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1 Didática do Ensino Superior: Cases de Qualidade Unidade 2: EaD Conteúdos trabalhados na unidade: O Ensino à distância: breve histórico a partir das gerações de EaD; Personagens do EaD: o aluno, o professor/tutor e o curso; A escolha pela modalidade de estudo à distância: motivação e necessidade; Carga horária do curso Um educador deve estar sempre antenado às modificações que ocorrem em seu tempo. A sala de aula, para alguns, é a mesma desde os tempos medievais, muito antigos, séculos passados. Para outros, ela se moderniza a cada dia. Como seria isso? É certo que, na grande maioria das escolas, os alunos sentam-se enfileirados, um atrás do outro, a mesa do professor está à frente, há um grande quadro de giz no qual o docente escreve as informações que seus alunos precisam aprender. Estes copiam as mesmas no caderno e devem decorá-las para as provas. Em muitas escolas é assim que acontece. Você me diria que não? Então, em algumas é assim que funciona e funcionará por muitos anos, mas, e as outras sobre as quais falei que se modernizam a cada dia? O que é isso? Como ocorre e como percebemos essa modernização? Vamos ver? Por exemplo: com a inserção de data show, computadores pessoais, notebooks, tablets, enfim, de recursos tecnológicos que possibilitam a pesquisa instantânea, de dentro da própria sala de aula. 2 Não vou mudar de assunto, mas te pergunto: Você já esteve em Paris? Já visitou um dos mais famosos e interessantes museus do mundo? Eu já! Aliás, nem preciso de cartão de crédito para fazê-lo, como num reclame antigo, um anúncio de um determinado cartão de crédito que mostrava que, ao possui-lo, poderíamos conhecer o mundo e ter o que quiséssemos apenas digitando uma senha. Ah, ok, eu tenho cartão de crédito, mas vou à Paris agora, como você, sem tirá- lo da minha carteira. Duvida? Então, bon voyage pour nous!1 Acesse a internet de seu computador e entre no endereço eletrônico a seguir: http://www.louvre.fr/accueil Voilá! C’est le musée du Louvre!2 E aí, gastou quanto por isso? Nada! E foi divertido, não foi? O mesmo você pode fazer para conhecer qualquer lugar do mundo! Certa vez fui para Bariloche e tive uma grande curiosidade de saber como as pessoas estavam se vestindo por lá. Antes de viajar, eu quis saber sobre o clima e, assim, pude arrumar minha mala com mais tranquilidade, levando exatamente o que seria necessário vestir. Visitei o seguinte endereço eletrônico: http://www.bariloche.com.ar/camaras/centro-civico-infoespacio.html Nele você pode ver imagens atualizadas a cada trinta segundos. Para meu objetivo, arrumar a mala com roupas adequadas à temperatura, foi muito útil, não concorda? 1 Boa viagem para nós! (tradução do francês). 2 Aí está! É o museu do Louvre! (tradução do francês). 3 Deu para perceber o quanto a internet pode nos ajudar? Encontramos de tudo nela, das coisas mais corriqueiras às mais complexas. É uma ajuda e tanto na sala de aula! É disso que estou falando. Refiro-me à ampliação do espaço escolar para além das paredes da sala de aula e, mais ainda, para além dos muros da escola! Vou reproduzir um pequeno texto, do livro “Tecnologia da informação para todos”, da Coleção Entenda e Aprenda: “Em que mundo vivemos, afinal? Imagine um mundo sem tecnologia. Sem celular, sem namora via Internet, sem futebol pela TV a cabo e, sobretudo, sem o estresse da vida moderna. É fácil imaginar, ou não? Um belo dia, David Byrne, o cérebro da extinta banda norte- americana Talking Heads, resolveu fazer uma canção chamada (Nothing but) flowers – (nada além de ) flores – para tentar descrever as sensações que o homem experimentaria se, provado das maravilhas do mundo moderno, tivesse de retornar ao estilo de vida que a natureza lhe oferecia há 30 ou 40 mil anos. No início, Byrne se diverte com a delirante hipótese. Vê a si mesmo como um novo Adão, livre nos Jardins do Éden. E, evidentemente, fica feliz da vida por ter todo o tempo do mundo para não fazer nada ao lado da belíssima Eva. De repente, começa a sentir saudade do micro-ondas, dos shopping centers, dos letreiros luminosos de Nova York e até da Pizza Hut e do 7-Eleven – duas das mais tradicionais redes americanas de fast-food. Da saudade á insatisfação é um pulo e, em segundos, Byrne