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Assuntos da Rodada DIREITO DO TRABALHO: Princípios e fontes do Direito do Trabalho. Hierarquia das fontes do Direito do Trabalho. Direitos constitucionais dos trabalhadores (art. 7o da CF/1988). Relação de trabalho e relação de emprego: requisitos e distinção; relações de trabalho lato sensu. Sujeitos do contrato de trabalho stricto sensu: empregado e empregador: conceito e caracterização; poderes do empregador no contrato de trabalho. Grupo econômico e sua repercussão nas relações de emprego; da sucessão de empregadores: conceito, caracterização e sua implicação ao contrato de trabalho; da responsabilidade solidária por créditos trabalhistas; terceirização e flexibilização. Contrato individual de trabalho: conceito, classificação, modalidades e características. Profissões regulamentadas. Alteração do contrato de trabalho: alteração unilateral e bilateral; o jus variandi. Transferência do empregado: conceito, limitações e características. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho: caracterização, distinção e reflexos no contrato de trabalho. Hipóteses de suspensão e interrupção do contrato de trabalho. Rescisão do contrato de trabalho. Modalidades de rescisão do contrato de trabalho. Aviso prévio: prazo de duração. Estabilidade e garantias provisórias de emprego: espécies de estabilidade; despedida e reintegração de empregado estável. Duração do trabalho; jornada de trabalho; períodos de descanso; intervalo para repouso e alimentação; descanso semanal remunerado: base de cálculo; trabalho noturno e trabalho extraordinário; sistema de compensação de horas. Turnos ininterruptos de revezamento: conceito e implicações no contrato de trabalho. Do teletrabalho (Lei n. 13.467/2017). Do salário mínimo: irredutibilidade e garantia. Salário e remuneração: conceito e distinções; composição do salário; modalidades de salário; formas e meios de pagamento do salário; adicionais salariais; gorjetas: conceito e natureza jurídica; 13o salário. Equiparação salarial: caracterização, requisitos, excludentes; princípio da igualdade de salário; desvio e acúmulo de função. Férias: direito a férias e duração; período concessivo e período aquisitivo de férias; Rodada #2 Direito do Trabalho Professor Milton Saldanha DIREITO DO TRABALHO 2 remuneração e abono de férias; férias coletivas. Da Prescrição e decadência. Segurança e medicina no trabalho: CIPA; atividades insalubres ou perigosas: caracterização e remuneração do trabalho insalubre e perigoso; forma de cálculo; cumulação de adicionais de insalubridade e periculosidade. Proteção ao trabalho do menor; Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no 8.069/90): do direito da profissionalização e à proteção no trabalho. Proteção ao trabalho da mulher; estabilidade da gestante; licença maternidade e Lei no 9.029/95. Direito coletivo do trabalho: liberdade sindical (Convenção 87 da OIT); organização sindical: conceito de categoria; categoria diferenciada; convenções e acordos coletivos de trabalho. Direito de greve; dos serviços essenciais; greve do servidor público. Comissões de conciliação prévia. Da representação dos empregados. Renúncia e transação. Dano moral nas relações de trabalho. FGTS e PIS/PASEP. Súmulas da Jurisprudência uniformizada do Tribunal Superior do Trabalho sobre Direito do Trabalho. Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal relativas ao Direito do Trabalho. Recados importantes! Você poderá fazer mais questões destes assuntos no teste semanal, liberado ao final da rodada. Tente cumprir as metas na ordem que determinamos. É fundamental para o perfeito aproveitamento do treinamento. Qualquer problema com a meta, envie uma mensagem para o WhatsApp oficial da Turma Elite (35) 9106 5456. O curso será realizado com a previsão da reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), conforme item 18.2 do edital do TST. “A legislação com vigência após a data de publicação deste Edital, bem como as alterações em dispositivos constitucionais, legais e normativos a ela posteriores não serão objeto de avaliação nas provas do Concurso. Em matéria de Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho será́ observado o texto da Lei no 13.467, de 13/7/2017.” Assim, mesmo antes do início da vigência da lei 13.467/2017 ela poderá ser cobrada. DIREITO DO TRABALHO 3 a. Teoria Relação de Trabalho X Relação de Emprego 1. Diferenciação conceitual entre relação de trabalho e relação de emprego 1.1. Relação de trabalho é gênero que engloba os mais diversos tipos de labor que podem ser realizados pelo ser humano. A relação de trabalho abrange, então, a relação de emprego, a relação de trabalho autônomo, a relação de trabalho avulso, eventual, doméstico, rural, além de outros, como por exemplo o estágio. Dessa forma, podemos resumir a relação de trabalho como qualquer relação de labor humano. 1.2. Por outro lado, a relação de emprego é uma modalidade do gênero relação de trabalho, não se confundindo com ela. Podemos falar que toda relação de emprego corresponde a uma relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho corresponde a uma relação de emprego. 1.3. A relação de emprego tem algumas peculiaridades, configura-se por meio de um contrato, denominado contrato de trabalho, tendo como sujeitos, de um lado, o empregador, pessoa física ou jurídica, para quem o serviço será prestado de forma habitual, subordinada e mediante salário, e de outro lado, o empregado (pessoa natural), que irá prestar os serviços. 2. Critérios de Caracterização da Relação de Emprego A relação de emprego será configurada quando estiverem presentes seus requisitos (elementos fático-jurídicos), quais sejam: pessoa física, DIREITO DO TRABALHO 4 pessoalidade, subordinação, onerosidade, não eventualidade e que o empregado não corra os riscos do empreendimento (alteridade). É importante destacar que esses requisitos ou elementos fáticos-jurídicos são extraídos de dois preceitos inseridos na CLT combinados. Art. 3º, CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Art. 2º, CLT - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Vamos ficar atentos pois, estando presentes os pressupostos da relação de emprego, NÃO há distinção entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância. Art. 6o, CLT - Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. Agora vamos conhecer um pouco mais sobre cada um dos elementos fático- jurídicos da relação de emprego: 2.1. Pessoa Física A relação de emprego só se caracteriza quando existe relação entre pessoa física e empregador. É certo que inexiste a possibilidade de pessoa jurídica ser empregada, justamente por faltar o requisito da DIREITO DO TRABALHO 5 pessoa física. Diante disso, podemos afirmar que se existir prestação de serviço de pessoa jurídica para empregador, não serão aplicadas as normas destinadas aos empregados. Assim, para que caracterize-se a relação de emprego, o serviço deverá ser prestado por pessoa física ou natural, não podendo o empregado ser pessoa jurídica. É comum, infelizmente,no Brasil, a tentativa de burla quanto a esse requisito. Certos empregadores com a intenção de não pagar todas as verbas previstas na legislação trabalhista tentam, por vezes, fazer com que esse empregado seja “contratado” como pessoa jurídica. É nesse sentido que no direito do trabalho vige o princípio da primazia da realidade, tendo como finalidade desconstituir tais situações (empregado sendo tratado como pessoa jurídica) e reconhecer o vínculo trabalhista. 