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ALIMENTOS E ALIMENTAÇÃO - PARTE 3

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FATORES ANTINUTRICIONAIS PRESENTES NOS ALIMENTOS
	Introdução
	Na produção animal a combinação de alimentos energéticos e protéicos é de fundamental importância para o adequado fornecimento de nutrientes necessários à maximização dos desempenhos produtivo e reprodutivo. O custo da alimentação pode representar até 75 % do custo total de produção o que leva a utilização, cada vez maior, de alimentos alternativos. No entanto, com o aparecimento de problemas sanitários e de transmissão vertical de doenças, a utilização de fontes protéicas de origem animal na formulação de rações, tem sido alvo de questionamentos, ocorrendo restrição à utilização dessas fontes, aumentando desta forma a procura de alimentos alternativos de origem vegetal para as rações de animais.
O valor nutricional dos alimentos pode ser determinado por análises químicas, porém, o desempenho dos animais é o melhor indicador do valor real, pois os alimentos podem conter fatores antinutricionais, que interferem na digestibilidade, absorção e utilização dos nutrientes. As análises químicas convencionais não incluem estimativas da presença destes fatores.
	Os fatores antinutricionais existentes nos alimentos são estudados há vários anos, haja visto que o tratamento da soja crua com calor data de 70 anos atrás. Infelizmente, quase todas as fontes de proteínas de origem vegetal possuem fatores antinutricionais que precisam ser eliminados por processos e técnicas especiais, para que possa ser usado na alimentação animal ou para que tenham seus valores nutricionais aumentados.
Para as plantas, os fatores antinutricioriais funcionam como proteção natural aos ataques de fungos, bactérias, insetos e pássaros. Há indicações que os efeitos desses fatores provocam distúrbios digestivos nos microrganismos e insetos atuando de modo similar em animais. A eficiência de utilização dos nutrientes contidos nos alimentos está diretamente ligada à possibilidade da inativação dos fatores antinutricionais, proporcionando ainda, menor poluição ambiental e redução no custo de produção. 
O metabolismo secundário de vegetais e fungos resultam em uma produção de uma diversidade de compostos com a capacidade de provocar efeitos antinutricionais ou tóxicos nos animais. Além disso, alguns produtos do metabolismo primário de vegetais podem também estar associados com efeitos adversos nestes animais. O termo “fator antinutricional” convencionalmente está reservado para aquelas substâncias que reduzem a utilização de nutrientes ou o consumo nos animais, atualmente deve incluir também compostos que causam efeitos antifisiológicos, como a função reprodutiva debilitada ou reduzida imunocompetência. Adicionalmente, manifestações de toxidade podem acompanhar os efeitos antinutricional e antifisiológico. Além disso, plantas de cereais, leguminosas e gramíneas podem ser infectadas por fungos durante a colheita, ou durante o armazenamento, ou ainda, durante o processamento de grãos. A maioria destes fungos tem um potencial para sintetizar metabólicos tóxicos secundários conhecidos como micotoxinas. Embora os fatores antinutricionais e as micotoxinas sejam convencionalmente consideradas para serem grupos distintos de compostos em virtude de suas diferenças de origens biológicas, existem muitos fatores paralelos. 
	
2. Fatores Antinutricionais da Soja
Dentre os alimentos protéicos de origem vegetal, destaca-se a soja, a qual contém cerca de 37% de proteína, sendo também fonte adequada de óleo (17%). O grão de soja quando devidamente processado apresenta proteína de elevado valor biológico, de fácil digestão e com elevados teores de aminoácidos essenciais. Entretanto, devido à presença de fatores antinutricionais que atuam negativamente sobre o desempenho animal, a soja “in natura” não pode ser utilizada na alimentação de monogástricos, necessitando de um adequado processamento térmico para desativação destes componentes sem afetar suas propriedades nutritivas.
Os principais fatores antinutricionais presentes na soja são: os Inibidores de Proteases que inibem as enzimas digestivas tripsina e quimotripsina; as Lectinas ou Hemaglutininas, que promovem a aglutinação dos glóbulos vermelhos e as Saponinas, responsáveis pela ruptura de eritrócitos “in vitro”.
2.1. Inibidores de Proteases
Os inibidores de proteases são peptídeos capazes de se complexarem com as enzimas proteolíticas pancreáticas, tornando-as inativas. Estão classificados em 13 famílias, sendo seis derivadas de plantas e destas apenas dois apresentam importância na produção animal. Eles são essencialmente competitivos e o complexo inibidor-enzima formado não possui atividade enzimática para qualquer que seja o substrato.
	Os dois principais inibidores de proteases presentes na soja, Kunitz e Bowman-Birk constituem aproximadamente 6% da proteína bruta da soja. O inibidor Kunitz apresenta peso molecular ao redor de 20.000 com duas pontes dissulfeto e especificidade direta pela tripsina, sendo mais sensível ao processamento térmico. O inibidor Bowman-Birk tem peso molecular de aproximadamente 8.000 e sete pontes dissulfeto, com capacidade de inibir tanto a tripsina quanto a quimotripsina; porém é mais termoestável que o Kunitz.
