  E	
  em	
  seu	
  §	
  3º	
  que	
  do	
  ato	
  administrativo	
  ou	
  decisão	
   judicial	
  que	
  contrariar	
  a	
  
súmula	
  aplicável	
  ou	
  que	
   indevidamente	
  a	
   aplicar,	
   caberá	
   reclamação	
  ao	
  Supremo	
  Tribunal	
   Federal	
  
que,	
   julgando-­‐a	
  procedente,	
  anulará	
  o	
  ato	
  administrativo	
  ou	
  cassará	
  a	
  decisão	
  judicial	
  reclamada,	
  e	
  
determinará	
  que	
  outra	
  seja	
  proferida	
  com	
  ou	
  sem	
  a	
  aplicação	
  da	
  súmula,	
  conforme	
  o	
  caso.	
  
	
  
PRINCÍPIOS	
  GERAIS	
  DE	
  DIREITO	
  
	
  
Divergem	
  os	
   juristas	
  em	
  torno	
  do	
  que	
  se	
  deve	
  entender	
  por	
  princípios	
  gerais	
  do	
  direito.	
  De	
  
acordo	
  com	
  Serpa	
  Lopes,	
  os	
  critérios	
  propostos	
  pela	
  doutrina	
  são	
  os	
  seguintes:	
  
	
  
e) os	
  princípios	
  gerais	
  do	
  direito	
  são	
  os	
  relacionados	
  ao	
  próprio	
  direito	
  de	
  cada	
  país;	
  
f) os	
  princípios	
  gerais	
  do	
  direito	
  são	
  os	
  provindos	
  do	
  direito	
  natural,	
  ensinados	
  pela	
  ciência,	
  
admitidos	
  pela	
  consciência	
  geral	
  como	
  preexistentes	
  a	
  toda	
  lei	
  positiva;	
  
g) os	
  princípios	
  gerais	
  do	
  direito	
  são	
  os	
  princípios	
  de	
  equidade;	
  
h) os	
  princípios	
  gerais	
  do	
  direito	
  são	
  os	
  preceitosbásicos	
  do	
  direito	
  romano.	
  Esses	
  princípios	
  
são:	
  viver	
  honestamente;	
  não	
  lesar	
  o	
  próximo;	
  dar	
  a	
  cada	
  um	
  o	
  que	
  é	
  seu.	
  
	
  
A	
   nosso	
   ver,	
   princípios	
   gerais	
   do	
   direito	
   são	
   os	
   postulados	
   que	
   compõem	
   o	
   substractum	
  
comum	
  a	
  diversas	
  normas	
  jurídicas.	
  São	
  as	
  premissas	
  éticas	
  que	
  inspiram	
  a	
  elaboração	
  das	
  normas	
  
jurídicas.	
  
Vejamos	
   alguns	
   exemplos	
   de	
   princípios	
   gerais	
   do	
   direito:	
   “ninguém	
   pode	
   transferir	
   mais	
  
direitos	
   do	
   que	
   tem”;	
   “ninguém	
  pode	
   invocar	
   a	
   própria	
  malícia”;	
   “ninguém	
  deve	
   ser	
   condenado	
  
sem	
  ser	
  ouvido”	
  etc.	
  
	
  
EQUIDADE	
  
	
  
INTRODUÇÃO	
  
	
  
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Adriana de Souza Melo Franciulli
CPF - 307.111.798-16
 
 
	
  
	
   7	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
O	
  direito	
  não	
  se	
   restringe	
  ao	
  complexo	
  de	
   leis,	
  e	
   sim	
  ao	
  complexo	
  de	
  normas	
   jurídicas	
  que	
  
disciplinam	
  a	
   vida	
   em	
   sociedade.	
  A	
   lei	
   é	
   a	
   forma	
  escrita	
   de	
   expressão	
  de	
  direito.	
  Na	
   sua	
   falta,	
   o	
  
direito	
  se	
  projeta	
  através	
  de	
  outras	
  formas	
  de	
  expressão,	
  quais	
  sejam,	
  a	
  analogia,	
  os	
  costumes,	
  os	
  
princípios	
  gerais	
  do	
  direito	
  e	
  a	
  equidade.	
  
Na	
   sua	
  essência,	
   como	
  salienta	
  Miguel	
  Reale,	
  a	
  equidade	
  é	
  a	
   justiça	
  bem	
  aplicada,	
  ou	
   seja,	
  
prudentemente	
  aplicada	
  ao	
  caso.	
  Não	
  se	
  deve	
  dissociá-­‐la	
  do	
  direito,	
  pois	
  é	
  uma	
  das	
  suas	
  formas	
  de	
  
expressão,	
  completando-­‐o,	
  seja	
  como	
  valor	
  interpretativo	
  subordinado	
  à	
  lei,	
  seja	
  ditando	
  a	
  regra	
  de	
  
conduta	
  de	
  um	
  caso	
  particular	
  não	
  previsto	
  em	
  lei.	
  
Não	
  obstante	
  a	
  sua	
  relevante	
  importância	
  em	
  face	
  do	
  Direito,	
  a	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  ao	
  Código	
  
Civil,	
   ao	
   referir-­‐se	
   aos	
   mecanismos	
   de	
   integração	
   do	
   ordenamento	
   jurídico,	
   não	
   fez	
   menção	
  
expressa	
   à	
   equidade.	
   A	
   Constituição	
   Federal	
   também	
   é	
   silente.	
   Não	
   seguiu	
   a	
   orientação	
   da	
  
Constituição	
  de	
  1934,	
  que,	
  no	
  art.	
  113,	
  n.	
  37,	
  dispunha	
  que	
  “nenhum	
  juiz	
  deixará	
  de	
  sentenciar	
  por	
  
motivo	
  de	
  omissão	
  na	
  lei.	
  Em	
  tal	
  caso	
  deverá	
  decidir	
  por	
  analogia,	
  pelos	
  princípios	
  gerais	
  de	
  direito	
  
e	
  por	
  equidade”.	
  	
  
	
   	
  
	
  No	
  plano	
  jurídico,	
  a	
  equidade	
  tem	
  três	
  funções:	
  
	
  
i) na	
  elaboração	
  das	
  leis;	
  
j) na	
  aplicação	
  do	
  direito;	
  
k) na	
  interpretação	
  das	
  leis.	
  
	
  
	
  Seu	
  conceito	
  varia,	
  conforme	
  a	
  função	
  assumida,	
  embora	
  na	
  essência	
  a	
  equidade	
  seja	
  sempre	
  
uma	
  forma	
  de	
  justiça.	
  
	
  
A	
  EQUIDADE	
  NA	
  ELABORAÇÃO	
  DAS	
  LEIS	
  
	
  
A	
  equidade	
  em	
  sua	
  função	
  de	
  elaboração	
  das	
  leis	
  confunde-­‐se	
  com	
  a	
  idéia	
  de	
  justiça,	
  tendo	
  
em	
   vista	
   que	
   as	
   leis	
   são	
   genéricas	
   e	
   a	
   justiça	
   também.	
   Essa	
   função	
   de	
   equidade	
   é	
   dirigida	
   ao	
  
legislador.	
  Este,	
  na	
  elaboração	
  das	
  leis,	
  deve	
  inspirar-­‐se	
  no	
  senso	
  de	
  justiça,	
  atento	
  às	
  necessidades	
  
sociais	
  e	
  ao	
  equilíbrio	
  dos	
  interesses.	
  
