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Trabalho Processo Penal - Efeitos da sentença penal condenatória e absolutória

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Faculdade de Direito
Processo Penal II – Turma I
Terceira Avaliação
Prof. José Fernando Gonzalez
 
 
 
Terceira Avaliação de Processo Penal II
 
 
 
 
 
 
 
Efeitos da sentença penal condenatória e absolutória
 
 
 
 
 
 
 
 
Guilherme Bueno da Silva Schaun
 
 
 
 
 
 
 
Pelotas, 2018
Guilherme Bueno da Silva Schaun
Efeitos da sentença penal condenatória e absolutória
 
 
 
Trabalho de Processo Penal II, entregue
no dia 19 de outubro de 2018, como
terceira avaliação na disciplina de
Processo Penal II, ministrada pelo Prof.
Dr. José Fernando Gonzalez..
Pelotas, 2018
1
EFEITOS DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA E ABSOLUTÓRIA
Guilherme Bueno da Silva Schaun
Resumo: O presente trabalho objetiva analisar a doutrina e jurisprudência atinente aos
efeitos, diretos e indiretos, penais e extrapenais, das sentenças penais condenatórias e
absolutórias. A pesquisa exploratória, ordenada com método indutivo, se perfaz na
coletânea de decisões de diferentes instâncias jurisprudenciais e coadunação dos
entendimentos de diversos doutrinadores em processo penal. Na estrutura do texto,
empenhou-se, primeiramente, na sucinta análise das características fundamentais das
sentenças penais (como tipologias e elementos), bem como nos efeitos gerais de todas
essas decisões. Por conseguinte, analisou-se, com separação em itens e tópicos, os efeitos
das sentenças absolutórias e condenatórias, estes englobando caracteres penais,
extrapenais e constitucionais. Por fim, emitiu-se breves considerações finais sobre a
impressão do autor do conhecimento apreendido no processo de pesquisa.
Palavras-chave: Direito processual penal, efeitos das sentenças penais, sentença penal
condenatória, sentença penal absolutória.
1. INTRODUÇÃO
Ao ideal desenvolvimento do presente trabalho, cabe pautar o estudo dos efeitos das
sentenças condenatórias e absolutórias na análise dos elementos basilares das sentenças
do processo penal.
Sendo assim, nas palavras de Fernando Capez (2017, p. 535), depreende-se que
A sentença é uma manifestação intelectual lógica e formal emitida pelo Estado, por
meio de seus órgão jurisdicionais, com a finalidade de encerrar um conflito de
interesses, qualificado por uma pretensão resistida, mediante a aplicação do
ordenamento legal ao caso concreto.
Neste tipo de decisão, há a perfectibilização da função jurisdicional, com a extinção
jurídica da controvérsia, solucionando a causa.
A doutrina costuma classificar as sentenças em três tipos: a) sentenças
condenatórias; b) sentenças absolutórias (impróprias e próprias); c) definitivas em sentido
estrito.
O primeiro grupo refere-se às decisões que julgam procedente, total ou parcialmente,
a pretensão punitiva. Ao contrário disso, o segundo grupo trata daquelas decisões que
desacolhem a pretensão punitiva da acusação, podendo se dividir em próprias (quando, não
acolhendo, não impõem sanção ao acusado) ou impróprias (quando, mesmo desacolhendo,
reconhecem a prática da infração penal e impõem medida de segurança). O terceiro tipo,
2
referente às decisões terminativas de mérito, se dá quando o magistrado julga o mérito, mas
não condena nem absolve o acusado (CAPEZ, 2017, p. 536).
Isso posto, afirma-se que o estudo proposto neste artigo atém-se aos efeitos dos
dois primeiros modelos de sentença, quais sejam, condenatória e absolutória. No entanto, à
introdução, far-se-á amplamente, nos parágrafos subsequentes, uma breve análise dos
elementos e efeitos da sentença penal, no geral, e, no núcleo do desenvolvimento, os
estudos pormenorizados divididos por tipo de decisão.
Quanto aos elementos da sentença, Nucci (2012, p. 672) leciona que deve conter o
relatório, fundamentação, apontamento de dispositivos, e, quando houver condenação, o
juiz precisa deixar claro, nos termos do Art. 387 do Código de Processo Penal, as
circunstâncias agravantes, atenuantes e demais que interfiram na aplicação da pena. Indica-
se que deve conter a análise conjunta das circunstâncias do delito, inclusive inserindo um
valor mínimo para indenização civil pelo dano causado, quando cabível.
Quanto às decorrências gerais da sentença penal, Avena (2009, p. 905) aponta para
o efeito genérico e universalizado da decisão, que é o esgotamento da instância. Desta
forma, uma vez prolatada, não poderá mais o magistrado modificá-la, exceto para correção
de eventuais erros materiais ou para suprir quaisquer obscuridades, omissões, contradições
ou ambiguidades indagadas tempestivamente pelas partes.
2. DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA
Disciplinadas no Art. 386 do CPP, as hipóteses de absolvição do acusado podem se
fundamentar em elementos diferentes.
Em apertada síntese, são fundo para sentença absolutória: a) nos incisos I e II do
artigo supracitado, a dúvida ou certeza da inexistência do fato naturalístico,
independentemente da sua natureza jurídica; b) no inciso III do mesmo artigo, a atipicidade
da conduta, isto é, o não enquadramento do fato, que existiu, a um tipo penal; c)
respectivamente nos incisos IV e V, a certeza ou a dúvida acerca da não autoria; d) no inciso
VI, as excludentes da ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, dentre outros) e de
culpabilidade (inimputabilidade, inexigibilidade de conduta diversa e ausência de potencial
conhecimento da ilicitude); e) trazida o inciso VII, a ausência de provas (BADARÓ, 2012, p.
370-371).
2.1. EFEITOS DA ABSOLVIÇÃO
3
O primordial reflexo da decisão que absolve o réu é a imediata colocação do mesmo
em liberdade, não importando o trânsito em julgado e aspectos relacionados à natureza do
crime e antecedentes do réu. O substrato legal para a afirmação encontra-se nos Arts. 386,
parágrafo único, I, e 596 do CPP, que dispõem do mandado judicial para soltura e do
imediato arranjo do réu em liberdade quando interposta apelação diante de absolvição
(AVENA, 2009, p. 908-909).
Sobre o tema, o seguinte julgado (grifado):
Agravo em execução. Pretensão de obstar a execução provisória da pena na
pendência de recurso interposto pelo Ministério Público. Não demonstração de
que se busca ali a agravação da pena-base ou do regime prisional inicial. Prestígio à
