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Tecnólogo de Recursos Humanos 1ª FASE – 2010/1 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Segunda parte Professor Ramsés Antunes da Luz E-mail: ramses@edu.estacio.br FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 2 PLANO DE ENSINO 1) Ementa: A importância do processo de provisão de pessoal para os resultados organizacionais; O mercado de trabalho e de Recursos Humanos na atualidade; O Planejamento na área de Recursos Humanos; O recrutamento de pessoal; A seleção de pessoal. Aspectos Legais que envolvem o Recrutamento e a Seleção. 2) Objetivo geral: Habilitar os alunos no domínio dos diferentes processos de provisão de recursos humanos utilizados pelas empresas. São inúmeras as abordagens encontradas na literatura especializada sobre os diversos ângulos da função de provimento de recursos humanos por meio de recrutamento e seleção. Desde as mais detalhadas e minuciosas, sobre o aspecto operacional da função, até as mais profundas e globalizadas, sobre seus fundamentos e filosofia. Tem, portanto, os seguintes objetivos específicos: Propiciar condições para analisar o mercado de trabalho; Estabelecer a diferença entre recrutar e selecionar pessoas; Conhecer métodos e instrumentos que permitem a avaliação de conhecimentos, habilidades e atitudes; Conhecer os aspectos legais que envolvem o recrutamento e a seleção. 3) Conteúdo Programático: 3.1. A provisão de Recursos Humanos nas empresas 3.1.1. O subsistema de Suprimento de RH em relação ao sistema de Administração de Recursos Humanos 3.1.2. O ambiente Organizacional 3.1.3. O Mercado de trabalho 3.1.4 O Mercado de Recursos Humanos 3.2. Planejamento de Recursos Humanos 3.2.1. Modelos de Planejamento em RH 3.2.2. Rotatividade de Pessoal (turnover) 3.2.3. Absenteísmo 3.3. O Recrutamento de Pessoas 3.3.1. Fontes de Recrutamento 3.3.2. Pesquisa interna das necessidades do setor de RH 3.3.3. Pesquisa Externa de RH 3.3.4. O processo do Recrutamento 3.3.5. Meios de Recrutamento 3.3.6. O Recrutamento Interno: definição, vantagens e desvantagens 3.3.7. O recrutamento Externo: definição, vantagens e desvantagens 3.3.8. O Recrutamento Virtual: definição, vantagens e desvantagens 3.3.9. O Recrutamento Misto: definição, vantagens e desvantagens 3.3.10. Métricas para o Recrutamento 3.4. Seleção de Pessoas 3.4.1. Conceito de Seleção FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 3 3.4.2. Os modelos de seleção 3.4.3. Bases para a Seleção de pessoas: Competências individuais necessárias, ficha profissiográfica. 3.4.4. Técnicas de Seleção: triagem de currículo, entrevista, provas de conhecimento, testes psicológicos, técnicas de simulação, grafoanálise. 3.4.5. Seleção por competências; 3.4.6. Métricas para seleção; 3.4.7. Ética e o papel do selecionador 3.4.8. Aspectos Legais que envolvem a contratação de pessoas Crenças e valores sobre o ser humano; . 4) Metodologia de Ensino Aprendizagem: Através de uma postura de facilitação, o professor deverá proporcionar condições para a análise, discussão e a eventual mudança de pensamento e de postura de cada um. Para tanto, serão utilizados, nesta disciplina, recursos como a dinâmica de grupo, exercícios de simulação (com jogos e/ou estudos de caso), aulas expositivas, e discussões em grupo. 5) Avaliação: O processo de avaliação será composto de três etapas, Avaliação 1 (AV1), Avaliação 2 (AV2) e Avaliação 3 (AV3). As avaliações poderão ser realizadas através de provas teóricas, provas práticas, e realização de projetos ou outros trabalhos, representando atividades acadêmicas de ensino, de acordo com as especificidades de cada disciplina. A soma de todas as atividades que possam vir a compor o grau final de cada avaliação não poderá ultrapassar o grau máximo de 10, sendo permitido atribuir valor decimal às avaliações. Caso a disciplina, atendendo ao projeto pedagógico de cada curso, além de provas teóricas e/ou práticas contemple outras atividades acadêmicas de ensino, estas não poderão ultrapassar 20% da composição do grau final. A AV1 contemplará o conteúdo da disciplina até a sua realização, incluindo o das atividades estruturadas. As AV2 e AV3 abrangerão todo o conteúdo da disciplina, incluindo o das atividades estruturadas. Para aprovação na disciplina o aluno deverá: 1. Atingir resultado igual ou superior a 6,0, calculado a partir da média aritmética entre os graus das avaliações, sendo consideradas apenas as duas maiores notas obtidas dentre as três etapas de avaliação (AV1, AV2 e AV3). A média aritmética obtida será o grau final do aluno na disciplina. 2. Obter grau igual ou superior a 4,0 em, pelo menos, duas das três avaliações. 3. Frequentar, no mínimo, 75% das aulas ministradas. 6) Bibliografia: ALMEIDA, Walnice. Captação e seleção de talentos: repensando a teoria e a prática. SP:Atlas, 2004. BATITUCCI, Márcio Dayrell. Recursos humanos 100%: a função RH no terceiro milênio. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000. BERGAMINI, Cecília; CODA, Roberto (org). Psicodinâmica da vida organizacional. SP: Atlas, 1997. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 4 BOHLANDER, George; SNELL, Scott; SHERMAN, Arthur. Administração de recursos humanos. SP: Thomson, 2003. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel de recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 2001. DAVEL, Eduardo & VASCONCELOS, João (org). “Recursos” humanos e subjetividade. 3ª.ed. modif. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. DUTRA, Joel Souza et al. Gestão por competências: um modelo avançado para o gerenciamento de pessoas. São Paulo: Gente, 2001 GASALLA, José María. A nova gestão de pessoas: o talento executivo. São Paulo: Saraiva, 2007. GIL, Antonio Carlos. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2001. GRIFFIN, Ricky W.; MOORHEAD, Gregory. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Ática, 2006. HINDLE, Tom. Como fazer entrevistas. 4 ed. Série Sucesso Profissional. São Paulo: Publifolha, 2001. MARRAS, Jean Pierre. Gestão de pessoas em empresas inovadoras. São Paulo: Futura, 2005. MILKOVICH, George T.; BOUDREAU, John W. Administração de recursos humanos. SP:Atlas, 2000. NAHOUM, Charles. A entrevista psicológica. Rio de Janeiro: Agir, 1988. NERI, Aguinaldo A . (org.). Gestão de RH por competências e a empregabilidade. São Paulo: Papirus, 1999. O´DONNELL, Ken. Valores humanos no trabalho. São Paulo: Gente, 2006. RESENDE, Enio; TAKESHIMA, Maria Luiza. RH em tempo real: conceito e ferramentas modernas para gestão de recursos humanos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000. RIBEIRO, Antônio de Lima. Gestão de pessoas. SP: Saraiva, 2006. SCHIRATO, Maria Aparecida Rhein. O feitiço das organizações. São Paulo: Atlas, 2000 ULRICH, Dave (org.). Recursos humanos estratégicos: novas perspectivas para os profissionais de RH. São Paulo: Futura, 2000. XAVIER, Ricardo. Gestão de pessoas na prática: os desafios e as soluções. São Paulo: Gente, 2006. PERIÓDICOS RAE- Revista de Administração de Empresas. FGV.São Paulo. R.H.Talento- Associação Brasileira de Rec. Humanos – S. Paulo. RAP- Revista de Administração Pública – Rio de Janeiro. RTT – Revista Tendências do Trabalho – Rio de Janeiro. RH em Síntese – Revista RH em Síntese – São Paulo. HSM Management – São Paulo. SITES ELETRÔNICOS www.carreira.empregos.com.br www.rhbrasil.com.br www.inforh.com.br www.canalrh.com.br www.rh.com.br www.fatorh.com.br FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 5 Índice TEXTOS PÁG. Texto 01: Administração de RH 06 Texto 02: Recrutamento ou difusão 12 Texto 03: Seleção ou rito de iniciação 15 Texto 04: O papel do selecionador 17 Texto 05: A ética e os cuidados com a seleção 32 Nota Importante: Material extraído, em grande parte, dos livros mencionados nas referências bibliográficas citadas no plano de ensino da disciplina, entre outras fontes devidamente citadas ao longo de seu conteúdo, adaptado para uso exclusivo em sala de aula, no âmbito da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina, com o objetivo precípuo de facilitar o processo de ensino-aprendizagem da disciplina. