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1. INTRODUÇÃO (Paleontologia Sala Aula p17 31)

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A Paleontologia
na sala de aula 17
INTRODUÇÃO 
AO ESTUDO DA 
PALEONTOLOGIA
Marcello Guimarães Simões
Sabrina Coelho Rodrigues
Marina Bento Soares
Paleontologia é a ciência que estuda os fósseis, ou seja, o vasto documentá-
rio de vida pré-histórica. Paleontologia quer dizer “o estudo da vida antiga, 
do grego Palaios = antigo; ontos = ser; logos = estudo”, mas essa é uma definição 
muito vaga. A Paleontologia ocupa-se da descrição e da classificação dos fósseis, 
da evolução e da interação dos seres pré-históricos com seus antigos ambientes, 
da distribuição e da datação das rochas portadoras de fósseis, etc.
QUEM ESTUDA OS FÓSSEIS?
A Paleontologia Moderna é uma ciência dinâmica, com relações com outras 
áreas do conhecimento, estando preocupada em entender como a evolução física da 
Terra, em termos das mudanças na sua geografia (paleogeografia), no clima (paleo-
clima) e nos ecossistemas (paleoecologia), influenciou a evolução das formas de vida 
pré-históricas. Portanto, a Paleontologia é uma ciência interdisciplinar, relacionada 
à Geologia, à Biologia (principalmente Zoologia e Botânica), à Ecologia e à Oceano-
grafia, dentre outros campos do conhecimento preocupados em estudar as interações 
A
1
VOLTE AO SUMÁRIO
A Paleontologia
na sala de aula 18
entre os organismos e o meio ambiente. Atualmente, a Paleontolo-
gia preocupa-se também com a conservação do patrimônio fossilífe-
ro (ver capítulo PATRIMÔNIO PALEONTOLÓGICO).
As grandes subdivisões da Paleontologia são a Paleozoolo-
gia (estudo dos animais fósseis), a Paleobotânica (estudo das plan-
tas fósseis) e a Micropaleontologia (estudo dos microfósseis).
O Paleontólogo é o cientista que estuda a vida pré-histó-
rica, a partir das evidências fornecidas pelos fósseis e pelas ro-
chas. 
Figura 1. Fósseis de braquiópodes (grupo de invertebrados ma-
rinhos) preservados nas rochas da Formação Ponta Grossa, Devo-
niano, Bacia do Paraná. Exemplo de objeto de estudo da Paleozo-
ologia. Coleção do Museu de Paleontologia da UFRGS. Escala em 
centímetros. Foto: Luiz Flávio Lopes.
Figura 2. Peixe fóssil, um vertebrado encontrado nas rochas do 
Grupo Santana, Cretáceo, Bacia do Araripe. Exemplo de objeto de 
estudo da Paleozoologia. Coleção do Museu de Paleontologia da 
UFRGS. Escala em centímetros. Foto: Luiz Flávio Lopes.
Os Paleozoólogos são os paleontólogos especializados 
em Paleontologia de Invertebrados, ramo da Paleozoologia que 
estuda os animais sem coluna vertebral, ou em Paleontologia 
de Vertebrados (Figuras 1 e 2), incluindo o estudo do homem 
fóssil (Paleoantropologia). Os Paleobotânicos estudam as plan-
tas fósseis (Figura 3). Já os Micropaleontólogos estudam fósseis 
microscópicos, ou seja, microrganismos fósseis de parede orgâ-
nica (ex: pólens) ou mineralizada (ex: foraminíferos) (Figura 4).
A Paleontologia
na sala de aula 19
Figura 3. Impressão de folha de Cordaites sp., encontrada nas rochas da 
Formação Rio Bonito, Permiano da Bacia do Paraná. Exemplo de obje-
to de estudo da Paleobotânica. Coleção do Museu de Paleontologia da 
UFRGS. Escala em centímetros. Foto: Luiz Flávio Lopes.
Figura 4. Foraminífero ornamentado, com carapaça mineraliza-
da. Exemplo de objeto de estudo da Micropaleontologia. Foto: 
Sabrina Coelho Rodrigues. 
A Paleontologia
na sala de aula 20
O QUE É FÓSSIL?
