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Insatisfação da imagem corporal, praticas alimentares e de emagrecimento em adolescentes do sexo feminino

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Insatisfação	da	imagem	corporal,	práticas
alimentares	e	de	emagrecimento	em
adolescentes	do	sexo	fem....
Article	·	May	2009
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1	author:
Some	of	the	authors	of	this	publication	are	also	working	on	these	related	projects:
Adiç`1	View	project
Reformulação	de	alimentos	View	project
Novello,	D
Universidade	Estadual	do	Centro-Oeste	do	Paraná	(UNICENTRO)
127	PUBLICATIONS			109	CITATIONS			
SEE	PROFILE
All	content	following	this	page	was	uploaded	by	Novello,	D	on	14	June	2014.
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Freitas AR et al.
166
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73
Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e de 
emagrecimento em adolescentes do sexo feminino
Dissatisfaction of body image, food and reduction of body weight practice in female adolescents
Descontento de la imagen corporal, la alimentación y la práctica de reducción de peso corporal 
en adolescentes del sexo femenino
Unitermos:
Adolescência. Insatisfação corporal. Transtornos 
alimentares. 
Key words: 
Adolescence. Corporal dissatisfaction. Alimentary 
disturbances.
Unitérminos:
Adolescencia. Descontento corporal. Agitaciones 
alimentícias.
Endereço para correspondência
Angélica Rocha de Freitas
Rua Capitão Rocha, 400, Bairro Trianon, Guarapuava – 
PR, CEP: 85017-260
E-mail: angerocha@gmail.com
Submissão
21 de julho de 2008
Aceito para publicação
2 de fevereiro de 2009
RESUmo
Introdução: A adolescência compreende a fase do ciclo de vida que se estende dos 10 aos 
19 anos de idade. Nesse período, ocorrem transformações que são influenciadas por fatores 
ambientais e genéticos. A insatisfação e distorção da imagem corporal, características marcantes 
dessa fase, contribuem consideravelmente para o desenvolvimento de transtornos alimentares, 
afetando principalmente as meninas. objetivos: O presente estudo teve como objetivo avaliar 
54 adolescentes do sexo feminino, matriculadas em um colégio particular no município de 
Guarapuava-PR, com idade entre 14 e 19 anos. método: Foram determinados seu estado 
nutricional e seu peso teórico, comparando-os com a percepção que as avaliadas têm sobre 
o próprio corpo. Resultados: Pelo Índice de Massa Corporal (IMC), percebeu-se que 1,85% 
das avaliadas apresentaram magreza grau III, 1,85% magreza grau II, 14,81% magreza grau 
I, estando a maioria eutrófica (75,93%) e apenas 5,56% com sobrepeso, não se encontrando 
nenhum caso de obesidade. Dentre essas adolescentes, 29,63% relataram estar contentes com 
o corpo e 70,37% relataram não estar, sendo que dessas, 66,67% gostariam de emagrecer. 
Nota-se que a distorção da imagem corporal ocorre entre essas adolescentes, uma vez que 
a maioria apresentou-se eutrófica e mesmo assim possuíam o desejo de diminuir seu peso. 
Conclusão: Ressalta-se que esse fator pode estar ligado à imagem de corpo ideal veiculado 
pela mídia, levando ao desenvolvimento de possíveis transtornos alimentares.
AbStRACt 
Introduction: The adolescence understands the phase of the life cycle that extends of the 
ten to the nineteen years of age. In this period, it occur transformations that are influenced by 
ambient and genetic factors. The dissatisfaction and distortion of the corporal image, marked 
characteristic of this phase, contributes considerable for the development of alimentary distur-
bances, affecting the girls mainly. objective: The present study it had as objective to evaluate 
54 adolescents of the female sex, registered in a particular college in the city of Guarapuava-PR, 
with age between 14 and 19 years. methods: To establish its nutritional state and its theoretical 
weight, comparing them with the perception that they have of the own body. Results: Through 
the Body Mass Index (BMI), it was perceived that 1.85% of the evaluated ones had presented 
leanness degree III, 1.85% leanness degree II, 14.81% leanness degree I, being normal the 
majority (75.93%) and only 5.56% with overweight, and none obesity case. Amongst these 
adolescents, 29.63% told to be contenting with the body and 70.37% told not to be, being that 
these, 66.67% would like to lose weight. It is noticed that the corporal image distortion occurs 
between these adolescents, a time that the majority is normal and exactly this it possessed 
the desire to decrease its weight. Conclusion: It is stand out that this factor can be connected 
to the image of ideal body propagated by the media, leading to the development of possible 
alimentary disorders.
1. Nutricionista formada pela UNICENTRO – Univer-
sidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava 
– PR. 
2. Professora MsC. Departamento de Nutrição da 
UNICENTRO.
3. Nutricionista formada pela UNICENTRO.
Angélica Rocha de Freitas1
Daiana Novello2
Laryssa Trevisan Gastaldon3
Paula Francielly Justino3
AArtigo Original
Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e de emagrecimento em adolescentes do sexo feminino
167
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73
INTRODUÇÃO
A adolescência é definida como a fase que se estende dos 10 
aos 19 anos de idade1. Sendo marcada pelo crescimento físico e por 
alterações corporais; durante esse período, as necessidades nutricio-
nais devem atender aos requerimentos fisiológicos aumentados2,3. 
