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Relatório Victor, Hermenêutica Tópica.

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FACULDADE DO PIAUÍ
CURSO: BACHARELADO EM DIREITO
DISCIPLINA: HERMENÊUTICA
RELATÓRIO SOBRE A PESQUISA ACERCA DAS TEORIAS DA HERMENÊUTICA
TERESINA-PI
2018
FACULDADE DO PIAUÍ
DISCIPLINA HERMENÊUTICA
Victor Cleme Teixeria Oliveira
Relatório apresentado como nota complementar para a NP2.
Orientadora: Profa. Ma. Kaline Araújo Ferreira
TERESINA-PI
2018
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa apresentar de forma clara e objetiva o surgimento, significados, características, vantagens ao mundo filosófico e críticas acerca da Tópica. Apresenta-se a tópica na história do direito privado moderno, resultado do estudo de novas técnicas práticas de aplicação da lei e do desenvolvimento do direito para a determinação dos fundamentos de uma decisão jurídica concreta. Sendo Theodor Wiehweg, considerado o pai da tópica.
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA CRIAÇÃO DA TEORIA 
A tópica referida por Theodor Wiehweg foi desenvolvida por Aristóteles e sua forma problemática já fazia parte prática Jurídica dos romanos, que subordinavam-se às decisões dos casos concretos de onde tiravam seus fundamentos de validade. Como confirma Fiuza:
“Os pretores e jurisconsultos romanos, dada a pobreza do texto legal, desenvolveram, principalmente na época clássica (126 a.C a 285 d.C.), uma forma de pensar tópico-problemática, solucionando os conflitos concretos da forma casuística, com base na OPINIO COMMUNIS e na argumentação retórica. A justiça se construía com base nas decisões concretas, das quais se extraíam princípios que serviriam de fundamento de validade a cada nova decisão” 
Wiehweg resgata a forma tópico-problemática da antiguidade clássica como uma outra forma de fundamentar o raciocínio. Ele “reintroduz a argumentação como ferramenta do direito para a busca de decisão.” 
Fala-se que Aristóteles projetou um catálogo para todos os problemas possíveis, e Cícero, um que fosse o mais prático possível. Há grande diferença entre os catálogos e os tópicos. Há tópicos universalmente aplicáveis, sendo aplicados apenas aos problemas pensáveis e representam generalizações muito amplas, e há outros que são aplicáveis apenas a um determinado ramo, servem para determinado círculo de problemas. Mas a tópica já se via desde o direito romano antigo, dentro do espírito prático dos juristas romanos que era voltado para mais solução de problemas do que a esquematização de mecanismos.
Daí porque se disse: a tópica é uma parte da retórica conceituada por Theodor Wiehweg como uma “técnica de pensar problemas”. Para Wiehweg, problema é toda questão que aparentemente permite mais de uma resposta e que requer necessariamente um entendimento preliminar, de acordo com o qual toma o aspecto de questão que há que se levar a sério e para qual há que se buscar uma resposta para a solução. O conjunto de deduções, pode ser chamado sistema, no qual infere uma resposta. A ênfase neste opera uma seleção de problemas. Já se for o acento no problema, este busca um sistema que sirva de ajuda para encontrar a solução. 
Originada “[...[ simultaneamente como um ateoria dos lugares comuns como um teoria da argumentação e dos raciocínios dialéticos”, a tópica provovou a partir da década de 50 mudanças no direito, cujo instrumento utilizado para analisar os raciocínios jurídicos, ate então, estava fixado no positivismo jurídico de método sistemático lógico-dedutivo, como afirma Margariada Camargo:
“A lógica formal, de feição cartesiana, não dava mais resposta satisfatória a complexidade das questões jurídicas. Daí verificamos, na filosofia do direito do século XX, toda uma tendência em si resgatar a antiga arte retórica dos gregos e a prática jurídica dos romanos para construir um modelo de fundamentação mas condizente à legitimação judicial, visando a validez e a eficácia”. As barbáries cometidas pelo nazismo sob a proteção da lei fizeram necessário construir um novo modelo de legitimação para as decisões jurídicas. Assim, a tópica surge como um contraponto ao modo de pensar sistemático-dedutivo. 
2 OBJETO PRINCIPAL E SECUNDÁRIOS DA TEORIA
A tópica pode ser compreendida como a arte de argumentação mediante o uso de opiniões concorrentes na sociedade, com o fim de encontrar uma solução para um determinado problema. A descoberta, então, de novos conhecimentos se faz pela dialética, consiste na argumentação fundada em conhecimentos aceitos pela sociedade oposta a contra-argumentações de modo a se chegar a um novo conhecimento. 
Seria uma resposta trazida, após a segunda guerra mundial, ao positivismo jurídico, cujo maior expoente foi Kelsen, à luz de uma teoria neo-racionalista, com base em Kant, na dogmática normativa. Era uma reação contra os excessos da norma, como ato abstrato, imperativo, coativo, e sancionativo, fato que ocorreu naquele período.
Seu principal objetivo era caracterizado em uma forma de raciocínio que lida de modo pragmático com uma problemática, na medida em que sua validez não está imbricada numa lógica sistemático-dedutiva, mas sim na situação base da qual o discurso é proveniente. Esse o caráter próprio do pensamento tópico de ser elaborado em função de problemas. 
O sistema jurídico deixaria de ser formal-positivo para ser material-tópico. A validade das normas deixaria de ser universal e passaria a ser particular. A normatização deixaria de ser “a priori” e passaria a ser “a posteriori”. 