Acima, alguns exemplos de fósseis foram apresentados. No presen-
te capítulo o leitor terá a oportunidade ser apresentado aos conhecimentos 
sobre os fósseis e o processo de fossilização. Maiores detalhes serão encon-
trados no capítulo FÓSSEIS E PROCESSOS DE FOSSILIZAÇÃO.
O evento de fossilização é um fenômeno natural que envolve 
diversos processos biológicos, físicos e químicos. Trata-se de um evento 
espetacular que, literalmente, envolve a passagem dos restos orgânicos 
da Biosfera para a Litosfera. Existe até uma ciência à parte da Paleonto-
logia para estudá-lo, chamada de Tafonomia (termo grego que signifi-
ca “leis do sepultamento”). A Tafonomia (ver capítulo TAFONOMIA: O 
QUE TODOS ESTES FÓSSEIS ESTÃO FAZENDO AQUI?) se encarrega 
de estudar o processo de fossilização dos invertebrados, vertebrados ou 
plantas, considerando os processos atuantes nas diversas fases ou eta-
pas da fossilização, desde a morte dos seres vivos e sua decomposição, 
até o momento do encontro do fóssil pelo paleontólogo.
Se você, leitor, chegou até aqui, então está pronto para iniciar 
a empolgante viagem ao mundo do processo de fossilização. Sugeri-
mos começar verificando o conceito de Fóssil.
Fósseis (termo latino que significa “ser desenterrado” ou 
“extraído da Terra”) são restos ou vestígios (traços) de animais, 
vegetais e de outros microorganismos (algas, fungos e bactérias) 
que viveram em tempos pré-históricos e estão naturalmente pre-
servados nas rochas sedimentares (ver capítulo O CICLO DAS 
ROCHAS). Embora exista uma tendência para considerarmos fós-
seis apenas os esqueletos de dinossauros e de outros grandes 
vertebrados pré-históricos extintos (ver capítulo EXTINÇÃO: 
A OUTRA FACE DA EVOLUÇÃO), na realidade, o registro fós-
sil contém representantes da maioria dos grupos biológicos, in-
cluindo desde o Homem fóssil até aqueles grupos representados 
por formas de vida microscópica, que só podem ser vistos através 
do auxílio de instrumentos ópticos. Os fósseis podem ser classifi-
cados como Fósseis Corpóreos e Fósseis Traço (ou vestígios), 
dentre outras definições. 
Fóssil Corpóreo 
Os fósseis são considerados como fósseis corpóreos ou res-
tos (Figuras 5 a 7) quando são representados por restos orgânicos, 
especialmente suas partes duras, tais como as conchas, os ossos, os 
dentes e as partes vegetais (troncos, folhas etc.), além das impres-
sões, moldes e contramoldes (ver capítulo FÓSSEIS E PROCESSOS 
DE FOSSILIZAÇÃO).
A Paleontologia
na sala de aula 21
Figura 5. Fóssil do cinodonte Trucidocynodon riograndensis, encontrado nas rochas da 
Formação Santa Maria, Triássico da Bacia do Paraná. Coleção do Museu de Paleontologia 
da UFRGS. Foto: Luiz Flávio Lopes. 
A Paleontologia
na sala de aula 22
Figura 6. Fóssil de molusco cefalópode, Ceratites sp., do Triássico da 
Alemanha. Coleção do Museu de Paleontologia da UFRGS. Escala em 
centímetros. Foto: Luiz Flávio Lopes. 
Figura 7. Tronco fossilizado de gimnosperma encontrado nas rochas 
da Formação Santa Maria, Triássico, Bacia do Paraná. Coleção do Mu-
seu de Paleontologia da UFRGS. Escala em centímetros. Foto: Luiz Flá-
vio Lopes. 
A Paleontologia
na sala de aula 23
Fóssil traço 
Fósseis traço, também conhecidos 
como vestígios, compreendem o registro 
da atividade de um organismo sobre um 
substrato, tais como as pegadas, as pistas 
(sequência de pegadas), as perfurações, as 
escavações (Figuras 8 e 9). Nessa categoria, 
além disso, estão incluídos também os co-
prólitos (fezes fossilizadas), os ovos e os ni-
nhos fósseis (Figuras 10 a 12). Cabe lembrar, 
entretanto, que alguns autores preferem tra-
tar ovos fossilizados como fósseis corpóreos, 
já que, muitas vezes, estes incluem restos de 
embriões no seu interior.
