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Prévia do material em texto

CEAD - UNIRIO11
mETODOLOgIA CIENTÍfICAfUNDAmENTOS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL 
UNIDADE I
O conhecimento 
como compreensão e 
transformação da realidade
OBjETIvO
Fazer você, nosso leitor em processo de especialização na vida 
universitária, refletir sobre a busca do conhecimento, a apreensão e a 
compreensão da realidade dentro do contexto da pesquisa científica 
relacionada com a inclusão educacional de alunos com deficiências; e fazer 
também com que você reconheça a importância dos aspectos históricos, 
ideológicos e sociais na aplicabilidade das pesquisas científicas.
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mETODOLOgIA CIENTÍfICA
CEAD - UNI-RIO 13
O conhecimento como compreensão e transformação da realidade
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dizendo isto, é porque queremos pedagogicamente abrir um ca-
minho para o entendimento do seguinte:
A explicação pela razão 
Na Grécia antiga (século VI a. C ), com o início 
da filosofia, a explicação mítica das origens enfra-
quece. É então o pensamento racional que passa a 
explicar a natureza pelo que ela própria é, portanto, 
sem a recorrência ao sobrenatural.
Sócrates, por exemplo, entendia que o verdadeiro 
filósofo era aquele que deveria estar consciente de 
sua ignorância e deveria sempre utilizar a razão. E 
para entrar em contato com supostas verdades, se-
gundo ele, o filósofo precisava adotar um método 
que consistia na arte de interrogar. Este método 
chama-se “maiêutica”. 
Sócrates acreditava que as falsas certezas podem 
levar a idéias preconceituosas. Podemos aplicar a 
lição do filósofo grego à ciência, isto é, à construção da teoria 
do conhecimento. E entender as falsas certezas como opiniões, 
portanto sem nenhuma fundamentação científica.
As representações do conhecimento pelo discurso religioso
As religiões orientais e ocidentais também utilizam mitos e ale-
gorias para explicar a origem do bem e do mal, a união entre 
os opostos e o surgimento da humanidade. Uma explicação em 
A primeira forma de expressão do conhecimento se deu 
através do mito entendido como narrativa.
Sócrates foi um filósofo grego 
(Atenas, 470 a.C a 399 a.C). 
Grande parte do que se conhece 
acerca deste filósofo é através dos 
Diálogos de Platão, seu discípulo. 
Utilizava técnica conhecida como 
maiêutica, ou parturejamento 
de idéias, uma alusão à profissão 
de sua mãe (parteira). Através 
de diálogo as idéias eram 
extraídas de seu interlocutor, 
para que melhor vislumbrasse 
a verdade. O filósofo fazia uma 
série de perguntas e a partir das 
mesmas seu interlocutor poderia 
perceber a aparência enganosa 
de um suposto conhecimento 
verdadeiro.
Introdução
Prezado(a) aluno(a), neste momento iniciamos uma jornada. Na 
presente unidade buscaremos apresentar uma visão panorâmica 
da trajetória da humanidade em busca do conhecimento Você, 
exatamente neste momento, encontra-se na busca de um co-
nhecimento. Pretende ampliar suas perspectivas acerca das ne-
cessidades educacionais especiais. O estudo da metodologia de 
pesquisa científica proporcionará ferramentas teóricas e equi-
pamentos fundamentais que o acompanharão durante toda a 
jornada. Destacaremos a metodologia de pesquisa científica vol-
tada para a educação de alunos com necessidades educacionais 
especiais, dentro da perspectiva da educação inclusiva.
Iniciaremos com o tema do conhecimento por duas perspec-
tivas: a mítica e a filosófica. Depois passaremos para a arte da 
pintura renascentista que deixou o registro do conhecimento da 
origem do homem pela perspectiva religiosa.
Boa Sorte!
Desenvolvimento
A explicação mítica 
O mito, em sua condição de imutalibilidade, é contado como 
tentativa de apreensão e incorporação do mundo em que se 
vive. Pertence à tradição cultural de um povo. Exerce a função 
de explicar a origem do universo, o funcionamento da natureza 
e a origem dos valores do homem em coletividade, recorrendo 
ao sobrenatural, ao divino e ao misterioso. 
