Buscar

PROJETO RANICULTURA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PROJETO INSTAURAÇÃO DE CULTURA ZOOTÉCNICA
RANICULTURA
São Paulo
2016
PROJETO INSTAURAÇÃO DE CULTURA ZOOTÉCNICA
RANICULTURA
Projeto apresentado como exigência parcial para a disciplina Bases da Criação Animal, do curso de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Profª Thalita Cucki.
São Paulo
2016
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1– Consumo alimentar diário para girinos............................................ 15
Tabela 2 – Consumo alimentar diário para rãs ................................................ 18
INTRODUÇÃO
A ranicultura paulista teve seu início em 1939. O estado de São Paulo e do Rio de Janeiro possuem a maior concentração de consumidores da carne de rã, por esse motivo, instaurar um ranário nessa região é, sem dúvidas, uma boa escolha. 
Atualmente, pode-se dizer que a rã-touro é a única espécie utilizada pelos ranários comerciais brasileiros, por ter se adaptado rapidamente as condições a que foi submetida. Além disso, o Brasil possui vantagem frente a outros países, sendo o único que faz criação em cativeiro. 
Mesmo com a concorrência de outras carnes e um certo preconceito por parte de alguns consumidores, a carne de rã vem ganhando cada vez mais destaque no mercado. Seus subprodutos também possuem procura por parte de instituições para pesquisas, industrias de couro, etc. 
Outras vantagens que fazem com que a ranicultura se sobressaia perante outras culturas é a necessidade de uma área pequena para a construção de um bom ranário, o que a coloca a frente da pecuária, por exemplo, e também o manejo que se destaca frente a piscicultura, pois não há necessidade de rede de arrasto nem de grande quantidade de água.
A instauração de novas tecnologias para facilitar o processo de criação, aliada a crescente procura pelo produto e a pouca concorrência, faz com que um produtor dedicado, paciente e com boa técnica alcance rápido o sucesso que almeja. Para um melhor retorno financeiro, indicamos a comercialização da carne, após o abate, pelo próprio produtor. A venda de girinos e matrizes para outros produtores também pode ser uma alternativa rentável. 
OBJETIVO
 Comercialização dos produtos e subprodutos da rã e venda de girinos e matrizes para outros produtores.
JUSTIFICATIVA
 Ao investir na ranicultura, o produtor irá se deparar com um mercado promissor e com uma demanda que cresce a cada dia. Além disso, a concorrência é mínima, o que ocasiona um cenário favorável para que a produção seja rentável. Outro fator importantíssimo é que a região onde será feita a criação possui um clima propício para o desenvolvimento da mesma e fica próximo de abatedouros, o que diminui os custos de transporte, além de ser de fácil acesso, o que facilita as atividades do ranário, a escoação de produtos e a entrada de insumos.
REVISÃO DE LITERATURA
Mercado
 Em 1935 foi introduzido no Brasil o primeiro exemplar de rã-touro gigante, hoje a única produzida comercialmente no país. Somente a partir da década de 80 é que foi criado o sistema de confinamento que propiciou considerável avanço na criação da cultura no país. Ao longo desses anos, a ranicultura brasileira passou por diversas fases, com oscilação do número de produtores e alternância das tecnologias de criação. 
 Atualmente, o Brasil é o segundo maior país produtor de rãs no mundo. O produto da rã mais comercializado é a carne fresca, congelada ou processada, cujo excelente sabor e qualidades nutricionais tem propiciado crescimento considerável do seu consumo. No exterior, a coxa é a parte de maior aceitação, já no Brasil a preferência é pelo resto da carcaça.
 A carne de rã é considerada um produto saudável por diversos motivos. Ela tem um baixo teor de gordura e níveis de colesterol, é de fácil digestibilidade, em torno de 97,3% de aproveitamento e é rica em vitaminas e sais minerais, como cálcio ferro e potássio. A carne não reage negativamente com as paredes intestinais podendo ser consumida por crianças e adultos com alergias gastrointestinais causadas por alimentos diversos. É muito requisitada por restaurantes “gourmet” por ser vista como uma iguaria gastronômica. 
