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Direito Civil V RESUMÃO

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Direito Civil V
1. REGIME DE BENS 
Administração e disponibilidade de bens
O artigo 1.642, inciso I, do Código Civil disciplina que "qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente: praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as limitações estabelecidas no inciso I do art. 1.647". Os incisos do artigo 1.647 do CC, por sua vez, determinam que nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: "I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação".
Conforme prevê o artigo 1.642, inciso V, do CC, tanto o marido quanto a mulher podem livremente "reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos". Sendo que compete ao cônjuge prejudicado e aos seus herdeiros demandar pelo dano causado nas hipóteses do artigo 1.642, III, IV e V, do CC. Expressa no artigo 1.646, por sua vez, está a determinação de que poderá reclamar pelo dano sofrido o terceiro prejudicado com a sentença favorável ao autor, tendo direito regressivo contra o cônjuge que realizou o negócio jurídico, ou seus herdeiros.
Por fim, de acordo com os artigos 1.649 e 1.650 do CC, "a falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal" e "a decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem consentimento, ou sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem cabia concedê-la, ou por seus herdeiros".
3. Pacto antenupcial
A eleição do regime de bens é realizada no pacto antenupcial. Se este não for concretizado, for considerado nulo ou ineficaz, a lei estabelece que o regime a ser adotado será o da comunhão parcial de bens e, por assim ser, este regime é chamado de regime legal ou supletivo.
O artigo 1.640 do Código Civil prevê que "não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial".
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, "pacto antenupcial é um contrato solene e condicional, por meio do qual os nubentes dispõem sobre o regime de bens que vigorará entre ambos, após o casamento". Solene porque só será considerado se realizado por escritura pública e condicional porque sua eficácia depende da realização do casamento.
A capacidade exigida para promover o pacto antenupcial é a mesma exigida para celebrar o casamento e, sendo assim, os menores precisam da autorização dos pais para casar e de sua assistência para ajustar o pacto. Se o pacto antenupcial for produzido por menor de idade, terá sua eficácia condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo se o regime obrigatório for o da separação de bens.
O pacto será considerado válido contra terceiros quando registrado em livro especial do registro de imóveis do domicílio dos cônjuges. Desta forma, se não registrado, o regime valerá apenas entre os nubentes e, contra terceiros, será considerado que o regime adotado foi o da comunhão parcial.
Conforme estabelece o artigo 1.656 do Código Civil, "no pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares".
4. Espécies
4.1. Comunhão parcial
Se os nubentes não escolherem regime diverso no pacto antenupcial, ou se o regime adotado for nulo ou ineficaz, este será o regime estabelecido por lei. Este regime estabelece que os bens adquiridos antes da celebração do casamento não serão considerados bens comuns entre os cônjuges. Sendo assim, ele institui a separação dos bens passados (que o cônjuge possuía antes do casamento) e comunhão quanto aos bens futuros (que virão a ser adquiridos durante o casamento).
Deste regime, então, decorrem três massas de bens: os comuns (pertencentes ao casal), os do marido e os da esposa. E, por assim ser, estes bens ficam classificados como incomunicáveis ou comunicáveis. Os primeiros são os que constituem o patrimônio particular de um dos cônjuges e estão previstos nos artigos 1.659 e 1.661 do CC, enquanto os segundos são os introduzidos na comunhão.
Os bens incomunicáveis não são apenas os adquiridos antes da celebração do casamento, mas também todo bem adquirido a título gratuito (por doação ou sucessão) e os sub-rogados em seu lugar, isto é, os bens contraídos pela alienação dos recebidos a título gratuito. O artigo 1.659 do CC, como já mencionado, estabelece que excluem-se da comunhão: "os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; as obrigações anteriores ao casamento; as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes".
As responsabilidades pelos débitos provindos na constância do casamento é de ambos, e a administração do patrimônio comum compete a qualquer um deles. Dispõe o artigo 1.664 do CC que "os bens da comunhão respondem pelas obrigações contraídas pelo marido ou pela mulher para atender aos encargos da família, às despesas de administração e às decorrentes de imposição legal".
Este regime será considerado extinto, conforme prevê o artigo 1.571 do Código Civil, pela morte de um dos cônjuges; pela nulidade ou anulação do casamento; ou pelo divórcio.
4.2. Comunhão Universal
Neste regime resta instituído que todos os bens dos nubentes irão se comunicar após a celebração do casamento, independente de serem atuais ou futuros, e mesmo que adquiridos em nome de um único cônjuge, assim como as dívidas adquiridas antes do casamento. Somente não se comunicarão os bens expressamente excluídos pela lei ou por convenção das partes no pacto antenupcial. Por ser considerado um regime convencional, deve ser expressamente firmado no pacto antenupcial.