Figura 9. Rastros deixados por artrópodes, 
preservados nas rochas do Grupo Itararé, Per-
miano Inferior, Bacia do Paraná. Coleção do 
Museu de Paleontologia da UFRGS. Escala em 
centímetros. Foto: Luiz Flávio Lopes. 
Figura 8. Pistas de dinossauros, 
encontradas nas rochas da Bacia 
do Rio do Peixe, Cretáceo. Foto: 
Leonardi & Carvalho. Retirado de 
Schobbenhaus, et al. (2000). 
Figura 10. Fezes fossilizadas de tubarão, também 
conhecidas como coprólitos, encontradas nas ro-
chas da Formação Rio do Rasto, Permiano, Bacia 
do Paraná. Coleção do Museu de Paleontologia da 
UFRGS. Foto: Ana Emília Quezado de Figueiredo.
A Paleontologia
na sala de aula 24
Figura 11. Fezes fossilizadas 
de tetrápode, tambémco-
nhecidas como coprólitos, 
encontradas nas rochas da 
Formação Santa Maria, Tri-
ássico, Bacia do Paraná. Co-
leção do Museu de Paleon-
tologia da UFRGS. Escala em 
centímetros. Foto: Luiz Flá-
vio Lopes.
Figura 12. Ovo de dinos-
sauro fossilizado, encon-
trado nas rochas do Grupo 
Bauru, Cretáceo, Bacia do 
Paraná. Foto: Beck, S.F. (reti-
rado de LIMA, 1986).
Figura 13. Exemplo de “fóssil-vivo”: Lingula, 
um braquiópode inarticulado, encontrado 
nas rochas da Formação Ponta Grossa, Bacia 
do Paraná. Esse invertebrado marinho do 
Paleozoico possui represen tantes viventes nos 
mares atuais, os quais são morfologicamente 
muito semelhantes às formas atu ais. Coleção do 
Museu de Paleontologia da UFRGS. Escala em 
centímetros. Foto: Luiz Flávio Lopes. 
Figura 14. Dendritos de manganês, de forma 
ramificada, exemplo de um pseudofóssil. 
Esse mine ral, de hábito arborescente, ao se 
consolidar entre as fissuras das rochas acaba 
assemelhando-se às estruturas orgânicas 
vegetais. Coleção da UFPR. Escala = 10cm. Foto: 
Cristina Silveira Vega.
Outras definições de fóssil 
Além dos fósseis corpóreos e traço, exis-
tem também os chamados fósseis quí-
micos, representados pela preservação 
de biomoléculas, tais como, as proteí-
nas, os aminoácidos, os lipídeos e os áci-
dos nucléicos (RNA, DNA). Aplica-se o 
termo fóssil-vivo aos organismos do re-
gistro fóssil que apresentam grande dis-
tribuição ao longo do tempo pré-histó-
rico, com representantes viventes ainda 
nos dias atuais (Figura 13). Por fim, tem-
-se o termo pseudofóssil, para marcas, 
impressões e objetos inorgânicos que se 
assemelham aos fósseis verdadeiros (Fi-
gura 14).
A Paleontologia
na sala de aula 25
ONDE EXATAMENTE OS FÓSSEIS OCORREM?
TORNANDO-SE FÓSSIL: O PROCESSO DE FOSSILIZAÇÃO
Já foram apresentados vários exemplos e definições de fós-
seis. Agora vamos detalhar mais minuciosamente os processos en-
volvidos no fenômeno da fossilização. Para que um resto orgânico 
torne-se fóssil, diversos eventos deverão ocorrer, constituindo as 
etapas de fossilização. Para uma melhor compreensão das etapas 
envolvidas na formação de um fóssil, será utilizado como exemplo o 
mexilhão, um organismo que é familiar à maioria das pessoas. Cabe 
lembrar que as etapas mostradas são comuns à grande parte dos 
restos e vestígios dos seres vivos, desde micro-organismos aos gran-
des vertebrados e as plantas. 