	
  
A	
  EQUIDADE	
  E	
  A	
  APLICAÇÃO	
  DO	
  DIREITO	
  
	
  
Na	
  função	
  de	
  aplicação	
  do	
  direito,	
  equidade	
  significa	
  a	
  norma	
  elaborada	
  pelo	
  magistrado	
  para	
  
o	
  caso	
  concreto	
  como	
  se	
  fosse	
  o	
  legislador.	
  Cumpre	
  relembrar	
  o	
  conceito	
  de	
  Aristóteles,	
  segundo	
  o	
  
qual	
  equidade	
  é	
  a	
  norma	
  que	
  o	
  legislador	
  teria	
  prescrito	
  para	
  um	
  caso	
  concreto.	
  
Não	
   se	
   pense,	
   porém,	
   que	
   o	
  magistrado	
  possa	
   elaborar	
   uma	
  norma	
   específica	
   para	
   o	
   caso	
  
concreto	
   em	
   colidência	
   com	
   a	
   norma	
   legal.	
   Semelhante	
   raciocínio	
   consagraria	
   o	
   conflito	
   entre	
   a	
  
equidade	
  e	
  o	
  direito	
  positivo,	
  desprestigiando	
  as	
  normas	
  legais.	
  
A	
  lei,	
  não	
  obstante	
  as	
  suas	
  deficiências,	
  deve	
  ser	
  prestigiada	
  e	
  respeitada,	
  porque	
  é	
  ela	
  que	
  dá	
  
sentido	
   às	
   instituições,	
   representando	
   um	
   papel	
   essencial	
   à	
   segurança	
   jurídica.	
   Não	
   se	
   deve,	
  
portanto,	
  admitir	
  a	
  equidade	
  contra	
  legem,	
  a	
  menos	
  que	
  a	
  própria	
  lei	
  a	
  autorize	
  expressamente.	
  	
  
Por	
   outro	
   lado,	
   na	
   hipótese	
   de	
   lacuna	
   da	
   lei,	
   a	
   equidade	
   como	
   aplicação	
   do	
   direito,	
  
consistente	
  na	
  norma	
  elaborada	
  pelo	
  magistrado	
  para	
  solucionar	
  o	
  caso	
  concreto,	
  é	
  perfeitamente	
  
admissível	
  na	
  área	
  penal,	
  desde	
  que	
  em	
  benefício	
  do	
  réu.	
  Assim,	
  o	
  juiz	
  pode	
  elaborar	
  a	
  norma	
  de	
  
equidade,	
  desde	
  que	
  presentes	
  os	
  seguintes	
  requisitos:	
  
	
  
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Adriana de Souza Melo Franciulli
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   8	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
d) que	
  o	
  fato	
  não	
  esteja	
  previsto	
  em	
  lei,	
  isto	
  é,	
  que	
  haja	
  uma	
  lacuna	
  na	
  lei;	
  
e) que	
  não	
  seja	
  possível	
  suprir	
  a	
  lacuna	
  pela	
  analogia,	
  costumes	
  e	
  princípios	
  gerais	
  do	
  direito.	
  
	
  
A	
  despeito	
  de	
  o	
  art.	
  4º	
  da	
  Lei	
  de	
   Introdução	
  ao	
  Código	
  Civil	
  não	
  se	
  referir	
  à	
  equidade,	
  urge	
  
reconhecer	
  que	
  ela	
  pode	
  também	
  funcionar	
  como	
  a	
  ultima	
  ratio	
  dos	
  mecanismos	
  de	
  integração	
  do	
  
ordenamento	
  jurídico.	
  Com	
  efeito,	
  o	
  princípio	
  da	
  obrigatoriedade	
  ou	
  indeclinabilidade	
  da	
  jurisdição	
  
ordena	
  que	
  o	
  juiz	
  decida	
  o	
  caso	
  concreto,	
  ainda	
  que	
  não	
  previsto	
  em	
  lei.	
  O	
  juiz	
  não	
  pode	
  escusar-­‐se	
  
de	
  decidir.	
  Se,	
  diante	
  da	
  ausência	
  da	
  lei,	
  for	
  inviável	
  a	
  analogia,	
  os	
  costumes	
  e	
  os	
  princípios	
  gerais	
  
dodireito,	
  o	
  magistrado,	
  para	
  fazer	
  valer	
  o	
  princípio	
  da	
  obrigatoriedade	
  da	
  jurisdição,	
  deve	
  inspirar-­‐
se	
  na	
  equidade	
  e	
  elaborar	
  a	
  norma	
  para	
  o	
  caso	
  concreto.	
  
Ao	
  elaborar	
  a	
  dita	
  norma	
  não	
  há	
  qualquer	
  violação	
  ao	
  princípio	
  da	
   separação	
  dos	
  poderes,	
  
pois	
  o	
  magistrado	
  não	
  está	
  exercendo	
  a	
   função	
  de	
   legislador.	
  Norma	
   legal	
   e	
  norma	
  de	
  equidade	
  
distinguem-­‐se	
   nitidamente.	
   	
   	
   A	
   norma	
   legal,	
   isto	
   é,	
   a	
   lei,	
   é	
   genérica	
   e	
   obrigatória	
   para	
   todos	
   os	
  
casos.	
  A	
  norma	
  de	
  equidade	
  é	
  individual,	
  específica	
  para	
  o	
  caso	
  concreto.	
  Como	
  se	
  vê,	
  não	
  se	
  trata	
  
de	
  lei,	
  de	
  modo	
  que	
  não	
  há	
  afronta	
  ao	
  princípio	
  da	
  separação	
  dos	
  poderes.	
  
Além	
  disso,	
  a	
  equidade	
  não	
  é	
  extraída	
  de	
  sentimentos	
  pessoais	
  e	
  emotivos	
  do	
  magistrado,	
  e	
  
muito	
  menos	
   de	
   convicções	
   ideológicas,	
   que	
   só	
   caracterizariam	
   uma	
   equidade	
   cerebrina,	
   isto	
   é,	
  
uma	
  falsa	
  equidade.	
  A	
  norma	
  de	
  equidade	
  deve	
  ser	
  fruto	
  de	
  um	
  raciocínio	
  jurídico	
  universal.	
  Deve	
  
ser	
  obra	
  de	
  um	
  trabalho	
  científico.	
  A	
  norma	
  há	
  de	
  ser	
  elaborada	
  com	
  base	
  nos	
  princípios	
  jurídicos	
  
existentes.	
   A	
   rigor,	
   a	
   norma	
   já	
   existe	
   em	
   estado	
   latente,	
   competindo	
   ao	
   magistrado	
   apenas	
  
descobri-­‐la,	
  e	
  não	
  propriamente	
  criá-­‐la.	
  
	
  
A	
  EQUIDADE	
  NA	
  INTERPRETAÇÃO	
  DAS	
  LEIS	
  
	
  
A	
   equidade	
   como	
   elemento	
   interpretativo	
   da	
   lei	
   é	
   perfeitamente	
   admissível.	
   Como	
   ensina	
  
Serpa	
  Lopes,	
  “não	
  se	
  golpeia	
  o	
  Direito	
  positivo,	
  não	
  se	
  abre	
  a	
  menor	
  brecha	
  na	
  norma,	
  cuja	
  essência	
  
é	
   respeitada,	
  mas	
   simplesmente	
   esta,	
   ao	
   sopro	
   vivificador	
   da	
   equidade,	
   recebe	
   nova	
   coloração,	
  
rejuvenesce	
   mais	
   adaptada	
   às	
   exigências	
   da	
   vida.	
   Trata-­‐se	
   de	
   um	
   movimento	
   natural	
   de	
  
interpretação,	
  movimento	
  científico	
  que	
  prescinde	
  do	
  lastreamento	
  de	
  uma	
  autorização	
  legal”.	
  