 Além da carne in natura, estudos apontam que o mercado tem grande potencial de receptividade para os produtos industrializados da rã como linguiça, hambúrguer, carne defumada, enlatada e farinha. Fora isso, existe a pele de rã que curtida se transforma num dos mais nobres couros que se tem notícia. Porém, ainda não há volume suficiente para atender esse mercado.
 No que se refere a preços, atualmente, a carne de rã é vendida pelo produtor direto ao consumidor por R$ 35,00/kilo. Se for só a coxa chega a R$ 45,00/kilo. Caso a venda seja ao distribuidor, o preço cai em torno de 20 a 30%. O produtor pode também vender a rã viva, que varia, em média a R$ 9,50/kilo. As grandes redes de supermercados oferecem a rã ao consumidor por R$ 50,00 a R$ 80,00/kilo, e, como a demanda é maior que a oferta, a carne é vendida rapidamente.
 No mercado internacional, que tradicionalmente é abastecido pelo extrativismo, países que permitem a caça, fornecem à Europa e à América do Norte, o quilo de coxa de rã ao preço de 6 a 8 dólares. O caráter predatório da captura nesses países tem provocado reação dos movimentos ambientalistas. Existem perspectivas de que, em breve, haja restrições às importações deste produto por parte dos países consumidores. Esse cenário coloca o Brasil em posição favorável, uma vez que, é detentor de tecnologia avançada de produção de rãs em cativeiro, além de possuir condições climáticas favoráveis em grande parte de seu território.
 O mercado interno para a carne de rãs apresenta um elevado potencial e vem se expandindo gradualmente. A maior concentração de consumidores está nas regiões metropolitanas do Rio (50%) e de São Paulo (30%). Esta concentração se deve fundamentalmente à existência de uma moderna infraestrutura de comercialização nessas áreas, o que permite um fornecimento regular do produto. 
Características gerais da cultura 
 A rã-touro (Lithobates catesbeianus) é originária dos Estados Unidos e foi escolhida para ser introduzida no Brasil por apresentar excelente adaptação às condições climáticas locais e um rápido desenvolvimento em relação a reprodução e engorda, passando a atingir rapidamente maturidade sexual e peso de abate. Ela vive em média 16 anos sendo de 10 anos a sua capacidade reprodutiva. É considerada a terceira maior do mundo em tamanho, chegando aos 30 cm de comprimento total e 2,5 kg de peso.
 Como a maioria dos anfíbios ela acasala-se na água, onde seus ovos são depositados e onde as larvas, denominadas girinos, vivem e crescem até se metamorfosearem em rãs jovens.
 O corpo da rã é coberto por um tecido epitelial fino e flexível (pele), responsável, não só pela barreira contra organismos infectantes, mas também pela absorção de água (não bebem) e complementa na respiração (cutânea). Na rã-touro existe o dimorfismo sexual (diferenças morfológicas entre machos e fêmeas), o tipo de gônada presente no animal (testículo ou ovário) é a sua característica sexual primária e a secundária, é aquela que indica, externamente, qual é o seu sexo. Os caracteres secundários podem variar de intensidade quando se aproxima o período reprodutivo, tornando-se mais evidentes quando a rã está apta para o acasalamento. Os machos da rã-touro possuem uma esponja ou calo nupcial no polegar, a região gular com tonalidade amarelada mais forte e um diâmetro do tímpano maior do que as fêmeas.
 Somente os machos coaxam (embora as fêmeas também emitam sons) e o som do coaxar se assemelha ao mugido de um boi, daí a origem do nome rã-touro (em inglês bullfrog).
 A rã é um animal muito exigente em relação a temperatura, alimentação e ao manejo, sendo de extrema importância que o ambiente no qual for inserida possua fatores que lhe proporcionemum desenvolvimento correto. 
 Sua temperatura e metabolismo varia de acordo com a temperatura do ambiente, por isso é um animal ectotérmico (sangue frio). Quanto a alimentação e nutrição, se feitas numa faixa de temperatura ideal acarreta um maior consumo de alimentos por parte dos animais, possibilitando maior ganho de peso em menor espaço de tempo. 
