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Semiologia Respiratória completo

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1 Semiologia II- Aparelho respiratório- Ausculta 
Nicolle Moraes Nunes 
SEMIOLOGIA MÉDICA II- APARELHO RESPIRATÓRIO 
AULA DO DIA 14/08, PROFESSOR MOZART NETTO 
RESUMO DO PORTO- P. 314- AUSCULTA 
A ausculta é um método semiológico no exame físico dos pulmões, que é funcional por excelência porque permite que o 
funcionamento pulmonar seja analisado. Para realizar a ausculta exige-se o máximo de silêncio, e posição correta e confortável 
para o médico e para o paciente. Inicialmente o médico se coloca posteriormente ao paciente, que não deve estar com o tronco 
muito curvado, nem cabeça dobrada para frente. Lembrando sempre que o tórax deve estar despido para fazer a ausculta (e 
que o pudor do paciente deve ser respeitado). O paciente então, deve respirar profunda e pausadamente a fim de que se 
escutem as variações do murmúrio respiratório normal. Apenas depois de uma longa prática com os ruídos normais seremos 
hábeis o suficiente para reconhecer os ruídos anormais. 
A ausculta se inicia pela face posterior do tórax, seguindo para as faces laterais e por fim a face anterior. Deve-se ter em mente 
que os limites do pulmão estão a cerca de 4 dedos transversos abaixo da ponta da escápula. As regiões devem ser auscultadas 
de maneira simétrica; além disso, é aconselhável solicitar ao paciente a fazer algumas respirações profundas, e tossir várias 
vezes a fim de diferenciar os ruídos permanentes dos eventuais, de menor valor diagnóstico. 
SONS PLEUROPULMONARES 
•Sons normais: Som traqueal, respiração brônquica, murmúrio vesicular, respiração broncovesicular. 
•Sons anormais: Podem ser contínuos (roncos, sibilos e estritor), descontínuos (estertor fino, e estertor grosso), ou de origem 
pleural (atrito pleural). 
-Sons vocais: Broncofonia, egofonia, pectorilóquia fônica e afônica. 
1. Sons respiratórios normais 
1.1- Som traqueal e respiração brônquica 
Permite a ausculta do componente inspiratório e do componente expiratório, que podem ser facilmente diferenciados. O 
ruído inspiratório é “soproso”, enquanto o ruído expiratório é mais forte e prolongado. Entre os dois componentes da 
respiração conseguimos identificar também um curto intervalo. O som traqueal é audível na região de projeção da traqueia, 
no pescoço, e na região esternal. Esse som se origina pela passagem do ar através da fenda glótica e da traquéia. A 
respiração brônquica é muito semelhante à traqueal, e só se difere dela por apresentar um componente expiratório menos 
intenso. A respiração brônquica corresponde ao som traqueal audível na zona de projeção dos brônquios de maior calibre, 
na face anterior do tórax, próximo ao esterno. 
1.2- Murmúrio vesicular 
Nesse caso, o componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro, de tonalidade mais alta do que o componente 
expiratório, que é mais fraco, de curta duração e mais baixo. No murmúrio vesicular não conseguimos mais identificar o 
curto intervalo entre os dois componentes, e ao compararmos o murmúrio com a respiração brônquica vemos que esse 
som é mais fraco, e mais suave. Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com exceção das regiões: esternal 
superior, interescápulo-vertebral direita, e na altura da 3ª e 4ª vértebras dorsais (nessas regiões, auscultamos a respiração 
broncovesicular). Além disso, o murmúrio vesicular não cumpre intensidade homogênea em todo o tórax, porque ele é mais 
forte nas regiões antero-superiores, da axila, e infra-escapulares. 
