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Introdução à Econofísica Aula 20b Fórmula de Feynman e Kac Na aula 19, passamos a descrever o movimento browniano como aquele que é descrito pela equação diferencial estocástica dada por: dY (t) = µdt+ σdW (t) . (1) No entanto, na aula 4, estabelecemos o movimento browniano como aquele que satisfaz a equação de Fokker-Planck: ∂u (x, t) ∂t + µ ∂u (x, t) ∂x − σ 2 2 ∂2u (x, t) ∂x2 = 0. (2) Qual a conexão entre essas duas descrições? A fórmula de Feynman e Kac re- sponde essa pergunta. Suponhamos que p (y, T ) = f (y) em um instante posterior T ao instante atual t. Seja o valor atual conhecido: Y (t) = y. Usando o lema de Ito, calculemos: dp (Y, t) = dt ∂p (Y, t) ∂t + µ ∂p (Y, t) ∂Y + σ2 2 ∂2p (Y, t) ∂Y 2 + σ ∂p (Y, t) ∂Y dW. Suponhamos que ∂p (y, t) ∂t + µ ∂p (y, t) ∂y + σ2 2 ∂2p (y, t) ∂y2 = 0, (3) então: dp (Y, t) = σ ∂p (Y, t) ∂Y dW. Podemos integrar: p (Y (T ) , T ) = p (x, t) + σ ˆ W (T ) W (t) ∂p (Y (s) , s) ∂Y (s) dW (s) . 1 Tomando o valor esperado, obtemos: 〈p (Y (T ) , T )〉 = 〈p (y, t)〉+ σ 〈ˆ W (T ) W (t) ∂p (Y (s) , s) ∂Y (s) dW (s) 〉 . Como o valor de Y é conhecido em t, temos: 〈p (y, t)〉 = p (y, t) . Como o valor esperado de dW é nulo em todos os instantes de tempo, segue: 〈ˆ W (T ) W (t) ∂p (Y (s) , s) ∂Y (s) dW (s) 〉 = 0. Logo, p (y, t) = 〈p (Y (T ) , T )〉 = 〈f (Y (T ))〉 , que é a fórmula de Feynman e Kac, conectando uma equação diferencial parcial e uma equação estocástica. Assim, uma vez que p (y, t) satisfaz a Eq. (3), segue que é o valor esperado de uma função da variável estocástica satisfazendo a Eq. (1). Resta agora explicarmos a diferença entre as Eqs. (2) e (3). Na Eq. (2), a condição inicial é que u (x, 0) = δ (x) , enquanto que na Eq. (3), a condição é que p (y, T ) = f (y) . A Eq. (2) dá uma evolução da distribuição de probabilidade a partir de um in- stante prévio até um posterior. A Eq. (3) dá uma evolução para tempos anteriores ao tempo T . Alternativamente, suponhamos que temos uma função do tempo que é o valor esperado de uma função de X (t) que satisfaz: dX (t) = µdt+ σdW (t) . Seja u (x, t) a distribuição e o valor esperado que procuramos é dado por: A (t) = ˆ +∞ −∞ dx u (x, t) f (x) . 2 Assim, dA (t) = A (t+ dt)− A (t) = dt ˆ +∞ −∞ dx ∂u (x, t) ∂t f (x) . (4) Outra forma de obter dA (t) é através da média dos incrementos de f (X (t)) obtidos pelo lema de Ito: df (X (t)) = dt µ∂f (X) ∂X + σ2 2 ∂2f (X) ∂X2 + σ ∂f (X) ∂X dW (t) . Assim, quando, no instante t, ocorre o valor x = X (t) , o incremento de f a partir daí, no tempo, é dado por df (x) = f (x+ dX (t))− f (x) = df (X (t)) = dt µ∂f (x) ∂x + σ2 2 ∂2f (x) ∂x2 + σ ∂f (x) ∂x dW (t) , já que, nesse caso, X = X (t) = x. Esse resultado pode ser interpretado como sendo os diversos incrementos da função f , para cada x, caminhando ao longo da trajetória estocástica durante um inter- valo de tempo dt. O valor experado desse incremento de f , para cada x, é, portanto, 〈df (x)〉 = dt µ∂f (x) ∂x + σ2 2 ∂2f (x) ∂x2 , já que 〈dW (t)〉 = 0. 3 Em cada x, o valor esperado de df é dado acima. Para sabermos o valor esperado do incremento de A, podemos escrever: dA (t) = ˆ +∞ −∞ dx u (x, t) 〈df (x)〉 = ˆ +∞ −∞ dx u (x, t) dt µ∂f (x) ∂x + σ2 2 ∂2f (x) ∂x2 . Mas essa equação deve ser igualada à Eq. (4). Portanto, dt ˆ +∞ −∞ dx ∂u (x, t) ∂t f (x) = ˆ +∞ −∞ dx u (x, t) dt µ∂f (x) ∂x + σ2 2 ∂2f (x) ∂x2 . Usando integração por partes, podemos escrever:ˆ +∞ −∞ dx u (x, t) ∂f (x) ∂x = ˆ +∞ −∞ dx ∂u (x, t) f (x) ∂x − f (x) ∂u (x, t) ∂x = − ˆ +∞ −∞ dx f (x) ∂u (x, t) ∂x , pois supomos que u (x, t) se anula para valores infinitos de x. Analogamente, ˆ +∞ −∞ dx u (x, t) ∂2f (x) ∂x2 = − ˆ +∞ −∞ dx ∂f (x) ∂x ∂u (x, t) ∂x = ˆ +∞ −∞ dx f (x) ∂2u (x, t) ∂x2 , onde também supomos que ∂u (x, t) ∂x = 0 para valores infinitos de x. Logo,ˆ +∞ −∞ dx ∂u (x, t) ∂t f (x) = ˆ +∞ −∞ dx f (x) −µ∂u (x, t) ∂x + σ2 2 ∂2u (x, t) ∂x2 . Como, desde o início, a função f é arbitrária, obtemos: ∂u (x, t) ∂t = −µ∂u (x, t) ∂x + σ2 2 ∂2u (x, t) ∂x2 , que é a equação de Fokker e Planck, Eq. (2). 4
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