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3ºAula Engenharia organizacional Caros(as) alunos(as), nessa aula, aprenderemos à respeito da importância da Estratégia de Produção e sobre a área de Gestão de Projetos, de modo que vem crescendo a cada dia e gerando mais oportunidades para os egressos em Engenharia de Produção. Vamos lá? Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • Entender a importância da definição de estratégias empresariais, mais especificadamente da Estratégia de Produção; • Conceituar projeto e gerenciamento de projetos; • Compreender os três pilares do gerenciamento de projetos e a sua importância para as organizações atualmente; Introdução à Engenharia de Produção 18 1 - Estratégia de Produção 2 - Gerenciamento de Projetos Seções de estudo 1 - Estratégia de produção Em meados da década de 70, a maioria das empresas nos Estados Unidos da América buscavam a diferenciação no preço de seus produtos, deixando de lado outros atributos, como variedade de produtos, níveis de defeito, tempo de entrega etc. No início dos anos 80, essa realidade começou a sofrer alterações, graças ao sucesso das empresas japonesas que utilizavam a qualidade como um diferencial competitivo (HAYES, PISANO, UPTON, WHEELWRIGHT, 2008). Dessa forma, passou-se a pensar no negócio de uma maneira mais sistêmica, com ações voltadas para o atendimento da necessidade e anseios dos consumidores. Em decorrência do aumento dos mercados consumidores, diversificação das necessidades dos clientes e avanços tecnológicos, houve uma busca pela melhoria dos processos fabris, visando o aumento da produtividade e qualidade de uma maneira geral. Hayes, Pisano, Upton, Wheelwright (2008) defendem que, atualmente, em um cenário de desaceleração econômica global, os negócios tornaram-se mais complexos do que eram nos anos 80 e 90, e mudanças repentinas, descobertas estratégicas e líderes natos não são mais tão eficazes para lidar com mudanças. Assim, segundo os autores, a excelência operacional é a chave para o sucesso duradouro, exigindo coerência e consistência na estratégia de produção e tecnologia. A estratégia de produção, ou operações, pode ter um enorme impacto na competitividade das empresas, já que compreende, além dos fatores externos, todos os recursos distribuídos pela empresa (SLACK E LEWIS, 2009). A estratégia de operações tem uma importância vital para o sucesso da organização, pois está no centro das operações, alinhando as estratégias da empresa com os processos produtivos. Segundo Hayes et al. (2008), os processos internos podem estar relacionados a aspectos externos como níveis de concorrência, fornecimento de materiais e a relação entre demanda e oferta global. Portanto, as estratégias organizacionais devem considerar, simultaneamente, estas possibilidades e utilizar ferramentas para aprimorar e controlar os processos. A Estratégia de Produção, segundo Hayes et al. (2008), é definida como um conjunto de políticas, metas e restrições impostas por uma organização, planejando, dirigindo e desenvolvendo os recursos investidos para cumprir sua missão. Slack e Lewis (2009) a descrevem como um método para assegurar vantagem competitiva, pois objetiva-se a formar um padrão coerente de decisões e organizar os recursos produtivos com o intuito de elevar o desempenho da organização, e consequentemente, aumentar sua capacidade competitiva no mercado. Complementando os dois conceitos destacados anteriormente, Paiva et al. (2009) destacam que, na atual conjuntura, Estratégia de Produção nada mais que uma adaptação entre um sistema produtivo estável e um ambiente dinâmico, onde a organização é responsável por se ajustar da melhor maneira possível ao ambiente de maneira externo. Logo, a Estratégia de Produção busca direcionar uma organização no alinhamento e transformação dos recursos que propiciarão a implementação eficaz da estratégia da empresa. Hayes et al. (2008) defende que, para obter o resultado desejado, a estratégia deve englobar uma grande quantidade de atividades, tanto operacionais quanto estratégicas, e operar em um longo espaço de tempo, concentrando recursos e esforços em uma variedade limitada de objetivos. As organizações apresentam três níveis estratégicos: estratégia da corporação, estratégia de negócios e estratégia funcional (PAIVA et al., 2009). Segundo o autor, estratégia