A redução do crescimento, causada pelos inibidores de proteases, pode ser, parcialmente, explicada pela redução na digestibilidade das proteínas da dieta. Ocorre decréscimo nos níveis de enzimas pancreáticas livres no intestino, o que mantém alto os níveis de fatores liberadores da colecistoquinina que estimulam o pâncreas a produzir mais enzimas digestivas como tripsina e quimotripsina e esta maior atividade acaba provocando um aumento do pâncreas em algumas espécies (aves e ratos).
A proteína da soja é pobre em metionina e cistina, e a maior síntese e secreção de enzimas pancreáticas causadas pela presença dos inibidores induzem uma grande perda endógena desses, pois a tripsina e a quimotripsina são ricas em aminoácidos sulfurados.
2.2. Lectinas
As lectinas são proteínas encontradas na maioria das plantas e são freqüentemente denominadas de hemaglutininas, devido a sua capacidade de provocar a aglutinação de hemácias em várias espécies. Possuem alta capacidade de se ligarem a carboidratos específicos localizados na superfície das células, principalmente nas células do duodeno e jejuno, causando sérios danos à parede intestinal.
A maioria das lectinas é capaz de resistir à ação enzimática do trato digestivo. Maenz et al. (1999), demonstraram que 60% das lectinas da soja chegam intactas ao intestino e se ligam a carboidratos das membranas. A lectina da soja tem maior afinidade em se ligar ao N-acetyl-D-galactosamina, carboidrato este presente na borda em escova dos enterócitos.
Segundo Maenz et al. (1999), as lectinas, depois de ingeridas, se ligam a carboidratos da membrana e provocam desorganização e destruição dos microvilos, aumentando assim o turnover das células intestinais. Esta desestruturação acaba interferindo seriamente na digestão e na absorção dos diversos nutrientes, reduz a secreção de enzimas pelos enterócitos, provoca hipersecreção de proteína endógena com maior produção de muco e perdas de proteínas plasmáticas para o lúmen intestinal. Por tudo isto, estima-se que as propriedades antinutricionais das lectinas respondem, pelo menos, por 25% da redução no crescimento observado em ratos alimentados com dietas a base de feijão cru.
Além da acentuada redução no crescimento outros efeitos adversos das lectinas têm sido relatados (Grant, 1991), tais como: aumento de tamanho e peso do intestino delgado devido à hipertrofia e hiperplasia: aumento da flora intestinal, causando maior competição por nutrientes com o hospedeiro; e favorecimento da adesão de Salmonella typhimurium na mucosa intestinal.
As lesões epiteliais aumentam a permeabilidade intestinal, permitindo que as lectinas sejam absorvidas. Dependendo da quantidade de lectina absorvida e transportada para a circulação sanguínea e demais órgãos, esta pode causar: graves lesões renais; atrofia do timo;hipertrofia do fígado e pâncreas; atrofia muscular; e aumento do catabolismo protéico, lipídico e de carboidratos. 
Apesar da literatura referir-se as lectinas como sendo uma única proteína, sabe-se que existem diversos tipos e que dois cultivares de uma mesma planta podem ter lectinas de toxicidades diferentes.
2.3. Saponinas
Saponinas são glicosídeos presentes em numerosas plantas, que se caracterizam pelo sabor amargo, capacidade de formar espuma em soluções aquosas, provocar hemólise e ainda de se complexarem a esteróides, incluindo os presentes nas membranas das células animais.
Seus efeitos antinutricionais estão relacionados às modificações na permeabilidade da mucosa intestinal, inibindo o transporte de alguns nutrientes e facilitando a absorção de compostos para os quais o intestino é normalmente impermeável.
Diversas pesquisas têm demonstrado que as aves são mais sensíveis a saponina que outros monogástricos ou ruminantes. Aves alimentadas com dietas contendo 0,3% de saponina tiveram redução na taxa de crescimento, enquanto que este mesmo nível utilizado em dietas de suínos, não produziu nenhum efeito negativo.
Normalmente não se tem dado muita atenção aos teores de saponina da soja e de outros alimentos, pois os níveis de modo geral são baixos, não causando transtornos no desempenho dos animais. Isto foi comprovado no trabalho de Fenwich et al. (1991), onde nenhum efeito antinutricional foi observado, quando altos níveis de saponina de soja foram incorporados às dietas de aves e ratos.
Atuahene et al. (1998), no entanto, testando um alimento alternativo para frangos de corte, atribuíram à presença da saponina, a redução do número de hemácias, de hemoglobina, do hematócrito e do colesterol sangüíneo. Quanto à redução no ganho de peso dos frangos, segundo os autores, foi provocado pelo menor consumo de ração causado pelo sabor amargo da saponina, acompanhado de redução da taxa de passagem, inibição da atividade da musculatura lisa intestinal e inativação de certas enzimas digestivas.
