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Intoxicações por ureia e nitrato em ruminantes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS 
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA - EVZ 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL 
 
Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTOXICAÇÕES POR UREIA E NITRATO EM RUMINANTES: 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 
 
Jordanna de Almeida e Silva 
Orientador: Prof. Dr. Paulo Henrique Jorge da Cunha 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA 
2012 
 
ii 
 
 
JORDANNA DE ALMEIDA E SILVA 
 
INTOXICAÇÕES POR UREIA E NITRATO EM RUMINANTES: 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
Seminário apresentado junto à disciplina 
Seminários Aplicados do Programa de Pós 
Graduação em Ciência Animal da Escola de 
Veterinária e Zootecnia da Universidade 
Federal de Goiás. Nível: Mestrado 
 
Área de Concentração: 
Patologia, Clínica e Cirurgia Animal 
 
Linha de pesquisa: 
Alterações clínicas, metabólicas e toxêmicas dos 
animais e meios auxiliares de diagnóstico. 
 
 
Orientador: 
Prof. Dr. Paulo Henrique Jorge da Cunha – EVZ – UFG 
 
Comitê de orientação: 
Prof. Dr. Juliano José de R. Fernandes – EVZ - UFG 
Dr. Victor R. M. Couto- Bolsista DTI CNPq – EVZ -UFG 
 
 
GOIÂNIA 
2012 
iii 
 
 
SUMÁRIO 
1 Introdução ........................................................................................................... 1 
2 Revisão de Literatura .......................................................................................... 3 
2.1 Nitrogênio não proteico .................................................................................... 3 
2.2 Uréia ................................................................................................................. 6 
2.2.1 Fontes ........................................................................................................... 6 
2.2.2 Fisiopatogenia da intoxicação por ureia ........................................................ 7 
2.2.3 Sinais clínicos ................................................................................................ 9 
2.2.4 Diagnóstico .................................................................................................. 10 
2.2.4.1 Hemograma e bioquímicas sanguíneas ................................................... 10 
2.2.4.2 Hemogasometria ...................................................................................... 12 
2.2.4.3 pH e amônia ruminal ................................................................................ 13 
2.2.4.4 Exame anatomopatológico ....................................................................... 15 
2.2.5 Prognóstico ................................................................................................. 15 
2.2.6 Tratamento .................................................................................................. 16 
2.2.7 Controle e prevenção .................................................................................. 17 
2.3 Nitrato ............................................................................................................. 19 
2.3.1 Fontes ......................................................................................................... 19 
2.3.2 Fisiopatogenia da intoxicação por nitrato .................................................... 20 
2.3.4 Sinais clínicos .............................................................................................. 22 
2.3.5 Diagnóstico .................................................................................................. 22 
2.3.5.1 Hemograma e bioquímicas sanguíneas ................................................... 23 
2.3.5.2 Hemogasometria ...................................................................................... 23 
2.3.5.3 Metemoglobina ......................................................................................... 24 
2.3.5.4 Prova da difenilamina ............................................................................... 25 
2.3.5.5 Exame anatomopatológico ....................................................................... 26 
iv 
 
2.3.6 Prognóstico ................................................................................................. 26 
2.3.7 Tratamento .................................................................................................. 27 
2.3.8 Controle e prevenção .................................................................................. 28 
3 Considerações finais ......................................................................................... 30 
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 31 
 
 
 
1 Introdução 
 
 A Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) 
estima que a população mundial aumente dos sete bilhões em 2011 para 8,3 
bilhões em 2030, com maior adensamento populacional em países asiáticos, 
africanos e sul-americanos. Alimentar esse contingente representará um desafio 
para o setor agropecuário, que terá de aumentar sua produção e rebanhos 
(SINODIO et al., 2012). 
 Quanto aos sistemas de produção animal sabe-se que o número de 
animais terminados em confinamento no Brasil ainda é pequeno, cerca de 3 
milhões de cabeças em 2010, com estimativa de crescimento para 3,7 milhões 
para o ano de 2012 (ANUALPEC, 2011). Nota-se que grande parte da produção 
de bovinos é de animais criados em sistema extensivo, porém um dos grandes 
fatores limitantes, principalmente na região centro-sul, é a sazonalidade na 
produção de pastagens, já que há duas épocas distintas, a de seca e a de 
chuvas. 
 A intensificação do uso das pastagens acentua a necessidade de 
utilização de suplementos destinados à alimentação animal, principalmente 
durante a estação seca do ano. A proteína é um dos nutrientes de maior 
importância para garantir a nutrição adequada dos animais (VALADARES FILHO 
et al., 2012), mas ao considerar os custos da alimentação, a proteína pode ser o 
nutriente mais oneroso (IMAIZUMI, 2006). 
 Os suplementos utilizados na substituição da proteína verdadeira são 
conhecidos como nitrogênio não proteico (NNP). O NNP inclui componentes que 
possuem nitrogênio (N) não na forma polipeptídica das proteínas e que libere, 
durante seu metabolismo, nitrogênio amoniacal (N-NH3) no rúmen. Dentre as 
fontes de NNP, as mais utilizadas são a ureia e o nitrato. 
 A ureia é um composto comumente utilizado na substituição de parte 
da proteína fornecida aos animais, e as principais razões são seu comprovado 
poder de fornecimento de nitrogênio amoniacal; por haver fontes protegidas; ter 
uma relação custo/benefício favorável e ser de fácil disponibilidade do mercado. 
2 
 
Porém, quando fornecida sem critérios de adaptação aos animais, pode gerar 
quadros de intoxicação devido a sua rápida hidrólise ruminal. 
 O nitrato também tem sido utilizado na alimentação de ruminantes, já 
que durante seu metabolismo ocorre liberação eficiente de amônia ruminal e 
redução na produção de metano entérico. WRIGHT & KLIEVE (2010), relatam 
que os ruminantes emitem aproximadamente 61 milhões de toneladas de metano 
por ano, sendo que, segundo KLIEVE (2009), esse valor contribui com cerca de 
28% do total de emissões deste na atmosfera. Devido a isso, é importante que se 
encontrem alternativas para reduzir essa emissão sem que haja prejuízos na 
produção dos ruminantes. 
 Tanto a ureia quanto o nitrato têm sido utilizados na pecuária como 
fonte de NNP, mas são frequentes os surtos de intoxicação pelos dois compostos. 
As empresas de nutrição têm desenvolvido tecnologias para minimizar os riscos 
de intoxicação, como o uso de polímerosque promovem hidrólise adequada dos 
compostos, mas avaliações em relação ao custo/benefício ainda estão sendo 
realizadas. 
 Dessa forma objetiva-se com este trabalho revisar sobre o uso de ureia 
e nitrato na alimentação de ruminantes, seus riscos de intoxicações, bem como o 
diagnóstico, tratamento e controle dessas situações. 
3 
 
2 Revisão de Literatura 
 
 
2.1 Ureia e nitrato como fontes de nitrogênio não proteico 
 
 As fontes de compostos nitrogenados utilizadas na alimentação de 
ruminantes podem ser classificadas como fontes de nitrogênio proteico (NP) e 
nitrogênio não proteico (NNP). Enquanto o NP é formado por aminoácidos unidos 
por ligações peptídicas, o NNP inclui qualquer componente que contenha 
nitrogênio não na forma polipeptídica das proteínas, representados por 
aminoácidos livres, peptídeos, ácidos nucleicos, amidas, amina e amônia 
(SANTOS & PEDROSO, 2011). 
 As fontes de NP são classificadas como fontes ricas, intermediárias ou 
pobres em proteína degradável no rúmen (PDR) ou em proteína não degradável 
no rúmen (PNDR). A PDR é a que está disponível para microrganismos ruminais 
para a síntese de proteína microbiana, sendo que a maior parte da PDR se 
transforma em amônia e uma pequena parte é transformada em aminoácidos e 
pequenos polipeptídeos, que também são utilizados pelos microrganismos 
(KOZLOSKI, 2002). A PNDR consiste na fonte que não é utilizada pelos 
microrganismos no rúmen, ocorrendo digestão química no abomaso e absorção 
de aminoácidos no intestino (LAMOTAGNA & FRANZOLIN, 2009). 
 Grãos e farelo de soja, farelo de girassol, farelo de amendoim, girassol 
e canola são fontes ricas em PDR. O farelo de algodão é uma fonte intermediária. 
Farelo de glúten de milho, resíduos de cervejaria, farelo de peixe, farelo de soja 
tratado quimicamente e grãos de soja tostados são exemplos de fontes ricas em 
PNDR (SANTOS & PEDROSO, 2011). 
 Os ruminantes são capazes de transformar tanto o nitrogênio derivado 
da proteína verdadeira que são aminoácidos de cadeia ramificada e peptídeos, 
quanto o proveniente de compostos nitrogenados não proteicos de alto valor 
nutritivo, em proteína verdadeira (PEREIRA et al., 2009). A presença dos 
microrganismos ruminais viabilizam a utilização de compostos, como as fontes de 
PDR, na alimentação fornecida aos bovinos (CARARETO, 2011). 
4 
 