de corporação é definida para todo o grupo empresarial. Já a estratégia de negócios se limita às unidades de negócio e empresa, destinando-se a conquista e manutenção da vantagem competitiva. Enquanto que a estratégia funcional abrange as estratégias de operação, ligada às áreas da unidade estratégica de negócios. Figura – os níveis estratégicos de uma organização Fonte: Adaptado de Paiva et al. (2009) A estratégia de produção tem como função compreender e se antecipar às mudanças do ambiente competitivo, adequando suas operações para que atendam aos desafios atuais e futuros. Abrange todo o ambiente empresarial, não se limitando somente aos processos individualmente, mas sim, ao processo total de transformação dos recursos (SLACK e LEWIS, 2009). Slack e Lewis (2009) identificaram quatro “perspectivas” no que diz respeito à estratégia de operações: de cima para baixo, de baixo para cima, recursos de operações e requisitos do mercado. As quatro “perspectivas” se correlacionam e se complementam, a fim de formar a estratégia de operações propriamente dita. Os requisitos de mercado guiam as decisões a serem tomadas nas operações, as quais influenciam de baixo para cima a estratégia da empresa. Com base nos requisitos de mercado e nas operações, são definidos os recursos necessários para que o atendimento dos clientes seja realizado, e assim, seja definida a estratégia corporativa, que influencia de cima para baixo a estratégia de negócio (SLACK e LEWIS, 2009). 19 2 - Gestão de projetos Fonte: Slack e Lewis (2009). Figura – estratégia de operações em quatro perspectivas Os requisitos de mercado, ou critérios competitivos, e o nível das decisões tomadas a longo prazo são os principais elementos que definem o conteúdo de uma estratégia de produção em uma organização (PAIVA, CARVALHO JR. e FENSTERSEIFER, 2009). Segundo Slack et al. (1999), o resultado da função produção pode ser mensurada por meio de cinco critérios competitivos, também chamada por ele de objetivos de desempenho básico: • Qualidade: nível de qualidade dos bens e serviços; • Velocidade: rapidez de entrega dos bens e serviços; • Confiabilidade: confiança transmitida ao cliente na entrega dos bens ou serviços; • Flexibilidade: capacidade da produção em responder às mudanças das necessidades dos clientes; • Custo: preocupação constante na diminuição dos custos sem prejudicar a operação. Os requisitos de mercado, também chamados de critérios competitivos ou ainda, objetivos de desempenho, tem a função básica de transmitir informações para a operação com o intuito de satisfazer as necessidades dos clientes (SLACK e LEWIS, 2009). Podem ser definidos como um conjunto de prioridades definidas pela empresa para competir no mercado, que além de servir como ponto de referência, também permite o monitoramento e controle dos processos produtivos, a fim de atingir os resultados pretendidos (DIAS, 2002). Contudo, uma organização atender com excelência a todos critérios competitivos torna-se inviável, já que para cada um deles é necessário esforço operacional e financeiro. Dessa forma, é de suma importância compreender quais dos critérios competitivos são mais importantes para seus clientes. Uma maneira para definir o grau de importância dos critérios competitivos é classificá-los em três tipos: os qualificadores, os ganhadores de pedidos e os menos importantes (PAIVA, CARVALHOJR. e FENSTERSEIFER, 2009). Segundo Slack et al. (2009), os critérios ganhadores de pedidos são considerados pelos consumidores como motivos chaves para adquirir o produto ou serviço de determinada empresa. Os qualificadores devem estar acima da média, de maneira que seja identificado pelos clientes. Já os menos importantes deve atingir um nível satisfatório de execução, podendo ser imperceptível pelo cliente, mas sem prejudicar ou influenciar negativamente a operação. Portanto, além de considerar os aspectos operacionais, a estratégia de produção precisa estar alinhada com os requisitos de mercado mais importantes para o público alvo de determinada organização, a fim de manter sua competitividade, ou ainda, proporcionar um diferencial com relação a concorrência. Uma gestão eficiente torna-se fundamental nas organizações para driblarem a concorrência nos dias atuais. Nesse sentido, o gerenciamento de projetos (GP) e dos indicadores de desempenho tornam-se