compreende ser impossível viver sem os referenciais que, mal ou 4 bem, ajudaram a moldar sua identidade. Quando a canção (Nothing but) flowers começou a ser tocada, houve quem taxasse o trabalho de Byrne como “antiecológico”. Nada mais falso. Na verdade, o artista fez uma radiografia perfeita de como a tecnologia nos transformou, atendendo (ou criando) novas necessidades. Sempre se pode dizer, por exemplo, que “inventaram o computador para resolver problemas que você não tinha antes”. Em certa medida, isso é verdade, pois ninguém ficaria preocupado em recarregar o cartucho de uma impressora há 20 anos. Em compensação, há 20 anos você teria que gastar uns bons trocados se resolvesse imprimir aqueles poemas infames feitos para reconquistar a sua namorada. Nesse novo mundo, o computador está transformando a maneira de pensar, falar, amar, estudar, ganhar dinheiro, visitar um médico e até eleger o presidente. Em termos de Internet, então, iremos precisar de uma enciclopédia para descrever as mudanças que a rede mundial de computadores vem operando. Banco on-line (seu computador conectado ao da instituição bancária), bibliotecas e shoppings virtuais, educação a distância, cirurgias complicadíssimas (com o médico nos Estados Unidos e o paciente na Europa) e, claro, tarefas prosaicas, como declarar seu imposto de renda e fazer o licenciamento do seu carro. Se não bastasse, ainda inventaram o celular conectado á Internet. Agora a gente nem precisa estar mais em casa, diante do computador, para receber e-mails, consultar os horários do cinema, ver o saldo ou xeretar a previsão do tempo. Então, dá para se imaginar sem tecnologia? Boa parte vai responder com um sonoro “nãããããoooo!”. Seja por gosto, fascínio, necessidade ou, sem dúvida, imposição – basta pensar no mercado de trabalho. E já que quem está na chuva “é pra se queimar”, citando o antológico Vicente 5 Matheus, entender um pouco dessa tecnologia circundante acaba sendo fundamental, tanto para elogiar quanto para criticar. Filosófica e empolgadamente: pensar nos progressos da tecnologia significa rever em perspectiva a própria aventura do ser humano” (2002, pp. 9-10). Após o lançamento do livro do qual extraí o texto acima já se passaram onze anos, mas, ele descreve bem nossa realidade, certo? Assim, lhe pergunto: podemos viver sem tecnologia? Não, não mesmo e isso inclui a escola. O que precisamos saber é que nem sempre foi assim. Nem sempre a educação contou com recursos tão modernos, como a lousa digital, por exemplo, para auxiliá-la. Os recursos foram modernizando-se, aos poucos ou rapidamente, como hoje em dia. Vamos ver como isso aconteceu, como foi a história do EaD? 2.1 O Ensino à distância: breve histórico a partir das gerações de EaD De qualquer forma, a educação a distância não é propriamente uma novidade. O uso de novas tecnologias para educação também não o é. (...) Há um claro conflito de culturas de uso: de um lado, a lógica da Internet, fugaz, rápida fria (no sentido de McLuhan). De outro, a lógicaeducacional, onde são necessárias a persistência, a fidelidade e a informação quente (BLIKSTEIN e ZUFFO, 2003, p. 36). O Ensino a Distância não é uma modalidade educacional tão recente. Ressalto que, para pensar em EaD, partimos do pressuposto que alunos e professores estão separados por espaço e/ou tempo e, com isso, lançam mão dos recursos tecnológicos para que possam interagir e aproximar-se. 6 Quando, em pleno século XXI pensamos em EaD, na hora nos vem à mente um computador conectado à Internet. Ah, eu penso nisso também, mas, nem sempre foi assim e, ainda hoje, encontramos iniciativas que fazem EaD sem computador, ou, sem Internet. É verdade! Você já ouviu falar do Instituto Universal Brasileiro? Ele está há mais de setenta anos no mercado, oferecendo diversos cursos à distância. Os alunos do Instituto recebiam o material impresso do curso escolhido em suas casas, estudavam e, se tivessem qualquer dúvida, poderiam enviá-la via Correios ou via telefone aos tutores que procurariam saná-las no menor tempo possível. Hoje, o IUV tem até site e vende cursos pela Internet, como o de Unhas decoradas ou de Comida árabe. Ainda apoia-se nas apostilas, mas elas estão digitalizadas e você pode estudar em seu computador. Viu que EaD é muito mais que Internet? Podemos dizer, diante disso, que houve várias gerações de produção de EaD. Vamos conhecê-las? A cada época a EaD utilizou-se de determinadas mídias através das quais ela pôde acontecer. Cada um destes momentos específicos ficou conhecido como “geração”. Conforme Moore e Kearsley (1996) há três gerações, que são as seguintes: As 3 gerações da EaD Geração Características 1ª Estudo por correspondência, no qual o principal meio de comunicação eram materiais impressos, geralmente um guia de estudo, com tarefas ou outros exercícios enviados pelo correio. 