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Caso Clinico Fisioterapia Aquática Neurológica Esclerose Lateral amiotrófica (ELA) Clarissa Bicca Rafael Bregagnol Patologia: A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença do sistema nervoso de caráter degenerativo, progressivo e incapacitante, caracterizada pela lesão dos neurônios motores no córtex, tronco cerebral e medula espinhal, levando a amiotrofia, fasciculações e espasticidade (BUTTARELLI FR, Circella A. 2006). Pode-se dizer a respeito da ELA que atinge á área lateral da medula espinhal, onde estão as células nervosas motoras, esta mesma área degenera, endurece ou cicatriza daí o termo Esclerose. Com relação à palavra Amiotrófica, pode-se dizer que é uma mistura de três termos de origem grega “a - sentido de negação”, “mio – músculo”, “trófico - alimento”. Alegando com esse último significado que a musculatura em pacientes com ELA não recebem nutrição satisfatória, levando assim a atrofia ou definhamento progressivo. A etiologia da ELA ainda apresenta diversas teorias para explicar sua origem, podendo incluir agentes infecciosos, defeitos no sistema imunológico, causas hereditárias, substâncias tóxicas, algum desequilíbrio químico e nutrição deficiente. (Patrick e Kato,2011) A ELA está classificada como uma das doenças do motoneurônio, tanto superior como inferior, porém faz parte de um grupo variado de patologias neurológicas, caracterizada por fraqueza muscular, ao lado de outros sinais e sintomas, resultantes da perda dos motoneurônios no córtex cerebral, tronco encefálico ou medula espinhal. Essas doenças, em sua maioria, pertencem ao grupo das doenças degenerativas, ou seja, aquelas em que ocorre início insidioso, progressão lenta e inexorável, distribuição simétrica dos sintomas e sinais, acometimento de um grupo específico de neurônios e caráter hereditário (GREVE,2007) ELA consiste em quatro tipos de síndromes diferentes, tais como: a atrofia muscular progressiva, a esclerose lateral primária, a paralisia bulbar progressiva, a esclerose lateral amiotrófica, sendo considerada dentre elas a mais grave a ELA. Essa patologia traz como característica principal a paralisia progressiva, manifestando-se com os sintomas de espasticidade, clônus e babinski presente, hiper-reflexia do neurônio motor superior. No neurônio motor inferior surgem os sintomas de fraqueza, atrofia e fasciculação. A fisiopatologia da ELA acontece quando a medula espinhal mostra uma grave degeneração e perda de células do corno anterior em todos os níveis, há degeneração tanto do feixe corticoespinhal lateral como no anterior, sendo observada uma palidez na coloração da mielina. As raízes ventrais que saem da medula espinhal mostram uma grave perda das fibras grossas mielinizadas, indicando à destruição seletiva dos motoneurônios alfa e preservação dos motoneurônios gama, as funções neuromusculares estão anormais. Na maioria dos casos clínicos já diagnosticados não se conhece sua causa, sabe-se que apenas 10% dos casos devemos, a um caráter genético.( Jakaitis, 2007) Utilização da reabilitação aquática no tratamento da ELA A hidroterapia ou hidrocinesioterapia, geralmente praticada em ambiente térmico é fortemente indicada para o tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica. Os efeitos são muitos, como a promoção do relaxamento muscular, devido à redução da tensão muscular, a diminuição dos espasmos musculares, pois a temperatura aquecida favorece a redução da sensibilidade à dor. Outro efeito bastante benéfico é o empuxo, propriedade física da água que aumenta a facilidade na execução dos movimentos articulares. A flutuação na água contrapõe-se à gravidade aliviando o peso corporal e reduzindo as forças de compressão sobre as articulações. Segundo Morris (2000), Os benefícios de usar a água para tratamento de disfunções neurológicas envolvem propriedades de flutuação, que ajudam no tratamento. A flutuação ajuda