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ADOÇÃO À BRASILEIRA ARTIGO

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ADOÇÃO À BRASILEIRA
 Cyro Antônio Gonçalves Garcia¹
  João Pedro Chaves Bertocco²
               Rodrigo Gomes de Oliveira³
RESUMO
A adoção irregular admitida popularmente como adoção à brasileira institui o acontecimento de registrar filho alheio como próprio, que tem se tornado cada vez mais frequente o seu exercício na sociedade. O ato de adotar de maneira irregular é prognosticado no ordenamento jurídico brasileiro como crime, estando tal tipificado no Código Penal Brasileiro. Incide que com a chegada do Código Civil de 2002, o Estatuto da Criança e do Adolescente, e a recente transformação na legislação por meio da Lei 12.010/09, o vínculo afetivo vem sendo privilegiado em prol do vínculo biológico.
Palavras-chave: Adoção à Brasileira. Família. Melhor Interesse da Criança.
ABSTRACT
The irregular adoption popularly accepted as Brazilian adoption establishing the event to register son oblivious as himself, who has become increasingly frequent their exercise in society. The act of adopting an irregular manner is predicted in the Brazilian law as a crime, with such typified the Brazilian Penal Code. Levied that with the arrival of the Civil Code of 2002, the Statute of Children and Adolescents, and the recent change in legislation by Law 12.010 / 09, the bonding has been privileged to 
support the biological link.
Keywords: Adoption to the Brazilian. Family. Best interests of the child.
_____________________________________
¹ Graduando em Direito na FAFIPE/FUNEPE
² Graduando em Direito na FAFIPE/FUNEPE
³ Graduando em Direito na FAFIPE/FUNEPE
INTRODUÇÃO
O trabalho abordado será alusivo à adoção, especialmente sobre a adoção que acontece de forma irregular, mais conhecida por alguns doutrinadores como adoção à brasileira. 
Constitui como adoção à brasileira o fato das pessoas registrarem em seu nome filhos não biológicos sem advertir as reivindicações legais e muitas vezes usando documentos falsos de maternidade ou hospitais.
Nota-se que a filiação é um meio de ligação entre as crianças e os pais, essas crianças passam a possuir um vínculo, não somente afetivo, mas jurídico também com seus pais, dando origem deste modo a uma família. 
Com a finalidade de constituir uma família, e dar um lar a essas crianças, varias pessoas acabam escolhendo por esse meio de adoção, afirmando que o processo para uma adoção legal é muito moroso e árduo, ocorrendo então a filiação de tais crianças.
A adoção à brasileira é mais comum do que se possa imaginar, e no decorrer do trabalho busca-se esclarecer alguns costumes inadequados previstos na sociedade brasileira, que muitas vezes sem saber ou sem desejar acaba optando por este método, pois apesar da pessoa que adotou ter a melhor das intenções, e ser passível de perdão judicial, tal adoção é contra nossa legislação e constitui crime.
A metodologia utilizada na realização do artigo científico será a bibliográfica pautada pelo método histórico-jurídico.
Busca-se apresentar neste trabalho o instituto da adoção à brasileira, já que ampla parte da sociedade atua de modo irregular, ressaltando os motivos que levam as pessoas a preferir por esse tipo de adoção, onde as mesmas não atentam para a legislação e acabam cometendo um ato ilícito.
Objetiva-se abordar o conceito de adoção, analisar seus efeitos positivos e negativos para a sociedade, bem como fazer um comparativo com a adoção que acontece de forma regular, observando as leis vigentes no ordenamento jurídico brasileiro, o posicionamento da doutrina e jurisprudências acerca do tema, evidenciando os prováveis motivos que induzem as pessoas a praticarem esses atos.
Espera-se evidenciar do decorrer do presente artigo que a pratica da adoção à brasileira acontece constantemente na sociedade, e merece uma atenção especial por parte dos legisladores, pois acaba colocando em risco o interesse da criança e do adolescente, bem como a importância da organização familiar.
DESENVOLVIMENTO
2.1 Contexto histórico da adoção
 Verifica-se que a adoção tem seus primeiros indicativos na Bíblia, onde os hebreus principiaram a sua prática, logo em seguida na Grécia ela chega a exercer acentuado papel social e politico, sendo a conservação do culto familiar pela linha masculina, visto que, se alguém chegasse a morrer sem um descendente, não existiria pessoa adequada para prosseguir o culto aos Deuses-lares. Mas foi em Roma que a adoção apresentou o seu mais importante papel, pois foi no direito romano que a adoção achou disciplina e passou a ser regulada (GONÇALVES, 2013).
O direito romano possuia duas modalidades de adoção: A “Adoptio” e a “Adrogatio”. A “Adrogatio” era a modalidade mais antiga da adoção, e por caber ao Direito Público estabelecia maneiras mais solenes as quais se transformaram e se simplificaram no curso da historia, visto que a tendência era essa, pois como é sabida é fonte do Direito, e o mesmo precisa se adaptar as suas transformações. A “Adrogatio” era tão complexa, que compreendia não só o adotando, mas toda a sua família, e não era consentida ao estrangeiro. Além disso, a citada adoção só seria completa, ou seja, formalizada após a renovação dos pontífices, e do povo por meio de decisões em comícios (VENOSA, 2012).
A outra modalidade de adoção era a “Adoptio”, essa modalidade era mais simples, competia ao Direito Privado, consistia na adoção “sui juris”, muitas vezes um “pater famílias”, que tinha que abandonar publicamente sua família, para assumir o culto doméstico do adotante, tornando-se assim seu herdeiro. Por ser um ato destinado ao Direito Privado, os que praticavam tinham o pátrio poder, sendo um ato de menor gravidade e não estabelecendo a autorização dos pontífices e nem do povo (VENOSA, 2012).
As duas maneiras de adoção traziam a finalidade de perpetuar o culto familiar, seja pelo interesse do estado, por meio da “Adrogatio”, ou pelo interesse do próprio ser humano através da “Adoptio”, mostrando desta forma que a adoção acontecia com muita força em Roma, e que a família sempre foi a base da sociedade.
Com sentimento humanitário acentuado, ultimamente a adoção é prevista em quase todas as legislações modernas, seja com maior ou menor intensidade, onde o bem estar é uma das preocupações dominantes.
2.2 Origem da adoção
A Adoção origina-se, basicamente, pela necessidade de dar-se seguimento à família, quando, o casal, por algum fato natural (p.ex. esterilidade), não pudesse ter filhos biológicos, sendo a adoção uma forma de dar continuidade aquela geração familiar. 
É justamente nesse sentido que Gonçalves (2013) nos ensina:
Há notícias, nos Códigos de Hamurábi e de Manu, da utilização da adoção entre os povos orientais. Na Grécia, ela chegou a desempenhar relevante função social e politica. Todavia, foi no direito romano, que encontrou disciplina e ordenamento sistemáticos, que ela se expandiu de maneira notória. Na Idade Média, caiu em desuso, sendo ignorada pelo direito canônico, tendo em vista que a família cristã repousa no sacramento do matrimônio. Foi retirada do esquecimento pelo Código de Napoleão de 1804, tendo-se irradiado para quase todas as legislações modernas (GONÇALVES, 2013, p.381).
