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UNIVERSIDADE POSITIVO PSICOLOGIA Thalita Louise Chruczeski Técnicas de meditação, respiração, mentalização e grounding dentro do quesito psicoterapêutico Curitiba 2018 Thalita Louise Chruczeski Técnicas de meditação, respiração, mentalização e grounding dentro do quesito psicoterapêutico Trabalho de revisão de literatura apresen- tado como parte dos requisitos necessários à obtenção de nota parcial do quarto bimes- tre de 2018. Professor(a): Gilberto Gaertner Disciplina: Desenvolvimento de Habilida- des Psicológicas Turma: 1N Curitiba 2018 Lista de ilustrações Figura 1 – Tipologia reflexiva aplicada de técnicas de meditação . . . . . . . . 6 Figura 2 – Posição de ”grounding” básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 Figura 3 – Posição do arco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Lista de tabelas Tabela 1 – Plano para preparação mental e corporal . . . . . . . . . . . . . . . 14 Tabela 2 – Planilha de horários para check-list . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Tabela 3 – Estrutura do modelo e procedimento do protocolo de horários . . . 15 Sumário 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2 DESCRIÇÕES TÉCNICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.1 Meditação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.2 Respiração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.3 ”Grounding” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2.4 Treinamento mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 3 PLANO DE USO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 4 DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 5 1 INTRODUÇÃO Frequentemente as pessoas solicitam e necessitam de sequências de exercícios que sirvam como base para o plano de uso de seus trabalhos corporais, não somente, em situações de estresse, ansiedade e crises psicológicas. Diante desse contexto, técnicas utilizadas nas clínicas sociais e em projetos junto a grupos sociais específicos estão sendo aprimoradas para a prática e melhoramento de diversas patologias. Cabe assim, fazer um levantamento dos principais pontos que envolve o treinamento de técnicas de respiração, ”grounding”, mentalização e meditação (combinadas ou não), com o propósito de uma melhor compreensão e futuros usos dessas formas de trabalho com o corpo e mente. 6 2 DESCRIÇÕES TÉCNICAS 2.1 Meditação A meditação é famosa por seu relacionamento com o relaxamento físico, redução de estresse e principalmente, pela paz de espírito que gera naqueles que a praticam. Embora esses sejam objetivos válidos, o verdadeiro propósito da meditação é algo superior. Segundo Goleman (1999) técnicas de meditação é algo que se mostra auxiliar à qualquer psicoterapia, já que o indivíduo pode se tornar mais consciente de seus pensamentos, sensações e estados espirituais. A meditação, por ser uma terapia muito antiga, possui diferentes técnicas e elementos centrais que se diferem conforme o objetivo de cada processo. Entretanto, há pelo menos um princípio comum entre os conjuntos de meditação: a necessidade de uma purificação (GOLEMAN, 1999). O ambiente mais propício para o sistema de purificação, pode variar conforme sua meta e contexto em que o sujeito está inserido. Por exemplo, segundo Goleman (1999), indivíduos iam para o deserto do Egito, pois, ”A solidão hermética era essencial para o seu severo programa de autodisciplina”. Já, segundo o mesmo autor, Gurdjieff ou Krishnamurti preferem ”ambientes da família, do trabalho e dos lugares públicos são o melhor contexto para a disciplina interior”. Sendo o ambiente ideal para a meditação, aquele que te traz benefícios em prol de sua purificação. Dentro do amplo sistema de meditação, há tipologias que se diferem por suas técnicas e o critério que se é abordada. A Figura 1, retirada do livro ”A arte da Meditação” de Daniel Goleman (1999), representa de forma sucinta às técnicas de cada sistema de meditação. O critério avaliado na Figura, é a mecânica da técnica que