Porém, observa-se na sociedade atual uma série de distúrbios 
nutricionais em adolescentes, provenientes tanto do excesso como 
da carência nutricional1,4,5. Esses distúrbios expõem os adolescentes 
a um período de risco nutricional, uma vez que estão associados 
à mudança nos padrões alimentares, influência dos amigos e 
inúmeras pressões sociais. Além disso, é bastante comum, nessa 
fase, a realização de dietas inadequadas e autoprescritas, com baixa 
ingestão de micronutrientes e que podem gerar danos à saúde2,3,6-10.
Segundo Silva et al.2, o adolescente passa por vários tipos de 
maturação, incluindo a biológica, a cognitiva e a psicossocial. Na 
fase psicossocial, ocorre definição da própria identidade, a busca 
de autonomia, o questionamento dos padrões familiares e inte-
ração grupal (fator de grande influência sobre a alimentação)11,12. 
Quando torna-se adolescente, o indivíduo é o resultado de uma 
pré-interação de padrões herdados da família com o ambiente onde 
vive. Essa interação é responsável, além de outras características, 
pelo desenvolvimento dos hábitos alimentares7,13. Juntamente com 
transformações hormonais e sociais, as modificações corporais 
passam a representar algo de extrema importância nessa fase14.
Com isso, em muitos adolescentes passa a existir uma preocu-
pação com a aparência, destacando-se também a grande insatisfação 
corporal. A distorção da percepção do corpo em adolescentes vem 
sendo destacada como o resultado de fatores sociais, influências 
socioculturais e da mídia, além do desejo de um corpo ideal, 
gerando grande insatisfação, principalmente em meninas7.
Fiates e Salles15 destacam que o sexo feminino, de maneira 
geral, é mais vulnerável às pressões sociais e culturais ligadas 
aos padrões estéticos. O fato da sociedade reprovar pessoas que 
estejam acima do peso e da mídia pressionar com padrões de 
beleza, desencadeia em muitas adolescentes o desejo de serem 
mais magras e utilizarem-se de técnicas não-saudáveis de controle 
de peso, podendo desenvolver transtornos alimentares, como a 
anorexia e a bulimia16-18. Ressalta-se, também, que os transtornos 
alimentares afetam com maior frequência adolescentes e jovens 
do sexo feminino (90% a 95% dos casos), desencadeando alte-
rações psicológicas e sociais, além do aumento da morbidade e 
mortalidade15,19-21.
Baseando-se nisso, o presente estudo teve como objetivo 
avaliar o estado nutricional de adolescentes do sexo feminino,comparando-o com a imagem corporal que estas possuem. Esse 
trabalho visou também à análise dos hábitos alimentares, bem como 
a existência da prática de dietas e outros métodos de emagrecimento 
entre adolescentes, que relataram insatisfação com seu corpo.
MÉTODO
O estudo foi realizado com 54 adolescentes do sexo feminino, 
com idade entre 14 e 19 anos, estudantes de um colégio particular 
do município de Guarapuava-PR, nos meses de julho a agosto de 
2006. Primeiramente, os responsáveis legais pelas adolescentes 
assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido para que 
as mesmas pudessem participar do trabalho.
Essas adolescentes foram pesadas em balança mecânica portátil, 
da marca Sunrise®, com precisão de 100 gramas e capacidade 
máxima de 130 quilogramas (kg). As mesmas foram pesadas sem 
sapatos e com roupas leves (uniforme escolar), descontando-se 
0,5kg do peso aferido, em função das roupas. A estatura foi aferida 
por meio de uma fita antropométrica flexível, afixada a uma parede 
lisa, com ângulo de 90º com o chão, com as meninas em posição 
ereta e olhar ao horizonte, conforme metodologia proposta pelo 
Ministério da Saúde/Fundação Oswaldo Cruz/Escola Nacional 
de Saúde Pública22. 
Foi determinada, também, a porcentagem de gordura corporal 
com o aparelho de bioimpedância de frequência única, sendo 
utilizado o analisador de gordura corporal Fitness monitor, modelo 
FE-068, da marca Tech line®, que aferiu simultaneamente e indi-
vidualmente a porcentagem de gordura corporal e o peso (kg) de 
massa gorda. Para determinação desses dados, utilizaram-se as 
variáveis peso e estatura anteriormente determinadas. O monitor 
utilizado constava de dois eletrodos dispostos na haste para a mão 
RESUmEn
Introdución: La adolescencia entiende la fase del ciclo vital que si extiende de los diez a los 
diecinueve años de la edad. En este período, las transformaciones ocurren que son influen-
ciadas por factores ambiente y genéticos. El descontento y la distorsión de la imagen corporal, 
caracteristica marcada de esta fase, contribuyen considerable para el desarrollo de agitaciones 
alimenticias, afectando a las muchachas principalmente. objetivo: De esta manera, del actual 
estudio que tenía como objetivo para evaluar a 54 adolescentes del sexo femenino, registrados 
en una universidad particular en la ciudad de Guarapuava-PR, con edad entre 14 y 19 años. 
