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1 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 FRATURAS E LUXAÇÕES EM ADULTOS • Fraturas: 1) Primeiro atendimento: • Avaliar pulso e perfusão (se extremamente edemaciado, temos um risco de síndrome compartimental). • Avaliar grau de dor: se desproporcional e sem melhora com analgesia, pensar em quadro isquêmico. • Fazer radiografia incluindo uma articulação acima e outra abaixo da lesão. • Imobilizar com tala gessada. 2) Fratura de ossos longos: • O importante nas fraturas dos ossos longos é manter o alinhamento angular e rotacional, sem encurtamento (o máximo aceitável é 1,5 cm de encurtamento). • Quando se realiza uma cirurgia, não há necessidade de redução anatômica, mas sim de preservação da vascularização óssea e o hematoma da fratura, que possuem características osteogênicas • Não mexemos no eixo (preservação do plano angular e rotacional): preservamos o hematoma fraturário. • Antigamente existia uma ideia de se realizar uma redução anatômica perfeita, retirando todo o hematoma fraturário. Entretanto, a taxa de não consolidação era maior, com risco de infecção e necrose. Tratamento: a) Sem desvio (ou desvio menor que 5 graus de angulação): • Gesso e órteses, com exceção da fratura do fêmur e dos ossos do antebraço. • A colocação de gesso nas fraturas de fêmur é considerada impraticável, além de exigir uma imobilização de 120 dias. • As fraturas de antebraço, que provocam perda dos movimentos de pronação e supinação (porque perde-se a forma de arco da disposição dos dois ossos que o compõem), também requerem cirurgia. Divididos em: a) Diáfise: parte intermediária; porção compacta, em que o osso é mais rígido e tem menos sangue (menos osso esponjoso) b) Metáfise: zona de transição entre a diáfise e a epífise c) Epífise: osso esponjoso, semelhante a um favo de mel, mais vascularizado. 2 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 b) Fraturas diafisárias: • Estabilidade relativa: preserva a biologia óssea e mantém o comprimento e alinhamento angular e rotacional, sem necessidade de abertura do foco da fratura. Preserva o foco e o hematoma fraturário, que possui células osteogênicas. • Estabilidade absoluta: redução anatômica com abertura do foco da fratura. É uma técnica não biológica, indicada em fraturas dos ossos do antebraço (considerada fratura articular), fíbula distal e fraturas articulares. 3) Fraturas articulares: • Necessita de redução anatômica, com abertura do foco da fratura (estabilidade absoluta) para minimizar o risco de artrose. • Fixação estável para permitir o tratamento sem gesso • Ralização de mobilização precoce da articulação, para evitar rigidez articular. • Desvio máximo aceitável de 2mm na maior parte das articulações. 3 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 Traumas de alta energia: • Necessário utilizar uma fixação externa provisória, mantendo o comprimento e alinhamento do membro até melhorar o edema para realizar a cirurgia. Traumas de baixa energia: • Pode ser utilizada tala gessada para imobilização até a data da cirurgia. 4) Fraturas do idoso: • Ocorrem pela fragilidade óssea decorrente da idade e pela diminuição da propriocepção do idoso, assim como do equilíbrio. • A substituição da articulação por prótese muitas vezes é indicada. Fratura do quadril do idoso: • As mais comuns são as de colo e as transtrocanterianas do fêmur. Considerada como uma urgência, pois quanto mais tardia, maiores as chances de complicação. • O paciente normalmente chega com o pé rotado externamente e devemos fazer um raio-X. • A mortalidade aumenta 25% no primeiro ano pós-fratura. • A indicação de tratamento não-cirúrgico é extremamente restrita. • Devemos operar e tentar mobilizar o paciente o quanto antes, para evitar tromboses, embolias, pneumonias, aspirações e escaras. Fratura do rádio distal (Colles) no idoso: • O tratamento depende do grau de atividade do paciente e do grau de desvio. • Se o paciente é ativo e a fratura tem desvio: tratamento cirúrgico. • Se o paciente é mais inativo, ou mais velho (85-90 anos): tratamos com gesso. • Fraturas sem desvio: tratamos com gesso. 