presunção de acerto da sentença. Ausência de risco para ambas as partes, diante
da possibilidade de nova feitura dos cálculos da pena a ser executada. Precedentes
jurisprudenciais. Súmula do Colendo STF, sob o n.º 716. Resolução nº 113 do CNJ.
Assim como o recurso ministerial da decisão absolutória não impede a
imediata colocação do réu em liberdade, o recurso do Parquet agravamento da
sanção, por identidade de razões, não tem efeito de suspender a imediata
execução da sentença. Vedação à execução provisória de pena, por afrontar o
princípio da presunção de inocência. Desprovimento do recurso.
(TJ-RJ - EP: 04670959620088190001, Relator: MARIA HELENA SALCEDO 
MAGALHAES, Data de Julgamento: 18/11/2010, QUINTA CÂMARA CRIMINAL, Data
de Publicação: 11/02/2011).
Em contrapartida, as consequências de uma sentença absolutória imprópria,
especialmente quanto ao caso da inimputabilidade, podem tomar dois caminhos diferentes.
Se o sujeito, mesmo inimputável ao tempo do fato, respondeu o processo em liberdade,
então continuará em liberdade, salvo se apresentar periculosidade social ou enquadramento
nos requisitos da prisão preventiva. Em outro cenário, no caso de, no curso do processo, ter
sido internado em estabelecimento psiquiátrico por força do Art. 152, §2º, do CPP, o sujeito
permaneceráinternado até o trânsito em julgado e sucessiva aplicação da medida de
segurança (AVENA, 2009, p. 909-910).
2.1.1. Dos efeitos indiretos
Os efeitos secundários – ou indiretos – da sentença absolutória, como citam Avena
(2009, p. 910), Capez (2017, p. 546) e Lima (2017, p. 1515), acontecem em condições
específicas, trazidas abaixo, com respectivos dispositivos legais e jurisprudências (grifado):
a) O levantamento do sequestro dos bens supostamente adquiridos por meio de
infração penal (Art. 131, III, do CPP);
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
MEDIDAS ASSECURATÓRIAS. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. LEVANTAMENTO
DOS BENS ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO. POSSIBILIDADE. ART. 386,
PARÁGRAFO ÚNICO, II, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 1. Não há
incompatibilidade entre os arts. 131, III, e 386, parágrafo único, II, do Código de
Processo Penal. A sentença absolutória, ainda que recorrível, implica a
4
revogação das medidas assecuratórias, desde que os bens objeto da
constrição não mais interessem ao processo. Caso contrário, impõe-se aguardar
o trânsito em julgado. Sobre o tema, veja-se, do STF, a decisão proferida na AP 470,
Rel. Ministro JOAQUIM BARBOSA, DJe 26/3/2013. 2. O sequestro, de um lado, se
justifica quando há indícios veementes da proveniência ilícita do bem, dando
primazia à efetividade do processo penal. De outro lado, a absolvição, mesmo
não transitada em julgado, afirma a presunção de inocência do acusado.
Precedentes deste Superior Tribunal. 3. Na espécie dos autos, a Corte de origem
não constatou a necessidade de manter a constrição, o que não é sindicável
em sede mandamental, porquanto vedada, aqui, a dilação probatória. 4. Recurso
ordinário em mandado de segurança a que se nega provimento. (STJ - RMS: 49801
RS 2015/0292197-5, Relator: Ministro RIBEIRO DANTAS, Data de Julgamento:
05/04/2016, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/04/2016).
b) Cancelamento da hipoteca legal e do arresto determinados sobre o patrimônio
lícito do acusado (Art. 141 do CPP);
RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 34.146 - PR (2011/0094040-9)
RELATOR : MINISTRO ANTONIO SALDANHA PALHEIRO RECORRENTE : JOSÉ
LUIZ ALTHÉIA ADVOGADO : ADRIANO SÉRGIO NUNES BRETAS E OUTRO (S) -
PR038524 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL INTERES. :
ROLANDO ROZEMBLUM ELPERN INTERES. : PAULO OSCAR GOLDENSTEIN
INTERES. : SERGIO VOLTOLINI INTERES. : ADRIANA GIANELLO COSTA DE
OLIVEIRA INTERES. : ISIDORO ROZENBLUM TROSMAN INTERES. : KARINA
ROZENBLUM ELPERN DECISÃO Trata-se de recurso em mandado de segurança
interposto por JOSÉ LUIZ ALTHÉIA contra acórdão oriundo do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (Mandado de Segurança n. 0010845-93.2010.404.0000),
assim ementado: PENAL. PROCESSUAL PENAL. ANULAÇÃO DE PROVA ILÍCITA.
CONSEQÜENCIAS NA AÇÃO PENAL. MIANUTENÇÃO DAS CAUTELARES. [...] O
recurso perdeu seu objeto, pois em informações prestadas pela 13ª Vara Federal
de Curitiba/PR, esclareceu-se que "extinta a ação principal em relação ao
requerido José Luiz Althéia, restam prejudicadas as medidas cautelares
decretadas neste processo para garantir a satisfação da pretensão punitiva
estatal deduzida naquela ação penal (art. 141 do Código de Processo Penal).
Incabível, contudo, o pronto levantamento do arresto em vista da penhora no rosto
dos autos realizada pela 6ª Vara Federal de Curitiba (fl. 387)" e-STJ fl. 303. No caso,
tendo em vista a declaração de extinção da punibilidade do recorrente por esta
Corte (REsp n. 601.941), a medida assecuratória imposta na origem foi
considerada prejudicada. Não obstante, não houve a determinação de liberação
dos bens em razão de outra medida que sobre eles incidiu, referente a outra ação,
de natureza cível, conforme esclarece a apontada autoridade coatora. Ante o
exposto, julgo prejudicado o recurso. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 28 de agosto
de 2018. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO Relator (STJ - RMS: 34146 PR
2011/0094040-9, Relator: Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, Data de
Publicação: DJ 30/08/2018).
c) Restituição integral da fiança (Art. 337 do CPP);
PENAL. PROCESSO PENAL. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. APELAÇÃO
CRIMINAL. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. RESTITUIÇÃO DA DIFERENÇA
DO VALOR DEPOSITADO EM FIANÇA DESCONTANDO O VALOR DA PENA DE
MULTA. POSSIBILIDADE. PROVIMENTO PARCIAL. 1. A capacidade psicomotora,
decorrente de embriaguez, pode ser constatada por depoimentos de testemunhas, e
comprovada pelo teste de alcoolemia. 2. Mantida a condenação, descontados o
valor das custas, emolumentos e multa fixada, deverá ser devolvido o
remanescente do valor ao agente. 3. Apelo conhecido e parcialmente provido. (TJ-
AC - APL: 00048913520158010002 AC 0004891-35.2015.8.01.0002, Relator: Des.
Elcio Mendes, Data de Julgamento: 09/11/2017, Câmara Criminal, Data de
Publicação: 14/11/2017).
5