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 6 Texto 01: ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS O QUE É ANÁLISE DE CARGO? Definição de análise de cargo: é o procedimento pelo qual se determinam as obrigações desses cargos e as características das pessoas que devem ser contratadas para eles. A análise gera informações sobre os requisitos do cargo; essas informações são então utilizadas para desenvolver a descrição do cargo (em que constitui o trabalho) e as especificações do cargo (que tipo de pessoa deve ser contratada para preenchê-lo). Informações coletadas sobre: • Atividades desempenhadas (vender, limpar, ensinar ou pintar, por exemplo); • Questões relacionadas às condições físicas do ambiente e o programa de trabalho. As informações da análise de cargo são a base para várias atividades inter-relacionadas de gestão de RH, ou seja, a análise de cargo tem um papel central na administração de RH (criação de programas de treinamento, decisão de que tipo de pessoa contratar, etc). Métodos de coleta de informações para análise de cargos: • Entrevistas: individuais, com cada funcionário; em grupos, com grupos de funcionários com mesmo cargo e; com supervisores, com um ou mais supervisores que conheçam detalhadamente o cargo que será analisado. A entrevista permite ao trabalhador relatar atividades e comportamentos que de outra forma não seriam descobertos. O maior problema das entrevistas é a distorção de informações, pois, geralmente a análise de cargo é vista como possibilidade de aumento de salário, o que faz com que o funcionário aumente umas funções em detrimento de outras. A obtenção de informações válidas pode ser um processo lento. • Questionários: pode-se também pedir aos funcionários que preencham um questionário para descrever suas responsabilidades e atribuições no trabalho. É importante, primeiramente, decidir como será a estrutura do questionário e quais perguntas serão incluídas. • Observação: a observação direta é útil em especial quando o trabalho consiste principalmente de atividade física observável. Cargos como porteiro, operário de linha de montagem e balconista de caixa são alguns exemplos. Por outro lado a observação não é apropriada quando o trabalho exige muitas atividades mentais não mensuráveis (advogado, engenheiro de produtos). Também não é útil se o funcionário desempenha atividades importantes que ocorrem ocasionalmente, como uma enfermeira que atende emergências. • Diário ou registro do participante: outra abordagem é pedir que os funcionários mantenham um diário ou lista do que fazem ao longo do dia. Cada atividade é registrada em um diário, bem como o tempo. Descrições de Cargo: A descrição de cargo é o estabelecimento escrito sobre o que o funcionário faz, como faz e em que condições o trabalho é desempenhado. Essa informação é usada para escrever uma especificação do cargo que apresenta o conhecimento, a habilidade e a capacidade necessários para desempenhar o trabalho satisfatoriamente. São elas: • Identificação do cargo: nome/título do cargo. • Resumo do cargo: deve descrever a natureza do trabalho em geral, listando apenas as principais atividades e funções. • Relacionamentos: mostra os relacionamentos do ocupante do cargo com outros dentro e fora da organização: se reporta a quem; supervisiona quem; trabalha com; relações externas. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 7 • Responsabilidades e atribuições: apresenta uma lista detalhada das responsabilidades e atribuições. Cada uma das atribuições mais importantes deve ser listada separadamente e descrita com algumas frases. • Autoridade: define os limites de autoridade do cargo (conceder dispensas, tomar medidas disciplinares, recomendar aumentos salariais, etc). • Padrões de desempenho: são estabelecidos padrões que o funcionário deve atingir em cada uma das principais atribuições e responsabilidades da descrição do cargo. Este item é optativo. • Condições de trabalho e ambiente físico: condições gerais de trabalho envolvidas no cargo (nível de ruído, periculosidade, calor e outras condições). Escrevendo as especificações do Cargo: As especificações de cargo usam a descrição de cargo para responder à pergunta: que perfil e que experiências são necessários para desempenhar bem este cargo? Elas mostram que tipo de pessoa recrutar e para quais qualidades esse pessoa deve ser testada. A especificação de cargo pode ter uma cessão própria na descrição do cargo ou pode ser um documento separado. É frequentemente anexada ao final da descrição de cargo. O senso comum precisa ser usado na compilação da lista de requisitos humanos. Certamente, características humanas específicas do cargo são importantes. Entretanto, não se deve ignorar o fato de que há também comportamentos de trabalho como diligencia, eficácia, boa frequência e honestidade que parecem se aplicar a todos os trabalhos imagináveis, mas que muitas vezes não são revelados na análise de cargos. O PROCESSO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Os empregadores utilizam a análise de cargos e suas descrições para muitas coisas, como para desenvolver programas de treinamento ou para determinar a remuneração de vários cargos. Mas elas são usadas mais frequentemente para decidir que tipos de pessoas recrutar e selecionar para os cargos da empresa. Suas etapas compreendem: 1. Fazer o planejamento e a previsão da força de trabalho para determinar as vagas a serem preenchidas (três conjuntos de previsões: um para as necessidades de pessoal, um para o suprimento de candidatos internos e um para o suprimento de candidatos externos); 2. Forma um conjunto de candidatos para esses cargos através de recrutamento interno ou externo; 3. Fazer com que os candidatos preencham fichas de inscrição e talvez realizar uma entrevista de seleção inicial; 4. Usa varias técnicas de seleção como testes, informações sobre antecedentes e exames médicos para identificar os candidatos viáveis; 5. Enviar umou mais candidatos viáveis ao supervisor ou responsável pelo cargo; 6. Submeter os candidatos a uma ou mais entrevistas de seleção com o supervisor e outros interessados para determinar qual ou quais candidatos receberão propostas. Como prever as necessidades de pessoal: • Análises de tendências: envolvem os estudos dos níveis de emprego na empresa ao longo dos últimos cinco anos para prever necessidades futuras. O propósito é identificar as tendências que possivelmente continuarão no futuro. • Análises de quociente: significa fazer previsões com base no quociente entre um fator causal (como volume de vendas) e o numero de funcionários necessários (como número de vendedores). Por ex: suponha que você descubra que um vendedor gera 500 mil dólares em vendas. Assim, se o quociente entre vendas e vendedores permanecer o mesmo, você deve buscar mais seis novos vendedores no FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 8 próximo ano (cada um produzindo 500 mil dólares em vendas) para produzir os desejados 3 milhões de dólares extras em vendas. Previsão de candidatos internos: • Inventários de qualificações: contêm dados resumidos sobre cada funcionário, tais como desempenho, base educacional e oportunidades de ser promovido. • Quadros de remanejamento de pessoal: mostram o desempenho presente e as oportunidades de promoção para cada possível recolocação de posições importantes. • Sistemas computadorizados de informação: muitas empresas (geralmente de grande porte) usam computadores para trabalhar com essas informações e vários sistemas estão disponíveis para cumprir essa tarefa. Previsão de candidatos externos: Se não houver candidatos internos suficientes para preencher as vagas previstas, o empregador volta-se para a projeção do suprimento de candidatos externos. Para tal, pode ser necessário fazer previsões sobre a economia, as condições do mercado local e do mercado de recursos humanos (quanto menor a taxa de desemprego, menor a oferta de candidatos e mais difícil é o recrutamento de pessoal, por exemplo). RECRUTAMENTO DE CANDIDATOS Uma vez que tenha sido autorizado o preenchimento de um cargo, o passo seguinte é formar um grupo de candidatos, provavelmente usando recrutamento interno e uma ou mais fontes de recrutamento externo. O recrutamento é importante, pois quanto mais candidatos tiver, mais seletiva poderá ser a sua contratação. Os anúncios (editais): Para usar anúncios com eficácia você precisa atentar para duas questões: a mídia a ser utilizada e a construção do anúncio. A seleção do melhor meio de comunicação depende do tipo de cargo para o qual você está recrutando. Fontes de recrutamento: • Agências de emprego; • Recrutadores de executivos (headhunters); • Universidades e estagiários; • Indicação por parte de colaboradores; • Candidatos que se dirigem espontaneamente á empresa; • Ex-funcionários; • Internet. DESENVOLVIMENTO E EMPREGO DE FORMULÁRIOS DE INSCRIÇÃO O propósito dos formulários: Para a maioria dos empregadores o formulário é o primeiro passo do processo. O formulário de inscrição é uma boa maneira de obter rapidamente dados históricos verificáveis e, portanto, bastante precisos sobre o candidato (área de instrução, histórico de empregos anteriores e hobbies, por exemplo). Fornece 4 tipos de informação: 1. Se o candidato tem instrução e experiência para o trabalho; 2. Tirar conclusões sobre progresso e crescimento em empregos anteriores; FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 9 3. Pode delinear hipóteses sobre a estabilidade do candidato nos empregos anteriores; 4. Pode usar os dados para prever quais candidatos serão ou não bem sucedidos no cargo. TESTE E SELEÇÃO DE FUNCIONÁRIOS Com um bom número de candidatos, o próximo passo é selecionar a melhor pessoa para o cargo. Para isso serão utilizadas as ferramentas explicadas a seguir, incluindo testes, verificação de antecedentes, referências e entrevistas. Por que a seleção é cuidadosamente importante: 1. Porque seu próprio desempenho