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ESÔFAGO 
Sua principal função (motora) é a condução de alimentos da faringe para o estômago, 
prevenindo o refluxo gastresofagiano (RGE). Possui 3 camadas (mucosa, submucosa e 
muscular). Não há serosa. Seu espaço é ocupado por tecido conjuntivo frouxo que circunda o 
esôfago e o prende fracamente ao tecido mediastinal. Na mucosa, o epitélio é estratificado e 
tem por função a proteção mecânica; a submucosa possui glândulas tubulares de secreção mista. 
A secreção esofagiana tem caráter mucoide, com função lubrificante para a digestão e de 
preparar o alimento para chegar até o estômago. 
O esôfago se divide em esfíncter esofagiano superior (EES), corpo do esôfago e esfíncter 
esofagiano inferior (EEI). Quando o EES encontra-se em repouso, está contraído, formando 
uma barreira ao refluxo de alimento para a faringe e impedindo a entrada de ar para o esôfago 
durante a respiração. O corpo é formado por um anel de contração iniciado à deglutição e 
transmitido a toda parte, apresentando 2 tipos de ondas peristálticas, tendo o início da primária 
na laringe durante o processo de deglutição. O alimento ingerido é conduzido ao estômago por 
gravidade e contrações peristálticas, variando de acordo com a consistência do alimento. 
A pressão do esfíncter esofagiano e o ↑ da pressão intragástrica evitam o refluxo do conteúdo 
gástrico para o esôfago (a gastrina auxilia nesse processo, pois ↑ tônus no esfíncter, aumentando 
a pressão). A função básica do EEI é impedir o RGE. O tônus do EEI ↑ com a interferência do 
SNP, da gastrina e da bile com pH alcalino e diminui na presença de colecistocinina (CKK), 
glucagon, hormônios sexuais femininos, bloqueadores β-adrenérgicos e teofilina. 
Diminuem a pressão: gordura (liberação de CKK); carminativos; suco de laranja; tomate; 
posição de decúbito direito ou esquerdo ou sentada; cigarro; bebidas à base de cola; chocolate 
(↑ AMPc); gravidez (↑ pressão intra-abdominal e hormônios femininos); obesidade; alimentos 
com difícil digestibilidade, flatulentos, fermentáveis e ricos em enxofre; roupas com cintura 
apertada; levantamento de peso (↑ pressão intra-abdominal); infusos concentrados, caldos 
concentrados em purina; bebidas alcoólicas (ação direta na musculatura lisa). 
 
SINAIS BÁSICOS DE DOENÇAS ESOFAGIANAS 
A disfagia e a pirose são sinais de doença esofagianas provocadas por alterações no transporte 
do bolo alimentar e presença do refluxo gastresofagiano. A disfagia surge após a deglutição dos 
alimentos e se origina devido a uma dificuldade no transporte do bolo alimentar da faringe ao 
esôfago e deste ao estômago. Depende do tamanho do bolo alimentar, do diâmetro luminal, da 
contração peristáltica, da inibição da deglutição, incluindo contração e relaxamento do EES e 
EEI. Pode ser classificada em orofaringiana com alterações na primeira e na segunda fases da 
deglutição; e esofagiana, que pode ainda ser classificada como obstrutiva (diminui a luz 
esofagiana, dificultando o transporte de alimentos) e motora (alteração na peristalse ou no EEI). 
O tratamento deve ser de acordo com a patologia causal e a dieta deve ser de consistência líquida 
completa via oral ou enteral, com fracionamento aumentado, isenção de alimentos excitantes 
de mucosa, de difícil digestibilidade, fermentáveis, flatulentos, ricos em enxofre. As outras 
características da dieta devem ser ajustadas de acordo com as necessidades do paciente e os 
fármacos em uso. 