o sujeito irá proferir. Figura 1 – Tipologia reflexiva aplicada de técnicas de meditação Livro ”A arte da Meditação” (Daniel Goleman,1999, p.21) Capítulo 2. DESCRIÇÕES TÉCNICAS 7 A tipologia ”concentração” é quando a mente se concentra em um objeto mental fixo. Esse objeto pode ser focado mentalmente, por exemplo, imaginar um círculo branco com um contorno preto; pode ser focado com os olhos, por exemplo, fixar o olhar em apenas um ponto na parede; e pode ser focado em algo do próprio corpo, como a respiração. A mente, nessa tipologia de meditação, tem por estratégia fixar o foco em um único preceito, fazendo com que mesmo que dispersa, volte ao seu objetivo. Goleman (1999) explica sobre a meditação de concentração: ”Sistemas diferentes de meditação podem adotar pontos de vista totalmente contraditórios entre si para as exigências de cada ato preparatório, sejam elas um ambiente específico, a necessidade de um professor ou o conhecimento prévio do que esperar da meditação. O único ingrediente que não varia é a necessidade de que a pessoa que medita retenha a sua atenção ou através da concentração ou do estado consciente” (p.22). O tipo ”Estado consciente”, tem como recurso a mente observar a si mesma. Concentrando-se na própria respiração, o indivíduo deixa revisitar os pensamentos e imaginações presentes. Já na ”Integrada”, a mente tem por objetivo observar a si mesma em um estado consciente e, ao mesmo tempo, fixar seu foco em algum objeto mental. Às três tipologias usam a respiração como base, examinando atentamente as sensações presentes no corpo todo - treinando a atenção e fortalecendo o poder de concentração do indivíduo no chamado “músculo da atenção” (GOLEMAN, 1999). Segundo o autor de ”A arte da meditação” (1999), qualquer atividade pode ser meditativa uma vez que o indivíduo preste atenção total e cuidadosa na ação que está desempenhando. Goleman (1999) exemplifica com a ”alimentação consciente”, consistindo em sentar imóvel, prestando atenção na respiração (inspiração e expiração) para chegar a um estado de tranquilidade antes de começar a comer. Esta prática milenar, possibilita a melhora em diversas patologias - como a depressão (PEREIRA; MAGRO, 2010). Seu segredo de ensinar o indivíduo a viver no presente, pensando no agora, sem antecipar sofrimento, faz com que sua prática esteja presente em estilos de vida, personalidades, cognição e cura de doenças em uma magnitude gigantesca (PEREIRA; MAGRO, 2010). 2.2 Respiração Buda uma vez disse que a respiração pode conter todo o conteúdo necessário para o crescimento do ser humano, principalmente a sabedoria e compaixão (Apud KABAT-ZINN, 2013). O movimento de respiração (expirar e inspirar) é a porta vital do corpo, que consegue converter o movimento em foco, atenção e colocar o indivíduo no presente a partir das sensações corporais acompanhadas pela respiração (KABAT- ZINN, 2013). Capítulo 2. DESCRIÇÕES TÉCNICAS 8 Gaertner (2007) menciona os processos de captação da atenção em seu livro ”Metaexperiências no Campo Esportivo”, em que os mecanismos que envolvem a aten- ção podem atuar de modo dinâmico e ”selecionando os estímulos que chegam pelas diversas vias sensórias e organizando os processos mentais”. Um desses mecanismos é dado pela tomada da consciência a partir de técnicas de respiração; o percebedor (indivíduo) e o percebido (objeto atencional) se conectam em uma dinâmica que ajuda à estabilização da atenção (GAERTNER, 2007; KABAT-ZINN, 2013). Concluindo-se que prestar atenção à respiração, não se limita à função primordial biológica - oxigenar o sangue. Os efeitos da respiração consciente inclui não apenas a melhora da atenção,mas também afetar o estado emocional do ser humano. Respirar de modo lento e profundo ativa o sistema nervoso parassimpático, normalizando o organismo quando há uma reação emocional intensa. Essa ação proposital de respirar devagar, faz com que o cérebro rege a estabilização de reações ”anormais”, como os sintomas de uma situação estressante no qual o indivíduo reage com