métodos: Determinar su estado alimenticio y su peso teórico, comparándolos con la opinión 
que evaluadas tienen en el cuerpo apropiado. Resultados: Con el Indice de Masa Corporal 
(IMC), fue percibido que 1.85% evaluados habían presentado el grado III, 1.85% grados II, 
14.81% grados I de la flaqueza, siendo la mayoría normal (75.93%) y solamente 5.56% con 
el exceso de peso, no resolviendo ninguno caso de la obesidad. Entre estos adolescentes, 
29.63% dichos para estar contentado con el cuerpo y 70.37% dijeron no estar, siendo que 
éstos, 66.67% quisieran emaciate. Se nota que la distorsión de la imagen corporal ocurre 
entre estos adolescentes, una época que la mayoría es normal y ésta él posee exactamente el 
deseo de disminuir su peso. Conclusión: Es soporte hacia fuera que este factor puede estar 
encendido a la imagen del cuerpo ideal propagada por los medios, conduciendo al desarrollo 
de agitaciones alimenticias posibles. 
Freitas AR et al.
168
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73
direita e dois para a mão esquerda. A análise foi realizada com 
as avaliadas em pé, sem adornos, segurando as empunhaduras 
com os braços esticados fazendo um angulo de 90º com o corpo, 
obedecendo às instruções do manual de procedimentos do aparelho. 
Aplicou-se, ainda, um questionário semi-estruturado, previa-
mente validado, com 14 perguntas sobre insatisfação corporal, 
imagem corporal, práticas alimentares e de emagrecimento. Para 
determinação dos hábitos alimentares e o consumo de diversos 
alimentos entre as avaliadas, utilizou-se o Questionário de 
Frequência Alimentar (QFA), elaborado de acordo com hábitos 
alimentares próprios da adolescência. Esse questionário continha 
47 alimentos e a frequência de consumo alimentar de cada um 
deles foi analisada pela seguinte classificação: alimento consumido 
mais que 3 vezes ao dia; alimento consumido de 2 a 3 vezes ao dia; 
alimento consumido 1 vez ao dia; alimento consumido de 5 a 6 
vezes na semana; alimento consumido de 2 a 4 vezes na semana; 
alimento consumido 1 vez por semana; alimento consumido de 1 
a 3 vezes no mês e alimento nunca consumido.
O diagnóstico nutricional das adolescentes foi obtido pelo 
Índice de Massa Corporal (IMC), segundo classificação proposta 
pela Organização Mundial de Saúde23. O peso teórico foi calculado 
a partir do IMC médio para mulheres, conforme determinação de 
West24, e a análise da porcentagem de gordura corporal foi reali-
zada usando-se a recomendação estabelecida pelo British Journal 
of Nutrition25. A análise estatística dos dados obtidos foi realizada 
com o uso do software Excel® .
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fleitlich14 destaca que por ser tomado por um turbilhão de 
transformações, é comum o adolescente ter dificuldades de entender 
e lidar com seu universo físico e mental. Dessa maneira, além 
das transformações hormonais, funcionais, afetivas e sociais que 
sofre durante essa faixa etária, as alterações de seu universo físico 
(corporal) passam a ser de fundamental importância.
Na Figura 1, encontra-se o diagnóstico nutricional das adoles-
centes avaliadas, obtido pelas variáveis peso, estatura e do IMC.
Com relação ao estado nutricional obtido pelo IMC (Figura 
1), observou-se que 1,85% das avaliadas apresentaram magreza 
grau III, 1,85% magreza grau II, 14,81% magreza grau I, 75,93% 
eutrofia, 5,56% sobrepeso, não sendo diagnosticada a obesi-
dade. Ressalta-se que o IMC (kg/m2) médio das avaliadas foi de 
20,19±2,48. Porém, dados de estudos recentes vêm comprovando 
o aumento da prevalência de obesidade entre os adolescentes. 
Wang et al.26, ao estudarem a tendência de obesidade e baixo peso 
em crianças e adolescentes, constataram aumento da prevalência 
de obesidade. Segundo os mesmos autores, no Brasil, no período 
de 1974 a 1997, houve aumento de 8,9% na prevalência de 
obesidade entre os jovens, diferentemente do que foi obtido no 
presente estudo, no qual não houve nenhum caso de obesidade 
entre as avaliadas.
Na Tabela 1 encontram-se idade média, peso médio aferido, 
peso teórico médio, estatura média aferida, porcentagem média 
de gordura corporal, quantidade média de gordura corporal (kg) 
e perfil nutricional das adolescentes, por meio de uma análise 
comparativa entre seu peso aferido e seu peso ideal, conforme 
determinação de West24.
Conforme verifica-se na Tabela 1, o peso teórico médio (kg), 
calculado para as 54 adolescentes foi de 54,71±4,00 kg. A idade 
média (anos) encontrada para as adolescentes foi de 16,19±1,26 
anos. O peso médio (kg) foi de 53,05±7,13 e a estatura média (m) 
de 1,62±0,06m. A porcentagem média de gordura corporal obtida 
foi de 18,83±5,31% e a quantidade média de gordura corporal (kg) 
foi de 10,18±10,25kg. 