4.3. Regime da participação final nos aquestos
Prevê o artigo 1.672 do Código Civil que "no regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento". Sendo assim, conforme define Carlos Roberto Gonçalves, este regime "é misto: durante o casamento aplicam-se todas as regras da separação total e, após sua dissolução, as da comunhão parcial. Nasce da convenção, dependendo, pois, de pacto antenupcial". 
Os bens que cada cônjuge possuía ao casar serão incluídos no patrimônio próprio, assim como os por ele adquiridos, a qualquer título, desde que na constância do casamento. Cada cônjuge ficará responsável pela administração de seus bens e poderá aliená-los livremente, quando móveis. Caso ocorra a dissolução do casamento, deverá ser apurado o montante dos aquestos e excluir da soma dos patrimônios próprios dos cônjuges: os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram; os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; e as dívidas relativas a esses bens. 
Se os cônjuges adquiriram bens pelo trabalho conjunto, cada um terá direito a uma quota igual no condomínio ou no crédito por aquele modo estabelecido. Não sendo de uso pessoal de um cônjuge, as coisas móveis serão presumidas do domínio do cônjuge devedor, em facede terceiros. Já os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo nome consta no registro.
Em respeito a um princípio de ordem pública, que não pode ser contrariado pela vontade das partes, o direito à meação não é renunciável, cessível ou penhorável na vigência do regime matrimonial. Quando da dissolução do regime de bens por divórcio, o montante dos aquestos deverá ser verificado à data em que cessou a convivência.
Não sendo possível ou sendo inconveniente a divisão de tais bens, deverá ser calculado o valor de alguns ou de todos para que o cônjuge não-proprietário reponha em dinheiro. A ressalva desta disposição está no parágrafo único do artigo 1.685 do CC, o qual dispõe que "não se podendo realizar a reposição em dinheiro, serão avaliados e, mediante autorização judicial, alienados tantos bens quantos bastarem".
Por fim, determina o artigo 1.686 do CC que "as dívidas de um dos cônjuges, quando superiores à sua meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdeiros".
4.4. Separação de bens (legal ou obrigatória)
A separação legal ou obrigatória independe do pacto antenupcial, posto que este regime é determinado por lei. O Código Civil, em seu artigo 1.641, estabelece que este regime é obrigatório no casamento:
a) das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
b) da pessoa maior de setenta anos;
c) de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
São causas suspensivas da celebração do casamento, os incisos I a IV do artigo 1.523 do CC, que estabelece que não devem casar: o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez; o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
4.5. Separação de bens convencional (absoluta)
Neste regime cada cônjuge continua proprietário exclusivo de seus próprios bens, assim como mantém-se na integral administração destes, podendo aliená-los e gravá-los de ônus real livremente, independente de ser o bem móvel ou imóvel.
De acordo com o artigo 1.688 do CC, "estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real". E, por fim, ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em sentido contrário no pacto antenupcial. 
5. Bens excluídos
De acordo com o artigo 1.668 do Código Civil, são excluídos da comunhão:
a) os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
b) os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
c) as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
d) as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
e) os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
Os incisos V a VII do artigo 1.659 do CC, por sua vez, prescrevem que são excluídos da comunhão:
a) os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
b) os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
c) as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. 
Importante salientar que os frutos dos bens incomunicáveis, quando percebidos ou vencidos na constância do casamento, comunicam -se. A administração dos bens comuns compete ao casal, enquanto a administração dos bens particulares compete ao cônjuge proprietário, exceto se convencionado de forma diversa no pacto antenupcial.
2. PARENTESCO:
É importante saber a origem do vínculo pelos efeitos jurídicos que eles podem gerar. Segundo Carlos Roberto Gonçalves, o parentesco em linha reta produz as seguintes conseqüências:
“‘o dever se assistir, criar e educar os filhos menores’, imposto aos pais pelo art. 229 da Constituição Federal, que também atribui aos filhos maiores o encargo de ‘ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade’; o direito deferido aos parentes, no art. 1.694 do Código Civil, de pedirem uns aos outros ‘os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social’; a indicação dos descendentes e ascendentes, no art. 1.829, como sucessores legítimos, e como herdeiros necessários, no art. 1845; a inclusão da aludida relação no rol dos impedimentos absolutos à realização do casamento, em consequência do vínculo da consanguinidade etc (2011, p. 313).”
Já o parentesco colateral gera os seguintes efeitos:
“o que acarreta, até o terceiro grau inclusive, impedimento para o casamento (CC, art. 1.521, IV); a obrigação de pagar alimentos aos parentes necessitados extensiva aos irmãos, que são colaterais de segundo grau (art. 1.697); o chamamento para suceder somente dos colaterais até o quarto grau, no âmbito do direito das sucessões (art. 1.839), bem como a adoção do princípio de que os mais próximos excluem os mais remotos (art. 1.840) (GONÇALVES, 2011, p. 313).”
