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Trabalho Milheto.docx

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS 
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS 
TAL392 – MATÉRIAS-PRIMAS DE ORIGEM VEGETAL 
 
 
 
 
 
MILHETO: CARACTERÍSTICAS DA MATÉRIA- 
PRIMA 
 
 
 
 
Bruno Leão Nascimento, 93399 
Jaqueline Aparecida Honorato, 93386 
Luana Quisini Vivan, 93383 
Maria Clara Lima de Sousa Augusto, 93387 
 
 
 
 
 
Viçosa, 26 de Junho de 2018 
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SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
O milheto é uma forrageira de clima tropical, rústica, adaptada a plantios 
de safrinha e a regiões com regime pluviométrico irregular (Khairwal et al., 
1990). Tem origem no norte da África e foi introduzido no Brasil no início dos 
anos 90. Trata-se de um cereal de grande importância mundial, sendo 
considerado uma excelente alternativa para produção de grãos e forragem 
(Café et al., 2002). No mundo, o milheto é cultivado em aproximadamente 26 
milhões de hectares e, no Brasil, a área plantada total é de cerca de 2,1 
milhões de hectares (Bonamigo, 1999). Nessa área, a cultura do milheto 
destina-se à produção de palhada para plantio direto, implantação e 
recuperação de pastagens, produção de forragem para pastejo e para 
produção de grãos e silagem, isso se deve principalmente ao valor nutricional 
do milheto, que chega, em média, a 15% de proteína bruta (superior ao do 
milho), além de apresentar baixo custo de produção. 
A eficácia do milheto como planta de cobertura nos solos do Cerrado 
brasileiro é em razão da sua alta resistência à seca, à adaptabilidade a solos 
de baixo nível de fertilidade e à característica de elevada capacidade de 
extração de nutrientes, face ao sistema radicular profundo e por ser uma planta 
de boa capacidade de produção de massa verde e seca. Os nutrientes 
extraídos pela planta de milheto permanecem na palhada, sendo reciclados ou 
liberados gradativamente no solo. 
De modo geral, o milheto possui extrema importância no agronegócio 
nacional em razão da sua versatilidade e da relativa facilidade de instalação e 
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adaptação, já que possui baixa exigência hídrica, rápido crescimento e maior 
resistência a pragas e doenças. 
 
 
 
2. A ORIGEM DO MILHETO 
O milheto é um cereal de origem africana, da região semiárida entre o 
Sudão e o Senegal que, ao longo do tempo, foi se dispersando para o leste da 
África e depois para a Índia, chegando até a península arábica e o sul da 
África. Sua domesticação ocorreu a cerca de 3000 a 5000 anos, ao longo das 
margens do sul dos altiplanos centrais do Saara no início da fase seca 
presente. Pela sua origem, o milheto é indicado para os solos de baixa 
fertilidade, clima semiárido e apresenta alta resistência à seca e ao calor. 
 A Índia é o maior produtor de grãos de milheto, responsável por 34% da 
produção mundial, e a cultura é plantada em 10 milhões de ha. A Nigéria 
apresenta 21% da produção mundial, seguida de Níger com 9%, China com 
7% e Burkina Faso com 4%. 
Os grãos de milheto são a base da alimentação humana na África e 
Índia e, devido ao seu elevado valor nutritivo, é conhecido como "caminho da 
vida" ou "alimento do povo". Praticamente toda a produção de grãos da Índia é 
consumida em forma de farinha, a qual é empregada na elaboração de pães, 
bolos, mingaus, pipocas, doces e bebidas. Outra vantagem do uso do milheto 
na alimentação humana é o fato dele não conter glúten. 
Embora a produção de grãos seja o principal objetivo de cultivo, a 
palhada tem importância secundária como forragem animal e os caules são 
utilizados como fonte de combustível e material para construção de cercas e 
cabanas. Trata-se de uma cultura forrageira nos Estados Unidos e na Austrália 
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e está sendo experimentada como uma nova cultura forrageira na América do 
Sul e na Coréia. Existe um interesse renovado pelo cultivo de milheto nos 
Estados Unidos para a produção de grãos devido à sua tolerância à seca e à 
alta qualidade de seu grão.(...) . O resíduo do milheto pode ser utilizado como 
cobertura morta de proteção contra erosão do solo ou da água. 
No Brasil, o milheto, ​Pennisetum glaucum é um cereal ainda pouco 
conhecido e é cultivado basicamente para produção de massa para cobertura 
do solo no sistema de plantio direto nas regiões centro-oeste e sudeste. No 
Maranhão, Piauí, Pernambuco e oeste baiano também tem sido plantado e no 
RS é utilizado como pastejo direto. 
É uma planta da família das gramíneas de grande adaptação ao Cerrado 
brasileiro, onde o nível de fertilidade é baixo e o período de estiagem é quase 
sempre prolongado durante o ano. A sua alta adaptabilidade às condições do 
Cerrado se deve à alta capacidade de tolerar déficit hídrico prolongado e 
abaixo de 400 mm. A adaptação a solos menos férteis está na sua capacidade 
de extração de nutrientes, face ao seu sistema radicular profundo. Em relação 
ao uso da semente, o milheto ainda é muito pouco utilizado para o consumo 
humano, mas bastante utilizado para o uso da ração animal, principalmente 
pelo seu alto valor protéico, que é maior do que o do sorgo e o do milho e 
similar ao trigo, à cevada e ao arroz, atendendo as necessidades nutricionais 
humanas e animal, além de apresentar boa digestibilidade de nutrientes 
quando submetidos ao cozimento. 
A tendência da cultura é crescer cada vez mais para a região do 
Cerrado devido ao crescimento da atividade pecuária, tanto de corte como o de 
leite e principalmente em função da expansão do sistema de plantio direto, que 
depende da gramínea para a cobertura do solo. 
 