A	
  equidade,	
  na	
   sua	
   função	
  de	
   interpretar	
  as	
   leis,	
   tem	
  o	
   significado	
  de	
  amenização	
  do	
  vigor	
  
excessivo	
  das	
   leis,	
  dulcificando-­‐as,	
  adaptando-­‐as	
  ao	
  caso	
  concreto.	
  Não	
  se	
  trata	
  de	
  elaboração	
  de	
  
uma	
  norma,	
  mas	
  de	
  mera	
  interpretação	
  da	
  lei,	
  suavizando-­‐a	
  com	
  o	
  fito	
  de	
  desvendar	
  a	
  ratio	
  legis.	
  
Modernamente,	
   não	
   se	
   sustenta	
   o	
   pensamento	
   dos	
   exegetas	
   que	
   negam	
   à	
   equidade	
   qualquer	
  
valor,	
   fundados	
  na	
   idéia	
  de	
  que	
  dentro	
  da	
   lei	
  se	
  encontra	
  todo	
  o	
  sistema	
  do	
  direito.	
  Esse	
  tipo	
  de	
  
raciocínio	
  impede	
  o	
  progresso	
  do	
  direito,	
  porque	
  se	
  encontra	
  apegado	
  excessivamente	
  na	
  vontade	
  
do	
   legislador,	
   transformando	
  em	
  permanente	
  uma	
  realidade	
  social	
  provisória.	
  O	
   fim	
  da	
   lei,	
   como	
  
adverte	
   Serpa	
   Lopes,	
   “não	
   é	
   buscado	
   nela	
   mesma	
   ou	
   no	
   legislador,	
   mas	
   em	
   função	
   da	
   sua	
  
adaptação	
   aos	
   fins	
   sociais.	
   Assim,	
   a	
   vontade	
   do	
   legislador	
   não	
   pode	
   ser	
   considerada	
   senão	
   na	
  
proporção	
  de	
  sua	
  força	
   interpretativa	
  das	
  necessidades	
  sociais.	
  Destinada	
  a	
  reger	
  as	
  relações	
  dos	
  
indivíduos	
   em	
   sociedade,	
   a	
   lei	
   deve	
   ter	
   um	
   conteúdo	
   dúctil,	
   fluido,	
   flexível,	
   de	
  modo	
   a	
   torná-­‐la	
  
adaptável	
  a	
  todas	
  as	
  necessidades	
  jurídicas	
  e	
  sociais	
  que	
  sobrevierem”.	
  
	
  
A	
  JUSTIÇA	
  ALTERNATIVA	
  
	
  
	
  A	
  justiça	
  alternativa	
  é	
  o	
  movimento	
  que	
  preconiza	
  a	
  aplicação	
  do	
  direito,	
  valendo-­‐se	
  de	
  duas	
  
premissas:	
  
	
  
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Adriana de Souza Melo Franciulli
CPF - 307.111.798-16
 
 
	
  
	
   9	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
1º. O	
  juiz	
  deve	
  deixar	
  de	
  aplicar	
  uma	
  lei	
  inconstitucional;	
  
2º. A	
  interpretação	
  da	
  lei	
  deve	
  atender	
  aos	
  fins	
  sociais	
  e	
  às	
  exigências	
  do	
  bem	
  comum.	
  
	
  
A	
  primeira	
  premissa	
  nada	
  mais	
  é	
  do	
  que	
  o	
  controle	
  difuso	
  ou	
  aberto	
  de	
  constitucionalidade	
  
das	
   leis.	
   Qualquer	
   magistrado,	
   para	
   decidir	
   o	
   caso	
   concreto,	
   pode	
   declarar,	
   incidentalmente,	
   a	
  
inconstitucionalidade	
   de	
   uma	
   lei,	
   de	
   modo	
   que	
   nenhuma	
   novidade,	
   nesse	
   aspecto,	
   apresenta	
   a	
  
justiça	
  alternativa.	
  
A	
   segunda	
   premissa	
   encontra-­‐se	
   prevista	
   no	
   art.	
   5º	
   da	
   Lei	
   de	
   Introdução	
   ao	
   Código	
   Civil.	
  
Portanto,	
  o	
  próprio	
  ordenamento	
  jurídico	
  recomenda	
  que	
  a	
  lei	
  seja	
  interpretada	
  de	
  acordo	
  com	
  os	
  
fins	
   sociais	
   e	
   as	
   exigências	
   do	
  bem	
   comum.	
  Por	
   consequência,	
   não	
   se	
   trata	
   de	
  uma	
   inovação	
  da	
  
justiça	
  alternativa.	
  
O	
  aludido	
  movimento	
  ganhou	
  corpo	
  no	
  Poder	
   Judiciário	
  do	
  Rio	
  Grande	
  do	
  Sul.	
  O	
  mérito	
  da	
  
escola	
   gaúcha	
   não	
   consiste	
   propriamente	
   na	
   fixação	
   das	
   duas	
   premissas	
   acima,	
   mas	
   no	
  
questionamento	
   do	
   modelo	
   tradicional	
   de	
   interpretação	
   do	
   direito.	
   Com	
   efeito,	
   no	
   modelo	
  
tradicional	
  o	
  julgamento	
  é	
  feito	
  pelo	
  processo	
  de	
  subsunção	
  da	
  norma	
  ao	
  fato	
  concreto.	
  	
  A	
  justiça	
  
alternativa	
   inverte	
   a	
   relação	
   entre	
   a	
   norma	
   e	
   o	
   fato,	
   tomando	
   o	
   fato	
   como	
   objeto	
   principal	
   do	
  
conhecimento.	
  Noutras	
  palavras,	
  a	
  justiça	
  alternativa	
  parte	
  do	
  pressuposto	
  de	
  que	
  a	
  norma	
  regula	
  
uma	
  situação	
  padrão	
  de	
  fato,	
  escusando-­‐a	
  de	
  aplicá-­‐la	
  em	
  relação	
  a	
  certos	
  fatos	
  que	
  destoam	
  da	
  
situação	
  normal	
  para	
  qual	
  a	
  lei	
  foi	
  criada.	
  
	
  
ANTINOMIAS	
  
	
  
CONCEITO	
  
	
  
Antinomia,	
   de	
   acordo	
   com	
   Maria	
   Helena	
   Diniz,	
   “é	
   o	
   conflito	
   entre	
   duas	
   normas,	
   doisprincípios	
   ou	
  de	
  uma	
  norma	
  e	
   um	
  princípio	
   geral	
   de	
   direito	
   em	
   sua	
   aplicação	
  prática	
   a	
   um	
   caso	
  
particular.	
  É	
  a	
  presença	
  de	
  duas	
  normas	
  conflitantes,	
  sem	
  que	
  se	
  possa	
  saber	
  qual	
  delas	
  deverá	
  ser	
  
aplicada	
  ao	
  caso	
  singular”.	
  
	
  
Sobre	
  o	
  estudo	
  das	
  antinomias,	
  convém,	
  desde	
  já,	
  estabelecer	
  as	
  seguintes	
  premissas:	
  
	
  
a)	
  na	
  antinomia,	
  ambas	
  as	
  normas	
  em	
  conflito	
  são	
  válidas,	
  pois	
  se	
  uma	
  delas	
  for	
  inválida	
  não	
  
há	
  falar-­‐se	
  em	
  antinomia.	
  
b)	
  antinomia	
  nada	
  tem	
  a	
  ver	
  com	
  a	
  revogação	
  das	
  leis,	
  porque	
  só	
  há	
  antinomias	
  entre	
  normas	
  
com	
  vigência	
  simultânea.	
  