7 2ª Surgem as primeiras universidades abertas, com design e implementação sistematizadas de cursos a distância, utilizando, além do material impresso, transmissões por televisão aberta, rádio e fitas de áudio e vídeo, com interação por telefone, satélite e TV a cabo. 3ª Esta geração é baseada em redes de conferência por computador e estações de trabalho multimídia. Moore e Kearsley publicaram este livro em 1996. De lá para cá, muitas coisas mudaram, assim, houve a necessidade de ampliar sua classificação. A partir deste quadro, temos que as gerações de EaD, portanto, são cinco (In: http://ftp.comprasnet.se.gov.br/sead/licitacoes/Pregoes2011/PE091/Anexos/Eve ntos_modulo_I/topico_ead/Aula_02.pdf, adaptado de MOORE, M.; KEARSLEY, G. 1996: 1ª. Geração – 1880 Tecnologia e mídia utilizadas Imprensa e Correios. Objetivos pedagógicos Atingir alunos desfavorecidos socialmente, especialmente as mulheres. Métodos pedagógicos Guias de estudo, auto-avaliação, material entregue nas residências. Formas de comunicação Correios e correspondência. Tutoria Instrução por correspondência. Interatividade Aluno/material didático escrito. Nesta época EaD tinha um caráter assistencial e acontecia totalmente distante de um tutor. A intenção era de que o aluno estudasse sozinho, em sua casa. 2ª. Geração – 1921 8 Tecnologia e mídia utilizadas Difusão de rádio e TV. Objetivos pedagógicos Apresentação de informações aos alunos, à distância. Métodos pedagógicos Programas teletransmitidos e pacotes didáticos (todo o material referente ao curso é entregue ao aluno pelos correios ou pessoalmente). Formas de comunicação Rádio, TV e outros recursos didáticos, como: caderno didático, apostilas, fita K-7. Tutoria Atendimento esporádico, apenas por contatos telefônicos, quando possível. Interatividade Pouca ou nenhuma interação professor/aluno. Aqui, a interação era entre aluno e material. Ainda, como na geração anterior, o indivíduo estudava sozinho, assistindo aos vídeos ou ouvindo sons preparados pela equipe. O contato era raro entre alunos e tutores. 3ª. Geração – 1970 Tecnologia e mídia utilizadas Universidades Abertas. Objetivos pedagógicos Oferecer ensino de qualidade com custo reduzido para alunos não universitários. Métodos pedagógicos Orientação face a face, quando ocorrem encontros presenciais. Formas de comunicação Integração áudio e vídeo e correspondência. Suporte e orientação ao aluno. Tutoria Discussão em grupo de estudo local e uso de laboratórios da universidade nas férias. Interatividade Guia de estudo impresso, orientação por correspondência, transmissão por rádio e TV, AUDIOTEIPES gravados, conferências por telefone, kits para experiências em casa e biblioteca local. 9 Nesta geração começa a proposta de trabalho híbrido, ou seja, que mescla momentos presenciais e à distância. <Saiba mais início> Recomenda-se a leitura do capítulo 7 (Modelos de ensino e aprendizagem de instituições específicas) do livro “Didática do ensino a distância”, de Otto Peters, para conhecer diversas iniciativas nesta modalidade de EaD, como a University of Air, do Japão e a Open University inglesa. <Saiba mais fim> 4ª. Geração – 1980 Tecnologia e mídia utilizadas Teleconferências por áudio, vídeo e computador. Objetivos pedagógicos Direcionado a pessoas que aprendem sozinhas, geralmente estudando em casa. Métodos pedagógicos Interação em tempo real de aluno com aluno e instrutores à distância. Formas de comunicação Recepção de lições veiculadas por rádio ou televisão e audioconferência. Tutoria Atendimento síncrono e assíncrono, dependendo de contatos eletrônicos. Interatividade Comunicação síncrona e assíncrona com o tutor, professor e colegas. Esta foi uma geração que preparou o que temos na atualidade. Foi