 
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3. ASPECTOS BOTÂNICOS E MORFOLÓGIOCOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. ASPECTOS DO PLANTIO E PRAGAS 
O plantio do milheto é facilitado em solos mais arenosos devido as suas 
características de adaptação a ambientes mais áridos, tais como alta 
resistência à seca, adaptação a solos de baixa fertilidade (decorrência da sua 
alta capacidade de extração de nutrientes e sistema radicular profundo), e a 
capacidade de produção de massa (decorrência da sua resistência a seca e a 
capacidade de extração de nutrientes). Apesar de se desenvolver melhor em 
solos arenosos, por conta do seu sistema radicular vigoroso, o milheto também 
apresenta alta resposta de produção em solos férteis ou adubados. Seu ciclo 
vegetativo é curto, variando de 60 a 90 dias para variedades precoces, e 100 a 
150 dias para as mais tardias, sua temperatura ótima de crescimento se 
encontra na faixa de 28ºC a 30ºC. De acordo com a época do plantio, o milheto 
pode chegar a produzir de 20 a 70 t/ha (toneladas por hectare) de matériaverde. 
O plantio do milheto de maneira direta ocorre basicamente em duas 
épocas, fevereiro a abril, e agosto a outubro. Na primeira época do cultivo, o 
milheto é utilizado como safrinha pós soja ou milho, podendo ou não produzir 
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grãos, mas com uma boa produção de palhada. Já no período de agosto a 
outubro, o milheto é utilizado como cultura para a produção de massa, e para 
dessecação entre outubro e dezembro, preparando para um plantio direto em 
seguida. O plantio é realizado com a utilização de semeadeiras e a germinação 
ocorre com as primeiras chuvas. 
O sistema de plantio do milheto se dá após a cultura de verão e no final 
do inverno/início da primavera, o deixando mais suscetível ao ataque de 
insetos, que utilizam deste grão como hospedeiro intermediário. No Brasil 
observa-se que as culturas de milheto são habitualmente atacadas por grupos 
comuns a outras gramíneas e leguminosas, desse modo, no combate das 
pragas que acometem o grão, já é notável a eficácia de inseticidas usados em 
culturas de sorgo e milho. 
Os principais insetos que atacam a cultura do milheto podem ser 
divididas em pragas de sementes e raízes, que não são limitantes à cultura e 
atacam as sementes após a semeadura e também as raízes, pragas do colmo 
e das folhas, que são as principais pragas dessa cultura, e pragas da panícula, 
que não afetam muito economicamente, já que no Brasil o milheto destina-se 
mais para cobertura do solo e aumento da palhada. 
Entre as pragas que atacam as sementes e as raízes podem ser 
destacadas o Bicho-bolo, coró ou pão de galinha, que danificam as sementes 
após o plantio, comprometendo a germinação das mesmas, além de 
alimentarem-se das raízes, resultando no definhamento (murchar, secar) e na 
morte das plantas. 
Já no grupo das pragas que atacam o colmo e as folhas, pode-se ter 
como exemplo a lagarta elasmo, que consegue atacar plantas de cerca de 30 
centímetros e consegue destruir várias plantas recém-emergidas. Sua ação 
consiste na raspagem das folhas da planta e destruição da região de 
crescimento da planta, causando geralmente sua morte. 
Das pragas que atacam a panícula, é possível citar como exemplo 
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percevejos e lagartas do cartucho e da espiga. Os percevejos alimentam-se do 
grão em desenvolvimento, manchando-os e reduzindo seu tamanho. Estes 
também podem atuar como vetores de fungos que produzem aflotoxina. A 
lagarta alimenta-se dos grãos em formação, o que causa prejuízo na produção 
e contaminação dos grãos danificados por fungos. 
As culturas de milheto, além de pragas, também podem ser acometidas 
por doenças causadas por fitopatógenos, que podem resultar em perdas 
significativas, na quantidade e qualidade dos grãos, da forragem ou de outros 
produtos das plantas. A incidência de doenças na cultura do milheto ocorrem 
de formas ocasionais e cada uma possui sua espécie de tratamento. 
Temos como principais doenças o Ergot (Claviceps fusiformis), que 
causa perdas na produção e na qualidade devido à exsudação de substâncias 
açucaradas e pegajosas provenientes de flores doentes que aderem aos grãos, 
a podridão seca do colmo (Macrophomina phaeseolina), que ocorre 
principalmente em regiões de temperatura mais quentes, e o carvão 
(Tolyposporium penicillanrian Bref), que produz soris (semelhantes à grãos não 
infectados, porém maiores e verdes) no lugar de grãos. Além destas, também é 
possível citar a Helmintosporiose, a Ferrugem e a Brusone. 
5. PRINCIPAIS CULTIVARES DE MILHETO 
No Brasil, o ​Pennisetum glaucum é a espécie mais cultivada de milheto, 
conhecido por milheto-pérola, sendo utilizada principalmente para a produção 