Observa-se que a origem da adoção, passou por diversos Códigos, tendo sua disciplina, presença e maior visibilidade no ordenamento jurídico através do Direito Romano e, finalmente o instituto da adoção irradiou-se para os demais ordenamentos jurídicos pela influência do Código de Napoleão de 1804.
2.3 Conceito de adoção no ordenamento jurídico
A adoção segundo Pontes de Miranda é o “ato solene pelo qual se cria entre o adotante e o adotado relação fictícia de paternidade e filiação” (MIRANDA, 1974).
A adoção tem por objetivo precípuo à colocação em família substituta, facultando-lhe àqueles que não tiveram maior sorte comos pais biológicos e, esperam a oportunidade para serem inseridos em uma família que o acolha. Pelo relevante conteúdo humano e social que encerra a adoção, muitas vezes é um verdadeiro ato de amor.
Rizzardo (2009), diz que: 
Em termos singelos, a adoção nada mais representa esta figura que o ato civil pelo qual alguém aceita um estranho na qualidade de filho. Em última análise, corresponde à aquisição de um filho através de ato judicial de nomeação. Anteriormente ao Código Civil de 2002, dava-se também contrato celebrado por meio de escritura pública (RIZZARDO, 2009, p.543).
Para o autor, atualmente, a definição de adoção é mais no sentido natural, isto é, dirigido a conseguir um lar a crianças necessitadas e abandonadas em face de circunstâncias várias, como a orfandade, a extrema pobreza, o desinteresse dos pais sanguíneos, e toda a sorte de desajustes sociais que desencadeiam o desmantelamento da família.
Pereira conceitua que: “a adoção é, pois, o ato jurídico pelo qual uma pessoa recebe outra pessoa como filho, independentemente de existir entre elas qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim” (PEREIRA, 2007). 
O autor, também afirma que todos os autores lhe reconhecem o caráter de uma fictio juris.
Para Diniz (2012), a adoção é como:
Um vínculo de parentesco civil, em linha reta estabelecendo entre adotante, ou adotantes, e o adotado um liame legal de paternidade e filiação civil. Tal posição de filho será definitiva ou irrevogável, para todos os efeitos legais, uma vez que desliga o adotado de qualquer vínculo com os pais de sangue, salvo os impedimentos para o casamento (CF, art. 227, §§ 5º e 6º), criando verdadeiros laços de parentesco entre o adotado e a família do adotante (C.C, art. 1.626) (DINIZ, 2012, p. 484).
Observa-se que, assegurar proteção aos menores possui aplicabilidade visível e eficaz no texto da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 contendo normas protetoras da família, bem como da criança e do adolescente. A Lei Maior concedeu certa relevância à família, sendo ela arrimo da sociedade, sendo, que o indivíduo inserido na mesma introjetar-se-à valores compatíveis à boa convivência em comunidade. 
Para Venosa (2012), a adoção é:
Modalidade artificial de filiação que busca imitar a filiação natural. Daí ser também conhecida como filiação civil, pois não resulta de uma relação biológica, mas de manifestação de vontade. [...] A adoção é uma filiação exclusivamente jurídica, que se sustenta sobre a pressuposição de uma relação não biológica, mas afetiva. A adoção moderna é, portanto, um ato ou negócio jurídico que cria relações de paternidade e filiação entre duas pessoas (VENOSA, 2012, p.295).
É com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente que o conceito de adoção começa a ter maior abrangência, apontando, principalmente, para os interesses do adotando. A real finalidade da adoção moderna é oferecer um ambiente familiar favorável ao desenvolvimento de uma criança ou adolescente que, por quaisquer motivos, ficou privada disso em relação a sua família biológica (GRANATO, 2012).
2.4 Natureza jurídica da adoção
Não é pacifica na doutrina e jurisprudência a natureza jurídica da adoção, sendo que, para bem demonstrar os vários entendimentos, é necessário, mais do que nunca, citar as controversas correntes doutrinárias.
Uma corrente respeitada entre os doutrinadores, aplicada nos dias de hoje, é a de Varela (1987), o qual preceitua que:
A adoção pode decompor-se em duas fases distintas do mesmo ato complexo ou global [...]. Numa primeira fase, de caráter negocial, há a declaração de vontade do adotante, destinada a obter determinado efeito jurídico e traduzida na formulação do pedido constante da petição que desencadeia o processo. A petição do requerente é integrada pelas declarações de consentimento das pessoas interessadas e, eventualmente, do próprio adotando. São declarações de vontade essenciais para que a adoção possa ser decretada, mas não encerram o ciclo da adoção. Essa fase de caráter negociável permite que se considerem de verdadeira anulação os casos de extinção da relação adotiva, que servem de base à revisão da sentença de adoção (quer plena, quer restrita). A segunda fase, de natureza publicística, que principia com o inquérito prescrito na lei (instrução psicossocial), culmina com a publicação da sentença em que o juiz não se limita a homologar o acordo dos interessados, mas defere verdadeiramente a pretensão destes, reconhecendo a vantagem da medida para o adotando e a real aptidão física e moral para a missão de quem requer (VARELA, 1987, p. 34).
Também há um entendimento um pouco mais recente, que visualiza a natureza jurídica da adoção como matéria de Direito Público, vejamos a bela exposição de Marmitt (1993):
Na adoção sobressai a marcante presença do estado, estendendo suas asas protetoras ao menor de dezoito anos, chancelando ou não o ato que tem status de ação de estado, e que é instituto de ordem pública. Perfaz-se uma integração total do adotado na família do adotante, arredando definitiva e irrevogavelmente a família de sangue (MARMITT, 1993, p. 9 e 10).
Por último, também há posicionamento no sentido de ser a adoção um negócio jurídico de natureza contratual, como expõe Liberati (1997):
Entendem eles que o ato é bilateral tendo o seu termo mútuo consenso das partes, produzindo, a partir daí, os efeitos pretendidos e acordados com plena eficácia entre as partes (LIBERATI, 1997, p. 30 e 31).
Com a vigência da Lei 8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a adoção ganhou um prisma diferente, pesando, com se balança fosse, as duas forças, adotante e adotado erigida a categoria de instituição, tendo como natureza jurídica a constituição de um vínculo irrevogável de paternidade e filiação, a través de sentença judicial, conforme preceitua o seu artigo 47, caput: O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão (BRASIL, 1990).