A pirose é a manifestação do refluxo gastresofagiano gerando uma esofagite de refluxo por 
ação nociva do HCL sobre a mucosa esofagiana. Apresenta sensação de dor em queimação, 
localizada na região retroesternal, podendo irradiar-se para o abdome superior, a garganta e 
regiões anterolaterais do tórax. Pirose → azia 
 
ESOFAGITE 
A doença do refluxo gastresofagiano ou esofagite ocorre em 10% a 20% dos indivíduos. Suas 
principais consequências ocorrem devido à diminuição da eficácia dos mecanismos anti-refluxo 
(pressão EEI), do volume alimentar, de alterações no tempo do esvaziamento gástrico, da 
natureza e agressividade (pH) do material refluído, levando à diminuição da resistência do 
tecido esofagiano a referida agressão e a eficácia dos mecanismos de clareamento esofagiano. 
Usualmente ocorre no esôfago inferior como resultado do efeito irritante do refluxo gástrico 
ácido sobre a mucosa esofágica. O quadro clínico cursa com pirose (dor subesternal epigástrica 
de queimação), disfagia, regurgitações, dor retroesternal baixa ou atrás do apêndice xifoide com 
irradiação e sialorréia. 
Os fatores predisponentes envolvem a hérnia hiatal, os hormônios envolvidos com a gravidez 
(↑ progesterona), a obesidade, a úlcera péptica com presença da bactéria Helicobacter pylori, a 
esclerose sistêmica progressiva, o uso de anti-inflamatórios não-esteróides e anticoncepcionais 
orais (↑ progesterona). Se a esofagite não for tratada adequadamente, pode gerar complicações 
como hemorragia, perfuração, estenose, esôfago de Barrett (quando o epitélio característico do 
esôfago é substituído pelo epitélio do estômago, com alta potencialidade de malignidade 
evoluindo para adenocarcinoma) e complicação pulmonar. 
Tratamento medicamentoso.  São usados antiácidos (↓ acidez gástrica); anticolinérgicos (↑ 
pressão do EEI); metoclopramida (antagonista da dopamina, que auxilia ↑ pressão do EEI e 
promovendo o esvaziamento gástrico). Em casos mais resistentes usa-se omeprazol ou 
cimetidina (↓ bloqueadores dos receptores de íons de hidrogênio da histamina). 
Objetivos da conduta dietoterápica.  (i) Recuperar o estado nutricional, que já se encontra 
debilitado com a presença das patologias; (ii) Promover a educação nutricional, evitando o 
surgimento de novas doenças; (iii) Evitar o refluxo gastresofagiano; (iv) Evitar a progressão de 
lesões já presentes no paciente; (v) Minimizar ou evitar os efeitos colaterais e interações entre 
fármacos e nutrientes. 
Características da dieta 
Deve-se evitar o sobrepeso e a obesidade, com o intuito de diminuir a pressão intra-abdominal 
e, com isso, aumentar a PEEI, que resultará na diminuição do refluxo. Dieta deve ser: ajustada 
aos fármacos em uso, pois alguns medicamentos diminuem a PEEI (teofilina, agentes β-
adrenérgicos); hiperprotéica (devido a liberação de gastrina, que auxilia no aumento da pressão 
do EEI e na cicatrização); normo a hipoglicídica (para evitar a fermentação e o desconforto 
abdominal); normo a hipolipídica (LIPs liberam CKK, que diminui a pressão do EEI, 
colaborando para o aumento do refluxo e retardo do esvaziamento gástrico). 
Fracionamento aumentado para evitar a distensão, o desconforto e ↑ da pressão abdominal. 
Volume diminuído e concentrado, evitando a distensão e a estimulação do ácido gástrico. 
Temperatura normal, de acordo com a preparação, e a consistência ajustada às necessidades do 
paciente. A última refeição deve ser feita de 3 a 4h antes de se deitar, para minimizar o refluxo. 
Evitar deitar-se, curva-se sobre si mesmo ou realizar conteções imediatamente após se 
alimentar. 
Vitaminas: destaque para a Vit. A (auxilia na reepitelização e, em conjunto com o PTH, 
mobiliza o cálcio ósseo e aumenta a reabsorção tubular renal de cálcio e fosfato); Vits. do 
Complexo B (importantes no metabolismo dos macronutrientes e a Vit. B6 colabora na 
utilização da PTN dietética); Vit. C (auxilia na síntese do colágeno, colabora com a cicatrização, 
é anti-inflamatória e diminui a suscetibilidade às infecções, bem como auxilia na absorção de 
ferro); folato (colabora no tratamento da anemia, comum nesses pacientes, em função dos 
fármacos com os nutrientes). 
