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1 Caderno de Graziele Cruz Dia 08 de Agosto de 2018. Direito Civil Aplicado Reais e Propriedade Intelectual O direito real é o vínculo do proprietário juntamente com aquela coisa a qual se tenha posse. Trata-se do ramo do direito que estuda a relação das pessoas com as coisas, sempre motivado por um interesse econômico. Características: Os direitos reais, conceitualmente, opõem-se aos direitos obrigacionais da seguinte forma: Direitos Reais Direitos Obrigacionais Originam direitos negativos (direito de não ter sua posse incomodada por terceiros) Originam direitos positivos negativos Erga omnis (os efeitos são oponíveis contra todos). Inter partes (os efeitos são oponíveis somente entre as partes que se obrigaram) Duradouros (são vigentes enquanto durar a propriedade sobre a coisa) Temporários (após o cumprimento da obrigação, extingue-se o direito) Numerus clausus (abrange um número limitado de direitos) Tem conteúdo flexível, de forma que inúmeros direitos podem ser incluídos nesse rol. Direito das Coisas - Pose - Direitos Reais - Propriedade - Direitos reais sobre coisa alheia - Direitos de garantia - Direitos de aquisição A pose é uma situação de fato com efeitos jurídicos, como por exemplo, ações possessórias e usucapião. Elementos constitutivos Os elementos constitutivos da propriedade correspondem aos direitos essenciais que integram a relação jurídica que se estabelece entre o proprietário e a coisa, quais sejam usar, gozar, dispor e reivindicar, conforme dispõe o art. 1.228, caput, do Código Civil de 2002. 2 Caderno de Graziele Cruz Posse: o direito de usar (jus utendi) se configura como a faculdade que o proprietário tem de usar a coisa da forma que bem lhe convier, excluindo a interferência de terceiros, bastando, para isso, que observe os limites legais estabelecidos. O mesmo autor destaca, ainda, que este atributo permite que o proprietário deixe de usar a coisa se assim quiser, mantendo-a inerte sob seu poder, para que possa servir-se dela quando desejar. (Carlos Roberto Gonçalves, 2012, p.147). Usufruir: O direito de gozar ou usufruir (jus fruendi), relaciona-se ao direito de auferir os frutos da coisa, que podem ser naturais, industriais ou civis, este último entendido como os rendimentos. Desta forma, depreende-se que o jus fruendi está definido como a possibilidade de receber os frutos naturais e civis da coisa, aproveitando-se de sua exploração econômica ou dos produtos dela resultante, sendo isto legalmente assegurado ao dono, salvo disposição em contrário. Tartuce (2015, p.701). Dispor: Consiste no direito que tem o proprietário de transferir a coisa, gravar ônus e de aliená-la a outrem a qualquer título, sempre se limitando a disposição constitucional do uso da propriedade conforme sua função social, sendo vedado ao proprietário abusar da coisa, destruindo-a a título gratuito, em prejuízo do interesse social. (Gonçalves, 2012, p.147). Reaver: O direito de reaver (rei vindicatio), refere-se à proteção jurídica dada ao domínio da coisa, o que confere ao proprietário reavê-la de terceiro que injustamente a detenha. (TARTUCE, 2014, p.96). Tal direito dá ensejo ao proprietário a utilização de ação reivindicatória, que tem titularidade do domínio como pressuposto de ajuizamento. Esta ação, conforme conhecida lição, compete ao proprietário não possuidor contra o possuidor não proprietário. Importa frisar que os efeitos acima listados são faculdades do possuidor e, portanto, podem ser gozados total ou parcialmente. Dessa forma, poderá o proprietário de um imóvel, por exemplo, permitir que um terceiro usufrua do bem, enquanto resguarda para si os direitos de dispor e reaver a coisa. Trata-se do instituto da elasticidade do poder à propriedade. Direitos Reais de Aquisição “Direitos reais de aquisição são aqueles em que é conferida ao seu titular a possibilidade de pelo seu exercício vir a adquirir um direito real sobre determinada coisa” (MENEZES LEITÃO, Luís Manuel Teles de. Direitos Reais, Coimbra, Almedina, 2009, p. 100). Reforma Agraria Rural Na prática, a reforma agrária proporciona, a desconcentração e democratização da estrutura fundiária, a produção de alimentos básicos, a geração de ocupação e renda, o combate à fome e à miséria, a interiorização dos serviços públicos básicos, a redução da migração campo-cidade, a promoção da cidadania e da justiça social, a diversificação do comércio e dos serviços no meio rural e a democratização das estruturas de poder. 3 Caderno de Graziele Cruz O Incra busca a implantação de um modelo de assentamento rural baseado na viabilidade econômica, na sustentabilidade ambiental e no desenvolvimento territorial, para tanto, é adotado instrumentos fundiários adequados a cada público e a cada região. Desapropriação do imóvel rural Os arts. 170, II e III; e 184 da CF determinam que os imóveis rurais que não estiverem cumprindo a sua função social2 deverão ser expropriados e alienados a quem lhes possa utilizar corretamente. A desapropriação será determinada por Decreto Presidencial e deverá estar acompanhada de prévia compensação pelo terreno, através de títulos da dívida agrária, que poderão ser resgatados em até 20 anos, a partir do segundo ano da desapropriação. Imóveis que não poderão sofrer desapropriação O art. 185 da CF expõe do rol dos imóveis rurais que não poderão ser desapropriados: Historia O problema fundiário do país remonta a 1530, com a criação das capitanias hereditárias e do sistema de sesmarias. Em 1822, com a Independência do País, agravou-se o quadro. Os conflitos envolviam proprietários e grileiros apoiados por bandos armados. Só em 1850 o Império tentou ordenar o campo ao editar a Lei das Terras. Contudo, um dos dispositivos reforçou o poder dos latifundiários ao tornar ilegais as posses de pequenos produtores. A instauração da República, em 1889, tampouco melhorou o perfil da distribuição de terras. O poder político continuou nas mãos dos latifundiários. Apenas no final dos anos 50 e início dos anos 60, com a industrialização do País, a questão fundiária começou a ser debatida pela sociedade, que se urbanizava rapidamente. O regime militar deu o primeiro passo para a realização da reforma agrária no País. O Estatuto da Terra é editado (Lei nº 4.504, de 1964) e são criados o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (Ibra) e o Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (Inda), em substituição à Supra. Em 4 de novembro de 1966, o Decreto nº 59.456 instituiu o primeiro Plano Nacional de Reforma Agrária, que não saiu do papel. Em 9 de julho de 1970, o Decreto nº 1.110 criou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), resultado da fusão do Ibra com o Inda. A reforma agrária é o conjunto