É através da decisão judicial que o vínculo parental com a família de origem desaparece, surgindo um novo vínculo, agora de caráter adotivo, acompanhada de todos os direitos pertinentes a filiação de sangue, incluindo os direitos sucessórios, tendo, a partir daí, caráter irrevogável. Na verdade, o entendimento doutrinário que mais se afeiçoa aos padrões atuais é que “trata-se de ato jurídico pelo qual o vínculo familiar é criado, em virtude do próprio ato, pelo legislador” (SZNICK, 1993).
Seguindo esses moldes é reconhecido como “ato jurídico pelo qual o vínculo de adoção é criado artificialmente” (GOMES, 1999).
Diante do exposto, podemos afirmar que as adoções reguladas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, por intervenção significativa do Estado, possuem uma natureza de instituição pública. Deixando a mostra, que, apesar da deliberada manifestação das partes contratantes, há intensa submissão ao estado, que tem o livre poder para conceder ou não a adoção, tendo como término o proferimento de uma sentença judicial constitutiva de direitos e obrigações, emanada pelo Poder Público.
Assim, comparando todas as divergentes correntes, há de se convir que, a adoção é de natureza jurídica complexa, que se desenvolve em duas fases, sendo que, na primeira, se inicia por vontade das partes e se concretiza na segunda, quando, após processo da adoção, a pretensão é acolhida e o Juiz exara sua sentença constitutiva.
Conclui-se, portanto, que a natureza jurídica da adoção tem caráter hibrido, que envolve de um lado a vontade das partes e de outro o estado que, por sua vez, atua como julgador e custas legis, fiscalizando todo o procedimento legal, e amparando adotante e adotado, pela via do Poder Público.
2.5 A adoção no código civil de 1916
Observa-se que o instituto da adoção foi incorporado no Brasil na Monarquia Portuguesa, vindo a aparecer no ordenamento jurídico brasileiro no Código Civil de 1916 no art. 368 a 378, apresentando como forma de constituiçãodo ato a escritura pública. A adoção foi disciplinada com fundamento nos princípios romanos, ou seja, com intuito de dar prosseguimento ao culto familiar, e proporcionar a constituição de uma família a casais que não poderiam ter filhos biológicos, por esse motivo só era consentida aos casais com mais de 50 anos, sem prole legítima ou legitimada, pois com essa idade era grande a probabilidade de não virem a ter mais filhos (GONÇALVES, 2013).
Como a sociedade vive em constante desenvolvimento, o Direito necessita seguir a evolução da sociedade e foi deste modo com o instituto da adoção. Em 1957 com a entrada em vigor no dia 8 de Maio da Lei N° 3.133 a adoção passou a exercer um papel muito importante na sociedade, transformando-se em instituto filantrópico, com caráter humanitário, proposto não só aqueles casais que não poderiam ter filhos, mas também permitindo a menores desamparados a possibilidade de ter um novo lar. Isso ocorreu porque um dos fatores importantes originados pela nova lei era a diminuição da idade para poder adotar, antes de 50 anos agora para 30 anos de idade, sendo que a pessoa poderia ou não ter prole natural.
O artigo 378 do referido Código Civil não eliminava os laços com a família biológica ao asseverar que: “os direitos e deveres que resultam do parentesco natural não se extinguem pela adoção, exceto o pátrio poder, que será transferido do natural para o adotivo” (BRASIL, 1916).
Perante essa situação na qual os adotantes teriam que partilhar os filhos adotivos com sua família biológica, os mesmos começaram então a registrar os adotados como filhos próprios, dando origem, portanto ao que muitos doutrinadores chamam de adoção à brasileira.
Nota-se que essa lei igualmente determinou na redação dada ao art. 377, do Antigo Código, que, quando o adotante tivesse filhos legítimos, legitimados ou reconhecidos, a relação de adoção não envolvia a sucessão hereditária. Esse preceito teve vigência até a constituição de 1988, pois o art. 227 da CF §6° igualou os filhos de qualquer natureza, para todos os fins.
2.6 A adoção na Constituição Federal de 1988
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 legitimou os filhos adotivos, bem como os naturais de forma igualitária de tratamento, introduzindo, portanto, o princípio da isonomia. 
A adoção proporciona a um indivíduo criar laços de parentesco com outros, a quem chamará de pai, mãe, mantendo com eles laço de afinidade, independentemente de ser proveniente do ventre materno da mulher que o adota, não havendo, não havendo, conforme prevê o artigo 227, §6º da Constituição Federal de 1988 diferenciações entre os filhos biológicos, civis (adotados), legítimos ou ilegítimos.
Conforme aponta o artigo 227, § 6°: “os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”(BRASIL,1988).
Artigo 227: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar a criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito a vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade, a convivência familiar e comunitária, além de coloca-los a salvo de toada forma ade negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
[...]
§6º: Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§7º: No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á em consideração o disposto no artigo 204 (BRASIL, 1988).
Portanto, os princípios basilares assecuratórios à criança e ao adolescente no que tange a adoção referem-se, entre outros, a fiscalização pelo Poder Público das condições para a efetivação da colocação da criança ou adolescente em família substituta na modalidade da adoção, objetivando, por conseguinte, entre outros, evitar o tráfico de infanto-juvenis. Além disso, o legislador constitucional, em consonância com a tendência universal, proíbe expressamente quaisquer espécies de discriminações face à filiação adotiva, no que diz respeito aos direitos alimentícios, sucessórios, ao nome, etc., salvo os impedimentos matrimoniais (CANELLAS, 2006).
2.7 A adoção no ECA
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) consubstanciado no princípio da proteção integral à criança e ao adolescente considera seus destinatários como sujeitos de direito, contrariamente ao Código de Menores que os considerava como objetos de direito. Dessa forma, entre os diversos direitos elencados na Lei n.º 8.069/90, dispõe que a criança ou adolescente tem o direito fundamental de ser criado no seio de uma família, seja esta natural ou substituta. Entre as modalidades de colocação em família substituta, encontramos a adoção, medida de caráter excepcional, mas irrevogável, que atribui a condição de filho ao adotado, impondo-lhe todos os direitos e deveres inerentes à filiação.
Serão colocadas em adoção todas as crianças e adolescentes cujos pais biológicos (ou adotivos, uma vez que não há limite para que uma pessoa seja adotada) ou representante legal concordem com a medida, ou se os pais estiverem destituídos do poder familiar ou ainda, se estiverem falecidos, porem, só será efetivamente deferida, sempre que “manifestar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos” (BRASIL, 1990).
A Lei n.º 8.069/90 reza nos artigos 39 a 52, sobre a adoção das pessoas amparadas pelo diploma legal conhecido como o Estatuto da Criança e do Adolescente. Nesta lei, nos artigos 39 a 50, é determinado todo o procedimento para a adoção de crianças brasileiras, seja por nacionais ou estrangeiros domiciliados e residentes em território nacional, haja vista que a Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, assegura a todos os que aqui residem a igualdade perante a lei. Devemos salientar, ainda, que o brasileiro domiciliado e residente no exterior, terá os mesmos direitos que o nacional que se encontra em solo pátrio. Já os artigos 51 e 52 cuidam da adoção internacional por estrangeiros cujo domicilio e residência seja fora do Brasil (BRASIL, 1990).
