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Redes Sociais Idealizado por Marcela Vila Nova e Luís Vale IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA TÓPICOS ESSENCIAIS 3 Redes Sociais Luís Vale Procurador do Estado de Alagoas, nomeado Procurador Federal, aprovado em 1º lugar para Advogado da Petrobrás, Coach pela Ohio Uni- versity, Mestre em Direito Processual Civil pela Universidade Federal de Alagoas, Professor de Direito Processual Civil e Empresarial, Especia- lista em Provas Orais. 4 Redes Sociais Probidade x Moralidade: A doutrina diverge quanto aos conceitos de probidade e moralidade, já que ambas as expressões são mencionadas pelo texto constitucional. Uma primeira corrente entende que a probidade é um subprincípio da moralidade, ou seja, a moralidade é mais ampla (Wallace Paiva Martins Júnior e Eurico Bitencourt Neto). Para uma segunda corrente, a probidade é mais am- pla que a moralidade, pois abarcaria não ape- nas atos desonestos ou imorais, mas também atos ilegais (Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves). Há, ainda, uma terceira corrente, segun- do a qual as expressões são equivalentes, pois o agente ímprobo sempre se qualificará como violador do princípio da moralidade (José dos Santos Carvalho Filho). Para fins de concurso público, é interessante o candidato saber que existe essa divergência, sem necessidade de aprofundar o tema. Conceito e Fonte Normativa 5 Redes Sociais da apenas do ponto de vista objetivo, gerando a responsabilidade objetiva. Quando não se faz distinção conceitual entre ilegalidade e impro- bidade, ocorre a aproximação da responsabi- lidade objetiva por infrações”. (STJ. 1ª Turma. REsp 1.193.248-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 24/4/2014 - Info 540). Outros julgados do STJ, no mesmo sen- tido: • “(...) ao considerar a gravidade das sanções e restrições a serem impostas ao agen- te público, a exegese do art. 11 da referida lei deve ser tomada com temperamentos, pois uma interpretação ampliativa poderia ter por ímprobas condutas que são mera- mente irregulares, por isso susceptíveis de correção administrativa, visto que ausente a má-fé e preservada a moralidade pública, o que extrapolaria a real intenção do leg- islador. Assim, a má-fé torna-se premissa do ato ilegal e ímprobo: a ilegalidade só Improbidade x Ilegalidade: Todo ato ilegal configura ato de improbidade? O STJ tem reafirmado em diversos julgados que NÃO. A confusão conceitual é proveniente do art. 11, caput, da Lei nº 8.429/92 (LIA), que aponta como ímproba qualquer ação ou omissão que viole os princípios da Administração Pública, entre os quais se insere o da legalidade (art. 37 da CF/88). Segundo a jurisprudência dominante, o art. 11 da LIA não pode ser interpretado no sentido de que toda ilegalidade é improbi- dade. Para que o ato ilegal seja considerado ímprobo exige-se um plus, que é o intuito do agente de atuar com má-fé. Para o STJ “a im- probidade é uma ilegalidade qualificada pelo intuito malsão do agente, atuando com deso- nestidade, malícia, dolo ou culpa grave. (...) Em nenhuma das hipóteses legais, contudo, se diz que possa a conduta do agente ser considera- 6 Redes Sociais indispensável, para a caracterização de impro- bidade, que a conduta do agente seja dolo- sa, para a tipificação das condutas descritas nos artigos 9º e 11 da Lei 8.429/92, ou pelo menos eivada de culpa grave, nas do artigo 10’” (AIA 30-AM, Rel. Ministro Teori Albino Za- vascki, Corte Especial, DJe 28/9/2011) (REsp 1.177.910-SE, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015, DJe 17/2/2016 – Info 577). Fonte constitucional: a primeira cons- tituição brasileira a tratar sobre a improbidade administrativa foi a Carta de 1946. Na CF/88, o principal dispositivo é o art. 37, § 4º: “Os atos de improbidade administrativa im- portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibili- dade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível” (norma de eficácia limitada, regulamentada pela adquire o status de improbidade quando a conduta antijurídica ferir os princípios constitucionais da Administração Pública e se somar à má intenção do administra- dor.” (REsp 909.446-RN, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/4/2010 – Info 429) a) “(...) a Segunda Turma já teve oportunidade de decidir que ‘A Lei 8.429/1992 objetiva coibir, punir e afastar da atividade pública todos os agentes que demonstraram pouco apreço pelo princípio da juridicidade, denotando uma degeneração de caráter incompatível com a natureza da atividade desenvolvida’ (REsp 1.297.021-PR, DJe 20/11/2013). É certo que o STJ, em alguns momentos, mitiga a rigidez da interpretação literal dos dispositivos acima, porque ‘não se pode confundir improbidade com simples ilegalidade. A improbidade é ilegalidade tipificada e qualificada pelo ele- mento subjetivo da conduta do agente. Por isso mesmo, a jurisprudência do STJ considera 7 Redes Sociais aplica a eventuais abusos perpetrados por agentes públicos durante abordagem poli- cial, caso os ofendidos pela conduta sejam particulares que não estavam no exercício de função pública. Confira-se o julgado: “DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE AD- MINISTRATIVA E CONDUTA DIRECIONADA A PARTICULAR. Não ensejam o reconhecimento de ato de improbidade administrativa (Lei 8.429/1992) eventuais abusos perpetrados por agentes públicos durante abordagem policial, caso os ofendidos pela conduta se- jam particulares que não estavam no exercí- cio de função pública. O fato de a probidade ser atributo de toda atuação do agente público pode suscitar o equívoco interpretativo de que qualquer falta por ele praticada, por si só, re- presentaria quebra desse atributo e, com isso, o sujeitaria às sanções da Lei 8.429/1992. Contu- Lei nº 8.429/92). A Constituição Federal trouxe um rol exemplificativo de sanções, que foi ampliado pela Lei de Improbidade Administrativa, que incluiu ainda a possibilidade de decretação da perda