de medidas para promover a melhor distribuição da terra mediante modificações no regime de posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social, desenvolvimento rural sustentável e aumento de produção (Estatuto da Terra - Lei nº 4504/64). Direito de Propriedade Para Orlando Gomes (2002, p. 109) a propriedade deve ser entendida sob um olhar tríplice que envolve os aspectos sintético, analítico e descritivo. Pelo primeiro, tem-se a submissão de 4 Caderno de Graziele Cruz uma coisa a uma pessoa. Analiticamente, estaria relacionada ao direito de usar, fruir edispor de uma determinada coisa e, ainda, de reavê-la de quem a possua indevidamente. Já o aspecto descritivo traz a propriedade relacionada ao direito complexo, absoluto, perpétuo e exclusivo através do qual determinada coisa fica à mercê da vontade de alguém, conforme os ditames legais. Percebemos que a propriedade se regula pelo o domínio sobre as coisas, com estabelecimento dos direitos e deveres do proprietário, sendo o direito de propriedade parte integrante do direito das coisas. O proprietário ocupa o polo ativo da relação jurídica e a coletividade ocupa o polo passivo, tendo como dever jurídico de exercer seu direito de propriedade de acordo com as normas postas. Função social A função social está disposta na Constituição Federal, está inserida no rol dos direitos e garantias fundamentais (art.5º), juntamente com os direitos à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança e, portanto, se constitui como cláusula pétrea de efeito imediato. No mesmo artigo, em seus incisos XXII e XXIII, garante-se que o direito de propriedade deve atender à sua função social assegurada a justa e prévia indenização na hipótese de desapropriação no caso de necessidade ou utilidade pública. A função social se traduz em princípio substancial da propriedade e, portanto, o titular do direito de propriedade, não obstante sua autonomia, não mais o exerce de forma indiscriminada, encarregando-se agora do dever de obedecer aos preceitos impostos pelos citados artigos 182 e 186 da Constituição Federal. Dia 15 de Agosto de 2018. Teorias da posse Teoria de Savigny (subjetiva): entende que a posse é o conjunto de corpus e animus domini, isto é, a vontade de possuir a coisa somada à capacidade física de tê-la para si. Teoria de Ihering (objetiva): entende que corpus e animus domini são, na verdade, ter a conduta de dono da coisa com o intuito de agir como o faz habitualmente o proprietário. Uma vez que tais teorias enfrentaram dificuldades com situações onde, em detrimento da existência do corpus e do animus domini, não poderia ser reconhecida a posse da coisa (por exemplo, quando ocorrido o furto do objeto), Ihering previu a possibilidade de detenção, cabendo à lei determinar as situações em que ela ocorreria. Teoria social: entende que a posse se legitima no reconhecimento da sociedade sobre a aplicação do instituto no caso concreto. 5 Caderno de Graziele Cruz Teoria da apropriação econômica: entende que a posse se fundamenta na dependência econômica da coisa para com o possuidor. Teoria da função social (ou sociológica): entende que a posse se fundamenta e sustenta enquanto cumprida a função social da propriedade. No Brasil: as teorias objetiva e sociológica foram abraçadas pelo ordenamento jurídico nacional, o que pode ser observado no art. 1.196 do CC: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”; e no art. 5º, inciso XXIII e art.170, inciso III, ambos da CF, que asseveram a necessidade de se fazer cumprir a função social da propriedade. Posse originária e derivada Originária: decorre da transmissão da propriedade sem a existência de um contrato escrito e oneroso (por exemplo, através de usucapião). Derivado: decorre da transmissão da propriedade a partir da existência de um contrato escrito e oneroso (por exemplo, através da compra e venda). Posse nova e posse velha Posse nova: trata-se da posse existente há, no máximo, um ano e um dia, contando com um procedimento judicial mais célebre e com a possibilidade de o proprietário reavê-la liminarmente, a rigor do disposto no art. 562 do CPC. Posse nova: trata-se da posse existente há mais de um ano e um dia, devendo sua respetiva ação de reintegração obedecer ao rito comum, sem a possibilidade de concessão da medida liminar prevista no artigo supramencionado. Tradição Traduz a transferência da coisa, tanto no mundo real quanto no mundo jurídico, através da entrega real ou simbólica do objeto. Tradição real: entrega real e efetiva da coisa objeto da tradição. Tradição simbólica: entrega de objeto simbólico que representa a posse sobre a coisa objeto da tradição. Tradição ficta: não ocorre a entrega de quaisquer objetos, reais ou simbólicos, em detrimento do que efetivamente ocorre a tradição. Por exemplo, através do constituo possessório (o antigo proprietário transfere o imóvel, porém nele permanece como locatário) ou do traditio brevi manu (o antigo locatário compra o imóvel e passa a residir como legítimo proprietário). 6 Caderno de Graziele Cruz Herança e legado O art. 1.206 do CC determina que o herdeiro e o legatário, em regra, receberão a propriedade da coisa com os caracteres que já possui, isto é, com as características e vícios que possuíam com o antigo dono. Todavia, dispõe o art. 1.207 do mesmo diploma legal que o legatário poderá, expressa e facultativamente, iniciar uma nova posse. Dia 22 de Agosto de 2018. Efeitos da posse Os efeitos da posse se dividem em efeitos processuais, que são aqueles que afetam o rito processual, e os efeitos materiais que atinge o direito material em si. Efeitos processuais Proteção possessória: O legítimo possuidor que tiver violada a sua posse poderá reavê-la através da autotutela ou da heterotutela Autotutela: Diz respeito à recuperação da coisa através do uso das próprias forças, desde que em legítima defesa, em desforço imediato e através de ação proporcional à necessidade de reintegração de posse. (Artigos 554 a 568 CPC e 1210- 1213 CC). Heterotutela: Diz respeito à recuperação da coisa através de ações possessórias. Ação Possessórias A posse se considerará violada quando houver esbulho (para o qual cabe ação de reintegração de posse), turbação (para o qual cabe ação de manutenção de posse) (artigo 560 a 566 CC) ou ameaça (para a qual cabe ação de interdito proibitório) (artigo 567 a 568 CC). As ações possessórias são fungíveis entre si. Polo ativo: os possuidores Polo passivo: terceiro que esbulha, turba ou ameaça a posse Ação possessória: posse formal ou casual Escalonamento de posse A loca para B sua casa, A é possuidor indireto e B possuidor direito. Ambos possuem a posse e podem ingressar com ação, trata-se de um caso de litis consórcio facultativo. Regras regais da ação possessória