d) Impedimento de ação civil ex delicto fundada em absolvição por excludentes
de ilicitude (Art. 65 do CPP), por inexistência do fato ou porque o réu não
concorreu para a infração penal (Art. 935 do CC);
ACAO RESCISORIA. DOCUMENTO NOVO. SENTENCA CRIMINAL
ABSOLUTORIA POR LEGITIMA DEFESA EM JULGAMENTO DO TRIBUNAL DO
JURI POSTERIOR A SENTENCA CIVEL CONDENATORIA DE INDENIZACAO
TRANSITADA EM JULGADO. NAO HA PREVALENCIA DA COISA JULGADA
CRIMINAL SOBRE A COISA JULGADA CIVEL. SEQUER HA CONFLITO DE
COISAS JULGADAS, DADA A INTENSA DIVERSIDADE DOS ELEMENTOS DA
ACAO, DESCARACTERIZANDO QUALQUER IDENTIDADE. A JURISDICAO
CRIMINAL CUMPRE FUNCAO MUITO DISTINTA DA JURISDICAO CIVEL. AS
HIPOTESES CONSTANTES DOS ARTIGOS 584, II, DO CPC, E 63 DO CPP,
APENAS PRESSUPOE A INEXISTENCIA DE COISA JULGADA CIVEL E NAO DAO
NENHUMA SOLUCAO PARA A HIPOTESE DE JA HAVER COISA JULGADA CIVEL.
APENAS BUSCAM APLICAR O PRINCIPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL.
ADEMAIS, O ART-66 DO CODIGO DE PROCESSO PENAL ESTABELECE QUE
SOMENTE NAO PODERA SER AJUIZADA ACAO CIVEL DE REPARACAO DE
DANOS "EXDELICTO" QUANDO HOUVER RECONHECIMENTO, NA SENTENCA
CRIMINAL, DA INEXISTENCIA MATERIAL DO FATO. [...] (Ação Rescisória Nº
597201607, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Diogenes
Vicente Hassan Ribeiro, Julgado em 14/08/2002).
e) Impedimento de arguição de exceção da verdade nos crimes contra a honra
(Art. 523 do CPP);
APELAÇÃO CRIMINAL - IMPUTAÇÃO DE PRÁTICA DE CRIMES CALÚNIA E
DIFAMAÇÃO (ARTIGOS 138 E 139, CP)- QUEIXA-CRIME JULGADA
IMPROCEDENTE, PELO ACOLHIMENTO DA EXCEÇÃO DA VERDADE -
ALEGAÇÃO DE QUE NÃO SE APLICARIA A EXCEÇÃO DA VERDADE NO CASO,
VEZ QUE A QUERELANTE NÃO FOI CONDENADA NO PROCESSO CRIMINAL
QUE APUROU OS CRIMES DE EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA E FALSIDADE
IDEOLÓGICA - DESCABIMENTO - SENTENÇA DECLARATÓRIA DE EXTINÇÃO
DA PUNIBILIDADE, PELO ADVENTO DA PRESCRIÇÃO, QUE NÃO SE
CONFUNDE COM SENTENÇA ABSOLUTÓRIA OU SENTENÇA CONDENATÓRIA -
O ARTIGO 138, § 3º, III, AFASTA A APLICAÇÃO DA EXCEÇÃO DA VERDADE
QUANDO HOUVER ABSOLVIÇÃO, POR SENTENÇA IRRECORRÍVEL - NÃO
OCORRÊNCIA DE ABSOLVIÇÃO - POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DA
EXCEÇÃO DA VERDADE - [...]. (TJPR - 2ª C. Criminal - AC - 1542646-7 -
Jaguariaíva - Rel.: Roberto De Vicente - Unânime - - J. 08.12.2016)
(TJ-PR - APL: 15426467 PR 1542646-7 (Acórdão), Relator: Roberto De Vicente, 
Data de Julgamento: 08/12/2016, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 1955
24/01/2017).
f) Impossibilidade de novo processo em face da mesma imputação (princípio ne
bis in idem)
g) Retirada da identificação fotográfica dos autos do processo (Art. 7º da Lei nº
12.037/09).
3. DA SENTENÇA CONDENATÓRIA
6
Nas palavras de Nucci (2012, p. 659), a condenação impera quandoo juiz julga
“procedente a pretensão punitiva do Estado, fixando exatamente a sanção penal devida, até
então abstratamente prevista, a ser exigida do acusado”.
3.1. EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Os efeitos primários – ou principais – da sentença condenatória são:
a) Imposição de pena privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa.
Sobre o tema, cabe ressaltar que as penas não-privativas de liberdade são atingíveis
por efeito suspensivo da apelação eventualmente interposta contra a decisão, sob o fulcro
do Art. 597 do CPP. Assim, não se pode exigir do condenado o cumprimento de pena
restritiva de direitos ou multa até o trânsito em julgado. Em outra senda, trata-se de analisar
a pena privativa de liberdade, que tem o efeito abrangido pelo Art. 387, parágrafo único, do
CPP, que disciplina que o juiz precisará fundamentar a manutenção ou instauração da prisão
preventiva. Então é efeito possível, mas não obrigatório, da decisão que impõe pena
privativa de liberdade, já que carece de motivo fundamentado para determinação (AVENA,
2009, p. 911).
Por fim, em caso de mandado de prisão decorrente de sentença condenatória,
determina a Súmula 267 do STJ que “A interposição de recuso, sem efeito suspensivo
contra decisão condenatória não obsta a expedição de mandado de prisão”.
Acerca do trazido, junta-se os seguintes julgados (grifado):
AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. RÉU QUE RESPONDEU AO
PROCESSO EMLIBERDADE. JULGAMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO.
EXPEDIÇÃO DE MANDADODE PRISÃO TÃO SOMENTE PELO ESGOTAMENTO
DA INSTÂNCIA ORDINÁRIA.DIREITO DE AGUARDAR O TRÂNSITO EM JULGADO
EM LIBERDADE.CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 1. É pacífica a
compreensão deste Superior Tribunal de Justiça deque toda prisão anterior à
condenação transitada em julgado somentepode ser imposta por decisão
concretamente fundamentada, mediante ademonstração explícita da sua
necessidade, observado o artigo 312 doCódigo de Processo Penal. [...] (STJ -
AgRg no HC: 102683 BA 2008/0063106-0, Relator: Ministro HAROLDO
RODRIGUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), Data de Julgamento:
09/11/2010, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 06/12/2010).
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. LATROCÍNIO. PLEITO
ABSOLUTÓRIO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. REJEIÇÃO. PEDIDO DE
DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO. DESCABIMENTO. MANUTENÇÃO DA
SENTENÇA CONDENATÓRIA. EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE PRISÃO.
Comprovada a autoria e materialidade do delito pelo réu, imperiosa sua
condenação. [...] Pena corretamente fixada e fundamentada pela Magistrada
singular, de forma que não merece alterações. Determinada a expedição de
mandado de prisão. Apelação desprovida. (Apelação Crime Nº 70054905633,
Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio Daltoe
Cezar, Julgado em 17/10/2013)(TJ-RS - ACR: 70054905633 RS, Relator: José
Antônio Daltoe Cezar, Data de Julgamento: 17/10/2013, Sexta Câmara Criminal,
Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 30/10/2013).
7
PENAL E PROCESSUAL PENAL - MANDADO DE SEGURANÇA - SENTENÇA
PENAL CONDENATÓRIA - CONDENAÇÃO PELOS CRIMES PREVISTOS NOS
ARTS. 20 DA LEI 4.947/66 (INVASÃO DE TERRAS PÚBLICAS) E 38 DA LEI
9.605/98 (CRIME CONTRA A FLORA) - INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO, PELO
RÉU - EFEITO SUSPENSIVO - ART. 597 DO CPP - DETERMINAÇÃO JUDICIAL
DE IMEDIATA RETOMADA E DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL - IMPOSSIBILIDADE -