Esta explicação muito breve de mito tem apenas a intenção de 
dizer a você que, desde sempre, o homem expressa o conhe-
cimento a respeito da natureza e dele próprio. Se estamos lhe 
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O conhecimento como compreensão e transformação da realidade
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Com a segunda ilustração temos o propósito de abordar tam-
bém a questão das certezas como dado cultural que nos ajudam 
a nos sentirmos seguros. Certezas e convicções sem base cien-
tífica podem ser facilmente recusadas, principalmente quando 
elas decorrem de uma observação equivocada. Há um teste que 
prova a existência do ponto cego. Teste você mesmo. 
Faça o seguinte: tampe o olho esquerdo e fixe sua visão na cruz, •
desenhada ao lado do ponto, na figura a seguir. Aos poucos o ponto à 
direita desaparecerá. 
Agora faça isto com os dois polegares. O dedo direito aparecerá sem a •
sua última falange. 
Por que isto acontece? Porque a imagem cai na área que não tem •
sensibilidade à luz. Esta área chama-se ponto cego. Porém não andamos 
ao longo de nossas vidas percebendo que não vemos, porque o cérebro 
corrige esta distorção.
No livro, cujo título é A árvore do conhecimento: as bases 
biológicas da compreensão, dos autores Maturana e Varela, 
há uma significativa afirmação que nos remete a pensar no 
ponto cego. É a seguinte: “Não vemos o espaço do mundo, 
vivemos nosso campo visual; não vemos as cores do mundo, 
vivemos nosso espaço cromático”. Ainda nesse passo os dois 
autores declaram que “o conhecimento é sempre transitório, 
as verdades e certezas também, em relação a um determinado 
fenômeno” (2001, p 50).
que uma verdade não pode ser questionada costuma tornar-se 
um dogma, como sabemos. 
A força de uma doutrina religiosa pode também constituir 
um conhecimento. O pintor Michel Ângelo, fundamentan-
do-se na Bíblia Sagrada, fez a representação da criação do 
homem, como você pode ter uma idéia observando a figura 
a seguir: a mão do criador e a mão da criatura (Fig.1) quase 
se tocam. 
Essa representação da origem do homem revela que é da ín-
dole humana dar visibilidade ao conhecimento que vai cons-
truindo a respeito de sua própria origem. E pode fazê-lo ins-
pirado por uma doutrina religiosa. É importante que você dê 
atenção para o que estamos enunciando como 
conhecimento e de que modos o conhecimento 
se revela ao longo da história da humanidade. 
Escolhemos ilustrar tal fato com duas pinturas: 
a de Michel Ângelo e a de Hieronymus Bosch 
(Fig.2). Já passaremos para a segunda, com a in-
tenção de cuidar de um aspecto decorrente da 
sedução de conhecer.
Observe o quadro de Bosch: trata-se de uma 
pintura nada tradicional do Cristo coroado de 
espinhos. Os torturadores de Cristo, pintados 
como seres humanos, aí estão como represen-
tantes da humanidade, em oposição ao Filho 
de Deus. À direita, puxando o manto, um dos 
tentadores segura-o e parece dizer: “Mas eu sei, 
já o sei”.
Dogma – ponto fundamental e indiscutível de qualquer 
doutrina ou sistema.
Fig 1- A criação de Adão 
Michel Ângelo – 1475 -1560
Fig 2 – Cristo coroado de espinhos 
De Hieronymus Bosch 
Disponível no site www.roland-
collection.com/.../section/fr_7.
htm
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O conhecimento como compreensão e transformação da realidade
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cisa, a interface com o desconhecido, a tentativa de apreensão e 
explicação do fenômeno e o surgimento da ciência. 
A necessidade da resposta e o desejo do conhecimento 
iniciam modos e processos 
Os autores prosseguem refletindo que a preocupação com a de-
bilidade mental proporcionou avanços na Psicologia, relativos 
à avaliação da inteligência, originando os testes de inteligência 
que depois passaram a ser formas de investigação também da 
superdotação.