2.2. Pessoalidade A pessoalidade é elemento fático-jurídico da relação de emprego que está intimamente ligada ao requisito da pessoa física, não é o mesmo, mas com aquele tem certa conexão. Dito isso, temos que a pessoalidade é encontrada naquela pessoa física que trabalha para o empregador e não pode se fazer substituir por terceiros, ou seja, aquela pessoa natural contratada terá, ela mesma, que prestar o serviço. Dessa forma, temos que a prestação do serviço será intuitu personae. DIREITO DO TRABALHO 6 Sendo assim, é importante ressaltar que a relação jurídica pactuada deve ser intuitu personae com relação ao trabalhador, ou seja, não poderá fazer-se substituir no decorrer do contrato de trabalho. Vamos dar um exemplo, contratei Marcelino para trabalhar em minha loja, no entanto, ele ficou doente e para “se garantir” no emprego mandou seu filho trabalhar no seu lugar durante tal período. Isso não pode ocorrer, tal substituição descaracteriza a relação de emprego, por ausência do elemento pessoalidade. Devemos ressaltar que esta característica não inviabiliza eventuais substituições previstas em lei que não ferem a pessoalidade, tais como: férias, licenças, mandatos, etc. Os efeitos da pessoalidade verificam-se tanto no início da relação de emprego quanto no fim, vamos explicar melhor, sendo a obrigação de prestação de serviços personalíssima, não se transmite aos herdeiros e sucessores. Assim, quando o empregado vier a falecer, extingue-se, automaticamente, o contrato de trabalho. Com isso, é necessário para a configuração da relação de emprego que a prestação do serviço, pela pessoa física, tenha caráter de infungibilidade no que tange ao trabalhador, devendo o obreiro prestar os serviços pessoalmente. Já no que diz respeito ao polo empresarial, no Direito do Trabalho, verifica-se a despersonalização do empregador, ou seja, é permitida a alteração subjetiva do contrato. 2.3. Não Eventualidade DIREITO DO TRABALHO 7 Vigora no Direito do Trabalho o princípio da continuidade da relação de emprego, que veremos mais detalhadamente em aula apropriada, pelo qual se incentiva a manutenção indefinida do vínculo empregatício, sendo os contratos com prazo determinado exceções normativas. A conceituação do elemento fático-jurídico da não eventualidade não é uníssona entre os operadores do Direito. Muitas teorias apareceram no intuito de determinar a real acepção de trabalho não eventual. Dentre elas, destaca-se a Teoria dos Fins do Empreendimento, a qual considera trabalho não eventual aquele realizado permanentemente, em caráter contínuo, duradouro. Sendo o trabalhador eventual aquele que não está inserido nas atividades normais da empresa, prestando serviços esporadicamente e de curta duração. A pessoa física deve trabalhar de forma permanente, mesmo que por um pequeno espaço de tempo, não podendo trabalhar de forma eventual, na hora que desejar, deve ter dias certos, hora certa de prestação de serviço. Dessa forma, vamos ficar atentos, pois NÃO se exige exclusividade na prestação dos serviços para que se configure a relação de emprego, o empregado pode ter mais de um empregador e, consequentemente, mais de uma relação de emprego. Cabe aqui uma pequena observação, a não eventualidade é diferente de trabalho prestado diariamente. No caso, por exemplo, de bares, restaurantes que não costumam abrir todos os dias (por vezes abrem apenas nos finais de semana), apesar de não haver DIREITO DO TRABALHO 8 uma prestação diária de serviço, há uma prestação de caráter permanente, ou seja, que se prolonga no tempo para o mesmo empregador, com hora e dia para que o serviço seja prestado. O Cespe e a FCC têm considerado a continuidade (característica dos empregados domésticos) sinônimo de não eventualidade, ou seja, elemento fático-jurídico das relações de emprego. 2.4. Subordinação A subordinação traz à tona a ideia de sujeição, submetimento às ordens de terceira pessoa, ou seja, uma relação de dependência laboral. Aqui adentramos no campo do poder de direção, coordenação e fiscalização do empregador quanto a prestação laboral do empregado. Sabemos que a caracterização da relação de emprego resulta da presença concomitantemente dos cinco elementos fático-jurídicos, contudo, a subordinação, dentre todos os elementos, é o que ganha maior destaque. Essa subordinação não se trata de uma subordinação econômica, pois algumas vezes o empregado ostenta uma situação econômica melhor do que a do próprio empregador. Também não refere-se à subordinação técnica, porque o empregado, em certas ocasiões, possui a técnica de trabalho que seu empregador não detém. Nesse cenário, a subordinação pode ser dividida em três: técnica, econômica e jurídica. Atualmente, a jurisprudência trabalhista DIREITO DO TRABALHO 9 estabelece que apenas a subordinação jurídica se aplica na relação de emprego. Vamos conceituar cada uma das três, mas devemos lembrar que apenas a jurídica é que válida no direito do trabalho: 2.4.1. Subordinação técnica: o conhecimento técnico é do empregador; 2.4.2. Subordinação econômica: o empregado é dependente economicamente do empregador para sobreviver; 2.4.3. Subordinação jurídica: o contrato de trabalho, assim como o poder de direção do empregador, tem respaldo jurídico, ou seja, legal. O empregado é subordinado juridicamente ao empregador, devendo cumprir as determinações e acatando as ordens, podendo o patrão aplicar penalidades (advertência, suspensão disciplinar e dispensa sem justa causa) em caso de descumprimento. Ademais, conforme leciona o professor Maurício Godinho Delgado1, a subordinação apresenta três dimensões, que são: clássica, objetiva e estrutural. a) Clássica (ou tradicional) é a subordinação consistente na situação jurídica derivada do contrato de trabalho, pela qual o trabalhador compromete-se a acolher o poder de direção empresarial no tocante 1 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16. ed. São Paulo: LTr, 2017. p. 327 e 328 DIREITO DO TRABALHO 10 ao modo de realização de sua prestação laborativa. Manifesta-se pela intensidade de ordens do tomador de serviços sobre o respectivo trabalhador (...) b) Objetiva é a subordinação que se manifesta pela integração do trabalhador nos fins e objetivos do empreendimento do tomador de serviços, ainda que afrouxadas '... as amarras do vínculo empregatício' (...) Como se percebe, a integração do obreiro e seu labor aos objetivos empresariais é pedra de toque decisiva a essa dimensão do fenômeno sociojurídico subordinativo. c) Estrutural é, finalmente, a subordinação que se expressa 'pela inserção do trabalhador na dinâmica do tomador de seus serviços, independentemente de receber (ou não) suas ordens diretas, mas acolhendo, estruturalmente, sua dinâmica de organização e funcionamento'. Nesta dimensão da subordinação, não importa queo trabalhador se harmonize (ou não) aos objetivos do empreendimento, nem que receba ordens diretas das específicas chefias deste: o fundamental é que esteja estruturalmente vinculado à dinâmica operativa da atividade do tomador de serviços. Por fim, vamos ficar atentos ao parágrafo único do art. 6o da CLT que foi inserido em 2011 com a finalidade de equiparar os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão aos meios pessoais. Art. 6º, parágrafo único, CLT. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. DIREITO DO TRABALHO 11 2.5. Onerosidade Deve-se ter em mente que a relação de emprego é uma relação de cunho essencialmente econômico, ou seja, a pessoa se submete as regras da relação de emprego, emprega grande parte de seu dia, de sua força para poder receber a contraprestação pelo serviço. A principal obrigação do empregado consiste na realização do serviço, e o seu principal direito é receber a contraprestação pelo serviço prestado. A gratuidade descaracteriza a relação de emprego, subsistindo somente a relação de trabalho, como ocorre com o trabalho voluntário (Lei no 9.608/1998). A legislação pátria prevê várias formas de contraprestação ao serviço prestado, como, por exemplo: pagamento em dinheiro, utilidades, parcelas fixas ou variáveis, etc. 2.6. Alteridade Depois de analisarmos todos os cinco elementos fático-jurídicos “clássicos”, devemos tecer comentários acerca da ALTERIDADE, que é, para grande parte da doutrina, o sexto requisito das relações de emprego. A alteridade se relaciona ao risco do negócio do empregador. Esse risco é o que dá o poder de direção ao empregador, também podemos afirmar que esse risco do negócio não pode ser transferido ao empregado. DIREITO DO TRABALHO 12 A alteridade tem previsão no art. 2º da CLT: Art. 2º, CLT - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. 