	
  
ESPÉCIES	
  
	
  
Quanto	
  ao	
  critério	
  de	
  solução,	
  a	
  antinomia	
  pode	
  ser:	
  
a)	
  real	
  ou	
  lacuna	
  de	
  colisão:	
  quando	
  não	
  for	
  possível	
  determinar	
  a	
  prevalência	
  de	
  uma	
  norma	
  
sobre	
  a	
  outra,	
  diante	
  da	
  ausência,	
  na	
  ordem	
  jurídica,	
  de	
  qualquer	
  critério	
  normativo	
  para	
  solucionar	
  
o	
  conflito.	
  
b)	
   aparente:	
   quando	
   o	
   conflito	
   for	
   passível	
   de	
   solução	
   pelas	
   normas	
   existentes	
   no	
  
ordenamento	
  jurídico.	
  
	
  
Quanto	
  ao	
  conteúdo,	
  a	
  antinomia	
  pode	
  ser:	
  
a)	
   própria:	
   ocorre	
   quando	
   uma	
   conduta	
   é	
   ao	
  mesmo	
   tempo	
   autorizada	
   por	
   uma	
   norma	
   e	
  
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  10	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
proibida	
  por	
  outra	
  ou	
  então	
  prescrita	
  por	
  uma	
  norma	
  e	
  não	
  prescrita	
  por	
  outra.	
  Exemplo:	
  o	
  art.23	
  
do	
  CP	
  prevê	
  normas	
  que	
  autorizam	
  a	
  prática	
  do	
   fato	
   típico	
  enquanto	
  a	
  Parte	
  Especial	
  do	
  Código	
  
Penal	
  contém	
  as	
  normas	
  que	
  o	
  proíbe.	
  Assim,	
  na	
  antinomia	
  própria,	
  a	
  pessoa,	
  para	
  agir	
  conforme	
  
uma	
  norma,	
  necessariamente	
  viola	
  outra.	
  
b)	
  imprópria:	
  é	
  a	
  que	
  se	
  verifica	
  pela	
  contradição	
  do	
  conteúdo	
  material	
  das	
  normas.	
  Todavia,	
  
nada	
  obsta	
  que	
  o	
  sujeito	
  aja	
  conforme	
  as	
  normas.	
  Essas	
  antinomias	
  subdividem-­‐se	
  em:	
  	
  
b.1)	
   antinomia	
   de	
   princípios:	
   quando	
   uma	
   norma	
   protege	
   um	
   postulado	
   	
   fundamental	
  
enquanto	
  outra	
  garante	
  outro	
  postulado	
  oposto	
  àquele.	
  
b.2)	
   antinomia	
   valorativa:	
   é	
   a	
   contradição	
   do	
   valor	
   que	
   o	
   legislador	
   atribui	
   aos	
   direitos	
  
tutelados.	
  Imaginemos	
  hipoteticamente	
  que	
  a	
  pena	
  abstrata	
  do	
  roubo	
  fosse	
  menor	
  que	
  a	
  do	
  furto.	
  
b.3)	
  antinomia	
  teleológica:	
  ocorre	
  quando	
  uma	
  norma	
  prevê	
  certos	
  fins	
  que	
  colidem	
  com	
  os	
  
meios	
  previstos	
  por	
  outra	
  norma	
  para	
  atingir	
  aqueles	
  fins.	
  
b.4)	
   antinomia	
   técnica:	
   é	
   a	
   falta	
   de	
   uniformidade	
   da	
   terminologia	
   legal.	
   O	
   conceito	
   de	
  
funcionário	
   público	
   do	
   Direito	
   Penal,	
   por	
   exemplo,	
   é	
   diferente	
   do	
   conceito	
   previsto	
   no	
   Direito	
  
Administrativo.	
  
	
  
Quanto	
  ao	
  âmbito	
  de	
  incidência,	
  as	
  antinomias	
  podem	
  ser:	
  
a)	
  de	
  direito	
   interno:	
   é	
  a	
  que	
  surge	
  entre	
  normas	
  de	
  direito	
   interno,	
   sejam	
  elas	
  do	
  mesmo	
  
ramo	
  jurídico	
  ou	
  de	
  ramos	
  jurídicos	
  distintos.	
  
b)	
  de	
  direito	
   internacional:	
   é	
  a	
  que	
   surge	
  entre	
  normas	
  de	
  direito	
   internacional.	
   Exemplos:	
  
Convenções	
   internacionais,	
   costumes	
   internacionais,	
   normas	
   criadas	
   pelas	
   organizações	
  
internacionais	
  etc.	
  
c)	
  de	
  direito	
   interno-­‐internacional:	
  é	
  o	
  conflito	
  entre	
  uma	
  norma	
  de	
  direito	
   interno	
  e	
  outra	
  
norma	
  de	
  direito	
  internacional.	
  
	
  
Quanto	
  à	
  extensão	
  da	
  contradição,	
  a	
  antinomia	
  pode	
  ser:	
  
a)	
   total	
   –	
   total:	
   quando,	
   em	
   qualquer	
   situação,	
   a	
   aplicação	
   de	
   uma	
   norma	
   conflitará	
   com	
  
outra	
  norma.	
  
b)	
  total	
  –	
  parcial:	
  quando	
  uma	
  das	
  normas,	
  em	
  qualquer	
  situação,	
  se	
  for	
  aplicada	
  conflitará	
  
outra,	
  enquanto	
  esta,	
  em	
  algumas	
  situações,	
  se	
  for	
  aplicada	
  não	
  entrará	
  em	
  conflito	
  com	
  aquela.	
  
c)	
  parcial	
  –	
  parcial:	
  quando	
  apenas	
  uma	
  parte	
  das	
  duas	
  normas	
  se	
  conflitam.	
  
	
  
CRITÉRIOS	
  DE	
  SOLUÇÃO	
  DAS	
  ANTINOMIAS	
  APARENTES	
  NO	
  DIREITO	
  INTERNO	
  
	
  
As	
   antinomias	
   aparentes	
   de	
   direito	
   interno	
   são	
   solucionadas	
   por	
   critérios	
   ou	
  metacritérios	
  
jurídicos-­‐positivos	
  implicitamente	
  previstos	
  pelo	
  legislador.	
  Estes	
  critérios	
  são	
  os	
  seguintes:	
  
	
  
a)	
   hierárquico:	
   a	
   norma	
   superior	
   prevalece	
   sobre	
   a	
   inferior.	
   Assim,	
   a	
   Constituição	
   Federal	
  
prevalece	
  sobre	
  a	
  lei	
  ordinária	
  e	
  esta,	
  por	
  sua	
  vez,	
  predomina	
  em	
  relação	
  aos	
  atos	
  administrativos.	
  
b)	
   cronológico:	
   a	
   norma	
   posterior	
   revoga	
   a	
   anterior	
   quando	
   forem	
   do	
   mesmo	
   nível	
  
hierárquico.	
  
c)	
  especialidade:	
  a	
  norma	
  especial	
  prevalece	
  sobre	
  a	
  geral.	
  Por	
  exemplo:	
  o	
  homicídio	
  culposo	
  
na	
  direção	
  de	
  veículo	
  automotor	
  é	
  regido	
  pelo	
  Código	
  de	
  Trânsito	
  Nacional,	
  que	
   incrimina	
  o	
  fato,	
  
afastando-­‐se	
  a	
  incidência	
  do	
  Código	
  Penal,	
  que	
  é	
  lei	
  geral.	
  