2.8 Processo judicial para adoção e suas formalidades
Verifica-se que a adoção esta sujeita ao processo judicial, e quando possui a necessidade de adotar é indispensável que se procure os meios legais para resultar com a adoção.
Para que se possa iniciar o processo legal para adoção é necessário primeiramente que ocorra a natureza subjetiva do agente, ou seja, a vontade de adotar uma a criança, reconhecendo-a como seu próprio filho, e lhe proporcionando amor, carinho, saúde, enfim, todos os institutos que entidade familiar oferece.
Após evidenciada a pretensão de adotar uma criança ou adolescente, é indispensável ter idade mínima de 18(dezoito) anos, como ressalta o ECA, ou em caso de adoção conjunta, necessita ter a comprovação do vínculo do casamento ou da união estável, segundo determinam os parágrafos 3° e 5° do Art. 227 da Constituição Federal/88.
A competência para os processos de adoção é da Vara de Criança e Juventude, onde o interessado precisará apresentar-se manifestando sua vontade de proceder com o processo de adoção, não sendo necessário estar acompanhado de advogado.
Junto com a petição inicial é imprescindível à apresentação de inúmeros documentos tais como: comprovante de renda, domicílio, atestado de sanidade física e mental; certidão de antecedentes criminais e negativa de distribuição cível, conforme o ECA art. 197-A. A oportunidade os candidatos devem indicar o perfil de quem aceita adotar. Após a averiguação da documentação apresentada, será realizado um cadastro, onde o candidato se habilita a uma fila de adoção, visto que a inscrição no cadastro só será realizada após a investigação do candidato, onde a mesma tenha um resultado positivo, estando este apto a adotar (DIAS, 2013).
Além disso, a inscrição ficará condicionada a um períodode preparação psicossocial e jurídica como assegura o ECA em seu Artigo 50 §3°.
 O ARTIGO 197-C § 1º dispões que mediante frequência obrigatória ao programa de preparação psicológica, orientação e estimulo à adoção inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades especificas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos (BRASIL, 1990).
Percebe-se que a fase de estudo psicossocial é bem relevante, pois é um instrumento de avaliação do contexto familiar no qual o adotando será colocado. Visando de tal modo a proteção integral do bom desenvolvimento da criança e do adolescente, bem como impedindo prováveis negligências, tais como: abusos, rejeição maus tratos ou devoluções, pois o ato é adoção é irrevogável.
Nota-se que a etapa mais longa do processo de adoção é da aprovação dos adotantes. Após das entrevistas, da visita a residência dos pretensos adotantes e, depois de elucidadas todas as dúvidas dos técnicos do Juizado, este processo segue para o Promotor que manifestará sobre a habilitação e, enfim, o processo segue para o juiz que, encontrando-o satisfatoriamente instruído, poderá deferir a habilitação dos adotantes. Os pretensos adotantes, depois de aprovados pelo juiz, estarão em condições de adotar e passarão a integrar um cadastro ou relação de possíveis adotantes (BOCHNIA, 2010).
Também se faz necessário o estagio de convivência como preceitua o Artigo 46, §1º do ECA , havendo a possibilidade de o juiz dispensá-lo quando o adotante já estiver sob tutela ou guarda por tempo suficiente para se avaliar a conveniência da consolidação do vínculo (BRASIL, 1990).
Por fim, a adoção é estabelecida por sentença judicial, que dispõe de eficácia constitutiva, e causa efeito a partir de seu transito em julgado. Há uma exceção a essa regra: na hipótese de ocorrer o falecimento do adotante no curso do processo de adoção, a sentença dispõe de efeito retroativo à data do óbito conforme o Artigo 47, §7º do ECA (BRASIL, 1990), desde que já tenha havido inequívoca manifestação de vontade como mencionado no Artigo 42, §6º do ECA (BRASIL,1990).
3 ADOÇÃO A BRASILEIRA
3.1 Conceito de adoção à brasileira
Verifica-se que a expressão “adoção à brasileira” é empregada para instituir uma forma de procedimento que desconsidera os trâmites legais do processo de adoção. Este processo consiste em registrar como filho biológico uma criança, sem que ela tenha sido concebida como tal (SILVA FILHO, 2011).
O que os adotantes que de tal modo procedem ignoram é que a mãe biológica tem o direito de reaver essa criança se não tiver permitido legitimamente a adoção, ou se não tiver sido deposta do poder familiar. 
Sob esta probabilidade, a tentativa de lograr uma fase indispensável para adquirir legalidade jurídica, acreditando ser esse o modo mais simples de se chegar à adoção, acaba por tornar-se a mais complicada.
A “adoção a brasileira” é também chamada de adoção direta, sendo importante ressaltar que podem os “pais adotivos” ser plenamente responsabilizados, já que o art. 242 do Código Penal reputa como crime: “dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprindo ou alternando direito inerente ao estado civil, cominando pena de reclusão, de dois há seus anos” (BRASIL, 1940). 
De acordo com o parágrafo único do mesmo dispositivo: “se o crime é praticado por motivo de reconhecida pobreza” a pena passa a ser a detenção, de um a dois anos, podendo o magistrado deixar de aplica-la (BRASIL, 1940).
Convencionou-se usualmente a chamar de adoção à brasileira, um tipo de adoção feito sem o processo legal para a adoção, onde consiste no ato de registrar filho alheio como próprio, ou seja, a criança é registrada por pais não biológicos sem atender aos requisitos estabelecidos em lei. Essa prática já existe no Brasil de forma alastrada, e seu nome foi eleito pela jurisprudência (DIAS, 2013).
3.2 Perfil dos adotantes e adotados
Apesar de se pensar que essa adoção irregular é uma exceção, a ela se ousando tão somente as pessoas de menor esclarecimento, pesquisas evidenciam, precisamente o contrário (GRANATO, 2012).
A adoção à brasileira acontece principalmente, em episódios quando o companheiro de uma mulher perfilhar o filho dela, simplesmente registrando a criança como se fosse seus descendente; quando avós registram os netos (filhos de mães solteiras) como seus filhos, com o evidente intuito de protege-los; quando mães, por falta de condição financeira, doam seus filhos a alguém que tenha recursos para criá-los ( SILVA FILHO, 2011).
O perfil dos adotantes é, consequentemente, qualificado pela retenção de uma criança, igualmente o adotante por temor que esta lhe seja retirada, não encara o cadastro de adoção, registrando-a diretamente.
O adotado é normalmente a criança recém-nascida, branca, de família de baixa renda e pode ser ainda enteado, neto, sobrinho, ou parentes pelos demais laços, aonde a prática é comum (HILGEMBERG, 2013).
3.3 Motivos que levam a prática da adoção à brasileira
Inúmeros são os motivos que levam a prática da adoção informal, e o principal deles diz deferência à burocracia e demora no processo judicial.