3. Relação de Trabalho e a EC 45/2004 A Emenda Constitucional nº 45, promulgada em dezembro de 2004, que, dentre outras modificações, deu nova redação ao artigo 114 da Constituição Federal de 1988, ampliou de maneira significativa a competência material da Justiça do Trabalho. Como vimos anteriormente, as relações de trabalho correspondem a qualquer labor humano, ou seja, uma pessoa executa um serviço para outra, mediante uma contraprestação. Antes da promulgação da EC 45/2004, o artigo 114 da Constituição limitava a competência da Justiça do Trabalho aos conflitos oriundos das relações de emprego, regulados pela CLT. Com o advento da EC 45/2004, a Justiça do Trabalho passou a ser competente para apreciar e julgar todas as ações oriundas da relação de trabalho, inclusive àquelas provenientes das relações laborais entre trabalhadores e os entes de direito público externo, da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Quando o legislador trocou a expressão “relação de emprego” por “relação de trabalho” fixou novas competências materiais à Jurisdição Trabalhista, DIREITO DO TRABALHO 13 que está bem mais abrangente que antes. Quando falamos em relação de trabalho, estão contidas as relações de emprego, as relações de trabalho eventual, avulso, autônomo, voluntário, estágio, etc. Vamos ver como ficou o art. 114 da CF/88 depois da modificação trazida pela EC 45/04: Art. 114, CF/88 - Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Agora que sabemos que a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho em sentindo amplo, vamos estudar algumas de suas espécies. Relação de Trabalho Lato Sensu Já aprendemos que no conceito de empregado encontramos os requisitos caracterizadores da relação de emprego: pessoa física, pessoalidade, não eventualidade, subordinação jurídica, onerosidade e alteridade. Que independente do local da prestação de serviço, se estiverem presentes os elementos caracterizadores da relação de emprego ele será considerado empregado. Que mesmo não estando nas dependências da empresa (escritor, redator, jornalista), existem outros meios (telemáticos) de comprovar a subordinação jurídica. As relações de trabalho que traremos a seguir não configuram vínculo de emprego, ou seja, não são consideradas relações de emprego, são consideradas DIREITO DO TRABALHO 14 relações de trabalho, não se submetem à proteção da CLT. 1. Trabalhador Avulso O trabalhador avulso é regulado pela Lei no 12.815/2013 que ganhou o apelido de “Lei dos Portos” e pela Lei no 12.023 que dispõe sobre as atividades de movimentação de mercadorias em geral e sobre o trabalho avulso. Avulso é aquele trabalhador que normalmente vemos no porto, cuidando do embarque e desembarque de mercadorias, é por exemplo o estivador. Quando chega um navio para descarregar é o trabalhador avulso que fará o serviço. Ele tem uma matrícula no porto, e o OGMO (Órgão Gestor de Mão de Obra) vai chamando esses trabalhadores por ordem cronológica para descarregarem o navio. Assim, avulso é o trabalhador, sindicalizado ou não, que presta serviços a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou do órgão gestor de mão de obra. A principal característica do trabalhador avulso é a intermediação de mão de obra pelo Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO). Podemos citar outras características, como a livre prestação de serviço, curta duração do trabalho, pluralidades de tomadores de serviços. Os direitos dos trabalhadores avulsos são idênticos ao do trabalhador comum, conforme estabelece o art. 7o, XXXIV da CF/88. Dessa forma, o trabalhador avulso terá direito a férias, décimo terceiro salário, depósito do FGTS, etc. Art. 7º, CF/88 - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: DIREITO DO TRABALHO 15 XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. 2. Trabalhador Eventual O trabalho eventual é aquele realizado esporadicamente, por um curto período de tempo, de forma onerosa e, via de regra, não tem relação com a atividade- fim prestada pela empresa. Podemos citar alguns exemplos, como o eletricista que chamamos para fazer reparos em uma residência, um técnico em computação que irá atualizar os computadores de uma empresa. A definição legal conceitua como trabalhador eventual quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego (art. 11, “g”, Lei no 8.213/1991). No trabalho eventual não há qualquer expectativa de continuidade na prestação do serviço, não há o retorno ao local do serviço. No caso do trabalhador eventual, está ausente o requisito fático-jurídico da não eventualidade, por isso não se configura relação de emprego. 3. Trabalhador Autônomo O trabalhador autônomo não tem chefe, não existe uma relação de subordinação entre o tomador e o prestadorde serviços. É aquele que por conta própria presta seus serviços, arcando com os riscos do negócio. São exemplos de trabalhadores autônomos: médicos, veterinários, marceneiros, pintores, taxista, diarista etc. A prestação de serviços pelo autônomo pode ser fungível, ou seja, o DIREITO DO TRABALHO 16 trabalhador pode ser substituído por outras pessoas, ou infungível, o serviço não pode ser realizado por mais ninguém além dele. Nessa seara, o Professor Mauricio Godinho Delgado2 explica: Mesmo em se tratando de serviço pactuado com pessoa física, é muito comum o trabalho autônomo sem infungibilidade quando ao prestador. Um serviço cotidiano de transporte escolar, por exemplo, pode ser contratado ao motorista do veículo, que se compromete a cumprir os roteiros e horários prefixados, ainda que se fazendo substituir eventualmente por outro (s) motorista (s). A falta de pessoalidade, aqui, soma-se à ausência de subordinação, para distanciar essa relação jurídica de trabalho da figura empregatícia da CLT, mantendo-a no âmbito civil (art. 1.216, CCB/1916; art. 594, CCB/2002). O autônomo pode, contudo, ser pactuado com cláusula de rígida pessoalidade – sem prejuízo da absoluta ausência de subordinação. É o que tende a ocorrer com a prestação de serviços contratada a profissionais de nível mais sofisticado de conhecimento ou habilidade, como médicos, advogados, artistas, etc. No caso do trabalhador autônomo, está ausente o requisito fático-jurídico da subordinação, por isso não se configura relação de emprego. 3.1. Autônomo exclusivo 2 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16. ed. São Paulo: LTr, 2017. p. 374. DIREITO DO TRABALHO 17 Com o advento da Lei no 13.467/2017, a CLT passou a prever a figura do chamado “autônomo exclusivo”, até então inexistente nas leis trabalhistas. Agora, um profissional autônomo poderá prestar serviços de forma contínua e para uma única empresa sem que isso seja caracterizado como vínculo empregatício. A CLT em seu artigo 3° define os requisitos para um profissional ser considerado empregado de determinada empresa. São eles: pessoa física, pessoalidade, não eventualidade, subordinação e onerosidade. Embora não esteja elencada entre os requisitos, a “exclusividade” do profissional também era uma das evidências aceitas pela Justiça do Trabalho como comprovação do vínculo empregatício nas ações trabalhistas. Fiquem atentos, pois a exclusividade é permitida e pode ser contínua. Ou seja, o contratado pode trabalhar todos os dias para aquela empresa. “A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado”, diz o texto da reforma aprovada. REFORMA TRABALHISTA Art. 442-B, CLT - A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3o desta Consolidação. De forma contrária ao texto da Reforma Trabalhista, consta na minuta da Medida Provisória que o governo prepara para ajustar pontos da reforma trabalhista mudanças na regra do autônomo exclusivo, vedando a DIREITO DO TRABALHO 18 possibilidade de contratação de autônomo exclusivo sob risco de criar um vínculo empregatício. Segundo a minuta da MP, sobre o trabalho de autônomos, não será permitida contratação em regime de exclusividade. "Não sendo admitida a restrição da prestação de serviço pelo trabalhador autônomo a um único tomador de serviços, sob pena de reconhecimento de vínculo empregatício", cita o texto. 4. Trabalhador Voluntário O trabalho voluntário está regulado na Lei no 9.608/1998, que em seu art. 1o conceitua o serviço voluntário. Art. 1o, Lei 9.608/1998 – considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física à entidade pública de qualquer natureza, ou à instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos, ou de assistência social, inclusive mutualidade. Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim. O trabalho voluntário é realizado a título gratuito, o prestador do serviço não recebe nenhum tipo de remuneração ou contraprestação pelo serviço prestado. Dessa forma, não verificamos o vínculo empregatício. Podemos citar como exemplo de trabalho voluntário as pessoas que prestam serviços em lares de idosos, creches, orfanatos, hospitais, aqueles que distribuem comida para moradores de rua. DIREITO DO TRABALHO 19 Vale destacar que conforme estabelece a Lei (art. 3o), o prestador de serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que realizar no desempenho das atividades voluntárias, contudo, essa despesa terá que ser previamente autorizada pela entidade a que for prestado o serviço. No caso do trabalhador voluntário, está ausente o requisito fático-jurídico da onerosidade, por isso não se configura relação de emprego. 5. Estágio A Lei no 11.788/2008 dispõe sobre o estágio de estudantes, revogando todas as normas anteriores que tratavam do tema. Em seu art. 1o a referida Lei conceitua o Estágio. Art. 1o, Lei 11.788/08 – Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. Conforme nos ensina o Professor Henrique Correia3, o estágio tem por finalidade complementar a formação do estudante por meio de atividades práticas. Desse modo, o estudante tem a possibilidade de concretizar os ensinamentos teóricos recebidos na instituição de ensino, preparando-se para o ingresso no mercado de trabalho. A Lei nos apresenta duas formas de estágio, podendo ser obrigatório ou não- 3 CORREIA, Henrique. Direito do trabalho: para os concursos de analista do TRT e MPU. 5. ed. Salvador: JusPODIVM, 2014. p. 97. DIREITO DO TRABALHO 20 obrigatório. O estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, sendo essencial a sua realização para consequente aprovação e obtenção do diploma (art. 2o, § 1o). Já o estágio não-obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, sendo as suas horas acrescidas à carga horária regular e obrigatória (art. 2o, § 2o). No que se refere a jornada de atividade em estágio, será definida de forma a ser compatível com as atividades escolares e não poderá ultrapassar: 4 horas diárias e 20 horas semanais, no caso de estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos; 6 horas diárias e 30 horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular. A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência (art. 11). Estagiário também merece um descanso, né? É justo! Assim, sempre que o estágio tiver duração igual ou superior a 1 ano,o estagiário gozará de um período de recesso de 30 dias, a ser usufruído preferencialmente durante suas férias escolares (art. 13). Devemos ficar atentos, pois no Direito do Trabalho muitas vezes existe má-fé na contratação das pessoas. O que quero dizer é que o contratante para não pagar todos os benefícios aos trabalhadores os contrata como estagiários, autônomos, e assim por diante. Sabendo disso, a Lei, com a finalidade de proteger o trabalhador, estabeleceu que a manutenção de estagiários em desconformidade com a Lei caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária (art. 15). DIREITO DO TRABALHO 21 É importante frisar que se a fraude ocorrer junto à Administração Pública, não resultará no vínculo de emprego, pois, nesse caso, fere-se o normativo constitucional do requisito do concurso público. A relação de estágio será sempre triangular. Verifica-se a presença de três partes: estagiário, instituição de ensino e parte concedente. 6. Trabalhador com Vínculo na Administração Pública O trabalhador estatutário não é objeto de estudo das aulas de Direito do Trabalho, pois ele não é regido pela CLT e, sim, por um Estatuto próprio dos servidores públicos (para os servidores públicos da União temos a Lei no 8.112/1990), tendo um contrato administrativo com a Administração Pública. Após a Constituição de 1988, o STF consagrou o entendimento que a contratação para Empresas Públicas ou Sociedades de Economia Mista devem ser precedidas de concurso público, respeitando assim o art. 37, II da CF/884. Imaginemos, então, que uma pessoa foi contratada diretamente (sem concurso) para trabalhar em uma Empresa Pública ou Sociedade de Economia Mista. Desde o momento da contratação o vínculo de emprego está eivado de uma nulidade insanável, que foi o desrespeito ao concurso público. Dessa forma, quando a Administração Pública contrata alguém sem fazer concurso público esse contrato é nulo, não gerando efeitos. Assim, se demitida, essa pessoa somente terá direito ao seu saldo de salário (respeitado o salário- mínimo) e ao FGTS que foi depositado, mais nada. 4 Art. 37, II, CF/88 - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. DIREITO DO TRABALHO 22 Art. 19-A, Lei 8.036/90 - É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do trabalhador cujo contrato de trabalho seja declarado nulo nas hipóteses previstas no art. 37, § 2o, da Constituição Federal, quando mantido o direito ao salário. TST Enunciado nº 363 - A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS. 7. Associado de Cooperativa A cooperativa é uma sociedade de pessoas que mutuamente se auxiliam, unindo esforços, a fim de alcançar um objetivo comum. Surgiu para que um grupo de pessoas que realizem o mesmo tipo de serviço pudessem se agrupar e atuar em conjunto com o intuito de dinamizar as suas atividades. Art. 442, parágrafo único, CLT - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. Dessa forma, podemos citar os taxistas que podem se estruturar em cooperativa para prestar serviço para várias empresas e diminuir o custo com tecnologias mais avançadas; bugueiros profissionais que podem atuar em conjunto para atender melhor os turistas; produtores rurais para negociar condição mais benéfica com os revendedores de seus produtos, comprar insumos de forma unificada e com preços menores, entre outros benefícios. DIREITO DO TRABALHO 23 Ocorre, todavia, a existência de cooperativas de fachada, fraudulentas, que são criadas somente para burlar as leis trabalhistas, com a finalidade de ocultar a real relação de emprego que ali vigora. Nesses casos, verificando presentes os elementos fático-jurídicos da relação de emprego, aplica-se o princípio da primazia da realidade, declarando o vínculo de emprego entre o “presidente” da cooperativa e seus cooperados, que passarão a ser empregados. Assim, para que não ocorra a descaracterização da cooperativa não devem estar presentes os requisitos do art. 3o da CLT, pois, se presentes, estaremos diante de uma relação de emprego travestida de contrato de cooperativismo. 8. Trabalho temporário O trabalhador temporário é regulado pela Lei no 6.019/1974, que foi recentemente alterada pela Lei o 13.429/2017 e que também sofreu alterações com a reforma trabalhista. 8.1. Conceito: o trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. Duas são as hipóteses de contratação de trabalho temporário, qualquer outra hipótese de contratação de trabalho temporário que não sejam essas duas serão consideradas fraude à lei: - Necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente. É o caso da empregada grávida se afasta para ganhar o bebê. - Acréscimo extraordinário de serviços. Por exemplo os shoppings e DIREITO DO TRABALHO 24 comércios nas festividades de final do ano. O trabalho temporário forma uma relação triangular entre: trabalhador temporário, a empresa de trabalho temporário e a empresa tomadora de serviços. Estabelece a lei que qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços, NÃO existe vínculo de emprego entre ela e os trabalhadores contratados pelas empresas de trabalho temporário. 8.2. Contrato de trabalho temporário: o contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, NÃO poderá exceder ao prazo de cento e oitenta dias, consecutivos ou não. O contrato poderá ser prorrogado por até noventa dias, consecutivos ou não, além do prazo estabelecido de cento e oitenta dias, quando comprovada a manutenção das condições que o ensejaram. O trabalhador temporário que cumprir o período estipulado somente poderá ser colocado à disposição da mesma tomadora de serviços em novo contrato temporário, após noventa dias do término do contrato anterior. Se for realizada contratação anterior ao prazo previsto caracteriza vínculo empregatício com a tomadora. Temos um contrato escrito civil entre a empresa de trabalho temporário com o tomador de serviços ou cliente. Contrato de fornecimento de mão de obra. Tem que existir um contrato de trabalho entre a empresa de trabalho temporário com o tomador de serviço ou cliente, sendo esse contrato formal, escrito, constando também o motivo da contratação (necessidade DIREITO DO TRABALHO 25 transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou demanda complementar de serviços). O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada um dos assalariados colocados àdisposição de uma empresa tomadora ou cliente será, obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos aos trabalhadores. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, ou seja, a empresa de trabalho temporário não pode proibir a empresa tomadora de serviço ou cliente de contratar o empregado depois de findado o prazo do contrato temporário. Atenção! A regra é que os contratos sejam realizados por prazo indeterminado, sendo somente por exceção admitidos os contratos a termo ou contratos por prazo determinado. 8.3. Considera-se empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica URBANA (é necessário o cadastramento da empresa no Ministério do Trabalho). O trabalhador temporário é empregado da empresa de trabalho temporário, muito embora ele venha prestar serviço nas dependências do tomador de serviços ou cliente. Qualquer demanda entre o empregado temporário e a empresa de trabalho temporário será submetida a Justiça do Trabalho. Antes de finalizar nossa aula teórica e passar para os exercícios, quero trazer uma Súmula e uma Orientação Jurisprudencial que reputo importantes. DIREITO DO TRABALHO 26 Primeiramente, devemos ficar atentos a condição do Policial Militar que, por vezes, trabalha fazendo a segurança de empresas privadas. O TST decidiu que é legal o reconhecimento da relação de emprego, quando presentes os requisitos fático- jurídicos, mesmo que tal atividade seja infração disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar. Súmula nº 386, TST - Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de relação de emprego entre policial militar e empresa privada, independentemente do eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar. Por analogia essa mesma interpretação serve para o bombeiro, policial civil, etc. Por fim, o TST entende que não há possibilidade de vínculo de emprego entre o apontador do jogo do bicho e o bicheiro, em virtude da ilicitude do objeto. OJ 199 SDI-1 TST - É nulo o contrato de trabalho celebrado para o desempenho de atividade inerente à prática do jogo do bicho, ante a ilicitude de seu objeto, o que subtrai o requisito de validade para a formação do ato jurídico. DIREITO DO TRABALHO 27 b. Mapas mentais A dica é utilizar o mnemônico ASPPONE, melhor ilustrado abaixo: A LTERIDADE S UBORDINACÃO P ESSOA FÍSICA P ESSOALIDADE O NEROSIDADE NE NÃO EVENTUALIDADE RELAÇÃO DE TRABALHO RELAÇÕES DE EMPREGO Empregado urbano Empregado rural Empregado doméstico Aprendiz etc. Trabalhador avuso trabalhador eventual Trabalhador autônomo Trabalhador voluntário Estagiário Cooperado etc. DIREITO DO TRABALHO 28 Empregado é aquele que vai AL SHOPP AL TERIDADE S UBORDINAÇÃO H ABITUALIDADE O NEROSIDADE P ESSOALIDADE P ESSOA FÍSICA EMPREGADO PESSOA FÍSICA ONEROSIDADE NÃO EVENTUALIDADE PESSOALIDADE SUBORDINAÇÃO ALTERIDADE DIREITO DO TRABALHO 29 RELAÇÃO DE TRABALHO Relação de Emprego Voluntário Autônomo Avulso Eventual Temporário Instituição de Ensino Estagiário Parte Concedente DIREITO DO TRABALHO 30 c. Revisão 1 1. (FCC) TRT 24a Região 2017 – Técnico Judiciário – Área Administrativa Dentro do universo das relações jurídicas, encontram-se as relações de trabalho e as relações de emprego. No tocante a essas relações, seus sujeitos e requisitos, segundo a legislação vigente, (A) considera-se empregado toda pessoa física ou jurídica que prestar serviços de natureza exclusiva e não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. (B) considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, mesmo sem assumir os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. (C) são distintos o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, mesmo que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. (D) os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão não se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. (E) se equiparam ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. 2. (IBEG) IPREV 2017 - Contador DIREITO DO TRABALHO 31 Os principais elementos da relação de emprego gerada pelo Contrato de Trabalho são... Analise a validade das suposições abaixo e assinale a alternativa CORRETA. I. Pessoalidade, um dos sujeitos (o empregado) tem o dever jurídico de prestar os serviços em favor de outrem pessoalmente. II. Natureza não eventual dos serviços, isto é, ele deverá ser necessário à atividade normal do empregador. III. Remuneração do trabalho a ser executado pelo empregado. IV. Subordinação jurídica da prestação de serviços ao empregador. (A) I, II e III (B) II e III (C) I e IV (D) III e IV (E) Todas estão Corretas. 3. (FCC) TRT 20a Região 2016 – Analista Judiciária – Área Judiciária A Consolidação das Leis do Trabalho elenca na combinação dos artigos 2º e 3º os requisitos fáticos e jurídicos da relação de emprego. Nesse sentido, (A) tornando-se inviável a prestação pessoal do trabalho, no curso do contrato, por certo período, o empregado poderá se fazer substituir por outro trabalhador. (B) um trabalhador urbano que preste serviço ao tomador com finalidade lucrativa, DIREITO DO TRABALHO 32 mesmo que por diversos meses seguidos, mas apenas em domingos ou finais de semana, configura-se como trabalhador eventual. (C) considerando que nem todo trabalho é passível de mensuração econômica, não se pode estabelecer que a onerosidade constitui-se em um elemento fático-jurídico da relação de emprego. (D) somente o empregador é que, indistintamente, pode ser pessoa física ou jurídica, com ou sem finalidade lucrativa, jamais o empregado. (E) na hipótese de trabalhador intelectual, a subordinação está relacionada ao poder de direção do empregador, mantendo o empregado a autonomia da vontade sobre a atividade desempenhada, sem se reportar ao empregador. 4. TRT 4a Região (RS) 2016 – Juiz do Trabalho Substituto Considere as assertivas abaixo sobre relação de emprego. I - A mera expectativa do trabalhador de perceber um ganho econômico pelo trabalho ofertado é suficiente para caracterizar a onerosidade. II - Os serviços de natureza não eventual são aqueles imprescindíveis à consecução dos fins da empresa, do que decorre a necessidade contínua e habitual do trabalho prestado. III - A substituição de um trabalhador por outro afasta a pessoalidade, independentemente da frequência e da forma como isso ocorreu. Quais são corretas? (A) Apenas I (B) Apenas II DIREITO DO TRABALHO 33 (C) Apenas III (D) Apenas I e II (E) I, II e III 5. (FUMARC) Prefeitura de Matozinhos – MG 2016 - Advogado Considerando o teor do Artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho(CLT), são elementos caracterizadores do vínculo empregatício: (A) Trabalho realizado por pessoa física ou jurídica, pessoalidade, eventualidade, onerosidade e insubordinação. (B) Trabalho realizado por pessoa física ou jurídica, pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação. (C) Trabalho realizado por pessoa física, pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação. (D) Trabalho realizado por pessoa física, pessoalidade, eventualidade, onerosidade e subordinação. 6. (CESPE) TRT - 8ª Região 2016 – Analista Judiciário – Área Administrativa No que se refere à relação de trabalho e à relação de emprego, assinale a opção correta. (A) A relação de emprego é espécie da relação de trabalho, gênero que engloba a prestação de serviços do funcionário público, do empregado, do avulso, do autônomo, do eventual, do empresário. DIREITO DO TRABALHO 34 (B) Nos termos da CLT, considera-se empregado toda pessoa física ou jurídica que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante pagamento de valor mensal. (C) Dado o poder de controle e fiscalização do empregador, pode ele realizar revista íntima em suas empregadas. (D) O contrato de trabalho somente será válido se realizado de forma expressa e por escrito. (E) A alteridade, a pessoalidade, a subordinação e a exclusividade são requisitos do contrato de trabalho. 7. (CESPE) TRT - 8ª Região 2016 – Técnico Judiciário – Área Administrativa No que concerne à relação de emprego, aos poderes do empregador e ao contrato individual de trabalho, assinale a opção correta. (A) Na relação trabalhista, o poder de direção do empregador é ilimitado. (B) A prestação de serviços é o bem jurídico tutelado e, por isso, o objeto mediato do contrato individual de trabalho. (C) O termo “contrato de atividade” vincula-se ao fato de as prestações serem equivalentes. (D) Não se reconhece relação de emprego fundamentada em acordo tácito. (E) A continuidade e a subordinação são requisitos da relação empregatícia. 