Comparando-se o peso aferido com o peso teórico (kg), 
percebeu-se que 66,67% estavam abaixo e 33,33% estavam acima 
dessa recomendação. Ao observar os dados da Tabela 1, percebeu-
se a que a porcentagem média de gordura corporal está dentro da 
recomendação do British Journal of Nutrition25, que determina 
para adolescentes do sexo feminino, na faixa etária avaliada nesse 
estudo, 15,01% a 25%. Porém, ao avaliar-se individualmente a 
porcentagem de gordura corporal obtida para cada adolescente, pela 
bioimpedância de frequência única, notou-se que 57,41% estavam 
dentro da recomendação, 25,93% estavam abaixo da porcentagem 
ideal e 16,67% estavam acima da determinação. 
Com esses dados, percebeu-se uma proximidade entre valores 
encontradospara eutrofia – 57,41% (no que diz respeito à porcen-
tagem de gordura corporal) e para peso abaixo do ideal – 66,67% 
(de acordo com o cálculo do IMC médio para mulheres). Esses 
dados são contrastantes, pois a maioria dessas adolescentes 
apresenta peso abaixo do ideal e gordura corporal adequada. No 
entanto, ao traçar-se um paralelo entre a porcentagem de gordura 
corporal e o diagnóstico nutricional obtido pelo IMC, nota-se que 
a porcentagem de meninas com IMC normal (75,93%) excede 
significativamente a porcentagem de meninas com gordura corporal 
tabela 1 – Perfil nutricional das adolescentes avaliadas por meio 
da análise comparativa entre peso aferido e peso teórico, segundo 
determinação de West24.
Peso aferido (kg) 53,05±7,13*
Peso teórico (kg) 54,71±4,00*
Estatura média (m) 1,62±0,06*
Porcentagem média de gordura corporal 18,83±5,31*
Quantidade média de gordura corporal (kg) 10,18±10,25*
Adolescentes avaliadas abaixo do peso ideal (%) 66,67
Adolescentes avaliadas acima do peso ideal (%) 33,33
Notas: * Desvio-padrãoFigura 1 – Diagnóstico Nutricional das adolescentes avaliadas pelo IMC.
NOTAS: MG III – magreza grau III; MG II – magreza grau II; MG I – magreza grau I; 
EUT – eutrofia; SOB – sobrepeso; OB I – obesidade grau I; OB II – obesidade grau II; 
OB III – obesidade grau III. IMC – Índice de Massa Corporal
Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e de emagrecimento em adolescentes do sexo feminino
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Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73
dentro dos limites citados pela literatura, sendo que esses valores 
deveriam ser similares. De maneira semelhante, Vieira et al.27, em 
seu estudo com adolescentes, encontraram cerca de 93% eutró-
ficos segundo o IMC, mas em torno de 63% desses apresentavam 
porcentual de gordura acima do esperado.
A Figura 2 demonstra a insatisfação corporal entre as adoles-
centes avaliada por meio de porcentagens. 
Tratando-se da insatisfação corporal, apenas 29,63% das parti-
cipantes referiram estar contentes com seu corpo e 70,37% não 
estar, sendo que dessas 66,67% gostariam de diminuir seu peso e 
3,70% gostariam de aumentar seu peso, como demonstra a Figura 
2. Esses dados demonstram altos índices de insatisfação corporal 
entre essas adolescentes. Brook e Tepper28 indicam que os adoles-
centes preocupam-se com peso corporal e aparência, independente 
do sexo, e que essa preocupação pode estar ligada aos transtornos 
alimentares. Em seu estudo, Rand e Resnick29 verificaram maior 
insatisfação corporal entre meninas do que meninos. Como é 
destacado por Wilfley e Rodin30, a problemática reside, sem dúvida, 
no fato da cultura ocidental impor que, para a mulher, ser magra é 
indicativo de competência e sucesso. 
A Tabela 2 demonstra, por meio de porcentagens, o peso dese-
jado para emagrecimento entre as adolescentes.
Dados bastante relevantes no trabalho são os pesos desejados 
para emagrecimento, relatado pelas adolescentes, que variaram de 
1 kg a 15 kg, sendo o peso médio (kg) desejado de 5,55±4,17kg 
(Tabela 2). Destaca-se que a grande insatisfação com o tamanho do 
corpo gera entre as meninas o desejo de serem mais magras. Brook 
e Tepper28 constataram que esse desejo se mostra quatro vezes 
superior nas meninas quando comparado aos meninos. Rosenblum 
e Lewis31, em outro estudo, identificaram que independentemente 
do estado nutricional, as meninas sempre desejam ser mais magras, 
o que pode ser constatado no trabalho em questão.