de bens ou valores acrescidos ilicita- mente ao patrimônio, pagamento de multa ci- vil, proibição de contratar com o Poder Público e proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios (art. 12 da Lei nº 8.429/92). Outros dispositivos constitucionais que tratam sobre o tema: art. 14, § 9º; art. 15, V; art. 85, V da CF; art. 97, § 10, III, do ADCT. No informativo 573 (novembro/2015), o STJ asseverou que o conceito de improbidade administrativa é INELÁSTICO, ou seja, não pode ser ampliado para abranger situações que não tenham sido contempladas no momento da sua definição. Assim, concluiu que a LIA não se 8 Redes Sociais autoridade “o ato lesivo da honra ou do patrimô- nio de pessoa natural ou jurídica, quando pra- ticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal”, está muito mais próxima do caso - por regular o direito de representação do cidadão frente a autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos (art. 1º) -, de modo que não há falar-se em incidência da Lei de Improbidade Administrativa.” (Resp 1.558.038-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/10/2015, DJe 9/11/2015). Nesse contexto, é importante contrapor o julgado acima com outro divulgado no infor- mativo 577 do STJ, segundo o qual a tortura de preso custodiado em delegacia, pratica- da por policial, constitui ato deimprobidade administrativa que atenta contra os princí- pios da administração pública. (STJ. 1ª Seção. REsp 1.177.910-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, do, o conceito jurídico de ato de improbidade administrativa, por ser circulante no ambiente do direito sancionador, não é daqueles que a doutrina chama de elásticos, isto é, daque- les que podem ser ampliados para abran- ger situações que não tenham sido contem- pladas no momento da sua definição. Dessa forma, considerando o inelástico conceito de improbidade, vê-se que o referencial da Lei 8.429/1992 é o ato do agente público frente à coisa pública a que foi chamado a adminis- trar. Logo, somente se classificam como atos de improbidade administrativa as condutas de servidores públicos que causam vilipêndio aos cofres públicos ou promovem o enriquecimento ilícito do próprio agente ou de terceiros, efeitos inocorrentes na hipótese. Assim, sem pretender realizar um transverso enquadramento legal, mas apenas descortinar uma correta exegese, verifica-se que a previsão do art. 4º, “h”, da Lei 4.898/1965, segundo o qual constitui abuso de 9 Redes Sociais d) o primordial é verificar se, dentre todos os bens atingidos pela postura do agente, existe algum que seja vinculado ao interesse e ao bem público. Se assim for, como consequên- cia imediata, a Administração Pública será vul- nerada de forma concomitante. e) no caso, a conduta dos policiais afrontou não só a Constituição da República (arts. 1º, III, e 4º, II) e a legislação infraconstitucional, mas também tratados e convenções internacionais, a exemplo da Convenção Americana de Direit- os Humanos (Decreto nº 678/92); f) ao torturar, o agente público cria ao Es- tado, de maneira praticamente automática, o dever de indenizar, nos termos do art. 37, § 6º, da CF. julgado em 26/8/2015 - Info 577). Principais fundamentos do STJ: b) afora repercussões nas esferas penal, civil e disciplinar, a conduta de torturar pode config- urar improbidade administrativa, porque, além de atingir a pessoa-vítima, alcança, simultane- amente, interesses caros à Administração em geral, às instituições de segurança pública em especial, e ao próprio Estado Democrático de Direito. c) a detida análise da Lei n. 8.429/1992 demonstra que o legislador não determinou expressamente quais seriam as vítimas medi- atas ou imediatas da atividade desonesta para fins de configuração do ato como ímprobo. Essa ausência de menção explícita certamente decorre da compreensão de que o ato ímprobo é, muitas vezes, um fenômeno pluriofensivo, ou seja, ele pode atingir bens jurídicos diversos. 10 Redes Sociais A Lei nº 8.429/92 traz essencialmente regras de direito processual e sanções de na- tureza civil, sendo da competência privativa da União legislar sobre tais matérias (art. 22, I, CF/88). Portanto, a LIA tem caráter nacional, ou seja, deve ser aplicada também no âmbito dos Estados, Distrito Federal e Municípios, com ex- ceção do art. 13 (declaração de bens como con- dição para a posse e exercício de agente públi- co), art. 14, § 3° (apuração de ato de improbidade pela autoridade administrativa na forma da Lei nº 8.112/90), e art. 20, parágrafo único (afasta- mento cautelar do agente público pela autori- dade administrativa), quando é considerada lei federal. Segundo Rafael Oliveira e José dos Santos Carvalho Filho, tais dispositivos tratam de matéria administrativa e se destinam ape- nas à União, em razão do respeito à autonomia federativa. Competência para Legislar 11 Redes Sociais A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que “a Lei de Improbidade Adminis- trativa não pode ser aplicada retroativamente para alcançar fatos anteriores a sua vigência, ainda que ocorridos após a edição da Consti- tuição Federal de 1988.” (REsp 1129121/GO, Rel. Ministra Eliana Calmon, Rel. p/ Acórdão Minis- tro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 03/05/2012, DJe 15/03/2013). A razão para tanto é que o dispositivo constitucional (art. 37, § 4º), mesmo na condição de veículo legitima- dor de sanções, é norma de eficácia limitada e estava na dependência de legislação que lhe desse efetiva aplicação, o que ocorreu apenas com a Lei 8.429/1992, que, por ser norma esta- tal punitiva, não pode retroagir, em observân- cia ao artigo 5º, inciso XL, da CF. Aplicação da Lei no Tempo 12 Redes Sociais 1. PASSIVO Sujeito passivo é a pessoa jurídica (de di- reito público ou privado) que a lei indica como vítima do ato de improbidade (art. 1º, caput, e parágrafo único da Lei nº 8.429/92). Possui le- gitimidade ativa ad causam para ajuizar a ação de improbidade administrativa, concorrente- mente com o Ministério Público. A seguir, quadro esquematizado do blog “Dizer o Direito”: Sujeitos do Ato de Improbidade Quem pode ser SUJEITO PASSIVO Exemplos 1) órgãos da Administração direta. União, Estados, DF, Municípios. 