 O NNP é importante fonte de N para os microrganismos ruminais. As 
bactérias ruminais proporcionam a transformação da fonte de N em amônia. Este 
composto favorece o crescimento dos microrganismos, especialmente das 
bactérias e promovem síntese de proteína microbiana (RIBEIRO, 2006; 
MEDEIROS, 2007). 
 As duas principais justificativas para o uso de NNP na alimentação de 
bovinos são: do ponto de vista nutricional, para adequar a ração em PDR, e do 
ponto de vista econômico, para baixar o custo da suplementação proteica. Ainda 
determinadas fontes de proteína vegetal como os farelos de algodão e trigo, 
onerarem o custo de produção, favorecendo a utilização de NNP (ALI et al., 
2008). 
 Algumas fontes que podem ser utilizadas como de NNP são a ureia, o 
sulfato de amônia, compostos de purinas e pirimidinas, ácido úrico, glicosídeos 
nitrogenados, alcaloides, glutamato monossódico e nitratos (CURRIER et al., 
2004; LENG, 2008; PEREIRA et al., 2009; CARARETO, 2011). Porém, as fontes 
mais utilizadas são a ureia (CHALUPA et al., 1970; GUO et al., 2009; 
VASCONCELOS et al., 2009; NEVES-NETO, 2010; CARARETO, 2011; 
GEBRETSADIK & KEBEDE, 2011; YIRGA et al., 2011) e o nitrato (LEWIS, 1951; 
GUO et al., 2009; HULSHOF et al., 2012). 
 A ureia pecuária já é rotineiramente empregada pela maioria dos 
produtores, porque é acessível e de baixo custo (GONÇALVES et al., 2011). Já o 
nitrato tem sido utilizado principalmente em sistemas que visam a diminuição da 
produção de gás metano, tornando-se uma fonte alternativa a ureia (LENG, 
2008). 
 Para avaliar se plantas que recebiam a aplicação de fertilizantes 
nitrogenados em grandes quantidades sob condições ambientais que limitavam o 
crescimento possuíam um aumento na quantidade de nitrato, e se o uso 
associado a ureia aumentava os casos de intoxicação, CARVER & PFANDER 
(1974) utilizaram cinco grupos experimentais com seis ovinos, sendo o grupo GI: 
controle, sem adição de ureia ou nitrato de potássio (KNO3); GII: 1, 2, 4 e 5% de 
KNO3 adicionado na dieta; GIII: 1, 2, 4 e 5% de ureia adicionada na dieta; GIV: 
2% de ureia associado a 1, 2, 4 e 5% de KN03; GV: 2% de KNO3 e 1, 2, 4 e 5% 
de ureia. Apenas no grupo GII os animais apresentaram valores elevados de 
5 
 
metemoglobina (20%), porém não apresentaram alterações clínicas nem quadro 
de intoxicação. Concluíram que o uso associado de ureia e nitrato em doses 
adequadas não promoveu quadro de intoxicação em ovinos, mesmo com 
elevação de metemoglobina. 
 PHUC et al. (2009) forneceram três diferentes fontes de NNP para 12 
ovinos alocados em três grupos, GI: nitrato de potássio a 50% do nitrogênio (N) 
da dieta; GII: nitrato de amônia a 50% do nitrogênio (N) da dieta; e GIII: ureia a 
50% do nitrogênio (N) da dieta. Não foram observados quadros de intoxicação em 
nenhum dos grupos. Além disso, a retenção de nitrogênio e as taxas de 
crescimento foram melhores nos grupos que receberam nitrato como NNP. 
Concluíram que o nitrato é uma fonte segura e eficiente na alimentação de 
ruminantes conforme havia proposto TILLMAN et al. (1965). 
 HUYEN et al. (2010) avaliaram três bovinos fistulados, em quadrado 
latino 3x3, quanto ao efeito de dieta à base de caroço de algodão associada a três 
fontes de NNP em que GI recebeu nitrato de sódio (6,6% da matéria seca); GII: 
nitrato de potássio (3,0% da matéria seca); e GIII: ureia (2,2% da matéria seca). 
Não houve quadros de intoxicação nos animais e os grupos GI e GII 
apresentaram redução na produção de metano quando comparados ao GIII. 
Entretanto, não foram encontradas diferenças quanto às avaliações de consumo, 
digestibilidade da dieta e ganho de peso. Tanto a ureia quanto o nitrato 
promoveram liberação constante e adequada de nitrogênio amoniacal no rúmen. 
Concluíram que as três fontes fornecidas aos animais podem ser utilizadas com 
segurança como NNP. 
 Também NOLAN et al. (2010) forneceram duas diferentes fontes de 
NNP a oito ovinos. O grupo GI recebeu dieta com feno de aveia e 4% de nitrato 
de potássio e o grupo GII: feno e 5,4 gramas de ureia por quilo de feno. Entre os 
grupos não foram encontradas diferenças nos níveis de amônia ruminal, na 
digestibilidade da dieta, no crescimento dos animais e nos valores de 
metemoglobina. Ao avaliar a produção de gás metano, notou-se que a produção 
foi menor no grupo suplementado com nitrato de potássio. Concluíram que o 
nitrato pode substituir a ureia na dieta dos animais como fonte de nitrogênio não 
proteico, além de promover redução na produção de metano ruminal. 
6 
 
 
2.2 Ureia 
 
 
2.2.1 Fontes 
 
A identificação da ureia foi realizada por um cientista alemão chamado 
Roulle, em 1770. O uso da ureia na nutrição de ruminantes foi estabelecido por 
Weikee, em 1879, quando verificou a capacidade dos ruminantes em converter 
NNP em proteína microbiana. Contudo, somente durante a primeira guerra 
mundial (1914-1918), na Alemanha, quando havia dificuldade em obter alimentos 
proteicos convencionais, como as tortas e farelos de oleaginosas, que a ureia foi 
utilizada na alimentação dos bovinos (SANTOS et al., 2001). 
VILELA & SILVESTRE (1984) descreveram a ureia como sendo um 
composto orgânico nitrogenado não protéico, solúvel em água, álcool e benzina e 
pertencente ao grupamento das amidas. A ureia é um produtoquímico que se 
apresenta em estado sólido, na cor branca, e possui fórmula química NH2CONH2 
(PETROBRAS, 1998). 
A obtenção industrial da ureia é feita pela combinação da amônia com 
gás carbônico sob condições de elevada temperatura e pressão. Em um reator de 
síntese de ureia, a temperatura de 195°C e pressão de 240 Kg/cm² ocorre a 
reação de síntese. Como a reação não se processa integralmente, permanecem 
no reator a ureia, carbonato de amônio, água e excesso de amônia, necessitando 
de purificação por meio de processos de decomposição e recuperação sucessiva. 
Esse composto tem sido utilizado de forma associada, em substituição parcial ou 
total à cana-de-açúcar, ao farelo de soja, farelo de algodão, milho, melaço, feno 
de baixa qualidade e farelo e torta de algodão. Além de sua inclusão no sal 
mineral proteinado (TOWNSEND, 1998; MOREIRA et al., 2003; MESEJO et a., 
2008; VIDAURRE, 2009; AZEVEDO et al., 2010; NEVES-NETO, 
2010;CARARETO, 2011). 
A ureia é classificada em dois tipos, agrícola e pecuária. A diferença 
baseia-se entre as duas está baseada na legislação do Ministério da Agricultura 
7 
 
Pecuária e Abastecimento, já que há legislação específica. A ureia fertilizante 
recebe adição de formol e polivinilacetato e possui granulometria específica, 
enquanto a ureia pecuária possui um grau de pureza elevado (PETROBRÀS, 
1998). 
O biureto é um subproduto da obtenção da ureia e considerado um 
contaminante do processo, podendo ocasionar toxicidade para os ruminantes. 
Pelo fato de a ureia pecuária apresentar elevado grau de pureza acredita-se, que 
esta possua quantidades mínimas de biureto (FERREIRA et al., 2007). Devido ao 
fato de se acreditar que o uso de uréia agrícola na alimentação de animais 
pudesse levar a casos de intoxicação, RIBEIRO et al. (2006) avaliaram o 
desempenho de bovinos a pasto suplementados com ureia agrícola ou pecuária 
na mistura múltipla. Apesar de não terem dosado a quantidade de biureto nos 
compostos, os animais não apresentaram toxicose, inclusive o desempenho foi 
estatisticamente igual nos dois grupos. Comprovaram que é possível a utilização 
de ureia agrícola em substituição a ureia pecuária sem que ocorram alterações 
nos animais. 
 
