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O GRAU DE LIBERDADE DOS JUÍZES

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O GRAU DE LIBERDADE DOS JUÍZES
O grau de liberdade dos juízes - margem de liberdade a ser atribuída aos juízes para o julgamento dos casos a ele propostos.
Dentro desta liberdade, a doutrina registra três propostas diversas:
A livre estimação;
A limitação à subsunção
A complementação coerente e dependente do preceito.
Livre estimação
É o reconhecimento da necessidade de se permitir ao Judiciário uma amplitude de atribuições para a solução dos conflitos. 
Parte da premissa de que o Direito, considerado como normas rígidas, de natureza apenas lógica, não é capaz de traduzir os anseios do bem comum. Assim, a missão do juiz é escolher os princípios de acordo com o seu critério de justiça, para depois aplicá-los aos casos concretos. 
Direito alternativo
Aparece a figura do juiz reformador, daquele que não se mantém neutro ideologicamente, mas que se conscientiza do grau de injustiça que atinge economicamente camadas sociais e deve minorar a sorte dos pobres, incutindo ação política nos atos decisórios.
Assim, além da lei o juiz levar em conta a condição de pobreza da parte envolvida no litígio.
Limitação e subsunção
A função do juiz ficaria reduzida à de mero aplicador de normas, sem qualquer outra tarefa senão a de consultar os artigos do código, inteirar-se da vontade do legislador e aplicá-la aos casos concretos.
Complementação Coerente e Dependente do Preceito
Reconhece a necessidade de se conciliarem os interesses de segurança jurídica, pelo respeito ao Direito vigente, com uma indispensável margem de liberdade aos juízes.
Ao lidar com os conceitos amplos e gerais da norma jurídica, guiado pela ratio legis e pelo elemento teleológico(finalidade), o juiz avalia o alcance da disposição, com o seu discernimento. O papel dos juízes e tribunais se revela, assim, como o de complementação das normas jurídicas.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
“Art. 4.º Da LINDB - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.
Diante de uma lacuna da lei, deverá o juiz se valer da analogia, não havendo norma que possa ser aplicada analogicamente, o julgador se valerá dos costumes e, por fim, não havendo costume que se aplique ao caso, será a decisão baseada nos princípios gerais do Direito.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
“Necessitando conhecer os padrões jurídicos que disciplinam a matéria, devem consultar, em primeiro plano, a lei. Se esta não oferecer a solução, seja por um dispositivo específico, ou por analogia, o interessado deverá verificar da existência de normas consuetudinárias. Na ausência da lei, de analogia e costume, o preceito orientador há de ser descoberto mediante os princípios gerais de Direito.” (Paulo Nader)
Princípios gerais de direito são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico em sua aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de novas normas. (Miguel Reale).
São, pois, as ideias de justiça, liberdade, igualdade, democracia, dignidade, etc., que servem de alicerce para o edifício do Direito, em permanente construção.
CONCEITO: Na definição de Reale, princípios gerais de direito são “enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas”
FUNÇÃO:
Na elaboração das leis - O ponto de partida para a composição de um ato legislativo deve ser o da seleção dos valores e princípios que se quer consagrar, que se deseja infundir no ordenamento jurídico.
Na aplicação do Direito – Ao preencher as lacunas legais, o aplicador do Direito deverá perquirir os princípios e valores que nortearam a formação do ato legislativo. A direção metodológica que segue é em sentido inverso: examinar as regras jurídicas, para revelar os valores e os princípios que informaram o ato legislativo.
NATUREZA
a) Os princípios gerais de Direito expressam elementos contidos no ordenamento jurídico; 
b) Se os princípios se identificassem com os do Direito Natural, abrir-se-ia um campo ilimitado ao arbítrio judicial;
 c) A vinculação de tais princípios ao Direito Positivo favorece a coerência lógica do sistema; 
d) Os ordenamentos jurídicos possuem um grande poder de expansão, que lhes permite resolver todas as questões sociais.
ONDE BUSCÁ-LOS
DO ESPECÍFICO PARA O GERAL
a) no instituto que aborda a matéria; 
b) em vários institutos afins; 
c) no ramo jurídico como um todo;
 d) no Direito Público ou no Direito Privado (dependendo da localização da matéria);
 e) em todo o Direito Positivo; 
f) no Direito em sua plenitude.
Exemplos de princípios que se encontram prescritos em normas jurídicas:
a) de “isonomia”, ou seja, da igualdade de todos perante a lei (CF, art. 5o, caput); 
b) de “irretroatividade da lei” para proteção dos direitos adquiridos (CF, art. 5o, XXXVI); 
c) de “legalidade”, isto é, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (CF, art. 5o, II); d) o exposto no art. 3o da LINDB: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”;
PRINCÍPIOS E BROCARDOS
Ubi eadem legis ratio, ibi eadem legis dispositio (onde a razão da lei é a mesma, igual deve ser a disposição); 
— Permittitur quod non prohibetur (tudo o que não é proibido, presume-se permitido); 
— Exceptiones sunt strictissimae interpretationis (as exceções são de interpretação estrita); 
— Semper in dubiis benigniora praeferenda sunt (nos casos duvidosos deve-se preferir a solução mais benigna); 
— Ad impossibilia nemo tenetur (ninguém está obrigado ao impos- sível); 
— Utile per inutile non vitiatur (o que num ato jurídico é útil não deve ser prejudicado por aquilo que não o é).

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