ferramentas essenciais para atingir os objetivos das organizações. Mas antes de falarmos disto, que tal entendermos o que é um projeto? Segundo o Instituto de Gestão de Projetos (PMI, 2008), projeto é um esforço temporário que visa a criação de um produto, um serviço, ou ainda, um resultado exclusivo, podendo ser temporário ou duradouro. Para Carvalho e Rabechini Jr. (2011, p. 22) todo projeto tem um início e fim determinados, sendo que o resultado gerado é algo único. Complementando as duas definições anteriores, Meredith e Mantel (1985) afirmam que um projeto é algo exclusivo, devido aos objetivos e resultados serem específicos e as entregas singulares, não importando a dimensão do projeto, já que as ações desenvolvidas são únicas, requerendo esforços e conhecimentos distintos. O guia do corpo de conhecimentos de gestão de projetos (PMBOK, 2004) divide o projeto em quatro partes: iniciação, planejamento, controle e encerramento. Ainda segundo o mesmo guia, por meio do ciclo de vida do projeto são definidas as atividades que conectam o início do projeto ao final. Para Menezes (2003), o grande benefício do ciclo de vida do projeto é observar antecipadamente e de forma detalhada o que pretende-se realizar ao longo do caminho, prevendo o consumo de recursos a cada etapa. Outro ponto de destaque mencionado pelo autor é o estudo de viabilidade prévio do projeto, em outras palavras, o anteprojeto. Portanto, tal técnica possibilita um aprofundamento das ideias e conceitos para que o gerenciamento do projeto aconteça, possibilitando o alcance do resultado final. Tendo em vista a importância da gestão de excelência nas organizações, emergiram técnicas de gerenciamento de projetos para auxiliar nesta tarefa. Para Meredith e Mantel (1985), cinco foram os fatores responsáveis para tal: (i) a necessidade de criação de bens e serviços de alta complexidade, customização e sofisticação; (ii) o aumento do nível de conhecimento humano; (iii) a forte concorrência e consequente necessidade de diferenciação; (iv) o avanço tecnológico; (v) o crescimento das organizações. Entende-se como gerenciamento de projetos a aplicação de habilidades, conhecimento, técnicas e ferramentas às etapas do projeto, com o objetivo de se alcançar o resultado esperado (PMI, 2008). Carvalho e Rabechini Jr. (2011) complementam, afirmando que o gerenciamento de projetos incluem planejamento, supervisão, organização e controle, seguindo um processo contínuo para alcance dos objetivos. Relatam ainda, que o gerenciamento de projetos implica Estratégia coorporativa Estratégia de negócio De cima para baixo De cima para baixo Capacidade Redes de Suprimentos Tecnologia de processo Desenvolvimento e organização Qualidade Velocidade Confi abilidade Flexibilidade Custo Sentido emergente do que a estratégia deveria ser Experiência operacional Recursos de operações Requisitos de mercado Estratégia de operações Introdução à Engenharia de Produção 20 Retomando a aula Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar essa aula, vamos recordar: em administrar as restrições de escopo, prazo e custo, cuja alternância afeta a qualidade final do projeto. Meredith e Mantel (2003) defendem que o gerenciamento de projetos é um processo disciplinado e que tem como meta garantir o atendimento aos objetivos propostos, respeitando custos, prazo e nível de desempenho requerido, a partir do envolvimento de pessoas em atividades que demandam organização, planejamento e controle das tarefas e recursos alocados no projeto. Para que todo o gerenciamento do projeto tenha um resultado final de qualidade, é de suma importância que haja um equilíbrio entre as variáveis custo, tempo e escopo. Figura – Variáveis que guiam a qualidade do gerenciamento de projetos Fonte: adaptado de Carvalho e Rabechini Jr. (2008). Tempo diz respeito ao atendimento do prazo durante a execução das atividades e ao longo do projeto como um todo. Custo está relacionado aos valores dispendidos com os recursos responsáveis pela execução e acompanhamento das tarefas. Escopo remete ao atendimento das necessidades dos clientes, e quem sabe ainda, superação das suas expectativas. Segundo Carvalho e Rabechinni Jr. (2008), para que um projeto alcance o sucesso em sua implementação precisa atender a estes três critérios, guiando os esforços para o critério mais importante do ponto