 
2.2.2 Fisiopatogenia da intoxicação por ureia 
 
 Ao atingir o rúmen, a ureia é rapidamente, hidrolisada gerando 
compostos amoniacais (NH4 e NH3) e gás carbônico por ação da enzima urease. 
Essa amônia ruminal possui duas possíveis rotas, ocorrerá a conversão em 
proteína microbiana no rúmen e/ou será convertida em ureia no fígado. A amônia 
ruminal será sintetizada em proteína microbiana por meio de processos de 
transaminação. A participação de carboidratos, como a celulose das forragens, é 
condição essencial para a eficácia do processo. A proteína microbiana será 
degradada no abomaso e intestino delgado promovendo a formação da proteína 
pelo próprio animal (TOWNSEND et al., 1998; GONÇALVES et al., 2011). 
 Enquanto o amônio (NH4) é hidrossolúvel e não absorvível pela parede 
ruminal, a amônia é lipossolúvel e altamente absorvível. A conversão da amônia 
em ureia ocorre no fígado por meio do ciclo da ureia. Uma determinada proporção 
da ureia hepática retorna ao rúmen, parte vai ser reciclada na saliva e o restante é 
8 
 
filtrada nos rins e excretada pela urina (TOWNSEND et al., 1998), conforme figura 
1. 
 
Figura 1 - Esquema simplificado do metabolismo da proteína e da uréia nos 
ruminantes 
Adaptado de: GONÇALVES et al. (2011) 
 
 O fornecimento excessivo de ureia acelera a produção e a absorção de 
amônia para a corrente sanguínea, ocasionando quadro de intoxicação. 
 A rápida liberação de amoníaco procedente da hidrólise de 
quantidades potencialmente tóxicas de ureia no rúmen contribuem para a 
elevação na concentração de amônia e no ph ruminal, o que consequentemente 
causa alteração no gradiente de permeabilidade do epitélio, favorecendo a 
passagem de amônia à corrente sanguínea, que atinge o fígado (GONÇALVES et 
al., 2011). No ambiente intracelular a amônia impede o ciclo de Krebs por meio 
do bloqueio por saturação do sistema glutamina-sintetase, resultando em 
diminuição da produção de energia e inibição da respiração celular (ANTONELLI, 
2003). 
9 
 
 Essa sobrecarga sofrida pelos hepatócitos bloqueia o clico da ureia e 
nos neurônios promove desestabilização na passagem do estimulo nervoso, 
interferindo no metabolismo de energia no encéfalo associado a alterações na 
síntese e liberação de neurotransmissores. Assim, ocorrerá diminuição dos níveis 
de aminoácidos de cadeia ramificada, como a valina, leucina e isoleucina, e 
aumento dos aminoácidos de cadeia aromática, como o triptofano, fenilanina e a 
metionina. Os aminoácidos de cadeia aromática atravessam facilmente a barreira 
hematoliquórica e competem com neurotransmissores normais, como a dopamina 
e a norepinefrina, formando os falsos neurotransmissores, como a 
feniletanolamina e octopamina, que deslocam neurotransmissores verdadeiros 
necessários para a transmissão sináptica, como as catecolaminas (norepinefrina 
e dopamina). O resultado final é uma depressão do sistema nervoso central 
(TOWNSEND et al., 1998; ANTONELLI, 2003; MARTINELLI et al., 2003; 
MESEJO et al., 2008). 
 Outra alteração que pode ser observada é o quadro de acidose 
metabólica que ocorre devido a maior produção de ácido lático, podendo ainda 
resultar em lesões musculares. As elevadas concentrações de H+ na corrente 
sanguínea levam ao aumento do potássio sérico e, consequentemente, ao óbito 
do animal por proporcionar parada cardíaca (KITAMURA, 2002; ANTONELLI, 
2003). 
 
 
2.2.3 Sinais clínicos 
 
 Os sinais clínicos surgem entre 20 a 60 minutos após a ingestão da 
fonte de ureia e são caracterizados por agitação, exoftalmia, desidratação, 
salivação excessiva, respiração ofegante e taquicardia. As alterações clínicas 
observadas refere-se aos mecanismos compensatórios que visam reduzir o pH 
arterial, diminuindo a entrada de amônia no cérebro (CORDOBA & BLEI, 2003). 
Outro achado clínico é o edema pulmonar, ocasionado pelo efeito tóxico da 
amônia no trato respiratório, que aumenta a permeabilidade capilar e proporciona 
extravasamento de liquido para os pulmões (ANTONELLI et al., 2004). 
10 
 
 As alterações musculares são encontradas nas intoxicações por ureia e 
caracterizadas por tremores dos músculos da face e movimento das orelhas, 
seguido de fraqueza muscular e enrijecimento dos membros, podendo evoluir 
para tetania (ANTONELLI et al., 2004). 
 A encefalopatia hepática ocasionada nos casos graves gera um quadro 
clínico que pode ser reversível quando diagnosticado precocemente, não 
deixando sequelas estruturais no animal. Os principais sinais identificados são 
fetor hepaticus (odor adocicado exalado), nistagmo horizontal, ingurgitação de 
vasos episclerais devido a congestão de veias cerebrais, apatia e amaurose 
(ANTONELLI et al., 2004; KAHN & LINE, 2008). 
 Próximos à morte os animais podem apresentar também quadro de 
cianose, dispneia, anúria e hipertermia (TOWNSEND et al., 1998; ORTOLANI et 
al., 2000; ANTONELLI, 2003; ANTONELLI et al., 2004; KAHN & LINE, 2008; 
GONÇALVES et al., 2011). 
 
2.2.4 Diagnóstico 
 
 Os dados epidemiológicos do rebanho (morbidade, mortalidade), 
aspectos nutricionais e clínicos auxiliam no estabelecimento das suspeitas. Mas, 
exames laboratoriais como hemograma, bioquímicas sanguíneas, 
hemogasometria, valores de pH e amônia ruminal e exames anatomopatológicos 
podem ser solicitados a para confirmação do diagnóstico de toxicose por ureia 
(TOWNSEND et al., 1998; ORTOLANI, 2000; ANTONELLI et al., 2007; KAHN &LINE, 2008). 
 