 Sendo um animal carnívoro, o ato de canibalismo é característico da rã, mas também consomem outros animais como peixes, insetos, mamíferos pequenos (ratos), etc. Um fator que deve ser levado em consideração é que o policultivo não é viável para se fazer com a rã, pelos motivos citados acima.
 O ambiente deve ser o mais tranquilo possível, pois a rã se estressa facilmente o que pode prejudicar etapas importantes da criação, por exemplo um aborto na fase de reprodução. 
PROJETO 
Local
 A escolha do lugar para se implantar um ranário é muito importante e deve-se levar em conta alguns fatores. Primeiramente, o lugar escolhido deve ter em média de 500 a 700 m² de área construída. Deve ser um ambiente tranquilo, terreno plano e de fácil acesso para a comercialização. 
 A propriedade deve possuir uma fonte de água que permita o abastecimento por gravidade, economizando em gastos com energia elétrica. Recomenda-se ter a fonte dentro da propriedade para poder controlar a qualidade da água. A temperatura preferencial é entre 23º a 25ºC pois a água fria diminui o ritmo de crescimento. A água deve ir ao ranário a “céu aberto” ou tubo de plástico. Canos de ferro galvanizado contêm zinco que intoxicam o girino. Chumbo ou cobre também são ruins, pois, mesmo em baixa concentração causam prejuízos.
 O clima ideal é de 27ºC a 30ºC. Nunca inferior a 18ºC. Evite áreas muito sombreadas como fundos de vales ou com vegetação muito alta, assim como áreas muito ensolaradas.
 Levando em consideração essas informações, recomendamos a área de Itatiba, devido à proximidade de centros consumidores e dos frigoríficos específicos para abate de rã, localizados em Jundiaí e em Atibaia, cidades que se encontram a apenas 30 minutos de Itatiba. Além do clima propício. 
Animais
 A espécie a ser utilizada será a Lithobates catesbeianus, conhecida popularmente como rã-touro. É considerada um animal exótico, pois é originária do EUA (nordeste) e do Canadá (sudeste), onde vive em temperaturas muito baixas durante vários meses do ano. Já muito bem adaptada as condições climáticas do Brasil, possui diversas características favoráveis, como o seu rápido crescimento, alto número de ovos e facilidade de manejo. 
CICLO DE PRODUÇÃO
 Recomendamos utilizar o ciclo completo, pois, para o ciclo parcial o produtor deverá contar com a existência de outros produtores nas redondezas da fazenda para fazer a continuação do ciclo, porém, como dito anteriormente, não há tanta concorrência, o que dificulta a continuação da criação fora de sua propriedade.
SISTEMA DE PRODUÇÃO
 O sistema de produção recomendado é o sistema intensivo, porque a cultura em questão exige cuidados com o ambiente/manejo que só esse sistema poderá oferecer e com isso o índice de mortalidade na criação será menor. 
SETORIZAÇÃO
Estrutura física
 Por conta da variação da rã de acordo com seu crescimento e desenvolvimento, o ranário deve ser construído de acordo com cada necessidade do animal. Será utilizado o Sistema Anfigranja cuja estrutura é toda de alvenaria, disposta sob um galpão coberto com telhas de amianto. É indicado que os tanques sejam feitos de alvenaria pois os mesmos facilitam o manejo (menos mão-de-obra), tem maior durabilidade, menor custo, aproveitamento maior de espaço, melhor qualidade da água, controle de alimentação, uma triagem simplificada e uma densidade populacional maior. É o sistema de maior produtividade na história da ranicultura, pois possibilita um bom desempenho no crescimento das rãs e também baixos índices de mortalidade. 
 O Setor de Reprodução é constituído de duas áreas distintas: as baias de mantença ou manutenção e as de acasalamento (motel). Na primeira, as rãs reprodutoras são mantidas confortavelmente durante todo o ano, sendo transferidas para as baias de acasalamento quando o ranicultor necessita de desovas. Essas baias de acasalamento podem ser para apenas um casal de cada vez (individualizadas), ou para vários casais (baias coletivas). Após a reprodução, a desova é transferida para o setor de girinos, e o casal retorna para a baia de mantença.