2.4. Processamento da Soja
Os efeitos causados pelos inibidores de proteases podem ser reduzidos significativamente pela adição extra de metionina na dieta, sendo a suplementação de cistina menos eficiente. No entanto a qualidade do farelo de soja melhora quando recebe adequado tratamento térmico, o qual reduz a atividade dos inibidores de proteases e da lectina. Em geral a magnitude pela qual estes inibidores podem ser inativados pelo aquecimento é função da temperatura, tempo de aquecimento, pressão utilizada, umidade e tamanho das partículas, variáveis estas que exigem máximo cuidado para obtenção de um produto de excelente valor nutritivo.
2.5. Métodos para Avaliar a Qualidade da Soja
É bem conhecido que a soja deve receber tratamento térmico para destruir seus vários fatores antinutricionais. O desafio é saber qual a quantidade exata de calor necessária para garantir maior qualidade nutricional deste ingrediente. Quantidades de calor insuficiente no processamento não eliminam adequadamente os fatores antinutricionais e o superaquecimento pode resultar na destruição de alguns aminoácidos ou provocar reações que os tornam indigestíveis (reação de Mailard). 
Para assegurar a qualidade dos produtos derivados da soja é necessária a avaliação do tratamento térmico. O método mais utilizado para avaliar o processamento do farelo de soja é o índice de urease (American Oil Chemists Society, 1980a), que é usado como indicador indireto da presença de fatores antinutricionais e indica processamento inadequado (subaquecimento) do farelo de soja. A urease é uma enzima que é destruída em condições térmicas semelhantes aos inibidores de proteases e lectina. Em boas condições de processamento espera-se uma diferença de pH, no índice de urease, de 0,05 a 0,20 entre a soja testada e a soja controle (Dudley-Cash, 1999)..
Para detectar se houve superaquecimento utiliza-se a solubilidade da proteína em KOH 0,2% (Parsons et al., 1991). A soja crua possui solubilidade próxima de 100% e com o aquecimento esta solubilidade diminui, de forma que a solubilidade abaixo de 75% já evidencia superaquecimento da amostra, sendo o ideal um valor maior que 75 e menor que 85%.
Outro método que esta sendo empregado é o chamado índice de dispersibilidade da proteína (PDI), que mede a solubilidade da proteína em água após centrifugação (American Oil Chemists Society, 1980b). Segundo Batal et al. (2000), farelos de soja que apresentaram PDI de 45% ou inferior sofreram processamento térmico adequado.
Segundo comparações destes métodos, realizadas por Dudley-Cash (1999) e Batal et al. (2000), os resultados indicam que o PDI é mais consistente e sensível na definição do adequado processamento do farelo de soja quando comparado ao índice de urease e solubilidade em KOH 0,2% .
Recomendações:
Bovinos: Quando se utiliza soja crua em altas dosagens para bovinos, há decréscimo na utilização do caroteno ou vitamina A. Segundo ANDRIGUETTO et al (1984), a soja crua não deve ser utilizada em associação com a uréia, pois a urease presente nas sementes desdobram a uréia em amônia + CO2.
Vacas em lactação: até 2,0 – 2,5 kg/cab/dia. Aumenta o teor de gordura do leite, com tendência a tornar a manteiga mole. Os animais podem se enfastiar devido ao excesso de óleo. (Nunes, 1998).
Eqüinos e muares: até 10% da ração; acima há tendência da gordura corporal ficar flácida.
3. FARELO DE ALGODÃO- Os efeitos antinutricionais provocados pelo uso de farelo de algodão em dietas para certas espécies animais, tem sido atribuídos basicamente a dois grupos de substâncias químicas: O gossipol e os ácidos graxos ciclopropenos.
	As plantas do gênero Gossypium contém, pelo menos, 15 pigmentos localizados em suas glândulas, concentrados principalmente nas raízes e sementes da planta (durante o processamento das sementes de algodão, as glândulas se rompem e liberam o gossipol e outros pigmentos). Seis desses pigmentos foram isolados e caracterizados: gossipol (amarelo); diaminogossipol (amarelo); gossipolpurpurina (roxo); gossifulvina (laranja); gossicerulina (azul) e gossiverdurina (verde). Embora o gossipol seja o mais abundante, os outros pigmentos também são responsáveis pela toxidade dos subprodutos do algodão.
	Os ácidos graxos ciclopropenos (estercúlio e malválico) são encontrados no óleo presente na semente do algodão e sua quantidade depende da quantidade de óleo na semente e nos subprodutos do algodão.
Efeito do Gossipol nos animais: O gossipol é tóxico principalmente para aves e suínos, lesando o miocárdio e o fígado, resultando em edema cardíaco, dispnéia, fraqueza e anorexia. De maneira geral o gossipol se combina com o grupamento épsilon () amino da lisina e produz um composto estável que é eliminado nas fezes, diminuindo a digestibilidade da proteína e a digestibilidade da lisina. Seus efeitos são mais acentuados nos animais mais jovens e os suínos são mais sensíveis do que as aves. 