Não obstante isso, o parentesco gera efeitos jurídicos em diversos outros campos do direito. No processo civil, por exemplo, incide a vedação prevista no artigo 405, § 2o, inciso I do Código de Processo Civil, que prevê o impedimento do cônjuge, bem como do ascendente e do descendente em qualquer grau, ou colateral até o terceiro grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, para depor como testemunhas.
No âmbito do direito penal, há certos crimes cujas penas são agravadas em razão da relação de parentesco entre o autor e a vítima.
No direito tributário, o parentesco pode definir isenções, deduções ou o nível de tributação. No direito constitucional e no administrativo, existem restrições para ocupação de cargos em razão do parentesco.
Enfim, o parentesco é base de inúmeras relações de direito de família, e também para este trabalho seu breve estudo revela-se importante para a compreensão dos efeitos do abandono afetivo, que será tratado em tópico específico.
1. Filiação legítima
O legislador pátrio se referiu à filiação legítima como sendo aquela que surge do casamento. Nesse sentido, o artigo 1.597 do Código Civil:
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
De fato, anteriormente à equiparação constitucional dos filhos, o que definia a legitimidade ou ilegitimidade da filiação era o casamento válido ou putativo. Todavia, sob a ótica moderna dos diversos “tipos” de famílias, essa dicção legal mostra-se equivocada, pois não abrange, por exemplo, a união estável.
De qualquer modo, a lei presume a filiação legítima com base na probabilidade (incisos I e II do artigo 1.597 do Código Civil) e em dados científicos (incisos III, IV e V do artigo 1.597 do Código Civil). Essa presunção é conhecida pelo adágio romano pater is est quem justae nuptiae demonstrant (ou somente pater is est), de acordo com o qual é presumida a paternidade do marido em relação ao filho da mulher casada.
A presunção se opera juris tantum, uma vez que a lei contempla exceções, como por exemploos artigos 1.598 e 1.599 do Código Civil.
O legislador incluiu, ainda, outras hipóteses de presunção de filiação legítima decorrente da concepção na constância do casamento. São elas: a fecundação artificial homóloga; os embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; e a inseminação artificial heteróloga, desde que previamente autorizado pelo marido.
Diante dessa presunção, pode-se afirmar que os filhos havidos na constância do casamento não precisam ser reconhecidos, posto que a paternidade decorre do casamento dos pais. Essa hipótese raramente dará ensejo a ação de prova de filiação, que poderá ser ajuizada no caso, por exemplo, de os pais casados não terem registrado o filho.
2. Filiação havida fora do casamento
Antes do advento da Constituição Federal, os filhos havidos fora do casamento eram tidos como ilegítimos e podiam ser naturais (quando entre os pais não havia impedimento para o casamento) ou espúrios (quando o casamento era viciado por algum impedimento).
Em vista da equiparação constitucional entre os filhos, a classificação entre filhos legítimos ou ilegítimos não pode mais ser utilizada. Contudo, permanecem no mundo jurídico consequências diversas para a filiação havida fora do casamento e a filiação legítima.
A filiação havida fora do casamento exige o reconhecimento da filiação, seja ele voluntário ou judicial. Isso porque, nesses casos, não há presunção de paternidade, pois embora entre o filho e o pai exista vínculo biológico, não se verifica o vínculo jurídico do parentesco, que somente irá surgir com o reconhecimento.
O reconhecimento é importante porque gera efeitos de ordem moral e patrimonial. Em relação aos primeiros, encontram-se a eficácia ex tunc e erga omnes; é irrevogável, podendo ser anulado apenas se se verificar vício de manifestação da vontade ou vício material. Quanto aos efeitos de ordem patrimonial, encontram-se o direito hereditário, a sujeição ao poder familiar (em caso de filho menor), a impossibilidade de residir no lar conjugal sem o consentimento do outro cônjuge (artigo 1.611 do Código Civil), a possibilidade de adoção do nome paterno ou materno, o dever de alimentar imposto aos pais, entre outros.
Neste ponto, cumpre destacar que o reconhecimento, quando se operar voluntariamente à filho maior, necessita de expresso consentimento deste.
Saliente-se, ademais, que as modalidades de reconhecimento voluntário estão previstas no artigo 1.609 do Código Civil, sendo que, por outro lado, o reconhecimento judicial é feito por ação de investigação de paternidade ou maternidade.