2) entidades da Administração indireta. Autarquias, fundações, associações públicas, empresas públi- cas, sociedades de economia mista. 3) empresas incorporadas ao patrimônio público. A doutrina critica essa previsão, considerando que, se a empresa foi incorporada, ela deixou de existir, fazendo parte agora do pa- trimônio público como órgão ou entidade. 4) empresas incorporadas ao patrimônio público ou de entidade cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual. Empresas públicas e sociedades de economia mista (o legislador foi redundante para reforçar a incidência da LIA). 5) entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo (fis- cal ou creditício), de órgão público. Entidades do terceiro setor (organizações sociais, OSCIP etc.), en- tidades sindicais, partidos políticos. 6) entidades cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual. Sociedades de propósito específico, criadas para gerir parcerias público-privadas (art. 9º, § 4º da Lei n.° 11.079/2004). 13 Redes Sociais as demais sanções do art. 12 serão aplicáveis normalmente conforme a natureza do autor e a extensão dos efeitos do ato.” Para exemplificar, se o Poder Público participa do capital de uma empresa com me- nos de 50%, e o gerente revela segredo corpo- rativo, sem causar prejuízos, não houve prática de ato de improbidade, em razão da inexistên- cia de repercussão patrimonial. A doutrina destaca que as empresas concessionárias e permissionárias, que pres- tam serviços públicos por delegação do Esta- do, não são consideradas, em regra, sujeitos passivos da improbidade, pois não se enqua- dram na definição do art. 1º da LIA. É oportuno relembrar que, nas conces- sões tradicionais (Lei nº 8.987/95), a remune- ração ocorre por meio de tarifa ou receita al- ternativa, e, nas parcerias público-privadas Em relação às entidades enumeradas nos itens 5 (entidades que recebem subven- ção, benefício ou incentivo fiscal ou creditício de órgão público) e 6 (entidades cuja criação ou custeio o erário haja concorrido com MENOS de 50% do patrimônio ou da receita anual), a tutela da lei é somente sobre o PATRIMÔNIO da enti- dade, e a sanção patrimonial (ex: ressarcimento do dano, perda de bens) se limita à repercus- são do ilícito sobre a parcela oriunda dos cofres públicos (art. 1º, parágrafo único, da LIA). Segundo Carvalho Filho, “consequente- mente, se o prejuízo exceder a tal limite [parcelaoriunda do erário], caberá à entidade pleitear o ressarcimento por outra via, que não pela ação de improbidade. Além disso, se o ato não se re- lacionar com o patrimônio, o agente não esta- rá sujeito às sanções da Lei nº 8.429/1992, mas sim àquelas previstas na lei reguladora adequa- da. Como a lei se referiu à ‘sanção patrimonial’, 14 Redes Sociais e 3º da Lei nº 8.429/92), podendo ser agente público ou terceiro. É o legitimado passivo (réu) na ação de improbidade. (Lei nº 11.079/04), através da contraprestação pecuniária do Poder Concedente. Nesse con- texto, Rafael Oliveira leciona que “de qualquer forma, a remuneração nas concessões tradicio- nais e especiais não se confunde com ‘subven- ção, benefício ou incentivo’, pois as concessio- nárias recebem remuneração pela prestação de determinado serviço público, ou seja, o va- lor pago tem relação direta com os custos e o lucro inerentes à atividade prestada, o que não ocorre nas subvenções, benefícios ou incentivos que podem ser conferidos às pessoas privadas como forma de estímulo para efetivação de me- tas econômicas e/ou sociais.” 2. ATIVO Sujeito ativo é a pessoa física ou jurídi- ca que pratica o ato de improbidade, concorre para a sua prática ou dele de beneficia (arts. 2º 15 Redes Sociais O art. 2º da Lei nº 8.429/92 adotou con- ceito amplo de agente público, englobando todas as pessoas físicas que exercem manda- to, cargo, emprego ou função, com ou sem re- muneração nas entidades descritas no art. 1º da LIA. Abrange os agentes públicos de direi- to: a) agentes políticos; b) servidores públicos (estatutários, trabalhistas ou celetistas e tem- porários); e c) particulares em colaboração; e os agentes públicos de fato: a) putativos; e b) necessários. ATENÇÃO: os árbitros não são conside- rados agentes públicos para fins de improbi- dade administrativa. O art. 17 da Lei nº 9.307/96 equipara o árbitro ao agente público apenas para fins penais (“os árbitros, quando no exer- cício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os efeitos da legislação penal”). ATENÇÃO: Segundo o STJ, o estagiário Agente Público 16 Redes Sociais 1186787/MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 24/04/2014). Agentes políticos: há grande polêmica acerca da submissão ou não dos agentes po- líticos à LIA, em virtude da existência da Lei nº 1.079/50, que regula os crimes de responsabi- lidade. O STJ tem entendido que os agentes políticos sujeitos a crime de responsabilidade se submetem às sanções por ato de improbi- dade administrativa, ressalvados os atos co- metidos pelo Presidente da República (art. 86 da CF) e pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal. (Precedentes: REsp 1191613/MG, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Tur- ma, julgado em 19/03/2015, DJe 17/04/2015; REsp 1168739/RN, Rel. Ministro Sérgio Kuki- na, Primeira Turma, julgado em 03/06/2014, DJe 11/06/2014; EDcl na AIA 45/AM, Rel. Mi- nistra Laurita Vaz, Corte Especial, julgado em que atua no serviço público, ainda que transi- toriamente, remunerado ou não, está sujeito à responsabilização por ato de improbidade administrativa. Isso porque o conceito de agen- te público para fins de improbidade abrange não apenas os servidores públicos, mas todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra for- ma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função