Granato ( 2012) preceitua que:
Os motivos que levam alguém a registrar filho alheio como próprio, por esse método, são os mais variados, mas fácil é intuir que, dentre eles, estão a esquiva a um processo judicial de adoção demorado e dispendioso, mormente quando se tem que contratar advogado; o medo de não lhe ser concedida a adoção pelos meios regulares e, pior ainda, de lhe ser tomada a criança, sob o pretexto de se atender a outros precedentes há muito tempo “na fila” ou melhor qualificados; ou, ainda, pela intenção de se ocultar à criança a sua verdadeira origem (GRANATO, 2012, p. 131).
Incluso as fases do processo de adoção encontra-se o estudo psicossocial, que é uma ferramenta de avaliação da situação familiar no qual o adotando será inserido (PAULA, 2007).
O estudo se dá, em motivo da irrevogabilidade da adoção, visando o melhor interesse da criança.
Sucede que, tal estudo configura mais um embaraço sob os olhos dos adotantes, causando temor para as partes, no que tange a harmonia financeira e convivência familiar, uma vez que múltiplos motivos podem levar o juiz a indeferir o pedido de adoção (HILGEMBERG, 2013).
Outro pretexto naturalmente encontrado nos casos de “adoção à brasileira” é a possibilidade de escolha não só da criança, como também da família biológica.
Dessa forma doutrina Paula (2007) que:
Os adotantes tem medo que características hereditárias possam afetar a personalidade dos filhos adotivos, causando-lhes “vícios”. Acreditam que a criança poderá “trazer problemas” se for filha biológica de marginais ou drogaditos, por exemplo (PAULA, 2007, p. 71).
Esse aspecto aparece, em ensejo do estereótipo de filho perfeito, criado pelos adotantes, que os leva a buscar uma criança nascida em uma família sem problemas sociais, provocando uma discriminação em relação as demais crianças cadastradas nacionalmente (HILGEMBERG, 2013).
A incerteza também está presente no que diz respeito aos laços biológicos, que prevalecem sobre os afetivos no andamento da adoção, ao passo que, registrando o filho como próprio diretamente, o pai ou a mãe adotivo, pode omitir a origem da criança, impedindo depois, a investigação pela família biológica.
O sistema de adoção brasileiro foi designado, portanto, com vistas a resguardar a criança e o adolescente. Sendo assim, ao alcançar a adoção informal, os adotantes não desobedece exclusivamente o controle estatal, mas muitas vezes contradizem o principio do melhor interesse da criança (SILVA FILHO, 2009).
A adoção à brasileira é precisamente diferenciada pela falta de processo judicial, e neste significado, alguns doutrinadores, como Diniz (2012) doutrinam que a adoção tão somente se aprimora diante do juiz, em processo judicial, com a interferência do Ministério Público, razão pela qual, para fins excepcionalmente legais, considera-sea adoção direta, inexistente.
3.4 Relação afetiva na adoção à brasileira
Verifica-se que o estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), conjuntamente com a Constituição Federal/88 e os princípios do direito de família, dispõe que as deliberações que abrangem crianças ou adolescentes, necessitarão continuamente procurar o seu melhor interesse, respeitando o valor jurídico do afeto, incluso nas relações familiares (HILGEMBERG, 2013).
Por esta vereda, é importante salientar que não obstante a adoção à brasileira configure um procedimento criminoso, trata-se sobre tudo, de uma adoção afetiva, ou seja, individualizada exclusivamente pela figura do afeto dentro da família pela qual a criança foi criada.
Em muitos momentos, os pais adotivos são os únicos que a criança conhece, nutrindo com eles a apropriada relação de filiação, fundamentada na confiança, segurança e amor, sentimentos basilares para o desenvolvimento de uma criança, e muitas vezes distantes em sua família biológica (HILGEMBERG, 2013).
Quando concebemos tais fatos, o afastamento da criança dos adotantes somadas à penalização dos mesmos é inexequível na visão da maioria dos doutrinadores do direito de família.
Dias (2013) preceitua no seguinte sentido que: 
A paternidade deriva do estado de filiação, independentemente da sua origem, se biológica ou afetiva. A ideia da paternidade está fundada muito mais no amor do que submetida a determinismos biológicos. Também em sede de filiação prestigia-se o princípio da aparência. Assim, na existência de registro ou defeito no termo de nascimento (C.C. 1.605), prevalece a posse do estado de filho, que se revela pela convivência familiar (DIAS, 2013, p. 361).
	
Não obstante, Paula (2007) clarifica que:
Os fortes laços afetivos derivados da convivência e da proximidade no ambiente familiar sadio garantem a aplicação dos ditames constitucionais e da lei especial de tutela da criança e do adolescente por representar a concreta harmonia e o privilégio à vida e ao desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social pleno da criança. A vida humana começa e tem condições efetivas de viabilidade no âmbito familiar (PAULA, 2007, p. 76).
Adiciona-se também que o princípio de que a veracidade socioafetiva deve sempre prevalecer sobre a biológica é necessário, assim, a criança não pode ser reservada dos direitos que lhe seriam devidos se o vínculo tivesse sido criado de maneira regular (SILVA FILHO, 2011).
Partindo do mesmo pensamento, o Tribunal de Justiça do Distrito federal e Territórios manifestou-se no seguinte sentido:
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL
ACÓRDÃO n. 524697, 20100130043014APAE
PROCESSUAL CIVIL E ECA. ADOÇÃO “Á BRSILEIRA”. DESCONSTITUIÇÃO DO REGISTRO CIVIL DE JOVEM TIDA COMO FILHA E POSTERIOR ADOÇÃO COM ESPEQUE NO ECA. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. SENTENÇA MANTIDA.
Carece interesse de agir as partes que, constando do registro civil de nascimento como os pais de jovem, mediante o que convencionou chamar de adoção “à brasileira”, pretendem a adoção da mesma jovem, porquanto tal movimento não irá trazer nenhum resultado útil, já que a pretensa adotanda já desfrutas de todos os direitos inerentes ao estado de filiação e mais, na linha do entendimento do egrégio STJ, o registro civil não poderá ser anulado, em razão da socioafetividade, salvo se tiver havido vicio de consentimento. Apelação desprovida. Rel. Ângelo Canducci Passareli. 5ª Turma Cívil. Julgado em 03/08/2011. DJE: 05/08/2011 (BRASIL, 2011).
Tal entendimento é ratificado pelos posicionamentos do tribunal de Justiça de Santa Catarina.
TJ-SC - Apelação Cível : AC 20120120691 SC 2012.012069-1 (Acórdão).