 O Setor de Girinos é formado por um conjunto de tanques, construídos em tamanho e número proporcional ao porte do empreendimento. A desova é depositada, num primeiro momento, nos tanques de eclosão com uma incubadora, onde ocorrerá o desenvolvimento embrionário até a saída das larvas, as quais, decorridos alguns dias, darão origem aos girinos propriamente ditos. Nos tanques, os animais vão se desenvolver até a metamorfose.
O Setor de Recria é constituído de baias de pré-engorda e engorda, possuem abrigos, cochos e piscinas dispostos linearmente e adequados ao tamanho dos animais. As baias de pré-engorda, recebem os imagos após a metamorfose, oriundos ou não de uma mesma desova. Quando as rãs alojadas nessas baias alcançam de 20 a 30g, são transferidas para as baias de engorda, que são destinadas a receberem lotes uniformes de rãs oriundas das baias de pré-engorda, onde permanecem até atingirem o peso de abate. 
Após o termino das obras recomenda-se fazer uma lavagem com vinagre e cloro em toda a área cimentada 15 dias antes de colocar rãs no local. O cimento fresco é responsável pelos altos índices de mortalidade no 1º lote colocado nas baias, além de provocar escarras na pele da rã e o vinagre neutraliza esse efeito. O cloro irá matar as bactérias nocivas aos animais.
Equipamentos
- Tubos da rede hidráulica: diâmetro dos tubos de entrada deve ser de 3/4 a 1 polegada e os de saída devem ser 3 a 4. Deve-se evitar o excesso de curvas para impedir entupimentos;
-Bombas aquáticas;
- Telas de proteção contra predadores (aves, ratos, morcegos, etc);
- Circulador de ar para evitar desenvolvimento de fungos;
- Bandejas/baldes para coleta dos ovos;
- Comedouros;
- Equipamentos veterinários, etc.
MANEJO SETORIZADO
Reprodução
Este setor é onde os animais reprodutores devem permanecer durante as épocas mais quentes do ano. É também usado para os animais se recuperarem do esforço reprodutivo. Nestes locais, eles são separados por sexo e tamanho, alimentados adequadamente e tratados quando apresentam algum dano externo ou fisiológico. Assim como os demais setores, é coberto de tela (sombrite 50%), para evitar a entrada de predadores e também o excesso de radiação solar. Deve-se ficar atento a temperatura e a iluminação no local, pois são fatores que influem diretamente no desempenho dos animais.
Para a escolha de um bom reprodutor deve-se observar algumas características como, peso corporal dos animais (acima de 250 g), idade (não superior a 3 anos) e ausência de danos (machucados) externos. Dê preferência aos animais que apresentem pernas longas e uma boa conformação corpórea. Tomar cuidado com a procedência dos animais para evitar problemas de consanguinidade, que pode resultar no aparecimento de animais com deformações, queda de produção, etc. Para introduzir novos animais no ranário, deixá-los de quarentena a fim de verificar se realmente estão sadios.
O setor de reprodução é dividido em duas partes, as baias de mantença/manutenção e as baias de acasalamento, os chamados motéis. 
Nas baias de mantença ficam machos e fêmeas separados, esperando a época de acasalamento. Deve ser feita de alvenaria e é normalmente constituída por uma área seca com uma piscina central, onde são distribuídos abrigos para a proteção dos animais, além dos comedouros que deverão ser feitos longe da água para evitar a contaminação. Recomenda-se uma densidade de 10 rãs/m². 
Já as baias ou tanques de acasalamento é onde machos e fêmeasse encontram. Recomenda-se que seja no tamanho de 35 a 40 m². Abrigam os casais por no máximo 5 dias quando ocorre o acasalamento sendo 1 casal/m². Devem medir 1,00 x 1,00 x 0,15 m. A quantidade de água do tanque principal deverá estar entre 20 e 30% da área total (superfície) do setor de reprodução (sem contar a água dos tanques de postura), e sua profundidade não deverá ser superior a 0,20 m. a temperatura dessa água deve estar entre 23ºC a 25ºC.