A tópica parte do reflexo para a reflexão, do específico para o geral, ou seja, a partir do problema encontra-se a solução da qual são retirados os fundamentos de validade. Além disso, a tópica se dirige para o problema e em razão deste. Wiehweg acredita, que a tópica “é a forma adequada para o direito equacionar suas questões”, pois, para ele, o direito é “arte de pensar problemas”.
Ao resumo de tudo, a tópica apresenta como características fundamentais: ser problemática, buscar e analisar premissas; e usar como argumentos iniciais do diálogo os topos ou lugares-comuns que consistem em ideias aceitas consensualmente e como uma grande força persuasiva.
3 PRINCIPAIS OBRAS SOBRE A TEORIA, RESPECTIVOS AUTORES, RÁPIDA EXPLANAÇÃO SOBRE ELAS.
Some Considerations Concerning Legal Reasoning (In: HUGHES, Graham (Org.). Law, Reason and Justice. New York: New York University Press, 1969, p. 257-269); A lógica aqui estudada, foi agrupada em duas grandes categorias. A Lógica formal ou meor que estebelece forma correta que se aplicam a todos os objetos do pensamento, que compreendem a apreensão, o juízo e o raciocínio, isto é, da apreensão e a ideia, do juízo e da proposição e do raciocínio e da argumentação. Na argumentação evidenciou-se a argumentação dedutiva ou chamada de silogismo, um exemplo explicativo de silogismo e da argumentação. 
Topik und Jurisprudenz: Ein Beitrag zur rechtswissenschaftlichen Grundlagenforschung (1954): Traduzido para o português da 5ª edição alemã por Kelly Susane Alflen da Silva sob o título de “Tópica e Jurisprudência: Uma Contribuição à Investigação dos Fundamentos Jurídico-Científicos” (Fabris, 2008). Neste trabalho, Wiehweg trata sobre a teórica na jurisprudência e qual os efeitos que ela causa na equação da causa ou do meio causal para a resolução do problema.
VIEHWEG, Theodor. Tópica e Jurisprudência. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1979. Theodor Viehweg não propõe nenhuma descoberta ao desenvolver seu estudo sobre o estilo tópico de argumentação, senão uma reunião de temas dissertados por filósofos da antiguidade, objetivando desenvolver um modelo de argumentação jurídica capaz de quebrar a ideia de cientificidade estrita das matérias referentes ao estudo do homem. Três desses autores são de grande destaque no desenrolar da obra Tópica e Jurisprudência: o filósofo italiano Gian Battista Vico; o pensador grego Aristóteles e o orador romano Marco Túlio Cícero.
ATIENZA, Manuel. El derecho como argumentación . Esta obra tem como objetivo explanar o poderda logos, da argumentação no direito. Levando críticas construtivas a Wiehweg. 
ATIENZA, Manuel. As razões do direito: teorias da argumentação jurídica. 3ª edição. São Paulo: Landy, 2003. Propõe explicar o que se entende hoje por argumentação jurídica. Nessa tentativa, remonta à origem de vários pemsadores e a uma série de obras dos anos 50 que compartilhavam, àqueles teóricos, o desprezo da lógica formal como instrumento para analisar os raciocínios jurídicos: ou como Perelman lembra: “a rejeição ao uso dos raciocínios analíticos” 
4 CRÍTICA SOBRE A TEORIA DIANTE DA HERMENÊUTICA JURÍDICA
Canaris e Atienza destacaram-se nas críticas desferidas ao pensar tópico proposto por Viehweg.
A definição da tópica como “a técnica do pensamento problemático”, segundo Canaris, defensor da concepção sistêmica do direito, não acrescentou muito à ciência jurídica, já que “todo o pensamento científico é em geral pensamento problemático - pois um problema nada mais é do que uma questão cuja resposta não é, de antemão, clara”. (1996, p. 246)
A tópica seria um instrumento dotado de inúmeras fraquezas, obscuro e cuja fundamentação baseia-se no argumento enganoso de que o sistema jurídico repeliria aqueles problemas que não se adequassem à sua gama de soluções.
Ainda segundo Canaris (1996, p. 255), o uso da tópica seria impraticável na ciência jurídica tendo em vista o fato de ser atrelada à retórica. Para o referido autor, é inadmissível a afirmação de que as premissas fundamentais são legitimadas através do interlocutor na conversa, uma vez que tais premissas hão de ser determinadas para os juristas através do direito objetivo, em especial através da lei.
Da mesma forma, para Manoel Atienza os elementos básicos do pensamento tópico seriam de uso impreciso e equivocado. A própria utilização do termo “tópica” já seria ambígua e vaga para o referido jurista espanhol, podendo referir-se a três coisas interligadas, porém, distintas: uma técnica de busca de premissas; uma teoria sobre a natureza das premissas; ou, finalmente, uma teoria sobre o uso de tais premissas na fundamentação jurídica. A imprecisão também estaria presente no conceito de “topos”, utilizado de diversas formas nos diversos momentos da história: como sinônimo de argumento; como ponto de referência para obtenção de argumentos; ou até como forma argumentativa.
Assim, a tópica não permitiria ver importância que a lei, a dogmática e os precedentes desempenham no raciocínio jurídico. O pensamento tópico ficaria restrito apenas à estrutura superficial dos argumentos padrões e não analisaria a sua estrutura profunda, permanecendo num nível de generalidade inadequado à interpretação e aplicação do Direito. (ATIENZA, 2003, p. 75)
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
ATIENZA, Manuel. As razões do direito: teorias da argumentação jurídica. 3ª edição. São Paulo: Landy, 2003.
ATIENZA, Manuel. El derecho como argumentación.
VIEHWEG, Theodor. Tópica e Jurisprudência. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1979.
http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista15/revista15_210.pdf

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