PROCESSO CIVIL E CIVIL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE REGISTRO PÚBLICO E DESTITUIÇÃO DE PODER FAMILIAR C/C BUSCA E APREENSÃO DE MENOR. CRIANÇA ENTREGUE AO RÉU LOGO APÓS NASCIMENTO. REGSITRO DE PATERNIDADE IRREGULAR. PEDIDOS JULGADOS PROCEDENTES. APELO DO PAI REGISTRAL E DA MÃE BIOLÓGICA DA CRIANÇA. [...] ADOÇÃO À BRASILEIRA CONFIGURADA. EXISTÊNCIA DE FORTE VÍNCULO AFETIVO ENTRE O PAI REGISTRAL E O MENOR. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA CARACTERIZADA. PREDOMÍNIO DO PRINCÍPIO DO SUPERLATIVO INTERESSE DA CRINAÇA. ANULAÇÃO DO REGISTRO DE NASCIEMTNO. MEDIAD PREJUDICIAL AO INFANTE. REFORMA DA SENTENÇA PARA RESTABELECER A FILIAÇÃO PATERNA NO REGISTRO DE NASCIMENTO DO MENOR. DESTITUIÇÃO DA MÃE BIOLÓGICA DO PODER FAMILIAR. ENTREGA DO FILHO RECÉM-NASCIDO AOS CUIDADOS DO TERCEIRTO APELANTE E SUA ESPOSA. DESINTERESSE DA MÃE QUANTO A CRIAÇÃO DO FILHO. INCAPACIDADE DE EXERCICIO DO PODER FAMILAIR (ECA, ART. 24 E CC, ART. 1.638). PREQUESTIONAMENTO DESNECESSA´RIO. RECURSO PARCIAMENTE PROVIDO.[...] A configuração da paternidade socioafetiva, em respeito ao principio do superlativo interesse da criança, relativiza o respeito à ordem cronológica do cadastro de pessoas interessadas em adotar. O poder familiar é, antes de tudo, um múnus público irrenunciável, indelegável e imprescritível, devendo, em principio, ser exercitado com o maior denodo possível pelos pais. Rel. Des. Luiz Carlos Freyesleben. Julgada em 20/09/2012 (BRASIL, 2012). 
E do tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: 
 
TJ-RS - Agravo de Instrumento : AI 70052976248 RS
ECA. MEDIDA DE PROTEÇÃO. SEDIZENTE PAI BIOLÓGICO. NEGATIVA DA MÃE BIOLÓGICA. INDÍCIOS DE BURLA AO CADASTRO DE ADOÇÃO. DETERMINAÇÃO DE ABRIGAMENTO DA CRIANÇA. 1. Verificando o Dr. Promotor de Justiça e também o Dr. Juiz de Direito que pode estar ocorrendo “adoção à brasileira” encobrindo interesse escuso, cabível a adoção de todas as providências necessárias à mais ampla proteção do interesse do infante e ao cabal esclarecimento dos fatos. 2. Mostra-se adequada a busca e apreensão com a determinação de abrigamento da criança, quando existem indícios de que o pai registral procedeu no registro para o fim de burlar o Cadastro de Adoção, mormente quando a própria mãe biológica nega que o pai registral seja o pai. Recurso desprovido. Sétima Câmara Civil. Rel. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves. J. 27/03/2013 (BRASIL, 2013).
O Superior Tribunal de Justiça atualmente constituiu como direito fundamental da criança, saber sua origem biológica, porem este anseio não desconstitui o estado de filiação instituído pela adoção informal. 
Colhe-se o seguinte julgado.
STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 833712 RS 2006/0070609-4
Direito civil. Família. Recurso especial. Ação de investigação de paternidade e maternidade. Vínculo biológico. Vínculo sócio-afetivo. Peculiaridades. – A “adoção à brasileira”, inserida no contexto de filiação sócio-afetiva, caracteriza-se pelo reconhecimento voluntário de maternidade/paternidade, na qual, fungido das exigências legais pertinentes ao procedimento de adoção, o casal (ou apenas um dos cônjuges/companheiros) simplesmente registra a criança como sua filha, sem as cautelas judiciais impostas pelo Estado, necessárias à proteção special que deve recair sobre os interesses do menor. – O princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, estabelecendo no art. 1º, inc. III, da CF/88, como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, traz em seu bojo o direito à identidade biológica e pessoal. – Caracteriza violação ao principio da dignidade da pessoa humana cercear o direito de conhecimento da origem genética, respeitando-se por conseguinte, a necessidade psicológica de se conhecer a verdade biológica. – A investigante não pode ser penalizada pela conduta irrefletida dos pais biológicos, tampouco pela omissão dos pais registrais, apenas sanada, na hipótese, quando aquela já contava com 50 anos de idade. Não se pode, portanto, corroborar a ilicitude perpetrada, tanto pelos pais que registraram a investigante, como pelos pais que a conceberam e não quiseram ou não quiseram ou não puderam dar-lhe o alento e o amparo decorrentes dos laços de sangue conjugados aos de afeto. – Dessa forma, conquanto tenha a investigante sido acolhida em “lar adotivo” e usufruído de uma relação sócio afetiva, nada lhe retira o direito, em havendo sua insurgência ao tomar conhecimentode sua real história, de ter acesso à sua verdade biológica quem lhe foi usurpada, desde o nascimento até a idade madura. Presente o dissenso, portanto, prevalecerá o direito ao reconhecimento do vínculo biológico. – Nas questões em que presente dissociação entre os vínculos familiares biológicos e sócio-afetivo, nas quais seja o Poder Judiciário chamado a se posicionar, deve o julgador, ao decidir, atentar de forma acurada para as peculiaridades do processo, cujos desdobramentos devem pautar as decisões. Recurso especial provido. Sétima Câmara Cível. Rel. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves. J. 27/03/2013 (BRASIL, 2013).
Torna-se importante dizer, que todas as deliberações priorizam o melhor interesse da criança, motivo pelo qual não existem razões para a desconstituição do poder familiar e a retirada da criança do seio familiar afetivo (HILGEMBERG, 2013).
Em conformidade com tais posicionamentos, o Código Penal, dispõe:
Art. 242: Dar parto alheio como próprio; registrar como o seu filho de outrem, ocultar recém-nascido ou substitui-lo, suprindo ou alterando direito inerente ao estado civil.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único: Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: Pena – detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena (BRASIL, 1940).
Acerca do motivo de reconhecida nobreza, na maioria dos casos que chegam à justiça ocorre o perdão judicial, justamente por se considerar esse tipo de doação irregular, um ato piedoso (SILVA FILHO, 2011).
TJ-SC - Apelação Criminal : APR 20120152052 SC 2012.015205-2 (Acórdão).