os pacientes com fraqueza assumir posturas eretas em um momento mais precoce no seu processo de reabilitação, o alívio do peso possibilita um aumento na capacidade funcional dentro da água. Conforme Sacchelli, (2007) a fisioterapia aquática influencia positivamente o paciente com distúrbio neurológico. O ambiente aquático proporciona estimulação tátil, sensorial global, auditivo, visual, tátil, vestibular e proprioceptivo. Para este autor a hidrocinesioterapia atua como facilitação muscular necessária para o desenvolvimento das habilidades funcionais específicas. Ainda para o autor as pessoas incapacitadas por doença degenerativa crônica como distrofia muscular, esclerose lateral amiotrófica e amiotrofia espinal progressiva, têm como objetivo principal o incentivo de independência motora na água através de exercícios ativos livres, pois a água se torna um meio facilitador para este paciente vivenciar o deslocamento de forma independente, quando, estes movimentos são realizados pelo paciente na água, são relatados como prazerosos, resultando positivamente no psicológico deles. A reabilitação aquática é o tratamento mais indicado para esses pacientes, uma vez que, aquecendo por igual todas as articulações, fornecendo suporte aos segmentos, aliviando o peso corporal e dando maior liberdade de movimentos, auxilia na manutenção da força muscular. Podem-se associar ainda várias técnicas e também trabalhar de uma maneira mais global e dinâmica, ou seja, com exercícios respiratórios ao mesmo tempo em que se trabalha a musculatura postural (JAKAITIS,2007). FISIOTERAPIA Na atualidade, ainda não há um protocolo de tratamento quanto aos exercícios ideias para portadores ELA, gerando dificuldade na realização de uma abordagem fisioterapêutica precisa. No entanto, sabem-se que o foco da atuação deve ponderar o equilíbrio entre os dois pilares da ação fisioterapêutica na ELA, visto que, o uso excessivo da musculatura conduz a um aumento da fadiga e da perda de força, já a sua não utilização tem por consequência a atrofia por desuso e o descondicionamento físico. CASO CLINICO Paciente W. D. V. Sexo: M idade: 56 anos Diagnostico clinico: Esclerose lateral Amiotrofica estagio inicial QP: Fraqueza em MMII e perda de sensibilidade em MMSS HDA: Relata que há 1 ano e 8 meses começou a sentir fraqueza em MMII e “formigamento” nas mãos, procurou um clinico geral que pediu alguns exames e o encaminhou para o neurologista que realizou ENMG, e foi diagnosticado com ELA, desde então realiza fisioterapia ambulatorial. Através de grupos de apoio descobriu o serviço de Fisioterapia aquática. HDP: Nega outras patologias HDF: Mãe DM e HAS, Pai faleceu devido um AVC, irmão sofre de problemas cardíacos. HDS: Mora em casa de alvenaria em área rural, reside com esposa. Nega etilismo e tabagismo. Trabalhava como piloto de avião agrícola, foi afastado das suas funções assim que recebeu o diagnostico. Foi Realizada avaliação fisioterapêutica que constatou: paraparesia espástica crural, com hipotrofia em MMSSs, não relatou dor em nenhum dos segmentos. O paciente ainda apresenta bastante independência funcional, apesar de verificar em sua avaliação um início da perda da força muscular, assim como alteração do tônus muscular e presença de fasciculações em MMSSs. Chega a seu tratamento aquático em seu próprio carro, dirigindo, sem uso de órteses ou cadeira de rodas. Segundo relatos do mesmo ainda apresentava vida social, lazer e domiciliar, porem não mais realizava sua atividade profissional. OBJETIVOS 1. Melhorar equilíbrio estático e dinâmico 2. Promover alongamento muscular 3. Retardar a perda de massa muscular, assim como sua atrofia 4. Preservar movimentos ainda presentes no indivíduo, 5.Redução de fasciculações e espasticidade 6. Melhora condicionamento cardiorespiratório, 7. Ofertar conscientização corporal e relação espacial 8. Prevenção de deformidades e manutenção de amplitude de movimento (Jakaitis,2007) CONDUTAS: Aplicação do método halliwick Os Dez Pontos são: 1. Adaptação Mental 2. Desligamento 3. Controle da Rotação Transversal 4. Controle da Rotação Sagital 5. Controle da Rotação Longitudinal 6. Controle da Rotação Combinada 7. Empuxo 8. Equilíbrio em imobilidade 9. Deslize em Turbulência 10. Progressões Simples e Movimentos Básicos de Natação Caminhada assistida na água Indicado para aquecimento da musculatura e aumento da circulação sanguínea periférica. Exercícios Ativo-livres – são exercícios automativos, como abdução e adução de MMSSs e MMIIs, assim como flexo-extensão de MMSSs e MMIIs, uso de bastão para preservação do movimento de flexão de ombro. Exercícios Resistidos São exercícios ativos no qual uma contração muscular dinâmica ou estática é resistida por uma força externa, aplicada manual ou mecanicamente em musculaturas em áreas ainda não comprometidas com uso de halteres para aumentar a resistência do exercício.(Kisner,2005). Exercícios Aeróbicos (Bicicleta) Solicita-se ao paciente que ele simule pedalas de bicicleta com o uso de aquatubos (macarrões) acoplados entre as pernas, sentando em cima dos mesmos e iniciando assim os movimentos de pedalar, para fortalecimento dos músculos (quadríceps), ajudando também no equilíbrio estático. Exercícios de coordenação motora fina Solicitar ao paciente a pegar pequenos objetos de um determinado local para outro com as mãos. Exercícios para função pulmonar: Aproximar a boca da água expirar nasal e soltar por a boca soprando a respiração para baixo da agua, com um canudo mover uma bola de ping pong. Exercícios Aeróbicos São exercícios aplicados para ganho de força e condicionamento muscular, como por, exemplo abdução e adução de MMSSs com uso de resistência (halteres). Utilização do método BAD RAGAZZ O método Bad Ragaz é um tipo de terapia aquática usada para a reabilitação física baseada na facilitação neuromuscular proprioceptiva (PNF), exercícios de fortalecimento e mobilização assistidos pelo terapeuta são realizados enquanto o paciente está horizontalmente na água, com apoio fornecido por flutuadores ao redor do pescoço, braços, pelve e pernas. Alongamento É um termo usado para descrever qualquer manobra fisioterapêutica elaborada para aumentar a mobilidade dos tecidos moles, melhorando assim a amplitude de movimento Kisner,(2005). Nos casos clínicos como a ELA, que afeta os neurônios motores, é primordial que o alongamento faça parte do tratamento antes, no meio e no fim de qualquer aplicação de exercícios. Orientações ao paciente nesta fase Deve-se orientar cuidadores e o próprio paciente para a modificação de ambientes domésticos e profissionais, procurar ajuda psicológica, assim como o apoio familiar. REFERENCIAS: 1. JAKAITIS,Fabio. Reabilitação e Terapia Aquática.São Paulo, SP: Roca,2007. 2. KISNER,Carolyn.Exercicios Terapêuticos. SP, 2005. 3. SACCHELLI, T. et al Fisioterapia Aquática.Barueri,SP:Manole,2007. 4. GREVE,Júlia Maria D Andréa.Medicina de Reabilitação.São Paulo,SP:Roca,2007. SEVERINO, JOAQUIM Antonio.Metodologia do Trabalho Científico.SP:Cortez,2002. KATO.C e AEBISCHER,Ann e Patrick. Defesas contra a Doença de Lou Gehring.Revista Scientific American, Edição Especial, n˚43, 38-45,2011. 5. CHAVES,Anna Carolina, XAVIER, ANNA et.al. Hidrocinesioterapia para pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA): relato de caso. São Paulo, 2010. 6. O` SULLIVAN,Susan. Fisioterapia: avaliação e tratamento. SP, 2004. 7. MARTINS,Débora,IOP Rodrigo da Rosa.Método Halliwich como Abordagem 8. Fisioterapêutica em uma paciente com Esclerose Lateral Amiotrófica. Santa Catarina,2004. 9. ORSINI,Marcos, FREITAS Marcos, et.al. Medidas de Avaliação na Esclerose Lateral 10. Amiotrófica.Rio de Janeiro,2007. 11. BUTTARELLI FR, Circella, A; Dopamine transporter immunoreactivity in peripheral blood mononuclear cells in amyotrophic lateral sclerosis, Eur J Neurol.. 2006
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