Principais alterações: As principais modificações na respiração vesicular são a diminuição ou aumento da sua intensidade e 
prolongamento do componente expiratório. A respiração vesicular mais intensa acontece quando o paciente (criança ou 
paciente emagrecido) respira amplamente, e com a boca aberta, depois de algum esforço físico. Nos portadores de 
afecções pulmonares unilaterais, como mecanismo vicariante, o murmúrio vesicular se torna mais intenso do lado não 
afetado. Sua redução pode resultar de numerosas causas, dentre as quais podemos citar principalmente: Presença de ar 
(pneumotórax), liquido (hidrotórax), ou tecido sólido (espessamento pleural), na cavidade pleural; enfisema, qualquer dor 
torácica que reduza a mobilidade do tórax, obstrução das vias respiratórias superiores ( espasmo ou edema de glote, 
obstrução da traquéia), e oclusão parcial ou total de brônquios e bronquíolos. No caso da modificação por prolongamento 
 
 
2 Semiologia II- Aparelho respiratório- Ausculta 
Nicolle Moraes Nunes 
da fase expiratória do murmúrio vesicular é comum que apareça na asma brônquica, no enfisema, e na bronquite, e traduz 
de modo objetivo a dificuldade de saída do ar. 
1.3- Respiração broncovesicular 
Na respiração broncovesicular a inspiração e expiração possuem mesma intensidade, magnitude e duração, mas possuem 
menor intensidade do que na respiração brônquica. Nas crianças, devido ao tamanho do tórax, a respiração broncovesicular 
é melhor audível nas regiões periféricas. Em condições normais, a respiração broncovesicular é auscultada na região 
esternal superior, na interescapulo-vertebral direita, e ao nível da terceira e quarta vértebras dorsais. Sua presença em 
outras regiões indica condensação pulmonar, atelectasia por compressão, ou presença de cavernas, ou seja, nas mesmas 
condições que se observa respiração brônquica. Para que ocorra esse tipo de respiração é preciso que os alvéolos mais ou 
menos normais sejam capazes de originar um ruído do tipo vesicular. 
Em suma: 
SOM LOCAL DE AUSCULTA Intensidade da INSPIRAÇÃO Intensidade de EXPIRAÇÃO 
Som traqueal Regiões de projeção da 
traquéia. 
+++ ++++ 
Respiração brônquica Áreas de projeção dos 
brônquios principais. 
+++ +++ 
Respiração broncovesicular Região esternal superior, e 
interescápulo-vertebral 
direita. 
++ ++ 
Murmúrio vesicular Periferia dos pulmões. +++ ++ 
2. Sons anormais contínuos 
2.1- Roncos e sibilos 
Os roncos são constituídos por sons graves, de baixa frequência, e os sibilos por sons agudos, de alta frequência. Eles se 
originam das vibrações da parede brônquica e do ar quando há estreitamento desses ductos, seja ele por espasmo, edema 
da parede ou secreção aderida à ela, como no caso da asma, bronquite, bronquiectasias, e obstruções localizadas. Esses 
sons aparecem tanto na inspiração quanto na expiração, mas predominam na expiração. São fugazes, mutáveis, surgindo e 
desaparecendo em curto período de tempo. Os sibilos, em geral, são múltiplos e disseminados por todo o tórax quando 
provocados por enfermidades que comprometem a árvore brônquica, como acontece na asma e na bronquite. Quando os 
sibilos estão localizados numa determinada área, eles indicam a presença de uma semi-obstrução por neoplasia, ou corpo 
estranho. 
2.2- Estritor 
É um som produzido por semi-obstrução na traquéia, ou na laringe. As principais etiologias relacionadas são difteria, 
laringites agudas, câncer de laringe, e estenose de traqueia. Quando a respiração é calma e pouco profunda sua intensidade 
é pequena, mas na respiração forçada o aumento do fluxo de ar provoca significativa intensificação desse som. 
2.3- Sopros 
Os sopros variam conforme a região do tórax que vamos ausculta-los. Quando auscultamos na altura da 7ª vertebra 
cervical, traqueia, e região interescapular podemos perceber um sopro brando, que dura mais na expiração do que na 
inspiração, e isso é normal. Contudo, quando o pulmão perde sua textura- como nas pneumonias bacterianas (hepatização), 
nas cavernas (tuberculose- brônquio de drenagem), e no pneumotórax hipertensivo, também pode haver sopro. Esses 
sopros são chamados respectivamente de tubário, cavitário, e anfóricos. 