na Administração Pública. (STJ, 2ª Turma, REsp 1352035-RS, Rel. Min. Her- man Benjamin, julgado em 18/8/2015 – Info 568). ATENÇÃO: Os notários e registradores estão abrangidos no amplo conceito de “agen- tes públicos”, na categoria dos “particulares em colaboração com a Administração”. Dessa forma, encontram-se no campo de incidên- cia da Lei nº 8.429/1992 (STJ. 1ª Turma. REsp 17 Redes Sociais SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primei- ra Turma, DJe 20/02/2015; AgRg no REsp 1.425.191/CE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 16/03/2015. No âmbito do STF, há precedente no sentido de admitir a aplicação da LIA em re- lação aos Governadores: • “IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – AGEN- TE POLÍTICO – COMPORTAMENTO ALE- GADAMENTE OCORRIDO NO EXERCÍCIO DE MANDATO DE GOVERNADOR DE ESTA- DO – possibilidade de dupla sujeição tan- to ao regime de responsabilização política, mediante ‘impeachment’ (Lei nº 1.079/50, desde que ainda titular de referido man- dato eletivo, quanto à disciplina normativa da responsabilização civil por improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92).” (STF - AC: 3585 RS, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 02/09/2014, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-211 DIVULG 24-10-2014 PUBLIC 28-10-2014). 21/05/2014, DJe 28/05/2014). Nessa linha de entendimento, o STJ ad- mite a aplicação da LIA a Prefeitos e Verea- dores: • “É pacífico o entendimento no Superior Tri- bunal de Justiça segundo o qual o conceito de agente público estabelecido no art. 2º da Lei 8.429/1992 abrange os agentes políti- cos, como prefeitos e vereadores, não hav- endo bis in idem nem incompatibilidade entre a responsabilização política e criminal estabelecida no Decreto-Lei 201/1967, com a responsabilização pela prática de ato de improbidade administrativa e respectivas sanções civis (art. 12, da LIA)”. Precedentes: REsp 1662580/GO, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 10/05/2017; AgRg no REsp 1368359/ES, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 26/10/2017; AgRg no AREsp 369.518/SP, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 28/03/2017; AgRg no AREsp 447.251/ 18 Redes Sociais por erro grosseiro inescusável b) obrigatório: o administrador é obrigado a solicitar o parecer do órgão consultivo, ou seja, o parecer integra o processo de formação do ato. Se o administrador discordar da conclusão técnica e pretender praticar o ato de forma di- versa, deverá submetê-lo a novo parecer. Em regra, o parecerista não se qualifica como sujeito ativo do ato de improbidade, salvo quando agir com culpa ou por erro grosseiro inescusável. Aqui está o parecer jurídico nas licitações (art. 38, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93). c) vinculante: o administrador é obrigado a solicitar o parecer do órgão consultivo e não poderá decidir senão nos termos da conclusão do parecer ou, então, não decidir. Nesse caso, o parecerista é SOLIDARIAMENTE responsável com a autoridade administrativa, havendo uma partilha do poder de decisão entre ambos. As- sim, o parecer deixa de ser meramente opina- Em 2012, o STF reconheceu a existência de repercussão geral em relação ao proces- samento e julgamento de prefeitos, por atos de improbidade administrativa, com base na Lei nº 8.429/92 (Tema 576 – RE nº 976.566). A matéria ainda não foi julgada pelo Plenário. Im- portante acompanhar. Agente público com atribuição con- sultiva (parecerista): O parecer constitui ato administrativo enunciativo, que veicula a opi- nião técnica do seu subscritor. Em julgamen- to do STF (MS nº 24.631/DF, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 01/02/2008), foram delineados 3 tipos de parecer: a) facultativo: o administrador não é obriga- do a solicitar o parecer do órgão consultivo, podendo discordar da conclusão técnica de forma fundamentada. Em regra, o parecerista não se qualifica como sujeito ativo do ato de improbidade, salvo quando agir com culpa ou19 Redes Sociais tivo e passa, na verdade, a ser tipicamente de- cisório. 20 Redes Sociais Terceiro é aquele que não é agente pú- blico, mas INDUZ (planta ideia antes inexisten- te), CONCORRE (participa do ilícito, presta au- xílio) para prática do ato ou dele se BENEFICIA direta ou indiretamente. Convém destacar que o terceiro somen- te pode ser responsabilizado por ação DOLO- SA, pois a culpa não se compatibiliza com a percepção de vantagem indevida e nem com as condutas de induzir ou concorrer. A mera instigação não configura improbidade. Um ponto extremamente importante definido pelo STJ é que a responsabilização de terceiros está condicionada à prática de um ato de improbidade por um agente público. Assim, não é possível a propositura de ação de improbidade exclusivamente contra o particular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda. (STJ. 1ª Turma. REsp 1.171.017-PA, Rel. Min. Sér- gio Kukina, julgado em 25/2/2014 – Info 535; Terceiro 21 Redes Sociais dos atos de improbidade sujeitam-se à Lei 8.429/1992” (STJ - REsp 1.122.177/MT, DJE 27/04/2011). Ressalte-se que as sanções serão aplicadas no que couber, sendo incompatíveis a perda da função e suspensão de direitos po- líticos. O STJ também já decidiu que, “conside- rando que as pessoas jurídicas podem ser be- neficiadas e condenadas por atos ímprobos, é de se concluir que, de forma correlata, podem figurar no polo passivo de uma demanda de improbidade, ainda que desacompanhada de seus sócios.” (REsp 970.393/CE, Rel. Minis- tro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TUR- MA, julgado em 21/06/2012, DJe 29/06/2012). No tocante aos herdeiros, podem figu- rar no polo passivo da ação de improbidade como sucessores, mas estarão sujeitos apenas às sanções patrimoniais até os limites da he- rança (art. 8º da LIA). STJ - AgRg no AREsp 574500/PA, Rel. Minis- tro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 02/06/2015, DJe 10/06/2015). O STJ também sedimentou