3. Adoção
“A adoção é o ato jurídico pelo qual algúem recebe em sua família, na qualidade de filho, pessoa a ela estranha (GONÇALVES, 2011, p. 376)”.
“A adoção é modalidade artificial de filiação que busca imitar a filiação natural. Daí ser também conhecida como filiação civil, pois não resulta de uma relação biológica, mas de manifestação de vontade (...) (VENOSA, 2011, p. 273)”.
Os doutrinadores, de um modo geral, reconhecem a adoção como fictio iuris, ou seja, como sendo uma filiação exclusivamente jurídica. Sustenta-se sobre um pressuposto afetivo entre adotante e adotado, sendo que o ato da adoção faz com que o adotado passe a gozar do estado de filho do adotante, independentemente de qualquer vínculo biológico entre eles.
Com a Constituição Federal, a adoção passou a ter caráter complexo e a depender de sentença judicial, sendo que tais requisitos estão previstos igualmente no artigo 47 do Estatuto da Criança e do Adolescente e no artigo 1.619 do Código Civil.
Nunca é demais lembrar que também a adoção, em razão do princípio da igualdade entre os filhos, coloca o filho adotado no mesmo patamar que o filho legítimo ou ao havido fora do casamento.
O importante nesse tipo de filiação são os efeitos que o ato de adoção gera. Os efeitos são de ordem pessoal e patrimonial. Os primeiros são aqueles atinentes ao parentesco, ao poder familiar e ao nome. A adoção é irrevogável e gera entre adotante e adotado parentesco em tudo equiparado ao parentesco consanguíneo. O filho adotado submete-se, a partir do momento em que é efetuada a adoção, ao poder familiar dos pais. Além disso, ao filho adotado será conferido o nome dos pais adotantes.
Os efeitos de ordem patrimonial são aqueles relativos aos alimentos e ao direito sucessório.
3. CASAMENTO X UNIÃO ESTÁVEL:
Uma das principais diferenças entre casamento e união estável se dá em sua formação. No casamento o vínculo de duas pessoas é reconhecida e regulamentada pelo Estado. Enquanto na união estável é necessário que o casal passe a morar junto.
O casamento é um vínculo jurídico estabelecido entre duas pessoas, para constituírem uma família. Esse vínculo é realizado mediante uma autoridade competente, e baseado em condições descritas pelo direito civil.
União estável é a relação mantida entre duas pessoas que vivem sob o mesmo teto, e deve ter caráter duradouro, público e com o objetivo de constituir família.
Tanto o casamento como a união estável são consideradas entidades familiares e tem sua relação regida pelo direito de família, garantida pela Constituição de 1988.
CASAMENTO: 
Muda o estado anterior para casado; 
Regido pelo Direito da Família, do novo Código Civil brasileiro (Livro IV, artigos 1.511 a 1.783) e reconhecido como entidade familiar; 
Formalizado: por meio de uma celebração feita por um juiz de paz ou juiz de direito. Depois vai para o registro civil e sai uma certidão de casamento.
Separação: Caso o casal possua filhos menores, o casamento deve ser extinto perante o poder judiciário. Caso não haja filhos e haja um acordo entre as partes, o casamento pode ser desfeito por escritura pública, em um tabelionato de notas.
Herança: O cônjuge é considerado herdeiro, e concorre aos bens junto com os filhos do falecido. Em caso de comunhão parcial, o cônjuge também tem direito a metade dos bens que foram adquiridos durante o matrimônio.
Divisão de bens: Caso não seja definido, o que vigora é a comunhão parcial de bens.
Direito a pensão de morte: Tem direito.
Direito real de habitação: É garantido pelo Código Civil, independentemente do regime de bens, e sem limite de tempo.
Impedimentos legais: Previstos pelo artigo 1521 do código civil, restringe a união entre pessoas com grau de parentesco por laços de sangue ou por afinidade.
União Homoafetiva: Casais homoafetivos possuem o direito ao casamento civil.
UNIÃO ESTÁVEL:
Não altera um estado civil.
Regida pela Lei 9.278/1996
De acordo com a constituição de 1988, artigo 226, é reconhecido como entidade familiar.
§ 3º – Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
Sem formalidade. Acontece quando duas pessoas passam a viver juntas, formando uma entidade familiar. 
Aqui a separação também ocorre de acordo com a prática. Caso as pessoas deixem de morar juntas, está extinta a união estável. 
O companheiro não é considerado herdeiro.
Comunhão parcial de bens.
O parceiro também tem direito, porém terá de provar a união estável ao INSS.
Não é garantido pelo Código Civil. Poderá haver limitação de tempo, enquanto não se casar ou constituir nova união estável.
Todos os impedimentos legais ao casamento são também aplicáveis à união estável.
Possuem direito de ter a união estável reconhecida.

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