taquicardia, maior pressão arterial e respiração curta e ofegante. Goleman (2014) cita em seu livro ”Foco: A atenção e seu papel fundamental para o sucesso” o treino do circuito neurológico da atenção, que exemplifica o mencionado acima. Esse treino, consiste na observação da respiração, trazendo de volta a sua mente quando ela vagueia (repetição do músculo da focalização). O circuito repetitivo ajuda na concentração exigida na sala de aula, por exemplo, e, trabalhar com as (emoções) geradores de “stress” - ”um treino de autogestão interior” (GOLEMAN, 2014). O sucesso e benefícios que a meditação baseada no foco da respiração cons- ciente trouxe para diversas áreas, fez com que novas pesquisas no campo fossem iniciadas. Hoje, há a existência de uma conexão entre a respiração nasal e a área do cérebro que regula as emoções. O inspirar voluntariamente pelo nariz, provoca sinais elétricos (sinapses) na região do córtex olfativo, o mesmo estando ligado ao sistema límbico, responsável pelo processamento das memórias e reações emocionais (LENT, 2010). O expirar, ativa o sistema parassimpático, podendo recuperar o organismo do indivíduo dos efeitos de uma emoção não controlada. Como Goleman (2014) ressalta: ”Há também os bem estabelecidos efeitos relaxantes, como a calma que emana do exercício dos parceiros de respiração, na sala de aula. Esse impacto fisiológico sugere uma redução no ponto de ajuste para a estimulação do circuito do nervo vago, a chave para manter a calma em situações de estresse e se recuperar rapidamente de aborrecimentos. O nervo vago administra várias habilidades, mais notadamente o ritmo cardíaco - e, portanto, a rapidez da recuperação do estresse” (p. 191). Caracterizando a respiração, pode-se dizer que é uma mudança, passagem Capítulo 2. DESCRIÇÕES TÉCNICAS 9 de ar, de cavidades do corpo. Essas cavidades são compostas por órgãos vitais, apresentando aberturas para o ambiente externo - torácica por cima e a abdominal por baixo (KAMINOFF; MATTHEWS, 2012). Elas abrem-se uma para a outra por meio do diafragma, e compartilham da qualidade de mobilidade (capazes de mudar de forma) mesmo que com diferenças estruturais (KAMINOFF; MATTHEWS, 2012). No contexto da respiração, segundo ”Anatomia da Yoga” (2012) a cavidade abdominal altera sua forma, como um balão de água ao ser comprimido, mas não muda seu volume. Já o aumento da cavidade torácica, proporciona uma mudança de forma e volume, como um ”recipiente flexível cheio de gás”. A combinação desses dois movimentos, dada pela contração da musculatura em torno das cavidades, faz com que a cavidade abdominal seja empurrada para cima ou vice-versa (KAMINOFF; MATTHEWS, 2012). Essa caracterização é importante para o entendimento do movimento da respi- ração mencionada anteriormente. A definição da respiração como uma mudança de forma ajuda na compreensão sobre a ”respiração consciente”, relacionada com volume e pressão das cavidades respiratórias. Por exemplo, ”como o ar circula em direção das áreas de menor pressão, aumentar o volume dentro da cavidade torácica fará a pressão cair e o ar entrar”, isso seria a inspiração na meditação. Uma das mais conhecidas respirações é a abdominal, explicado por Lowen e Lowen (1985): ”Deite-se no chão, sobre um tapete. Dobre os joelhos. Seus pés devem ficar totalmente apoiados no chão, separados uns 30 cm; artelhos ligeiramente voltados para fora. Alongue a cabeça para trás tanto quanto ela possa ir confortavelmente para abrir a garganta. Coloque ambas as mãos na barriga, sobre os ossos pubianos, para que você possa sentir os movimentos abdomi- nais. Respiração abdominal normal, com boca aberta, por um minuto mais ou menos. Agora, balance a pelve suavemente para trás, em cada inspiração, e traga-a para a frente na expiração, como mostram as figuras 8 e 9. Faça isso respirando, durante 1 minuto” (p.40). 