entendi- mento no sentido de que não há litisconsórcio passivo necessário entre o agente público e os terceiros beneficiados com o ato ímpro- bo (STJ - AgRg no REsp 1421144/PB, Rel. Mi- nistro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, jul- gado em 26/05/2015, DJe 10/06/2015; REsp 1261057/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 05/05/2015, DJe 15/05/2015). Portanto, se a ação foi proposta apenas contra o agente público, não é obriga- tório que o terceiro também componha o polo passivo. Em relação às pessoas jurídicas, ape- sar de existir divergência na doutrina, prevale- ce no STJ o entendimento de que “as pessoas jurídicas que participem ou se beneficiem 22 Redes Sociais Os tipos de atos de improbidade es- tão previstos no art. 9º (enriquecimento ilícito), art. 10 (dano ao erário), art. 10-A (concessão ou aplicação indevida de incentivo financeiro ou tributário relativo ao ISS) e art. 11 (violação a princípios da Administração Pública) da Lei nº 8.429/92, e ainda no art. 52 da Lei nº 10.257/01 (Estatuto da Cidade), aplicável especificamente aos Prefeitos (e também Governador do DF). ATENÇÃO para a nova Lei nº 13.425/2017 (“Lei Boate Kiss”), que, no seu art. 13, traz hipó- tese de ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da Administração Pública (art. 11 da LIA) à o Prefeito que deixar de editar normas especiais de prevenção e combate a incêndio e a desastres para lo- cais de grande concentração e circulação de pessoas, no prazo máximo de 2 anos a contar da vigência da Lei nº 13.425/2017. Os arts. 9º, 10 e 11 apresentam rol exem- Tipos de Atos de Improbidades 23 Redes Sociais os subitens 7.02 (obras de construção civil), 7.05 (reformas) e 16.01 (transporte coletivo munici- pal) da lista anexa da LC 116/2003 (art. 8º-A, § 1º, da LC nº 116/03). Notadamente, tais hipóteses de atos de improbidade relacionadas ao ISS foram incluí- das pelo legislador com o objetivo de proteger o patrimônio público e evitar a guerra fiscal en- tre os municípios. No tocante ao elemento subjetivo, a doutrina e jurisprudência majoritária entendem que os atos que causam prejuízo ao erário (art. 10 da LIA) são os únicos que a lei admite a forma culposa. Em relação aos demais tipos de atos de improbidade (arts. 9º e 11 da LIA e art. 52 do Estatuto da Cidade), é necessária a demonstração do dolo. Nas hipóteses do novel art. 10-A da LIA, há divergência doutrinária. Para Rafael Oliveira plificativo (numerus apertus) de condutas, já que a lei utiliza a expressão “notadamente” an- tes de enumerá-las. Por sua vez, o art. 10-A da LIA, incluído pela LC nº 157/2016, ao fazer remissão a qual- quer ação ou omissão contrária ao art. 8º-A, caput e § 1º da LC nº 116/03, acabou definindo as situações específicas que caracterizam ato de improbidade, quais sejam: a) fixação da alíquota mínima do ISS inferior a 2% (art. 8ª-A, caput, da LC nº 116/03); e b) concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros relativos ao ISS, inclusive de redução de base de cálcu- lo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima de 2%, exceto para os serviços a que se referem 24 Redes Sociais dentes: REsp 951.389/SC, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, DJe 04/05/2011; REsp 1532378/SP, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 18/12/2017; AgInt no REsp 1678066/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17/10/2017). Interessante observar que, caso o ato provoque múltiplos resultados (ex: desvio de dinheiro público que enriqueceu ilicitamente o agente público e causou dano ao erário) deve prevalecer a conduta mais gravosa (enriqueci- mento ilícito) – princípio da consunção. Se houver atuação conjunta do agente público com terceiro, será a conduta do servi- dor que definirá o tipo de ato de improbidade. Nesse contexto, João Lordelo esclarece que “se não houve enquadramento por enriquecimento ilícito do agente, mas o terceiro se enriquece, o ato é um só: lesão ao erário (para o agente e o terceiro). Ex: contrato superfaturado, sendo que e Márcio Cavalcante (Dizer o Direito), exige-se a conduta dolosa, já que o ato de improbida- de administrativa só pode ser punido a título de mera culpa se isso estiver expressamente previsto na lei. Noutro sentido, Carvalho Filho defende que “em nosso entender, porém, a ti- pificação da improbidade do art. 10-A decorre- rá não só de dolo como de culpa, interpretação que se harmoniza com o art. 10, que, tendo o mesmo alvo protetivo [tutela do patrimônio pú- blico], admite ambos os elementos subjetivos.” Essa discussão ainda não chegou aos tribunais superiores. A jurisprudência do STJ sedimentou-se no sentido de que é suficiente para a configu- ração de improbidade administrativa o dolo genérico, consistente na simples vontade consciente de aderir à conduta, produzindo os resultados vedados pela norma jurídica. Não se exige a presença de dolo específico. (Prece- 25 Redes Sociais ato de improbidade: • É cabível a aplicação da pena de ressar- cimento ao erário nos casos de ato de improbidade administrativa consistente na dispensa ilegal de procedimento lic- itatório (art. 10, VIII, da Lei 8.429/1992) mediantefracionamento indevido do ob- jeto licitado. (STJ. 2ª Turma. REsp 1.376.524- RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/9/2014 - Info 549). OBS: Para o STJ, em casos de fraciona- mento de compras e contratações com o objeti- vo de se dispensar ilegalmente o procedimento licitatório o prejuízo ao erário é considerado presumido (in re ipsa), na medida em que o Po- der Público, por força da conduta ímproba do administrador, deixa de contratar a melhor pro- posta, o que gera prejuízos aos cofres públicos. • A prática de assédio moral enquadra-se na conduta prevista no art. 11, caput, da Lei nº 8.429/92, em razão do evidente o agente público não se enriqueceu (apenas um amigo dele, dono da empresa que vendeu de forma superfaturada). Há dano ao erário e não enriquecimento ilícito, pois o que importa é a conduta