2.2.4.1 Hemograma e bioquímicas sanguíneas 
 
 Um surto de intoxicação por ureia foi relatado por ORTOLANI et al. 
(2000) em 18 cabras em um rebanho de 54 animais que receberam concentrado 
com 4,2% de ureia. Doze animais apresentaram quadro de desidratação e um 
animal sinais de edema pulmonar. Nos exames hematológicos observaram 
aumento de hematócrito e da concentração de proteína plasmática em doze 
animais que apresentaram desidratação e endoftalmia. 
11 
 
 Já em indução experimental, ANTONELLI et al. (2007) avaliaram o 
efeito da intoxicação por ureia na musculatura e no fígado, fornecendo 0,5g/kg de 
ureia para 12 novilhas canuladas no rúmen. Os resultados laboratoriais 
apresentaram correlação significativa entre elevação de valores de amônia 
sanguínea e aspartato aminotransferase (AST), entre amônia no sangue e 
creatinaquinase (CK) e entre AST e CK. A correlação entre AST e gama 
glutamiltransferase (γGT) não foi significativa. O fornecimento de elevada 
concentração de ureia promoveu alta concentração de amônia e uma intensa 
lesão muscular devido os quadros de convulsões, mas não causaram lesão 
hepática expressiva. 
 Ainda ANTONELLI et al. (2009) compararam o efeito provocado em 
alguns componentes bioquímicos sanguíneos em bovinos com quadro clínico 
grave de intoxicação por ureia. Os doze bovinos avaliados foram divididos em 
dois grupos em que G1 receberam 2,5 g/kg de ureia extrusada contendo 20% de 
ureia e 80% de farelo de milho; e G2 0,5 g/kg de ureia granulada e 2,0 g/kg de 
farelo de milho. Os animais dos dois grupos apresentaram elevação dos valores 
de hematócrito, sendo que os do GI apresentaram elevação apenas a partir do 
quadro de convulsão, enquanto que nos do GII essa elevação ocorreu a partir dos 
primeiros sinais clínicos de tremores musculares, comprovando que há 
desidratação progressiva nos quadros de intoxicação por ureia. Não observaram 
diferença significativa nos valores de ureia, creatinina e amônia entre os grupos, 
exceto para os resultados de glicose e L-lactato. Estas variáveis foram 
consideradas indicadoras para monitorar alterações bioquímicas causadas pela 
intoxicação por ureia. 
 DE PAULA et al. (2009) utilizaram vacas não lactantes para avaliar a 
concentração de ureia no sangue, em resposta ao uso de ureia pecuária e ureia 
polímero, nos seguintes tratamentos: TC (controle – sem inoculação de fonte de 
nitrogênio); TU (inoculação de ureia pecuária na dose de 28gramas/animal/dia) e 
TUP (inoculação ureia polímero na dose de 28gramas/animal/dia). O grupo TU 
apresentou as maiores concentrações de ureia plasmática a partir de duas horas 
de fornecimento da ureia, enquanto que no grupo TUP a elevação ocorreu 
somente a partir de quatro horas, igualando-se, nesse momento, ao TU. Os 
resultados indicaram que o risco de intoxicação com o uso de ureia pecuária (TU) 
12 
 
foi superior em comparação a ureia polímero (TUP) nas primeiras horas de 
ingestão do NNP. 
 GONSALVES NETO (2011), objetivando avaliar o efeito da substituição 
parcial da ureia convencional pela ureia de liberação lenta, utilizou 24 cordeiros 
divididos aleatoriamente em quatro tratamentos: T1 = Ureia convencional + Milho; 
T2 = 20% de ureia convencional + 80% de ureia de liberação lenta; T3 = ureia 
convencional + 50% de milho e 50% de casca de soja; e T4 = 20% de ureia 
convencional + 80% de ureia de liberação lenta. Não foi observada diferença 
significativa entre os tratamentos para os níveis de ureia plasmática em nenhum 
dos grupos, concluindo que não houve influência da substituição parcial da ureia 
de liberação convencional por 80% da ureia de liberação controlada (Optigen®) 
ou pela substituição parcial do milho pela casca de soja. Além disso, nenhum dos 
grupos apresentou alterações clínicas de intoxicação. 
 Já ZIGUER et al. (2012) avaliaram o desempenho e o perfil metabólico 
de 80 cordeiros divididos em quatro grupos sendo o GI: 1% de ureia 
convencional; GII: 1% de ureia protegida; GIII: 1% de ureia protegida + 0,5% de 
ureia convencional; e GIV: sem fonte adicional de nitrogênio não- proteico (NNP). 
Não houve diferença entre os grupos para valores de albumina, comprovando que 
todos os animais apresentaram condições corporais adequadas. Enquanto que os 
animais do GII apresentaram maiores valores de ureia plasmática quando 
comparado aos do GIII, indicando que a liberação lenta de nitrogênio 
proporcionada pela ureia protegida associada a convencional foi eficiente. Isso 
ocorreu principalmente devido aos menores níveis de amônia ruminal, já que o 
principal fator controlador dos níveis de ureia no plasma é a formação de amônia 
no rúmen. 
 
 
2.2.4.2 Hemogasometria 
 
 Experimentalmente ANTONELLI (2003) realizou avaliação 
hemogasométrica de bovinos intoxicados com ureia extrusada ou ureia granulada. 
Os animais foram divididos em quatro grupos sendo o GI: I% de ureia extrusada e 
GII: 1% de ureia granulada, ambos simulando adaptação dos animais a fonte de 
13 
 
ureia; GIII: 0,5g por kg de ureia extrusada; e GIV: 0,5g por kg de ureia granulada. 
O pH sanguíneo e os valores de bicarbonato foram elevados nos animais dos 
grupos GII e GIV quando os mesmos apresentaram sinais clínicos severos 
(convulsões). Entretanto, as concentrações foram reduzindo à medida que ocorria 
melhora clínica dos animais, mantendo níveis baixos até a recuperação. Os 
bovinos dos grupos GIII e GIV tiveram valores menores de excesso de base que 
os demais, mas quando os animais apresentaram quadro clínico de convulsões, 
os valores diminuíram ainda mais e se normalizaram até a recuperação clínica. 
Esses achados comprovam que os animais intoxicados por ureia passam por um 
quadro de acidose metabólica. 
 BAILEY et al. (2004) utilizaram quatro bovinos para determinar efeitos 
da alimentação isonitrogenada contendo 0, 0.5, 1.0 e 1.5% de ureia. Amostras de 
sangue foram colhidas da artéria auricular uma, duas, quatro e oito horas após a 
alimentação, para avaliações hemogasométricas. Não foram observadas 
diferenças entre os tratamentos e os momentos de colheita para pH, pO2, pCO2. 
Esses achados foram justificados pelo fato de a dieta com milho floculado 
fornecida aos animais possuir valores baixos de proteína bruta e altos de proteína 
degradável, o que causa diminuição na produção de ácidos graxos de cadeia 
curta e na quantidade de ácido presente no fluido e sangue, diminuindo assim as 
chances de alterações nos valores de pH. Além disso, os animais não 
apresentaram quadro clínico de intoxicação, o que poderia ter afetado os valores 
de pH pelos quadros de convulsões (ANTONELLI, 2003). 
 
2.2.4.3 pH e amônia ruminal 
 
 ORTOLANI et al. (2000) relataram surto de intoxicação em 18 ovinos 
que apresentaram sinais clínicos agudos após ingestão de dieta com 4,2% de 
ureia e observaram valores médios de 820mg/L de amônia ruminal e pH 7.7. Os 
resultados estavam acima dos valores de referência para a espécie e foi possível 
confirmar o quadro de intoxicação por ureia. 
 ANTONELLI (2003) induziram toxicose por ureia em 24 bovinos que 
nunca haviam recebido ureia na alimentação e identificaram correlação forte e 
14 
 
positiva entre os valores de pH e amônia ruminal. Os níveis de amônia ruminal e 
pH aumentaram, caracterizando quadros de intoxicação. 
 ANTONELLI et al. (2009) avaliaram a eficácia da ureia extrusada em 
doze bovinos divididos em dois grupos: GI: ureia extrusada ou GII:granulada. Os 
resultados indicaram menores valores de pH ruminal nos animais do grupo I, 
comprovando que a retenção de amônia da ureia extrusada foi adequada e evitou 
quadro de intoxicação. 
 DE PAULA et al. (2009)para avaliar os valores de amônia e pH ruminal 
utilizaram vacas não lactantes em três diferentes grupos: TC (controle); TU 
(inoculação de ureia pecuária na dose de 28gramas/animal/dia) e TUP 
(inoculação ureia polímero na dose de 28gramas/animal/dia). Os bovinos do 
grupo TUP apresentaram maiores concentrações de amônia ruminal que os 
demais grupos a partir de duas horas de inoculação. O valor de pH foi 
inversamente proporcional, já que esteve menor nos animais do grupo TUP a 
partir de duas horas de inoculação de ureia. A ureia polímero proporcionou, além 
de estabilidade no pH, maior e constante concentração de amônia no meio 
ruminal, durante os tempos de observação. 
 AZEVEDO et al. (2010) utilizaram oito bovinos distribuídos 
aleatoriamente em quatro grupos com os respectivos tratamentos: o grupo GI: 
feno de baixa qualidade + sal mineral; GII: feno de baixa qualidade + suplemento 
proteico com ureia comum; GIII: feno de baixa qualidade + suplemento proteico 
com ureia encapsula finalizada com caulim; e GIV: feno de baixa qualidade + 
suplemento proteico com ureia encapsulada finalizada com flor de enxofre. Na 
primeira hora os valores de amônia ruminal foram elevados nos grupo GII, GIII e 
GIV. Os grupos GII e GIV tiveram valores dentro da normalidade entre uma e 
quatro horas pós inoculação e GIII entre uma e duas horas, enquanto que os 
valores de pH ruminal não se alteraram, fato explicado pela utilização de baixa 
relação concentrado:volumoso. 
 GONSALVES NETO (2011) utilizou rebanho de 24 cordeiros em quatro 
tratamentos: T1 = Ureia convencional + Milho; T2 = 20% de ureia convencional + 
80% de ureia de liberação lenta; T3 = ureia convencional + 50% de milho e 50% 
de casca de soja; T4 = 20% de ureia convencional + 80% de ureia de liberação 
15 
 
