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[52093 278856]Aula 1 NoAAes Gerais (1)

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NOÇÕES DE PROCESSO PENAL DE CONHECIMENTO
Conceito de Processo Penal: conjunto de normas e princípios pertencentes ao Direito Público que regem o exercício conjugado da jurisdição pelo Estado-Juiz, da ação pelo demandante e da defesa pelo demandado, disciplinando a composição das lides penais e possibilitando a aplicação do Direito Penal. 
Direito de Punir: quem possui exclusivamente é o Estado, tendo o poder-dever para penalizar quem descumpre a regra social e incide no tipo penal, inclusive nas ações exclusivamente privadas.
Tal poder-dever é abstrato e impessoal, no primeiro momento, mas a partir do fenômeno criminal ele passa a ser concreto e individual, onde teremos a criação da lide penal, com o órgão acusador (MP ou advogado do ofendido) desejando punir o infrator, e este procurando se defender, algo que será solucionado pelo Estado-juiz ( manifestando se haverá ou não reprimenda e em que dose será este castigo).
Por conta disto, somente o Estado, ou seja, o órgão jurisdicional poderá dar fim a um litígio, mesmo que seja numa transação celebrada entre MP e autor do delito, o conflito somente se dará por finalizado caso o juiz a homologue.
Esta possibilidade de aplicação de uma pena por parte do Ente Público advém da própria Constituição Federal (CF/88), que em seu Art 5º, inc. XXXIX narra que “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
Ocorre que para o Estado-juiz aplicar/dizer o direito existe a necessidade de que haja um processo, que garanta a legítima atuação das partes e se procure a verdade real dos fatos.
Ao final este processo dará vida ao Direito Penal em caso de condenação, todavia durante seu trâmite o processo delimita também o poder estatal em procurar punir a pessoa, assim como, também coloca regras para a pessoa se defender. 
Finalidade do Processo Penal: propiciar a adequada, justa e pacificadora solução ao conflito de interesses existente entre a acusação e a defesa, através de uma sequência de atos que façam surgir a verdade fidedigna dos fatos.
Aspecto Constitucional do Processo Penal: muitos dos princípios do processo penal foram manifestamente inseridos como direitos e garantias fundamentais do Art 5º da CF, a fim de que fossem colocados freios na ânsia de punir do Estado.
Vários estudiosos entendem que surge a necessidade de adaptação do Código de Processo Penal (CPP) à CF/88, visto que o Código lida diretamente com a liberdade de locomoção, o direito de propriedade, a liberdade de expressão, etc...
Instrumentalidade do Direito Processual Penal (DPP): como direito adjetivo que é, o DPP é visto como um meio para a aplicação do direito material, que neste caso é o Direito Penal. 
Tanto é verdade seu caráter instrumental, que não se concebe punição sem que tenha ocorrido um processo.
Formas de Composição do Litígio: 
autodefesa: em que o mais forte fisicamente levaria vantagem. Seria o fazer justiça com as próprias mãos (justiça ou vingança privada), algo abominado pelo Código Penal em seu Art. 345. Existem alguns casos ainda previstos na legislação cível, como Arts. 644, 1210 e 1283 do Código Civil. No Direito Penal existe a legítima defesa prevista no Art 25 do CP;
autocomposição: o melhor exemplo seria a arbitragem, porém esta espécie não se adequa muito ao processo criminal. De maneira anômala, tem-se a composição civil dos danos e a transação penal, ambos instrumentos despenalizantes empregados pelo Juizado Especial Criminal (JECrim);
processo: o Estado avocou o poder-dever de dizer o direito por haver necessidade de que a decisão de um litígio fosse realizada por um terceiro, que se colocasse de forma neutra na relação e sua determinação final fosse respeitada e obedecida por conta de comportar aspectos de justiça. 
Portanto, o processo é o meio de composição de litígio inventado pelo Estado para que possa cumprir a sua função jurisdicional.

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