do servidor.” Conforme lições de Rafael Oliveira, “tem prevalecido o caráter residual do art. 11 e das sanções enumeradas no art. 12, III, da Lei 8.429/1992, uma vez que tais normas somen- te serão aplicadas nas hipóteses em que não for constatado o enriquecimento ilícito ou a le- são ao erário, pois tanto o enriquecimento ilícito quanto a lesão ao erário pressupõem a viola- ção aos princípios. A recíproca, no entanto, não é verdadeira, sendo possível, conforme já assi- nalado, a violação aos princípios, independen- temente do enriquecimento ilícito ou da lesão ao erário.” A seguir, alguns casos analisados pela jurisprudência do STJ sobre a configuração do 26 Redes Sociais • A conduta de contratar diretamente serviços técnicos sem demonstrar a sin- gularidade do objeto contratado e a notória especialização, e com cláusula de remuneração abusiva, fere o dever do ad- ministrador de agir na estrita legalidade e moralidade que norteiam a Administração Pública, amoldando-se ao ato de improbi- dade administrativa tipificado no art. 11 da Lei de Improbidade. É desnecessário per- quirir acerca da comprovação de enriquec- imento ilícito do administrador público ou da caracterização de prejuízo ao Erário. O dolo está configurado pela manifesta vontade de realizar conduta contrária ao dever de legalidade, corroborada pelos su- cessivos aditamentos contratuais, pois é in- equívoca a obrigatoriedade de formalização de processo para justificar a contratação de serviços pela Administração Pública sem o procedimento licitatório (hipóteses de dispensa ou inexigibilidade de licitação). (STJ. 2ª Turma. REsp 1377703/GO, Rel. p/ abuso de poder, desvio de finalidade e malferimento à impessoalidade, ao agir deliberadamente em prejuízo de alguém. (STJ. 2ª Turma. REsp 1286466/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 03/09/2013). • A tortura de preso custodiado em deleg- acia praticada por policial constitui ato de improbidade administrativa que aten- ta contra os princípios da administração pública. (STJ. 1ª Seção. REsp 1177910-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/8/2015 – Info 577). • Ainda que não haja dano ao erário, é pos- sível a condenação por ato de improbi- dade administrativa que importe enriquec- imento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92), excluindo-se, contudo, a possibilidade de aplicação da pena de ressarcimento ao erário.(STJ. 1ª Turma. REsp 1412214-PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Benedito Gonçalves, julgado em 8/3/2016 (Info 580). 27 Redes Sociais va instaurada contra servidor público fed- eral concluir que a infração funcional em tese praticada está capitulada como ilíci- to penal, a autoridade competente deverá encaminhar cópia dos autos ao Ministério Público, independentemente da imedia- ta instauração do processo disciplinar (art. 154, parágrafo único, da Lei nº 8.112/90). A autoridade que deixa de fazer esse en- caminhamento incorre na prática de ato de improbidade administrativa prevista no art. 11, II, da Lei nº 8.429/92 (“retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício”). (STJ. 1ª Turma. REsp 1312090/ DF, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 08/04/2014). • Não comete ato de improbidade ad- ministrativa o médico que cobra hon- orários por procedimento realizado em hospital privado que também seja con- veniado à rede pública de saúde, desde que o atendimento não seja custeado pelo próprio sistema público de saúde. Acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em 03/12/2013. STJ. 2ª Turma. REsp 1444874/ MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 03/02/2015). • Para a configuração dos atos de improbi- dade administrativa que atentam contra os princípios da administração pública (art. 11 da Lei 8.429/1992), é DISPENSÁVEL a comprovação de efetivo prejuízo aos cof- res públicos. (STJ. 1ª Turma. REsp 1192758- MG, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Sérgio Kukina, julgado em 4/9/2014 - Info 547). • Configura ato de improbidade adminis- trativa a propaganda ou campanha pub- licitária que tem por objetivo promover favorecimento pessoal, de terceiro, de partido ou de ideologia, com utilização in- devida da máquina pública. (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 496566/DF, Rel. Min. Hum- berto Martins, julgado em 27/05/2014). • Se o relatório da sindicância administrati- 28 Redes Sociais vir na liberação de preso para compare- cimento em enterro de sua avó, uma vez que não está presente o dolo, ou seja, a manifesta vontade, omissiva ou comissiva, de violar princípio constitucio- nal regulador da Administração Pública. A conduta do agente, apesar de ilegal, teve um fim até mesmo humanitário, pois conduz- iu-se no sentido de liberar provisoriamente o preso para que este pudesse comparecer ao enterro de sua avó, não consistindo, portan- to, em ato de improbidade, em razão da aus- ência do elemento subjetivo do tipo, o dolo. (STJ. 1ª Turma. REsp 1414933/RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 26/11/2013). • A ausência de prestação de contas, quan- do ocorre de forma dolosa, acarreta vi- olação ao Princípio da Publicidade. To- davia, o simples atraso na entrega das contas, sem que exista dolo na espé- cie, não configura ato de improbidade. Para a configuração do ato de improbi- (STJ. 1ª Turma. REsp 1414669-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/2/2014 (Info 537). OBS: Na situação concreta, o parto foi custeado pelo plano de saúde e, apesar disso, o médico também cobrou os valores da gestante. Não houve, contudo, prestação de serviços pelo SUS. Logo, o médico não atuou na qualidade de agente público, pois a mencionada qualifi- cação somente restaria configurada se o servi- ço tivesse sido pago pelos cofres públicos. • Configura ato de improbidade adminis- trativa a contratação temporária irregular de pessoal (sem qualquer amparo legal) porque importa em violação do princípio constitucional do concurso público. (STJ. 1ª Turma. REsp 1403361/RN, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 03/12/2013). • Não configura ato de improbidade a conduta do agente político de inter- 29 Redes Sociais dade previsto no art. 11, inc. VI, da Lei nº 8.429/92, não basta o mero atraso na prestação de contas, sendo necessário demonstrar a má-fé ou o dolo genérico. As- sim, por exemplo, se o Prefeito não presta contas, para que ele seja condenado por im- probidade administrativo será necessário provar que ele agiu com dolo ou má-fé. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1382436-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/8/2013 - Info 529) • Configura ato de improbidade administra- tiva a conduta de professor da rede públi- ca de ensino que, aproveitando-se des- sa condição, assedie sexualmente seus alunos. Isso porque essa condutaaten- ta contra os princípios da administração pública, subsumindo-se ao disposto no art. 11 da Lei nº 8.429/1992. (STJ. 2ª Turma. REsp 1255120-SC, Rel. Min. Humberto Mar- tins, julgado em 21/5/2013 - Info 523). 30 Redes Sociais As sanções estão previstas no art. 12 da LIA, de acordo com cada tipo de ato de impro- bidade: OBS: as sanções de perda da função pública e suspensão dos direitos políticos somente podem ser aplicadas após o trânsito em jul- gado. É possível o afastamento preventivo (de natureza cautelar) do agente público pela au- toridade administrativa ou pelo juiz, em casos Sanções Enriquecimento ilícito (art. 9º) Dano ao erário (art. 10) Violação a princí- pios (art. 11) Concessão ou aplicação indevida de benefícios do ISS (art. 10-A) Suspensão de direi- tos políticos 8 a 10 anos 5 a 8 anos 3 a 5 anos 5 a 8 anos Multa até 3 vezes o valor do acréscimo patrimonial até 2 vezes o valor do dano até 100 vezes o valor da remuneração até 3 vezes o valor do benefício Proibição de con- tratar com o Poder Público ou receber benefícios 10 anos 5 anos 3 anos XXX Perda de bens Perda de bens XXX XXX Perda da função Perda da função Perda da função Perda da função Ressarcimento ao erário Ressarcimento ao erário Ressarcimento ao erário XXX 31 Redes Sociais são adequados à dosimetria da sanção de im- probidade. Impende salientar que o art. 52 do Esta- tuto da Cidade tipifica as condutas enumeradas como ato de improbidade, sem, contudo, fixar as respectivas sanções. A partir de uma interpreta- ção sistemática com a Lei nº 8.429/92, deve-se analisar, no caso concreto, se o ato acarretou enriquecimento ilícito, dano ao erário ou viola- ção aos princípios, a fim de aplicar as sanções previstas no art. 12 da LIA. Convém destacar a previsão do art. 39, VII, “c” e § 2°, da Lei nº 13.019/2014, segundo o qual, as organizações da sociedade civil, sem fins lucrativos, sancionadas por qualquer ato de improbidade administrativa, não poderão cele- brar parcerias com a Administração Pública, en- quanto perdurarem os efeitos das sanções pre- vistas no art. 12 da Lei 8.429/1992 ou enquanto não houver o ressarcimento ao erário. excepcionais, quando houver risco de prejuízo à instrução processual (art. 20, caput e pará- grafo único da LIA). Segundo Carvalho Filho, as sanções da Lei de Improbidade são de natureza extrapenal e, portanto, têm caráter de sanção civil. Em observância ao princípio da propor- cionalidade, o magistrado deverá aplicar as sanções de forma isolada ou cumulativamen- te, de acordo com a gravidade do fato, levando em consideração a extensão do dano causado e o proveito patrimonial obtido pelo agente (art. 12, caput e parágrafo único). Para Carvalho Fi- lho, o legislador disse menos do que deveria, existindo outros elementos valorativos que o juiz poderá se amparar para a fixação da san- ção (intensidade do dolo, reincidência, nature- za da participação dos agentes, circunstâncias do fato, etc.). Defende que os elementos de valoração previstos no art. 59 do Código Penal 32 Redes Sociais nº 7.347/85). ATENÇÃO: A ação de ressarcimento ao erário decorrente de ato de improbidade é IMPRESCRITÍVEL. Em importante precedente, o STF decidiu que a ressalva contida na parte final do § 5º do art. 37 da CF/88 deve ser inter- pretada de forma estrita, em conjunto com o § 4º, aplicando-se, em princípio, apenas aos ca- sos de improbidade administrativa. Assim, de- finiu que é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil (RE 669.069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 03/02/2016 - repercussão geral), entendimento que não alcança os prejuízos oriundos de atos de improbidade. Desse modo, continua aplicável a juris- prudência do STJ no sentido de que “a even- tual prescrição das sanções decorrentes dos atos de improbidade administrativa não obsta o prosseguimento da demanda quanto ao plei- A seguir, breves comentários sobre cada tipo de sanção: a) Perda de bens ou valores acrescidos il- icitamente ao patrimônio: busca inibir o en- riquecimento ilícito. Se o bem ainda estiver em poder do agente, deverá ser objeto de reversão ao patrimônio público. Na impossibilidade de devolução, a sanção deve ser substituída pelo ressarcimento do dano. b) Ressarcimento integral do dano: tem natureza indenizatória e pressupõe a existên- cia de dano ao patrimônio público (vide art. 21, inciso I, da LIA). A doutrina majoritária admite indenização por dano moral. O ressarcimento atinge a totalidade de bens do réu, inclusive os anteriores à prática do ato de improbidade. Os recursos serão destinados à pessoa jurídica lesada, diferentemente do que ocorre na ação civil pública, em que a indenização, em regra, é revertida a um fundo específico (art. 13 da Lei 33 Redes Sociais tem previsão na Lei de Improbidade”. Todavia, o STJ já admitiu a cassação de aposenta- doria de agente público condenado por ato de improbidade: “A Lei 8.429/92 não comina, expressamente, a pena de cassação de apo- sentadoria a agente público condenado pela prática de atos de improbidade em sentença transitada em julgado. Todavia, é consequên- cia lógica da condenação à pena de demissão pela conduta