Relacionando-se esses dados sobre a porcentagem de meninas 
que gostariam de emagrecer (66,67%), com a porcentagem de 
meninas eutróficas (de acordo com o IMC) – 75,93%, pode-se 
destacar a presença da distorção e insatisfação corporal, uma vez 
que essas meninas apresentam-se com IMC adequado e, no entanto, 
desejam diminuir seu peso, podendo ocorrer o desenvolvimento 
de transtornos alimentares. Conti et al.7 destacam que a distorção 
da percepção corporal não constitui característica particular de 
adolescentes que desenvolvem algum tipo de transtorno alimentar, 
uma vez que essa é uma característica marcante dessa faixa 
etária. Porém, Attie e Brooks-Gunn32, ao realizarem um estudo 
longitudinal, perceberam a insatisfação corporal como único fator 
significante para o prognóstico do desenvolvimento de problemas 
de ordem alimentar. Conti et al.7 ressaltam ainda que os fatores 
sociais, influências socioculturais, pressões da mídia e a busca 
incessante por um padrão de corpo ideal, associados às realizações 
e felicidade, são causas das alterações da percepção da imagem 
corporal, gerando insatisfação em especial para indivíduos do 
sexo feminino. Fato de bastante interesse dentro desse trabalho é 
a grande insatisfação corporal em adolescentes eutróficas, uma vez 
que maioria dos estudos, como os de Fowler33, Richards et al.34, 
Rosemblum e Lewis31 e Byrne e Hills35, demonstra que adolescentes 
com diagnóstico de sobrepeso/obesidade apresentam insatisfação 
corporal quando comparados aos indivíduos eutróficos da mesma 
idade, indicando associação entre estado nutricional e satisfação 
corporal.
Ressalte-se, ainda, que o peso médio (kg) desejado para 
emagrecimento – 5,55±4,17 é bastante alto, quando se trata de 
adolescentes em intenso crescimento e desenvolvimento, e que, 
além disso, apresentam-se eutróficas, ou ainda, como no presente 
estudo, encontram-se abaixo do peso ideal. Tratando-se da pequena 
porcentagem (3,70%) de adolescentes que gostariam de engordar, 
o peso médio (kg) desejado para ser adquirido foi de 5±2kg, valor 
bastante semelhante ao peso desejado para emagrecimento.
Quando indagadas sobre o que faziam quando gostariam de 
emagrecer, as adolescentes descreveram algumas práticas de 
controle de peso que podem ser observadas na Tabela 3. Cabe 
ressaltar que algumas adolescentes relataram realizar mais de umas 
das práticas citadas por elas.
De acordo com a Tabela 3, pode-se notar a consciência das 
adolescentes com relação à atividade física no controle do peso 
corpóreo, sendo essa característica identificada pela porcentagem 
(24,07%) de avaliadas que relataram usufruir desse método para 
diminuir seu peso. Além disso, destaca-se a porcentagem (16,67%) 
de avaliadas que relacionaram a diminuição do peso corporal 
com menor ingestão de açúcares simples (doces e guloseimas). 
Porém, encontrou-se também significativas porcentagens no que 
diz respeito à realização de dietas (normalmente autoprescritas) – 
11,11% e omissão de refeições durante o dia – 5,56%, métodos não 
saudáveis de controle de peso. Ressalta-se, ainda, a necessidade 
de acompanhamento nutricional dessas adolescentes, uma vez que 
Figura 2 – Porcentagem de insatisfação corporal entre as adolescentes 
avaliadas.
Gostariam de 
enGordar
Gostariam de 
emaGrecer
satisfeitas
satisfeitas
insatisfeitas
tabela 2 – Porcentagem de peso desejado para emagrecimento 
entre as adolescentes avaliadas.
Peso desejado para emagrecimento entre as 
adolescentes que gostariam de emagrecer %
1kg 5,56
1,5kg 1,85
2kg 9,26
3kg 11,11
4kg 7,41
5kg 12,96
6kg 1,85
8kg 7,41
10kg 7,41
15kg 1,85
Freitas AR et al.
170
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73
métodos saudáveis de redução ponderal, como comer nas horas 
certas, sem exageros e ingerindo mais verduras, apresentaram 
porcentagens igualmente baixas – 1,85%.
Sobre práticas de emagrecimento, 33,33% das avaliadas rela-
taram ter realizado algum tipo de dieta da moda para emagrecer e/
ou algum método de controle de peso, e 66,67% relataram nunca 
ter usufruído desse método. As principais dietas da moda e métodos 
referidos pelas adolescentes estão relatados na Tabela 4. Ressalte-se 
que algumas adolescentes relataram ter realizado mais de um dos 
métodos descritos abaixo.
Analisando-se a Tabela 4, percebe-se a utilização de métodos 
não-saudáveis decontrole de peso, sendo que esses métodos tendem 
a prejudicar a ingestão de nutrientes e, consequentemente, o cres-
cimento adequado dessas adolescentes. Percebe-se que em apenas 
3,70% dos casos houve a procura por um profissional da área da 
saúde a fim de obter orientações adequadas sobre a alimentação. 
Destaca-se ainda a utilização da Dieta dos Pontos em 7,41% dos 
casos relatados, não propiciando, pois, a modificação dos hábitos 
alimentares. Conti et al.7 indicam que nas sociedades ocidentais 
observam-se, entre adolescentes, atitudes algumas vezes sem 
fundamento a fim de emagrecer. Ferrarotti36 aponta que é muito 
comum nessa fase a realização de dietas autoprescritas, sem 
acompanhamento profissional e que podem causar danos à saúde.
Com relação aos medicamentos, 11,11% relataram ter ingerido 
algum tipo de medicamento para emagrecer e 88,89% relataram 
nunca ter utilizado esse método. Os principais medicamentos 
relatados estão descritos na Tabela 5.
Tratando-se de chás, 11,11% referiram ter usufruído de chás 
para emagrecer e 88,89% nunca ter utilizado dessa técnica. Os chás 
utilizados pelas avaliadas estão relatados na Tabela 6.