Artigo 554º CPC - Fungibilidade: As ações possessórias são fungíveis entre si, podendo o juiz julgar a situação. Artigo 555º CPC - Cumulação de pedidos: o autor poderá pedir na inicial tudo o que deseja para reparar os danos causados e restituir a pose. 7 Caderno de Graziele Cruz Artigo 556º CPC - caráter dúplice: não cabe reconvenção, pois este artigo dispõe que o pedido poderá ser feito na contestação, não cabendo o pedido de liminar. Artigo 557º CPC - vedação da exceção de domínio: Apenas é discutido a posse, não cabendo ação reivindicatória. Artigo 558º CPC - ação de força nova e velha: com menos de um ano e um dia cabe liminar no rito ordinário (nova); com mais de um ano e um dia cabe apenas o rito ordinário. (velha). Artigo 559º CPC - caução: é uma quantia a ser deposita em garantia. Características Na ação possessória, o autor deverá provar, a sua posse; a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; a data da turbação ou do esbulho; a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. A apelação, nas ações possessórias, terá efeito devolutivo, mas não suspensivo. No interdito proibitório, caso o réu pratique ameaça a posse, o autor requererá ao juiz que o sancionecom o pagamento de pena pecuniária. Ações Afins (Ações Petitórias) O terceiro adquirente de coisa esbulhada só poderá ser responsabilizado quando conhecer do esbulho (não cabendo contra ele ação possessória, mas sim ação petitória). As ações petitórias são tipicamente de imissão de posse (pedido de posse, quando o autor comprovar que já possuía a propriedade da coisa), nunciação de obra nova (pedido de embargo de obra que esteja causando grave incômodo ao autor) e embargos de terceiro (promovido por terceiro cuja posse tenha sido ameaçada por adjudicação). Dessa forma, tem-se que, enquanto as ações possessórias têm como pano de fundo a posse da coisa, as ações petitórias fundam-se na propriedade ou domínio sobre essa. As ações petitórias são infungíveis. Efeitos materiais Proteção dos frutos (artigo 1214 a 1216 CC): Os frutos provenientes da coisa poderão ficar com aquele que tinha a posse direta da coisa no momento de sua geração, desde esteja de boa-fé. Quando de má-fé, os frutos deverão ser devolvidos ao legítimo possuidor. Caso os frutos já tenham sido consumidos, estes se converterão em indenização pecuniária. Caso a produção dos frutos tenha demandado algum custo, esse valor será abatido da indenização devida ao legítimo possuidor. Para efeito de contabilização, os frutos civis serão percebidos dia a dia. Responsabilidade pela perda e deterioração (artigo 1217 a 1218 CC) 8 Caderno de Graziele Cruz Quando de boa-fé, o possuidor direto não responderá pela deterioração da coisa. Quando de má-fé, responderá por toda a deterioração que a coisa tiver sofrido, exceto se provar que a deterioração ocorreria ainda que estivesse na posse do legítimo possuidor. Indenização pelas benfeitorias e direito de retenção (artigo 1219 a 1222 CC) Quando de boa-fé estiver o possuidor fizer benfeitorias necessárias e úteis, terá direito a indenização, assim como à retenção do bem até o pagamento por tais benfeitorias e benfeitorias voluptuárias, terá direito à indenização ou ao desentranhamento da coisa. O valor das benfeitorias deverá ser atualizado em razão da desvalorização da moeda. Quando de má-fé estiver o possuidor, fizer benfeitorias somente terá direito à indenização pelas benfeitorias necessárias, não possuindo direito de retenção sobre estas, podendo o legítimo possuidor decidir-se entre pagar o valor atualizado ou de custo sobre tais benfeitorias Usucapião É o direito que o indivíduo adquire em relação à posse de um bem móvel ou imóvel em decorrência da utilização do bem por determinado tempo, contínuo e incontestadamente. Em caso de imóvel, qualquer bem que não seja público pode ser adquirido através da usucapião. Dia 29 de Agosto de 2018. Escalonamento da posse Posse causal: A posse diz-se causal porque existe uma causa que a justifica, isto é, no caso do proprietário ele é titular de um direito real em cujo conteúdo se integram os poderes que justificam o uso da coisa. Ora, a posse é o poder de uso e, neste caso, é causal, porque tem como causa a titularidade de um direito real, cujo conteúdo integra um poder de uso. A posse causal não tem autonomia, é inerente à titularidade de um direito real e não é mais do que a manifestação exterior da titularidade do direito real. Posse direta: será posse direta na qual o sujeito tem a apreensão física da coisa, em caráter temporário e em virtude de ato jurídico pessoal ou real; Posse indireta: será indireta a posse em que não há apreensão material da coisa (posse mediata), ou seja, há exercício por via oblíqua, o que infere no desdobramento da posse. Posse exclusiva: aquela que é exercida por uma única pessoa. Composse: quando um mesmo bem tem sua posse exercida por mais de uma pessoa ao mesmo tempo. (Artigo 1199 CC) ambos podem exercer a posse, desde que o exercício de um não impeça o exercício do outro. As partes poderão acordar se dividirão a posse no tempo e no espaço e, após 1 ano e 1 dia após a divisão de fato (posse pro diviso), consolidar-se-á o negócio, tornando-se de direito. Quando da consolidação, um terá direito a ação possessória contra o outro, em detrimento do que não haverá direito ao reconhecimento da propriedade (que intrinsecamente pertence aos dois). 9 Caderno de Graziele Cruz Posses paralelas: quando as faculdades disponíveis a cada possuidor são diferentes entre si. Posse justa: (artigo 1200 CC) importa frisar que se trata de um conceito relativo. Não se confunde com os conceitos de boa-fé e má-fé. Posse injusta: quando adquirida com violência, clandestinidade (de forma sorrateira) ou precariedade ("piora" do estado da posse), usada de violência, como no roubo, de forma clandestinidade como no furto e de precariedade como no caso de estelionato. Posse nova: o prazo de 1 ano e 1 dia é contado a partir da aquisição da posse. Posse velha: entre os efeitos, após o prazo supramencionado a divisão de fato da posse se consolidará; havendo a posse injusta sido exercido durante esse período de forma mansa e pacífica, tornar-se-á justa. Posse civil: a que decorre de ato meramente jurídico. Posse natural: a que decorre de uma situação de fato. Ad interdita: dá a possibilidade de utilizar qualquer das ações possessórias. Ad usucapioni: dá a possibilidade de adquirir a propriedade. Usucapião ordinária: os requisitos são a posse mansa, pacífica e ininterrupta pelo período de 10 anos, além de justo título e boa-fé do possuidor. Usucapião extraordinária: os requisitos são a posse mansa, pacífica e ininterrupta pelo prazo de 15 anos, independentemente da existência de justo título ou boa-fé do possuidor. Usucapião rural (pro labore): os requisitos são a posse mansa, pacífica e ininterrupta de terreno rural de até 50 hectares (500.000m²) pelo período de 5 anos, desde que não possua nenhum outro imóvel (rural ou urbano) e torne a propriedade produtiva para si e para sua família. Usucapião urbana (pro misero ou pró-moradia): os requisitos são a posse mansa, pacífica e ininterrupta de área de até 250m² pelo período de 5 anos, desde que não possua nenhum outro imóvel e a utilize como moradia para si e para sua família. Perda da posse A posse se perde junto do exercício das faculdades atribuídas ao possuidor pelo art. 1.196 do CC através do: Abandono: vontade + manifestação da vontade. Vontade de não mais ter a coisa, unida a manifestação de exteriorização dessa vontade. Tradição: entrega da coisa de maneira real, simbólica ou ficta. Perda da coisa: quando a coisa não pode mais ser física ou economicamente recuperado. Destruição da coisa: desfazimento físico ou econômico da coisa. 