muito importante e marcou, definitivamente, o fazer EaD. 5ª geração – 2000 10 Tecnologia e mídia utilizadas Aulas virtuais baseadas no computador e na internet. Objetivos pedagógicos Alunos planejam, organizam e implementam seus estudos por si mesmos. Métodos pedagógicos Métodos construtivistas de aprendizado em colaboração. Formas de comunicação Síncrona e assíncrona. Tutoria Atendimento regular por um tutor, em determinado local e horário. Interatividade Interação em tempo real ou não, com o professor do curso e com os colegas de curso. Ah, esse modelo soa familiar, não é? Na UNIP Interativa ministramos aulas virtuais, nas quais os professores vão aos estúdios da universidade para gravá- las e, depois, as mesmas são disponibilizadas para você, que interage, a partir da mesma, com seus colegas e professores. <Saiba mais início> Consulte a aula sobre EaD que está em: http://ftp.comprasnet.se.gov.br/sead/licitacoes/Pregoes2011/PE091/Anexos/Eve ntos_modulo_I/topico_ead/Aula_02.pdf. Lá você poderá estudar mais sobre o histórico do EaD mundo a fora. Será muito enriquecedor! <Saiba mais fim> É importante refletir, após analisar o histórico do EaD, a partir das cinco gerações, que simplesmente utilizar recursos tecnológicos não é fazer EaD muito menos garantir ensino e aprendizagem. Como educadores, temos que ter em mente a importância de nosso papel diante da realidade que está posta e como podemos fazer cada dia melhor a 11 docência. O objetivo é ensinar e aprender. O recurso é um auxílio. O (A) professor (a) continuará sendo a figura mais importante na tomada de decisões sobre o “como” fazer,o “como” ensinar. Veja, os recursos com os quais contamos nos dias de hoje requerem que nossos conhecimentos e dúvidas desenvolvam-se num fazer apurado e reflexivo. Reflexão, sempre! Para isso, discutiremos agora quem são as personagens do EaD. Quem faz EaD acontecer? Quais os diferentes papéis necessários que devem ser assumidos pelos protagonistas neste processo de ensinar e aprender? <Observação – início> Você, aluno da UNIP Interativa, é parte integrante e sujeito no processo de educação à distância. O que você está fazendo aqui é exatamente participar e viver ativamente esta inovação que a EaD trouxe para os processos educacionais! Já pensou nisso? Você também faz EaD! <Observação – fim> 2.2 Personagens do EaD: o aluno, o professor/tutor e o curso Se EaD é uma “modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, envolvendo estudantes e 12 professores no desenvolvimento de atividades educativas em lugares ou tempos diversos” (BRASIL, 2005, p. 1), é imprescindível o papel de um professor/tutor que acompanhe seus alunos em toda sua navegação durante um curso. Sem esses elementos, não haverá interação e, possivelmente, não haverá aprendizagem. Se em outros tempos havia a possibilidade de um aluno estudar sozinho, hoje, é fundamental um tutor, alguém que o acompanhe ou pelo AVA – ambiente virtual de aprendizagem, ou pela própria forma de construção do curso. Os tutores podem ser personagens que estão indicando, todo o tempo, o que fazer, onde clicar, o que acontecerá em seguida ao clique, ou seja, eles são programados para monitorar toda a navegação dos participantes, já antevendo possíveis percursos e oferecendo possibilidades. Claro que não se comparam aos tutores “de verdade”, de carne e osso... Gente é sempre melhor do que programa de computador. Gente pensa, sente, sofre, aprende. Programa de computador só faz aquilo que alguém já pensou por ele, mas não toma decisão, não escolhe o que fazer. O papel do tutor pode, porém, ser outro. Este papel se amplia a partir da possibilidade de interação, propiciada pelas tecnologias digitais interativas. É aqui que entra o tutor “de verdade”. Aquela pessoa para quem pedimos socorro quando precisamos ou para quem desejamos um bom final de semana após árduos dias de trabalho diante da máquina. E, para sentir que há alguém ali, será através do texto produzido por ele(a) que vamos perceber. Será uma palavra amável, uma indicação gentil de algo que devemos saber melhor, ou na demonstração de um errinho nosso que se desenrolará o relacionamento com o tutor. 