	
  
Quando	
  o	
  conflito	
  não	
  for	
  solucionado	
  por	
  nenhum	
  desses	
  três	
  critérios	
  a	
  antinomia	
  revela-­‐se	
  
real,	
   sendo	
  então	
   solucionada	
  pelos	
  mecanismos	
  de	
   integração	
  do	
  ordenamento	
   jurídico	
  ou	
  pela	
  
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   11	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
edição	
  de	
  uma	
  nova	
  lei	
  emanada	
  do	
  Poder	
  Legislativo	
  para	
  a	
  solução	
  dos	
  casos	
  futuros.	
  Nesse	
  caso,tendo	
  em	
  vista	
  o	
  princípio	
  da	
  indeclinabilidade	
  da	
  jurisdição,	
  o	
  magistrado	
  não	
  pode	
  esquivar-­‐se	
  de	
  
decidir,	
  de	
  modo	
  que,	
  no	
  plano	
  processual,	
  o	
  juiz,	
  valendo-­‐se	
  de	
  uma	
  interpretação	
  equitativa	
  fará	
  
valer	
   o	
   princípio	
   da	
   Suprema	
   Justiça,	
   escolhendo	
   a	
   norma	
  mais	
   justa	
   e	
   se	
   isso	
   não	
   for	
   possível	
  
excluirá	
   ambas	
   as	
   normas,	
   concretizando	
   uma	
   interpretação	
   ab-­‐rogante,	
   solucionando	
   o	
   litígio	
  
pelos	
  mecanismos	
  de	
  integração	
  do	
  ordenamento	
  jurídico,	
  que	
  são	
  os	
  critérios	
  de	
  preenchimento	
  
das	
   lacunas,	
   previsto	
  no	
  art.	
   4º	
  da	
   LINDB	
   (analogia,	
   costumes	
  e	
  princípios	
   gerais	
   do	
  direito)	
   e	
   se	
  
essa	
   solução	
   também	
   mostrar-­‐se	
   absolutamente	
   inviável	
   o	
   único	
   caminho	
   será	
   a	
   equidade,	
  
devendo	
  o	
  magistrado,	
  com	
  base	
  nos	
  princípios	
  existentes	
  no	
  ordenamento	
  jurídico,	
  elaborar	
  uma	
  
norma	
  para	
  o	
  caso	
  concreto.	
  
Saliente-­‐se,	
  porém,	
  que	
  a	
  decisão	
  judicial	
  não	
  soluciona,	
  no	
  plano	
  normativo,	
  a	
  antinomia	
  real	
  
entre	
  as	
  normas,	
  resolvendo	
  apenas	
  o	
  caso	
  concreto.	
  Somente	
  com	
  o	
  advento	
  de	
  uma	
  nova	
  lei	
  que	
  
escolha	
   uma	
   das	
   normas,	
   ou	
   revogue	
   ambas,	
   o	
   problema	
   da	
   antinomia	
   real	
   será	
   efetivamente	
  
eliminado,	
  salvo	
  se	
  esta	
  nova	
  lei	
  gerar,	
  por	
  sua	
  vez,	
  um	
  novo	
  conflito	
  insolúvel	
  entre	
  as	
  normas.	
  
Força	
  convir,	
  portanto	
  que	
  a	
   rigor,	
  a	
  antinomia	
   real	
  é	
   solúvel	
  quer	
  no	
  plano	
  processual	
  em	
  
razão	
  de	
  decisão	
  judicial,	
  quer	
  no	
  plano	
  do	
  ordenamento	
  jurídico	
  pela	
  edição	
  de	
  nova	
  lei.	
  
Dentre	
  os	
  critérios	
  acima,	
  o	
  mais	
  forte	
  é	
  o	
  hierárquico	
  e	
  o	
  mais	
  fraco	
  o	
  cronológico.	
  O	
  critério	
  
da	
  especialidade	
  é	
  o	
  intermediário.	
  
	
  
ANTINOMIA	
  DE	
  1º	
  E	
  2º	
  GRAUS	
  
	
  
Antinomia	
  de	
  1º	
  grau	
  é	
  o	
  conflito	
  de	
  normas	
  que	
  envolve	
  apenas	
  um	
  dos	
  critérios	
  acima.	
  É,	
  
pois,	
  o	
  conflito	
  solucionado	
  exclusivamente	
  pelo	
  critério	
  hierárquico	
  ou	
  pelo	
  critério	
  cronológico	
  ou	
  
ainda	
  pelo	
  critério	
  da	
  especialidade.	
  
Antinomia	
  de	
  2º	
  grau	
  é	
  o	
  conflito	
  de	
  normas	
  que	
  envolve	
  dois	
  ou	
  mais	
  critérios	
  acima.	
  É,	
  pois,	
  
o	
  conflito	
  entre	
  os	
  referidos	
  critérios,	
  cuja	
  ocorrência	
  pode	
  verificar-­‐se	
  nos	
  seguintes	
  termos:	
  
	
  
a)	
  conflito	
  entre	
  os	
  critérios	
  hierárquico	
  e	
  cronológico:	
  tal	
  ocorre	
  quando,	
  para	
  a	
  solução	
  do	
  
litígio,	
   há	
   uma	
   norma	
   constitucional	
   anterior	
   conflitante	
   com	
   uma	
   norma	
   ordinária	
   posterior.	
  
Prevalecerá	
  evidentemente	
  o	
  critério	
  hierárquico,	
  porquanto	
  a	
  lei	
  posterior	
  inferior	
  não	
  derroga	
  a	
  
anterior	
  superior.	
  
b)	
   conflito	
   entre	
   os	
   critérios	
   da	
   especialidade	
   e	
   cronológico:	
   tal	
   ocorre	
   quando,	
   para	
   a	
  
solução	
  do	
  litígio,	
  há	
  uma	
  norma	
  anterior-­‐especial	
  conflitante	
  com	
  uma	
  posterior-­‐geral.	
  Em	
  regra,	
  
prevalece	
  a	
  norma	
  especial	
  sobre	
  a	
  geral,	
  salvo	
  quando	
  a	
  norma	
  geral	
  for	
  simultaneamente	
  geral	
  e	
  
especial.	
  
c)	
   conflito	
   entre	
   os	
   critérios	
   hierárquico	
   e	
   o	
   da	
   especialidade:	
   tal	
   ocorre	
   quando,	
   para	
   a	
  
solução	
  do	
   litígio,	
   há	
  uma	
  norma	
   superior-­‐geral	
   conflitante	
   com	
  uma	
  norma	
   inferior-­‐especial.	
  De	
  
acordo	
   com	
   Maria	
   Helena	
   Diniz	
   não	
   será	
   possível	
   estabelecer	
   uma	
   meta-­‐regra	
   geral	
   dando	
  
prevalência	
   ao	
   critério	
   hierárquico,	
   ou	
   vice-­‐versa,	
   sem	
   contrariar	
   a	
   adaptabilidade	
   do	
   direito,	
   de	
  
modo	
   que	
   poder-­‐se-­‐á	
   preferir	
   qualquer	
   um	
   dos	
   critérios,	
   não	
   existindo,	
   portanto,	
   qualquer	
  
predomínio	
   de	
   um	
   sobre	
   o	
   outro.	
   Em	
   contrapartida,	
   Bobbio	
   assevera	
   a	
   prevalência	
   do	
   critério	
  
hierárquico,	
   isto	
   é,	
   a	
   prevalência	
   da	
   norma	
   constitucional	
   geral	
   sobre	
   uma	
   lei	
   ordinária	
   especial,	
  
pois	
  esta	
  não	
  pode	
  derrogar	
  aquela.	
  
