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07/02/2014 1 Leitura e Produção de Texto Tema 4: Coerência Textual: um princípio de interpretabilidade Coerência Textual e a Produção de Sentidos Texto coerenteTexto coerente Texto com sentido Texto com sentido Texto incoerenteTexto incoerente Texto sem sentido Texto sem sentido Texto Coerente De acordo com Savioli e Fiorin (2006, p. 261), um texto coerente pode ser entendido como “um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nada contraditório, nada desconexo.”. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1269461 07/02/2014 2 Havia um menino muito magro que vendia amendoins numa esquina [...]. Ele era tão fraquinho, que mal podia carregar a cesta em que estavam os pacotinhos de amendoim. Um dia, na esquina em que ficava, um motorista, que vinha em alta velocidade, perdeu a direção. O carro capotou e ficou de rodas para o ar. O menino não pensou duas vezes. Correu para o carro e tirou de lá o motorista, que era um homem corpulento. Carregou-o até a calçada, parou um carro e levou o homem para o hospital. Assim, salvou-lhe a vida. Fonte: SAVIOLI, FIORIN, 2006, p. 261. A Interação Autor-Texto-Leitor na Coerência Textual Você já estudou o papel da interação autor- texto-leitor nas práticas de leitura e produção de texto no que tange a produção de sentidos e intertextualidade. Mas, também na coerência textual, textos aparentemente incoerentes podem ser reinterpretados pelo leitor ativo, baseado nos conhecimentos sociocognitivos interacionalmente constituídos. Música Oito Anos – Paula Toller “Por que o vidro embaça Por que você se pinta Por que o tempo passa Por que que a gente espirra Por que as unhas crescem Por que o sangue corre Por que que a gente morre” Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1008872 07/02/2014 3 Coesão e Coerência Co es ão - Explícita no texto. - Linguístico: conectivos. - Não garante a coerência. Co er ên ci a - Implícita no texto. - Estabelecida a partir de fatores de ordem semântica, pragmática, cognitiva e interacional. Coesão • A coesão é responsável pela sequência organizada de enunciados que integram um texto, em que cada parte se conecta a outra, garantindo uma leitura fluida. • Para que haja essa conexão no texto, são utilizados elementos de coesão (ou conectivos) que garantem a configuração textual (e não uma lista de palavras soltas). Elementos de Coesão (ou Conectivos) • a, de, com, para, por, etc. Preposições • que, para que, mas, e, ou, etc. Conjunções • ele, seu, este, esse, aquele, que, etc. Pronomes • aqui, aí, lá, assim, etc. Advérbios 07/02/2014 4 A coesão favorece a coerência, mas não é suficiente Seja na hora do banho ou nas aulas de natação, Pedrinho sempre corria para se esconder. Assim, não demorou muito e todos os seus colegas o apelidaram de Cascão, igual ao das histórias em quadrinhos. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/821461 Tema 4: Coerência Textual: um princípio de interpretabilidade Parte 2 Coerência Textual como Fenômeno Externo ao Texto • Segundo Koch e Elias (2013), a coerência textual trata-se de um fenômeno externo ao texto, constituída pelo leitor a partir de seus conhecimentos prévios e da materialidade linguística presente no texto. • Em virtude da participação ativa do leitor, muitos textos destituídos de elementos coesivos podem se tornar coerentes, tendo em vista seus contextos de produção e de uso. 07/02/2014 5 Princípio de Interpretabilidade • Um texto com sentido se torna um texto coerente. • A possibilidade de atribuir sentido ao texto constitui o princípio de interpretabilidade. • Não pode haver textos sem coerência (lembrar-se disso no momento da produção textual). Fonte: http://www.sxc.hu/photo/771865 Trabalho Cooperativo entre Autor- Texto-Leitor • Autor: Desenvolve o texto coerente considerando os elementos necessários para se garantir sua interpretabilidade. • Leitor: Atribui sentido ao texto. • Exige repertório de informações, conhecimentos e vivências. Tarefas do Leitor • Considerar no texto: • Vocabulário. • Situação de uso. • Recursos sintáticos. • Blocos textuais. • Gênero textual. • Situação comunicativa. • Associação a fatos históricos, políticos, sociais, culturais. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/37316 07/02/2014 6 Tipos de Coerência Textual Coerência Global • Coerência sintática. • Coerência semântica. • Coerência temática. • Coerência pragmática. • Coerência estilística. • Coerência genérica. Coerência Sintática e Semântica Co er ên ci a Si nt át ic a - Conhecimentos linguísticos (uso da estrutura, elementos coesivos, etc.). - A ambiguidade do texto consiste em incoerência sintática. Co er ên ci a Se m ân tic a - Princípio da não contradição. - Um texto coerente não pode apresentar em sua estrutura (palavras ou expressões) conteúdos contraditórios. Coerência Temática e Pragmática Co er ên ci a Te m át ic a - Enunciados relevantes ao tópico ou discurso. - Recursos linguísticos para mudar e retomar o assunto. Co er ên ci a Pr ag m át ic a - Referente aos atos de fala presentes no texto. - Por exemplo, falas incompatíveis com as posturas hierárquicas dos personagens. 