lenta. Não encontrou diferença significativa entre os valores de retenção de 
amônia e pH ruminal entre os grupos. 
 ZIGUER et al. (2012) encontraram valores menores de amônia ruminal 
em ovinos que receberam dieta com ureia protegida que nos demais grupos que 
receberam ureia convencional, ureia protegida + ureia convencional e sem adição 
de ureia como NNP. Esses valores comprovam que a degradabilidade do 
composto ocorreu de forma lenta e gradual e que a menor formação de amônia 
no rúmen manteve os valores de ureia plasmática baixos. 
 
 
2.2.4.4 Exame anatomopatológico 
 
 Os principais achados incluem hemorragias, edema pulmonar, 
congestão do fígado, hidrotórax, hidropericárdio e gastroenterite. Quando o 
exame necroscópico é realizado imediatamente após o óbito, pode-se sentir 
exalar do interior da carcaça odor forte de amônia (ANTONELLI, 2003; 
ANTONELI et al., 2004; KAHN & LINE, 2008; SANT‟ANA et al., 2009). 
 Nos achados histológicos são descritos edema no cérebro e congestão 
e hemorragia da pia mater (ANTONELLI, 2003; KAHN & LINE, 2008). Em 
resposta à ação da amônia no SNC (NORENBERG, 1987), podem ser 
encontrados astrócitos Alzheimer tipo II na substancia cinzenta do telencéfalo 
(SANT‟ANA et al., 2009), que são alterações nucleares caracterizadas por 
tumefação, dispersão da cromatina e presença de um ou dois nucléolos 
proeminentes, estando dispostos em pares ou trios. Para PILATI & BARROS ( 
2007), esses achados não têm sido descritos em bovinos. Morfologicamente a 
lesão de encefalopatia hepática encontrada no encéfalo em bovinos consiste de 
status spongiosus (RECH, 2007). 
 
 
2.2.5 Prognóstico 
 
 O prognóstico é reservado, já que depende do início dos sinais clínicos 
e da evolução dos mesmos. Animais que se apresentam em decúbito e apáticos 
16 
 
geralmente não respondem bem ao tratamento estabelecido (KAHN & LINE, 
2008). 
 
 
2.2.6 Tratamento 
 
 Na tentativa de estabelecer um protocolo de tratamento para as 
intoxicações por ureia, ANTONELLI et al. (2004) induziram experimentalmente 
quaro de intoxicação em seis bovinos e administraram como tratamento 1mL/kg 
de um produto comercial composto por ácidos aminados, 1mg/kg de furosemida e 
20 mL/kg de solução salina isotônica, em aplicação única. Os animais 
apresentavam quadro de intoxicação grave, caracterizado por convulsões 
múltiplas e apatia severa e, após o tratamento somente um não se recuperou. Os 
pesquisadores avaliaram outro protocolo para bovinos que apresentaram 
sintomatologia clínica branda, caracterizada por tremores musculares, apatia e 
decúbito. O tratamento consistia em esvaziamento do conteúdo ruminal seguido 
de administração, pela cânula, de 4 litros de fluido ruminal de bovinos hígidos e 
10 litros de solução salina isotônica, por via endovenosa. Todos os seis animais 
apresentaram recuperação satisfatória. 
 KAHN & LINE (2008) recomendaram terapia suporte com solução 
salina isotônica endovenosa para corrigir a desidratação e soluções de gluconato 
de cálcio e magnésio endovenosas para atenuar a fase de convulsões tetânicas 
da intoxicação por ureia. 
 KITAMURA et al. (2010) induziram em 25 bovinos intoxicação por meio 
de infusão intravenosa de 1,5mol L-1 de cloreto de amônio diluído em água 
bidestilada. Após o surgimento do primeiro episódio convulsivo, a infusão foi 
interrompida e de imediato iniciado o tratamento, conforme um dos cinco grupos: 
G1: infusão (iv) de 300mL de solução salina isotônica (SSI) no decorrer de 4h; 
G2: 30mL/ kg de SSI (iv) no decorrer de 4h, associado à administração de 4L de 
água intrarruminal por meio de sonda esofágica (ASE); G3: mesmo tratamento do 
G2 e dose única (iv) de furosemida (2mg/kg); G4: inicialmente 5mL/ kg de solução 
salina hipertônica (SSH) 7,2% infundida nos primeiros 30min, seguida de 20mL/kg 
de SSI (iv), aplicada no decorrer de 3h e 30min subsequentes, e associada a 
17 
 
administração de 4L de ASE; G5: mesmo tratamento do grupo 4 e dose única (iv) 
de furosemida (2mg/kg). Concluíram que o uso de SSH+SSI+ASE, associada ou 
não à furosemida (G3 e G4), promoveram um rápido e marcante aumento do 
volume urinário global, eliminando com eficiência a amônia e a ureia pela urina. 
Entretanto, o uso da furosemida não interferiu no volume excretado de urina em 
ambos os grupos. Embora com efeito menor que o observado com solução salina 
hipertônica, a infusão de fluido isotônico (G1) promoveu também uma melhora no 
quadro clínico geral e adequada desintoxicação da amônia. 
 KITAMURA et al. (2010) avaliaram eficácia de diferentes tratamentos 
para intoxicações por amônia. Infundiram uma solução 1,5M de cloreto de amônio 
(NH4+Cl), tamponada previamente para o pH 7,0, na velocidade de 400mL/h em 
15 novilhos até que eles apresentaram quadro de convulsões. Os animais foram 
distribuídos em três grupos de cinco animais cada e tratados, como: G1: grupo-
controle - 1mL/kg de peso vivo (PV) de solução salina fisiológica, infundida pela 
cânula no decorrer das três horas seguintes; G2- grupo O+H, 1mL/kg de solução 
de aminoácidos do ciclo da ureia (Ornitargin®) e 20mL/kg de solução salina 
fisiológica; G3 - grupo O+F+H, recebeu os dois medicamentos citados no grupo 
anterior adicionados de 265mg de furosemida. Concluíram que os três 
tratamentos utilizados foram eficientes na desintoxicação da amônia do 
organismo e promoveram maior excreção de amônia pela urina e atividade 
adequada do ciclo da ureia. 
 
 
2.2.7 Controle e prevenção 
 
 Não recomenda-se utilizar ureia a uma taxa superior a 2-3% da 
quantidade de concentrado, e deve-se limitar a 1% da dieta total dos animais. 
Além disso, o uso de ureia deve ser precedido de adaptação dos animais. Deve-
se evitar retirar a fonte de NNP temporariamente da dieta, já que as bactérias 
ruminais rapidamente tornam-se desadaptadas desse composto (KAHN & LINE, 
2008;ANTONELLI, 2003; SANTOS & PEDROSO, 2011). 
 Inúmeros trabalhos têm demonstrado que o uso de ureia revestida por 
biopolímeros na alimentação dos animais proporciona ganhos satisfatórios na 
18 
 
produção de carne ou leite e comprovam a adaptação eficiente dos animais ao 
produto (PIRES et al., 2004; DE PAULA et al., 2009; NEVES-NETO, 2010; 
CARARETO, 2011; GONÇALVES et al., 2011; GONSALVES NETO ,2011; 
VALADARES FILHO et al., 2012). 
 Recomenda-se sempre adicionar enxofre à ureia para que as bactérias 
do rúmen consigam sintetizar adequadamente aminoácidos sulfurados (cistina, 
cisteina e metionina). A relação ideal que deve ser mantida de nitrogênio:enxofre 
é de 10:1 a 15:1. Quanto ao manejo da utilização da ureia, principalmente no sal 
mineral proteinado, é importante que os cochos sejam cobertos, ligeiramente 
inclinados e com furos nas extremidades, para evitar que a chuva molhe a mistura 
e a água se acumule nos cochos, podendo gerar quadros de intoxicação 
(GONÇALVES et al., 2011). 
 