	O gossipol é cumulativo, e portanto o farelo de algodão não deve ser fornecido de forma continuada a animais de reprodução.
	Geralmente o teor de gossipol é de 0,03 a 0,2%. Limites de tolerância: aves até 0,015% de gossipol; suínos em crescimento, até 0,01% da dieta. A produção de ovos não é afetada até níveis de 0,02% de gossipol livre. Níveis acima de 0,05% podem causar descoloração da gema de ovos estocados por mais de 3 meses (gema esverdeada). O frango de corte tem seu crescimento afetado com níveis acima de 0,015%.
	Os ruminantes podem receber o gossipol por longo período sem sofrer problemas de intoxicação, contudo é aconselhável usar em quantidades limitadas para bezerros. 
	Efeito dos ácidos graxos ciclopropenos nos animais: Os ácidos graxos ciclopropenos podem causar efeitos prejudiciais às galinhas, como alterações do metabolismo lipídico e liberação de ferro da gema, produzindo manchas avermelhadas na clara dos ovos, o que os desclassifica para o comércio. A liberação do ferro é conseqüência da ação dos ácidos graxos ciclopropenos sobrea permeabilidade das membranas. Esses ácidos graxos promovem grande deposição de ácidos graxos esteárico e palmítico na gordura do ovo e do corpo da galinha.
	Em ruminantes, provavelmente a maior parte desses ácidos graxos é saturada no rúmen. Em coelhos, induzem a níveis de colesterol elevado no sangue. Em eqüinos o uso de quantidades elevadas provoca perturbações digestivas. Em vacas leiteiras ocorre o decréscimo do teor de gordura e sólidos totais do leite; pode diminuir a fertilidade e tornar a gordura corporal dura, pegajosa e de aspecto seboso. Em touros reduz a espermiogênese de forma parcialmente reversível. Ovinos: Doença do farelo de algodão (deficiência de vitamina A), quando fornecido sem uma fonte adequada de carotenos ou da própria vitamina A.
	Tratamento do farelo de algodão: O gossipol pode ser removido do farelo com uma mistura de hexano, acetona e água (44:53:5), mas este processo ainda não é usado comercialmente. Sementes de algodão aglandular foram selecionadas na Colômbia e são naturalmente livres de gossipol. Ainda de difícil acesso no mercado interno.
	Sabe-se que o uso de sais de ferro diminui a toxidez do gossipol de algodão, sendo o sulfato ferroso (FeSO4) o mais usado. O FeSO4 reage com o gossipol formando um complexo ferro-gossipol, que diminui acentuadamente a toxidez do gossipol. O uso de sulfato ferroso nas dietas é pouco comum porque onera os custos de produção assim, o farelo de algodão é usado quase que exclusivamente para bovinos.
	Recomendações: Segundo Swick & Tan (1997), os níveis seguros são: frangos e poedeiras até 2%; suínos até 6% e não deve ser fornecido a patos.
		Eqüinos: 0,5 – 1,0 kg de farelo/500 kgPV/dia;
		Suínos: 9-10% da ração
		Aves: até 5% da ração
		Bezerros: até 20% da mistura de concentrados
		Vacas leiteiras: 20-25% da mistura de grãos ou da ração
		Touros: Deve ser evitado o fornecimento.
4. SORGO GRANÍFERO- existem diversas variedades de sorgo com teores de tanino que variam de baixo: de 0 a 0,5%; médio: de 0,6 a 1,2% e alto: acima de 1,3%. O tanino produz adstringência e torna o sorgo impalatável e com efeitos antinutricionais. Os taninos são compostos fenólicos que quando hidrolisados no estômago interferem negativamente com a digestão, abaixando a EM e reduzindo a absorção de aminoácidos. Em média, cada 0,1% de tanino reduz a EM em 40 kcal/kg. Na prática, as melhores variedades de sorgo contém aproximadamente 0,2% de taninos. 
	Efeito do tanino nos animais: Os taninos são responsáveis pela inibição de algumas enzimas presentes no sistema digestivo, diminuindo assim a absorção de nutrientes. O tanino causa também a complexação com proteínas, o que vai afetar a digestibilidade e a palatabilidade (sabor adstringente). No trato gastrintestinal, os taninos são hidrolisados a ácido gálico e parcialmente excretados como 4-O-metil ácido gálico, utilizando a metionina e a colina como doadores de grupo metila para a O-metilação. A digestibilidade de aminoácidos varia de 22 a 73%, de acordo com o nível de tanino. A energia metabolizável também é dependente desse teor, baixando 438 kcal/kg para cada 1% de taninos. Altos níveis de taninos na dieta reduzem a ingestão de alimentos, a digestibilidade de nutrientes e a retenção de nitrogênio, o que explica a depressão na taxa de crescimento observada nas aves. Ainda, altera o sabor da carne, reduz o peso e a produção de ovos e altera a qualidade da casca. Pode ocorrer alta incidência ( 50%) de lesões de pernas, em decorrência da má deposição de minerais nos ossos e/ou malformação do colágeno e alterações na matriz óssea. 