10 Caderno de Graziele Cruz Fora do comércio: diz respeito às coisas que não podem ser comercializadas de qualquer forma (por razões físicas ou jurídicas). Posse de outra pessoa: quando, voluntaria ou involuntariamente, a coisa passa a pertencer a outrem, encerrando a posse original. A posse não se perderá para aquele que, ao ter conhecimento do esbulho, exterioriza atos voltados para a reintegração da posse, não permanecendo inerte diante do esbulho, ainda que diante disso tenha sido violentamente repelido. -> estabelece o momento em que o esbulho efetivamente ocorreu. (Artigo 1224 CC) Traditio brevi manu: possuidor que se torna proprietário (contrário do instituto possessório). Dia 05 de Setembro de 2018. Propriedade É o poder jurídico atribuído a uma pessoa de usar, fruir e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, em sua plenitude e dentro dos limites estabelecidos na lei, bem como de reivindicá- lo de quem injustamente o detenha.Características Absoluto: o proprietário poderá utilizar-se da coisa da forma que melhor lhe aprouver, melhorando ou piorando o seu estado, restringindo-se somente no que diz respeito à função social da propriedade. Exclusivo: para cada bem se presumirá a propriedade de uma única pessoa, à exceção do condomínio, que deverá ser comprovado. Irrevogável: o direito de propriedade subsistirá independentemente do não uso pelo legítimo dono, transmitindo-se através de herança ou legado indefinidamente, e perdendo-se somente em virtude da usucapião. Ação reivindicatória Tem como finalidade a reintegração de posse de bem esbulhado, assim como a declaração de propriedade sobre o mesmo. Dessa forma, caracteriza-se como ação de ataque baseada em domínio anterior da coisa. O autor deverá comprovar a legítima propriedade da coisa, individualizando-a e demonstrando que o réu a possui injustamente. 11 Caderno de Graziele Cruz Ação negatória Caracteriza-se como ação defensiva, proposta diante da turbação da coisa, isto é, quando o réu impede ou dificulta parcialmente o uso da coisa pelo proprietário legítimo. Ação de dano infecto Possui caráter preventivo e cominatório, sendo proposta diante da ameaça de construção vizinha causar danos ao autor da ação, podendo este requerer a demolição da obra. Restrições ao direito de propriedade Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial. Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário. Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem. Da descoberta da coisa Quando descoberta, a coisa perdida deverá ser restituída ao legítimo dono, dando-se ao descobridor recompensa não inferior a 5% sobre o valor do bem encontrado, quando o descobridor não puder encontrar o legítimo dono, deverá entregá-la a autoridade competente que, após a publicação do edital de descoberta, e não havendo manifestação daquele que a perdeu, leiloará o bem encontrado. Caso o bem seja de pequeno valor, não compensando a publicação de edital e leilão da coisa, poderá o Município cedê-la ao descobridor. Dia 12 de Setembro de 2018. Aquisição da propriedade móvel 12 Caderno de Graziele Cruz Quanto a procedência ou causa, poderá ser originária quando não existe qualquer relação jurídica obrigacional com proprietários anteriores, inexistindo a transmissão do bem ou derivada, quando subsiste relação jurídica com o proprietário anterior, que não poderá, a rigor do direito, transmitir mais direitos do que possui. Quanto ao objeto, poderá ser de título singular, quando se trata de bem determinado e individualizado ou de título universal, quando se trata de uma universalidade de bens oriundos da mesma origem. Formas de aquisição Usucapião: adquire-se a propriedade pela posse mansa, pacífica e contínua, além de outros requisitos variáveis de acordo com a modalidade da usucapião. Ocupação: nasce do exercício da posse de coisas sem dono ou que foram abandonadas. Nesse sentido, importante frisar que a coisa não se presume abandonada, devendo o legítimo proprietário expressar sua vontade de se desfazer dela. Quanto as coisas sem dono, os exemplos mais comuns são a aquisição pela caça e pesca. Achado de tesouro: configura-se pela descoberta de bens preciosos e de cujo dono não se tenha memória. Quando encontrado em edifício de terceiro, o tesouro deverá ser dividido entre o descobridor e o proprietário do edifício. Todavia, o proprietário terá direito a integralidade do quanto descoberto caso tenha ordenado a busca do tesouro ou o descobridor tenha sido proibido pelo proprietário de buscar o bem. Tradição: trata-se da entrega da coisa, a título gratuito ou oneroso, a terceiro que, a partir de então, passa a ter a posse e propriedade sobre o bem. Especificação: trata-se do uso de matéria-prima alheia para criação de coisa nova. Nesse caso, quando estiver de boa-fé, a coisa nova será do especificador; todavia, quando estiver de má-fé, a coisa nova será do proprietário original da matéria-prima. Em qualquer dos casos, caso o valor da coisa nova seja muito superior ao da matéria-prima empregada, a coisa nova será sempre do especificador, que deverá indenizar o dono da matéria prima pelas perdas e danos que lhe houver causado. Todas as possibilidades acima levam em consideração a impossibilidade de devolver a coisa o seu estado original. Confusão, comistão e adjunção: diz respeito a mistura de líquidos (confusão), sólidos (comistão) ou por simples justaposição (adjunção) de coisas pertencentes a pessoas diferentes, de forma que não podem mais ser separadas. Nesse caso, em estando as partes de boa-fé, o resultado pertencerá a todas elas, na proporção da matéria-prima que lhes pertencia; em estando qualquer delas de má-fé, poderá a outra exigir para si a propriedade do todo, restituindo à outra parte o que lhe for de direito pela sua matéria-prima presente na coisa, ou lhe entregar a integralidade da coisa, exigindo- lhe indenização pela sua parte da matéria-prima. 