07/02/2014 7 Coerência Estilística Diz respeito à adequação da variedade linguística (social, da faixa etária ou regional). Exemplo: Sujeito 1: "Uai! É bão tamém!" Sujeito 2: "Bah, guri que tri-legal!" Coerência Genérica Envolve a adequação do texto com seu propósito comunicacional. VENDE-SE Apartamento na Praia Grande, com garagem para dois carros, elevador, 2 quartos, 1 suíte. Oportunidade única. R$ 90.000,00. Contato (11) 1234.5678 E quando um gênero textual assume a forma de outro gênero? 07/02/2014 8 Tema 4: Coerência Textual: um princípio de interpretabilidade Agora é sua vez Selecione a alternativa correta: a) O leitor não constrói a coerência textual, pois este é o papel do autor do texto. b) A construção da coerência textual cabe exclusivamente ao leitor, pois não há textos incoerentes. c) Quanto mais informações o leitor tiver, mais ele terá condições de construir sentidos para o texto. d) O leitor depende da coesão textual para construir a coerência de um texto. e) A coerência está no texto, cabendo ao leitor competente identificá-la. O texto a seguir foi extraído de uma entrevista realizada durante um projeto de sociolinguística e envolve a entrevistadora (E), uma senhora (s) de origem rural, de 71 anos, e a participação da filha da senhora (FS). (E) A senhora esteve presente nas duas últimas reuniões da novena? (S) Se eu tive? (E) É. (S) Não. (E) A senhora não foi? (FS). E a senhora não foi naquela última novena, não? (S) Tive na novena, mas não tive presente. Fonte: BORTONI-RICARDO, S.M., 1985 apud BORTONI-RICARDO, S.M. Nós cheguemo na escola e agora?: leituras de sociolingüística para professores. São Paulo: Mercado das Letras, 2005. 07/02/2014 9 a) Houve incoerência pragmática, pois o texto não respeita a posição hierárquica dos interlocutores. b) Houve incoerência sintática, pois foi feito o uso inadequado do elemento coesivo "mas" durante a última fala da senhora. c) Houve incoerência genérica, pois a intergenericidade confundiu a senhora entrevistada. d) Houve um problema de coesão textual na pergunta elaborada pela entrevistadora. e) Houve incoerência estilística entre a variedade de língua utilizada pela entrevistadora e a utilizada pela senhora. Qual é o tipo de incoerência? Aninha estava muito animada, pois acabara de concluir um lindo desenho, foiquando se apressou até a sala para mostrá-lo ao seu pai. Ao encontrá-lo no sofá lendo um jornal esticou os braços segurando o desenho nas mãos e perguntou: - Papai, o que acha do meu desenho? - Você já terminou sua tarefa da escola? Perguntou o pai. E Aninha responde: - Ainda não, mas... - Então vá fazê-lo! Replicou o pai sem nem olhar para o desenho. A menina ficou desolada com a reação do pai, cabisbaixa retornou ao quarto esquecendo-se da tarefa e também do desenho. O enunciado abaixo foi escrito pela Profa Diana Luz Pessoa de Barros em um livro sobre redação no vestibular (FIORIN; SAVIOLI, 2006, p. 262). Analise-o e, em seguida, transcreva os trechos que configuram uma incoerência semântica. Lá dentro havia uma fumaça formada pela maconha e essa fumaça não deixava que nós víssemos qualquer pessoa, pois ela era muito intensa. Meu colega foi à cozinha me deixando sozinho, fiquei encostado na parede da sala fiquei observando as pessoas que lá estavam. Na festa havia pessoas de todos os tipos: ruiva, brancas, pretas, amarelas, altas, baixas, etc. 07/02/2014 10 Tema 4: Coerência textual: um princípio de interpretabilidade Neste tema você aprendeu que... • Um texto coerente é um texto com sentido. • Por sua vez, a coerência é estabelecida a partir da interação autor-texto-leitor, o que pressupõe participação efetiva do leitor. • Assim, o texto se reafirma como uma atividade cooperativa entre autor e leitor. No caso, a tarefa do autor é produzir um texto coerente, e a do leitor é atribuir sentidos. Você também estudou... • As diferenças entre os conceitos de coerência e de coesão. • Compreendeu que a coesão se refere às informações explícitas no texto, fatores linguísticos propriamente ditos (elementos coesivos). • Por outro lado, a coerência exige conhecimentos externos ao texto, baseados no repertório do leitor. 07/02/2014 11 Além disso: Você conheceu a relevância do princípio de interpretabilidade na produção textual. Tal princípio pressupõe que um texto coerente é aquele passível de construção de sentidos pelo leitor. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1338212 Finalizando Não é possível deixar de lembrar os tipos de coerência que garantem a coerência global do texto, são eles: • Coerência sintática. • Coerência semântica. • Coerência temática. • Coerência pragmática. • Coerência estilística. • Coerência genérica. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/692411 Por fim... Destarte, o bom funcionamento de todos os tipos de coerência, somado à ativação dos conhecimentos prévios e compartilhados e à produção de inferências consistem em requisitos para a construção do sentido do texto. Como o princípio de interpretabilidade demanda um texto com sentido, por sua vez, coerente, você tem agora alguns indicadores que certamente poderão conduzi-lo até eficientes práticas de leitura e produção de texto.
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