	Recomendações:
	Vacas leiteiras: substitui o milho. Deve ser fornecido moído.
	Eqüinos: Tem efeito constipante, devendo ser fornecido juntamente com farelo de trigo ou aveia. Não precisa moer.
	Aves: pode substituir até 50% do milho da ração. Não possibilita a pigmentação da carcaça ou da gema, assim, deve-se adicionar pigmentantes à ração.
	Coelhos: até 33% da ração.
	O sorgo grão pode ser usado na alimentação de ruminantes pois não acarreta problemas nutricionais. Cuidado com os bezerros.
	Suínos: o milho pode ser substituído totalmente (100%) pelos sorgos de baixo tanino e 85% pelo de alto tanino, não afetando o ganho de peso dos suínos nas fases de crescimento e terminação.
	Tratamento do sorgo granífero – Não existe tratamento para se aplicar nas sementes de sorgo com a finalidade de melhorar seu valor nutritivo. Quando usar variedades com alto teor de taninos em dietas de monogástricos, restringir a quantidade. 
	Pesquisas mostraram que a suplementação de metionina, colina e outras substâncias doadoras de grupos metila, melhorou o aproveitamento do sorgo de alto tanino, no entanto, esta prática ainda é inviável economicamente.
5.FARELO DE AMENDOIM- O farelo de amendoim é um produto resultante da extração do óleo da semente após moagem. Apresenta fatores antinutricionais como todas as leguminosas. No farelo de amendoim estão presentes inibidores de tripsina: os goitrogênicos e as saponinas, mas todos são termolábeis. O amendoim é extremamente susceptível ao desenvolvimento de fungos, responsáveis pela produção de aflatoxinas. A infestação normalmente ocorre após a colheita ou durante o armazenamento, quando as condições de umidade são favoráveis. O fungo Aspergillus flavus desenvolve-se em temperatura de 10 a 45ºC e umidade relativa de 74%, sendo que o ótimo está entre 25 e 30ºC.
	Efeito da aflatoxina nos animais: patinhos, frangas, frangos e perus são os mais sensíveis. Aflatoxinas provocam hemorragias no fígado, rins e músculos peitorais, além de reduzir a imunocompetência, resultando em baixa eficácia de vacinas e maior sensibilidade a agentes infecciosos. 
	A intoxicação induz a vários distúrbios nos animais como postura baixa nas aves com ovos menores e baixo índice de eclosão; distúrbios no metabolismo lipídico com excessiva deposição de gordura no fígado (fígado gorduroso), diminuição dos lipídeos sanguíneos e redução da gordura corporal em aves, com simultâneo decréscimo dos níveis hepáticos de vitamina A. Dietas deficientes em Vitamina D tornam as aves mais sensíveis à pequenas doses de aflatoxina.
	De maneira geral, a aflatoxina induz a uma baixa conversão alimentar e atraso no crescimento. Provoca alterações no aparelho reprodutor, com coberturas sem êxito, abortos e baixo peso ao nascimento. Há diminuição do tempo de coagulação sanguínea, com maior suscetibilidade à ferimentos. Alterações na resposta imunológica, resultando em baixa eficácia das vacinas e maior sensibilidade a agentes infecciosos. Além disso, há uma menor resistência ao estresse com mortalidade aumentada e maior exigência protéica.	Nas vacas de leite provoca queda na produção de leite e quando o nível de aflatoxina é muito elevado, ela é eliminada no leite, em forma de um análogo que conserva as propriedades tóxicas.
	Recomendações:
	Suínos em crescimento: 15 – 20% da ração, desde que sejam atendidos os requerimentos de lisina e metionina.
	Aves: 10-12% da ração ou até 50% da proteína vegetal da ração.
	Bovinos de corte: 0,5-0,7kg/cab/dia ou até 20% dos concentrados
	Bezerros: até 30% dos concentrados
	Ovinos e caprinos: 100-400 g/cab/dia
	Eqüinos: até 30% da proteína da ração ou pode ser a base protéica da ração. Verificar o nível de fibra (cascas) e de aflatoxinas (eqüinos são muito sensíveis). Lembrar que lisina é limitante.
	Tratamento do far. de amendoim: Existem processos de destoxificação, como o uso de raios ultravioletas, e de descontaminação, como a inativação das aflatoxinas por amônio. Utiliza-se também o etanol hidratado, podendo reduzir em 90% a toxidez. O custo é alto. 
Embora a aflatoxina e outras micotoxinas possam ocorrer em quase todos os alimentos (milho, algodão, soja), é no far. de amendoim mais facilmente encontrada em virtude deste constituir-se em bom substrato para o fungo. Para que o far. de amendoim possa ser utilizado com segurança, deve-se sempre pesquisar a presença das aflatoxinas no mesmo. 