2.3 ”Grounding” ”Grounding” é um conceito vindo da 1 É uma forma de psicoterapia que acres- centa aos métodos considerados clássicos, formas inovadoras. Devido ao século XXI caracterizar-se por uma desterritorização, que possui como base a falta de tempo e a alienação do indivíduo (o ritmo natural tornou-se violentado) pela velocidade das transformações, nasceu o ”grounding” (PIAUHY, 2014). A psicóloga e analista de Bi- oenergética, Cristina Piauhy (2014) diz que o ”grounding” é um ”aterramento” do ser humano, isto é, ficar em contato com o chão para se colocar em seu lugar. A partir das 1 Fundamentado na integração entre mente e corpo, é uma forma de psicoterapia corporal criado por Alexander Lowen e John Pierrakos em 1955, baseado em teorias de Wilhelm Reich (SMITH, 2000)). Capítulo 2. DESCRIÇÕES TÉCNICAS 10 técnicas dessa psicoterapia, o indivíduo consegue suportar mais cargas e lidar com mais sentimentos e emoções dentro da rotina contemporânea. Apresentar-se em ”grounded” é estar em contato com as realidades básicas da própria existência; consiste em equilibrar o movimento pendular do próprio orga- nismo (WEIGAND, 2005). Ele ajuda aqueles que estão ”voando” e não caminhando em cima dos próprios pés, aumentando o senso de segurança do sujeito, já que a pessoa se sente mais perto da terra. Weigand (2005) explica que o conceito de ”grounding” está sendo ampliado no decorrer das ideias, com a finalidade de sempre aprimorar a ideia de um ”self saudável” nos grupos sociais, família, no útero, nas relações predispostas de mãe-bebê e do próprio corpo dos indivíduos com a terra. Essa ampliação dentro da Análise Bioenergética gerou diferentes tipos de ”grounding”, destacados pela mesma: ”postural, interno, prematuro, ”grounding” do olhar e ”grounding” na família, cultura e religião”. Para o desenvolver do ”grounding” postural, é utilizado alongamentos e exercícios de arco e de ”grounding” básico, ilustrados nas Figuras 2 e 3. Dentro do conceito de vibrações, o ”grounding” trabalha com a respiração e foco. Às vibrações do corpo são induzidas ao se esticar os joelhos lentamente, depois de estar com o sistema pendendo para baixo (Figura 2), tocando os dedos no chão e respirando profundamente - deixando o peso do corpo recair sobre os metatarsos (LOWEN; LOWEN, 1985). Figura 2 – Posição de ”grounding” básico LOWEN; LOWEN, 1985, p. 20. As vibrações citadas anteriormente, dentro da Bioenergética, é uma manifesta- ção do ”grounding” que atua como um auto-regulador de segurança para o organismo (geralmente em situações de grande excitação, seja negativa ou positiva) (LOWEN; LOWEN, 1985). Elas podem chegar também a partir da posição do arco, por exemplo. Os pés são afastados, joelhos flexionados e o corpo um pouco arqueado para trás, Capítulo 2. DESCRIÇÕES TÉCNICAS 11 apoiando a região lombar com os punhos (Figura 3); trabalhando-se inicialmente nessa posição, a respiração e a pulsação do corpo (LOWEN; LOWEN, 1985). Figura 3 – Posição do arco LOWEN & LOWEN, 1985, p. 32. Segundo Lowen e Lowen (1985), a respiração é essencial para o ”grounding”. É através dela que se mantém o oxigênio para a energia metabólica. A respiração abdominal, explicada anteriormente, pode ser utilizada para a retirada da sobrecarga energética do corpo, com exercícios de ”grounding”. A meta desse conceito é ajudar o indivíduo a permanecer leve consigo mesmo e com o mundo, a partir do prazer de uma resposta corporal. O prazer, demonstra a vitalidade do corpo e suas vibrações (LOWEN; LOWEN, 1985). 2.4 Treinamento mental Treinamento mental pode ser caracterizado como a criação ou recriação de uma experiência namente do indivíduo (WEINBERG; GOULD, 2017). O uso da mentaliza- ção faz com que o sujeito recrie experiências positivas anteriores ou imagine novos eventos com a finalidade de se preparar mentalmente para a atuação (WEINBERG; GOULD, 2017). Esse treinamento mental deve e precisa envolver o máximo de senti- dos possíveis: cinestésicos, visuais, auditivos, táteis e olfativos. Ao usar os sentidos são mais fácil do indivíduo alcançar a mentalização total, associando em momentos posteriores à (estados) emocionais ou humores em suas experiências (WEINBERG; GOULD, 2017). Concomitantemente, recriar emoções (ansiedade, raiva, alegria) ou pensamentos (confiança, concentração) pela mentalização pode ajudar no controle de estados emocionais. Capítulo 2. DESCRIÇÕES TÉCNICAS 12 A mentalização é usada para o foco, a meditação, os processos de respiração e o ”grounding” mencionados anteriormente. Dentro do processo de mentalização, há cinco características principais: 1) Modalidade. Sentidos corporais usados para a mentalização. 