	
  
A	
   jurista	
   Maria	
   Helena	
   Diniz	
   ressalva,	
   no	
   entanto,	
   que,	
   excepcionalmente,	
   o	
   critério	
   da	
  
especialidade	
   pode	
   prevalecer	
   sobre	
   o	
   hierárquico,	
   referindo-­‐se	
   a	
   situações	
   novas	
   que	
   melhor	
   se	
  
adaptam	
  à	
  lei	
  ordinária	
  especial,	
  invocando	
  o	
  princípio	
  suum	
  cuique	
  tribuere,	
  baseado	
  na	
  interpretação	
  
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Aluno Adriana de Souza Melo Franciulli
CPF - 307.111.798-16
 
 
	
  
	
  12	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
de	
  que	
  “o	
  que	
  é	
  igual	
  deve	
  ser	
  tratado	
  como	
  igual	
  e	
  o	
  que	
  é	
  diferente,	
  de	
  maneira	
  diferente”.	
  
Se	
   todos	
   esses	
   critérios	
   forem	
   insuficientes	
   para	
   solucionar	
   a	
   antinomia	
   de	
   2º	
   grau,	
   aplica-­‐se,	
  
segundo	
  Maria	
  Helena	
  Diniz,	
  amparada	
  em	
  Bobbio,	
  o	
  princípio	
  da	
  suprema	
  justiça:	
  entre	
  duas	
  normas	
  
incompatíveis	
   dever-­‐se-­‐á	
   escolher	
   a	
   mais	
   justa.	
   Em	
   não	
   sendo	
   isso	
   possível,	
   entram	
   em	
   cena	
   os	
  
mecanismos	
  de	
  integração	
  do	
  ordenamento	
  jurídico	
  (art.4º	
  da	
  LINDB)	
  e,	
  por	
  fim,	
  a	
  equidade.	
  
	
  
CRITÉRIOS	
  DE	
  SOLUÇÃO	
  DAS	
  ANTINOMIAS	
  APARENTES	
  DE	
  DIREITO	
  INTERNACIONAL	
  
	
  
O	
  conflito	
  entre	
  normas	
  de	
  direito	
  internacional,	
  sobretudo	
  entre	
  os	
  tratados,	
  é	
  solucionado	
  
pelas	
  seguintes	
  regras:	
  
	
  
a)	
   o	
   primeiro	
   tratado	
   prevalece	
   sobre	
   o	
   segundo	
   quando	
   as	
   partes	
   forem	
   distintas.	
   É	
   o	
  
princípio	
  da	
  primazia	
  da	
  obrigação	
  anteriormente	
  assumida	
  ou	
  prior	
  in	
  tempore	
  potior	
  in	
  jus.	
  Se	
  as	
  
partes	
  forem	
  as	
  mesmas	
  o	
  segundo	
  tratado	
  revoga	
  o	
  primeiro.	
  
b)	
  o	
  tratado	
  posterior	
  revoga	
  o	
  anterior	
  quando	
  aspartes	
  signatárias	
  forem	
  as	
  mesmas.	
  
c)	
  o	
  tratado	
  especial	
  prevalece	
  sobre	
  o	
  geral	
  quando	
  as	
  partes	
  signatárias	
  forem	
  as	
  mesmas.	
  
d)	
   o	
   tratado	
   que	
   contém	
   conteúdo	
   jurídico	
   superior,	
   isto	
   é,	
   de	
   ordem	
   pública	
   de	
   direito	
  
internacional,	
  prevalece	
  sobre	
  o	
  que	
  cuida	
  de	
  interesse	
  que	
  só	
  interessa	
  aos	
  Estados	
  Contratantes.	
  
	
  
CRITÉRIOS	
  DE	
  SOLUÇÃO	
  DAS	
  ANTINOMIAS	
  DE	
  DIREITO	
  INTERNO	
  –	
  INTERNACIONAL	
  
	
  
	
  	
   As	
  antinomias	
  de	
  direito	
  interno	
  -­‐	
  internacional	
  que,	
  grosso	
  modo,	
  é	
  a	
  contradição	
  entre	
  um	
  
tratado	
  e	
  uma	
  lei	
   interna,	
  é	
  solucionado	
  pelo	
  predomínio	
  da	
  norma	
  internacional	
  na	
  hipótese	
  em	
  
que	
  o	
  litígio	
  é	
  submetido	
  a	
  um	
  juízo	
  internacional.	
  
Se,	
  no	
  entanto,	
  a	
  questão	
  for	
  suscitada	
  perante	
  o	
   juízo	
   interno,	
  este	
  segundo	
  Maria	
  Helena	
  
Diniz	
  poderá	
  reconhecer:	
  
	
  
a)	
   A	
   autoridade	
   relativa	
   do	
   tratado	
   e	
   de	
   outras	
   fontes	
   jurídicas	
   na	
   ordem	
   interna,	
  
entendendo-­‐se	
  que	
  o	
  legislador	
  interno	
  não	
  pretendeu	
  violar	
  o	
  tratado,	
  exceto	
  nos	
  casos	
  em	
  que	
  o	
  
fizer	
  claramente,	
  hipótese	
  em	
  que	
  a	
  lei	
  interna	
  prevalecerá;	
  
b)	
  Superioridade	
  do	
  tratado	
  sobre	
  a	
  lei	
  mais	
  recente	
  em	
  data;	
  
c)	
   A	
   superioridade	
   do	
   tratado	
   sobre	
   a	
   lei,	
   ligando-­‐a,	
   porém,	
   ao	
   controle	
   jurisdicional	
   da	
  
constitucionalidade	
  da	
  lei.	
  
	
  
Não	
  se	
  pode,	
  no	
  entanto,	
  olvidar	
  que	
  o	
  tratado	
  que	
  versa	
  sobre	
  direitos	
  humanos	
  que	
  forem	
  
aprovados,	
  em	
  cada	
  Casa	
  do	
  Congresso	
  Nacional,	
  em	
  dois	
  turnos,	
  por	
  3/5	
  dos	
  votos	
  dos	
  respectivos	
  
membros	
  serão	
  equivalentes	
  a	
  emendas	
  constitucionais,	
  conforme	
  o	
  §3º	
  do	
  art.5º	
  da	
  CF.	
  
	
  
NORMAS	
  DE	
  DIREITO	
  INTERNACIONAL	
  PRIVADO	
  
	
  
INTRODUÇÃO	
  
	
  
O	
  Direito	
  Internacional	
  Privado	
  acentua	
  a	
  sua	
  importância	
  ao	
  estabelecer	
  o	
  intercâmbio	
  entre	
  
os	
  países,	
  buscando	
  a	
  unificação	
  da	
  disciplina	
  de	
  certos	
  assuntos.	
  
A	
  rigor,	
  as	
  normas	
  de	
  Direito	
  Internacional	
  Privado	
  não	
  regem	
  relações	
  jurídicas,	
  limitando-­‐se	
  
a	
  determinar	
  a	
  norma	
  que	
  deve	
  ser	
  aplicada	
  na	
  hipótese	
  de	
  conflito	
  de	
  leis	
  no	
  espaço,	
  fornecendo,	
  
portanto,	
   o	
   critério	
   de	
   solução	
   desse	
   conflito.	
   Nesse	
   sentido,	
   muitos	
   as	
   chamam	
   de	
   normas	
  
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   13	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
indiretas.	
  
É	
   claro	
  que	
   as	
   Leis,	
   atos	
   e	
   sentenças	
  de	
  outros	
  países,	
   para	
   serem	
  aplicadas	
  no	
  Brasil,	
   não	
  
podem	
  ferir	
  a	
  soberania	
  nacional,	
  a	
  ordem	
  pública	
  e	
  os	
  bons	
  costumes,	
  conforme	
  preceitua	
  o	
  art.	
  
17	
  da	
  LINDB.	
  