6.FARELO DE LINHAÇA – A sementede linhaça apresenta um fator antinutricional chamado de linamarina. Esta, sob ação da linase (enzima contida na semente), produz o ácido cianídrico. Estes princípios tóxicos são destruídos pelo aquecimento durante o processo de extração de óleo da semente. Já o farelo de linhaça possui um fator tóxico que é uma antipiridoxina (antivitamina B6) denominada linatina. Este fator pode ser eliminado por extração através de vapor d’água. 
	O farelo de linhaça tem ótima palatabilidade e é ligeiramente laxativo para todas as espécies. Torna o toucinho mole e a manteiga pouco consistente.
Recomendações:
Eqüinos: pequenas quantidades diárias melhora a aparência geral, dando brilho e aspecto sedoso aos pelos. Ótimo para preparar animais para exposição.
Suínos: 5-25% do suplemento protéico.
Aves: é tóxico, a não ser em quantidades reduzidas. 
7. RAIZ DE MANDIOCA 
	A utilização de produtos de mandioca tem sido parcialmente limitada pelos teores de ácido cianídrico apresentados tanto pelas raízes, quanto pela parte aérea. Geralmente, atribui-se a toxidade da mandioca “in natura” e de seus subprodutos unicamente ao ácido cianídrico (HCN). Na realidade, o complexo toxicogênico é formado de glicosídio-acetona-cianogênico e apresenta como produtos de decomposição final acetona e o ácido cianídrico-glicose Portanto, o princípio tóxico é um glicosídio presente em todas as partes da planta que, quando hidrolisado libera HCN, cuja ingestão ou mesmo inalação constitui sério perigo a saúde, provocando toxidade. Esse composto inibe grande número de enzimas, particularmente a oxidase terminal, na cadeia respiratória. O consumo de alimentos que contêm grande quantidade de glicosídios cianogênicos, não só tem resultado em morte ou efeitos neurológicos crônicos, mas também tem provocado inibição da penetração de iodo na glândula tireóide. Esse é, portanto o maior risco ao consumo da mandioca, sobretudo de suas folhas. 
Há 2 tipos de mandioca: mandioca brava ou amarga e a mandioca doce ou mansa (aipim, macaxeira). Mandioca brava: contém a substância linamarina (no látex, notadamente na casca da raiz e nas folhas) em teor elevado; essa substância transforma-se em ácido cianídrico (altamente tóxico) no estômago do homem e dos animais. É de uso industrial. Mandioca mansa: contém baixíssimo teor de linamarina podendo ser consumida ao natural (uso culinário) (SEAGRI, 2001). Portanto, de acordo com o nível de glicosídeos cianogênicos e/ou de ácido cianídrico presentes na raíz é que se determina a diferença entre as variedades de maior toxidade, conhecidas como amargas ou bravas, e variedades menos tóxicas, chamadas de doces ou mansas. 
Entretanto, quando o produto apresenta entre 10 e 15% de umidade, torna-se praticamente atóxico, porque a secagem e o fracionamento da mandioca e de seus subprodutos reduzem significativamente o HCN no material seco ou desidratado, pois ele se volatiliza após estes processos. O processo de desidratação consiste em picá-la e deixá-la espalhada ao ar livre por 24 horas, o que viabiliza sua utilização pelos animais.
8. FARELO DE GIRASSOL - o farelo de girassol contém altos níveis de ácido clorogênico, um composto semelhante aos taninos que inibe a atividade de enzimas digestivas, incluindo tripsina, quimotripsina, amilase e lipase. O ácido clorogênico não é detectável nos ensaios para taninos, podendo passar despercebido. Adição de metionina e colina é necessária para contrapor-se à sua ação. O ácido clorogênico também é precursor de ortoquinonas, mediante ação da enzima polifenol oxidase, presente na planta. Tais compostos polimerizam-se com a lisina no trato gastrointestinal, impedindo sua absorção e aumentando os requisitos de lisina e metionina. Ambos aminoácidos devem ser suplementados para aves e suínos, quando se usa farelo de girassol.
9. FARELO DE GERGELIM – A semente possui valores elevados de ácido oxálico e de ácido fítico. As variedades escuras são mais ricas nesses fatores antinutricionais do que as vermelhas. O ácido fítico interfere com a disponibilidade do Ca, P, Mg, Zn e Fé. O ácido oxálico pode provocar lesões renais e diminuir a palatabilidade. A suplementação de lisina é necessária pois o farelo de gergelim é pobre em lisina. Possui uma substância chamada de sesamol que confere resistência natural à oxidação e maior estabilidade frente à rancificação.
10. Canola
O farelo de canola é o subproduto resultante da moagem das sementes de canola após a extração do óleo e apresenta potencial para ser utilizado na alimentação animal como substituto parcial do farelo de soja.