13 A Universidade Aberta do Brasil – UAB – propõe dois diferentes tipos de tutores: a) tutores presenciais – nos cursos em que são tutores, encontram-se com seus alunos em um espaço físico. Neste, os alunos acessam os conteúdos por meio de transmissões (televisivas ou via Internet) ao vivo ou gravadas. A maior parte das atividades de um curso como esse são desenvolvidas à distância e o tutor presencial apenas acompanha os alunos; b) tutores a distância – “mantêm contato com os estudantes apenas por meio de tecnologia – ambiente virtual de aprendizagem, telefone, e-mail etc” (BORTOLOZZO, 2009, p. 6162). Também são conhecidos como tutores técnicos, virtuais ou online. Costumam corrigir os trabalhos ou acompanhar os alunos na sala de aula virtual. <Lembrete início> O tutor é uma figura fundamental no processo de EaD. É ele quem faz a mediação entre alunos, conteúdos e professores. <Lembrete fim> Além dos tutores, há os (as) professores (as). Eles podem, em algumas instituições, ser a mesma pessoa, mas, de um modo geral, é o(a) professor(a) quem ministra as aulas (ao vivo ou gravadas), quem propõe e corrige provas e trabalhos, quem orienta os TCCs (trabalhos de conclusão de curso) e as monografias e elabora as aulas e os livros texto. Ainda, os(as) professores(as), participam dos fóruns (assíncronos) nos quais uma questão é proposta para dar início às discussões sobre o tema da aula ministrada. Uma outra figura importante, sem a qual não há o curso, é o aluno. Ele tem funções primordiais para o bom andamento de qualquer projeto em EaD. Sem sua participação nenhum curso terá vida, não se constituirá como ação pedagógica. 14 O aluno, assim como os tutores e os professores, também tem funções. De todas, a principal é colocar-se diante dos conteúdos, resolver as questões propostas, ler os materiais oferecidos, assistir às animações indicadas, buscar além daquilo que é indicado e participar dos fóruns e de todas as discussões pertinentes aos temas trabalhados. O curso, outro elemento importante, só acontecerá se o aluno estiver presente, deixando suas marcas por onde passar. Quanto a ele, o curso, é de suma importância que ele seja interativo, ou seja, que o aluno possa sentir que tem amis alguém por lá. Imagine a escola sem os alunos. Também sou professora presencial e, quando entro de ferias e vou à universidade, me dá um aperto no coração... Sinto uma saudade dos corredores cheios, do som das vozes dos alunos, do andar de lá para cá o tempo todo... Sinto até falta das conversinhas paralelas em sala de aula (só um pouquinho!)... Os alunos dão vida, como já disse, aos cursos. Sem sua voz, não se fala com ninguém. Continue imaginando: você é tutor(a) num curso em EaD. O curso começa. Os alunos estão empolgadíssimos, “falam” sem parar. Se você ficar uma hora fora do ambiente, já sabe que, ao retornar, encontrará o espaço cheio de perguntas e observações. Outra situação: você acessa o curso e quase nenhum aluno “aparece”. Os ambientes estão vazios, as atividades sem participação, nos fóruns só tem você chamando pelos alunos... Lembrou aqui da universidade no período de férias? É, triste, não é? E não pode ficar assim! É preciso motivação! É preciso trazer os alunos para o curso, incentivá-los a participar, a questionar, a realizar as atividades propostas, todo o tempo! É 15 preciso vida no curso! Agora, pense num curso em EaD em que os materiais são tal como no ensino presencial – textos xerocados, por exemplo, aqui são digitalizados. Há questionários intermináveis que devem ser respondidos e encaminhados por e- mail para o(a) tutor(a), o qual lhe atribuirá uma nota pelas respostas. Não há vídeos, sons ou bonequinhos andando pela tela e sorrindo para você. Só há textos, intermináveis páginas com textos e mais textos. O que você acha desse curso? Certamente ficou cansado e torcendo para não ter que realiza-lo, certo? Sou sua parceira nesse sentimento. Também não quero isso para mim. Você percebeu a importância da dialogicidade num curso em EaD? Percebeu o quanto sentir-se fazendo parte daquilo tudo é fundamental para sentir-se atraído? Pois bem. Essa é a parte em que eu lhe digo: todo curso em EaD tem que prever a interação. Mais que interatividade, a troca, a parceria, a construção de laços e vínculos entre os elementos ou personagens de um curso nesta modalidade de ensino. Vamos conceituar e explicar a diferença entre as duas? a) Interatividade: vem de “interactivity, foi cunhada para denominar uma qualidade específica da chamada computação interativa (interactive computing)” (Fragoso, 2001, p. 3), ou seja, relacionamento travado entre indivíduo e computador. b) Interação:é um fator muito importante e deve ser predominante em processos de EaD, visto que há pessoas participando. De acordo com Villardi (2003, p. 48), 16 "A educação a distância não pode realizar-se sem a interação, processo pelo qual o indivíduo é afetado pela presença do outro, que se dá por meio da colaboração, da crítica, da análise diferenciada, da presença de um outro ponto de vista. Ao contrário da simples interatividade, de onde podemos esperar apenas as trocas, a interação culmina em uma mudança de concepções, em uma construção de conhecimentos a partir da reflexão e da crítica, que se dá em ambientes cooperativos, onde é possível a aprendizagem significativa." Se em EaD a interação deve prevalecer, é certo que buscamos pensar em cursos com posições mais humanizadoras, que vejam o quanto o(a) aluno(a) participante e o(a) professor(a) ou tutor(a) tem a colaborar para a construção de conhecimento – um do outro. Aprendizagem colaborativa é sempre mais enriquecedora que aquela que se dá em total clausura, sem um interlocutor parceiro. Educação é interação, assim, todo curso deve ser interativo e contar com a colaboração dos participantes para promover e fortalecer a aprendizagem! <Observação início> Vou contar uma coisa para você: sou professora em EaD desde 2002 quando iniciei o Mestrado na PUC-SP. Foi tudo assim, meio de sopetão. Quando me dei conta, já estava lá, ensinando, aprendendo, criando... Percebo as potencialidades do EaD a cada dia crescendo e um mundo se abrindo a partir dele. É emocionante estar num curso em EaD e conhecer as pessoas à distância! Vai uma dica: acesse a apresentação que está em: http://www.slideshare.net/Anated/a-importncia-da-tutoria-motivacional-na-ead 17 para saber mais sobre EaD e suas personagens. <Observação fim> 2.3 A escolha pela modalidade de estudo à distância: motivação e necessidade Até agora temos discutido as mudanças no mundo, as novas formas de se ensinar e de aprender e quem pode contribuir nesse contexto, certo? Mas... EaD surge de que modo? Qual sua intencionalidade, inicialmente? E hoje? Cada vez mais as pessoas têm menos tempo para se deslocar entre a cidade em que moram e trabalham. São questões desde grandes distâncias até os terríveis engarrafamentos que fazem com que percamos, em média, duas horas desde a saída do ponto inicial até a chegada a um ponto que pode ser o intermediário, considerando que saímos do trabalho para o local de estudo e só de lá e que vamos para casa. É muito tempo jogado fora... Podemos melhorar essa conta, podemos preencher esse tempo negativamente ocioso com algo que seja precioso para nós – educação! “As rápidas mudanças no local de trabalho, o desemprego e a incerteza exigem alterações imediatas na educação e formação contínua e ao longo da vida. Sob tais circunstâncias, é irreal esperar que as estruturas educacionais tradicionais respondam numa base adequada para o desenvolvimento do conhecimento e das competências. Deste modo, torna-se necessário encontrar novos métodos para melhorar os níveis educacionais, iniciais ou de formação contínua” (RURATO, GOUVEIA & GOUVEIA, 2007, p. 80) . Assim sendo, uma opção pertinente é EaD. Buscar cursos que podem ser 18 realizados de acordo com o tempo disponível e com a necessidade latente dos alunos é uma opção grandiosa. Se podemos estudar, ter maior informação e melhor formação, mas não é viável frequentar uma escola presencial para tal, porquê não optar por estudar à distância? Essa é uma possibilidade. Pensando nisso, antes de escolher um curso em EaD, procure traçar um perfil de como você seria estudando nesta modalidade. Não é só responder aos questionários, mas não pode deixar de fazê-los. Não é decidir entrar sempre à noite, ao final do trabalho, pois você poderá estar muito cansado(a) e os olhinhos não abrirem o suficiente para ler os materiais e assistir às apresentações. Não é pensar que clicar na setinha que faz virar a página o conteúdo terá sido entendido. Diante disso, vai a pergunta para ser completada: Por que EaD? Você escolheu a modalidade EaD pois (aqui vai sua resposta). Vou tentar ajudá-lo(a): veja o esquema que segue: FATORES QUE AFETAM A DECISÃO DE PARTICIPAR EM PROCESSOS DE APRENDIZAGEM (adaptado de Henry e Basile, 1994). 