4 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 Atualmente, existem placas especiais para o osso osteoporótico do idoso: • Placa bloqueada: Diz-se que é bloqueada porque o parafuso utilizado é tanto aparafusado no osso quanto na própria placa. Não ocorre o efeito do arranchamento da placa. • Próteses de substituição: Substituem toda a articulação e o paciente já sai mobilizado precocemente. 5) Politraumatizados: Fratura de pelve: • A ortopedia entra no C de circulação do ATLS. • Deve-se sempre fazer radiografia da pelve em AP nos politraumatizados como forma de evitar sangramentos. • Sinal de Destot: hematoma da bolsa escrotal nos homens e dos grandes lábios nas mulheres • Trauma de uretra: sangue no meato uretral; 14% dos casos de fratura da pelve (não sondar os pacientes com sangue em meato uretral). • Choque hipovolêmico: lesão do plexo venoso sacral. Fixar pelve na urgência (aumentar pressão intrapélvica e fazer com que pare o sangramento dos vasos pélvicos). Geralmente a fixação é externa. Controle de Danos (E - Exposição): • Fixação de fratura dos ossos longos e da pelve no politraumatizado. • Diminui a morbidade e a mortalidade. • Diminui a incidência de embolia gordurosa. • Facilita o manejo pela equipe hospitalar. • Realizado através de fixadores externos, que mantêm o alinhamento e o eixo e evitam o encurtamento do membro. 5 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 6) Fraturas expostas: Classificação de Gustillo: • Grau I: fratura exposta com ferimento de menos de 1 cm. • Grau II: fratura exposta com ferimento entre 1 e 10 cm. • Grau III: a) ferimento mais de 10cm sem perda de substância e ferimento por arma de fogo calibre maior que .38. b) ferimento com mais de 10 cm com perda de substância. c) ferimento com mais de 10 cm com lesão neuro-vascular. Tratamento: • Trauma geralmente de alta energia, os ossos da perna são frequentemente afetados. • O sucesso do tratamento depende de 4 fatores: a) 1º passo: Antibioticoterapia (cobertura para bactérias gram +, - e anaeróbios) Deve ser feito na sala de emergência como primeira medida. A ferida não deve ser exposta no pronto socorro. A cobertura para anaeróbias deixamos para casos de classificação IIIa em diante ou se teve contato com terra (zonal rural) durante a lesão b) 2º: Tempo O tempo do trauma até a cirurgia não deve passar de 06 horas após isso a fratura torna- se contaminada. c) 3º Passo: Lavagem e debridamento radical Irrigação com soro fisiológico, de 10 a 20 litros e debridamento (retirar TODOS os tecidos desvitalizados). Às vezes a amputação é a única saída. Utiliza-se a escala de MESS para ajudar a decidir a amputação. 6 Ariane Krawczak Wilde Rodrigues Pinto e Nicoly Ricardo Lourenço – ATM26 d) 4º Passo: Estabilização da fratura Pode ser temporária (fixador externo para controle de danos) ou definitiva. Complicações: • Osteomielite (muito comum nas lesões IIIb e IIIc – pela extensão aos tecidos moles) • Lesão neurológica • Deformidade (paciente pode não conseguir fazer o tratamento adequado na hora certa) • Não consolidação • Luxações: • Lesões em que ocorrem a perda total da congruência articular. Ou seja, para ter uma luxação, é necessário que a articulação saia de seu lugar (perda da congruência). • Quadro grave deve ser reduzida na urgência no menor tempo possível – risco de lesão neurovasculare condral, além da dor intensa. Isso porque quanto mais tempo se leva para colocar a articulação no lugar (processo chamado de redução), maiores as taxas de complicações • Pode permanecer com instabilidade articular e/ou rigidez articular. • Necessidade de realizar raio-x contralateral.