A presença de glucosinolatos e ácido erúcico no farelo de canola tem limitado sua utilização na formulação de rações para aves e suínos. Além dos glucosinolatos o farelo de canola contém tanino e sinapina, a qual tem sabor amargo, podendo apresentar efeitos adversos sobre a patabilidade.
Os glucosinolatos são compostos tioglucosídeos encontrados em vegetais, todos são ácidos fortes, muito hidrofóbicos e relativamente estáveis a valores extremos de pH.
Os glucosinolatos, aparentemente não são tóxicos, entretanto, os produtos de sua hidrólise, pela ação da enzima mirosinase, é que são considerados tóxicos (Marangoni et al, 1996 e Moreira et al, 1996). A enzima mirosinase ocorre naturalmente junto com os glucosinolatos nas sementes de canola e o contato desses dois componentes, durante o processamento, pode provocar a degradação dos glucosinolatos liberando glicose, isotiocianetos, nitrilos e gointrilas, os quais, por sua vez interferem na atividade da glândula tireóide, inibindo a síntese e secreção dos hormônios tireoidianos (Bell, 1984). Os principais efeitos destes produtos hidrolíticos são: depressão da absorção de iodo; hipertrofia e hiperplasia da tireóide, mudança na razão entre T3 e T4 (causada pelo isotiocianato) e lesões no fígado e rins, devido a presença de nitrilos. Isto leva a menor ingestão de alimentos; redução no crescimento, piora na eficiência alimentar e produção de ovos. Outros efeitos indesejáveis causados principalmente pelas gointrilas incluem, a citotoxicidade e a contaminação de ovos e leite (Liener, 1991).
Processamento da Canola
O processamento para reduzir os efeitos dos glucosinolatos é geralmente economicamente inviável. Por isto, o procedimento mais promissor foi o melhoramento genético, levando ao desenvolvimento de variedades com baixo teor de glucosinolatos.
11. Fitatos nos Alimentos
As dietas de aves e suínos no Brasil são formuladas utilizando ingredientes de origem vegetal, geralmente grãos de cereais, nos quais 60 a 85% do fósforo se encontra na forma de fitato, isto é, indisponível para os animais.
O fitato é um composto complexo que interfere no aproveitamento dos alimentos de maneira ainda não totalmente compreendida. O fósforo fítico é a designação dada ao fósforo que faz parte da molécula do ácido fítico (hexafosfato de inositol), o qual é encontrado somente nos vegetais. O fitato constitui cerca de 1 a 2% do peso de muitos cereais e leguminosas, embora maiores quantidades (3 a 6%.) têm sido encontradas nos farelo de colza e de algodão.
O fitato se complexa com cátions como Ca, Na, Zn, Cu, Mg, Fe e Mn, com aminoácidos e com carboidratos, reduzindo suas digestibilidades. Portanto mais do que a efeito sobre o fósforo, o fitato se constitui em um importante fator antinutricional que reduz significativamente a disponibilidade de muitos nutrientes, incluindo proteína e energia.
A redução da digestibilidade protéica pode ser explicada pela formação de complexos entre o ácido fítico e as proteínas da dieta, ou ainda de se complexar com enzimas proteolíticas (tripsina e pepsina), inibindo suas atividades. Na digestão de gorduras, o complexo cálcio-fitato pode reagir com ácidos graxos formando sabões insolúveis no lúmen intestinal. Na digestão de carboidratos liga-se diretamente ao amido ou inibe a ação da amilase.
A baixa disponibilidade do fósforo nos alimentos vegetais usados nas rações, torna necessária a suplementação deste a partir de fontes mineraiscomo o fosfato bicálcico, o que acaba por onerar o custo de produção, uma vez que o fósforo inorgânico é entre os elementos minerais o mais caro. O aumento do fósforo total na ração leva por conseqüência, aumento da sua excreção fecal, ocasionando problemas ambientais de primordial importância nas regiões de intensa produção avícola e suinícola. O efeito poluidor do fósforo fecal é tema de considerável relevância, sujeito às vezes à estrita regulamentação governamental em alguns países europeus.
Adição de Enzima - Fitase
A fitase pode ser proveniente dos alimentos, do trato intestinal ou dos microrganismos presentes no intestino. A atividade da fitase em grãos de cereais é bastante variada; o trigo a cevada e o farelo de trigo têm alta atividade da fitase, já o milho e o farelo de soja apresentam baixa ou nenhuma atividade da fitase.
Muitas pesquisas têm tentado melhorar a digestibilidade do fósforo fítico pela adição de fitase exógena às rações (mioinositol hexafosfato fosfoidrolase). A fitase tem a ação de hidrolisar o fitato em inositol e fosfato inorgânico. Além de transformar o fitato em fósforo disponível, também libera outros nutrientes ligados ao fitato, melhorando a digestibilidade e retenção de proteína, alguns aminoácidos e cálcio. Nelson et al. (1971) foram uns dos primeiros pesquisadores a usar fitase, proveniente do fungo Aspergillus ficcum, em dietas de frangos de corte, os quais observaram que a suplementação de níveis crescentes de fitase na dieta melhorou a utilização do fósforo de 45 para 100%.