O mexilhão é um bivalve – nome dado aos animais invertebra-
dos (moluscos) formados por duas valvas ou concha calcárias – que vive 
em ambientes aquáticos (preferencialmente marinhos) onde ficapresos 
às rochas ou sobre os sedimentos de fundo ou mesmo enterrado nes-
tes. Suas partes moles ou tecidos (manto, órgãos reprodutores, brân-
quias, sifões), são envoltas pelas conchas calcárias, protegendo-as con-
tra o ressecamento, a ação de predadores e servindo como estrutura de 
suporte para o corpo do animal. A preservação do bivalve como fóssil 
envolverá diversas fases, conhecidas como fa ses ou etapas da fossiliza-
ção.Veja a seguir. 
Na crosta terrestre existem três tipos básicos de rochas, ro-
chas Ígneas ou Magmáticas, rochas Sedimentares e rochas Meta-
mórficas (ver capítulo O CICLO DAS ROCHAS). Predominantemen-
te, fósseis são encontrados nas rochas sedimentares. 
A Paleontologia
na sala de aula 26
Fase 1. a morte 
Em vida, o bivalve escava os substratos mari-
nhos, vivendo enterrado nos sedimentos ou 
fixa suas conchas em substratos ou partícu-
las duras. As conchas dos bivalves escavado-
res mantêm contato com a interface água-
-sedimento através dos sifões. Em vida, as 
conchas são articuladas como na Figura 15. 
As mudanças ambientais (variação de tem-
peratura, salinidade), as doenças, o ataque 
de predadores e o envelhecimento (senilida-
de) podem levar os indivíduos à morte.
Figura 15. Colônia de mexilhões vivos, fixos em su-
perfícies duras.
Fase 2. necrólise ou decomposição 
Ao morrer, os tecidos do bivalve encerram a ati-
vidade biológica e tem início a decomposição. 
Por exemplo, os músculos adutores, responsá-
veis pela abertura e fechamento das concha, 
deixam de apresentar contração e relaxamen-
to. Em poucas semanas, devido ao processo de 
necrólise (= decomposição bacteriana dos te-
cidos) e consequente perda da musculatura, 
o bivalve morto abre as conchas. Inicialmen-
te, ambas permanecem ainda articuladas, mas 
abertas, como uma “borboleta” (Figura 16). 
Com a continuidade do processo de necróli-
se, todos os tecidos, incluído o ligamento serão 
atacados pelas bactérias e organismos necró-
fagos. Após a deterioração das partes moles, 
restam as conchas vazias, que, por serem for-
madas por minerais (carbonato de cálcio), são 
mais resistentes. Constituem, portanto, a par-
te dura do organismo, que tem maior chance 
de preservação. Após a necrólise ou putrefação 
dos tecidos a concha poderá permanecer com 
as duas partes ainda unidas pelo ligamento ou 
desarticular-se.
Figura 16. Mexilhão morto, com as con-
chas abertas e as partes moles ainda pre-
sentes.
A Paleontologia
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Fase 3. desarticulação e dispersão 
As conchas dos animais mortos ficam expos-
tas ao ambiente, como hoje observamos nas 
praias. Essas podem ser desarticuladas pela 
ação de ondas e correntes ou ação de orga-
nismos necrófagos. A figura 17 mostra um 
bivalve com as conchas ainda articuladas. 
Após a desarticulação, poderá haver o trans-
porte pela ação da água. A movimentação 
das conchas duran te o transporte causa cho-
que entre essas e as partículas sedimentares, 
ou seja, os grãos de areia, seixos, etc., resul-
tando na fragmen tação e no desgaste da sua 
superfície (Figura 18). Se as conchas e seus 
fragmentos forem recobertos por sedimen-
tos poderão tornar-se fósseis.
Figura 17. Mexilhão com perda das 
partes moles (tecidos), restando ape-
nas sua concha protetora, mais resis-
tente.
Figura 18. Conchas de mexilhões 
articuladas abertas ou desarticula-
das. Note a presença de sedimen-
tos (areias e outros grãos) entre 
as conchas. Modificado de Taylor 
(1990).
A Paleontologia
na sala de aula 28
Fase 4. soterramento
A incorporação das conchas no sedimento através do recobri-
mento ou soterramento é uma fase crítica no processo de fos-
silização. O recobrimento rápido, após a morte, por partículas 
sedimentares de pequena dimensão evita ou previne a ação 
dos organismos necrófagos e o transporte e a dispersão dos 
restos orgânicos, nesse caso, as conchas do bivalve.