19 
 
 
2.3 Nitrato 
 
 O nitrato é um componente comum de várias fontes de proteínas 
fornecidas aos ruminantes, e pode ser encontrado comercialmente na forma de 
fertilizantes à base de nitrato de potássio, nitrato de amônia e sais de nitrato 
(LENG, 2008). 
 TILLMAN et al (1969) demonstraram que o nitrato pode ser utilizado 
como fonte de NNP em dietas pobres em proteínas e que, com dose ajustada, os 
sintomas tóxicos são inexistentes ou mínimos. Estudos comprovaram que durante 
o metabolismo ruminal o nitrato comporta-se como um aceptor de elétrons e 
assim possui potencial de redução de metano entérico, tanto em ovinos (SAR et 
al., 2004; SAR et al., 2005; VAN ZIJDERVELD et al., 2010; SILIVONG, 2011) 
como em bovinos (LENG, 2008; LENG & PRESTON et al., 2010; VAN 
ZIJDERVELD et al., 2011; HULSHOF et al., 2012). 
 Do ponto de vista energético a utilização de um aceptor alternativo de 
elétrons é favorável, já que irá promover uma rota alternativa de diminuição da 
produção de H2 no rúmen. O processo de metanogênese geralmente compete 
com outros microrganismos para a utilização de H2 (ELLIS et al., 2008), assim a 
utilização do nitrato levará a eficiência quanto a diminuição na produção de 
metano(JOBLIN, 1999; McALLISTER & NEWBOLD, 2008).. 
 
 
2.3.1 Fontes 
 
 A fonte mais comum de intoxicações de bovinos por nitratos é por meio 
da ingestão de plantas com altos níveis desse composto. De acordo com 
KOZLOSKI (2009), a tendência de acúmulo de nitrato nas plantas está 
relacionada com baixa incidência solar, períodos de chuva e temperaturas baixas, 
que provocam uma baixa atividade fotossintética. Essas condições fazem com 
que os nitratos representem mais de 30% do nitrogênio das plantas. Para KEMP 
et al. (1978), plantas que possuem mais de 3% de nitrogênio na matéria seca já 
são capazes de produzir quadros de intoxicação. 
20 
 
 Plantas que já são conhecidas por conter elevados níveis de nitrato são 
sorgo (Sorghum sp), aveia (Avena sativa), azévem (Lolium spp), trigo (Triticum 
vulgare), milho (Zea mays), „button grass‟ (Dactyloctenium radulans), capim 
mandante (Echinochloa polystachya) e capim elefante (Pennisetum purpureum) 
(MEDEIROS et al., 2003; McKENZIE et al., 2004; RADOSTITIS et al., 2007; 
JONCK, 2010). 
 
 
2.3.2 Fisiopatogenia da intoxicação por nitrato 
 
 Quando há presença de substrato (nitrato), as enzimas nitrato redutase 
e nitrito redutase são produzidas e fazem a redução do nitrato a nitrito e, 
posteriormente, para amônia. A amônia que não é incorporada nos compostos 
nitrogenados microbianos é absorvida através do epitélio ruminal e entra na 
circulação portal, chegando ao fígado, onde é convertida em ureia. Essa ureia 
retorna em parte novamente ao trato gastrointestinal via saliva ou transepitelial, e 
o restante é eliminado (KOZLOSKI, 2009). 
 A redução de nitrato em sistemas anaeróbios ocorre por vias distintas: 
via dissimilatória, que promove a redução de nitrato a gás nitrogênio 
(desnitrificação), e a via dissimilatória/assimilatória, que gera a redução de nitrato 
a amônia. A fase assimilatória da redução de nitrato / nitrito também é conhecida 
como amonificação (figura 1) (LENG, 2008). 
 
 
Figura 2 - Reações de redução do nitrato em 
amônia que ocorrem na face 
externa das bactérias 
Adaptado de: LENG (2008) 
 A necessidade de equivalentes de redução para converter nitrato a 
nitrito é bem menor que para transformar nitrito a amônia. Assim, a taxa de 
Rev
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21 
 
redução de nitrato é cerca de 2,5 vezes mais alta que a redução do nitrito 
(KOZLOSKI, 2009), o que faz com que o nitrito seja cinco a seis vezes mais tóxico 
que o nitrato (ROGERS, 1980). Desta forma, quando a taxa de nitrato no rúmen é 
alta ocorre o acúmulo de nitrito (WANG, GARCIA-RIVERA & BURRIS, 1961; 
ALLISON, 1978; KOZLOSKI, 2009). 
 O metabolismo excessivo de nitrito no rúmen ocorre quando há um 
consumo elevado e sem adaptação do nitrato na dieta, falta de adaptação dos 
organismos ruminais ao nitrato e dietas excessivamente ricas em proteínas 
degradáveis no rúmen (LENG, 2008). 
 CHUAN WANG et al. (1961), ao administrarem nitrato de potássio 
diretamente no rúmen de bovinos fistulados, observaram redução acentuada nos 
níveis de nitrato e aumento nas concentrações de amônia e nitrito. Entretanto, 
fatores como a concentração inicial de nitrato, o ambiente ruminal e a dieta do 
animal podem levar a uma conversão inadequada de nitrito (RADOSTITS et al., 
2007; TOKARNIA et al., 2011). Este composto em elevadas concentrações no 
rúmen é absorvido pelos capilares ruminais e na corrente sanguínea sua 
toxicidades afeta as células vermelhas do sangue, fazendo com que o transporte 
de oxigênio para o organismo seja prejudicado, convertendo a hemoglobina em 
um tipo de disemoglobina, conhecida como metemoglobina (MetHb). 
 A afinidade da hemoglobina pelo oxigênio depende de fatores como 
temperatura, pH, pCO2 e presença de disemoglobinas como a carboxi-
hemoglobina (CoHb), sulfemoglobina (SHb) e a MetHb, que geralmente são 
minoritárias (NASCIMENTO et al., 2008). 
 A MetHb é a forma oxidada da hemoglobina, cujo Fe2+ da porção heme 
está oxidado ao estado férrico (Fe3+) e, por isso, não consegue se ligar ao 
oxigênio (O2). Além de não se ligar ao O2, há uma mudança alostérica na porção 
heme da hemoglobina parcialmente oxidada, que aumenta sua afinidade pelo O2. 
Dessa forma, também há liberação insuficiente do O2 para os tecidos (HAYMOND 
et al., 2005). 
 
 
 
 
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22 
 
2.3.4 Sinais clínicos 
 
 Valores fisiológicos de MetHb variam de 1 a 5% para os bovinos 
(JONCK, 2010), sendo que valores superiores a esses já são considerados 
característicos de metemoglobinemia (MetHba), que é uma síndrome clínica 
causada pelo aumento da concentração de MetHb no sangue. Dentre outros 
sinais clínicos a hipóxia e anóxia teciduais provocadas pela MetHba são 
consequência não só da diminuição da Hb livre para transportar O2 (anemia 
relativa), mas também da dificuldade de liberação de O2 para os tecidos (UDEH et 
al., 2001; NASCIMENTO et al., 2008). 
 Os animais podem não apresentar alterações e morrer subitamente. 
Entretanto quando há sinais clínicos, eles surgem em até 14 horas após a 
ingestão do nitrato e podem ser discretos e/ou surgir de forma súbita. Os 
principais observados nos casos de intoxicação por nitrato e, MetHba, são 
sialorreia, ranger dos dentes, cansaço, taquipneia ou dispneia progressiva, ataxia, 
tremores musculares, contração abdominal, andar cambaleante, mucosas 
cianóticas, manifestaçõesde baixo débito cardíaco, sonolência, decúbito, 
relutância em se movimentar, crise convulsiva e abortos (RADOSTITIS et al., 
2007.; RIET-CORREA et al., 2007; NASCIMENTO et al., 2008; JONCK, 2010; 
SEZER et al., 2011; SILVA et al., 2012). 
 Os bovinos toleram valores de 15 a 40% de MetHb, sendo que valores 
acima de 40% são capazes de ocasionar alteração na coloração das mucosas 
tornando-as de cor de chocolate. O sinal clínico evidente de falta de oxigênio 
aparece principalmente com valores de 50-60% e o óbito pode ocorrer com níveis 
de 80% de metemoglobina (RADOSTITIS et al., 2007; NASCIMENTO et al., 2008; 
JONCK, 2010). Ao exame clínico observa-se, de forma característica, mucosas 
cianóticas ou amarronzadas (“cor de chocolate”) e sangue de mesma coloração 
(JONCK, 2010;TOKARNIA et al., 2011; SILVA et al., 2012). 
 