12. Polissacarídeos Não Amiláceos - Trigo, Cevada, e Triticale
Os cereais trigo, cevada, e triticale podem ser utilizados em substituição ao milho nas rações de aves e suínos, principalmente por serem cultivados nas épocas frias do ano. Eles podem substituir o milho de forma parcial ou integral, entretanto a maior limitação de utilização esta na presença de polissacarídeos não amiláceos solúveis, os quais interferem na digestibilidade de muitos nutrientes, podendo afetar o desempenho dos animais.
Nos cereais há predominância de arabinoxilanos solúveis (trigo, centeio e triticale) e β-glucanos (cevada e aveia) enquanto que em leguminosas predominam os α-galactosídeos. A fração solúvel dos polissacarídeos não amiláceos é a responsável pelo aumento da viscosidade intestinal da digesta presente no lúmen. Os arabinoxilanos do sorgo e do milho são mais insolúveis, portanto exibem menores efeitos antinutricionais. Os α-galactosídeos como estaquiose e rafinose são sacarídeos pequenos, cerca de cinco resíduos de açúcar, podendo causar diarréia, flatulência e problemas estomacais. 
A presença dos oligossacarídeos e dos polissacarídeos não amiláceos solúveis no lúmen intestinal promove aumento da viscosidade da digesta devido à formação de polímeros ou géis com a água, comprometendo a digestão e a absorção dos nutrientes, pois, dificultam a ação das enzimas digestivas e a difusão das substâncias relacionadas com a digestão e absorção. O aumento da viscosidade no intestino afeta a digestibilidade do amido, da proteína e dos lipídeos .
As gorduras têm a sua digestibilidade diminuída por uma menor emulsificação devido à redução dos movimentos peristálticos, devido ao aumento da viscosidade e da desconjugação dos sais biliares causados pelo aumento da microflora indesejável. Estes efeitos observados sobre as gorduras levam a redução na absorção de vitaminas lipossolúveis que são absorvidas junto às micelas. Como as gorduras saturadas dependem mais intensamente da emulsificação, estas são as mais afetadas.
Em aves jovens, o tempo requerido para o alimento passar pelo trato digestivo é aumentado, o que acaba reduzindo o consumo. A maior população de microrganismos passa a competir com o hospedeiro pelos nutrientes presentes no lúmen, além de produzir toxinas que constituem outro efeito indesejável do aumento da microflora .
Adição de Enzimas
Existe um grande interesse em eliminar estes polissacarídeos não amiláceos e oligossacarídeos dos alimentos e algumas técnicas de processamento como a peletização e a extrusão tem melhorado a digestibilidade e ganho de peso, mas, no entanto só este processamento não tem sido o suficiente. Dietas ricas em centeio e cevada para aves jovens provocam diminuição da taxa de crescimento, pioram a conversão alimentar e aumentam a umidade da cama.
A utilização de enzimas tem sido o procedimento mais adotado para reduzir de maneira significativa os inconvenientes provocados pelos polissacarídeos não amiláceos. Sob o ponto de vista da nutrição, a viabilização técnica e econômica das enzimas é um marco muito importante pois permitirá utilizar alguns alimentos disponíveis que devido a sua composição não estão sendo bem empregados.
As enzimas adicionadas às rações devem possuir certas características que as tomem efetivas, isto é, resistir a ação do pH estomacal, ser termorresistente para que não sejam inativadas pela temperatura do processamento e ainda estáveis durante a estocagem.
Os efeitos da adição de enzimas são maiores em aves do que em suínos e mais visíveis nos animais jovens do que nos adultos. Algumas diferenças anatômicas e fisiológicas favorecem melhor ação das enzimas exógenas em aves em relação aos suínos:
1) Anatômica - nas aves, as enzimas adicionadas podem agir por muitas horas no papo, local em que há pH próximo do ótimo (6,0) e onde a ração é armazenada antes de passar pelo pH ácido do proventrículo. A presença de enzimas proteolíticas no estômago de suínos e a acidez neste local parecem formar um ambiente desfavorável à viabilidade das enzimas;
2) Capacidade digestiva - há menor inativação das enzimas pela microflora das aves, devido ao menor comprimento e menor tempo de retenção no intestino delgado, em relação aos suínos;
3) Atividade bacteriana - a ação da microflora intestinal em aves é muito menor que a dos suínos. Esta menor fermentação dos oligossacarídeos em aves, faz com que os efeitos negativos destes sejam mais pronunciados do que em suínos (maior capacidade de fermentação).
4) Os β-glucanos são altamente digeridos no íleo de suínos, sugerindo a presença de β-glucanases endógenas, que podem ser bacterianas ou de origem alimentar (sua origem ainda não está bem definida).
Parece que a melhor aplicação de enzimas para suínos seria na fase pós desmame, em que a produção de enzimas pancreáticas é limitada.

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