depende dos seus funcionários; 2. Porque é custoso recrutar e contratar funcionários; 3. Por causa das implicações legais de uma seleção incompetente (discriminação, candidatos com antecedentes criminais ou qualquer outro tipo de problema, por exemplo). Validade: A validade dos testes responde à questão: “Este teste mede o que se propõe a medir?” ou, de outra maneira, “validade refere-se à confiança que se tem no significado da pontuação”. No que diz respeito a testes de seleção de funcionários, o termo validade frequentemente se refere a evidenciar que o teste é relacionado ao emprego. Um teste de seleção deve ser válido porque, sem essa prova de validade, não há motivo lógico ou legal para continuar usando-o para selecionar candidatos. • Validade por critério: significa mostrar que, aqueles que vão bem no teste, também fazem bem o trabalho e vice-versa. A medida (nota no teste) deve estar relacionada com o critério (desempenho no cargo). • Validade por conteúdo: é demonstrada pela evidencia de que ele constitui uma boa amostra do conteúdo do cargo. Um exemplo é o teste de digitação para a contratação de um digitador. Confiabilidade: É a segunda característica importante de um teste e refere-se á consistência. Confiabilidade é a “consistência entre as pontuações obtidas pela mesma pessoa quando novamente submetida a um teste idêntico ou equivalente”. Questões éticas e legais dos testes: Você deve estar preparado para provar que seus testes estavam relacionados ao sucesso ou fracasso no cargo e que não discriminam injustamente nenhum grupo, minoritário ou não. A mesma obrigação de provar relação dos testes com o cargo também se aplica às entrevistas, às avaliações de desempenho e a outras técnicas. As pessoas que passam por testes têm vários direitos quanto á privacidade e á informação; esperar que somente pessoas qualificadas para interpretar os resultados tenham acesso a eles ou que eles sejam acompanhados por informações suficientes para a sua interpretação adequada; e ainda, que o teste seja seguro, ou seja, nenhuma pessoa submetida a ele deve ter acesso a informações privilegiadas sobre as questões ou as respostas. Não use teste como única técnica de seleção. Em vez disso, use-os para suplementar outras técnicas, como entrevistas e verificação de antecedentes. Os testes não são infalíveis. Como os testes são usados? FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 10 Os testes são usados para medir um amplo conjunto de atributos dos candidatos, incluindo habilidades cognitivas (mentais), motoras e físicas, personalidade, interesses e aprendizagem. ENTREVISTA DE POSSÍVEIS FUNCIONÁRIOS Uma entrevista é um procedimento projetado para obter informações a partir de respostas verbais de uma pessoa a perguntas verbais; uma entrevista de seleção é um procedimento projetado para prever futuros desempenhos no trabalho com base nas respostas verbais dos candidatos a perguntas verbais. É uma ferramenta gerencial indispensável. • Entrevista não-estruturada: são feitas perguntasconforme elas vêm à mente e, em geral, não seguem um formato predefinido. • Entrevista estruturada: as perguntas são previamente especificadas e as respostas podem ser avaliadas pela adequação do seu conteúdo. • Entrevistas situacionais: as perguntas giram em torno da habilidade do candidato em projetar como seria o seu comportamento em determinada situação • Entrevista comportamental: pergunta-se aos candidatos como eles se comportaram em situações passadas. • Entrevista entre duas pessoas: ambas numa sala, uma entrevistando a outra. • Entrevista sequencial: o candidato é entrevistado por varias pessoas em sequencia, antes que se chegue a uma conclusão final. • Entrevista painel: o candidato é entrevistado simultaneamente por um grupo de entrevistadores. • Entrevistas por telefone: podem permitir um enfoque mais em respostas substanciais, ou talvez, os candidatos surpresos pela ligação forneçam respostas mais espontâneas. OUTRAS TÉCNICAS DE SELEÇÃO • Investigação de antecedentes e verificação de referências; • Teste de honestidade (detector de mentiras ou polígrafo); • Grafologia (análise da escrita manual); • Exames físicos (médicos); • Detecção de uso de drogas; • Cumprimento das leis de imigração. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 11 Texto 02: RECRUTAMENTO OU DIFUSÃO Quando a organização apresenta uma vaga, a repercussão social que isso provoca é realmente assustadora não somente em crises graves de desemprego, como atualmente, mas também em momentos típicos de empregabilidade. Apenas a idéia de colocar à disposição no mercado uma possibilidade de vaga faz com que a expectativa em torno dessa vaga seja imensa. Centenas de candidatos aparecem, cheios de esperança, aspirantes a um novo status social. No pequeno anúncio de jornal, na plaqueta de “PRECISA-SE” à porta da organização, na chamada à agência de empregos ou no padrão sofisticado de divulgação dos headhunters, aparentemente o que vemos é uma tentativa, mesmo que tosca, de recrutamento de pessoas para ocupar certas funções com determinadas atribuições tarefeiras. É preciso notar, entretanto, que não se trata de um recrutamento de voluntários, ou mesmo de candidatos potencialmente necessitados e, portanto, legítimos em seu direito de encontrar o emprego. Não é só a qualidade da oferta que determina o candidato, ou seja, não é apenas a especificação da necessidade da empresa que determina a legitimidade deste ou daquele profissional específico para aquela vaga. Vai além. Além da qualidade funcional para ocupar a vaga, está implícita nesse recrutamento uma qualidade estrutural exigida pela empresa para ocupação daquela vaga, cujas especificações não são objetivadas; elas compõem mais aquela característica de “qualidade subentendida” necessária ao “sucesso subentendido”. Por exemplo: “A empresa X de construção civil está recrutando 10 engenheiros — qualidade funcional necessária para poder concorrer àquelas vagas: ser engenheiro.” “A empresa X de construção civil está recrutando 10 engenheiros: exigência, ou preferência, formados pela Poli” — qualidade funcional e estrutural que, por si só, já faz uma pré-seleção, reduzindo enormemente os possíveis candidatos à vaga. É ingenuidade considerar que a vaga anunciada está democraticamente ao acesso de todos. Segundo Peter Berger, “a institucionalização ocorre sempre que há uma tipificação recíproca de ações habituais por tipos de atores (...) o que deve ser acentuado é a reciprocidade das tipificações institucionais e o caráter típico não só das ações, mas também dos atores nas instituições.” Isso nos faz compreender que nesse procedimento a organização não faz efetivamente um recrutamento, mas uma difusão de sua imagem de empresa, de seu poder de atuação no mercado, de seu padrão de empregabilidade e, conseqüentemente, de sua política de salários, benefícios etc. Os interessados já são pré-selecionados quando se afunila a possibilidade de concorrer àquela vaga determinada, por uma série de atributos — ou hábitos — que, se não forem perfeitamente típicos da expectativa da empresa, não farão a reciprocidade necessária para que ela continue a ser e a afirmar-se como instituição. Esse fenômeno, que pode ser perfeitamente observado nos anúncios dos jornais, autoriza-nos a caracterizar esse recrutamento como um momento de difusão, de propaganda da empresa. O mesmo ocorre quando, juntamente com a oferta de vaga, atrela-se a necessidade do conhecimento de línguas ou a posse de um automóvel, ou habilidades específicas não necessariamente indispensáveis para o desempenho da função, ou ainda o nível salarial que pode pagar. Ainda, as empresas cujo recrutamento é feito sem tantos critérios preestabelecidos, sem tantas demonstrações de seu perfil, acabam por recrutá-lo justamente na não-exigência, na não-existência de critérios preestabelecidos, o que, curiosamente, também seleciona, a priori, seus candidatos, também difunde uma imagem de si mesma e busca parceria no mercado. Uma empresa qualquer, com pequeno potencial de lucro, com acanhada intervenção política, com um raio pequeno de produção e mercado, encontrará, sem dúvida, o profissional adequado: aquele cuja margem de negociação é proporcional ao tamanho de sua empresa. Dessa forma, o recrutamento não atua apenas na qualidade funcional do candidato, mas também na adequação entre ele — com suas disponibilidades funcionais — e a organização em sua estrutura de afirmação e preservação — qualidade estrutural do candidato. A empresa, por sua vez, mais do que estar recrutando, está difundindo sua imagem, seu poder político, social e econômico, jogando no FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 12 mercado alguns elementos de exigência, que, por combinação — reciprocidade —, encontrarão elementos afins e juntos poderão aumentar seu poder político, social e econômico. Em princípio, não se pode imediatamente criticar tais estratégias, especialmente quando elas são assumidas em nome da preservação e sustentação da própria organização. Esse