O estudo da cegueira e da surdez proporcionouavanços no en-
tendimento destes sentidos e na prevenção destas deficiências.
A necessidade da resposta e o desejo do conhecimento iniciam 
modos e processos de busca de transformação da realidade.
Dentro desta unidade, trataremos das formas de 
lidar com a deficiência e excepcionalidade na histó-
ria da humanidade.
Explicações de natureza mítica: a concepção 
demonológica
As explicações míticas da deficiência ainda perdu-
raram, mesmo após surgirem explicações naturalís-
ticas para este fenômeno.
A crença em espíritos malignos, como causa da 
mudança de comportamento, contribuiu para uma 
explicação demonológica da deficiência.
As primeiras experiências de intervenção na mi-
nimização dos sintomas comportamentais das 
deficiências foram as trepanações, perfurações re-
Fig 3: Crânio trepanado 
data do período neolítico 
Disponível em: http://
greciantiga.org/img/txt/
craniotrepanado.gif
Fig 4: foto de crânios trepa-
nados que datam do Período 
neolítico Disponível em:
www.cerebromente.org.br/
n02/historia/trepan_p.htm
E o fenômeno da deficiência, como é percebido e 
explicado pela humanidade?
No módulo relativo à História da Educação Especial, vocês ob-
servarão que a tentativa de explicar a diferença seguirá também 
os princípios da mitologia, da religião e do dualismo bem e mal, 
clássicos nas religiões ocidentais. E terão também a explicação 
científica.
A seguir apresentamos um trecho do livro O Indivíduo Excep-
cional, de Telford e Sawrey. Os autores retratam, de forma pre-
Ser excepcional é ser raro ou incomum. O bizarro, o invulgar e o inesperado sem-
pre atraíram a atenção e têm, freqüentemente, despertado temor e espanto. Uma 
mudança na ordem habitual das coisas provoca a curiosidade do homem e leva-o a 
indagar por quê. A ciência originou-se, em grande parte, das tentativas do homem 
para explicar o inesperado. O lugar-comum, por outro lado, não cria problemas para 
os não-iniciados: uma certa sutileza é necessária para ver problemas no óbvio.
Quando os movimentos regulares do sol, da lua e das estrelas foram considerados 
axiomáticos e já não pareciam exigir qualquer explicação, os cometas, os meteoros e 
eclipses ainda atraíam a atenção e levaram ao interesse pela astronomia. Os erros de 
observação astronômica conduziram à investigação das origens desses erros, o que 
resultou numa longa série de experimentos do tempo de reação da Psicologia. [...] 
As ocorrências regulares e cotidianas não só parecem não exigir explicação alguma 
como também não causam à sociedade quaisquer problemas de monta É possível 
prever os eventos da vida que se repetem regularmente e podemos tirar proveito 
deles, evitá-los ou suportá-los. Por outra parte, as
catástrofes imprevisíveis, como ciclones, inundações, estiagens, os eventos inco-
muns, como os eclipses do sol ou da lua e os cometas, o comportamento irracional, 
como o dos psicóticos, os epiléticos e mentalmente retardados, os padrões de desen-
volvimento anormal, como o anão e o macromegálico.(sic.)
[...]A maioria dos progressos da ciência, em geral, e na Psicologia, em particular, 
surgiu da curiosidade despertada pelos acontecimentos invulgares da vida e das ne-
cessidades sociais deles resultantes. 
 ( TELFORD E SAWREY, 1976, p.20)
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gura 6. Séculos separam estas intervenções e o princípio é o mesmo: 
perfurar a área cerebral e libertar a doença. 
Atualmente, a neurociência busca o entendimento do desequilíbrio 
no funcionamento das áreas cerebrais e o surgimento das patologias 
cerebrais. O desequilíbrio pode ser causado por substâncias denomi-
nadas “neurotransmissores”. As tomografias computadorizadas, os 
mapeamentos cerebrais podem ser a geração mais jovem das práti-
cas tradicionais da trepanação.