8. (FCC) TRT - 14ª Região 2016 – Técnico Judiciário – Área Administrativa DIREITO DO TRABALHO 35 É certo que a relação de trabalho se distingue da relação de emprego, sendo que a primeira abrange a segunda. A Consolidação das Leis do Trabalho apresenta os elementos caracterizadores da relação de emprego, NÃO se inserindo, dentre eles, (A) a subordinação jurídica. (B) a pessoalidade na prestação dos serviços. (C) a exclusividade dos serviços prestados. (D) a onerosidade. (E) o trabalho não eventual. 9. (FCC) TRT - 14ª Região 2016 – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Thales prestou serviços à empresa Celestial Produções pelo prazo de 10 meses. Para que se configure o vínculo empregatício, ou seja, relação de emprego, entre as partes referidas é necessário que se comprovem os seguintes requisitos legais: (A) Boa fé contratual, autonomia, onerosidade, pessoalidade e eventualidade. (B) Exclusividade, onerosidade e habitualidade. (C) Subordinação, imprescindibilidade, indisponibilidade e irrenunciabilidade. (D) Pessoalidade na prestação dos serviços, subordinação jurídica, não eventualidade e onerosidade. (E) Subordinação econômica, comutatividade com divisão dos riscos, continuidade e exclusividade. DIREITO DO TRABALHO 36 10. (FCC) TRT - 14ª Região 2016 – Analista Judiciário – Área Judiciária Quanto aos institutos jurídicos denominados “relação de trabalho” e “relação de emprego” é correto afirmar: (A) A relação de emprego é uma espécie do gênero relação de trabalho. (B) Possuem características idênticas, podendo se afirmar que são expressões sinônimas. (C) A relação de trabalho é modalidade derivada da relação de emprego. (D) Não há relação de trabalho se não houver relação de emprego. (E) São institutos independentes e não guardam nenhuma relação entre si. DIREITO DO TRABALHO 37 d. Revisão 2 11. (CAIP-IMES) Câmara Municipal de Atibaia – SP 2016 - Advogado Observe as afirmativas apresentadas sobre as relações de trabalho e de emprego. I- A relação de trabalho possui caráter genérico. Refere-se às relações jurídicas que se respaldam na prestação de uma obrigação de fazer, consubstanciada em trabalho humano e, nesse sentido abarca as relações de emprego, autônoma de trabalho, de trabalho eventual, de trabalho avulso e de trabalho temporário. II- A relação de emprego possui caráter específico e encontra respaldo na CLT. Para que se configure a relação de emprego faz-se mister os requisitos que seguem: pessoa jurídica; trabalho eventual; trabalho subordinado; existência ou não de contraprestação. III- A relação de emprego possui amparo nas regras da CLT e exige a presença dos requisitos que seguem: pessoa física; trabalho prestado de forma contínua; trabalho subordinado e existência de contraprestação. IV- A relação de trabalho possui caráter específico e encontra respaldo na CLT. Para que se configure faz-se mister os requisitos que seguem: pessoa física; o trabalho eventual; trabalho subordinado e; existência de contraprestação. É correto o que se afirma apenas em: (A) I e IV. (B) I e III. (C) II e III. (D) III e IV. DIREITO DO TRABALHO 38 12. (FCC) TRT - 4ª Região (RS) 2015 – Analista Judiciário – Área Judiciária A relação de trabalho é o gênero do qual a relação de emprego é uma espécie. Dentre os requisitos legais previstos na Consolidação das Leis do Trabalho que caracterizam a relação empregatícia, NÃO está inserida a (A) subordinação jurídica do trabalhador ao empregador. (B) infungibilidade em relação ao obreiro. (C) eventualidade dos serviços prestados. (D) onerosidade da relação contratual. (E) prestação dos serviços por pessoa física ou natural. 13. (FCC) - TRT - 3ª Região (MG) 2015 – Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal Anacleto, policial militar, trabalhou para a empresa Indústria Mundo Novo Ltda. como agente de segurança, nos horários em que não estava a serviço da corporação militar. Na referida empresa, Anacleto cumpria expressamente as ordens emanadas da direção, recebia um salário mensal, e trabalhava de forma contínua e ininterrupta, todas as vezes que não estava escalado na corporação. Considerando a situação apresentada, (A) estando presentes as características da relação de emprego, existe vínculo empregatício entre a empresa Indústria Mundo Novo Ltda. e Anacleto, porém a situação de militar de Anacleto impede o reconhecimento desse vínculo. (B) não existe vínculo empregatício entre a empresa Indústria Mundo Novo Ltda. e Anacleto, já que o trabalho prestado por Anacleto para essa empresa ocorria apenas DIREITO DO TRABALHO 39 nas ocasiões em que Anacleto não estava escalado na corporação, caracterizando, portanto, trabalho eventual. (C) não existe vínculo empregatício entre a empresa Indústria Mundo Novo Ltda. e Anacleto, já que o trabalho prestado por Anacleto para essa empresa constitui trabalho autônomo. (D) o vínculo de emprego entre a empresa Indústria Mundo Novo Ltda. e Anacleto somente pode ser reconhecido nos períodos em que Anacleto não estava escalado na corporação e em que houve trabalho efetivo em favor da empresa Indústria Mundo Novo Ltda. (E) estando presentes as características da relação de emprego, é legítimo o reconhecimento do vínculo de emprego entre a empresa IndústriaMundo Novo Ltda. e Anacleto, independentemente do eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no estatuto do policial militar. 14. (CAIP-IMES) Prefeitura de Rio Grande da Serra – SP 2015 - Procurador A respeito da relação de trabalho e relação de emprego, pode ser afirmado o que segue: (A) a relação de emprego possui caráter genérico, referindo-se a todas as relações jurídicas caracterizadas por terem sua prestação em uma obrigação de fazer, consubstanciada em trabalho humano. (B) A relação de trabalho é gênero, do qual a relação de emprego é espécie. Por outras palavras: a relação de emprego, sempre, é relação de trabalho; mas, nem toda relação de trabalho é relação de emprego. (C) A relação de trabalho possui caráter bilateral, oneroso, sinalagmático e comutativo. DIREITO DO TRABALHO 40 (D) A expressão “relação de emprego” engloba a relação de emprego, a relação autônoma de trabalho, a relação de trabalho eventual, de trabalho avulso e de trabalho temporário. 15. (FCC) TRT - 3ª Região (MG) 2015 – Analista Judiciário – Área Judiciária Maria, durante três anos, prestou serviços ao Clube de Mães Madalena Arraes, que é uma entidade sem fins lucrativos instituída para desenvolver atividades culturais e filantrópicas com a comunidade carente. Cumpria jornada de trabalho diário das 8 às 17 horas, com uma hora de intervalo para repouso e alimentação, devidamente controlada, e, enquanto estava trabalhando era obrigada a usar uniforme. Entregava relatórios semanais sobre as suas atividades e os resultados obtidos com as crianças e recebia mensalmente um valor fixo pelo trabalho prestado. Em relação à situação descrita, (A) presentes as características da relação de emprego na relação mantida entre Maria e o Clube de Mães, deve ser reconhecido o vínculo de emprego entre as partes, não sendo óbice para tal reconhecimento o fato de o Clube de Mães ser entidade filantrópica sem finalidade lucrativa. (B) embora presentes as características da relação de emprego, o fato de o Clube de Mães ser entidade filantrópica sem finalidade lucrativa impede o reconhecimento do vínculo de emprego entre as partes. (C) somente seria possível o reconhecimento do vínculo de emprego entre as partes se presente a subordinação de Maria em relação ao Clube de Mães, o que não se verifica no presente caso. (D) os serviços prestados à entidade sem fins lucrativos, desde que instituída para desenvolver atividades culturais e filantrópicas, não caracteriza vínculo de emprego, DIREITO DO TRABALHO 41 mas sim trabalho voluntário, sendo irrelevante estarem presentes as características da relação de emprego. (E) a finalidade lucrativa do empregador e o recebimento de participação do trabalhador nesse lucro é essencial para a caracterização do vínculo de emprego. 