2) Perspectiva. O modo de visualizar, podendo ser interno (primeira pessoa) ou externo (terceira pessoa). 3) Ângulo. As angulações das perspectivas visualizadas - acima, atrás, de frente, de lado. 4) Agência. O indivíduo que está sendo agente do comportamento de imaginar- o que mentaliza outra pessoa 5) Deliberação. A mentalização sendo desencadeada quantitativamente. Do ponto de vista psicológico, segundo Orlick (1986), é importante uma elabo- ração de planos mentais para se trabalhar a experiência que se quer ter rendimento, por exemplo. Dentro dos planos mentais para a realização de algum projeto (seja competitivo ou meta a ser atingida), Orlick (1986) propõe as seguintes: 1º) Plano mental antecedente: período antes da ação, proposto por um aqueci- mento psicológico, que inclui a concentração e focalização da atenção. 2º) Plano mental competitivo: período de mentalização anterior e posteriormente à ação que se quer alcançar. 3º) Plano de refocalização da atenção: diante de situações inesperadas, es- tresse, ansiedade, momentos críticos e adversidades durante a ação. Dentro do treinamento mental, há dois tipos: a mentalização interna e a externa. A mentalização interna consiste em mentalizar a execução de uma habilidade a partir do seu próprio ponto de vista (ORLICK, 1986). A mentalização externa consiste no sujeito se vê do ponto de vista de um observador externo. Como se estivessem se vendo em um filme. Não há comprovações de qual perspectiva tem mais sucesso, mas a menta- lização externa aparenta ter efeitos superiores na aquisição e no desempenho de habilidades que dependem da forma para a execução bem-sucedida. Já a interna é considerada superior para a aquisição e o desempenho de tarefas que dependem muito da percepção e da antecipação para o sucesso de sua execução (WEINBERG; GOULD, 2017). A habilidade de mentalizar é adquirida por meio da prática. A efetivação do processo é resultado do treino de nitidez e capacidade de controle. Weinberg e Gould Capítulo 2. DESCRIÇÕES TÉCNICAS 13 (2017) afirmam que a motivação e expectativas realistas são os primeiros passos essenciais para o estabelecimento de um programa de treinamento de mentalização. 14 3 PLANO DE USO Dentro do assunto abordado, houve a elaboração de um modelo (Tabela 1, 2 e 3) para o trabalho de preparação para a semana de provas da Universidade Positivo. Tabela 1 – Plano para preparação mental e corporal durante a semana de provas. Métodos Competências para melhorrealização da prova Competências psicológicas básicas Visualização mental Regulação dos processos de ativação mental Motivação Relaxamento muscular Controle da ansiedade. Autoconhecimento Controle do pensamento Melhoramento dos processos atencionais e focais. Auto-estima Estabelecimento de objetivo Autoconfiança Melhor Desempenho Thalita Louise Chruczeski Tabela 2 – Planilha de horários para check-list do modelo de preparação para a semana de provas. Horário Semana N:_____ S _ T_ Q_ Q_ S_ S_ D_ Ao acordar Meditação integrada e respiração Início da prova Meditação de concentração (mantra), mentalização e Respiração Final da Prova Mentalização e respiração Pré estudo ”grounding” e respiração Pós estudo Meditação de estado consciente, respiração ementalização Thalita L. Chruczeski Capítulo 3. PLANO DE USO 15 Tabela 3 – Estrutura do modelo e procedimento do protocolo de horários para preparação para a semana de provas Técnicas Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Meditação Deslocando o peso do corpo para o peito dos pés (foco interno). Sentada sobre os tornozelos, foco externo. Sentada com pernas