13 Caderno de Graziele Cruz Aquisição de propriedade imóvel Aquisição por acessão: ocorre quando da união de parte acessória à propriedade principal, passando assim para o seu domínio. Pode ser natural, através da Formação de ilhas, uma vez que os rios existentes em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos, as ilhas que ali se formarem serão compreendidas como acréscimos a sua propriedade. Em havendo proprietários ribeirinhos diversos em ambas as margens do rio, a ilha que ali se formou será da propriedade de ambos, na proporção de metade para cada um; do Aluvião, os acréscimos oriundos de processos naturais contínuos e imperceptíveis serão compreendidos como de propriedade do dono marginal, em relação ao qual não haverá obrigação de indenização para com aquele que teve sua propriedade reduzida; da Avulsão, os acréscimos oriundos de processos naturais violentos e que, portanto, movem uma grande quantidade de terra de uma só vez, serão entendidos como de propriedade do dono marginal, desde que este indenize o proprietário do terreno cuja extensão foi prejudicada, ou, após um ano, não haja reclamação deste pelo ocorrido. Caso não queira indenizar o proprietário prejudicado, deverá permitir que este, com o uso de suas forças, retire a porção de terra que se moveu para o seu terreno; ou do abandono de álveo aplica-se regra semelhante à da formação de ilhas, isto é, o álveo será de propriedade dos ribeirinhos, na proporção de metade para o dono de cada margem, não havendo que se falar em indenização a ser paga por estes, exceto quando o fenômeno for causado por ação humana. Pode ser industrial, quando alguém utilizar material de terceiro em terreno próprio, estandode boa-fé, adquirirá o bem, indenizando a outra parte pelo material utilizado ou estando de má-fé, adquirirá o bem, indenizando a outra parte pelo material utilizado, assim como pelas perdas e danos eventualmente suportados. Quando alguém utilizar material próprio em terreno de terceiro, em estando de boa-fé, perde o bem, tendo direito a indenização ou em estando de má-fé, perde o bem, não possuindo direito a indenização. Quando utilizar material de terceiro em terreno de terceiro, em estando de boa-fé, perde o bem, tendo direito a indenização ou em estando de má-fé, perde o bem, não possuindo direito a indenização. Quando a construção invade terreno de terceiro, se a construção não ultrapassar 20% do terreno do terceiro e o valor da obra do construtor de boa-fé superar o da área invadida, este adquirirá o terreno mediante indenização ao proprietário prejudicado, levando-se em consideração ainda a desvalorização oriunda da diminuição do terreno ou se a construção não ultrapassar 20% do terreno do terceiro e o valor da obra do construtor de má-fé superar o da área invadida, este adquirirá o terreno mediante indenização multiplicada em 10 vezes ao proprietário prejudicado, caso não posse demolir a construção sem causar graves prejuízos ou se a construção ultrapassar 20% do terreno do terceiro, o construtor de boa-fé adquirirá o terreno mediante indenização ao proprietário prejudicado, levando-se em consideração ainda a desvalorização oriunda da diminuição do terreno. Todavia, se o construtor estiver de má-fé, 14 Caderno de Graziele Cruz deverá demolir a construção e indenizar o terceiro prejudicado pelas perdas e danos multiplicados por dois. Dia 19 de Setembro de 2018. Usucapião (propriedade imóvel) Prescrição aquisitiva (arts. 197-99 CC): As causas de prescrição do direito civil serão consideradas para a contagem de prazo no usucapião, sendo estas motivo de interrupção do prazo da prescrição aquisitiva. Usucapião extraordinária (1238 CC) Usucapião ordinária (1242 CC) Usucapião especial ou constitucional Usucapião constitucional rural ou pro labore (191 CF; 1239 CC) Usucapião especial urbana ou pro moradia (183 CF; 1240 CC) Usucapião urbana coletiva do est. da cidade (est. 9) Usucapião urbana coletiva do est. da cidade (est. 10) Usucapião imobiliária administrativa Usucapião familiar (1240-A CC): deve cumprir estritamente todos os requisitos. Usucapião indígena (33 EI): os interesses de indígenas serão tutelados pelo Estado através da FUNAI. Usucapião extrajudicial (216-A Lei de Registros Públicos): o indeferimento na via administrativa não desvirtua a possibilidade de ajuizar ação de usucapião. Pressupostos Coisa hábil: certas coisas não poderão ser objeto de usucapião. Posse: usar, fluir e gozar da propriedade Ânimo de dono: vontade manifestada de ser dono da coisa. Mansa e pacífica: quando ninguém propõe contra a posse. Contínua: ininterruptamente. Posse nova/posse velha. Tempo: não se conta primeiro dia, mas conta-se o último. Justo título Boa-fé Ação de usucapião A ação não possui mais rito especial e sua sentença será levada ao cartório para o registro da nova propriedade. (Arts. 246 §3º e 259, I. CPC). Sendo assim, haverá a citação dos 15 Caderno de Graziele Cruz confinantes (exceto se for em apartamento), a publicação em edital da ação de usucapião e o cônjuge deverá ser citado, sob pena de nulidade. Se um dos roommates estiver exercendo a posse isoladamente, poderá pleitear a usucapião, onde o MP sempre deverá participar das ações de usucapião e a ação deverá ser proposta por aquele que tem a posse atual do bem. Aquele que teve a sua posse esbulhada deverá propor ação possessória para, apenas então, propor ação de usucapião. Caso exista terceiro de boa- fé, será cabível ação paulina (ação reivindicatória sem título) servindo esse título para o registro de imóveis. Dia 26 de Setembro de 2018. Incorporação imobiliária Contrato no qual o incorporador obriga-se a construir um edifício com áreas comuns e exclusivas, no qual os adquirentes adquirirão as partes exclusivas em regime de condomínio. Durante a construção do edifício, a responsabilidade por eventuais danos será do incorporador; após a aquisição, a responsabilidade será do condomínio. Tratando-se de uma obrigação de resultado. Dessa forma, o "cumprimento parcial" da obra caracterizará o inadimplemento do contrato. Características Oneroso, bilateral, formal (importante: deverá cumprir rigorosamente os requisitos legais), de execução continuada (ou diferida). Diferentemente da empreitada, na incorporação imobiliária haverá maior controle dos adquirentes sobre a obra. O art. 31 da Lei de Incorporação Imobiliária (Lei nº 4591/64) estabelece quais pessoas poderão ser incorporadoras: o dono do terreno onde se realizará a incorporação; o construtor; o corretor de imóveis. Observação: O incorporador poderá caracterizar-se como duas ou mais dessas pessoas. (Art. 32) O alvará de construção, deverá conter o registro do imóvel; o projeto do empreendimento; a descrição das unidades autônomas e das áreas comuns; as certidões negativas de débitos previdenciários e tributários, para que assim, diminua as chances da obra não ser entregue. 