aspecto será explorado minuciosamente quando falarmos de cultura organizacional. Todavia, embora desejáveis, tais estratégias podem significar o reforço do mesmo, dos iguais, a garantia da continuidade sem ameaças. O candidato que concorre à vaga já sabe ter um diferencial interessante em relação aos demais e, por sua vez, esse diferencial não apenas o encoraja a lutar pelo emprego, como também o seduz a entrar na organização: afinal, entre ele e ela, há alguma coisa em comum... imaginária... fantasmática. “As organizações sociais instalam os indivíduos diretamente no seio da problemática da procura da identidade e da afirmação de uma unidade compacta e sem falha e do temor do espedaçamento, isto é, no coração mesmo do imaginário.” Assim, estabelece-se entre ambos — candidato e organização — uma linguagem simbólica, repleta de um conteúdo inefável, porém sentido profundamente. Por parte da organização, aparece a confirmação de seu padrão, a garantia de continuidade, a possibilidade de reforçar o círculo dos mesmos, dos iguais. Por parte do candidato, a possibilidade de identificação total, de redenção do sofrimento de estar só, em sua fraca particularidade e acesso à realização de seus sonhos e projetos: “toda organização se apresenta onde cada um vai tentar realizar seus projetos, seus desejos e soberanamentecomo o único lugar onde esta tentativa pode desenvolver-se”. Mais do que uma tentativa de emprego, inicia-se um jogo de sedução, nada objetivo — antes, muito emotivo, excitante por sinal — em que, quanto mais for difícil e emocionante, mais será gratificante e duradouro. “A organização, enquanto conjunto estruturado e estabilizado, vai colocar cada um no desafio de provar sua existência e vai instaurar a gramática pela vida.” É nesse jogo de afirmação narcísica que, pela difusão, a organização encontra seus parceiros: reforçadores do sistema, porta-vozes de sua missão, garantia de sua longevidade. A etapa seguinte não é de interessados — aspirantes — candidatos; é de parceiros: pré-selecionados para ocupar a vaga e potencialmente aptos para tal, ainda que ao longo do processo de sedução-seleção muitos fiquem de fora, poderão a qualquer momento ser acionados para novo contato. Geralmente, são cientificados disso, pois tal consiste na continuidade da difusão da organização, ao mesmo tempo mantendo um elo entre ela e o indivíduo por meio da promessa. Muitas empresas, por conta da crise iniciada há mais ou menos dois anos, como já dissemos anteriormente, desativaram seu setor de recrutamento. Estão operando tão somente com seus já contratados, o que só reforça a idéia de parceria, de afinidade absoluta, para ser mantida a qualquer preço, para “sobreviver” no jargão economicista. A empresa que não contrata também entra em processo de difusão, não pelo recrutamento propriamente dito, mas pela divulgação de uma cultura forte e tradicional, pela “ilha de excelência” em que acaba transformando-se quanto à imagem pública. A organização só tem a difusão de sua imagem garantida e sente-se ameaçada quando entra num processo constante de demissões: fica escancarada uma fragilidade que depõe contra o símbolo de onipotência que ela busca. Caso contrário, o processo de difusão é constante e altamente fortalecido pela reciprocidade de tipificações — organização e indivíduos. Mesmo na crise de novas contratações, essa difusão permanece firme e fortalecida pelos laços já criados: afinal, se antes era difícil entrar, agora é impossível, o que torna irreversível o processo de volta e ratifica ainda mais a noção de privilégio de estar dentro, de ter aliança com a empresa, de ser necessário, de ser importante na contingência e no risco para a empresa. Essa fase inicial ao processo de inserção — recrutamento ou difusão — é essencial que se realize, da forma mais assertiva possível, para garantia da continuidade do processo — seleção e integração. Supõe a organização, nesse quadro, que a estratégia razoavelmente inconsciente é condição de vida ou morte para trabalhador e organização. Quando tal etapa do processo de vinculação fica ameaçada pelas inúmeras mudanças, como agilização da burocracia, das comunicações, dos aperfeiçoamentos científicos e pela “robotização”, é de se esperar que o desassossego, o medo, a insegurança rondem as cabeças dos dirigentes e dirigidos. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 13 Níveis crescentes de desemprego e o aumento da polarização entre ricos e pobres estão criando as condições para levantes sociais e conflitos entre classes, em proporções jamais vistas na era moderna. Crime, violência aleatória e distúrbios sociais estão crescendo e mostram todos os sinais de que deverão crescer expressivamente nos próximos anos. Uma nova forma de barbarismo espera às portas do mundo moderno. Além de calmos subúrbios, regiões semi-rurais e enclaves urbanos dos ricos e quase ricos, estão milhões de seres humanos desesperados e destituídos. Angustiados, irados e com poucas esperanças de escapar de sua sorte são os potenciais niveladores, as massas cujos clamores por justiça e inclusão foram ignorados. Suas fileiras continuam crescendo, na medida em que milhões de trabalhadores vão sendo demitidos e, súbita e irrevogavelmente, excluídos da nova aldeia global de alta tecnologia. Ainda assim, nossos líderes falam de empregos e crime, as duas maiores questões da nossa época, como se fossem apenas marginalmente relacionadas, recusando-se a admitir o vinculo cada vez mais forte entre deslocamento tecnológico, perda de emprego e o aumento de uma classe fora-da-lei, para quem o crime é o último recurso para assegurar um pedaço de um bolo econômico cada vez menor. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 14 Texto 3: SELEÇÃO OU RITO DE INICIAÇÃO Depois do chamamento inicial, a organização visa selecionar, entre seus candidatos, aqueles que melhor realizam as necessidades cobradas por ela. É importantíssimo, nesse processo de seleção, garantir a continuidade da organização, ou seja, como diz Enriquez, a repetição. O caráter repetidor dos quadros de funcionários, dos programas e projetos a médio e longo prazos é o que garante a intenção de perpetuidade, porque esta só pode ser produzida na repetição, no ciclo do tempo quotidiano. No tempo sem volta, absolutamente contínuo, a meta é o fim e é a morte. Parece contraditório que dentro de um mundo tão ágil, dentro da necessidade premente de resposta a novos e diferentes estímulos, se afirme que as organizações não mudam, não querem mudar e desejam a cristalização. Ocorrem, sim, mudanças situacionais, em que o grande desafio é a adaptação da organização ao meio — seja ele representado por novos mercados, novas demandas, novos credos, novos concorrentes, novas políticas econômicas etc. Entretanto, mudanças no próprio seio da organização, na estrutura do poder, em seu sistema de convivência hierárquica, em que tais mudanças signifiquem a renovação pura e simples de sua missão, de sua razão interna de ser, não se verificam com freqüência. Uma mudança radical, dentro da organização, de sua concepção de mundo e de indivíduo, seria a descaracterização da organização enquanto tal, e uma possível configuração de outra organização — até em outros sistemas econômico-políticos — o que ameaçaria profundamente seu anseio de perpetuação. Por isso, mudanças dessa natureza são percebidas como graves ameaças. Tal critério cabe igualmente às instituições políticas, como os governos, especialmente os do Estado Moderno. As mudanças ocorridas nas empresas são situacionais: de empresa artesanal ou semi-industrial para tecnológica ou automatizada, de familiar para profissional, de capital nacional para capital misto ou capital aberto, de estatal para privada, enfim, mudanças que caracterizam adaptabilidade às demandas e não mudanças radicais no sistema praticado por elas. Quaisquer mudanças são formas de reestruturação na busca de conformidade ao sistema capitalista, que as mantém e por elas permanece vivo. Eis aí o grande desafio do processo de seleção: encontrar indivíduos, entre os disponíveis pelo recrutamento — difusão que a empresa já fez de si mesma e atraiu parceiros —, cuja capacidade de adaptação a situações desconhecidas, desafiadoras e/ou até hostis seja visível em sua performance. Apenas com essa garantia, a organização sabe que pode contar com pessoas que se adaptam ao que aí está — continuidade — e mobilizam-se para possíveis situações de mudança, caso elas sejam necessárias por motivos externos à organização, sem colocar em risco a própria organização, já reforçada por seu comportamento adaptativo — perpetuidade. Do candidato ao novo posto, a organização exige a rigidez do cumprimento de normas, regras,propostas estabelecidas e a agilidade da mudança. Esse movimento visa ao endosso da cultura existente na organização — adaptação — ou à resposta rápida a estímulos externos que, de certa forma, ameacem a organização — mobilidade. Em outras palavras, é bem-vindo o indivíduo que zela pelo cumprimento da instância institucional, para garantir a manutenção e a perpetuidade, lançando mão da iniciativa que considerar mais adequada. Em momentos difíceis de administração e controle de situações complicadas e decisivas, o indivíduo que está perfeitamente enquadrado no espírito institucional, imbuído de cargo de liderança que eventualmente ocupe, lança mão de recursos internos, pessoais e até emocionais para a solução do problema, sem que isso em nada fira o estabelecido, justamente pela identificação que ele tem com a organização. Por exemplo: momento de greve, negociações com o sindicato, entrevistas para a imprensa etc. São, portanto, dois os atributos essenciais à inserção na organização: adaptabilidade e mobilidade; estar com ela, nela, como ela é, e para a sobrevivência dela. A seleção é o período em que, por testes, entrevistas, dinâmicas de grupo, simulações, análises de comportamento, a organização, na figura de seus especialistas, escolherá aqueles que melhor se enquadram neste a priori fundamental: estar nela e mudar com ela. Esses indivíduos, selecionados acuradamente, fazem já sua iniciação no mundo novo que adentram: a organização. Chamei esse momento do processo de inserção de rito de iniciação, justamente porque pretendo avaliá-lo em sua dimensão supra-real, em sua condição imaginária. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 15 O rito é sempre a repetição de um gesto passado realizado por um deus, por um antepassado ou um herói de uma cultura. Com tais e tais gestos e intenções, tal universo cultural torna-se sagrado e encerra em sua existência um mito. A repetição desses gestos — o ritual — caracteriza a intencionalidade de repetir os gestos iniciais: o sagrado. O rito de iniciação realiza a repetição do arquétipo na iniciação de um mito específico. O ritual de iniciação repete o ato criador inicial de introduzir algo ou alguém no sagrado, no interior do mito: é a repetição dos fatos originais, no tema original da entrada em determinado mundo sagrado, pronto, divino, à espera de nossos aliados. O rito de iniciação não muda o mito — o mundo sagrado para onde se entra —, apenas repete a condição de nele poder adentrar. O processo é realizado unilateralmente: o aspirante repete o ritual de entrada no sagrado — auxiliado por outros aliados mais antigos e já aí inseridos — o sagrado é sagrado, é divino, eterno e imutável. E consagrado: é, a nosso ver, a pretensão da instituição, pois o processo de seleção ou rito de iniciação conduz o candidato à filosofia da organização, a seus valores e crenças, que desenvolveremos adiante no Capítulo 8: “Cultura organizacional ou a marcha do pelotão”. É importante observar que para o candidato, no plano objetivo, consciente, está apenas ocorrendo uma possível contratação de emprego. Entretanto, no plano do imaginário, estabelece-se uma luta sofrida de afirmação narcísica em busca de sua identidade: afirmação do eu no seio de uma sociedade tida como certa, poderosa, inquestionável. Ser aceito, passar por todos os testes, escatologicamente, é realizar o ritual de iniciação, por meio do qual fica garantida uma possibilidade de ser e de ser dessa forma determinada: aceito pela instituição. Em outras palavras, o ego ideal — aquele que pode ser iniciado e, portanto, aceito — tem que se impor de tal forma que sua afirmação da existência seja a redenção da realidade em seu ideal de ego. Seu ego ideal, seu projeto de ser é o ideal perseguido pelo ego. Impor-se, portanto, na organização é forjar um ego tão perfeito quanto no imaginário do iniciante é perfeita a organização. Essa iniciação configura, dessa forma, a condição básica para a passagem do eu solitário para o eu gregário: estar em grupo, estar com os outros é fundamental para a integridade pessoal. Portanto, ser aceito na organização é encontrar seus pares, é estar inserido num grupo, é equilíbrio afetivo, é condição de sobrevivência psico-emocional. Assim, desde já podemos avaliar o quanto pode ser desastroso para o indivíduo a perda do emprego, em seu sentido mais amplo de ruptura e sentimento de expulsão do grupo: um verdadeiro exílio. É, portanto, por meio da seleção, rito de iniciação, que se fará a chamada dos eleitos para determinada vaga. Uma vez escolhido, o indivíduo está iniciado nos hábitos, valores, crenças da empresa. Aquilo que a organização chama de “missão da empresa”. Justapõe a sua identidade, a identidade da organização: o feitiço mais uma vez consuma-se, na representação simbólica do pertencimento. O vínculo trabalhista que aí se realiza é, no imaginário do trabalhador, um vínculo existencial, visceral, essencial à sobrevivência, muito mais significativo do que o é na realidade, cujo desenlace pode tornar-se fatal. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 16 Texto 4: O PAPEL DE SELECIONADOR1 1- A IMPORTÂNCIA DA SELEÇÃO Como as pessoas constituem o mais importante ativo de que dispõem as organizações, devem ser recrutadas e selecionadas com a maior competência possível, já que falhas nesse processo podem comprometer outras ações de gestão a serem desenvolvidas posteriormente. Ocorre, porém, que com a nova postura adotada em relação à gestão de pessoas, as atividades de recrutamento e seleção em muitas empresas não vêm sendo mais confiadas a um órgão específico, mas às chefias imediatas. Como conseqüência, nem sempre as pessoas incumbidas dessas atividades dispõem dos conhecimentos e da experiência necessários. Não se quer dizer que essa nova postura em relação à seleção dos recursos humanos seja equivocada. A descentralização é inerente ao próprio processo de maturação do sistema. O que cabe considerar, entretanto, é que, se num sistema descentralizado, todas as gerências e chefias passam a ter atribuições referentes à seleção, deverá haver como contrapartida a competência técnica nessa área. É natural que nas organizações onde gerentes e chefes passam a assumir essas novas responsabilidades, sem a devida capacitação, sejam cometidos erros na contratação de pessoas. Verifica-se que nem sempre eles utilizam adequadamente as fontes de recrutamento, o que acaba por reduzir o número de candidatos. Muitas vezes selecionam exclusivamente com base no currículo, eliminando candidatos com boa potencialidade. Ou, então, utilizam a entrevista de maneira imperfeita, deixando de obter informações relevantes. Resulta daí que muitas das pessoas admitidas não desempenham de maneira adequada as tarefas que lhes são confiadas. E em alguns setores, a rotatividade de pessoal atinge níveis inaceitáveis. Quando as pessoas incumbidas da seleção não dispõem de conhecimentos técnicos relativos a entrevista, tendem a contratar com base em sua experiência pessoal ou na própria imagem, mesmo que inconscientemente. Como conseqüência, muitas das pessoas contratadas não desempenham de maneira adequada as tarefas que lhe são confiadas. Empregar pessoas sem a qualificação requerida custa muito dinheiro à organização. Pode acarretar problemas na produção e no atendimento, gerar hostilidade por parte de clientes e fornecedores, favorecerconflitos interpessoais e intergrupais, o que acaba por aumentar a rotatividade de pessoal e gerar outras complicações. Evidentemente, as discrepâncias no desempenho dos empregados depende de um grande número de fatores. A seleção é apenas um deles, porém assume importância fundamental, porque é por meio dela que as pessoas ingressam na empresa. A intervenção em outros setores terá, pois, pouca eficácia se deixar de ser considerado o processo de seleção. 2- DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS Para que se possa selecionar adequadamente, torna-se necessário definir critérios. Para tanto, requer-se o conhecimento das políticas de seleção da empresa e, sobretudo, dos cargos que se deseja preencher. Quando, pois, a empresa define suas políticas de pessoal e dispõe de um sistema de descrição de cargos, os procedimentos relativos à seleção de pessoal tornam-se bem mais simplificados. Caso contrário, caberá ao selecionador identificar essas políticas — se existirem — e proceder, ainda que precariamente, à descrição dos cargos a serem providos. 1 Excertos de GIL, Antônio Carlos. Gestão de pessoas. São Paulo: Atlas, 2001. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 17 A descrição de cargos aplica-se a várias ações no âmbito das empresas e os procedimentos para sua efetivação são melhor esclarecidos no Capítulo 8. Para fins de seleção de pessoal, o importante é que ela possibilite relacionar as atribuições e responsabilidades de cada cargo. Convém que a descrição dos cargos seja bastante específica e que cada uma das atribuições possa ser classificada numa destas categorias: muito importante, importante e pouco importante. De posse dessas informações, passa-se à identificação dos atributos requeridos para o desempenho das atribuições referentes ao cargo para o qual se pretende selecionar candidatos. Nesse sentido, uma forma prática consiste em responder às perguntas: a) Que conhecimentos a pessoa deve ter? b) Que experiência é necessária? c) Que aptidões são necessárias (aptidão mecânica, destreza manual, facilidade no uso das palavras, facilidade com números etc.)