O abastecimento de água dos tanques deverá ocorrer em fluxo contínuo. Nos tanques de postura, as entradas e saídas devem ser independentes, e sugere-se evitar a intercomunicação entre eles, para que não ocorram contaminações por agentes patogênicos, doenças e outros fatores prejudiciais.
Nos períodos de reprodução abra os tanques de Reprodução ligados às baias de mantença, esses serão escolhidos como território pelos machos. Nessa ocasião, os machos começam a coaxar para atrair a atenção das fêmeas e disputam os territórios escolhidos, defendendo-os, muitas vezes, até a morte. A cópula acontece dentro da água e geralmente à noite. Os óvulos são colocados sobre a água e o esperma depositado sobre eles, ocorrendo então uma fecundação externa.
A alimentação é feita com ração peletizada, ou seja, uma pequena porção de matéria alimentar prensada em forma de pequenos cilindros, evitando desperdício de alimento e aumentando a capacidade de estocagem. A ração para trutas é utilizada com bastante sucesso, e o teor proteico varia de 46% na fase de crescimento a 48% na fase inicial. Antigamente se usava ração misturada com larvas de moscas devido ao instinto predatório da rã, era necessário um estímulo para que os animais comessem a ração, dando a impressão para os animais que estavam caçando, assim a proporção entre larvas e a ração deveria ser de 20% larvas e 80% ração. Porém atualmente esse método está abandonado, os animais estão sendo acostumado a comerem apenas o alimento artificial, o condicionamento deve ocorrer desde a fase de girino.
A rã é um animal que sempre foge ou se esconde ao menor sinal de perigo. Então, é muito importante evitar situações de estresse para o animal, principalmente na época de reprodução. O estresse pode causar “abortos” (perda dos óvulos por extravasamento, que geralmente ocorre em locais secos) e ser o fator gerador de diversos tipos de doenças. Assim, aconselha-se evitar barulho em excesso, troca constante de tratadores, limpeza muito frequente ou qualquer outra situação estressante.
A coleta de desovas é feita nos tanques de postura com o auxílio de bandejas/baldes. A diferença de temperatura entre a água do tanque de postura e da bandeja deve ser observada, e recomenda-se que elas sejam similares para evitar o choque térmico. Em hipótese alguma a bandeja com a desova deve ser deixada ao sol. Depois da desova os casais voltam a mantença e os ovos vão para a seção de girinos.
Girinagem
Os ovos deverão, num primeiro momento, permanecer em tanques de eclosão até eclodirem. O que costuma ocorrer entre 3 a 5 dias. Esses tanques consistem em estufas, onde a temperatura não oscila não prejudicando a desova. Os tanques medem 1,00 x 1,00 x 0,15 m, e há também tanques maiores, com 0,40 m de profundidade, que são os chamados tanques de “start de crescimento”. Também são utilizadas incubadoras, colocadas dentro dos tanques de eclosão para manter os ovos na superfície visando melhor oxigenação. 
A densidade recomendada para esta fase é de dois ovos para cada litro de água, sendo que, deve-se levar em consideração que nem todos os ovos foram fecundados.
Após a eclosão, as larvas atingirão o estágio de nado livre, movimentando-se ativamente pelo tanque, neste momento deve-se retirar a incubadora. A partir desse momento, pode-se começar a fornecer alimento (ração) na forma farelada, em quantidades mínimas. O girino nessa fase é onívoro, mas ainda pode estar se alimentando de reservas nutritivas do ovo, e por isso é natural que ele se alimente pouco.
Setor de Estocagem: É comum o criador produzir mais girinos do que seus tanques podem comportar, ou ainda, que passe a época propícia e não tenha sido possível obter a metamorfose de grande parcela de seus girinos. Assim, uma das opções do criador é vender o excesso de girinos ou realizar a estocagem desses animais, impedindo sua metamorfose. Isso é possível controlando a temperatura da água, a densidade e a alimentação. 
A época mais fria do ano é a melhor para se fazer a estocagem de girinos, pois pode-se mais facilmente mantê-los em baixas temperaturas. A quantidade de alimento a ser oferecida é de 1 a 2% do peso vivo dos animais por dia. A densidade para estocagem é de no máximo 20 girinos/litro de água, conforme o tamanho do animal.