Ainda analisando-se as práticas não-saudáveis de controle 
de peso, 16,67% das avaliadas relataram já ter induzido vômitos 
após a ingestão de alimentos, sendo que 29,63% das adolescentes 
referiram sentir-se culpadas após a ingestão de alimentos, 68,52% 
referiram não se sentir culpadas após alimentar-se e 1,85% sentem-
se culpadas esporadicamente.
Tratando-se de hábitos alimentares, o número de refeições 
diárias, feitas pelas adolescentes, está expresso na Figura 3.
De acordo com a Figura 3, 3,70% das adolescentes realizam 
uma única refeição ao dia, 12,96% fazem duas refeições, 37,04% 
3 refeições, 24,07% 4 refeições diárias, 14,81% 5 refeições e 
apenas 7,41% fazem 6 refeições durante o dia. Dessa maneira, 
percebe-se que a grande maioria dessas faz as 3 principais refei-
ções diárias – café da manhã, almoço e jantar, deixando de ingerir 
pequenos lanches entre essas refeições. Nota-se também que poucas 
possuem o hábito de fazer 6 refeições diárias, recomendação 
tabela 3 – Práticas de redução de peso realizadas
pelas adolescentes avaliadas.
Práticas utilizadas para redução ponderal %
Comer nas horas certas 1,85
Comer normal, sem exageros 1,85
Ingerir bastante água 1,85
Ingerir menos carboidratos 1,85
Ingerir mais verduras 1,85
Comer menos frituras e alimentos ricos em gordura 5,56
Cortar refeições (lanche da escola) e ficar sem comer 5,56
Controlar a alimentação 11,11
Fazer dietas (regimes) 11,11
Comer menos nas refeições 16,67
Comer menos doces e guloseimas 16,67
Realizar atividade física (caminhadas, academia) 24,07
Relatou não conseguir parar de comer 1,85
Não relatou a prática utilizada 11,11
tabela 4 – Principais dietas realizadas pelas adolescentes avaliadas.
Dietas da moda / métodos de controle de peso %
Dieta das 2.000 quilocalorias 1,85
Dieta do suco 1,85
Dieta da Herbalife® 1,85
Dieta da Sopa 1,85
Dieta da USP 1,85
Dieta inventada pela própria adolescente 1,85
Dieta dos Pontos 7,41
Ingestão exclusiva de frutas por 3 dias 1,85
Ingestão de Shakes 1,85
Ingestão de alimentos saudáveis 1,85
Ingestão reduzida de alimentos, com a realização 
de 3 refeições diárias 3,70
Acompanhamento com profissional nutricionista 3,70
Realização de vários regimes 3,70
Não lembrou a (s) prática (s) realizada (s) 3,70
Não relatou a (s) prática (s) realizada (s) 3,70
tabela 5 – Medicamentos utilizados para controle de peso
pelas adolescentes avaliadas.
medicamento utilizado %
Sibutramina 1,85
Femproporex 1,85
Remédios Herbalife® 1,85
Remédios naturais 1,85
Não lembrou o medicamento utilizado 1,85
Não relatou o medicamento utilizado 1,85
tabela 6 – Chás utilizados para controle de peso 
pelas adolescentes avaliadas.
Chá utilizado %
Chás Herbalife® 1,85
Chá verde 1,85
Chá de sene 1,85
Chá de carqueja 1,85
Chá dos 30 dias 1,85
Não lembrou o chá utilizado 3,70
Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e de emagrecimento em adolescentes do sexo feminino
171
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73
tabela 7 – Questionário de frequência alimentar expresso em porcentagem pela média de consumo das adolescentes avaliadas.