? d) Que características pessoais são necessárias (disciplina, paciência, iniciativa, sociabilidade etc.)? e) Que circunstâncias pessoais devem ser consideradas (família, local de residência, posse de automóvel etc.)? Ao se decidir pela formulação dessas perguntas, devem-se tomar alguns cuidados. O principal deles refere-se a até que ponto os requisitos são essenciais ou desejáveis. Por exemplo, é essencial ou apenas desejável que o candidato tenha entre 25 e 30 anos? Que importância tem a exigência de já ter trabalhado em função similar? Os requisitos considerados indispensáveis devem ser mantidos em quantidade mínima para não afastar os candidatos com potencial. O mais importante, na maioria dos casos, não é a qualidade atual do candidato, mas seu potencial para a função, aliado a sua vontade de trabalhar e de aprender. 3- RECRUTAMENTO Com base na descrição da função, o selecionador define o perfil do indivíduo adequado para preenchê-la. A partir daí, cabe-lhe determinar onde poderão ser encontrados os candidatos mais adequados. Passa-se, então, ao recrutamento, que consiste num processo que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. Existem vários meios de recrutamento. Segue-se uma relação dos mais utilizados. Todos apresentam vantagens e limitações. Cabe, pois, ao selecionador, escolher o mais adequado, considerando, para tanto, a natureza dos cargos e os meios oferecidos pela organização. 3.1- Recrutamento dentro da empresa Este é um bom meio de recrutamento, pois os indivíduos já são conhecidos e a empresa lhes é familiar. Também constitui um procedimento bastante econômico. E serve para demonstrar que a empresa está interessada em promover seus empregados. Pesa, entretanto, como desvantagem o fato de poder criar dificuldades com os empregados. Entrevistar uma pessoa e recusá-la pode prejudicar o relacionamento com ela. Também pode ocorrer que um departamento manifeste desagrado quando vê seus funcionários sendo cooptados por outros. 3.2 Cartazes Constitui um sistema de recrutamento de baixo custo e que costuma proporcionar rapidamente um bom número de candidatos. Geralmente, os cartazes são colocados na portaria das empresas, em suas FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 18 proximidades ou em locais de grande movimentação de pessoas. Trata-se de veículo estático e recomendado apenas para cargos simples, como os de operários e auxiliares de escritório. 3.3 Recomendação Pode-se pedir a pessoas de dentro ou de fora da empresa para indicar candidatos. Além de ser um meio econômico, a recomendação geralmente refere-se a pessoas com predisposição para aceitar o ambiente de trabalho. A recomendação poderá, todavia, criar constrangimento com o contato, no caso de rejeição ou de identificação de falhas após a contratação. Para evitar esses problemas, convém esclarecer bem o contato acerca dos requisitos exigidos do candidato e, a despeito da recomendação, avaliá-lo tão objetivamente como os demais. 3.4 Pessoal dispensado Pode ser vantajoso para a empresa admitir antigos empregados dispensados, desde que a dispensa tenha ocorrido por motivos aceitáveis. Neste caso, os empregados já são conhecidos, conhecem a empresa e provavelmente dispensarão programas de treinamento. 3.5 Agências Esse procedimento evita gastos de tempo e de dinheiro no processo de recrutamento e na realização de entrevistas. Também é útil à medida que mantém o sigilo e tende a oferecer apenas candidatos qualificados. Entretanto, no caso de funções mais específicas, pode ocorrer que os candidatos não sejam os mais adequados. Muitas empresas estão-se valendo também dos serviços de agências de empregos temporários. Trata-se de um procedimento que pode ser útil para atender a demandas sazonais da empresa sem a necessidade de contratação efetiva. Em épocas de elevados níveis de desemprego, como a atual, agências ligadas ao Governo e a entidades sindicais também funcionam como fontes de recrutamento. Ocorre, porém, que a maioria das pessoas que procura essa agência encontra-se desempregada e boa parte não apresenta o nível de qualificação requerido pela empresa. 3.6 Associações profissionais Essas associações constituem-se em fóruns adequados para que seus membros possam trocar idéias, manter contatos profissionais e aperfeiçoar habilidades. Muitas delas mantêm departamentos especializados em colocação e podem, portanto, funcionar como fonte adequada para recrutamento de pessoal qualificado. 3.7 Anúncios É um procedimento bastante utilizado porque atrai muitos candidatos. Todavia, ao se decidir sobre esta forma, convém indagar por que, onde, como e quando anunciar. Por que anunciar A resposta poderá parecer óbvia: “Para atrair mais candidatos.” Todavia, os objetivos poderão ser mais específicos. Por exemplo: • atrair leitores certos para responder ao anúncio; • eliminar candidatos que não convenham; FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ==============================================================================================DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 19 • melhorar a reputação da empresa, através da imagem projetada pelo anúncio. Onde anunciar Após definir os objetivos, é preciso identificar os melhores meios de atingi-los e decidir pelo meio mais adequado. Um jornal diário de grande circulação pode, em muitos casos, ser um veículo adequado. Porém, quando se deseja contratar um especialista, poderá ser mais conveniente anunciarem publicações específicas da área. Há muitos fatores a serem considerados na decisão acerca do tipo de publicação: tiragem do jornal ou da revista; custo do anúncio; quantidade de anúncios semelhantes na publicação; freqüência e data da publicação. Como anunciar A escolha da forma do anúncio depende de uma série de fatores, tais como: orçamento disponível para publicidade, prestígio da empresa, escassez de pessoal qualificado etc. Sabe-se, porém, que quanto maior o anúncio, maior a quantidade de respostas e melhor a impressão com que ficam os candidatos. Uma redação apropriada e um layout bem feito também ajudam a atrair os melhores candidatos. Os anúncios podem ou não identificar o nome da empresa. Daí por que podem ser classificados como abertos ou fechados. A opção pelo anúncio fechado pode dar-se por diversas razões. Uma situação que o recomenda é o preenchimento de uma vaga confidencial. Por exemplo: a empresa decide demitir um gerente. Se colocar o anúncio aberto no jornal, esse gerente, bem como os demais empregados, ficarão sabendo da pretensão antes do momento adequado. Também se recomenda o anúncio fechado quando uma empresa está constantemente recrutando profissionais para determinada área em virtude de problemas internos que já são de conhecimento do mercado. Cabe considerar, todavia, que anúncios fechados também podem afugentar candidatos. Pessoas empregadas que pretendem mudar de emprego podem temer que o anunciante seja a sua própria empresa ou uma associada. Outras pessoas podem achar que a empresa que omite seu nome tem algo a esconder, não sendo, portanto, boa empregadora. A maneira como é redigido o anúncio influi na qualidade das respostas. Por isso os anúncios devem ser redigidos de forma a. • despertar o interesse do leitor; • inspirar confiança; • mostrar as vantagens do cargo; e • estimular o candidato a respondê-lo. Um anúncio bem elaborado esclarece acerca do título do cargo, da natureza do trabalho, do tipo de empresa, de sua localização, do salário, dos benefícios e das possibilidades de crescimento profissional. Para despertar a atenção do leitor, convém, logo no cabeçalho do anúncio, apresentar o título do cargo. A FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 20 seguir, recomenda-se colocar o maior benefício que a empresa confere ao ocupante do cargo. Se for o salário, deve aparecer em letras grandes. Quando anunciar Como regra geral, estabelece-se que o anúncio seja feito o mais rápido possível, pois o processo de recrutamento e seleção, por envolver várias etapas, poderá ser demorado. Cabe lembrar, também, que a maioria dos jornais de grande circulação tem cadernos especiais de empregos, que saem aos domingos. Convém, pois, considerar a conveniência de se publicar o anúncio num domingo ou em qualquer outro dia da semana. 3.8- Headhunters (caça-talentos) Para a contratação de executivos de alto nível, muitas empresas costumam socorrer-se de headhunters. A grande vantagem, nesse caso, é a possibilidade de contratação de profissionais qualificados num período de tempo muito menor do que mediante outros procedimentos. Isso porque esses headhunters estão constantemente contatando executivos empregados, com vista em verificar seu interesse em mudar de emprego. 