16 Caderno de Graziele Cruz Contrato de incorporação Título aquisitivo da propriedade do imóvel, que poderá ter eficácia real se o contrato for registrado no Cartório de Registro de Imóveis. Se não cumprir os requisitos terá apenas efeitos obrigacionais típicos de qualquer contrato. Elementos principais do contrato de incorporação. Quando da falência da incorporadora, os adquirentes que não receberam seus imóveis poderão, facultativamente, suceder a incorporadora para finalizar a obra. Caso não o queiram, poderão abrir mão do seu direito real sobre o imóvel e, transformando seu direito em perdas e danos que serão pagos na ação de falência. Patrimônio de afetação (arts. 31-A a 31-F) A incorporadora poderá indicar qual a parte do patrimônio será utilizada para a realização da obra, contingenciando a importância que não poderá ser utilizada para outros fins. Caso o faça, não poderá desconstituí-lo. Importa frisar que, em caso de falência, o patrimônio afetado não responderá pelas dívidas do falido, uma vez que só servirá para a finalidade de finalização da obra. Também haverá benefícios tributários para a incorporadora que realizar a afetação do patrimônio. A principal vantagem para os adquirente está no fato de que, garantindo-se a finalização da obra, não haverá a necessidade destes habilitarem seus créditos na ação de falência da incorporadora. Obrigações da incorporadora Tem como obrigações legais, o registro da incorporação com fixação expressa em eventual prazo de carência (direito de arrependimento da incorporadora) de no máximo 180 dias; a confirmação da venda das unidades até 60 dias após o prazo de carência; a indicação do número do registro do imóvel, bem como, os responsáveis pela incorporação, eventuais ônus reais existentes, a forma de pagamento das unidades autônomas; dar o regular andamento da obra, responsabilizando-se por eventuais danos causados aos adquirentes em razão de atrasos superiores a 30 dias; e constituir o condomínio ao final da obra. Já como obrigações contratuais, deverá transferir a fração ideal da incorporação, indicando o tamanho das áreas particulares e comuns, demonstrando o percentual relativo a cada adquirente; entregar as unidadesautônomas. 17 Caderno de Graziele Cruz A responsabilidade da incorporadora para com os adquirentes será objetiva, uma vez que se trata de relação de consumo. Quanto a responsabilidade penal, será possível quando se tratar de questões ambientais graves. A incorporação se extingue: com a execução do contrato, com a conversão da obrigação em perdas e danos, com o distrato ou em razão de fato fortuito ou de força maior. Dia 03 de Outubro de 2018. Condomínio Diz respeito a existência de dois ou mais direitos reais pendentes sobre um mesmo bem. Nesse cenário, todos os proprietários possuirão os mesmos direitos sobre a coisa, podendo qualquer deles se apresentar como legítimo dono do bem. Características Quanto a origem poderá ser Convencional quando surgido do acordo entre as partes, Incidental ou Eventual quando surgido por razões diversas à da vontade dos proprietários ou Legal, necessário ou forçado: quando derivado de lei. Quanto à forma poderá ser Pro diviso quando a comunhão existe no mundo jurídico, mas não no mundo fático, de forma que cada proprietário se utilizado de parte delimitada do bem ou Pro indiviso: quando a comunhão existe tanto no mundo jurídico quanto no fático. Quanto ao objeto poderá ser Universal quando disser respeito a um conjunto de bens, atingindo seus frutos e rendimentos ou Singular quando recair sobre um único bem, atingindo apenas determinados efeitos. Condomínio fechado (Lei nº 4.591/1964) Trata-se de loteamento de propriedade onde haverá áreas comuns (utilizáveis por qualquer dos proprietários) e exclusivas (utilizáveis pelos proprietários a elas destinados). Ao condomínio fechado se aplicará, subsidiariamente, as regras do condomínio edilício. Direitos dos condôminos (art. 1.335) Os proprietários poderão usar e fruir livremente, desde que isso não configure óbice ao uso pelos demais proprietários e interfira na indivisibilidade da coisa. Este poderá ainda dispor da coisa, devendo, todavia, respeitar o direito de preferência dos demais proprietários1. As decisões serão tomadas por votação, tendo o proprietário direito a voto na proporção de sua parcela ideal. 18 Caderno de Graziele Cruz Obrigações dos condôminos (art. 1.336) Os proprietário deverão contribuir com as despesas do condomínio, na proporção de suas parcelas ideais; não realizar obras que comprometam a segurança do edifício; não promover alterações na fachada; não dar a sua parte ideal finalidade diversa à que foi dada ao condomínio, nem prejudicar o sossego, salubridade e segurança dos demais proprietários. Ação de divisão (arts. 588 e ss.) Qualquer um dos coproprietários poderá propor ação visando a divisão do bem, na proporção de sua fração ideal, desde que esse seja divisível. As custas e despesas processuais serão divididas entre os proprietários, na razão de suas partes ideais. Quando da constituição do condomínio, poderão haver ressalvas de indivisibilidade do bem, que obstarão a propositura da ação de divisão. Todavia, essas ressalvas deverão ter prazo determinado e, quando não o possuírem, será considerado o prazo de 5 anos. As partes do condomínio que representarem a divisão da propriedade (por exemplo: as paredes divisórias) e aquelas que estiverem no meio do imóvel pertencerão a ambos os proprietários. Condomínios edilícios (arts. 1.331/1.358): Trata-se de condomínio onde haverá partes comuns e exclusivas, de forma que os proprietários poderão dispor livremente de suas áreas exclusivas independentemente da anuência dos demais condôminos. As áreas comuns, todavia, sempre estarão sob o domínio coletivo. Constituição do condomínio Deverá indicar quem são os condôminos, quais suas proporções exclusivas e comuns e a finalidade do condomínio. Convenção de condomínio (art. 1.233) Deverá conter as regras de convivência em comum, sendo oponível contra proprietários e locatários. Possui amplo poder de exigibilidade, uma vez que se trata de instrumento público. Pode ser complementado pelo Regimento Interno (que trata de regras específica de convivência), não podendo dispor de questões já previstas em lei. 19 Caderno de Graziele Cruz Direitos dos condôminos Dispor de sua propriedade, sendo vedado, todavia, dispor da área comum desacompanhada da área exclusiva (à exceção da garagem). Utilizar-se da área comum. Votar nas assembleias