3. Sons anormais descontínuos 
3.1- Atrito Pleural 
Em condições normais, os folhetos visceral e parietal dapleura deslizam um sob o outro durante os movimentos 
respiratórios sem provocar nenhum ruído. Nos casos de pleurite, por se recobrirem de exsudato, passam a produzir um 
ruído irregular, descontinuo, mais intenso na inspiração. O som é semelhante ao “atritar de couro cru”. Possui duração 
maior e frequência baixa, de tonalidade grave, o que torna fácil distingui-lo dos estertores. Para reconhecer esse ruído o 
examinador pode imitá-lo colocando uma das mãos de encontro ao próprio ouvido, e atritando-o com a outra mão, com 
 
 
3 Semiologia II- Aparelho respiratório- Ausculta 
Nicolle Moraes Nunes 
forte pressão. A sede mais comum de atrito pleural é nas regiões axilares inferiores porque nelas é que os pulmões 
realizam movimentação mais ampla. Sua principal etiologia é a pleurite seca, e a instalação de derrame pleural determina 
seu desaparecimento. 
3.2- Estertores 
 Os estertores são ruídos ouvidos na inspiração, ou na expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. Podem ser 
finos, ou grossos. Os estertores finos, ou crepitantes, ocorrem no final da inspiração, têm alta frequência ( agudos e de curta 
duração), não se modificam com a tosse, e podem ser comparados com o ruído produzido pelo atrito de um punhado de 
cabelos junto ao ouvido, ou ao som percebido ao abrir e fechar um tipo de velcro. Os estertores finos são ouvidos 
principalmente nas áreas pulmonares afetadas pela gravidade. Embora exista muita controvérsia, aceita-se atualmente que 
os estertores finos são produzidos pela abertura sequencial de vias respiratórias anteriormente fechadas devido à pressão 
exercida pela presença de liquido ou exsudato no parênquima pulmonar, ou por alteração de tecido no suporte das paredes 
brônquicas. O primeiro mecanismo explicaria a presença de estertores finos na pneumonia, enquanto o segundo seria 
observado nas doenças pulmonares intersticiais. Os estertores grossos, ou bolhosos, tem frequência menor e maior duração 
do que os finos. Eles sofrem nítida alteração com a tosse, a podem ser ouvidos em todas as regiões do tórax. 
Diferentemente dos estertores finos, que só ocorrem no meio para o final da inspiração, os estertores grossos são audíveis 
no inicio da inspiração e durante toda expiração. Esse ruído tem origem na abertura e fechamento de vias respiratórias 
contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. São 
comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias. 
TIPOS FASE DO CICLO 
RESPIRATÓRIO 
EFEITO DA TOSSE EFEITO DA POSIÇÃO 
DO PACIENTE 
ÁREAS QUE 
PREDOMINAM 
Estertores finos 
(Crepitantes) 
Final da inspiração Não altera Modificam-se ou são 
abolidos 
Influenciados pela 
força da gravidade 
Estertores grossos 
(Bolhosos) 
Inicio da inspiração e 
ao longo de toda 
expiração 
Se altera Não se modificam Todas as áreas do 
tórax 
 
TRANSCRIÇÃO 
Ao colocar o estetoscópio nas regiões de projeção da traqueia conseguimos ouvir os dois componentes respiratórios: 
inspiratório e expiratório. No som traqueal o ruído expiratório é mais alto. No caso da respiração broncovesicular conseguimos 
auscultar a inspiração e a expiração, porém de forma mais abafada. Ainda na respiração broncovesicular mesmo que se consiga 
auscultar o componente expiratório, ele é bem menos intenso. Ao colocar o estetoscópio na periferia pulmonar auscultamos o 
som vesicular, em que auscultamos muito melhor o componente inspiratório. 