3.9- Internet Há um número crescente de endereços eletrônicos que recebem currículos de candidatos a empregos. Muitas empresas, por sua vez, abrem-se diretamente para o envio de currículos pela Internet. Há também os sites de headhunters, de consultores de outplacement e sites independentes, que prestam serviços para quem está procurando emprego. Nos bancos desses sites é possível encontrar virtualmente qualquer tipo de emprego, em qualquer lugar, para qualquer tipo de profissional. Apesar de sua eficiência, a utilização da Internet para fins de seleção encontra, ainda, muita resistência por parte de empresas e mesmo de headhunters. Há quem admita que não se pode deixar a responsabilidade da busca de executivos para um processo mecânico, já que estes não podem substituir a inteligência e a intuição humana necessárias nesse processo. Também costuma-se considerar que as pessoas de meia idade não apresentam muita intimidade com a Internet, o que faz com que muitos talentos fiquem de fora. Por fim, não há como deixar de considerar o problema do sigilo. Apesar de na maioria dos sites o candidato poder esconder seu nome ou e-mail, muitas pessoas têm medo de colocar seu currículo na Internet, admitindo que qualquer pessoa, até mesmo seu próprio chefe, poderá vê-lo. 4- ESCOLHA DO MÉTODO DE SELEÇÃO De modo geral, o processo de recrutamento possibilita à organização dispor de um número de candidatos superior à quantidade de cargos a serem preenchidos. Daí a possibilidade de selecionar, entre os vários candidatos recrutados, os mais adequados a esses cargos, com vista em manter ou aumentar a eficiência da organização. Para tanto devem ser utilizados procedimentos capazes de comparar os diferentes candidatos, com a finalidade de selecionar os potencial- mente mais capazes. Existem diversos procedimentos adequados para identificar as características pessoais de cada candidato, com vista em possibilitar a seleção dos mais aptos. Esses procedimentos — os métodos de seleção — permitem o conhecimento não apenas das habilidades dos candidatos, mas também a previsão de seu comportamento no cargo a ser ocupado. Para que isso ocorra é necessário garantir que o procedimento apresente validade e fidedignidade. Assim, um método de seleção pode ser válido quando é capaz de medir as características que realmente são importantes para o desempenho das atribuições do cargo que irá ocupar. 4.1- Análise dos currículos FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 21 Os currículos são instrumentos úteis para a obtenção de informações. Porém, na maioria dos casos, são insuficientes para proporcionar uma visão real do candidato. Por isso, convém combinar seu uso com o de outras técnicas, como a entrevista, por exemplo. Para tirar o máximo proveito de um currículo, convém que este seja lido também nas entrelinhas. Esta é uma habilidade que só se adquire com a prática. Todavia, é recomendável que na análise de currículos procure-se identificar sinais de: a) competência profissional: para identificar este item, convém considerar os motivos alegados para mudança de emprego. E também se, após cada mudança, houve melhora de posição; b) desejo de permanência no emprego e de seguir carreira: convém atentar para os vazios entre os empregos. Muitas vezes um período longo entre um emprego e outro denota instabilidade. Nota-se que alguns candidatos não indicam a cronologia de seus currículos. Pode ser uma maneira de ocultar aqueles vazios; c) experiência prática: muitos dos currículos apresentamabundância de qualificações, mas que nada indicam em relação à prática efetiva. Descrições extensas de cursos realizados nem sempre se mostram úteis para identificação de experiência na área. Uma seção de dados pessoais muito extensa também pode indicar pouca experiência. Apresentar-se como consultor independente idem; d) adequação ao grupo: deve-se dar preferência aos candidatos cujos conhecimentos e habilidades se expressam com maior clareza. Expressões do tipo “conhecimentos de Inglês” ou “noções de Informática” pouco esclarecem acerca do que o candidato sabe fazer; e) vontade de trabalhar e de aceitar novos desafios: convém verificar se as responsabilidades descritas vão além das requeridas pelos cargos que o candidato ocupou; f) orientação para os lucros e melhoria de desempenho: não é muito fácil obter sinais dessa natureza. Todavia, pela maneira com que o candidato descreve as atividades desenvolvidas, suas responsabilidades e expectativas, pode-se obter alguns indicadores dessa orientação. Os currículos devem ser lidos cuidadosamente. Não convém lê-los todos de uma vez, visto que depois de certa quantidade fica difícil assimilar bem as informações. Para facilitar a decisão, convém agrupar os currículos em três pilhas: “prováveis”, “com possibilidade” e “sem possibilidade”. Se a pilha dos “com possibilidade” estiver muito maior do que a dos “prováveis”, convém rever os critérios e proceder a nova análise dos currículos. 4.2- Testes escritos Recomenda-se a utilização de testes escritos para o preenchimento de cargos para os quais se requer conhecimentos específicos, bem como determinadas habilidades, como, por exemplo, a de redação. Os testes escritos podem assumir diferentes modalidades, como: dissertações, testes com perguntas abertas, testes com perguntas fechadas etc. A escolha da modalidade de teste, bem como a definição de seu conteúdo, deve levar em consideração o perfil do cargo. Deve-se evitar o uso de “pacotes”, e dos testes de caráter acadêmico, porque, embora servindo para selecionar pessoas competentes, não garantem a escolha dos melhores candidatos para o cargo em questão. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 22 Outro aspecto a ser considerado na elaboração dos testes escritos é o da “universalidade” das .questões. Estas devem ser passíveis de serem respondidas não apenas por candidatos que conheçam a realidade da empresa. Devem avaliar o conhecimento geral pretendido do candidato para a vaga em questão e ser formuladas de modo a não possibilitar múltiplas interpretações. 4.3- Testes práticos Os testes práticos são adequados para a avaliação das habilidades dos candidatos. São muito importantes para os cargos de natureza operacional ou relacionados à produção, onde se confere ênfase especial aos aspectos psicomotores. Os testes práticos devem ser preparados e acompanhados pelo requisitante ou por profissional por ele designado, que possua qualificação suficiente para tal. E pouco provável que possa ser aplicado adequadamente por profissional da área de seleção de pessoal. 4.4 Testes psicológicos Os testes psicológicos são instrumentos muito úteis para identificar as aptidões dos candidatos. Podem ser utilizados para a avaliação do potencial intelectual dos candidatos, de suas habilidades específicas (raciocínio verbal, raciocínio abstrato, raciocínio mecânico etc.), bem como de seus traços de personalidade. Seu uso esteve muito difundido no Brasil até meados da década de 70, declinando a segujr. Muito embora não se negue importância aos testes, seu valor como instrumento de seleção vem sendo relativizado. Reconhece-se que é eficiente para a avaliação do potencial dos candidatos para tarefas de escritório, mas que não proporciona bons resultados para tarefas executivas. Caso se decida pela utilização de testes psicológicos, convém lembrar que para surtirem bons resultados precisam ser aplicados com grande perícia. Por essa razão, no Brasil, apenas psicólogos devidamente habilitados têm autorização para aplicá-los. 4.5 Entrevista Vantagens e limitações da entrevista A entrevista é reconhecida hoje como um dos mais úteis instrumentos de que se dispõe para a seleção de pessoal. Possibilita contato direto com o candidato, bem como a identificação de sua capacitação para exercer o cargo que se deseja preencher. Em virtude de sua flexibilidade, a entrevista pode ser considerada o instrumento mais adequado para a obtenção de dados em profundidade. Ela tanto pode ser utilizada de maneira exclusiva como para complementação de dados obtidos mediante outros procedimentos. A despeito, porém, de suas vantagens, a entrevista apresenta diversas limitações. Requer muito tempo para aplicação, é dispendiosa do ponto de vista financeiro, dificulta o registro das informações e é muito afetada pela subjetividade do entrevistador. O problema da subjetividade constitui, sem dúvida, a mais séria limitação da entrevista. A avaliação que o entrevistador faz do candidato depende muito de seu quadro de referência pessoal, o que dificulta a obtenção de dados uniformes . A eficácia da entrevista tem muito a ver com a competência técnica do entrevistador. Muitos deles reduzem a entrevista a um simples bate-papo, sem qualquer planejamento prévio e sem uniformidade, o que concorre para a limitação de seu valor enquanto instrumento rigoroso de seleção. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 23 Em virtude desses fatos, requer-se que o entrevistador seja pessoa dotada de maturidade emocional, habilidade no relacionamento interpessoal e perspicácia para identificar traços de personalidade, motivações e atitudes das pessoas. Requer-se também que saiba coletar sistematicamente os dados, analisá-los e interpretá-los. E que conheça bem a organização e seus dirigentes, além dos bens ou serviços produzidos. Condução da entrevista A entrevista distingue-se de uma simples conversação à medida que serve a um objeto definido, é sistematicamente planejada e submetida a controles e avaliação. Assim, para que uma entrevista possa ser entendida como técnica de coleta de dados para seleção, uma série de cuidados deve ser tomada: a) pré-seleção dos candidatos: um número muito grande de candidatos dificulta sua comparação. Convém, pois, selecionar previamente os candidatos com base nos currículos apresentados, em recomendações de pessoas de confiança e mesmo em mini-entrevistas por telefone; b) elaboração do roteiro: o entrevistador precisa ter em mãos um roteiro que indique o que perguntar a cada candidato. Para tanto, convém ler seu currículo antes de cada entrevista e anotar as informações que não foram fornecidas, bem como aquelas que requeiram maiores esclarecimentos; c) definição do local: para uma boa entrevista o local deve ser privado. Há quem prefira mesmo que a entrevista se realize fora da empresa. E, sempre que possível, deve-se evitar mais de uma pessoa entrevistando o candidato; d) preparação do material: o entrevistador deve cuidar para que todo o material esteja disponível antes do início da entrevista. Dentre o material que pode ser requerido estão: formulário ou folhas para anotações, currículo do candidato, cópia do anúncio, ficha de descrição do cargo, caneta, cronômetro etc.; e) quebra de gelo: é necessário que o candidatose sinta à vontade para que possa fornecer todas as informações necessárias. Para muitos candidatos, o simples fato de serem entrevistados os deixa nervosos. Por isso, convém recepcionar cordialmente o candidato e ajudá-lo a se sentir com disposição para falar, mesmo que para isso seja necessário despender algum tempo; f) formulação de perguntas: a qualidade das respostas tem muito a ver com a maneira como são formuladas as perguntas. Eis algumas sugestões: • as perguntas que requerem respostas “sim” ou “não” devem ser evitadas, porque desencorajam o candidato a falar; • as perguntas que exigem respostas elaboradas (“Qual sua opinião a respeito do vale-refeição?”, por exemplo) são recomendadas para fazer o candidato falar; • não devem ser feitas perguntas que induzam a respostas predeterminadas; • as perguntas hipotéticas (do tipo “e se”, “caso”) ajudam na compreensão das habilidades intelectuais do candidato; • devem ser evitadas perguntas que coloquem o candidato na defensiva; • deve-se formular uma única pergunta de cada vez; • as perguntas devem ter um propósito definido; FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 24 • as perguntas de longas respostas ajudam a observar e a avaliar o candidato; • convém deixar que o candidato exponha os fatos a seu modo, com ampla liberdade de expressão; g) controle da entrevista: é freqüente, sobretudo quando o candidato se sente à vontade, a conversa derivar para rumos não pretendidos. Por isso, é necessário que o entrevistador disponha de habilidade suficiente para dirigir o assunto para as áreas que realmente interessam; h) tomada de anotações: é importante tomar notas, a fim de evitar o esquecimento do que foi dito pelo candidato. As anotações, contudo, devem ser tomadas com naturalidade, para não atrapalhar o desenvolvimento da entrevista; i) atitude de escuta: o entrevistador freqüentemente é tentado a analisar as respostas ou mesmo pensar na próxima pergunta enquanto o candidato está falando. Convém, pois, esforçar-se para ouvir o que ele de fato está dizendo e demonstrar essa postura com acenos de cabeça ou com breves comentários; j) autocontrole: o entrevistador deve evitar a manifestação de reações ao que o candidato diz e a discussão dos pontos abordados por ele. Convém lembrar que na entrevista o candidato é quem deve falar; l) análise do comportamento não verbal: é sabido que as pessoas não se expressam apenas pela fala, mas por todo o corpo. Cabe, pois, ao entrevistador ficar atento à expressão corporal do candidato, que, muitas vezes, contradiz ou relativiza o que é dito verbalmente; m) sinceridade: a entrevista não serve apenas para coletar dados acerca dos candidatos, mas para informá-los acerca da vaga pretendida. Por isso, o entrevistador deve mostrar-se sincero, sobretudo em relação aos aspectos negativos do emprego. Não será demais lembrar que a empresa quer um candidato que permaneça no emprego; n) conclusão da entrevista: a entrevista pode ser encerrada com uma frase do tipo: “Há alguma coisa que você gostaria de perguntar antes de encerrarmos?” E natural que o candidato queira saber acerca de seu aproveitamento. Evidentemente não será o momento para dar uma resposta definitiva, mas se poderá dizer alguma coisa, de acordo com a impressão que ficou do candidato, sobretudo quando este tiver sido considerado promisssor; o) sumarização da entrevista: logo após a conclusão de cada entrevista, convém registrar as impressões acerca do candidato. Este procedimento servirá para auxiliar na comparação entre os candidatos; p) auto-avaliação: cada entrevista deverá servir para o aperfeiçoamento da habilidade de entrevistar. Por isso, após as entrevistas, será conveniente perguntar-se acerca de seu desempenho. Uma sugestão consiste em elaborar perguntas considerando os diversos itens abordados nesta seção: “Você selecionou previamente os candidatos?”, “Elaborou um roteiro?” etc. O que perguntar Para definir as questões a serem formuladas, convém elaborar um plano de entrevista baseado na descrição do cargo. Para elaborar esse plano, considera-se, primeiramente, a formação, os conhecimentos, as habilidades e as características pessoais necessárias para o desempenho das atividades, e a seguir procede-se ao esboço das questões a serem formuladas. Convém, portanto, dispor de uma descrição do cargo suficientemente detalhada para que possam ser feitas as perguntas adequadas. FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – SANTA CATARINA CURSO DE TECNÓLOGO DE RECURSOS HUMANOS ============================================================================================== DISCIPLINA: RECRUTAMENTO E SELEÇÃO PROFESSOR: RAMSÉS ANTUNES DA LUZ 25 As perguntas devem apenas ser esboçadas. Sua formulação definitiva deverá levar em consideração aspectos relacionados ao candidato que só poderão ser suficientemente conhecidos no momento da entrevista. Convém, no entanto, definir previamente a seqüência das perguntas. De modo geral, a entrevista desenvolve-se nesta seqüência: experiência profissional, formação e treinamento, dados familiares e sociais, conhecimentos e habilidades e atitudes e interesses. A entrevista possibilita, com maior ou menor eficiência, a obtenção de dados das mais diversas naturezas. São consideradas aqui as principais categorias de dados que interessam à entrevista de seleção e oferecidos exemplos de perguntas que podem ser feitas aos candidatos. A — Aparência do candidato Os dados desta natureza não são obtidos por meio de perguntas, mas mediante observação e inferência. Para sua obtenção de maneira precisa convém que o formulário da entrevista indique os itens tidos como relevantes com as respectivas alternativas. Exemplos: Compleição: Alta ( ) Média ( ) Baixa ( ) Vestuário: Refinado ( ) Descuidado ( ) B — Histórico profissional O Histórico profissional é seguramente a fonte mais reveladora de informações a respeito do candidato. Não apenas esclarece acerca da experiência profissional, mas fornece informações acerca das atitudes, motivação, maturidade, aptidões e temperamento do candidato. Exemplos de perguntas: Pode apresentar-me um breve resumo de sua história profissional? É uma boa pergunta para introduzir o candidato nesta fase da entrevista. Quais eram seus deveres e responsabilidades no último emprego (e em cada um dos anteriores)? Interessante para determinar o nível de responsabilidade e autoridade, bem como o progresso que o candidato teve de um emprego para o seguinte. Considerando os vários empregos que já teve, qual considera o melhor e qual o pior? Se tivesse que regressar a um deles, qual escolheria? Por quê? As respostas poderão esclarecer onde residem os interesses e motivações do candidato. Se pudesse criar o emprego perfeito para você, qual seria? Cite algumas coisas que incluiria e outras que evitaria. Estas perguntas são úteis para proporcionar esclarecimentos acerca das forças e fraquezas na área profissional e também possibilitam indícios da ambição, realismo e maturidade do candidato. Qual o emprego mais difícil que já teve? Prefere um emprego tranqüilo com salário razoável ou um emprego exigente com salário elevado? O que o motiva no emprego? Pode dar um exemplo de emprego onde trabalhou muito? Favorecem a descrição de hábitos de trabalho e a identificação do nível de agressividade em relação ao emprego. Qual foi seu último salário? Qual era a função de seu chefe? As respostas a estas questões desencorajam o candidato a exagerar
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