	
  
CONCEITO	
  
	
  
O	
   Direito	
   Internacional	
   Privado	
   encontra-­‐se	
   previsto	
   nos	
   arts.	
   7º	
   a	
   17	
   da	
   LINDB.	
   Vê-­‐se,	
  
portanto,	
   que	
   é	
   um	
   ramo	
   do	
   direito	
   interno,	
   integrante	
   do	
   Ordenamento	
   Jurídico	
   Brasileiro.	
   É	
  
constituído	
  por	
  um	
  conjunto	
  de	
  normas	
  internas,	
  cuja	
  finalidade	
  é	
  fornecer	
  os	
  critérios	
  de	
  solução	
  
para	
  o	
  fato	
  estrangeiro.	
  
	
  
QUALIFICAÇÃO	
  DO	
  ELEMENTO	
  DE	
  CONEXÃO	
  
	
  
As	
  normas	
  de	
  Direito	
  Internacional	
  Privado,	
  previstas	
  nos	
  arts.	
  7º	
  a	
  17	
  da	
  LINDB,	
  são	
  aplicadas	
  
aos	
  fatos	
  interjurisdicionais,	
  isto	
  é,	
  ocorridos	
  fora	
  do	
  Brasil	
  em	
  que	
  uma	
  das	
  partes	
  seja	
  estrangeira.	
  
A	
   qualificação	
   é	
   a	
   operação	
   pela	
   qual	
   o	
   órgão	
   jurisdicional	
   brasileiro	
   identifica	
   a	
   norma	
  
jurídica	
  aplicável	
  ao	
  fato	
  interjurisdicional.	
  
É	
   a	
   lex	
   fori	
   do	
   órgão	
   judicante	
   que	
   identifica	
   o	
   elemento	
   de	
   conexão	
   entre	
   os	
   países,	
  
apontando	
  a	
  norma	
  substantiva	
  adequada	
  ao	
  fato	
  concreto.	
  No	
  Brasil,	
  essa	
  lex	
  fori	
  é	
  a	
  LINDB	
  (arts.	
  
7º	
  	
  a	
  17).	
  
O	
  elemento	
  de	
  conexão,	
  que	
  é	
  indispensável	
  para	
  a	
  definição	
  da	
  norma	
  jurídica	
  a	
  ser	
  aplicada,	
  
pode	
  ser	
  classificado	
  da	
  seguinte	
  forma:	
  
	
  
Ø quanto	
  à	
  pessoa;	
  
Ø quanto	
  aos	
  bens;	
  
Ø quanto	
  ao	
  ato;	
  
Ø quanto	
  à	
  ação	
  judicial.	
  
	
  
No	
   tocante	
   à	
   ação	
   judicial,	
   aplica-­‐se	
   a	
   lei	
   processual	
   vigente	
   no	
   país	
   em	
   que	
   tramita	
   o	
  
processo.	
  Assim,	
  o	
  fato	
  estrangeiro	
  julgado	
  no	
  Brasil	
  é	
  regido,	
  no	
  âmbito	
  processual,	
  cível	
  ou	
  penal	
  
pelas	
   leis	
   processuais	
   brasileiras.	
   A	
   lei	
   substantiva,	
   referente	
   ao	
   direito	
   material,	
   pode	
   ser	
  
estrangeira,	
  mas	
  a	
  lei	
  adjetiva,	
  atinente	
  ao	
  direito	
  processual,	
  é	
  sempre	
  brasileira.	
  É	
  que	
  a	
  jurisdição	
  
exterioriza	
   a	
   soberania	
   do	
   Estado,	
   o	
   poder	
   de	
   solucionar	
   os	
   conflitos	
   de	
   interesses,	
  
instrumentalizando-­‐se	
   no	
   processo,	
   e,	
   por	
   isso,	
   a	
   aplicação	
   de	
   leis	
   processuais	
   estrangeiras	
  
afrontaria	
  a	
  soberania	
  nacional.	
  
No	
   concernente	
   ao	
   direito	
   material,	
   o	
   juiz	
   brasileiro,	
   para	
   julgar	
   o	
   fato	
   interjurisdicional,	
  
examina,	
  em	
  primeiro	
  lugar,	
  a	
  LINDB,	
  em	
  seus	
  arts.	
  7º	
  a	
  17,	
  indicando	
  o	
  elemento	
  de	
  conexão.	
  Por	
  
exemplo,	
  o	
  art.	
  7º	
  preceitua	
  que	
  á	
  a	
   lei	
  do	
  domicílio	
  da	
  pessoa	
  que	
  determina	
  as	
   regras	
   sobre	
  o	
  
começo	
  e	
  o	
  fim	
  da	
  personalidade.	
  Se,	
  por	
  exemplo,	
  a	
  parte	
  envolvida	
  for	
  um	
  japonês	
  domiciliado	
  no	
  
Paraguai,	
  aplicar-­‐se-­‐á	
  a	
  lei	
  paraguaia.	
  Nada	
  obsta	
  que,	
  no	
  mesmo	
  caso	
  concreto,	
  seja	
  aplicada	
  mais	
  
de	
  uma	
  lei	
  estrangeira.	
  No	
  exemplo	
  acima,	
  se	
  surgir	
  no	
  processo	
  aquestão	
  da	
  qualificação	
  de	
  um	
  
bem,	
   aplicar-­‐se-­‐á,	
   nesse	
   particular,	
   a	
   lei	
   do	
   país	
   em	
   que	
   o	
   bem	
   estiver	
   situado	
   (“lex	
   rei	
   sitae”),	
  
conforme	
   art.	
   8º	
   da	
   LINDB,	
   mantendo-­‐se	
   a	
   lei	
   do	
   domicílio	
   para	
   reger	
   o	
   início	
   e	
   o	
   fim	
   da	
  
personalidade.	
  
	
  
PRINCÍPIOS	
  BÁSICOS	
  
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  14	
  
DIREITO	
  CIVIL	
  -­‐	
  Lei	
  de	
  Introdução	
  às	
  Normas	
  do	
  Direito	
  Brasileiro	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
	
  
O	
  Direito	
  Internacional	
  Privado	
  é	
  regido	
  por	
  dois	
  princípios	
  básicos:	
  
	
  
1º)	
  Princípio	
  da	
  cortesia	
  internacional:	
  é	
  o	
  respeito	
  aos	
  julgamentos	
  internacionais.	
  Por	
  isso,	
  
na	
  homologação	
  de	
  sentença	
  estrangeira,	
  de	
  competência	
  do	
  STJ,	
  conforme	
  o	
  art.	
  105,	
  I,	
   i,	
  da	
  CF,	
  
não	
   se	
   examina	
   o	
  mérito,	
   mas	
   apenas	
   os	
   aspectos	
   formais,	
   a	
   legalidade	
   extrínseca	
   (o	
   chamado	
  
“juízo	
  de	
  delibação”).	
  
2º)	
   Princípio	
   da	
   territorialidade:	
   é	
   regido	
   pela	
   máxima	
   leges	
   non	
   valent	
   ultra	
   territorium,	
  
consistente	
  no	
  fato	
  de	
  a	
  lei	
  aplicar-­‐se	
  apenas	
  aos	
  fatos	
  ocorridos	
  em	
  seu	
  país.	
  Adotou-­‐se,	
  porém,	
  no	
  
Brasil,	
   a	
   territorialidade	
   temperada,	
   admitindo-­‐se	
   em	
   alguns	
   casos	
   a	
   aplicação	
   do	
   direito	
  
estrangeiro,	
  desde	
  que	
  se	
   respeite	
  a	
  ordem	
  pública,	
  os	
  bons	
  costumes	
  e	
  não	
  ofenda	
  a	
   soberania	
  
nacional	
  (art.17	
  da	
  LINDB).	
  De	
  fato,	
  num	
  mundo	
  cada	
  vez	
  mais	
  globalizado	
  intensificam-­‐se	
  entre	
  as	
  
pessoas	
  de	
  países	
  diferentes	
  a	
  formação	
  de	
  vínculos	
  obrigacionais	
  e	
  familiares,	
  não	
  se	
  justificando	
  a	
  
territorialidade	
  absoluta.	
  