Uma rápida passagem pelos tratamentos da doença mental 
Se você tiver oportuni-
dade de ler a respeito 
das formas de tratamen-
to da doença mental na 
Antigüidade Clássica, na 
civilização egípcia ou no 
império inca vai poder 
confirmar que o homem 
tende primeiro a atribuir um fenômeno a um deus. Sua surpresa 
será maior ao ficar sabendo das explicações naturalistas que os 
gregos filósofos já davam à doença mental.
Observe na figura 7 a segunda cena: uma doente tratada com 
música parece dormir tranqüilamente.
Pois bem, a cena é de um asilo fundado no século IX, o que nos 
permite deduzir, naturalmente com certa precaução, que o asilo 
para pacientes com enfermidade da mente, naquele século, era a 
solução para acabar com possíveis maltratos familiares.
Os doentes mentais, no mundo islâmico, eram tão preciosos a 
Deus, que um asilo foi fundado em Bagdá, nove em Damasco e 
vários no Egito, onde os pacientes eram tratados com banhos, 
música, perfumes e dietas especiais.
Fig 7. Figura representando os asilos do século IX onde os 
pacientes com doença mental eram tratados de forma especial 
Disponível em: www.alzheimermed.com.br/m3.asp?cod_
pagina=1067Alzheimer Med Informação e Solidariedade
alizadas no cérebro para que os espíritos malignos pudessem 
ser libertados.
Porém, ainda que movidos por uma concepção demonológica, 
os povos primitivos já anunciavam, em suas concepções, que a 
sede da doença estaria no cérebro, anunciando assim as pesqui-
sas atuais em neurociências.
Instrumento cirúrgico
A figura 5 mostra um instrumento cirúrgico, símbolo 
da medicina peruana, para que você tenha a noção da 
importância da relação entre a ciência e a religião na 
formação do conhecimento no campo da deficiência 
mental. Embora esse “tumi” tenha servido à expulsão 
do demônio, segundo a crença do povo inca, a orto-
pedia se beneficiou da noção de trepanação executada 
na caixa craniana.
Os incas imaginavam que a “doença” estava localiza-
da no cérebro, por isso praticavam a trepanação. Em 
que consistia a trepanação? É esta a pergunta que você 
faria, se estivesse diante de um conhecedor da cultura 
dos incas. O que podemos informar a você é o se-
guinte: a trepanação já era um procedimento cirúrgico 
naquela época.
Os incas praticavam a trepanação apenas com a finali-
dade de expulsar o demônio que, para eles, era a causa 
do distúrbio mental no paciente. 
Como você pode observar, a percepção de que havia 
um ponto no cérebro em que a “doença” estava locali-
zada levou os seres humanos, desde tempos remotos a 
imaginar formas para a cura destes males. Observe os 
dois instrumentos: o tumi inca da figura 5 e o bisturi 
nas mãos do médico no quadro do pintor Bosch na fi-
Fig 5: Disponível em: http: 
//www.culturaesaude.med.
br/imagens/tumi.gif. Figura 
de um “tumi”, instrumento 
cirúrgico à semelhança de 
um bisturi feito de liga de 
cobre, considerado símbolo 
da medicina peruana. O “tumi” 
era utilizado para cirurgia de 
trepanação craniana, durante 
o Império Inca.
Fig 6: A cena da trepanação 
é também representada 
pelo pintor Bosch na tela A 
Extração da Pedra da Loucura 
, óleo sobre painel, exposto 
no Museu do Prado (tamanho: 
35x 48).
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Fig. 8: disponível em www.feneis.com.br/.../
historia_educacao.shtml
Paris, criando a primeira escola 
pública para surdos, a primeira 
a utilizar Língua de Sinais.
Não se esqueça de que os avan-
ços no campo do conhecimen-
to sofrem influências sociais, 
culturais e hegemônicas. Uma 
invenção pode mudar o com-
portamento em sociedade ou o rumo do processo educacional. 
Da história da educação dos surdos temos de considerar alguns 
dados significativos: 
a Língua de Sinais, •
a oralização, •
o aperfeiçoamento de aparelhos sonoros. •Por quê? 
Porque, se no campo do conhecimento a humanidade ganhou 
com a invenção do telefone, a educação de surdos, que já tinha 
avançado com a aplicação da Língua de Sinais, sofreu um retro-
cesso com a valorização da invenção do telefone para a comu-
nicação à distância. 