NECESSIDADE DE AJUIZAMENTO DE AÇÃO POSSESSÓRIA. I - Objetiva a
impetração afastar ato do Juízo monocrático, que, nos autos de ação penal, após
condenar o impetrante pela prática dos crimes previstos nos arts. 20 da Lei 4.947/66
(invasão de terras públicas) e 38 da Lei 9.605/98 (crime contra a flora), determinou
que o INCRA reassuma o imóvel invadido e que nele assente, de pronto, uma das
famílias regularmente cadastradas no Programa de Reforma Agrária. II - No caso,
ficou bem demonstrada a ausência de fundamentos que justifiquem a imediata
retomada do imóvel pelo INCRA, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória. III - Dentre os relevantes motivos para a manutenção do impetrante
no imóvel, destaca-se, em primeiro lugar, o fato de ter sido por ele interposta
apelação contra a sentença penal condenatória, que tem efeito suspensivo, a
teor do art. 597 do CPP; [...]. A apelação de sentença penal condenatória
possui efeito suspensivo, nos termos do art. 597 do CPP. V - Ilegalidade do ato
judicial impugnado, porquanto, mesmo após interposta, pelo impetrante, apelação -
que tem efeito suspensivo, nos termos do art. 597 do CPP - contra a sentença penal
condenatória, o impetrado insiste em fazer cumprir a determinação,
consubstanciada na sentença, de desocupação imediata do imóvel e de outras
providências acautelatórias, constantes da mesma sentença. V - Segurança
concedida.(TRF-1 - MS: 25509 AM 0025509-16.2010.4.01.0000, Relator:
DESEMBARGADORA FEDERAL ASSUSETE MAGALHÃES, Data de Julgamento:
08/09/2010, SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: e-DJF1 p.148 de 20/09/2010).
b) Inclusão do nome do réu no rol de culpados.
Consoante regra contida no Art. 393, II, do CPP, o nome do delinquente, sua
qualificação e referência ao processo devem constar em livro cartorário. Em boa
observação, Avena (2009, p. 912) assevera que a inscrição só acontecerá com o trânsito em
julgado, em função do princípio da presunção de inocência.
PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO - REEXAME DE PROVAS - CONFISSÃO -
HARMONIA COM O RESTANTE DA PROVA - AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS - PRETENSÃO DE DIMINUIÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO -
IMPOSSIBILIDADE - SÚMULA Nº 231 DO STJ - SUSPENSÃO DOS DIREITOS
POLÍTICOS - EFEITO AUTOMÁTICO DA CONDENAÇÃO - ROL DOS CULPADOS
- INCLUSÃO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO - RECURSO NÃO PROVIDO
Impossível a diminuição da pena em patamar aquém do mínimo legal via aplicação
das atenuantes da confissão e menoridade, nos termos da Súmula nº 231, do STJ. A
suspensão dos direitos políticos do condenado é efeito automático da sentença
penal condenatória, independentemente da espécie de delito, de sua cominação
legal, da pena concretizada ou mesmo da substituição da sanção corporal por penas
alternativas, tendo em vista a autoaplicabilidade do art. 15, III, da Constituição da
República. Precedentes dos Tribunais Superiores. A inclusão do nome do réu no
rol dos culpados é cabível após o trânsito em julgado da condenação,
conforme determinado na sentença. [...] (TJ-MG - APR: 10024102209772001 MG,
Relator: Amauri Pinto Ferreira (JD CONVOCADO), Data de Julgamento: 09/04/2014,
Câmaras Criminais / 4ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 15/04/2014).
3.1.1. Dos efeitos secundários
8
Na sequência, os efeitos secundários da condenação são aqueles que, mesmo que
produzidos no processo, refletem em relação jurídica distinta. Os exemplos tratados por
Avena (2009, p. 912), com jurisprudências (grifadas), são:
a) Em razão de condenação em processo diverso, operar-se-á a revogação do
sursis e do livramento condicional deferidos (Arts. 81 e 86 do CP).
PROCESSO PENAL. SURSIS PROCESSUAL. DESCUMPRIMENTO DO ACORDO.
BENEFICIÁRIO PROCESSADO NO CURSO DO PERÍODO DE PROVA.
REVOGAÇÃO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO.
PROCESSAMENTO DO FEITO. CONDENAÇÃO DO RÉU. DOSIMETRIA DA PENA.
PRESCRIÇÃO. PENA EM CONCRETO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 1.
Considerando que o réu não cumpriu as condições do acordo na sua
integralidade e foi processado durante o período de prova do sursis
processual, irreparável a decisão que revogou o benefício da suspensão
condicional do processo, conforme art. 89, § 3º, da Lei nº 9099/99 e determinou
a retomada da marcha processual. […] (TRF-4 - ACR: 6301520074047000 PR
0000630-15.2007.404.7000,Relator: SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ, Data de
Julgamento: 22/07/2014, SÉTIMA TURMA, Data de Publicação: D.E. 31/07/2014).
b) Se for um crime cometido antes ou durante a execução da pena, a
condenação poderá acarretar na regressão de regime (Arts. 111, parágrafo
único, e 118, II, da Lei de Execução Penal).
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO.
EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE. PRÁTICA DE CRIME DOLOSO NO CURSO
DA EXECUÇÃO DA PENA (FURTO). PAD. INSTAURAÇÃO. TRAMITAÇÃO
REGULAR. HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL. ILEGALIDADE NÃO CONFIGURADA.
FALTA GRAVE CARACTERIZADA. ART. 52 DA LEP. REGRESSÃO DE REGIME.
NOVA DATA-BASE PARA BENEFÍCIOS. PERDA DOS DIAS REMIDOS.
CONSECTÁRIOS LEGAIS. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. I - A Terceira
Seção desta Corte, nos termos do entendimento firmado pela Primeira Turma do col.
Pretório Excelso, sedimentou orientação no sentido de não admitir habeas corpus
em substituição ao recurso adequado, situação que implica o não conhecimento da
impetração, ressalvados casos excepcionais em que, configurada flagrante
ilegalidade apta a gerar constrangimento ilegal, seja possível a concessão da ordem
de ofício. II - Nos termos do art. 52 da LEP, constitui falta grave o cometimento
de crime doloso no curso da execução da pena, a ser reconhecida após a
instauração de PAD, que, no caso concreto, tramitou regularmente. III - Nos
termos do art. 118, I, da Lei de Execução Penal, a prática de falta grave autoriza
a regressão de regime prisional. IV - A prática de falta grave importa na perda dos
dias remidos e alteração da data-base do prazo para a concessão de benefícios
executórios, salvo para fins de livramento condicional (Súmula 441/STJ), comutação
de pena ou indulto (Súmula 535/STJ). Precedentes. Habeas corpus não conhecido.