 
2.3.5 Diagnóstico 
 
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23 
 
 O diagnóstico das intoxicações por nitrato realiza-se pelo histórico do 
rebanho e da alimentação, sinais clínicos e exames complementares, como os 
valores de hemograma e bioquímicas sanguíneas, hemogasometria, 
metemoglobina, a prova da difenilamina e o exame anatomopatológico. O 
diagnóstico terapêutico também é válido podendo ser confirmado pela rápida 
resposta do animal ao tratamento (RADOSTITIS et al., 2007; JONCK, 2010). 
 
 
2.3.5.1 Hemograma e bioquímicas sanguíneas 
 
 CARVER & PRESTON (1974) não encontraram diferença significativa 
nos valores de hemoglobina, triiodotironina (T3) e albumina de bovinos que 
receberam 0, 1, 2, 3 e 5% de nitrato de potássio associado ou não a quantidades 
iguais de ureia. 
 SEZER et al. (2011) relataram que vacas intoxicados por nitrato 
apresentaram no hemograma diminuição no número de hemácias, elevação de 
hematócrito, tendência a leucocitose e aumento dos valores de metemoglobina. 
Além disso, identificaram elevação dos níveis de aspartato aminotransferase, 
fosfatase alcalina e creatinaquinase, comprovando que a intoxicação crônica por 
nitrato pode induzir lesões sistêmicas, provavelmente devido à lesões oxidativas 
pelo uso intensivo do oxigênio pelas vias metabólicas. 
 SILVA et al. (2012) em bovinos submetidos a ensaio experimental com 
nitrato de cálcio em duas diferente doses e com produto convencional ou 
protegido, não encontraram alterações no hemograma. Mas notaram tendência de 
valores de hemácias e hemoglobinas próximos aos valores mínimos de 
referência. 
 
 
2.3.5.2 Hemogasometria 
 
 Nos aparelhos de gasometria convencionais, a pressão parcial de 
oxigênio arterial (PaO2) aferida é correlacionada matematicamente com um valor 
de saturação da hemoglobina (SaO2), em função do pH e de uma curva de 
24 
 
dissociação da hemoglobina padronizada. Dessa forma, o exame de 
hemogasometria arterial não é ideal como parâmetro de avaliação da capacidade 
carreadora de O2 nas intoxicações por nitrato, já que a saturação da Hb nos 
aparelhos de gasometria é estimada e não aferida. Assim, nos portadores de 
MetHba os valores são imprecisos (HAYMOND et al., 2005; NASCIMENTO et al., 
2008). 
 
 
2.3.5.3 Metemoglobina 
 
 A determinação de valores MetHb é um exame complementar 
importante que pode indicar uma situação incompatível com a vida, e cuja 
presença em níveis elevados na corrente sanguínea impede o transporte de 
oxigênio dos pulmões aos tecidos periféricos, causando hipóxia e cianose 
(CAMARGO et al., 2007). Historicamente teve a primeira técnica de determinação 
descrita por EVELYN & MALLOY (1938), que foi posteriormente adaptada por 
HEGESH et al. (1970) e atualmente por NAOUM et al. (2004). 
 LEWIS (1951) a fim de estabelecer sobre o metabolismo ruminal do 
nitrato em ovinos, forneceu 25 e 10 gramas de nitrato de potássio por inoculação 
ruminal e 2 gramas de nitrato de potássio por via intravenosa e observou valores 
próximos a 60% de metemoglobina. 
 JAINUDEEN et al. (1964) forneceram a novilhas prenhes 0, 0,4 e 0,7 
g de nitrato/kg de peso corporal, e encontraram valores médios de MetHb de 
4,6%; 25% e 44%, respectivamente, porém em nenhum dos grupos foram 
observados sinais clínicos de intoxicação. 
 BURROWS et al. (1987), por meio de inoculação ruminal, forneceram a 
12 bovinos 3g de nitrato de sódio/kg de peso corporal e avaliaram os efeitos de 
sua associação com três diferentes doses de milho (0, 1,6 e 3,2 kg de milho). 
Constataram que nos tratamentos de 0 e 1,6 kg de milho as concentrações de 
MetHb ultrapassaram 50% aproximadamente oito horas após a administração do 
nitrato de sódio e os sinais clínicos surgiram quando os valores estavam 
superiores a 60%. 
25 
 
 NOLAN et al. (2010) submeterem 18 ovelhas a um período de 
adaptação de 18 dias a dieta com nitrato de potássio. Durante a adaptação 
observaram valores máximos de MetHb abaixo de 2,8% e nenhum animal 
apresentou alterações clínicas. 
 VAN ZIJDERVELD et al. (2010) forneceram para 20 ovelhas dieta com 
fonte de nitrato (2,6%da matéria seca), após adaptação de 28 dias. Os valores de 
MetHb foram inferiores a 2% em 18 animais e apenas dois apresentaram quadro 
de MetHba (7 e 3%). Os animais foram assintomáticos, não necessitando 
estabelecer tratamento. 
 VAN ZIJDERVELD et al. (2011) forneceram nitrato de cálcio (8,8% da 
MS) em dietas para vacas leiteiras. Essa inclusão foi considerada alta, porém o 
valor máximo de MetHb aferido foi de 15,3% e os animais não apresentaram 
sinais clínicos. Dessa forma a inclusão foi adequada para aquele grupo de 
animais. 
 SEZER et al. (2011) identificaram surto de aborto em um rebanho de 
vacas com suspeita de intoxicação crônica por nitrato. Os valores de MetHb de 
1,65% a 4,25% foram considerados elevados quando comparados aos outros dois 
grupos do mesmo rebanho (vacas saudáveis e vacas prenhes). 
 SILVA et al. (2012) forneceram experimentalmente duas diferentes 
doses de nitrato de cálcio, por inoculação ruminal, fracionada em sete diferentes 
momentos. O animal que recebeu dose de 15% do nitrogênio da dieta fornecido 
por nitrato de cálcio não apresentou quadro de intoxicação e teve valor máximo 
de 8,97% de MetHb. Enquanto que o animal que recebeu dose de 30% do 
nitrogênio da dieta fornecido por nitrato de cálcio apresentou 49,47% de MetHb e 
morreu sem manifestar sinais clínicos graves. 
 
2.3.5.4 Prova da difenilamina 
 
 Esse teste pode ser realizado para a detecção de nitrito e nitrato em 
amostras de capim, fluidos corpóreos, soro, urina e fluidos oculares (RIET-
ALVARIZA, 1993; JONCK, 2010). A técnica consiste na obtenção de três gotas de 
extrato vegetal ou de fluido corpóreo, obtidas por pressão manual. As gotas são 
colocadas sobre uma lâmina de vidro, e sobre estas é adicionada uma gota do 
26 
 
reagente e observada a reação por alguns segundos. A reação é considerada 
positiva quando em menos de 10 segundos se forma uma coloração azul intensa 
(RADOSTITIS et al., 2007; JONCK, 2010). 
 