de vista do cliente. Afirmam ainda que segundo estes critérios, estabeleceram-se dez fatores para a gestão de projetos: “missão do projeto, suporte gerencial, planejamento, cliente consultor, questões de administração de pessoal, tarefas técnicas, cliente aceite, monitoramento, comunicações e gerência conciliadora”. Devido ao dinamismo e desafios do ambiente corporativo, os profissionais envolvidos no gerenciamento dos projetos necessitam de elevado conhecimento e flexibilidade para conseguirem gerenciar os projetos respeitando as características de cada um, buscando sempre o equilíbrio entre custos, tempo e escopo (CARVALHO; RABECHINI JR., 2008). As pessoas, ou seja, os recursos humanos, são a cerne das questões no gerenciamento de projetos. Segundo Carvalho e Rabechini (2008) as pessoas talvez sejam as questões mais desafiadoras, pois elas quem utilizam as metodologias e ferramentas e detém as competências necessárias para aplica- las, individualmente ou em equipe. E quais as características necessárias que um gerente de projetos necessita ter? O gerente de projetos é o indivíduo que mantém a autoridade sobre o projeto como um todo. Meredith e Mantel Jr. (2009) defendem que o gestor necessita ter a credibilidade necessária para passar confiança à equipe, sensibilidade para identificar os desvios e possíveis problemas, liderança para guiar e inspirar seus comandados, ética e capacidade para lidar com adversidades e stress. Em outras palavras, o gerente de projetos, além de dominar as técnicas e ferramentas da área, deve ter excelência na área de gestão de pessoas, já que necessita escolher sua equipe, gerenciar os conflitos, resolver problemas e motivar em busca dos melhores resultados. Portanto, o gerenciamento de projetos visa a implementação de melhorias nas organizações, atuando paralelamente em relação às rotinas empresariais. Possibilita a integração entre setores de uma organização, propiciando a multidisciplinariedade, com o intuito de se obter os melhores resultados possíveis. 1 - Estratégia de Produção A Estratégia de Produção busca integrar o ambiente interno ao externo, de forma a definir o planejamento de curto a longo prazo com base nos requisitos do mercado consumidor, alinhando os recursos internos com a capacidade produtiva. A Estratégia de Produção é composta por três níveis estratégicos: estratégia da corporação, estratégiade negócios e estratégia funcional. Outro ponto de destaque é a divisão da Estratégia de Produção em quatro perspectivas: de cima para baixo (estratégia corporativa influenciando a estratégia de negócio), requisitos de mercado (critérios de desempenho), de baixo para cima (experiência operacional influenciando as estratégias) e recursos de operações. 2 - Gestão de Projetos Com relação ao Gerenciamento de Projetos, definiu-se que o projeto é algo exclusivo com início e fim determinados, visando o atendimento dos objetivos e o sucesso do resultado final. O Gerenciamento de Projetos abrange um conjunto de conhecimentos e técnicas que objetiva-se a atender os três critérios definidos como essenciais para alcance do sucesso de um projeto, são eles: custo, escopo e tempo. Além disto, evidenciou-se a importância dos recursos humanos em todo este processo, já que são eles que devem deter as competências necessárias para utilizar as ferramentas e gerenciar as etapas do projeto. 21 CARVALHO, M. M.; RABECHINI JR., R. Construindo competências para gerenciar projetos: Teoria e casos. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2008. SLACK, N.; LEWIS, M. Estratégia de operações. 2.ed. Bookman: Porto Alegre, 2009 <https://www.falconi.com/gesta-a-vista/como-tirar-a- estrategia-do-papel/>. → Nessa entrevista, o professor e consultor Vicente Falconi compartilha seu conhecimento sobre estratégias empresariais. Na oportunidade, responde a perguntas e esclarece dúvidas sobre o assunto, relatando suas experiências na área. < h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=9mCQORwPY-A&t=118s>. → O vídeo sugerido traz conceitos e ensinamentos a respeito da área de Gestão de Projetos. Utiliza-se de exemplos para melhor compreensão por parte do telespectador, proporcionando uma ideia global do que é um projeto e como gerenciá-lo. Vale a pena Vale a pena ler Vale a pena acessar Minhas anotações
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