(STJ - HC: 428377 RS 2017/0320744-8, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de 
Julgamento: 03/04/2018, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 
10/04/2018).
c) A reincidência, que produz efeitos em processos adversos (Art. 61, I, do CP).
Além desses, será possível a incidência dos efeitos extrapenais – genéricos ou
específicos – da condenação.
3.1.2. Dos efeitos extrapenais genéricos
9
Os efeitos extrapenais genéricos são aqueles que, a depender do caso, operam de
forma automática, ex lege, são obrigatórios e independem de declaração ou motivação pelo
juiz. São eles (AVENA, 2009, p. 913-915; CAPEZ, 2017, p.547; NUCCI, 2012, p. 675):
a) Obrigação de reparar o dano (art. 91, I, do CP).
A vinculação do juízo cível em função do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória se dá por previsão do Art. 515 do CPC, podendo ser executada pela vítima ou
herdeiros (Art. 63 do CPP). Suplementarmente, o Art. 387, IV, do CPP, estipula a
possibilidade do juiz criminal estipular um quantum indenizatório mínimo à sentença penal,
transformando-a em título executivo líquido.
PENAL E PROCESSUAL PENAL. ROUBO QUALIFICADO. ABSOLVIÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. DOSIMETRIA. EXARCEBAÇÃO DA PENA. INOCORRÊNCIA.
EXCLUSÃO DA CONDENAÇÃO CIVIL FIXADA NOS TERMOS DO ART. 387,
INCISO IV DO CPP. IMPOSSIBILIDADE. OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
CAUSADO PELA PRÁTICA DO DELITO DECORRE DA PRÓPRIA LEI COMO
EFEITO EXTRA-PENAL DA CONDENAÇÃO, ART. 91 DO CP. AS ALTERAÇÕES
INTRODUZIDAS PELA LEI 11.719/08 AUTORIZAM A DEFINIÇÃO DO QUANTUM
DEBEATUR NA SENTENÇA. CONTRADITÓRIO OBSERVADO. PEDIDO
EXPRESSO DE INDENIZAÇÃO FORMULADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO NAS
ALEGAÇÕES FINAIS. ELEMENTOS OBJETIVOS PRESENTES PARA AFERIÇÃO
DO VALOR DO DANO. APELOS NÃO PROVIDOS. INDENIZAÇÃO MANTIDA. I -
Não merece reforma e consequente absolvição dos réus, a sentença cuja
condenação guarda harmonia com as provas carreadas aos autos. II - Não há
excesso na aplicação da reprimenda imposta pelo togado monocrático quando as
circunstâncias judiciais a que alude o art. 59, do CP, justificam a pena aplicada. III -
A obrigação de reparar o dano causado pela prática do delito decorre da
própria lei como efeito extrapenal da sentença condenatória. Assim o an
debeatur nos delitos que causam dano indenizável à vítima decorre da
inteligência do art. 91 do Código Penal. IV - Após o advento da Lei 11.719/08
restou autorizado ao juízo sentenciante a definição do quantum debeatur,
desde que assegurado o contraditório e demonstrado os elementos objetivos
para aferição do valor. […] (TJ-PE - APL: 4249581 PE, Relator: Mauro Alencar De
Barros, Data de Julgamento: 08/02/2017, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação:
13/03/2017).
b) Se os objetos do crime forem ilícitos, o condenado os perderá em favor da
União (Art. 91, II, “a”, do CP).
O Estado confisca os objetos que sejam proibidos ou estejam em situação de
ilegalidade e tenham sido empregados no crime. São coisas cujo fabrico, alienação, porte,
uso ou detenção constituam fatos ilícitos. Típicas ilustrações do cenário são armas de fogo
de calibre restrito, documentos falsificados, veículos furtados, dentre outros. 
APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E POSSE
ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO - SENTENÇA CONDENATÓRIA
- PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO - ALEGADA INSUFICIÊNCIA DE PROVAS -
MATERIALIDADE COMPROVADA - AUTORIA - NEGATIVA PELO RÉU - FIRMES
DEPOIMENTOS DOS POLICIAIS E DE UM USUÁRIO - CIRCUNSTÂNCIAS
FÁTICAS - PROVA SUFICIENTE - CONDENAÇÕES MANTIDAS - PENA -
REDUÇÃO - ALGUMAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS -
AUMENTO JUSTIFICADO - PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DOS BENS
APREENDIDOS - OBJETOS UTILIZADOS COMO INSTRUMENTOS PARA O
10
TRÁFICO - DECRETO DE PERDIMENTO MANTIDO - IMPROVIDO. Restando
comprovada a materialidade e se a autoria, não obstante negativa pelo réu,
encontra-se evidenciada pelos firmes depoimentos dos policias e de um usuário, que
confirmou ser acostumado a comprar droga naquele local, bem como pelas
circunstâncias fáticas, não resta alternativa, senão condená-lo pelo delito de tráfico
ilícito de entorpecentes. Mantém-se a condenação pelo delito tipificado no art. 16 da
Lei n. 10.826/03 se o réu mantinha sob sua guarda, em sua residência, armas
de fogo de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação
legal ou regulamentar. Autorizado está o magistrado a fixar a pena-base um pouco
acima do mínimo legal quando algumas das circunstâncias judiciais do art. 59 do
Código Penal mostram-se desfavoráveis ao réu, bem como a aumentá-la, na
segunda fase, em virtude da agravante da reincidência. Faz-se o confisco dos
bens em favor da União, como prevê o art. 34 da Lei 6.368/76, caso presente o
nexo entre o delito e os objetos utilizados no crime de tráfico de
entorpecentes. 19.8.2005.JLP. (TJ-MS - ACR: 10518 MS 2005.010518-5, Relator:
Des. José Augusto de Souza, Data de Julgamento: 21/09/2005, 2ª Turma Criminal,
Data de Publicação: 06/10/2005).
c) Perda, em favor da União, dos bens adquiridos com o produto da infração
penal (Art. 91, II, “b”, do CP).
São perdidos todos os bens adquiridos pelo réu como produto do crime pelo qual foi
condenado. Se aqueles já tiverem sido sujeitados ao sequestro no curso do processo, a
venda judicial operar-se-á automaticamente (Art. 133 do CPP), caso contrário aplicar-se-á o
disposto no Art. 122 do CPP, cabendo ao “juiz, de ofício ou a requerimento das partes,
decretar a perda dos bens ilicitamente adquiridos após o escoamento do prazo mínimo de
noventa dias” (AVENA, 2009, p. 914). 
Por fim, argui-se que não se pode confundir o efeito automático, extrapenal, da
condenação com pena restritiva liberdade com a própria pena restritiva de direitos,
propriamente dita, em substituição da privativa de liberdade.
RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 53.931 - SC (2017/0094013-3)RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER RECORRENTE : J W RECORRENTE : V J
W RECORRENTE : E F W RECORRENTE : L M W ADVOGADOS : VICTOR
EMENDORFER NETO - SC015769 EDERLEY M FULIK - SC037296 RECORRIDO :
ESTADO DE SANTA CATARINA PROCURADOR : TAITALO FAORO COELHO DE