O som traqueal é o mais alto porque nessa região não tem nada que atrapalhe a sua ausculta, então conseguimos ouvir bem 
tanto na inspiração quanto na expiração- sem nenhum bloqueio. Ou seja, o ar passa pela traqueia com uma velocidade boa, e 
consequentemente faz barulho. Contudo, conforme esse ar vai entrando no pulmão ele tem mais dificuldade em penetrar o 
parênquima e começa a diminuir seu som tanto na inspiração como na expiração, formando sons mais abafados. Na altura do 
murmúrio vesicular (periferia) o ar ainda está entrando sob pressão, e haja vista que a inspiração é um processo ativo e a 
expiração é um processo passivo fica claro o porquê de a inspiração ser melhor audível. 
https://www.youtube.com/watch?v=e8TjdcUQVRo (Há um erro no vídeo no momento em que está escrito que no som traqueal 
possui inspiração maior do que expiração, mas é valido para ilustrar os sons). 
Ruídos anormais 
1. Descontínuos: Há uma grande divergência de opiniões quanto à nomenclatura dos ruídos anormais descontínuos, mas 
a real importância está em conhecer esses ruídos e conseguir diferencia-los, e não na nomenclatura com a qual isso se 
aplica. Além de conseguir diferenciar os ruídos também é fundamental relacionar as possíveis etiologias. 
2. Contínuos ou musicais: Esses ruídos são mais facilmente entendidos. Basicamente são dois sons: os roncos e os sibilos. 
O som que o ronco da ausculta produz é muito semelhante com o ronco de quem dorme. O ronco é mobilizável pela 
tosse. Ou seja, quando temos um paciente com ausculta anormal e queremos entender que som é esse podemos pedi-
 
 
4 Semiologia II- Aparelho respiratório- Ausculta 
Nicolle Moraes Nunes 
lo para tossir, se realmente for uma etiologia que provoca ronco, com a tosse esse ronco vai reduzir ( porque a tosse 
está mobilizando aquela secreção). A tosse só é capaz de mobilizar secreções que estão presentes em grandes vias 
aéreas, ou seja, quando o paciente não está tossindo, não está eliminando aquela secreção. Um paciente com AVE, por 
exemplo, que tem seu nível de consciência reduzido, perde o hábito de tossir e acumula toda secreção que foi drenada 
pelo epitélio ciliado das vias aéreas. 
Além do ronco, o sibilo também é um som que persiste durante todo o ciclo respiratório. O sibilo ocorre quando há 
redução do espaço das vias aéreas, por exemplo, na asma. Nem toda asma sibila, e nem tudo o que sibila é asma, mas 
na maioria dos casos quando o sibilo é bilateral é por asma. O sibilo localizado (unilateral) pode ser causado por 
obstrução; a obstrução provoca sibilo porque quando o ar passa pela via área estreitada ele acelera, e ao acelerar ele 
faz barulho. Ou seja, sempre que temos o ar passando por uma área estreitada ele vai acelerar, e gerar sibilo. Uma das 
causas de obstrução das vias respiratórias é a inspiração de corpo estranho, tumor unilateral, e etc. “ A ideia do sibilo é 
a seguinte: Quando enchemos a bola rápido ela faz barulho? Sim, porque o ar passou por uma via estreitada. Quando 
esse ar sai de dentro da bola ele faz barulho também – porque está passando por uma área estreitada também.” 
Obs: A ocorrência do sibilo na inspiração ou expiração está relacionada à frequência com que ocorre o broncoespasmo. 
O sibilo pode ser mais alto, ou mais baixo e, eventualmente, pode coexistir com o ronco. 
ASMA: A asma é uma doença inflamatória crônica que deixa as vias aéreas hiperreativas. Devido à essa hiper-reatividade 
quando ocorre o contato com determinados alérgenos se faz uma inflamação aguda das vias aéreas (agudiza a inflamação 
crônica). A agudização promove broncoespasmos com hiperprodução de muco. Uma asma MUITO GRAVE fica silenciosa na 
ausculta (tórax silencioso), diferentemente de uma asma mais fácil de tratar que vai gerar sibilo. Ao tratar um paciente com 
tórax silencioso por asma, a tendência e que conforme evolua o tratamento o paciente comece a apresentar sibilo ( que nesse 
caso é um sinal de melhora); se continuarmos o tratamento vemos ver que quando ele está quase curado conseguimos ouvir 
até um ronco junto com o sibilo. Em suma, numa asma muito grave as vias respiratórias estão tão fechadas que o ar não 
passa, conforme o paciente melhora o ar passa pelas vias respiratórias que ainda estão estreitas- permitindo a ausculta de 
sibilo. 