16. (INSTITUTO AOCP) EBSERH 2015 – Advogado O art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho estabelece que “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.” São elementos característicos do vínculo empregatício, EXCETO (A) Pessoa Física. (B) Habitualidade. (C) Subordinação. (D) Remuneração. (E) Exclusividade. 17. (FUNDATEC) PGE-RS 2015 – Procurador do Estado Para se distinguir entre as diversas relações de trabalho, a relação de emprego deverá apresentar as seguintes características: pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação. Quanto a essas características, analise as assertivas abaixo: I. A relação de emprego é sempre intuitu personae, tanto em relação ao empregado quanto ao empregador. DIREITO DO TRABALHO 42 II. Como corolário da pessoalidade, é possível afirmar que a relação de emprego encerra obrigação infungível, personalíssima e intransferível quanto ao empregado, não podendo ser efetuada, na mesma relação jurídica, por pessoa diferente daquela que a contraiu. III. A não eventualidade manifesta-se pela relação do serviço prestado pelo trabalhador e a atividade empreendida pelo tomador dos serviços. Em outras palavras, serviço não eventual é o serviço essencial para o empregador, pois, sem ele, este não conseguiria desenvolver o seu fim empresarial. Quais estão corretas? (A) Apenas I. (B) Apenas III. (C) Apenas I e II. (D) Apenas I e III. (E) Apenas II e III. 18. (IDECAN) Câmara Municipal de Serra – ES 2014 - Procurador NÃO é um elemento principal da relação de emprego, gerada pelo contrato de trabalho: (A) Impessoalidade. (B) Subordinação jurídica. (C) Remuneração do trabalho. (D) Natureza não eventual do serviço. DIREITO DO TRABALHO 43 19. (FUNDATEC) Prefeitura de Porto Alegre – RS 2016 – Procurador Municipal Um trabalhador prestou serviços de limpeza, de maneira subordinada, a determinado Município, por intermédio de contrato formal de emprego e com anotação de sua CTPS, no período de março de 2015 até julho de 2016, tendo ingressado com reclamatória, na qual postulou o pagamento de horas extras, repousos e feriados trabalhados, adicional de insalubridade, parcelas da extinção do contrato não adimplidas (gratificação natalina e férias proporcionais, indenização relativa ao período de aviso prévio e indenização de 40% sobre o FGTS), FGTS do período e seguro- desemprego. O Município, em sua defesa, comprova que a contratação foi efetuada sem concurso público. A pactuação efetuada, de acordo com entendimento pretoriano majoritário e os planos do mundo jurídico, é: (A) Inexistente, pois não foi observada a forma legal. (B) Existente, inválida e absolutamente ineficaz. (C) Existente, inválida e com eficácia reduzida. (D) Existente, inválida e eficaz. (E) Existente, válida e eficaz. 20. (FCC) TRF - 3ª Região 2016 – Analista Judiciário – Área Administrativa Adonis trabalha como soldado da Polícia Militar, em escala 12x36, das 6h00 às 18h00. Em todas as suas folgas, prestava serviços de forma pessoal e subordinada para uma empresa de segurança, fazendo a escolta de caminhões de carga, mediante o pagamento de salário mensal, sem registro em sua CTPS. Após dois anos de trabalho para a empresa de segurança, Adonis foi dispensado sem o recebimento das verbas DIREITO DO TRABALHO 44 rescisórias. Por esta razão, pleiteou o reconhecimento do vínculo empregatício e o pagamento das verbas salariais e rescisórias devidas durante a prestação de serviços. Segundo o entendimento sumulado pelo TST, o reconhecimento do vínculo empregatício entre o policial militar e a empresa de segurança (A) não é devido, porque o policial militar está proibido de trabalhar para empresas privadas, em suas horas vagas. (B) não é devido, porque o policial militar trabalhava apenas em dias alternados, não havendo habitualidade. (C) não é devido, pois Adonis, por ser policial militar, não estava sujeito às ordens da empresa de segurança, nem poderia ser punido com advertência ou suspensão. (D) é devido, tendo em vista que preenchidas as características da relação de emprego, independentemente do eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar. (E) é devido, pois a prestação de serviços foi pessoal, habitual, subordinada e onerosa, porém, é vedada a aplicação de qualquer tipo de penalidade disciplinar pela corporação ao policial militar, bem como o registro em sua CTPS. DIREITO DO TRABALHO 45 e. Revisão 3 21. (IBGP)CISSUL – MG 2017 – Auxiliar Administrativo De acordo com o Art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), “considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”. Sobre o artigo citado, assinale a alternativa CORRETA. (A) Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, salvo nos casos em que se tratar de um trabalho intelectual. (B) Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, salvo nos casos em que se tratar de um técnico. (C) Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, salvo nos casos em que se tratar de um trabalho manual. (D) Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. 22. (VUNESP) DESENVOLVESP 2014 - Advogado Assinale a alternativa correta. (A) Toda relação de emprego é uma relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho é uma relação de emprego. (B) A prestação de serviços autônomos é aquela executada por conta e risco do tomador dos serviços. (C) A relação de trabalho temporária é aquela que se realiza sem predeterminação de DIREITO DO TRABALHO 46 prazo, reconhecida pela lei como relação de emprego. (D) O avulso não-portuário desenvolve atividades de movimentação de mercadorias em áreas urbanas, com vínculo empregatício e intermediação de sindicato. (E) Tanto a relação de trabalho temporário quanto o trabalho avulso não-portuário não encontram legislação específica, sendo integralmente regidos pela CLT. 23. (CESPE) Câmara dos Deputados 2014 – Analista Legislativo Julgue o item que se seguem, referente ao contrato de emprego. Um requisito essencial da definição de empregado é a exclusividade na prestação laboral. ( ) CERTO ( ) ERRADO 24. (CESPE) Câmara dos Deputados 2014 – Analista Legislativo Julgue o item que se seguem, referente ao contrato de emprego. A não eventualidade é definida pela continuidade, isto é, pelo trabalho exercido diariamente. ( ) CERTO ( ) ERRADO 25. TRT - 3ª Região (MG) 2014 – Juiz do Trabalho DIREITO DO TRABALHO 47 Sr. José da Tita, brasileiro, casado, administrador de empresas foi contratado como autônomo pela empresa Vermelho Grão S/A, sediada na Zona Rural de Vespasiano, com atividade vinculada à compra e venda de café. A função do trabalhador era exercida nos departamentos de pessoal e faturamento. A remuneração contratada foi de R$1.800,00 por mês e a sua jornada de trabalho era das 8h às 12h e das 14h às 18h, de segunda-feira a sexta-feira. Por ser autônomo e administrador da empresa, foi liberado da marcação de ponto ou presença, ficando diretamente vinculado ao diretor da empresa, Sr. Tadeu. Após o cumprimento de sua jornada de trabalho na estabelecimento da empresa, Sr. José da Tita ia à casa do Sr. Tadeu para fazer a contabilidade doméstica de seu diretor. (A) Por ser autônomo e não ter controle de jornada, falta para a configuração da relação de emprego um dos pressupostos essenciais, a subordinação. (B) Apesar de ser registrado como autônomo, a relação existente entre o Sr. José da Tita e o Sr. Tadeu é de emprego, uma vez que o primeiro é subordinado ao segundo, atuando com pessoalidade. (C) A relação de trabalho, neste caso, é de emprego estabelecendo-se entre o trabalhador e a empresa, uma vez que configurados os cinco pressupostos da relação de emprego (D) A atividade desenvolvida pela empresa é caracterizada como rural, e a atividade desenvolvida pelo Sr. José da Tita para a empresa é urbana, razão pela qual não é possível o enquadramento deste na qualidade de empregado. (E) O Sr. José da Tita estabeleceu relação de emprego celetista com a empresa e relação de emprego doméstico com o Sr. Tadeu. 26. TRT - 2ª REGIÃO (SP) 2014 – Juiz do Trabalho DIREITO DO TRABALHO 48 Quanto à relação de emprego, aponte a alternativa correta: (A) Pessoa física que exerce o trabalho pessoalmente com subordinação, mediante salário e com habitualidade (B) Pessoa física que exerce o trabalho pessoalmente de forma eventual, com subordinação, mediante paga remuneratória (C) Pessoa física ou jurídica que exerce atividade com habitualidade e mediante paga remuneratória. (D) Pessoa física que exerce labor com total autonomia, mediante paga remuneratória mensal. (E) Pessoa física que exerce o trabalho com pessoalidade, subordinação, habitualidade e de forma voluntária. 