de biomassa, foragem e grãos. A crescente demanda pelos grãos de milheto, 
relacionada, sobretudo, a fabricação de ração animal, estimulou no Brasil o 
desenvolvimento de novas cultivares. Segundo a EMBRAPA (2003), as 
principais características das cultivares para a produção de grãos são a alta 
produtividade e qualidade, porte baixo, cultivo precoce, produção de grãos de 
alto nível de sanidade, além de textura de endosperma e cor compatíveis com 
as exigências de mercado. 
As cultivares com melhor potencial de produção de grãos são a BRS 
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1501, ADR 300, ADR 500 e ADR 7010, genótipos brasileiros, e a ENA 1, 
desenvolvida a partir de três cultivares africanas – Souna III, HKP e Guerguera. 
A cultivar BRS 1501, segundo EMBRAPA (2003), produz cerca de 2,5 
t/ha de grãos de boa qualidade, forma obovalada, coloração cinza e 
endosperma parcialmente duro, além de conter teor de proteína de 12%. Já a 
ADR 300 apresenta produção de grãos de 2,3 t/ha com peso de mil sementes 
de 8,4g, e a ADR 500 produz 1,5 t/ha e possui peso de mil grãos de 8,1g. Se 
comparado com o peso de mil grãos do milho, que, segundo o Instituto 
Agronômico de Campinas, possui uma média de 300g, pode-se observar o 
tamanho diminuto do grão de milheto. 
A cultivar ADR 7010, também conhecida como Super Grão, foi 
desenvolvida especialmente para a produção de grãos e apresenta o potencial 
de produção de 30 a 40 sacas de 60 Kg por hectare, o que representa, 
segundo EMBRAPA (2016), 30% de rendimento superior em relação as 
cultivares ADR 300 e ADR 500. 
Já a cultivar ENA 1 foi desenvolvida para a produção de palha e grãos 
ao ser cultivada em solos pobres em matéria orgânica, sem uso de fertilizantes 
e irrigação. Possui potencial de produção de 2,6 t/ha de grãos no período de 
chuvas, e 810 kg/ha em períodos de seca. 
Nos países orientais, como Índia, China e países da África Ocidental e 
Oriental, o milheto é cultivado há mais de 5000 anos, e a seleção natural 
favoreceu o desenvolvimento de novas variedades da espécie selvagem 
Pennisetum glaucum spp. monodii ​. Na Índia, a principais variedades cultivadas 
pela população local são RSK, Deothan, Bajra 207, Bajra 28-15, AKP 1, dentre 
outras. Essas cultivares tem as características de serem altas, possuírem ciclo 
tardio e baixo rendimento, porém apresentarem resistência a doenças. 
Contudo, outras espécies além do ​Pennisetum glaucum são muito 
consumidas e cultivadas nesses países, como o milheto-finger (​Eleusine 
coracana​), muito popular na África Oriental e na Índia, o milheto-proso 
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(​Panicum miliaceum​) e o milheto-“foxtail” (​Seteria itálica​), mais cultivados no 
Oriente Próximo e na China, (Koblitz, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. TRANSPORTE, ARMAZENAMENTO E PERDAS 
PÓS-COLHEITA 
Com a globalização os sistemas mercadológicos exigem que os 
processos produtivos se tornem cada vez mais competitivos quanto à 
qualidade e ao preço final de mercado. Problemas durante o transporte das 
safras ou com seu armazenamento, bem como perdas pós-colheita inferem no 
custo de produção e consequentemente afetam o lucro final. 
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A necessidade de conhecimentos sobre conservação de grãosfica 
evidenciada quando são analisadas as potencialidades brasileiras de produção 
agrícola e são verificadas as astronômicas perdas de grande parte do que se 
produz, em função de deficiências em infraestrutura, como falta de unidades de 
secagem e armazenamento e/ou de suas inadequações. Atualmente a maioria 
dos equipamentos disponíveis possuem custo muito elevado, incompatíveis 
com o poder aquisitivo dos pequenos e médios produtores rurais. 
Além das deficiências tecnológicas do campo, as unidades de 
armazenamento são precárias, sujeitas a intensos ataques de insetos, ácaros, 
roedores e fungos. Ademais o armazenamento sem uma prévia secagem 
estimula o metabolismo dos grãos, consumindo substâncias de reserva, 
provocando deterioração e, assim como as demais perdas pós-colheita, 
diminuindo a qualidade e o rendimento da safra. 
Cooperativas, agroindústrias e grandes produtores entretanto, optam 
prioritariamente pelo armazenamento em silos ou em armazéns equipados com 
eficientes sistemas de aeração, termometria, dentre outros recursos para a 
manutenção da qualidade do milheto e dos grãos de uma maneira geral​. 
O transporte é outro grande desafio a ser enfrentado, uma vez que a má 
gestão desse setor, resulta em perdas e prejuízos. O Brasil ainda apresenta 
grande dependência do sistema rodoviário para o transporte do milheto, o que 
pode ser desvantajoso, haja vista a precariedade das rodovias. 
 