Minerais: destaque para o ferro (devido à interação medicamentosa que pode causar anemia); 
potássio (devido à suainteração); enxofre (pode provocar desconforto e aumento da pressão 
intra-abdominal, dando origem à diminuição da PEEI). 
Chocolate (↑ AMP cíclico), bebidas com cafeína (café, chá e bebidas com cola), álcool, suco 
de laranja, tomate e carminativos (hortelã ou menta) devem ser evitados, pois diminuem a 
pressão do EEI. Deve-se evitar roupas apertadas (↑ pressão intra-abdominal e ↓ PEEI) e evitar 
o tabagismo (nicotina diminui a PEEI e do esfíncter pilórico, aumente o refluxo e as alterações 
da natureza do conteúdo gástrico, aumenta a resposta secretora ácida à gástrina, diminui a 
habilidade da cimetidina e de outros fármacos usados para a diminuição da secreção ácida 
noturna, que têm papel importante). Alimentos de difícil digestibilidade, fermentáveis, 
flatulentos, devem ser evitados devido à distensão abdominal, ao desconforto e ↑ da pressão 
intra-abdominal. Infusos concentrados e caldos concentrados em purina devem ser isentos ou 
evitados, pois são excitantes da mucosa gastrointestinal. 
Se o paciente não responder ao tratamento após 6 semanais ou mais, após avaliação de pHmetria 
prolongada será necessária cirurgia a afim de normalizar a função da barreia anti-refluxo. 
ACALÁCIA DO ESÔFAGO 
É um distúrbio motor da musculatura lisa esofagiana, na qual o EEI está hipertenso e não relaxa 
de forma apropriada a deglutição, tendo a peristalse normal do corpo substituída por contrações 
anormais. Há, portanto, alteração da motilidade sofagiana, abolição do peristaltismo, disfagia, 
odinofagia, dilatação (resultado da integração deficiente dos estímulos parassimpáticos) e pode 
predispor o paciente ao desenvolvimento de carcinoma das células escamosas do esôfago. 
Classifica-se em primária de etiologia desconhecida (vírus neurotrópico que gera uma lesão no 
nervo vago) e secundária de causa identificada (doença de Chagas, câncer...). 
As manifestações clínicas no início podem cursas com disfagia para sólidos e líquidos 
(intermitente no início), regurgitação (geralmente noturna pela posição de decúbito + acúmulo 
de alimentos), dor retroesternal com líquidos frios e perda de peso, pois o paciente tem medo 
de ingerir alimentos (a odinofagia é pior no início). Como complicações podem surgir 
regurgitação e aspiração do conteúdo alimentar gerando complicações pulmonares; estase 
esofágica por infecção monilíase; odinofagia grave e aumento da disfagia provocando perda de 
peso. 
 
O diagnóstico é feito através de radiologia, cinerradioscopia, bem como pela administração de 
dieta liquida durante 24 a 36 horas, seguida de aspiração e lavagem pré-endoscópica. Está 
indicada a avaliação esofagoscópica para avaliar a gravidade da esofagite e afastar a hipótese 
de carcinoma. O tratamento é a dilatação abrupta com balão pneumático sob controle 
radioscópico, para dissociar as fibras musculares do cárdia, o que melhora a disfagia; 
farmacoterapia, esofagocardiomiotomia e cirurgia. 
Deve ser oferecida uma dieta líquida completa (LC), hiperproteica, normoglicídica sem 
concentração de dissacarídeos, normolipídica sem concentração de saturados, minerais e 
vitaminas ajustados às necessidades do paciente e à interação com os fármacos em uso, 
fracionamento aumentado e volume diminuído e concentrado, sem caldos concentrados em 
purinas, temperatura sem extremos, e o restante semelhante à dieta indicada para a esofagite e 
ajustado às necessidades do paciente.

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