RUÍDOSANORMAIS DESCONTÍNUOS 
•Crepitações finas e crepitações grossas 
Para entender os conceitos de crepitações (ruídos estertores) vamos usar um exemplo bem simples: Temos dois copos: um com 
milk-shake, e um com coca cola. O ruído que o copo com milk-shake vai fazer é um ruído de uma secreção espessa, grossa- 
como o catarro na pneumonia. O copo com coca cola, por outro lado, lado vai fazer o ruído de um liquido fluido- como o do 
plasma no edema agudo de pulmão. Se formos “inspirar” no canudo a secreção que vai fazer barulho primeiro é a secreção 
fluida (coca cola), então já podemos afirmar que ruídos causados por secreções fluidas ocupam toda inspiração. A secreção 
espessa, por outro lado, vai demorar até que consiga ser inspirada, então secreções espessas só geram ruídos no final da 
inspiração. 
Ainda na mesma linha de raciocínio, imaginem o catarro. O catarro/muco é uma secreção grossa, viscosa, então ela demora 
muito para se partir, mas se puxarmos o catarro, em um determinado momento, após de certo esforço, ele vai se romper. 
Trazendo esse exemplo para os alvéolos: O ar tenta abrir os alvéolos para fazer a hematosa, mas não consegue porque os 
alvéolos estão todos preenchidos de catarro- que fica grudado nas paredes do alvéolo. O ar continua fazendo pressão para 
dentro do alvéolo tentando passar enquanto o catarro continua segurando as paredes do alvéolo, até que num determinado 
momento entra tanto ar que o catarro é quebrado, e ar entra no alvéolo, abrindo-o. A entrada do ar e a abertura dos alvéolos é 
que geram o som explosivo do ruído crepitante no final da inspiração. Reforçando: o som ocorre no final da inspiração porque 
está tentando passar e não consegue, haja vista que o catarro está segurando a parede dos alvéolos, impedindo-o de entrar, até 
que o catarro rompe, o alvéolo abre, e produz o som. 
Voltando à secreção fluída: imaginem o alvéolo cheio de liquido puro (plasma), como num edema agudo de pulmão, o ar vai 
entrar e conseguir movimentar esse liquido desde o início, e é por isso que os líquidos geram som que dura toda a inspiração. 
Relembrando o conceito de edema agudo de pulmão 
Em condições normais o CD puxa o retorno venoso, e direciona para o pulmão- através de uma circulação de baixa pressão- o 
sangue passa pelo pulmão, faz a hematose, e vai para o CE – que é de alta pressão- e o CE o bombeia para a circulação 
 
 
5 Semiologia II- Aparelho respiratório- Ausculta 
Nicolle Moraes Nunes 
sistêmica. Se temos um paciente com alguma disfunção no CE, como uma hipertensão muito grave em que a pressão que 
precisa para abrir a A. Aorta é muito grande, ou uma insuficiência que deixou o coração tão dilatado que há dificuldade para 
bombear, ou há parede infartada disfuncional, hipertrofia, (...), o sangue não vai conseguir ser ejetado da maneira que 
deveria pelo VE, o que vai fazer com que sobre sangue para o pulmão, provocando congestão pulmonar. A congestão vai 
sendo transmitida pelos vasos até que atinja o sistema capilar pulmonar. Lembrando que existem 2 forças dentro dos vasos: a 
força oncótica/osmótica ( que mantem o sangue dentro dos vasos), e a força hidrostática ( que faz com que o sangue 
extravase); se há excesso da sangue a força hidrostática é aumentada, levando ao extravasamento de sangue. Ou seja, o 
plasma que chega aos capilares vai extravasar para os alvéolos, e como o plasma é extremamente fluido o paciente “ se 
afoga no seco”. 