Pode-se utilizar nesse setor caixas d’água, tanques circulares, retangulares ou quadrados, com profundidade não superior a 0,50 m e excelente oxigenação.
Após o tempo de permanência nos tanques de eclosão, e, ou, passado o tempo no setor de estocagem, coloca-se os animais no setor de girinagem. O manuseio deve ser feito cuidadosamente, pois sua pele é delicada. O setor consiste em tanques com um grande espelho d’água e pouca profundidade (não podendo ultrapassar 0,40 m) pois tanques muito profundos comprometem o aquecimento da água e podem interferir na quantidade de oxigênio. A parte com água desse tanque é denominada Girinagem, e é onde o animal estará se movimentando e se alimentando. Em um dos lados do tanque deverá posicionar-se uma rampa seguida de uma canaleta, que será a parte denominada Metamorfose. Essa canaleta deverá ter uma lâmina de água (0,02 m) para hidratar a pele do girino e, quando adequadamente planejado, um pequeno abrigo, já com ração misturada.
A densidade nos tanques de crescimento e metamorfose é de 1 girino/litro de água. A alimentação deverá ser ração finamente moída, sendo que, quanto menor o tamanho das partículas da ração melhor será o seu aproveitamento. Deve ser lançada sobre a superfície da água. 
O girino nessa fase sofrerá mudanças fisiológicas e anatômicas muito complexas. Mudará o regime alimentar, de onívoro para carnívoro, e apresentará mudanças fisiológicas que envolvem uma queda de resistência. Devido a essas modificações, o animal, à medida que se aproxima da metamorfose, diminui o consumo de alimento, de forma que, a quantidade de alimento deverá ser reduzida durante os três meses de permanência no setor. No primeiro mês, recomenda-se fornecer 10% do peso vivo do animal por dia; no 2º mês, 5% e no 3º mês, 2%. Essas quantidades devem ser divididas em duas a quatro porções a serem ofertadas ao longo do dia. Mesmo com esse manejo, muitas vezes chega-se a atingir uma perda de 20% dos animais durante essa fase. A tabela a seguir demonstra o consumo alimentar diário dos girinos:
 Tabela 1 - Consumo alimentar diário para girinos 
	* PESO MÉDIO EM GRAMAS
	CONSUMO ESTIMADO EM PERCENTUAL
	0,1 gr.
	10%
	0,2 gr.
	9%
	1,0 gr.
	8%
	3,0 gr.
	7%
	 4,0 gr.
	5%
(Fonte: Emater-Rio)
Nos tanques de girinagem será preciso água abundante, entrando de forma vigorosa de modo a facilitar sua oxigenação, e uma saída suficiente para uma boa renovação. A água deve ser de boa qualidade, livre de poluentes e de predadores que costumam vir por canos, como, por exemplo, peixes, caramujos, larvas de libélulas e se possível livre também de algas e lama.
O tempo de permanência dos animais nesse setor será de aproximadamente três meses durante a primavera e verão.
A metamorfose do girino é subdividida nas fases pro-metamorfose, pré-metamorfose e clímax. Entretanto, pode ser dividida nos seguintes estágios:
G0 - Primeiros dias de vida (até 1 grama), se alimenta de microorganismos (bactérias, fungos, algas) flutuantes (planctônicos) ou aderidos na vegetação e outros substratos (perifiton). Passam a receber gradativamente ração em pó.
G1- Fase de crescimento onde ainda não se iniciou a metamorfose. Neste estágio, em algumas espécies de rãs, já ocorre o desenvolvimento do pulmão, o que possibilitaao girino respirar quando vem a superfície.
G2- Inicia-se a metamorfose: os membros se desenvolvem e já podem ser observados como dois pequenos apêndices na parte posterior do corpo.
G3- As patas posteriores agora já se exteriorizam quase totalmente, mas ainda não estão completamente formadas. Inicia-se a pré-metamorfose.
G4- Os girinos aproximam-se do clímax da metamorfose. As quatro patas estão totalmente prontas, as posteriores já têm a forma das pernas do adulto.