SOUZA E OUTRO (S) - SC005129 DECISÃO Trata-se de recurso ordinário em
mandado de segurança interposto por J W, V J W, E F W e L M W, em face de v.
acórdão prolatado pelo eg. Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina no writ
n. 4009184-10.2016.8.24.0000. Infere-se dos autos que os recorrentes foram
condenados em primeira instância pela prática dos crimes de corrupção ativa,
formação de quadrilha, contravenção penal do jogo de bicho e crime contra a
economia popular (art. 333 e art. 288, ambos do CP; art. 58 do Decreto-Lei n.
3.688/41; e art. 2º, IX, da Lei n. 1.521/51), conforme sentença proferida em
12/11/2010 (fls. 95-271). No mesmo decisum, como efeito secundário da
condenação, foi decretada a perda em favor da União dos bens e valores
obtidos como produto dos atos ilícitos. [...] (DF), 1º de fevereiro de 2018. Ministro
Felix Fischer Relator(STJ - RMS: 53931 SC 2017/0094013-3, Relator: Ministro
FELIX FISCHER, Data de Publicação: DJ 06/02/2018).
11
d) A expropriação, sem indenização, de glebas usadas para culturas ilegais de
plantas psicotrópicas e o confisco de bens apreendidos em decorrência do
tráfico (Art. 243, da CF).
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. EXPROPRIAÇÃO. CULTURAS ILEGAIS.
PLANTAS PSICOTRÓPICAS. ARTIGO 243 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LEI Nº
8.257/91. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL.
INTERPRETAÇÃO DO DIREITO. LINGUAGEM DO DIREITO. PRECEDENTE DO
STF. EXPROPRIAÇÃO EXCEPCIONAL. MOTIVAÇÃO ESPECÍFICA.
ASSENTAMENTO DE COLONOS. IMPOSSIBILIDADE NO CASO CONCRETO.
QUANTIDADE DE PLANTAS APREENDIDAS. PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1.Em procedimento
investigatório policial, foi identificado no imóvel situado na Rua Severino Capim,
sem número, Distrito Sítio Alvinho, Município de Lagoa Seca/PB, um plantio de
5 (cinco) pés de maconha, bem como de 8 (oito) mudas da referida erva , tidas
como de propriedade do ocupante e filho da proprietaria do imóvel, ora apelada. [...]
4.Através de uma analise específica da hipótese dos autos, correto foi o
entendimento do juízo a quo no sentido de que a propriedade objeto da lide
não se sujeita à expropriação prevista no art. 1º da Lei nº 8.257/91. 5.De acordo
com o referido artigo, as glebas de qualquer região do país onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente
expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para
o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer
indenização ao proprietario e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei,
conforme o art. 243 da Constituição Federal. 6.De acordo com os laudos técnicos
e fotografias colacionados aos autos, é de facil percepção que o bem em questão,
na eventualidade de sua expropriação, nunca se prestaria para o fim previsto
pelo legislador constituinte, seja pela sua inexpressiva extensão (lote de 26x8
metros quadrados), [...] 8.Não bastasse, este Tribunal tem freqüentemente se
deparado com casos que efetivamente demandam uma intervenção da
Administração e do Poder Judiciario para fins de coibir a nefasta pratica de
trafico ilícito de drogas. Nessas ocasiões, geralmente é discutida a
expropriação de glebas onde foram identificados plantios de quantidades
significantes de plantas ilícitas, como por exemplo a AC 9905272585, 49.935
pés; AC 200683040004407, 16.000 pés; AC 200183080008566, 1.224 pés, entre
outros julgados. 9.No caso em espeque, todavia, pretende-se a expropriação
de imóvel residencial urbano de pequeno porte pela constatação de plantio de
parcos 5 (cinco) pés de planta ilícita, [...]. 4. Recurso Especial parcialmente
conhecido e, nessa parte, não provido. (REsp 1.678.845/RS, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/08/2017, DJe 12/09/2017). Ante o
exposto, com base no art. 255, § 4º, I, do RISTJ, NÃO CONHEÇO do recurso
especial. Sem arbitramento de honorários sucumbenciais recursais (art. 85, § 11, do
CPC/2015), em razão do disposto no Enunciado n. 7 do STJ. Publique-se. Intimem-
se. Brasília (DF), 09 de agosto de 2018. MINISTRO GURGEL DE FARIA Relator
(STJ - REsp: 1448015 PB 2014/0081975-7, Relator: Ministro GURGEL DE FARIA,
Data de Publicação: DJ 22/08/2018).
e) A destruição do material (de disseminação de discriminação ou preconceito
em razão de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional) apreendido (Art.
20, § 4º, da Lei nº 7.716/1989)
f) Perda, em favor da União, dos bens, direitos e valores objetos do crime de
lavagem de dinheiro e a interdição do exercício de cargo ou função pública de
diretor, membro de conselho de Administração ou de gerência das pessoas
jurídicas ligadas à prática criminal (Art. 7º da Lei de Lavagem de Dinheiro).
12
PENAL. PROCESSUAL PENAL. MANDADO DE SEGURANÇA SEQUESTRO DE
BENS DOS AUTORES DO CRIME E PERDA EM FAVOR DA UNIÃO. AÇÃO PENAL
QUE APUROU, ENTRE OUTROS, CRIMES DE TRÁFICO INTERNO E EXTERNO
DE PESSOAS (MULHERES); LAVAGEM DE DINHEIRO E CONTRA O SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL. SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA NÃO
TRANSITADA EM JULGADO. RECURSO DE APELAÇÃO JÁ JULGADO POR ESTA
CORTE. CONFIRMAÇÃO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA, INCLUSIVE, NA
PARTE QUE DECRETOU A PERDA EM FAVOR DA UNIÃO DOS BENS
CONFISCADOS NA AÇÃO PENAL. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL
PARA O STJ. PREJUÍZO DA ANÁLISE DO MÉRITO. EXTINÇÃO DO 'MANDAMUS'.
[..] 4. Ademais, com o julgamento da apelação criminal nº 5179/RN, que confirmou
a sentença condenatória na parte que decretou a perda em favor da União dos
bens confiscados, a matéria ora deduzida restou prejudicada, sendo descabida sua
discussão nesta via eleita ante à impossibilidade jurídica do pedido, não tendo como
se aplicar a ressalva do direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, tratada no inciso I,
do Artigo 7º da Lei nº 9.613/98, que dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou
ocultação de bens, direitos e valores. 5. Extinção do 'mandamus' sem exame do
mérito. (TRF-5 - MSTR: 97620 RN 0024382-37.2007.4.05.0000, Relator:
Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira, Data de Julgamento: 27/08/2009,
Primeira Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário Eletrônico Judicial - Data:
10/09/2009 - Página: 213 - Ano: 2009).
3.1.3. Dos efeitos extrapenais específicos