Reforçando: 
Crepitação grossa Secreção fluída Ruído durante TODA 
INSPIRAÇÃO (contato do ar 
com a secreção) 
Holo inspiratória 
Crepitação fina Secreção espessa Ruído apenas no FINAL DA 
INSPIRAÇÃO (rompimento da 
secreção) 
Tele inspiratória 
Observação: Som dos ruídos no áudio- 24 minutos. 
A atelectasia também pode gerar uma crepitação bolhosa (grossa). Como exemplo devemos pensar no pulmão como um saco 
de papel celofane, que vai ser amassado, e dobrado; nesse local vai haver barulho durante toda a inspiração. Portanto, quando 
temos esse barulho descontínuo, explosivo, a etiologia pode ser uma secreção fina ( como edema agudo de pulmão), ou 
atelectasia. Tanto o edema quanto a atelectasia vão apresentar som maciço à percussão, logo só é possivel diferencia-los 
através do frêmito. Devemos relembrar o conceito de que as doenças parenquimatosas aumentam o frêmito toraco-vocal, 
exceto a atelectasia. Ou seja, embora ambas sejam doenças parenquimatosas, apenas a congestão pulmonar vai gerar aumento 
do fremito- haja vista que a atelectasia é uma excessão das doenças parenquimatosas porque ela reduz o fremito. 
Atelectasia: Embora seja uma doença parenquimatosa, ela reduz o frêmito. Isso ocorre porque para ter frêmito é preciso que 
haja ar no parênquima, e como na atelectasia o pulmão está todo imprensado e sem ar, o ar não se propaga. 
“No pneumotorax o ar entra, cai na cavidade alveolar, no espaço pleural e não consegue mais voltar. Então, esse pulmão não 
consegue mais contrair e relaxar, ... (?)”- Não consegui ouvir 
•Atrito pleural 
Chamamos de atrito pleural o som produzido pelo atritar dos folhetos pleurais um sob o outro. Em condições normais, o liquido 
presente entre as pleuras permite que seus folhetos deslizem um sob o outro, sem qualquer atrito. Quando ocorre perda do 
volume desse liquido (que já em condições normais é muito sutil) os movimentos do folheto causam atrito pleural, e esse atrito 
provoca ruído tanto na inspiração quanto na expiração. O atrito pericárdico possui som semelhante ao dobrar de couro cru, e é 
um som mais áspero do que os demais. Se houver duvida se é realmente atrito pleural, devemos procurar palpar o frêmito 
porque provavelmente ele vai estar presente. 
O ruído do atrito pleural demanda atenção porque é um ruído “evanescente”, ou seja: as vezes aparece, em outras desaparece. 
Além disso, demanda atenção para não ser confundido com o atrito pericárdico; nesse caso, para diferenciar devemos pedir que 
o respire, solte o ar e prenda (não inspire) - se o barulho continuar é sinal de atrito pericárdico. 
Observação: 31 minutos de áudio- revisão dos ruídos e suas características- e intervalo. 
REVISÃO DE EXAME FÍSICO DO TÓRAX 
Antes de começar o exame físico do paciente é preciso se identificar como acadêmico/ médico do serviço, pedir a autorização 
para examiná-lo e antes de tocar no paciente lavar as mãos e aquecê-las. 