7. O DESENVOLVIMENTO DO MILHETO E SUA 
IMPORTANCIA NA ECONOMIA BRASILEIRA 
Os primeiros relatos da presença da planta de milheto no Brasil vêm do 
Rio Grande do Sul, datados do ano de 1929. O milheto tem sido utilizado no 
Brasil de diversas formas, como planta forrageira, pastoreio para o gado 
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especialmente na região Sul, onde foi introduzido, como produção de semente 
para fabricação de ração e como planta de cobertura do solo para o sistema de 
plantio direto. 
O plantio pode ser em linha ou a lanço, mas em ambos os casos há 
necessidade da definição ou do estabelecimento da época e densidade de 
plantio, quantidade de sementes, espaçamento, sistema de semeadura, 
profundidade de plantio, dentre outros fatores não menos importantes, como o 
manejo de plantas daninhas, de pragas e doenças, da fertilidade e o manejo de 
água, como no caso de produção de sementes. Estas variáveis, quando têm 
interação, contribuem para o aumento da produção de fitomassa verde para 
forragem, massa seca para cobertura morta em plantio direto, produção de 
grãos para ração ou para sementes​. 
Como forragem o potencial produtivo do milheto pode chegar a 60 ton/ha 
de massa verde e a 20 ton/ha de matéria seca, quando cultivado nos meses de 
setembro e outubro. Sob condição de pastejo, com animais de recria, 
proporciona ganhos de até 600 kg de peso vivo ao dia ou 20 arrobas por 
hectare em cinco meses. 
Além de ser pouco exigente quanto à fertilidade, o milheto possui uma 
característica que o coloca em vantagem econômica em relação ao milho e ao 
sorgo, que é a baixa exigência hídrica, além da pouca dependência de insumos 
agrícolas que barateia o seu processo de produção. Por isso o milheto é uma 
planta de grande importância, pois além das características benéficas que 
proporciona ao solo apresenta vantagens econômicas na instalação e 
condução da lavoura. 
 
