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Varicela e Herpes-zóster: Sintomas e Complicações

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Varicela
Introdução
A varicela e o herpes-zóster são duas diferentes síndromes clínicas com o mesmo agente etiológico, o Varicellovirus, também conhecido como herpes vírus humano tipo III, dos 8 tipos existentes. O vírus varicela zoster é apresentado na sigla VZV.
Os vírus dessa família possuem forma icosaédrica, são sensíveis a solvente lipídicos, como éter, clorofórmio e etanol, bem como substâncias como o fenol, formol e permanganato de potássio 1:1000. Também são sensíveis a pH extremos (menores que 6,2 e maiores que 7,8) e são relativamente termolábeis.
A varicela é a infecção primária enquanto o herpes-zóster é a reativação do vírus que se encontra latente no gânglio dorsal (sensorial). A catapora é uma doença infecciosa aguda benigna, altamente contagiosa, e que se caracteriza por um exantema vesicular generalizado da pele e mucosas. Doença potencialmente fatal em neonatos e crianças com sistema imune comprometido e também em adultos e adolescentes imunodeprimidos, com complicações respiratórias e neurológicas.
Patogenia
	Inicialmente ocorre a replicação viral nas células epiteliais da mucosa do trato respiratório superior, seguida de disseminação, provavelmente hematogênica e linfática, e os vírus são fagocitados por células do sistema reticuloendotelial, ocorrendo, então, a viremia.
	Os surtos de aparecimento de lesão cutaneomucosas ocorrem na primeira semana da doença, culminando com o rash vesicular disseminado.
Diagnóstico Clínico
Período de Incubação: compreende a viremia primária e secundária; vai desde a exposição até o início do exantema cutâneo. Gira em torno de 10 e 21 dias com média de 14 a 16 dias.
Período prodrômico: os sintomas prodrômicos podem ocorrer 1 ou 2 dias antes do aparecimento das lesões. Crianças imunocompetentes apresentam poucas queixas sistêmicas e uma temperatura entre 37,3º e 39,4º. Já nos adultos, é mais comum presença de mal-estar, dor muscular, artralgias e cefaleia. Dura em torno de 3 a 5 dias.
Período exantemático: período em que se começa a surgir as lesões na pele, a varicela é caracterizada pela coexistência de lesões em diferentes estágios de desenvolvimento num mesmo segmento corporal – máculas eritematosas, pápulas, vesículas e lesões escoriadas. A distribuição a centrípeta – começa na face e no tronco e depois se difunde para os membros, as lesões podem ter diâmetro de 5 a 12mm. As crianças imunocompetentes têm de 250 a 500 lesões pelo corpo, quando o contato é prolongado aparece um maior número de lesões e imunodeprimidos podem apresentar de 1.500 a 2.00 lesões.
Período de resolução das lesões: na fase cicatricial há aparência umbilicada de início e, então, a lesão torna-se crosta. Após 5 a 20 dias, a crosta é liberada dando lugar a uma depressão rosada, depois a pela retorna ao seu aspecto normal.
*Lesões infectadas secundariamente e/ou removidas prematuramente podem deixar cicatrizes.
Complicações
Infecção cutânea – infecção secundária normalmente causada pelo Staphylococus aureus e Streptococcus B-hemolíticos. (impetigo é o mais comum)
Complicações pulmonares – a pneumonia é a complicação visceral de etiologia viral mais comum, também pode haver infecções secundárias causadas por bactérias. [1/400]
Complicações do SNC – ataxia cerebelar [1/4000] podendo surgir 21 dias depois do rash e mais comum após uma semana. Vômitos, febre, vertigem, alteração da fala e tremores. Encefalite [entre 0,1% e 0,2% dos doentes] edema cerebral acentuado, cefaleia progressiva, vômitos, depressão do nível de consciência, febre e alteração do comportamento.
Síndrome de Reye – 30% da síndrome precede casos de varicela. Caracterizado por encefalopatia hepática.
Complicações Hematológicas – são raras e incluem, púrpura trombocitopênica, púrpura fulminante, síndrome hemofagocítica, leucopenia e manifestações de trombose disseminada.
Outras complicações – pouco comuns. Nefrite, hepatite, artrite, miocardite, pericardite.
Diagnóstico Diferencial
	Feito com base na urticária papular, escabiose, dermatite herpetiforme, herpes generalizado, riquetsiose variceliforme, síndrome mão-pé boca, picada de inseto, impetigo. 
Diagnóstico Laboratorial
Pesquisa de inclusões intracelular: esfregaço de Tzanck (raspado de base de vesícula cora por Giemsa) – identifica herpesvírus, mas não consegue identificar o tipo. 60% sensibilidade.
Inoculação de líquido vesicular em cultura de tecidos:
Teste sorológicos: 
ELISA – (ensaio imunoabsorvente ligado à enzima) mais frequentemente usado, mais sensível que o FC
FC – fixação do complemento; tende a negativar após 12 meses
PCR – reação de cadeia polimerase
Diagnóstico Epidemiológico
	Doença altamente contagiosa, que atinge até 90% dos membros suscetíveis após exposição domiciliar. É uma doença endêmica na população, ocorrendo epidemias no final do inverno e no início da primavera, mas ocorrem casos esporádicos no início do verão e no final do outono.
	A faixa etária mais acometida vai do nascimento aos 15 anos. Concentrado 90% dos casos e dentre esses 90%, 50% está na faixa de 5 a 9 anos.
	Contato direto pelas lesões e por vias aéreas através das secreções respiratórias ( e também partículas formadas na evaporação das gotículas e partículas de poeira em suspensão).
	Transmissão de 2 dias antes do rash até as crostas secarem.
Tratamento
Tratamento inespecífico
Evitar infecções bacterianas secundárias, higiene local, uso de agente antipruriginosos e aparar as unhas para evitar lesões. Para alivio sintomático uso de dipirona e ibuprofeno. Contraindicado acido acetilsalicílico – síndrome de REYE – e também paracetamol, a dose terapêutica é próxima da dose tóxica.
Tratamento Antiviral
Aciclovir, guanina, ganciclovir, fanciclovir.
No exterior a brivudina (BVDU), sorivudina e netivudina.
Profilaxia
As medidas gerais de profilaxia consiste no isolamento do indivíduo 2 dias antes de surgirem as lesões, até todas tornarem crostas. Deve-se manipular o doente de forma adequada utilizando gorro, máscara e luva.
Imunização passiva
Imunoglobulina deve ser administrada em casos graves até 96 horas após a exposição, sendo priorizado um período de 72 horas pós-exposição.
Aciclovir também pode ser utilizado como uma alternativa mais barata.
Imunização ativa
12 meses, dose única, varicela-zóster.
“Recomendada pela SBP e Acip como rotina a partir de 1 ano de idade. Adolescentes (maiores de 13), adultos e imunodeprimidos, duas doses com intervalo de quatro a oito semanas. Não faz parte do calendário do MS.

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