19 A partir do esquema anterior, pense se você realmente participaria de um curso em EaD. Opa! Participaria, sim. Aliás, está participando desta pós-graduação, certo? Então, reflita: você optou por essa modalidade, pois se sente motivado a estudar em EaD ou é uma necessidade que você tem (independente do seu motivo)? Para auxiliá-lo(a), vou descrever o que é motivação e necessidade. Veja só: a) Motivação: de acordo com diversos autores, são os principais fatores que motivam os aprendentes adultos para realizarem cursos em EaD, a saber: • Desenvolvimento na carreira (MacBrayne, 1995; von Prummer, 1990); • Constrangimentos de tempo, distância e financeiros (Sherry, 1996); 20 • Flexibilidade de acesso e de tempo, oportunidade de colaborar com outros aprendentes distantes e com diferentes background e experiências (Jarmon, Frshee, Olcott, Boaz e Hardy, 1998); • Socialização e conveniência (Ridley, Bailey, Davies, Hash, e Varner 1997). Ainda, de acordo com Lieb (1991), citado por Rurato, Gouveia & Gouveia (2007, p. 87), há seis fatores que servem de motivação ao aprendente: 1) Relacionamento social – para fazer novos amigos, necessidade de novas associações e relacionamentos; 2) Expectativas externas – para cumprir instruções e realizar as recomendações de alguém com autoridade formal; 3) Bem-estar social – para conseguir realizar algo que ajude os outros, ou participar em trabalho comunitário; 4) Desenvolvimento pessoal – para conseguir uma promoção, segurança profissional, ou estar alerta para possíveis necessidades de se adaptar a mudanças no emprego, necessidade de manter competências antigas ou de aprender outras novas; 5) Escape ou estímulo – para se livrar da rotina diária; 6) Interesse cognitivo – para aprender pelo simples fato de aprender, ter novos conhecimentos e satisfazer uma mente inquiridora. Você se adequa a uma dessas, ou a mais de uma? Ainda, muitos procuram estudar em EaD por: b) Necessidade: muitos alunos em EaD tem como objetivos, como citados anteriormente, buscar um desenvolvimento na carreira (MacBrayne, 1995; von Prummer, 1990); não tem tempo de ir para uma escola presencial por questões como distância e os gastos que isso implicariam (Sherry, 1996). Essas razões tanto os motivam quanto demonstram sua necessidade, em 21 especial a primeira, ou seja, ter um upgrade em sua carreira, que poderá levar a promoções, aumento de salários e diversas outras vantagens que todo profissional deseja obter. A questão aqui não é levar à discussão se estou em EaD por que gosto ou por que preciso. O que deve ser levado em consideração é se tenho o perfil para ser aluno(a) em EaD. Diante do exposto, espero que você esteja satisfeito por ter feito a escolha correta e continue buscando outros cursos – em EaD ou em educação presencial - para aprimorar-se cada vez mais como profissional. 2.4 Carga horária do curso Estava buscando bibliografia para escrever sobre esse tópico quando me deparei com um curso sobre carga horária em EaD. É, um curso que ensina como estipular a cargahorária para cursos em EaD. Confesso que tive curiosidade e quase me inscrevi... Essa questão de como estabelecer a carga horária para estudos via Internet é muito curiosa. Como saber qual será o ritmo de cada aluno. Alguns realizarão as atividades propostas com muita facilidade, com muita rapidez. Outros vão demorar mais do que foi imaginado e outros nem conseguirão terminar. Não há receita pronta. Uma vez uma aluna me perguntou sobre como saber exatamente quanto de seu tempo seria consumido no curso (ela estava escrevendo o curso e pretendia vendê-lo). Minha resposta foi simples (ou não). Fiz a seguinte pergunta: para docente ou para alunos? É aí que está a diferença e é em cima disso que devemos nos prender: qual seu foco? 22 Explico melhor: para o(a) professor(a), o número de horas consumidas é diferente das horas dos alunos. E o momento em que você está pensando sobre isso importa, ou seja, você está planejando seu curso ou está ministrando as aulas? Para planejá-lo, certamente o consumo será maior, já que há a necessidade de muita pesquisa e