	
  
Vejamos	
  algumas	
  dessas	
  regras	
  previstas	
  na	
  LINDB:	
  
a)	
  começo	
  e	
  fim	
  da	
  personalidade,	
  bem	
  como	
  o	
  nome,	
  a	
  capacidade	
  e	
  os	
  direitos	
  de	
  família	
  
(inclusive	
  regime	
  de	
  bens):	
  aplica-­‐se	
  a	
  lei	
  do	
  domicílio	
  da	
  pessoa	
  (art.7º,	
  caput),	
  e	
  não	
  a	
  lei	
  de	
  sua	
  
nacionalidade.	
  Quanto	
   ao	
   regime	
   de	
   bens,	
   deve	
   também	
  observar	
   a	
   lei	
   do	
   país	
   em	
  que	
   tiverem	
  
domicílio	
  os	
  nubentes,	
  e,	
   se	
  este	
   for	
  diverso,	
  à	
  do	
  primeiro	
  domicílio	
   conjugal	
   (art.	
  7º,	
  §4º).	
  Esta	
  
norma,	
   além	
   de	
   proteger	
   a	
   pessoa	
   que	
   se	
   encontra	
   em	
   território	
   estrangeiro,	
   também	
   regula	
   a	
  
validade	
  e	
  eficácia	
  de	
  atos	
  estrangeiros	
  que	
  devam	
  ser	
  cumpridos,	
  no	
  todo	
  ou	
  em	
  parte,	
  no	
  Brasil.	
  
b)	
   quanto	
   aos	
   bens:	
   para	
   qualificá-­‐los	
   como	
   móveis	
   ou	
   imóveis,	
   públicos	
   ou	
   privados,	
  
fungíveis	
  ou	
  infungíveis	
  etc.,	
  bem	
  como	
  regular	
  as	
  relações	
  a	
  ele	
  concernentes,	
  aplicar-­‐se-­‐á	
  a	
  lei	
  do	
  
país	
   em	
   que	
   estiverem	
   situados	
   (art.8º).	
   Aplica-­‐se,	
   pois,	
   a	
   lei	
   do	
   lugar	
   de	
   sua	
   situação.	
   Se,	
   por	
  
exemplo,	
  o	
  bem	
  estrangeiro	
  permanecer	
  no	
  Brasil,	
   será	
   aplicado	
  a	
  ele	
   a	
   lei	
   brasileira.	
   Essa	
   regra	
  
comporta	
  duas	
  exceções.	
  A	
  primeira,	
  que	
  é	
  regida	
  pela	
   lei	
  do	
  domicílio	
  do	
  proprietário,	
  é	
  quanto	
  
aos	
  bens	
  móveis	
  que	
  o	
  proprietário	
  trouxer	
  ou	
  se	
  destinarem	
  a	
  transporte	
  para	
  outros	
  países	
  (§1º	
  
do	
  art.	
  8º).	
  A	
  segunda,	
  que	
  é	
  regida	
  pela	
   lei	
  do	
  domicílio	
  do	
  possuidor,	
  refere-­‐se	
  à	
  coisa	
  dada	
  em	
  
penhor.	
  Se,	
  por	
  exemplo,	
  um	
  brasileiro	
  empenhar	
  na	
  Argentina	
  um	
  anel	
  de	
  brilhante,	
  transferindo	
  a	
  
posse	
  ao	
  credor,	
  que	
  é	
  domiciliado	
  no	
  México,	
  aplicar-­‐se-­‐á	
  a	
  lei	
  mexicana.	
  
c)	
   quanto	
   às	
   obrigações:	
   qualificam-­‐se	
   e	
   regem-­‐se	
   pela	
   lei	
   do	
   país	
   em	
   que	
   se	
   constituírem	
  
(art.9º).	
  Exemplo:	
  o	
  contrato	
  celebrado	
  na	
  Alemanha	
  será	
  regido	
  pelas	
  leis	
  deste	
  país.	
  Tratando-­‐se	
  
de	
   contrato	
   em	
   que	
   a	
   proposta	
   ocorre	
   num	
   país	
   e	
   a	
   aceitação	
   noutro,	
   reputa-­‐se	
   constituído	
   o	
  
negócio	
  jurídico	
  no	
  lugar	
  em	
  que	
  residir	
  o	
  proponente	
  (§2º	
  do	
  art.	
  9º).	
  Assim,	
  se	
  alguém	
  residente	
  
na	
  Suíça	
  formula	
  proposta	
  a	
  uma	
  pessoa	
  que	
  se	
  encontra	
  no	
  Brasil,	
  por	
  meio	
  de	
  carta,	
  telefone	
  ou	
  
e-­‐mail,	
   o	
   aludido	
   contrato	
   será	
   regido	
   pelo	
   Código	
   Civil	
   Suíço.	
   Esta	
   regra,	
   no	
   entanto,	
   comporta	
  
uma	
  exceção:	
  as	
  obrigações	
  constituídas	
  noutro	
  país,	
  mas	
  destinadas	
  a	
  serem	
  cumpridas	
  no	
  Brasil,	
  
devem	
   observar	
   a	
   forma	
   prevista	
   nas	
   leis	
   brasileiras,	
   admitidas,	
   porém,	
   as	
   peculiaridades	
   da	
   lei	
  
estrangeira	
  quanto	
  aos	
  requisitos	
  extrínsecos	
  do	
  ato	
  (§1º	
  do	
  art.	
  9º	
  da	
  LINDB).	
  
d)	
   quanto	
   à	
   sucessão	
   por	
   morte	
   ou	
   por	
   ausência:	
   aplica-­‐se	
   a	
   lei	
   do	
   país	
   em	
   que	
   era	
  
domiciliado	
   o	
   defunto	
   ou	
   o	
   desaparecido,	
   qualquer	
   que	
   seja	
   a	
   natureza	
   e	
   a	
   situação	
   dos	
   bens	
  
(art.10,	
  caput).	
  Adotou-­‐se,	
  como	
  se	
  vê,	
  o	
  princípio	
  da	
  unidade	
  sucessória,	
  isto	
  é,	
  a	
  sucessão	
  causa	
  
mortis	
  ou	
  do	
  ausente	
  é	
  regida	
  por	
  uma	
  única	
  lei,	
  a	
  do	
  domicílio	
  e	
  não	
  da	
  nacionalidade,	
  tanto	
  para	
  
os	
  bens	
  móveis	
  quanto	
  para	
  os	
  imóveis,	
  pouco	
  importando	
  se	
  os	
  bens	
  estiverem	
  ou	
  não	
  localizados	
  
em	
  mais	
  de	
  um	
  país.	
  Não	
  é,	
  portanto,	
  a	
  lei	
  da	
  situação	
  dos	
  bens	
  que	
  regerá	
  a	
  sucessão.	
  A	
  teoria	
  da	
  
pluralidade	
  sucessória,	
  que	
  manda	
  aplicar	
  a	
  lex	
  rei	
  sitae,	
  a	
  lei	
  do	
  lugar	
  	
  da	
  situação	
  dos	
  bens,	
  e	
  que	
  
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Adriana de Souza Melo Franciulli
CPF - 307.111.798-16
 
 
	
  
	
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