Ao contrário dos efeitos extrapenais genéricos, os específicos não são automáticos e
dependem de declaração fundamentada em sentença condenatória, com demonstração de
que o efeito se faz adequado ao caso concreto que gerou a condenação (AVENA, 2009, p.
915).
Efeitos extrapenais específicos, acompanhados de breves explicações da doutrina e
jurisprudência (grifada): 
a) Se condenado por crime cometido com abuso de poder, à pena privativa de
liberdade igual ou superior a um ano, pode ser efeito da pena a perda do cargo,
função pública ou mandado eletivo (Art. 92, I, a, do CP). Por outro lado, ainda
que sem abuso do poder, pode ocorrer o mesmo se condenado à pena de prisão
superior a quatro anos (Art. 92, I, b, do CP).
Como bem lembra Lima (2017, p. 1543), os juízes e membros do Ministério Público
somente podem perder o cargo mediante ação judicial própria, proposta por Procurador-
Geral de Justiça previamente autorizado pelo Colégio de Procuradores (Art. 95, I, e Art. 128,
§5º, I, “a”, ambos da CF). Por outro lado, os servidores públicos que cometem crimes
definidos na Lei de Licitações (Art. 83) perdem o cargo, emprego, função ou mandato
eletivo. Nos crimes resultantes de preconceitode raça ou de cor, com força no Art. 16 da Lei
nº 7.716/89, há perda do cargo ou função pública do servidor público e a suspensão do
funcionamento do estabelecimento particular.
13
 Sobre alterações à regra dos efeitos extrapenais específicos, Avena (2009, p. 916)
refere-se ao caso da condenação pelo crime de tortura, que ocasiona a automática e
obrigatória perda do cargo, prescindindo de fundamentação.
Quanto aos Senadores e Deputados Federais há divergência entre a lei e sua
aplicação, já que, com força no Art. 55, §2º e Art. 27, §1º, ambos da CF, no caso de
condenação criminal em sentença com trânsito em julgado, a perda do mandato será
decidida pela Câmara dos Deputados ou Senado, por maioria absoluta, mediante
provocação da respectiva Mesa ou partido político representado no Congresso Nacional,
assegurada a ampla defesa. Por outro lado, o Plenário do STF já decidiu de forma diversa
no julgamento de crimes comuns cometidos por políticos, imputando a perda do cargo em
função da condenação (LIMA, 2017, p. 1545).
Quanto às organizações criminosas, a Lei nº 12.850/13 determina que a condenação
com “trânsito em julgado acarreta ao funcionário público a perda do cargo função, emprego
ou mandado eletivo e a interdição do exercício da função ou cargo público pelo prazo de oito
anos subsequentes ao cumprimento da pena” (LIMA, 2017, p. 1544).
Sobre o tema (grifado):
APELAÇÃO CRIMINAL. POLICIAL MILITAR. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO. ABUSO
DE PODER. CONDENAÇÃO COM BASE NA PROVA DOS AUTOS. REVISÃO DA
PENA. REGIME INICIAL. PERDA DO CARGO. 1.A CONDENAÇÃO ENCONTRA
AMPARO LEGAL, TENDO OS JURADOS ACOLHIDO A VERSÃO DA ACUSAÇÃO,
COM BASE NAS PROVAS COLIGIDAS NOS AUTOS. 2.CORRETA A DOSIMETRIA
DA PENA, QUE ATENDEU OS CRITÉRIOS LEGAIS, JURISPRUDENCIAIS, BEM
COMO O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE, ESTABELECENDO
ACERTADAMENTE O REGIME INICIAL SEMI-ABERTO PARA O CUMPRIMENTO
DA REPRIMENDA (CP 33, § 2º, B). 3.AO CONDENADO À PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE SUPERIOR A 1 (UM) ANO, POR CRIME PRATICADO COM ABUSO
DE PODER, IMPÕE-SE A CONDENAÇÃO À PERDA DO CARGO PÚBLICO (CP,
ART. 92, I, A). 4.NEGOU-SE PROVIMENTO AO APELO DO RÉU. (TJ-DF - ACR:
20010710087170 DF, Relator: VAZ DE MELLO, Data de Julgamento: 10/11/2005, 2ª
Turma Criminal, Data de Publicação: DJU 09/08/2006 Pág. : 77).
b) Se a condenação se der em função de crime doloso, punido com reclusão,
contra filho tutelado e curatelado, pode-se operar a incapacidade para o
exercício do poder familiar, tutela e curatela (Art. 92, II, do CP).
Avena (2009, p. 917) ressalta que o efeito é permanente quanto à pessoa
diretamente lesionada com a conduta criminosa, mas é reversível em relação aos demais
filhos. Anote-se que a perda do direito supracitado sempre atinge os demais filhos do
delinquente.
APELAÇÃO CRIMINAL - ESTUPRO - VIOLÊNCIA PRESUMIDA - VÍTIMA FILHA DE
11 ANOS - IRRESIGNAÇÃO PLEITEANDO ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE -
PROVAS CONTUNDENTES E INEQUÍVOCAS DA PRÁTICA DO DELITO-
TESTEMUNHAS OCULARES, AUTO DE CONJUNÇÃO CARNAL E
DECLARAÇÕES DA VÍTIMA- MINISTÉRIO PÚBLICO QUE APELA BUSCANDO
MAJORAÇÃO DA PENA-BASE, ELEVAÇÃO DA CONTINUIDADE DELITIVA À
14
FRAÇÃO MÁXIMA PREVISTA E RECONHECIMENTO DA CAUSA DE AUMENTO
PREVISTA NO ART. 9º DA LEI Nº 8.072/90 - IMPOSSIBILIDADE - PERCENTUAL
DE CONTINUIDADE APLICADO DE FORMA CORRETA - VIOLAÇÃO AO NON BIS
IN IDEM E INADMISSIBILIDADE DE MAJORAÇÃO DA PENA-BASE -
CIRCUNSTÂNCIAS ELEMENTARES DO PRÓPRIO TIPO PENAL - DECRETAÇÃO
DA PERDA DO PODER FAMILIAR - INTELIGÊNCIA DO ART. 92, INCISO II, DO
CP - IMPROVIMENTO AO APELO DO RÉU E PROVIMENTO PARCIAL DO
RECURSO MINISTERIAL PARA DECRETAÇÃO DA PERDA DO PODER
FAMILIAR. É de se manter incólume à decisão que condenou o apelante estando
suficientemente comprovadas a autoria e a materialidade delitiva, pelo depoimento
da vítima, não maculado de vícios e em perfeita sintonia com as demais provas dos
autos. É irreparável a pena bem dosada aplicada dentro das circunstâncias
elementares do próprio tipo penal. A incapacidade para o exercício de o pátrio
poder é efeito específico da condenação quando se trata de crime doloso,
sujeito à pena de reclusão, agravado por ser a vítima filha menor do agente.
(Ap 29332/2004, DR. JOSÉ LUIZ DE CARVALHO, PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL,
Julgado em 19/10/2004, Publicado no DJE 28/10/2004) (TJ-MT - APL:
00293329320048110000 29332/2004, Relator: DR. JOSÉ LUIZ DE CARVALHO,
Data de Julgamento: 19/10/2004, PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL, Data de
Publicação: 28/10/2004).
c) Se o crime doloso utilizou como instrumento veículo automotor, o agente
pode ser inabilitado para dirigi-lo.
Enfatiza Avena (2009, p. 918-919) que esse efeito não se confunde com a pena do
Art. 292 do Código de Trânsito Brasileiro ou com a pena restritiva de direitos do Art. 47, III,
do CP.
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL.
CRIME DE DESCAMINHO. DELITO DOLOSO. PENA ACESSÓRIA. INABILITAÇÃO
PARA DIRIGIR VEÍCULO AUTOMOTOR. EFEITO DA CONDENAÇÃO. ART. 92, III,
DO CP. LEGALIDADE. ACCESSIO CEDIT PRINCIPALI. ACÓRDÃO A QUO EM
CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTE TRIBUNAL. SÚMULA 83/STJ.
1. São dois os requisitos para que se aplique como efeito da condenação a
inabilitação para dirigir veículo: a) ter o réu praticado o crime de forma dolosa
e b) o veículo constituir-se em meio para a prática do delito. 2. O acórdão a quo
considerou que o réu praticou crime doloso e se valeu de veículo automotor
como instrumento para a sua prática. Assim, adequada a manutenção da
incidência do disposto no art. 92, III, do Código Penal, consoante a
jurisprudência deste Superior Tribunal (Súmula 83/STJ). 3. O agravo regimental
não merece prosperar, porquanto as razões reunidas na insurgência são incapazes
de infirmar o entendimento assentado na decisão agravada. 4. Agravo regimental
improvido. (STJ - AgRg no REsp: 1522252 PR 2015/0073528-7, Relator: Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 07/05/2015, T6 - SEXTA TURMA,
Data de Publicação: DJe 18/05/2015).
3.1.4. Dos efeitos de ordem constitucional da condenação
Por fim, cabe aqui lembrar os efeitos de ordem constitucional da condenação,
automáticos e inafastáveis, acompanhados de jurisprudência (grifada):
a) Suspensão de direitos políticos (art. 15, III, da CF).
Não prescindindo de fundamentação, a sentença condenatória transitada em julgado
decorre imediatamente na suspensão dos direitos políticos, que só cessa com extinção da
punibilidade (cumprimento da pena, morte do agente, anistia, perdão judicial, indulto, dentre
15
outros), independentemente de reabitação ou de prova de reparação de danos (AVENA,
2009, p. 919).
A suspensão desses direitos perdura enquanto vigorar a condenação.
APELAÇÃO - RECEPTAÇÃO - DIREITOS POLÍTICOS - SUSPENSÃO - EFEITO DA
CONDENAÇÃO. A suspensão dos direitos políticos é efeito automático da
condenação, devendo ser determinada, pelo Julgador, mesmo quando houver
a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos (art. 15,
III, da CF/88). (TJ-MG - APR: 10290160035124001 MG, Relator: Octavio Augusto
De Nigris Boccalini, Data de Julgamento: 03/04/2018, Data de Publicação:
13/04/2018).
b) Impedimento de naturalização (Art. 12, II, b, da CF)
ADMINISTRATIVO.NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA. ATO VINCULADO.
REQUISITOS. CONDENAÇÃO PENAL. REABILITAÇÃO. 1. A concessão da
naturalização com base na alínea b do inciso II do art. 12 da Constituição Federal
configura hipótese de ato vinculado da Administração, estando sujeito a controle de
legalidade pelo Poder Judiciário. 2. Para adquirir a naturalização extraordinária, o
estrangeiro deve residir no país há mais de 15 anos, não possuircondenação
criminal e postular a concessão. 3. Extinta a pena pelo seu cumprimento e
obtida, judicialmente, a reabilitação, a condenação penal deixa de configurar
óbice à obtenção da nacionalidade brasileira. Do contrário, ter-se-ia sanção de
efeitos perpétuos imputada ao estrangeiro. (TRF-4 - AC: 50239598320124047100
RS 5023959-83.2012.404.7100, Relator: VÂNIA HACK DE ALMEIDA, Data de
Julgamento: 07/08/2013, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: D.E. 12/08/2013).
c) O oficial das Forças Armadas condenado à pena privativa de liberdade com
pena superior a dois anos só perderá o posto e a patente se for julgado indigno
de oficialato ou com ele incompatível (Art. 142, §3º, VII da CF).
Para militares, não obstante o ditado no Art. 125, §4º, da CF, o STJ tem entendido
que, quanto aos crimes militares, a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação
das praças das corporações militares estaduais decorre de processo específico, não de
efeito secundário da condenação. Quanto aos crimes comuns cometidos por militar, nada
obsta a perda do cargo desses servidores em sede de apelação (LIMA, 2017, p. 1544).
RESP - MILITAR - PERDA DO POSTO E DA PATENTE - CONDENAÇÃO
SUPERIOR A DOIS ANOS - EXCLUSÃO DA CORPORAÇÃO MILITAR -
NECESSIDADE DE PROCEDIMENTO ESPECÍFICO. - O oficial condenado à pena
privativa de liberdade superior a dois anos, só perderá o posto e a patente se
for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível. Relativamente aos
praças, suas graduações constituem garantia constitucional. O art. 125, § 4ª da
Constituição Federal subordina a perda de graduação dos praças à decisão de
tribunal competente, mediante procedimento específico. Tal dispositivo, de
eficácia imediata gerou a caducidade do art. 102 do CPM. Precedente do STF. -
Recurso desprovido. (STJ - REsp: 173931 GO 1998/0032322-8, Relator: Ministro
JORGE SCARTEZZINI, Data de Julgamento: 09/11/1999, T5 - QUINTA TURMA,
Data de Publicação: DJ 06.12.1999 p. 109).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do empenho exploratório, a impressão do autor é que os efeitos da sentença penal
condenatória, bem como da absolutória, são surpreendentes e extensos do ponto de vista
16
penal, civil e constitucional. Por outro lado, observa-se que a jurisprudência não é uníssona
e decide de forma contraditória frente a muitos dos efeitos trazidos, bem como a doutrina
nem sempre aborda o assunto com a devida profundidade, razão pela qual talvez ainda haja
muito desconhecimento dos próprios aplicadores do direito acerca da temática.
À limitação do trabalho, nota-se que poderia ter sido feita uma pesquisa
jurisprudencial mais extensa e tecidas maiores anotações acerca de cada efeito das
decisões se houvesse menor limitação à digressão do conteúdo proposto. É acertado dizer
que a proposta do trabalho feita de pelo professor que ministra a disciplina é de enorme
valia e, se estudado com maior profundidade, traz incomensuráveis contribuições à
comunidade científica e à cidadania, que hoje carece de informações acerca do Direito, de
maneira geral.
REFERÊNCIAS
AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo penal: esquematizado. Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo Método, 2009.
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Processo penal. Rio de Janeiro: Campus: Elsevier,
2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 24ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único. 5ª Ed. rev., ampl. e 
atual. Salvador: Ed. Juspodivm, 2017.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 9ª Ed. rev., 
atual. e ampl. São paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.

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