Alimento
mais que 3 
vezes ao
dia*
de 2 a 3 
vezes ao
dia*
1 vez ao
dia*
de 5 a 6 
vezes na
semana*
de 2 a 4 
vezes na
semana*
1 vez na 
semana*
de 1 a 3 
vezes no 
mês*
nunca*
Leite 3,70 38,89 20,37 7,41 12,96 3,70 1,85 11,11
Iogurte 0 7,41 16,67 7,41 24,07 16,67 12,96 14,81
Café preto 1,85 11,11 11,11 1,85 5,56 5,56 7,41 55,56
Engrossante (Neston/farinha láctea) 1,85 0 1,85 1,85 5,56 7,41 16,67 64,81
Pão 9,26 33,33 31,48 7,41 9,26 7,41 0 1,85
Margarina/manteiga 1,85 16,67 35,19 11,11 12,96 11,11 3,70 7,41
Mortadela/presunto/salame 1,85 3,70 18,52 12,96 22,22 20,37 3,70 16,67
Queijo prato/mussarela/minas 3,70 7,41 24,07 14,81 16,67 16,67 9,26 7,41
Patê 0 5,56 5,56 7,41 12,96 9,26 18,52 40,74
Requeijão 0 5,56 7,41 5,56 14,81 18,52 12,96 35,19
Bolo 9,26 7,41 7,41 11,11 12,96 38,89 11,11 1,85
Bolacha salgada 7,41 5,56 16,67 9,26 14,81 16,67 18,52 11,11
Bolacha doce sem cobertura 1,85 5,56 11,11 11,11 9,26 22,22 14,81 24,07
Bolacha recheada/cobertura 5,56 9,26 20,37 18,52 14,81 16,67 12,96 1,85
Frutas 11,11 20,37 24,07 9,26 18,51 9,26 5,56 1,85
Sopa 0 0 11,11 1,85 11,11 27,78 31,48 16,67
Massas em geral 5,55 9,26 20,37 12,96 14,81 24,07 3,70 9,26
Macarrão instantâneo 0 5,56 7,41 5,56 20,37 25,93 14,81 20,37
Arroz 3,70 14,81 53,70 11,11 1,85 9,26 0 5,56
Feijão 1,85 12,96 46,30 16,67 3,70 11,11 3,70 3,70
Carne bovina 0 11,11 40,74 9,26 22,22 11,11 1,85 3,70
Carne de frango 0 5,56 22,22 1,85 29,63 25,93 9,26 5,56
Carne de peixe 0 0 7,41 1,85 9,26 29,63 29,63 22,22
Carne de porco/linguiça/bacon 0 1,85 7,41 1,85 3,70 29,63 29,63 25,93
Vísceras (fígado, coração, moela) 0 1,85 1,85 0 1,85 14,81 12,96 66,67
Ovo (galinha e codorna) 0 1,85 0 3,70 7,41 37,04 33,33 16,67
Salsicha 0 0 0 1,85 9,26 29,63 44,44 14,81
Hambúrguer 0 3,70 1,85 5,56 12,96 20,37 38,89 16,67
Legumes 1,85 11,11 29,63 3,70 14,81 20,37 5,56 12,96
Verduras 1,85 11,11 29,63 3,70 12,96 18,52 5,56 16,67
Óleo vegetal 0 11,11 25,93 5,56 3,70 22,22 14,81 16,67
Banha de porco 0 0 3,70 1,85 0 1,85 7,41 85,19
Maionese 0 5,56 18,52 9,26 5,56 25,93 12,96 22,22
Creme de leite 0 1,85 3,70 9,26 11,11 26,93 27,78 20,37
Leite condensado 1,85 0 9,26 14,81 9,26 29,63 22,22 12,96
Suco artificial 9,26 18,52 22,22 9,26 7,41 3,70 12,96 16,67
Suco natural 1,85 11,11 27,78 9,26 16,67 18,52 9,26 5,56
Refrigerante 11,11 16,67 11,11 9,26 18,52 18,52 5,56 9,26
Frituras 7,41 3,70 16,67 5,56 18,52 25,93 14,81 7,41
Salgados (croissant, esfiha) 3,70 3,70 16,67 5,56 18,52 25,93 12,96 12,96
Salgadinho 3,70 3,70 5,56 5,56 18,52 18,52 22,22 22,22
Pipoca 0 1,85 5,56 9,26 12,96 33,33 27,78 9,26
Chocolate 7,41 11,11 14,81 12,96 24,07 16,67 11,11 1,85
Achocolatado em pó 7,41 14,81 12,96 18,52 11,11 20,37 3,70 11,11
Doces diversos 9,26 14,81 22,22 12,96 14,81 16,67 3,70 5,56
Bala/chicletes 29,63 16,67 18,52 14,81 11,11 5,56 3,70 0
Lanche (sanduíches) nas refeições 5,56 9,26 18,51 12,96 7,41 14,81 18,52 12,96
*Consumo
Freitas AR et al.
172
Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73
nutricional importante para controle do peso e bom funcionamento 
do organismo. Gambardella et al.11 destacam que os adolescentes 
passam bastante tempo fora de casa, na escola e com os amigos, 
que influenciam consideravelmente na escolha dos alimentos e 
no estabelecimento do que é socialmente aceito. Andersen et al.37 
descrevem como característica da alimentação dos adolescentes, de 
modo geral, o consumo de lanches e fast foods, entre as refeições. 
Gambardella et al.11 justificam essa atitude pela falta de tempo 
disponível para dedicar a uma refeição, preferências individuais,modismo e por ser uma refeição que pode ser feita com os amigos. 
Analisando-se especificamente as 6 refeições diárias – café da 
manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia, 
encontraram-se os seguintes resultados: 51,85% das avaliadas 
fazem o desjejum, 40,74% o lanche da manhã, 96,30% o almoço, 
72,22% o lanche da tarde, 77,78% o jantar e 16,67% fazem a ceia. 
Esses dados podem ser analisados na Figura 4. Observa-se o fato 
de que, para as meninas, não fazer a refeição “desjejum” é muitas 
vezes uma motivação para a redução do seu peso. Gambardella et 
al.11 apontam que, em estudo similar, que não se sabe se, realmente, 
essas adolescentes sentem-se inapetentes ou se essa omissão do 
desjejum é uma estratégia para ocasionar emagrecimento. Cabe 
ressaltar que a prática dessas adolescentes de não fazerem o 
desjejum prejudica a elevação da glicemia necessária às atividades 
matinais e também uma possível deficiência de cálcio, uma vez que 
é nessa refeição que se concentra o maior consumo de alimentos 
fontes desse mineral. 