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A FAMÍLIA. REGSITRO DE FILHO ALHEIO COMO PRÓPRIO. “ADOÇÃO Á BRASILEIRA” (ART. 242, CAPUT, DOCP). RECURSO MINISTERIAL. PRETENDIDA APLICAÇÃO D EPENA. REGISTRO ADE FILHO ALHEIO COMO PRÓPRIO. ESPOSA COAUTORA. CONFISSÕES EM JUÍZO CORROBORADAS PELOS DEPOIMENTOS DAS TESTEMUNHAS QUE COMPROVAM A PRÁTICA DO ILICITO. VONTADE LIVRE E CONSCIENTE À REALIZAÇÃO DA CONDUTA EVIDENCIADA. COSNTATADA A MOTIVAÇÃO NOBRE. GENITORA QUE NÃO DESEJA FICAR COM A RECÉM-NASCIDA E E ENTREGA AOS RÉUS PARA O CRIAREM. APLICABILIDADE DOA RT. 242, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CP. CONCESSÃO DO PERDÃO JUDICIAL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. Rel. Des. Mari Mosimann Vargas. Julgada em 25/05/2012 (BRASIL, 2012).
Pode-se considerar, portanto, que havendo uma adoção consolidada, a regularização da situação se faz necessária e representa efetivo beneficio à criança que tem direito absoluto à convivência familiar (PAULA, 2007).
Verifica-se deste modo, que apesar da adoção ter se dado de forma distinta da instituída em lei, o episódio a ser analisado é que ela aconteceu, derivando do convívio diário e amoroso entre pais e filhos, e na criação de vínculos afetivos, sendo imoral, desfaze-la.
Por fim, verifica-se que, a anulação da doação informal presente na “adoção à brasileira” não é a medida mais vantajosa, em razão dos reflexos trazidos à criança ou ao adolescente. O afeto presente nesta relação é tão complexo, que deve receber extremo cuidado, inclusive da legislação.
4 FATORES QUE LEVAM A PRÁTICA DA ADOÇÃO À BRASILEIRA
4.1 Constituição da entidade familiar
Observa-se que o primeiro fator a ser apresentado é a constituição da entidade familiar, muitos apresentam a vontade de estabelecer uma família, dar e receber amor, e para isso acabam recorrendo ao instituto da adoção à brasileira por confiarem que é uma forma mais rápida e fácil de garantir a construção da família.
Para compreender o desejo pela constituição de uma família, é imprescindível entender o conceito e a definição de família, visto que a família vem a ser a célula “mater” da sociedade, e sua constituição é desejada por grande parte da população.
A família é uma sociedade natural, composta por indivíduos unidos pelos laços de sangue, ou por afinidade. Entende-se como laço sanguíneo aquele que resulta da descendência, e laços por afinidade são aqueles que resultam da entrada dos cônjuges e seus parentes à entidade familiar (VENOSA, 2012).
Na antiguidade a família romana era eminentemente patriarcal, com base na comodidade e na necessidade de manutenção e subsistência da propriedade, onde não havia nenhum laço afetivo entre seus membros, onde a família era instituída com interesse unicamente financeiro.
No século XVIII, se consolidou o modelo patriarcal de família, onde cada membro tinha suas funções e não questionava suas atribuições e deveres, e os interesses individuais eram desprezados. No modelo de família patriarcal, o marido comandava a família, tendo esse poder atribuído pela sociedade e pela lei.
Sendo assim, a colonização brasileira seguiu os modelos europeus, ou seja, estabilidade patriarcal, obediência a igreja, aristocracia e escravidão, sendo que o sistema de filiação estava vinculado ao casamento e não ao sangue, muito menos ao afeto e amor.
Porem esse conceito de família foi se modificando ao longo do tempo, onde fatores como amor e afeto passaram a ser mais relevantes para a constituição da entidade familiar. 
É difícil encontrar uma definição de família, pois nos dias de hoje a conjuntura social nos induz a ter inúmeras definições do que vem a ser uma família. Aquela visão de identificar a família através do matrimonio, ou ter em mente uma imagem de família patriarcal como figura central, com o tempo foi sofrendo significativas transformações (DIAS, 2013).
A família é sempre socioafetiva, em razão de ser um grupo social considerado base da sociedade e unida na convivência afetiva. A afetividade como categoria jurídica, resulta da transferência de parte dos fatos psicossociais que a converte em fato jurídico, gerador de efeitos jurídicos (LÔBO, 2011).
Hoje, é necessário ter uma visão pluralista de família, abrigando os mais diversos arranjos familiares, devendo-se buscar o elemento que permite enlaçar no conceito de entidade familiar todos os relacionamentos que tem origem em um elo de afetividade, independentemente de sua conformação.
O novo modelo de família funda-se sobre os pilares da repersonalização, da afetividade e da pluralidade, sendo esses elementos essenciais para a construção da entidade familiar, e é isso que justifica a proteção do estado em relação à família, pois com tantas evoluções a família passou a existir tanto para o desenvolvimento da personalidade de seus integrantes como para o crescimento e formação da sociedade (DIAS, 2013).
Percebe-se que a teoria e a pratica das instituições familiares dependem, em ultima análise, da competência em dar e receber amor, onde a família continua mais comprometida do que nunca em ser feliz. A manutenção da família visa, sobretudo, buscar a felicidade.
4.2 A realidade do abandono de crianças
Nota-se que o abandono de crianças é outro fator muito relevante o qual entusiasma a prática da adoção à brasileira, pois é muito complicado não se impressionar com a realidade de ver crianças sendo abandonadas, correndo o risco de morrer, e não fazer nada. O abandono, juntamente com a morosidade do processo de adoção legal, leva muitas pessoas a escolherem pela adoção de forma irregular.
Verifica-se que o abandono é algo tão antigo quanto à sociedade, pois é uma pratica que se tornou comum em todos os tempos e lugares, o que vai se transformando com o decorrer do tempo são os motivos, as circunstancias, as atitudes, ou seja, os fatores que levam a praticar o abandono.
No Brasil, a história social do abandono não pode deixar de lado à forte presença da pobreza, marginalidade social, a criança ilegítima, o concubinato, a mestiçagem. Tanto que, existe relatos de abandono no Brasil desde o século XVIII, pois o sistema colonial inserido a escravidão e a concentração de riqueza em torno da grande propriedade monocultora acabaram originando a existência de uma linha de pobreza grave, onde muitas mães e famílias não apresentavam condições de criarem seus filhos, e acabavam abandonando-os nas ruas, deste modo um dos principais fatores que sempre levaram ao abandono infantilfoi à miséria (PAULA, 2007).
 Os fatores apresentados continuam refletindo na sociedade, onde hoje ainda é muito grande o índice de crianças abandonadas. Além dessa forma de abandono, para a doutrina e para a jurisprudência brasileira, são consideradas abandonadas as crianças que vivam na companhia de pai, mãe, tutor ou pessoa que se entregue a pratica de atos contrários à moral e aos bons costumes, bem como aquelas vítimas de maus tratos, exploração, privada de alimentos e cuidados necessários para a preservação da saúde (NASCIMENTO, 2015).
Há também crianças que são abandonadas quando as famílias as deixam em abrigos ou instituições destinadas aos cuidados de crianças, com a “desculpa” de que será por um pequeno período até obter um emprego, porem nunca mais retornam, e as crianças acabam ficando esquecidas, ou acabam indo para tais instituições devido serem vítimas de maus tratos, espancamentos, abusos sexuais, filhos de pais alcoólatras ou com vício em drogas e etc (NASCIMENTO, 2015).