9. PROCESSAMENTO DO MILHETO 
No Brasil, os grãos de milheto são muito pouco usados na alimentação 
humana e sua utilização restringe-se a fabricação de ração animal, contudo, na 
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Ásia e na África, o milheto-pérola é um alimento básico da dieta humana. A 
popularidade do milheto nessas regiões se deve ao fato de que essa planta é 
muito resistente à seca e ao calor, e além disso, seu sistema radicular profundo 
permite o seu desenvolvimento em solos pobres em matéria orgânica e 
promove a ciclagem de nutrientes. 
A grande variedade de genótipos de milheto não foi ainda catalogada 
quanto às suas características bioquímicas e estruturais, o que dificulta o 
estabelecimento de padrões para o processamento do grão (ICRISAT 1986). 
Além disso, o desenvolvimento de novas cultivares de milheto com 
características específicas, como grãos uniformes, esféricos, grandes e de cor 
clara, é importante para o aperfeiçoamento do processamento do milheto. 
Atualmente, a principal utilização industrial do milheto é a fabricação de 
farinhas a partir de moinhos mecânicos abrasivos. No Senegal e Sudão, novos 
processos de moagem permitiram a confecção de farinhas com melhores 
qualidades de armazenamento, e capazes de produzir pães com propriedades 
organolépticas aceitáveis. Esses novos processos são necessários pois os 
grãos de milheto são muito difíceis de serem descascados e degerminados, o 
que pode acarretar em farinhas fibrosas e com alto teor de lipídeos (ICRISAT 
1986). O gérmen do milheto concentra toda a niacina e a fitina do grão, além 
de conter também a maior parte das proteínas, vitaminas e enzimas. Com isso, 
pode-se afirmar que as farinhas de milheto degerminadas apresentam menor 
perecibilidade, porém, são mais pobres em nutrientes. 
Como a industrialização do milheto não é significativa, a população 
Asiática e Africana produz seus próprios produtos artesanalmente, sendo estes 
considerados alimentos tradicionais da cultura local. Dentre esses alimentos 
encontram-se pães fermentados e não-fermentados, cervejas e mingais. Cada 
preparação requer uma variedade de milheto diferente, devido às 
características específicas de cada cultivar. Assim, pães não fermentados por 
exemplo, requerem grãos grandes, claros e com pericarpo fino, para que haja 
uma moagem eficiente da farinha. Além disso, segundo a ICRISAT (1987), em 
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pães fermentados ou outras produções de pH baixo, algumas cultivares de 
milheto possuem seus pigmentos convertidos em formas não pigmentadas 
devido ao meio ácido, e produzem produtos de cor clara. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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10. CONCLUSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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11. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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Campinas, Instituto Agronomico de. (s.d.). ​Cultivares- Milho.​ Acesso em 29 de Maio de 2018, 
disponível em http://www.iac.sp.gov.br/areasdepesquisa/graos/milho.php 
Catelan, F. (2010). ​Avaliação de grãos de milheto (Pennisetum glaucum) na alimentação de 
coelhos em crescimento.​ Universidade Estadual de Maringá, Tese (doutorado) - 
Programa de Pós-graduação em Zootecnia, Maringá. Acesso em 29 de Maio de 2018, 
disponível em file:///C:/Users/CepaTech/Downloads/Fernanda%20Catelan.pdf 
(2016). ​Cultivo do Milheto.​ EMBRAPA Milho e Sorgo, Sistemas de Produção Embrapa. Acesso 
em 29 de Maio de 2018, disponível em 
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Internaltional Crops Research Institute for the Semi-Arid Tropics (ICRISAT). (1987). ​Proceedings 
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Koblitz, M. G. (2011). ​Matérias-primas Alimentícias.​ Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 
(2003). ​Manejo da Cultura do Milheto.​ Circular Técnico. Sete Lagoas: EMBRAPA. Acesso em 29 
de Maio de 2018, disponível em 
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/487545/1/Circ29.pdf 
 
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