cruzadas, atenção na própria respiração. Atenção plena: focar primeiro na respiração, para depois focar nas sensações do corpo Em pé com o peso sobre uma perna e os dedos do outro pé tocando o chão (foco interno). Dançar e esvaziar a mente. Controle da respiração, exercícios de posturas e exercícios de visualização Respiração Abdominal (variações de balanço da pelve e inspiração- expiração) Abdominal com pernas para cima Pela boca e inclinando- se para trás em uma cadeira. Respira- ção alternada. Abdominais profundas e audíveis, soltando o soalho pélvico Respiração tranqüila e profunda por um ou dois minutos tentar sentir os movimen- tos respirató- rios na barriga e nádegas. Respiração básica, deitada ao chão durante 5 minutos. Controle da respiração abdominal e pélvica. Trabalho Mental Antecipação da prova: Visualiza- ção da nota obtida/ do objetivo alcançado e de futuros trabalhos. Foco total no estudo/prova (presente); Revisão do conteúdo; visualização do objetivo alcançado. Visualização da nota obtida/ do objetivo alcançado e de futuros trabalhos Foco total no es- tudo/prova (presente); Revisão do conteúdo; visualização do objetivo alcançado. Visualização da nota obtida/ do objetivo alcançado e de futuros trabalhos Treino de visualiza- ção interna e externa; Reevoca- ção de experiên- cias boas futuras Treino da clareza/ in- tensidade das imagens mentais ”grounding” Torção de cintura + alonga- mento das mãos Braços inteiramente alongados; mãos penduradas, descontraí- das. Sacudir as mãos vigorosamente. Posição do arco para frente e para trás Rotação de ombro + alonga- mento de braços e pernas Vibração dos adutoras deitada. Posição de ”grounding” básico Posição do arco deitado (”ponte”) Thalita Louise Chruczeski 16 4 DISCUSSÃO As técnicas de meditação, respiração, treinamento mental e ”grounding” são amplamente utilizadas para procedimentos psicológicos que são entendidos como programas que identifica, analisa, ensina e treina competências cognitivas (CRUZ, 1996). Essas técnicas se intercalam e se complementam para um melhor equilíbrio do sistema humano. Quando usadas, podem exercer funções cognitivas e motivadoras para os indivíduos. Algumas delas: • Função motivadora Específica: Respostas voltadas a metas (imaginar-se ven- cendo algo e recebendo um prêmio). • Função motivadora Geral: Ativação (incluir o relaxamento ao imaginar um local sossegado). • Função cognitiva Específica: Habilidades (imaginar-se atuando com sucesso no futuro emprego). • Função cognitiva Geral: Estratégia (imaginar-se executando uma estratégia para vencer uma competição). Não somente, em técnicas psicoterapeutas, usa-se a meditação, respiração, treinamento mental e ”grounding” como base para o enfrentamento da energia pessoal. Assim, com essas técnicas são possível traduzir os movimentos de expressão do indivíduo. Por exemplo, quando a pessoa está em depressão, sua energia é tão baixa que não há alegria deviver muito menos vibrações positivas que a façam movimentar- se. Utilizando-se essas formas de trabalho com o corpo e a mente, pode ajudá-la a resolver seus problemas emocionais e perceber seus potenciais para a vida (LOWEN; LOWEN, 1985). Independente da técnica psicológica, as habilidades para uma melhor vivência com o próprio corpo e mente é adquirida por meio da prática. A efetivação do processo é resultado do treino de nitidez e capacidade de controle. Motivação e expectativas realistas são os primeiros passos essenciais para o estabelecimento de um programa de treinamento que vincule as técnicas de respiração, ”grounding”, mentalização e meditação. Além disso, inicialmente, o sujeito necessita praticar a técnicas em um lugar silencioso, em um estado de atenção e relaxamento, concentrando-se em desenvolver habilidades de enfrentamento (seja negativo ou positivo). O treino destas competências pessoais devem ser feitas conforme a necessidade de cada ser humano, sendo capaz de integrar-se consigo mesmo. 17 Referências CRUZ, J. F. A. 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