deliberativas. Deveres dos condôminos o Contribuir com as despesas do condomínio. Não realizar obras que comprometam a segurança do edifício. Não promover alterações na fachada. Não dar a sua parte ideal finalidade diversa à que foi dada ao condomínio, nem prejudicar o sossego, salubridade e segurança dos demais proprietários Extinção Exclusão do condômino Condômino poderá ser excluído de sua propriedade quando da provocação de situações antissociais extremas, que torne impossível o convívio entre este e os demais proprietários. Síndico Poderá ser pessoa física ou jurídica, sendo responsável pela administração do condomínio gratuita ou onerosamente. Nesse ponto, importa frisar que a remuneração oriunda da isenção de pagamento da taxa condominial é tributável pelo imposto de renda. Em regra, o síndico será eleito para um mandato de dois anos, devendo prestar contas de suas atividades. Embora seja mandatário do condomínio, determinadas decisões precisarão necessariamente ser aprovadas em assembleia, não podendo o síndico agir discricionariamente. Extinção Poderá ocorrer em razão da destruição do imóvel por razões voluntárias ou involuntárias, pela desapropriação do edifício ou pela confusão da propriedade (quando um condômino adquire a propriedade dos demais). Tributos Os tributos relativos às áreas comuns serão de responsabilidade de todos os proprietários, enquanto que aqueles que forem relativos à áreas exclusivas serão de responsabilidade do dono do imóvel. 20 Caderno de Graziele Cruz Dia 24 de Outubro de 2018. Direitos reais sobre coisa alheia: Fruição Os direitos de propriedade abrangem as faculdades de usar, fruir, dispor e reaver o bem possuído. A fruição nasce quando o dono do bem transfere para terceiro os direitos de usar e fruir da coisa, resguardando para si as faculdades de dispor e reavê-la. Direitos do usufrutuário (art. 1.394) Poderá usar e administrar o bem, percebendo os seus frutos enquanto estiver em sua posse. Deveres do usufrutuário (art. 1.400) Deverá inventariar os bens recebidos, devolvendo-os ao fim do usufruto. Poderá ser exigida caução ou garantia real para que possa exercer a administração sobre o bem. Ao usufrutuário caberá ainda o pagamento pelas despesas ordinárias relativas ao bem, enquanto que as despesas extraordinárias caberão ao proprietário. Em havendo a necessidade de constituir seguro sobre a coisa, o pagamento desta caberá ao usufrutuário. Extinção do usufruto (art. 1.410) Se dará pela renúncia ou morte do usufrutuário (em caso de renúncia, essa deverá ser expressa); pelo término da duração prevista para o usufruto; pela cessação do motivo que originou o usufruto, desde que essa condição esteja expressamente prevista; pela destruição da coisa; pela consolidação através da venda, doação, etc; por culpa do usufrutuário que aliena, deteriora ou deixa arruinar os bens; ou pelo não uso ou não fruição da coisa. Servidão (art. 1.378) Diz respeito ao direito real existente na relação entreum edifício dominante e um edifício serviente, onde o segundo se abstém, em prol do primeiro, de determinados direitos dominiais em benefício daquele, preservando-lhe condições que o tornem mais útil. As servidões deverão estar registradas na matrícula do imóvel serviente para que sejam oponíveis contra terceiros. 21 Caderno de Graziele Cruz Servidão de passagem Possibilidade estabelecida convencionalmente para que o proprietário de um dos imóveis se utilize de passagem pertencente a imóvel alheio, a fim de que lhe seja garantido melhor acesso a determinada área. Servidão de vistas Possibilidade de o imóvel serviente comprometer-se em não realizar obras que causem prejuízo à vista do imóvel dominante, prejudicando paisagem economicamente vantajosa para o edifício. Servidão de luminosidade Possibilidade de limitar ao imóvel serviente a realização de obras que interfiram percepção de luminosidade pela imóvel dominante. Direito de superfície (1.369 e ss.) O concedente poderá, a título gratuito ou oneroso, conceder o uso de sua propriedade para a realização de obras ou plantações pelo superficiário, que deverá, ao final do prazo avençado, devolver o terreno concedido. Diferentemente da locação, que constitui um direito pessoal, a superfície representa um direito real, devendo ser registrado em cartório. O superficiário deverá cumprir as obrigações atinentes à propriedade do terreno, inclusive quanto aos tributos devidos pela propriedade da área e pela construção ou plantação que ali se fizer, podendo o mesmo, ainda que sem a anuência do concedente, alienar seu direito de superfície a terceiro, inclusive por sucessão. Caso o cedente queira alienar o terreno, o superficiário terá direito de preferência. Com o término do prazo, o que foi construído no terreno ficará para o concedente, independentemente de indenização. Enfiteuse Trata-se de modalidade atualmente vedada pelo ordenamento civil, onde um proprietário concedia a terceiro (enfiteuta) todos os direitos relativos à propriedade (usar, frui, dispor e reaver), e este, em troca, deveria pagar um valor de compensação de forma periódica e vitalícia. Renda constituída sobre imóvel: direito real temporário que vincula o censuário ao rendeiro, onde 22 Caderno de Graziele Cruz o primeiro cede o imóvel gravado ao segundo, que deverá lhe pagar periodicamente determinada quantia em dinheiro. Onde a mesma se extinguirá pela morte do rendeiro, se vitalícia for a renda, pelo término do prazo avençado, pelo implemento de condição resolutiva, pela confusão ou consolidação, pela destruição do imóvel, por sentença judicial, pelo resgate por parte do rendeiro, pela renúncia do censuário, pela prescrição extintiva, pela falência ou insolvência e pela compensação. Laje (art. 1.510-A) O dono de um imóvel poderá constituir sob a sua laje um direito real distinto daquele que protege o restante da propriedade. A laje poderá ter matrícula própria e independente da matrícula do imóvel a que está ligada. O dono da laje estará sujeito aos encargos tributários inerentes à propriedade e poderá construir, sobre a sua propriedade, uma segunda laje, concedendo-lhe direitos reais de propriedade, desde que tenha autorização do proprietário do imóvel-base e dos donos das lajes inferiores. Concessão de direitos reais de uso Reconhece a outorga de imóvel pertencentes à União em favor de pessoa jurídica de direito público ou entidades sem fins lucrativos com o fito de que estes o utilizem para o cumprimento de interesse público ou social, ou, ainda, objetivando o aproveitamento econômico de interesse nacional. Concessão de uso especial para fins de moradia Imóveis pertencentes à Administração Pública direta e indireta, que estejam sendo ocupados por cinco anos ou mais, poderão ser concedidos com o fim de moradia para os ocupantes (não se transferindo qualquer direito de propriedade, uma vez que imóveis públicos não estão sujeitos à usucapião), desde que o imóvel possua até 250m², esteja sendo ocupado com a fim de moradia e o ocupante não possua qualquer outro imóvel. Dia 30 de Outubro de 2018. Direitos reais de garantia (arts. 1.419/1.510) Trata-se de segurança especial concedida ao credor diante da possibilidade de inadimplemento por parte do devedor, vinculando um determinado bem que, no caso da concretização do inadimplemento, deverá ser vendido para que a importância obtida com a venda sirva de pagamento e satisfaça o débito garantido. 