Em 1880 o Congresso de Milão veio postular que a educação de 
surdos deveria ser ministrada oralmente: o esforço da educação 
deveria concentrar-se nos esforços de fazer o “surdo falar”. A 
Língua de Sinais passa a ser perseguida e repudiada. O oralismo 
ganha supremacia. 
Você deve estar entendendo que houve um retrocesso 
com a iniciativa tomada, em 1880, no Congresso de Milão. 
Como educar surdos pela palavra oral?
Os filósofos e físicos gregos tentaram explicações 
naturalistas para os fenômenos cerebrais. Hipó-
crates (460-375 a.C.), considerado o pai da Medi-
cina, já admitia que o epilético não era possuído 
por um “mal divino”, mas a causa era natural. Ig-
norância e temor eram as fontes dos homens que 
ainda consideravam esta doença como um “mal 
divino”. Os médicos, por vezes, se apoiavam no 
naturalismo, por não disporem de outras explica-
ções para a doença mental.
Estes filósofos e físicos tentavam explicar os fenômenos cere-
brais a partir de dados físicos, como o amolecimento dos tecidos 
nervosos, as mudanças de temperatura e umidade do cérebro.
Na Idade Média, o sobrenatural e a magia eram dogmas aceitos.
A luta entre o bem e o mal gerava sentimentos de repulsa à deficiência, ou •
seu enaltecimento. 
Muitos deficientes mentais, considerados bruxos possuídos pelo demônio, •
foram queimados por ordem da Santa Inquisição. 
As concepções demonológicas a respeito da deficiência fizeram com que •
as famílias abandonassem seus parentes deficientes. Elas tinham medo de 
serem condenadas pela Inquisição. 
Estamos recuperando a história da deficiência com referenciais 
que nos chegaram da Antigüidade e da Idade Média. Passemos à 
história da educação dos surdos com a seguinte indagação? Que 
fato veio facilitar a educação dos surdos?
Os primórdios da educação dos surdos
Pois bem, saiba que no século XVII começa a utilização da 
Língua de Sinais no ensino dos surdos, a partir do trabalho do 
Abade L’Epée (Fig. 8) que arrebanhou surdos nos arredores de 
Como sugestão 
assista ao 
fime O Nome 
da Rosa, que 
é uma volta 
à Idade Média européia. Ele 
oferece a você a oportunidade de 
conhecer a prática do pensamento 
racionalista e humanista na 
tentativa de explicar os fenômenos 
que eram tratados como fato da 
ordem do sobrenatural.
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O conhecimento como compreensão e transformação da realidade
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Anteriormente, as pessoas com deficiência intelectual eram ava-
liadas somente pelo quociente intelectual e, a partir daí, eram 
enquadradas pelos critérios de educável ou treinável. 
Suas vidas eram marcadas desde o início: 
As novas concepções propõem agregar à avaliação do quociente 
intelectual a avaliação das capacidades adaptativas, para definir 
os suportes necessários à funcionalidade da pessoa com defici-
ência intelectual. 
Neste sentido, o enfoque não é mais a pessoa com 
deficiência, mas o meio em que ela vive e como este 
meio poderá colaborar para o estímulo do poten-
cial desta pessoa. Por exemplo, as concepções atu-
ais acerca da síndrome de Down refletem a quebra 
de paradigma. 
Hoje as discussões concentram-se no prossegui-
mento da escolaridade, do acesso ao nível superior, do direito 
ao trabalho, ao casamento e constituição de família, etc. 
Imagine você que tais debates eram considerados utópicos há 
trinta anos. Hoje em dia eles ganharam relevância. Até o cinema 
já se ocupa com o tema da síndrome de Down. 
A cegueira
Você deve estar esperando que apresentemos a cegueira com a 
mesma metodologia com que discorremos sobre as outras defi-
ciências. Quem sabe?
iriam para instituições segregadas 
ou
receberiam atendimento de escolarização. 
filme: Assista ao filme Do Luto 
à Luta, e conheça a história das 
concepções acerca da síndrome 
de Down. Um documentário de 
Evaldo Mocarzel.