organização de materiais até que o curso fique efetivamente pronto. Para ministrar será diferente, pois você já o conhece e estará dirigindo as atividades. Acredito que, nesse caso, duas horas diárias são suficientes. Há quem o faça em mais, há quem necessite apenas de uma hora para ler as interações e atividades dos alunos e deixar seus comentários e questões motivadoras. Caso você pense em realizar chats, aí cada conversa deve ter em torno de sessenta minutos, pois é um tempo razoável para falar com os alunos, ouvi-los, discutir questões previamente indicadas e tomar decisões a partir delas. Nesse caso, um resumo do chat precisa ser feito para que um aluno que, porventura não tenha conseguido estar presente, possa, em seu tempo, acompanhar as discussões e posicionar-se nos fóruns. É mais ou menos assim. <Observação – início> Você quer uma “formulinha”, não é? Já disse que aqui não é o espaço para apresentação de fórmulas ou receitas prontas, lembra-se? Ainda assim, lá via uma dica: procure pensar que, para o aluno, seria interessante planejar-se para estudar por, pelo menos, duas horas diárias e, para o tutor, pelo menos uma hora diária de acompanhamento dos fóruns e atividades postadas para cada unidade, ok? 23 Lembre-se: na verdade, cada curso será de um jeito, com exigências muito particulares. Essa é uma regrinha em geral! <Observação – fim> Todo(a) bom(a) tutor(a) de curso em EaD precisa estar presente, mesmo que fisicamente longe. E, como eu já disse aqui nesse material, é através de seu texto que conseguirá fazê-lo. < Exercício de aplicação - início> Analise as duas situações que seguem: Situação 1 O aluno 1 faz uma pergunta. O tutor responde de forma seca, objetiva por demais. O aluno 2 acrescenta que não entendeu bem. O tutor refaz a resposta, mas continua distante. O aluno 3 decide nem participar. Situação 2 O aluno 1 faz uma pergunta. O tutor responde de forma atenciosa, objetiva, mas propondo desmembramento da questão e sugere que os demais alunos coloquem-se. O aluno 2 coloca-se e acrescenta que não entendeu bem. O tutor refaz a resposta, apresentando novos exemplos, trazendo a questão da dúvida para a realidade prática. O aluno 3, que não é muito ativo, decide participar pois é convidado pelo tutor. 24 Outros alunos também se colocam e o tutor vai acompanhando-os. Responda: 1) O tempo de participação do tutor 1 será o mesmo que o do tutor 2 no curso? Sim ou Não? Por que? 2) Qual dos dois tutores terá mais a ensinar e a aprender com seus alunos? 3) E quanto ao prazer de vivenciar essa experiência em EaD, qual dos tutores será mais “sortudo”? <Exercício de aplicação – fim> <Saiba mais início> Assista à apresentação que está no seguinte endereço eletrônico: http://www.slideshare.net/joaojosefonseca/evoluo-social-associada-ao- processo-histrico-da-ead. Nela você terá um panorama completo sobre EaD. Ótima exploração! <Saiba mais fim> <Resumo – início> Resumo Nesta unidade foi possível conhecer um pouco mais sobre EaD – as gerações pelas quais passou e vem passando e seu desenvolvimento. Pudemos perceber, assim, que EaD não é uma modalidade tão recente, não é mesmo? O que aconteceu foi que, especialmente devido à inserção das TICs – Tecnologias da Informação e de Comunicação - no ensino, muita coisa mudou e ainda tem a mudar. 25 Foi um grande salto, realmente, que não nos deixa mais voltar aos tempos antigos, quando só se aprendia formalmente indo à escola. Hoje temos vários recursos, como os AVAs, ambientes virtuais de aprendizagem, que são salas de aula, nas quais são desenvolvidos cursos, inclusive de graduação e pós-graduação. Você, aluno da UNIP Interativa, é um exemplo de como a Educação a Distância vem mudando modos de aprender e de ensinar. Sempre repito isso! Você está aqui, estudando Didática do Ensino Superior: Cases de Qualidade, pois escolheu EaD para concluir sua pós graduação. Já pensou nisso? E ainda, veja como, além de você, a presença de um(a) tutor(a) comprometido é de extrema relevância. Precisamos desenvolver todos os dias novas habilidades e competências, diferentes daquelas desenvolvidas nas salas de aulas tradicionais presenciais para que possamos acompanhar as mudanças dos tempos em que vivemos, para que possamos ser aprendizes e ensinantes na contemporaneidade! <Resumo – fim>