 
2.3.5.5 Exame anatomopatológico 
 
 A necropsia de ruminantes intoxicados por nitrato deve ser realizada 
com intervalo inferior a cinco horas porque a metemoglobina volta a ser 
hemoglobina, fazendo com que desapareça a coloração escura do sangue, da 
carcaça e da musculatura, dificultando o diagnóstico (VALLI, 1992; JONCK 2010; 
TOKARNIA et al., 2011). 
 TOKARNIA et al. (2011) descreveram que a carcaça recém-aberta 
exala um cheiro forte de gases nitrosos. Os principais achados macroscópicos 
descritos são sangue com coloração escura, também denominada como “cor de 
chocolate”, e com baixa coagulação. Há coloração vermelho intensa dos 
músculos cardíacos e esqueléticos (cor de cereja). Hemorragias no epicárdio e a 
parede dos pré-estômagose os pulmões podem estar congestos e apresentar 
hemorragias nas serosas e mucosas (RADOSTITIS et al., 2007; JONCK 2010; 
TOKARNIA et al., 2011). 
 JONCK (2010) encontrou pulmões e encéfalo com coloração 
amarronzada ao exame necroscópico de bovinos intoxicados experimentalmente 
com aveia e azevém com altas quantidades de nitrato. 
 SILVA (2012) administrou, via fístula ruminal, 819 gramas de nitrato de 
cálcio. Os principais sinais clínicos foram mucosas oculares amarronzadas e 
sangue com tonalidade semelhante ao chocolate. Após óbito do bovino, 
observaram sangue de difícil coagulação e coloração marrom clara no pulmão, 
coração e encéfalo. Nenhuma alteração microscópica foi encontrada, o que de 
acordo com a literatura é comum (CARRIGAN & GARDNER, 1982; RADOSTITIS 
et al., 2007; JONCK et al., 2010; TOKARNIA et al., 2011). 
 
 
2.3.6 Prognóstico 
27 
 
 
 O prognóstico é reservado haja vista que o animal pode vir morrer sem 
apresentar sinais clínicos específicos (MEDEIROS et al., 2003; JONCK, 2010). 
 
 
2.3.7 Tratamento 
 
 No paciente com MetHba a decisão terapêutica deve ser inicialmente 
conduzida quanto a gravidade do quadro clínico, tendo o valor sanguíneo da 
MetHb importância secundária na conduta terapêutica (NASCIMENTO et al., 
2008). 
 O tratamento terapêutico recomendado é a administração de azul de 
metileno caracterizado como uma tiazina com propriedades anti-séptica e 
oxidante dose-dependente. Durante sua utilização, o sistema enzimático 
alternativo (NADPH metemoglobina redutase) torna-se fundamental na redução 
da MetHb. O azul de metileno ativa a NADPH metemoglobina redutase, que reduz 
o azul de metileno a leucoazul de metileno. O leucoazul de metileno é o 
subproduto metabólico que transforma a MetHb em hemoglobina reduzida 
(NASCIMENTO et al., 2008). 
 VAN DIJK et al. (1983) em fornecimento de nitrato de potássio pela 
fistula ruminal realizou tratamento de bovinos que apresentaram quadro de 
intoxicação com 1 mg/kg por via endovenosa e os animais se recuperaram. 
 BURROWS (1987) tratou bovinos que apresentaram incoordenação 
após receberem experimentalmente nitrato de potássio por meio da fistula 
ruminal. A dose foi de 1 grama de azul de metileno diluído em 50ml de água 
destilada por via endovenosa e o animal apresentou recuperação 30 minutos 
após. 
 JONCK (2010) em seu estudo experimental utilizou azul de metileno a 
1% na dose de 2mg/kg por via endovenosa em um bovino que manifestou 
sintomatologia clínica. Cerca de dez minutos após o tratamento o bovinos 
apresentou-se em estado de alerta, manteve-se em pé por aproximadamente 10 
horas e voltou a se alimentar no dia seguinte ao protocolo. 
28 
 
 SILVA et al. (2012) forneceram experimentalmente 819 gramas de 
nitrato de cálcio a um bovino por inoculação ruminal. Os principais sinais clínicos 
observados foram dificuldade respiratória e tremores musculares na região da 
fossa paralombar, sangue marrom, mucosas oculares cianóticas e ataxia e o valor 
de MetHb foi de 47,05%. A terapêutica foi com azul de metileno na dose única de 
1mg/Kg por via endovenosa e o quadro foi revertido. Após uma hora o animal 
apresentou 4,07% de MetHb e alimentava-se normalmente. 
 A utilização de ácido ascórbico também é relatada como um possível 
antídoto das intoxicações por nitrato, porém VAN DIJK et al. (1983) não obteve 
melhora de quadro clínico em bovinos intoxicados experimentalmente com nitrato 
de cálcio. ALLEN et al. (2012) utilizaram ácido ascórbico na reversão de quadro 
de metemoglobinemia em humanos e obteve diminuição dos valores de MetHb. 
 
 
2.3.8 Controle e prevenção 
 
 Não deixar que os animais tenham acesso a pastagens vedadas logo 
após ocorrência das primeiras chuvas precedidas por um longo período de seca 
já que, alguns relatos ocorreram logo após essas situações. O motivo é que 
quando chove após períodos de seca as plantas crescem rapidamente 
absorvendo níveis altamente tóxicos de nitratos (MEDEIROS et al., 2003; 
RADOSTITIS et al., 2007; JONCK, 2010). 
 Caso a fonte de nitrato seja fornecida aos animais, preconiza-se fazer a 
adaptação dos mesmos antes de fornecer a quantidade total na dieta (LENG, 
2008; NOLAN et al., 2010; VAN ZIJDERVELD et al., 2010; LENG& PRESTON, 
2010; INTHAPANYA et al., 2011; VAN ZIJDERVELD et al., 2011). Além disso, 
segundo RADOSTITIS et al. (2007) e LENG & PRESTON (2010) fornecer dietas 
ricas em carboidratos associadas a fontes de nitrato levam a diminuição dos 
riscos de intoxicação. 
 Fazer adubação com fertilizantes em quantidades adequadas e com 
esterco que tenha sido fermentado adequadamente (MEDEIROS et al., 2003; 
RADOSTITIS et al., 2007) evitando que haja excesso de nitrogênio disponível o 
Rev
Realce
29 
 
que pode favorecer acúmulo excessivo de nitrato nas plantas. Além disso, 
excesso de N aumenta a lixiviação de N-NO3 que pode contaminar lençóis 
freáticos. 
 Forragens que são conhecidas por possuírem naturalmente altas 
concentrações de nitrato podem ser colhidas e armazenadas como silagem, já 
que esse processo pode reduzir o teor de nitrato destas plantas forrageiras, em 
até 50%. Além disso, no processo de corte das plantas pelas ensiladeiras a altura 
de corte pode ser importante, já que quanto menos caule for incorporado, menor 
quantidade de nitrato haverá (KAHN & LINE, 2008). 
30 
 
3 Considerações finais 
 
Os sistemas de produção de bovinos visam atualmente não só o 
desempenho dos animais, mas a otimização e eficiência do sistema de produção. 
Devido a preocupação com o uso racional de insumos, a relação custo/benéfico é 
preconizada já que a dieta dos animas, principalmente as fontes de proteína, é o 
que mais onera a produção animal. Dessa forma, a ureia e o nitrato são 
alternativas menos onerosas que podem ser utilizadas. 
 O uso da ureia e do nitrato na alimentação de ruminantes como fonte 
de nitrogênio não proteico tem sido cada vez mais frequente, haja vista a 
intensificação do uso de pastagens e a necessidade de reduzir os custos da 
produção animal. Porém, não é incomum ocorrer casos de intoxicação por esses 
compostos. 
O diagnóstico das intoxicações deve ser feito por meio de dados 
epidemiológicos, da avaliação dos sinais clínicos e da realização de exames 
complementares. A precocidade do diagnóstico é importante para que o 
tratamento estipulado seja eficiente na recuperação dos animais. Além disso, a 
implementação de medidas preventivas fazem com que muitos casos de 
intoxicação sejam evitados. 
As indústrias de nutrição animal vêm utilizando tecnologias para 
melhorar a relação custo-benefício da atividade agropecuária. Uma delas é a 
produção de ureia e nitrato polímeros que, além de promoverem uma 
metabolização eficiente do composto diminuem, os quadros de toxicose. 
31 
 
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(Doutorado em Patologia Veterinária) – Universidade Federal de Santa Maria,