Atualmente, mesmo com o movimento de luta das associações 
de surdos, mesmo as legislações que garantem o ensino bilíngüe 
e o respeito à Língua de Sinais, ainda encontramos bastante re-
sistência por parte das autoridades e dos profissionais. 
O direito ao bilingüismo significa que o processo educacional 
do surdo garante a assimilação das eficientes formas de comu-
nicação. Esse processo se inicia com a língua materna gestual e 
o aprendizado da Língua Portuguesa oral.
A história do ensino de surdos é um excelente exemplo de que 
cabe à ciência incorporar conhecimentos e não excluí-los em 
nome de concepções e doutrinas. 
E o que é deficiência intelectual?
Atualmente, no mundo científico, o termo deficiência mental 
está sendo substituído por deficiência intelectual. Esta mudança 
é fruto de uma evolução histórica que tenta minimizar os as-
pectos depreciativos e o impacto para a pessoa e também sua 
família, ao terem um diagnóstico de “retardado mental”.
A terminologia “retardado mental” vem acrescida 
de um forte teor depreciativo e coloca na pessoa o 
ônus pela sua deficiência.
Segundo Fernandes (2000), desde 1992 a Associa-
ção Americana de Deficiência Mental vem dando 
preferência ao modelo de suporte e deixando de lado o modelo 
do déficit intelectivo. 
Pela concepção do suporte, a deficiência pode ser minimizada, 
mas para tal o contexto social tem de oferecer os suportes ade-
quados. 
Pesquise: Saiba mais a respeito 
do que já se contou da deficiência 
mental, e saiba como mudam-se 
“os rótulos” em favor de bons 
resultados.
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O conhecimento como compreensão e transformação da realidade
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Para refletir:
1 - Você percebe que ainda vivenciamos paradoxos em relação aos alunos 
com deficiências e necessidades especiais?
2 - Procure entrevistas e depoimentos de famílias de pessoas com 
deficiências e de profissionais, propagandas com fotos e imagens. Observe 
se encontra termos na atualidade que se refiram a estas concepções 
demonológicas ou divinas da deficiência: Ex: Ele(a) é meu anjo; parece 
encapetado; parece que uma coisa se apodera dele;etc.
3 - Como as concepções demonológicas podem dificultar a implementação 
de práticas pedagógicas para alunos com deficiência e necessidades 
especiais?
RESUMO
Nesta unidade você estudou acerca da trajetória da humanidade na busca •
do conhecimento. Identificou dois modelos de explicação: inicialmente a 
partir de concepções religiosas e a seguir a ciência como atributo de verdade. 
Estudou também que o campo do atendimento educacional de pessoas com 
deficiência vem acompanhando a trajetória de desenvolvimento humano.
Mas um fato logo chama nossa atenção: a deficiên-
cia de visão associada ao sobrenatural, como sinal 
de inteligência. Nos velhos tempos, a explicação da 
existência de cegos não passava pelo racional. Ob-
serve o quadro a seguir (Fig 9):
O cego recebe esmola. Tire suas conclusões depois de consultar 
o site indicado na figura 9. E na atualidade, será que a cegueira 
ganha alguma relevância? Claro que sim.
Entre os anos de 1985 a 1990 surgiu uma série de desenhos ani-
mados, Thundercat, que retrata felinos com poderes de super-
heróis.
O mais velho do grupo, Lynx-O, um sábio com poderes es-
peciais, é cego e possui os demais sentidos apuradíssimos. Ele 
usa um laptop em Braille. Maravilha! Temos um cego sábio 
pós-moderno. Veja como a associação da cegueira 
com o sobrenatural fez tradição e até hoje ganha 
visibilidade. 
Iconografia eclesiástica que se refere na liturgia 
ao 5º Domingo após a Páscoa, considerado comoDomingo do Cego.
Fig 10 -Thundercat Lyns
Com poderes super-normais.
Fig 9 - Domingo do Cego
Disponível em: www.ecclesia.com.
br/images/icones/festas/cego.jpg

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