23 Caderno de Graziele Cruz Efeitos Direito de preferência: em havendo a execução do devedor em razão de diversas dívidas, e sendo necessária a penhora de seus bens, os valores obtidos pela venda do bem garantido servirá, prioritariamente, ao pagamento do credor que constituiu a garantia. Direito de excussão: o credor pignoratício e hipotecário terá direito, diante do vencimento da dívida sem pagamento, de executar o devedor, promovendo a venda do bem em hasta pública com o intuito de ver sanado o seu crédito. Direito de sequela: garantia dada ao credor de que este poderá perseguir o bem garantido, ainda que esteja em posse de terceiro, a fim de sobre ele exercer seu direito de excussão, uma vez que o bem, está vinculado à dívida contraída pelo proprietário anterior. Indivisibilidade: o pagamento de parte das parcelas da dívida não terá o condão de desconstituir a garantia, nem mesmo parcialmente quando se tratar de garantia sobre vários bens, exceto quando expressamente previsto em contrato. Requisitos: Subjetivos: os sujeitos devem possuir capacidade civil plena, além de capacidade especialmente voltada para a alienação de bens. Objetivos: as coisas dadas em garantia poderão ser móveis ou imóveis, devendo ser suscetíveis de alienação e não podem estar no rol das coisas fora do comércio. Formais: O contrato de garantia deverá ser público e, portanto, registrado no Registro de Imóveis ou no Registro de Títulos e Documentos. O art. 1.424 do CC determina que este deverá conter: o valor do crédito, sua estimação ou valor máximo; o prazo fixado para pagamento; a taxa de juros, se houver; e o bem dado em garantia com as suas especificações. Penhor Se caracteriza pela entrega de bem (em geral) imóvel ao credor, em garantia de dívida contraída pelo devedor, de forma que o primeiro passa a ser proprietário direto do bem garantido. Onde a mesma se extinguirá pela extinção da obrigação principal; pelo perecimento da coisa; pela renúncia do credor; quando houver confusão entre a pessoa do credor e a do dono da coisa; pela adjudicação judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele autorizada. 24 Caderno de Graziele Cruz Espécies Convencional: oriunda da vontade das partes. Legal: proveniente de previsão legal. Comum: originado da transferência de bens para garantia de dívida. Especial: quando disser respeito a penhor rural, industrial, mercantil, relativo a direito sobre títulos de crédito, de veículos ou legais. Anticrese Concede ao credor o direito de, utilizando-se de bem frutífero do devedor, aperceber-lhe os frutos, que servirão como pagamento pela dívida contraída. Onde a mesma se extinguirá pelo pagamento da dívida; pela caducidade ou pelo término do prazo legal; e pela renúncia do anticresista; Se o credor promover execução sobre o bem do qual se lhe recolham os frutos, ou permitir que outrem o faça sem oposição, deixando de exercerseu direito de retenção. Hipoteca Se origina da gravação de bens imóveis em garantia para o recebimento de determinada dívida, não sendo necessário, todavia, que o bem seja entregue ao credor, como ocorre no penhor. Onde a mesma se extinguirá pela extinção da obrigação principal; pelo perecimento da coisa; pela resolução da propriedade; pela renúncia do credor; pela remissão; e pela arrematação ou adjudicação. Dia 07 de Novembro de 2018. Direitos reais de aquisição “São aqueles em que é conferida ao seu titular a possibilidade de pelo seu exercício vir a adquirir um direito real sobre determinada coisa” (MENEZES LEITÃO, Luís Manuel Teles de. Direitos Reais, Coimbra, Almedina, 2009, p. 100). Propriedade resolúvel (art. 1.359) Observável quando os direitos de propriedade possuírem condição suspensiva ou resolutiva. Dessa forma, atingido termo ou condição, resolve-se igualmente a propriedade. 25 Caderno de Graziele Cruz Alienação fidejussória em garantia O credor poderá se preservar na condição de proprietário fidejussória do bem, até o seu final pagamento, permitindo ao devedor que usufrua da coisa até a satisfação da dívida. Em havendo o inadimplemento, o credor terá direito de propor ação de busca e apreensão do bem, devendo, quando da sua recuperação, vende-la e utilizar-se da importância obtida para satisfação da dívida, restituindo valores a maior ao devedor. Caso o devedor haja pago a maior parte da dívida contraída, será inviável a propositura da ação de busca e apreensão em razão da teoria do adimplemento substancial. Promessa e compromisso de compra e venda: dará ao comprador o direito a aquisição do imóvel, assim como ao vendedor a obrigação de aliená-lo. Todavia, o direito real sobre a aquisição do imóvel não caracteriza qualquer direito real sobre o imóvel em si. Se registrado em cartório, o compromisso será oponível contra terceiros adquirentes do bem; porém, não havendo sido feito o registro, será oponível apenas contra o vendedor original. Registro Princípio da publicidade: o registro deverá ser publicado e seu conteúdo disponível a qualquer interessado. Em razão disso seus efeitos podem ser erga omnis. Princípio da presunção: presume-se que o legítimo proprietário da coisa seja aquele cujo nome esteja inscrito no registro do imóvel. Princípio da legalidade: o registro deverá respeitar o procedimento legal a ele previsto. Dessa forma, o interessado deverá levar ao Tabelião tantos documentos quanto forem julgados necessários para a formação do convencimento do oficial. Em sendo necessário, o juiz poderá determinar a realizar do registro pelo oficial de registros. Princípio da continuidade: as alterações que o imóvel vier a sofrer, tanto física como formalmente, deverão estar devidamente registradas em sua matrícula. Princípio da prioridade: determina que o atendimento aos pedidos de registros respeitará a ordem cronológica pela qual estes foram solicitados. Princípio da especialidade: o bem deverá estar rigorosamente especificado no instrumento de registro. Princípio da instância: o oficial de registros não poderá agir de ofício, devendo o registro e suas alterações serem requeridas pelos interessados.
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