Por fim, os vários motivos que levam ao abandono de tais crianças nunca poderão ser analisados de forma isolada, visto que são inúmeros os fatores que levam a prática do referido ato. O que é possível perceber acerca do abandono de crianças, é que grande parte dessas crianças que hoje se encontram em abrigos é oriunda de famílias que não possuem condições financeiras para cuidar dessas crianças, onde apresentam enorme dificuldades para garantir os direitos fundamentais essenciais para a sobrevivência destas crianças, bem como meios necessários para uma sobrevivência digna (NASCIMENTO, 2015). 
Todos esses fatores resultam em uma carência não só material como emocional, sendo que a carência emocional chega a ser mais relevante, pois uma criança necessita de cuidados, amor, carinho, de um lar onde possa estar devidamente amparada. Diante de toda essa carência, de todos os motivos que levam ao abandono, muitas pessoas acabam sentido a necessidade de fornecer um lar digno a essas crianças através da adoção, muitos tentam pela forma legal, mas a morosidade deste processo acaba resultando na adoção à brasileira, pois a “vontade” de instituir uma família e fornecer um lar a quem não possui nada acaba se sobrepondo aos meios legais para adoção (NASCIMENTO, 2015).
4.3 O princípio da afetividade para a construção da entidade familiar
O Código Civil de 1916 estabelecia o modelo de família patriarcal, monogâmica, parental e patrimonial, isto é, a tradicional família romana, onde o padrão ideal de família seria aquele instituído por pai, mãe e filho, além disso, a entidade familiar formada nesses moldes colocava de lado o ser, e acabava privilegiando o ter, onde questões como afeto, amor, carinho não eram relevantes (NASCIMENTO, 2015).
A Constituição Federal de 1988, chamada de Constituição Cidadã, ocasionou modificações importantes acerca da entidade familiar, onde as renovações das tendências sociais acabaram derrotando aquele modelo de família patriarcal que se manteve vigente por séculos. 
Nesse momento de profundas transformações, abandonou-se a ideia principal de hierarquia e a afetividade passou a ser função basilar, sendo responsável pela viabilidade e continuidade das relações familiares (PAULA, 2007).
Diante disso, Lôbo (2010, p.47) identifica da constituição quatro fundamentos essenciais do princípio da afetividade:
a)    Igualdade de todos os filhos independentemente da origem (CF/88 art. 227,§6°)
b)    A adoção, como escolha afetiva com igualdade de direitos (CF/88 art. 227 § 5° e 6°);
c)    A comunidade formada por qualquer um dos pais e seus descentes, incluindo adotivos, com a mesma dignidade da família (CF/88 art. 226 § 4º);
d)    O direito a convivência familiar como prioridade absoluta da criança, do adolescente e do jovem (CF/88 art. 227).
O afeto não é fruto da biologia, os lações de afeto e de solidariedade derivam da convivência familiar, não do sangue (NASCIMENTO, 2015).
Dias (2013) explica que a “posse de Estado de filho nada mais é do que o reconhecimento jurídico de afeto, com o claro objeto de garantir a felicidade, como um direito a ser alcançado” (DIAS ,2013, p. 73).
A família se transforma na medida em que se acentuam as relações de sentimento entre seus membros, ou seja, o afeto passa a ser mais valorizado nas entidades familiares. Essas constantes transformações trazem novos modelos de família, pois as diferenças que eram evidentes entre homens e mulheres passaram a ser mais igualitária, e os novos modelos de família passaram a ser mais flexíveis tanto em sua temporalidade como em seus componentes, sendo menos sujeitas as regras e mais ao desejo.
A afetividade entrou na concepção moderna dos juristas buscando explicar as relações familiares contemporâneas, visto que, o afeto não representa um modelo único de família, matrimonial, o afeto representa a diversidade familiar.
Enfim, a familiar converteu-se hoje em um ambiente propicio para a realização do ser humano, ou seja, somente se justifica a proteção da família para que se efetive a tutela da própria pessoa humana, não sendo mais vislumbrada como simples constituição jurídica e social, voltada apenas para fins patrimoniais e reprodutivos. Sendo assim, todas as relações familiares, sejam elas formais ou informais, indígenas ou exóticas, por mais complexas que se apresentem, nutrem-se todas elas de substancias triviais e ilimitadamente disponíveis a quem delas queira tomar afeto, perdão, amor, carinho, paciência, por fim tudo aquilo que de um modo ou de outro possa ser reconduzido a arte e a virtude de vier em comum, dependendo assim das instituições familiares unicamente da nossa capacidade de dar e receber amor (PAULA, 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adoção à brasileira vem tornando-se uma prática comum na sociedade, visto que ampla parcela da população permanece optando por atuar de forma irregular em causa do longo e delongado processo de adoção legal, o que deriva no avanço da adoção à brasileira.
As particularidades do processo de adoção legal fazem dele um momento moroso, visto que se busca atender as garantias constitucionais do melhor interesse da criança, além disso, há outros impedimentos no decorrer do processo para aquele que almeja adotar uma criança de forma regular, como por exemplo: passar pelo estudo social, as exigências das características da criança que deseja adotar, e o fundamental é o medo de não alcançar o tão almejado sonho de ter filho, sendo assim tais impedimentos costumam exercer papeis peremptórios na hora de optar pela adoção à brasileira.
Embora a boa intenção do adotante, que busca uma criança para ser seu filho e oferecer a ela todo o necessário para um bom desenvolvimento de criação, não se pode esquecer que o ato de registrar filho alheio como próprio constitui crime, e está tipificado no Código Penal Brasileiro.
A nova lei da adoção (Lei 12.010/09), contudo tem como escopo a segurança do direito à convivência familiar a todas as crianças e adolescentes, privilegiando portanto o vinculo afetivo em detrimento ao vinculo biológico.
 A doutrina da proteção integral a criança e ao adolescente, reafirmando no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o princípio constitucional do melhor interesse da criança, conjecturando, portanto o desenvolvimento que o conceito de família passou ao longo do tempo, onde hoje uma família pode ser formada a partir dos laços de afetividade.
Dessa maneira, a não punição dos adotantes vem ser tornando cada vez mais repetida, seja na esfera civil, pelo meio da não desconstituição do vinculo afetivo, seja na esfera penal, pela não aplicação do Código Penal, no que fere a tipificação de registrar filho alheio como próprio, já que a busca e apreensão do adotado e a anulação do seu registro civil, com a concludente prisão daqueles que sempre teve como pai, seria muito lesivo à criança e ao adolescente, e iria contra o principio que o Estado protege, que é a busca pelo melhor para aquele que está em desenvolvimento, o que resulta assim na exceção do art.242 do Código Penal, em seu parágrafo único que é o perdão judicial.
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