Se as conchas não forem recobertas, elas se desintegrarão e, 
portanto, não terão chance de preservação. Nos ambientes 
aquáticos, a rápida decantação e a deposição de partículas se-
dimentares finas (pequena dimensão, como a lama) aumen-
tam a probabilidade de preservação desses restos orgânicos. 
Desde que a deposição das partículas finas ocorra por decan-
tação não há muitos distúrbios junto ao fundo, que possam ar-
rastar e transportar os restos orgânicos. Por exemplo, durante 
os períodos de chuvas torrenciais, areia fina e lama (partículas 
muito finas denominadas silte e argila) são transportados pe-
los rios. A lama é levada em suspensão na água (água turva) 
até as regiões costeiras, onde irá decantar e recobrir as con-
chas e outros restos de organismos que lá estão. Esse material 
ficará aprisionado e incorporado às camadas de sedimentos. 
Com o passar do tempo sucessivas camadas vão se depositan-
do, contendo conchas, ossos e outros restos de esqueletos de 
animais e vegetais.
Fase 5. diagênese ou litificação 
Com o passar do tempo, sucessivas camadas de sedimentos, 
contendo conchas e outros restos em seu interior vão se acumu-
lando. Como os grãos ainda estão soltos, o sedimento está inco-
erente (como na areia de praia). Dentre outros fatores, o peso 
das repetidascamadas de sedimentos (como em um bolo de 
aniversário contendo várias camadas) e a infiltração de água en-
tre os grãos, no interior do sedimento, podem favorecer a pre-
cipitação de minerais que, como uma argamassa, irão ligar (co-
lar) cada partícula de sedimento com os restos orgânicos. Nesse 
momento, a rocha estará cimentada, ou seja, coerente, dura, ou 
melhor, litificada ou petrificada (Figura 19).
Durante o processo de litificação e compactação, os fluidos que 
se movem através dos grãos sedimentares são potencialmente 
destrutivos para os restos orgânicos, inclusive para as conchas 
dos bivalves. Dependendo das características químicas dos flu-
ídos de infiltração, poderá haver dissolução completa das con-
chas já incorporadas nos sedimentos. Outros restos, por sua vez, 
poderão sofrer modificações químicas, com a troca ou substitui-
ção dos elementos minerais. Muitos são os tipos de fossilização 
que decorrem das modificações químicas e físicas, durante o pro-
cesso de litificação (ver capítulo FÓSSEIS E PROCESSOS DE 
FOSSILIZA ÇÃO).
A Paleontologia
na sala de aula 29
Figura 19. Conchas fósseis de mexilhões, ainda na rocha matriz.
A Paleontologia
na sala de aula 30
Fase 6. soerguimento das rochas fossilíferas 
Devido à movimentação das placas tectôni-
cas (ver capítulo TECTÔNICA DE PLACAS E 
O CICLO DOS SUPERCONTINENTES), as su-
cessões de rochas, contendo ou não fósseis, 
poderão sofrer soerguimento (levantamento) 
emergindo à superfície terrestre. Pacotes de 
rochas sedimentares fossilíferas podem fazer 
parte das cadeias de montanhas, e comumen-
te estão dobrados e fraturados devido aos es-
forços para soerguê-los. Em alguns casos, os 
fósseis ali contidos poderão estar deforma-
dos, outros poderão ser destruídos. No caso 
dos mexilhões, uma vez na superfície, os pa-
cotes de rochas sofrerão erosão e as conchas 
fósseis poderão ser expostas. Após milhões de 
anos, os paleontólogos poderão localizá-las 
e extraí-las cuidadosamente da rocha matriz 
(rocha onde foram preservados), e levá-las ao 
laboratório, para estudo (Figura 20). Os fós-
seis e as rochas serão incorporados em uma 
coleção científica. Assim, um dia poderão ser 
estudados pelos pesquisadores e figurarem 
dentre os materiais expostos em museus (ver 
capítulos DO CAMPO AO LABORATÓRIO: A 
VIAGEM DE UM FÓSSIL e PATRIMÔNIO PA-
LEONTOLÓGICO). 