G5- É o clímax da metamorfose. Nesta fase, as patas anteriores exteriorizam-se. A cauda, ainda grande, afila-se, e vai sendo absorvida, gradativamente, fornecendo energia para o animal que, enquanto isto, não se alimenta. As principais modificações que ocorrem durante o clímax da metamorfose estão relacionadas com a respiração, a circulação, a digestão, os órgãos dos sentidos (olfato, visão) e com os membros. 
Pré-engorda
São tanques com uma piscina, abrigos e cochos que recebem os animais recém-metamorfoseados (imagos). São feitas triagens periódicas, pois após a metamorfose as rãs mudam seu hábito alimentar tornando-se carnívoras e sem essa separação por tamanho pode ocorrer perdas grandes. Por esse motivo, nesse setor os animais “aprendem a comer” e permanecem nele por 30 dias, passando de 4 a 5 g para 20 a 30 g. Outro ponto de importância desse setor é a seleção dos animais que passarão para os tanques de engorda.
Os imagos devem ser manuseados com cuidado e deve-se escolher as horas mais frescas do dia, trabalhando sempre na sombra. Ao se fazer uma triagem ou transporte de um tanque para outro, os baldes onde os animais serão colocados deverão ter pouca água, de tal forma que os imagos possam ficar apoiados no fundo.
A limpeza simples das baias e a troca de água deverão ser feitas diariamente, porém a limpeza completa de todas as baias deverá ser semanal ou quinzenal de acordo com a necessidade.
A taxa esperada de canibalismo, mortalidade e de que não se desenvolvem adequadamente é em média de 30%. As rãs que atingirem o peso médio esperado deverão ser transferidas para o setor de Engorda. 
Engorda
Nesta etapa os animais permanecerão durante mais três meses, com uma triagem por mês. Porém, caso haja, em algum momento, uma menor demanda pelo mercado, esse período de crescimento pode ser aumentado, com diminuição da temperatura e mudança na alimentação (ração com menor valor proteico) para que não haja excesso de produção e consequentemente baixa no preço do produto final. 
É composto por tanques os quais possuem as seguintes estruturas:
- Piscina: destinada ao atendimento das necessidades fisiológicas diárias das rãs, como regulação térmica, hidratação do corpo e evacuação.
- Abrigo: estrutura que pode ser de madeira, concreto ou fibrocimento, que funciona como refúgio para os animais, proporcionando-lhes maior segurança e tranquilidade e consequentemente, diminuir o atraso causado pela entrada dos tratadores por ocasião do fornecimento do alimento ou limpeza dos tanques. 
- Cochos: recipiente onde é colocado o alimento das rãs. Deve ser colocado longe das piscinas, para que não haja desperdício de alimento caído na água.
No sistema Anfigranja, que será utilizado, a piscina, abrigos e cochos, serão dispostos de maneira linear, permitindo uma distribuição mais uniforme dos animais no interior do tanque. Os tanques (de alvenaria), são construídos no interior de galpões com telhas de amianto, para um maior controle da temperatura ambiente necessárias ao seu desenvolvimento (30-35°C) e para que as rãs não fujam.
Os animais podem ser confinados na proporção de 50 rãs/m², já que são animais gregários e essa aglomeração não prejudica o crescimento do animal. 
Os animais ficam nesse setor até atingirem 170 gr a 180 gr (peso ideal de abate). A ração deve ser peletizada ou extrusada (ração com pouca umidade, banhada em óleos de origem animal e palatizantes) de peixes carnívoros, ou própria para rãs (porém é de difícil acesso), com cerca de 40-46% de proteína bruta. Com relação à quantidade de alimento a ser fornecida diariamente, deve-se levar em conta o peso do animal, como descrito na tabela a seguir: 
Tabela 2 – Consumo alimentar diário para rãs 
	Peso do animal
	% do Peso Vivo
	Até 50 gr.
	9%
	Até 65 gr.
	8%
	Até 90 gr.
	7%
	Até 110 gr.
	6%
	Até 150 gr.
	5%
	+ 150 gr.