Andersen et al.37 estabelecem que os adolescentes consomem 
refeições de modo irregular e tendem a deixar de fazer algumas 
refeições, principalmente o desjejum. French et al.38 apontam que 
esse hábito é mais presente entre as meninas como forma de perder 
peso. Em estudo realizado por Gambardella et al.11, com um grupo 
de 153 adolescentes (de ambos os sexos), foi observado que o 
desjejum era realizado por 45% dos adolescentes, sendo 52% do 
sexo masculino e 48% do sexo feminino. Além disso, constataram 
que 56% dos avaliados que não tomavam o desjejum, também não 
faziam ceia e lanche matinal, permanecendo um longo período 
em jejum, ou seja, do jantar de um dia ao almoço do dia seguinte. 
Vieira et al.27 perceberam que 57,3% dos entrevistados em seu 
estudo omitiam uma das refeições principais, sendo que 31,7% 
não realizavam o desjejum. Vieira et al.3, realizando um estudo 
transversal com 99 adolescentes (sendo 70% do sexo feminino), 
verificaram que o almoço não foi omitido por nenhum dos estu-
dados, diferentemente do que foi encontrado neste estudo, no qual 
3,7% das adolescentes relataram não realizar o almoço.
Os dados sobre preferências alimentares, obtidos pelo questio-
nário de frequência alimentar, estão expressos na Tabela 7.
De acordo com a Tabela 7, analisando-se alguns alimentos e 
juntando-se as porcentagens das adolescentes que os consomem 
mais que 3 vezes ao dia, 2 a 3 vezes ao dia e 1 vez ao dia, observa-se 
que o consumo de leite entre as avaliadas mostrou-se significativo 
(62,96%). Porém, como é um alimento fonte de cálcio – mineral 
importante nessa faixa etária, considera-se que uma porcentagem 
maior de avaliadas deveria estar consumindo leite pelo menos 1 vez 
ao dia, sendo que 11,11% relataram nunca consumi-lo. Com relação 
à carne bovina, 51,85% relataram consumi-la diariamente, porcen-
tagem que também deveria ser maior. Tratando-se de pão e arroz, o 
consumo diário totalizou em 74,07% e 72,21%, respectivamente, 
demonstrando a preferência por ingestão de carboidratos. Frutas, 
legumes e verduras, totalizaram respectivamente 55,55%, 42,59% e 
42,59%, relatando que, porcentagem significativa das adolescentes 
não consome esses alimentos diariamente. Percebeu-se, ainda, que 
18,52% das avaliadas consomem maionese e 16,67% ingerem refri-
gerante pelo menos 1 vez ao dia, quando ideal seria consumi-los de 
maneira esporádica. Tratando-se do chocolate, 33,33% relataram 
consumi-lo diariamente (incluindo as que consomem de 2 a 3 
vezes ao dia e mais que 3 vezes ao dia). No entanto, destaca-se o 
consumo de balas e chicletes entre essas adolescentes, cujo item 
obteve a maior porcentagem (29,63%) entre a ingestão de mais 
que 3 vezes ao dia. Esses dados demonstram que, provavelmente, 
entre as principais refeições essas adolescentes possuem hábito 
de consumir açúcares simples, fazendo que a ingestão calórica 
aumente, mas sem acréscimo de nutrientes importantes. De 
maneira semelhante a este estudo, Gambardella et al.39, estudando 
a alimentação de grupos de adolescentes brasileiros, notaram a 
ocorrência de inadequação alimentar com carência de ingestão de 
produtos lácteos, frutas e hortaliças, e excesso de açúcar e gordura. 
Vieira et al.27 constataram em seu estudo que 37% dos adolescentes 
avaliados ingeriam alimentos doces ou gordurosos todos os dias, 
porcentagem semelhante à encontrada nesse trabalho. Verificou-se, 
ainda, no presente estudo, baixo consumo de ovos e peixes pelas 
adolescentes, fato também percebido por Gambardella et al.11 ao 
analisarem a prática alimentar de adolescentes.
CONCLUSÃO
Sendo assim, notou-se a existência de insatisfação corporal em 
grande parte das adolescentes avaliadas, uma vez que se encontram 
Figura 3 – Número de refeições diárias feitas pelas adolescentes avaliadas
Figura 4 – Número de refeições diárias feitas pelas adolescentes avaliadas
Insatisfação da imagem corporal, práticas alimentares e de emagrecimento em adolescentes do sexo feminino
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Rev Bras Nutr Clin 2009; 24 (3): 166-73
eutróficas e, no entanto, possuem o desejo de diminuir seu peso 
corporal. Ressalta-se a grande influência da sociedade atual e da 
mídia, que estabelecem padrões corporais ideais. Percebeu-se, 
também, a existência de práticas não-saudáveis de emagrecimento, 
que podem levar ao desenvolvimento de transtornos alimentares 
e ingestões inadequadas de nutrientes, causando danos à saúde. 
Notou-se, ainda, a ocorrência de práticas alimentares inadequadas, 
com baixo consumo de leite, frutas, legumes e verduras e alta 
ingestão de doces. 
Dessa maneira, aponta-se a necessidade de maior acompa-
nhamento nutricional das avaliadas, uma vez que métodos não-
saudáveis de redução e controle ponderal mostraram-se existentes 
e presentes entre esse grupo de meninas.
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