Figura 20. Detalhe das conchas 
fósseis de mexilhão, extraídas da ro-
cha matriz.
O REGISTRO FÓSSIL
O chamado registro fóssil inclui a totali-
dade dos fósseis já descobertos e descritos, bem 
como aqueles ainda a serem descobertos pelos pa-
leontológos, ou seja, que ainda não foram escava-
dos ou extraídos das rochas. As descobertas pale-
ontológicas indicam que as evidências mais antigas 
de vida na Terra têm, aproximadamente, 3,5 bilhões 
de anos. Portanto, o registro fóssil engloba um vas-
to período de tempo, desde 3,5 bilhões de anos 
atrás, até os vestígios de vida do chamado perío-
do histórico, quando os humanos desenvolveram 
a escrita, há cerca de 5.500 anos. Durante esse vas-
to período de tempo, novas formas de vida surgiram 
devido à evolução (ver capítulo EVOLUÇÃO SOB A 
PERSPECTIVA DO REGISTRO FÓSSIL), inicialmen-
te nos oceanos, a partir de organismos simples, unice-
lulares, como as bactérias, algas e protozoários. Poste-
riormente, surgiram os organismos mais complexos, 
multicelulares, tais como os fungos, as plantas e os ani-
mais invertebrados e vertebrados. Ao longo do curso 
da evolução, muitas espécies desapareceram, tal como 
ocorreu com os dinossauros, cerca de 66 milhões de 
anos atrás (ver capí tulo EXTINÇAO: A OUTRA FACE 
DA EVOLUÇÃO).
A Paleontologia
na sala de aula 31
A IMPORTÂNCIA DOS FÓSSEIS
O que torna a Paleontologia tão interessante é o fato de poder 
investigar e, de certa forma, especular sobre os seres que viveram há 
muito tempo. Os fósseis constituem importante evidência do proces-
so evolutivo. Além disso, os fósseis são úteis para o reconhecimento de 
pacotes de rochas contemporâneos e sua sucessão temporal (ver capí-
tulo OS FÓSSEIS E O TEMPO GEOLÓGICO). Os fósseis permitem tam-
bém o reconhecimento da distribuição dos antigos mares e continen-
tes (ver capítulo PALEOBIOGEOGRAFIA: A DINÂMICA DA TERRA E 
DA VIDA). Fósseis são ferramentas essenciais para a Paleoecologia e re-
construção dos ambientes antigos de sedimentação (ver capítulo A 
PALEOECOLOGIA ATRAVÉS DOS MICROFÓSSEIS). Do ponto de vista 
econômico, fósseis são importantes na indústria do petróleo e do car-
vão.
ATIVIDADES VINCULADAS AO CAPÍTULO
O tanque de fossilização
A história de um fóssil
Diferenças entre um fóssil e um organismo atual
Simulando o processo de fossilização
Interpretando icnofósseis: pegadas e impressões 
Simulando a formação de impressões foliares
Reconhecendo icnofósseis de dinossauros
REFERÊNCIAS
CARVALHO, I. S. 2010. Paleontologia. 3ª ed., v. 1., Rio de Janeiro: Interciência, 734 p. 
HOLZ, M. & SIMÕES, M. G. 2003. Elementos Fundamentais de Tafonomia. 1ª ed., 
Porto Alegre: Editora da Universidade - EDUFRGS, 231p. 
LIMA, M.R. 1989. Fósseis do Brasil. T.A. Queiroz Editora e EDUSP, 1989, 118p. 
SCHOBBENHAUS, C.; CAMPOS, D.A.; QUEIROZ, E.T.; WINGE, M.; BER¬BERT-BORN, M. 
2000. Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. DNPM/CPRM-SIGEP, Brasília, 
554p. 
SIMÕES, M. G.; RODRIGUES, S. C.; BERTONI-MACHADO, C.; HOLZ, M. 2010. Tafonomia: 
Processos e Ambientes de Fossilização. In: Carvalho, I.S. (Ed.). Paleontologia. 3 ed. 
v. 1, Rio de Janeiro: Interciência, p. 19-52. 
TAYLOR, P.D. 1990. Fossil: Aventura Visual. Rio de Janeiro:Globo, 62p.
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