	5%
(Fonte: Emater-Rio)
Com relação à limpeza das instalações o que deve ser feito é esgotar as piscinas e com auxílio de vassouras ou escovas retirar todas as sujeiras e em seguida enxaguar com bastante água, fazendo-se o mesmo com o piso. Para o caso do aparecimento de alguma doença, deve-se realizar uma desinfecção geral com o emprego de substâncias como cloro, cal, sal grosso (salmoura) ou ainda utilizar a vassoura de fogo (maçarico). Recomenda-se fazer isso nas horas mais frescas do dia. 
Os animais doentes devem ser separados, tratados e mantidos em observação. Os animais mortos devem ser removidos, incinerados ou enterrados em local apropriado. O tratamento de doenças, com a utilização de medicamentos, requer a orientação de um técnico capacitado e nem sempre é eficiente, além de ser muito caro.
Do setor de engorda as rãs vão para o abate. Lembrando que, cerca de 20 a 30 dias antes do abate não será mais necessário o uso de triagens e deve-se deixar o lote de rãs que serão abatidas 24 h em jejum antes do abate.
COMERCIALIZAÇÃO
 O produtor pagará ao abatedouro para abater e embalar a sua rã, e ele mesmo comercializará, podendo conseguir valores maiores do que somente vendendo aos frigoríficos. A carne será destinada a mercados e restaurantes “gourmet” para o consumo.
 Recomendamos também a venda de girinos e de matrizes para outros produtores. 
 No que se refere ao marketing da carne, recomenda-se a divulgação em revistas da área, como por exemplo a Panorama da Aquicultura. É viável também a utilização de redes sociais para divulgação além da criação de um site com todas as informações de interesse aos compradores, bem como imagens do produto, dos setores, equipamentos e demais acréscimos que vise ser importante.
RECOMENDAÇÃO AO PRODUTOR
Como a ranicultura é um ramo da aquicultura (arte de criar e multiplicar animais e plantas aquáticas), todo aquele que pretende montar o seu ranário é obrigado a fazer seu registro de aqüicultor junto ao Instituto Brasileira do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, conforme disposta na Portaria nº 95-N, de 30 de agosto de 1993. Para comercializar a sua produção o ranicultor também terá que obter e inscrição de produtor rural junto ao órgão competente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
MORAES, José Henrique Carvalho. Médico Veterinário- CRMV 5/1995. Ranários & Ranicultura. Rio de Janeiro, EMATER-RIO. Disponível em: <http://www.espacodoagricultor.rj.gov.br/pdf/criacoes/RANICULTURA.pdf>. Acesso em: 13.04.2016
FROTA, Maria Cristina. Revista Globo Rural. Vida na fazenda, como criar: rã. Projeto. Disponível em: <http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC957782-1641-3,00.html> Acesso em: 17.04.2016
FERREIRA, Cláudia Maris. Pesquisadora Científica - Instituto de Pesca. Boletim Técnico do Instituto de Pesca. São Paulo, 33, 2002, 15p. Disponível em: <ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/boletim_tec_33.pdf>. Acesso em: 13.04.2016
FERREIRA, Cláudia Maris. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Peixes Ornamentais. Ranicultura. Disponível em: <ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/ranicultura.pdf>. Acesso em: 13.04.2016
BELTRÃO, Kátia Regina de Alencar. Dossiê Técnico: Ranicultura. Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília – CDT/UnB. Julho de 2008. Disponível em: <http://www.respostatecnica.org.br/dossie-tecnico/downloadsDT/MTA3Ng==>. Acesso em: 09.04.2016 
RANAMIG, Equipe. Ranicultura. Disponível em: <http://www.ranamig.com.br/ranicultura/o-mercado-da-ranicultura/>. Acesso em: 09.04.2016
RECOLAST, Blog. Ranicultura: como está o mercado, e como criar. 11 de Março de 2016. Disponível em: <http://recolast.com.br/blog/sistema-de-criacao/ranicultura-mercado-e-como-criar/>.Acesso em: 09.04.2016
LIMA, Samuel Lopes. A Tecnologia da Criação de Rãs. Viçosa - MG: UFV, 1992. 166p. Disponível em: http://www.ufv.br/dta/ran/cria.htm. Acesso em: 09.04.2016

Continue navegando