Palpação torácica 
 
 
6 Semiologia II- Aparelho respiratório- Ausculta 
Nicolle Moraes Nunes 
Primeiramente, devemos pedir ao paciente que retire a blusa (desnudando somente a região necessária- e lembrando de 
respeitar o pudor do paciente. Na palpação em si devemos começar pela elasticidade; na verificação da elasticidade devemos 
colocar uma mão na face anterior e uma mão na face posterior do tórax e levemente “pressionar” a palma da mão contra a 
parede torácica, e em seguida fazer o mesmo processo com as faces laterais. Posteriormente deve ser analisada a 
expansibilidade; para analisar a expansibilidade do ápice pulmonar devemos colocar a mão espalmada no tórax do paciente 
(face posterior) com o polegar na coluna vertebral e os demais dedos na fossa supraclavicular e então pedir ao paciente que “ 
respire” “ puxe o ar” – o mesmo deve ser feito na face anterior, com a mão espalmada no tórax. Na face anterior visualizamos 
bem melhor a expansibilidade torácica. Num paciente demasiado magro podemos conseguir palpar o ápice pulmonar dessa 
forma. Para palpar a expansibilidade das bases pulmonares devemos apoiar os polegares nas linhas paravertebrais enquanto os 
outros dedos recobrem os últimos arcos costais. 
O proximo passo da palpação é o frêmito toraco-vocal. Procuramos o fremito com a polpa digital dos dedos porque é a parte 
mais sensível da mão. Ou seja, devemos tocar o tórax do pacientemais com a polpa digital do que com a mão espalmada. São 
diferentes escolas, diferentes vertentes; a escola francesa- por exemplo- determina que devemos colocar os dedos em cada 
espaço intercostal, enquanto a escola americana determina que o tórax seja dividido em três andares. O professor aconselhou a 
fazer a palpação dividindo o tórax em três andares. Na face posterior devemos pedir que o paciente se abrace para avaliar o 
fremito, e novamente palpar com a poupa digital enquanto pedimos ao paciente que fale “33”. 
A palpação deve ser feita, em média, até a altura do processo Xifóide porque é aproximadamente a região em que acaba a 
estensão pulmonar. . 
O aumento do FTV indica doença no parenquima pulmonar, com excessão da atelectasia. A atelectasia embora seja uma doença 
parenquimatosa resulta em redução do FTV. O derrame pleural (liquido ou gasoso) gera redução ou desaparecimento do FTV. 
Caso clínico 
Paciente com queixa principal de tosse, ao exame fisico notou-se fremito aumentado no hemitorax direito com expansibilidade 
reduzida no mesmo lado, percussão maciça, na ausculta demonstou murmurio vesicular reduzido com crepitação no final da 
inspiração. Qual é a hipótese diagnóstica? Frêmito aumentado indica doença de parênquima, a percussão maciça indica 
congestão, e a crepitação ao final da inspiração indica presença de secreção espessa ( “ catarro”), portanto a HD é pneumonia. 
Ausculta 
Lembrar sempre de aquecer do estetoscopio antes de coloca-lo no paciente, e ao colocar na pele verificar se está vedado de 
forma adequada. Em pacientes muito magros, por exemplo, é dificil vedar totalmente, então o estetoscopio com diafragma 
infantil pode ser uma boa alternativa. Devemos pedir ao paciente que respire normalmente ( se for um paciente com drive 
respiratório baixo pedir que respire fundo) e pela boca. Novamente, algumas vertentes médicas determinam que a ausculta 
deve ser feita em cada espaço intercostal, e outras determinam que deve ser em 3 andares. Na ausculta da mulher, deve-se 
respeitar seu puder, e o 3º andar deve ser deslocado para a lateral. Na ausculta da face posterior do tórax devemos pedir para 
que o paciente ‘se abrace’ para facilitar a ausculta. 
Obs: A voz pode ser auscultada, mas normalmente não se faz. 
Dica: Quem tem dificuldade em encontrar os espaços intercostais deve vir com a mão o mais proximo possivel do esterno 
porque é a região que tem menos músculo. 
“Se colocamos o esteto e o murmurio vesicular está abolido, com a percussão maciça, quais são as hipóteses diagnósticas? 
Tumor, pneumonia, e derrame pleural. Na pneumonia e no derrame pleural, a expansibilidade vai estar diminuida. A percussão 
vai estar maciça no derrame pleural e na pneumonia, e o murmurio pode estar abolido na pneumonia e no derrame pleural. 
Então, novamente a diferenciação se faz através do frêmito. A pneumonia é uma doença parenquimatosa, então o fremito fica 
aumentado, e o derrame pleural é uma doença pleural, então o fremito fica diminuido.

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