27. (QUADRIX) SERPRO 2014 – Analista – Gestão de Pessoas O contrato de trabalho pode ser conceituado como o negócio jurídico em que o empregado, pessoa natural, presta serviços de forma pessoal, subordinada e não eventual ao empregador, recebendo como contraprestação a remuneração. Considerando a subordinação na caracterização da relação de emprego, assinale a opção que caracteriza a subordinação jurídica. (A) Significa que o empregado está em posição social inferior em relação ao empregador. (B) É a modalidade essencial para caracterizar a relação de emprego. (C) É a modalidade em que o empregado está subordinado ao empregador em termos econômicos. DIREITO DO TRABALHO 49 (D) Indica que o empregador estaria em posição superior em relação ao empregado, no que tange ao conhecimento técnico referente à atividade exercida. (E) O empregado está inserido na hierarquia da instituição da empresa, devendo assim obedecer às suas regras. 28. (CESPE) TRT - 17ª Região 2013 – Analista Judiciário – Área Administrativa A respeito das empresas e entidades a ela equiparadas, julgue os itens subsecutivos. Apesar de contratar empregados pelo regime celetista, entidade filantrópica não é considerada empregador, dado que não assume os riscos da atividade e não tem finalidade lucrativa. ( ) CERTO ( ) ERRADO 29. (CESGRANRIO) IBGE 2013 – Analista – Recursos Humanos Segundo a legislação previdenciária, caracteriza-se o trabalhador autônomo como aquele que: (A) está regulamentado pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), independentemente de sua atividade, função ou cargo. (B) está subordinado a quem contrata sua prestação de serviços, estando sujeito ao poder diretivo do empregador. (C) é solicitado eventualmente para resolver problemas, com total autonomia na prestação de seus serviços. DIREITO DO TRABALHO 50 (D) presta serviços de natureza não eventual, como pessoa física, a empregador, sob dependência deste e mediante salário. (E) presta serviços sem fins lucrativos, com objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social. 30. (CESGRANRIO) IBGE 2013 – Analista – Recursos Humanos Para que seja caracterizada a existência de vínculo de emprego, é necessária a presença concomitante de alguns requisitos. Entre tais requisitos, encontram-se: (A) prestação eventual de serviço feita com pessoalidade; subordinação ao poder de direção e comando. (B) retribuição pecuniária pelo serviço prestado pelo empregado; impossibilidade de o trabalhador transferir ao empregador o poder de direção sobre sua atividade laboral. (C) gratuidade dos serviços prestados; contrato do trabalho de trato sucessivo com intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou do órgão gestor de mão de obra. (D) existência de pessoalidade, de não eventualidade, de subordinação do empregado ao poder de direção e comando e de onerosidade; retribuiçãopecuniária pelo serviço prestado pelo empregado. (E) respeito à alteridade, que favorece que o empregado participe dos lucros da empresa; onerosidade na prestação de serviços por conta própria, comprometendo-se assim, com os riscos de sua atividade. DIREITO DO TRABALHO 51 f. Normas comentadas CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO TÍTULO I INTRODUÇÃO Art. 1º - Esta Consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho, nela previstas. Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. § 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. REFORMA TRABALHISTA A reforma trabalhista alterou o parágrafo segundo e inseriu o parágrafo terceiro no artigo segundo da CLT. Quando as empresas se aglomeram formando grupos empresariais a CLT traz a responsabilidade solidária. Mesmo que cada empresa tenha personalidade jurídica própria DIREITO DO TRABALHO 52 serão acionadas todas as empresas do grupo econômico. A doutrina e jurisprudência dividem o grupo econômico em: • Horizontal: As empresas estão em pé de igualdade. Atuam de forma coordenada. É chamado de grupo econômico por coordenação. • Vertical: Grupo econômico por subordinação. Uma empresa manda na outra. Essa alteração favorece o empregado, pois não era expresso o grupo econômico horizontal, mas apenas o vertical. Admite-se agora o grupo econômico por coordenação! “Art. 2º ................................................................ § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes.” Dessa maneira, com a nova redação do art. 2o, §2o, CLT, admite-se não somente o grupo econômico vertical (por subordinação), mas também o grupo econômico por coordenação, no qual as empresas se apresentam de forma autônoma. Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. DIREITO DO TRABALHO 53 A relação de emprego será configurada quando estiverem presentes seus requisitos (elementos fático-jurídicos), quais sejam: pessoa física, pessoalidade, subordinação, onerosidade, não eventualidade e que o empregado não corra os riscos do empreendimento (alteridade). É importante destacar que esses requisitos ou elementos fáticos-jurídicos são extraídos de dois preceitos inseridos na CLT combinados (art. 2o e art. 3o). Art. 5º - A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo. Art. 6o - Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. Estando presentes os pressupostos da relação de emprego, não há distinção entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância. Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Seção V Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Juízes do Trabalho Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: DIREITO DO TRABALHO 54 I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Relação de trabalho é gênero que engloba os mais diversos tipos de labor que podem ser realizados pelo ser humano. A relação de trabalho abrange, então, a relação de emprego, a relação de trabalho autônomo, a relação de trabalho avulso, eventual, doméstico, rural, além de outros, como por exemplo o estágio. Por outro lado, a relação de emprego é uma modalidade do gênero relação de trabalho, não se confundindo com ela. Podemos falar que toda relação de emprego corresponde a uma relação de trabalho, mas nem toda relação de trabalho corresponde a uma relação de emprego. LEI 12.815/2013 CAPÍTULO VI DO TRABALHO PORTUÁRIO Na definição legal, avulso é o trabalhador, sindicalizado ou não, que presta serviços a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou do órgão gestor de mão de obra. Art. 32. Os operadores portuários devem constituir em cada porto organizado um órgão de gestão de mão de obra do trabalho portuário, destinado a: I - administrar o fornecimento da mão de obra do trabalhador portuário e do trabalhador portuário avulso; II - manter, com exclusividade, o cadastro do trabalhador portuário e o registro do trabalhador portuário avulso; DIREITO DO TRABALHO 55 III - treinar e habilitar profissionalmente o trabalhador portuário, inscrevendo-o no cadastro; IV - selecionar e registrar o trabalhador portuário avulso; V - estabelecer o número de vagas, a forma e a periodicidade para acesso ao registro do trabalhador portuário avulso; VI - expedir os documentos de identificação do trabalhador portuário; e VII - arrecadar e repassar aos beneficiários os valores devidos pelos operadores portuários relativos à remuneração do trabalhador portuário avulso e aos correspondentes encargos fiscais, sociais e previdenciários. Parágrafo único. Caso celebrado contrato, acordo ou convenção coletiva de trabalho entre trabalhadores e tomadores de serviços, o disposto no instrumento precederá o órgão gestor e dispensará sua intervenção nas relações entre capital e trabalho no porto. Art. 33. Compete ao órgão de gestão de mão de obra do trabalho portuário avulso: I - aplicar, quando couber, normas disciplinares previstas em lei, contrato, convenção ou acordo coletivo de trabalho, no caso de transgressão disciplinar, as seguintes penalidades: a) repreensão verbal ou por escrito; b) suspensão do registro pelo período de 10 (dez) a 30 (trinta) dias; ou c) cancelamento do registro; II - promover: a) a formação profissional do trabalhador portuário e do
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