ímproba infligir a cassação de aposentadoria a servidor aposentado no curso de Ação de Improbidade.” (MS 20.444/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, DJe 11/03/2014). No tocante aos membros do Legislativo, os Deputados Federais e Senadores estão su- jeitos a regime especial e, conforme o art. 55 da CF, a perda de mandato resulta de decisão da Câmara dos Deputados ou do Senado ou de declaração da Mesa da Casa respectiva. Nos to de ressarcimento dos danos causados ao erário, que é imprescritível (art. 37, § 5º da CF)” (STJ - AgRg no AREsp 663951/MG, Rel. Minis- tro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 14/04/2015, DJe 20/04/2015). c) Perda da função pública: aplicável exclu- sivamente aos agentes públicos, não se esten- dendo a terceiros, já que não mantêm vínculo com o Estado. A sanção é efetivada pela cas- sação (agente titular de mandato), demissão (servidor estatutário), rescisão do contrato de trabalho (servidor trabalhista ou temporário), ou revogação da designação da função (agen- te apenas exerce uma função pública). Em relação aos aposentados, Carva- lho Filho entende que “a sanção não incide sobre aposentados, cuja vinculação jurídica já sofreu prévia extinção; o vínculo previdenciário só se extingue por outro tipo de punição, a cas- sação de aposentadoria, que, entretanto, não 34 Redes Sociais 8.429/92. Os dois sistemas convivem harmoni- camente. Assim, foi definido que “é possível, no âmbito de ação civil pública de improbidade administrativa, a condenação de membro do Ministério Público à pena de perda da função pública prevista no art. 12 da Lei 8.429/1992.”. Portanto, a perda do cargo pode decorrer do trânsito em julgado da sentença condenató- ria proferida por juiz de primeiro grau em ação de improbidade. (STJ. 1ª Turma. REsp 1191613- MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 19/3/2015 - Info 560). d) Suspensão de direitos políticos: a sen- tença deve ser expressa ao aplicar essa sanção, ao contrário do que ocorre na sentença penal, em que a suspensão de direitos políticos é imediata após o trânsito em julgado (art. 15, III, daCF). e) Pagamento de multa civil: não possui natureza indenizatória, mas sim de sanção civ- termos do art. 27, § 1º, da CF, a mesma prerro- gativa quanto à perda de mandato foi esten- dida aos Deputados Estaduais. Portanto, não podem sofrer a sanção de perda da função pú- blica por ato de juiz em ação de improbidade. Em relação aos Vereadores, é possível o ma- gistrado de primeiro grau aplicar a cassação do mandato em ação de improbidade. Quanto aos agentes dotados de vitali- ciedade (magistrados, membros do MP e dos Tribunais de Contas), a polêmica refere-se ao órgão competente para aplicar a sanção de perda do cargo. As Leis Orgânicas dessas car- reiras preconizam uma série de requisitos para a perda do cargo, que somente pode ser de- cretada por decisão do respectivo tribunal. Se- gundo decidiu o STJ em 2015, as ações especí- ficas previstas na LC nº 75/93 e Lei nº 8.625/93 não impedem que o agente também seja processado e condenado com base na Lei nº 35 Redes Sociais a administração pública, direta e indireta, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Portanto, não atinge apenas a entidade prejudicada com o ato de improbidade. O candidato deve atentar que, ao con- trário das demais sanções, na hipótese de proi- bição de contratar e receber benefícios, o pra- zo previsto pelo legislador é fixo. Assim, não há um intervalo de tempo para o juiz aplicar o pra- zo que entender mais adequado. Importante destacar que, nos termos do art. 12 da LIA, a sanção aplicada à pessoa física também se estende à pessoa jurídica da qual faz parte o ímprobo como sócio majoritário. Se houver simulação de cessão de cotas pelo ím- probo com o objetivo de tornar-se sócio mino- ritário e a empresa voltar a ser contratada pelo Poder Público, na tentativa de burlar a penali- dade aplicada na decisão judicial, a Adminis- il (a indenização corresponde ao ressarcimento integral do dano, visto no item “b” acima). O pro- duto da multa civil deve ser destinado à pessoa jurídica lesada. O STJ já decidiu que “a condenação pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por infringência às disposições contidas na Lei n. 9.504/1997 (Lei das Eleições) não impede a imposição de nenhuma das sanções previstas na Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade Ad- ministrativa), inclusive da multa civil, pelo ato de improbidade decorrente da mesma con- duta.” (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 606.352- SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 15/12/2015 - Info 576). f) Proibição de contratar com o Poder Pú- blico e receber benefícios: a doutrina ma- joritária (Carvalho Filho, Emerson Garcia, Roge- rio Pacheco Alves), entende que a expressão “Poder Público” contida no art. 12 da LIA alcança 36 Redes Sociais tração poderá (poder-dever) desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade. Assim, afasta-se a autonomia da pessoa jurídica para também estender a ela a proibição de contra- tar, aplicada a seu sócio. Em relação à proibição de receber be- nefícios, a sanção alcança incentivos fiscais ou creditícios de natureza pessoal (ex: anistia fis- cal, remissão tributária, isenção restrita, sub- venções e subsídios pessoais). Não devem ser excluídos os benefícios genéricos (ex: isenção geral), sob pena de ofensa ao princípio da im- pessoalidade tributária. 37 Redes Sociais Encontra-se previsto nos artigos 14 a 16 da Lei nº 8.429/92 e implica a instauração de processo administrativo para apurar ato de im- probidade. O art. 14, § 1º, da LIA dispõe que a repre- sentação à autoridade administrativa (incluí- da no direito de petição – art. 5º, XXXIV, “a”, da CF/88) seja escrita ou reduzida a termo, con- tendo a qualificação do representante. Todavia, é importante destacar que a jurisprudência tem admitido que o Poder Público seja provocado por denúncia anônima. Nesse caso, a Adminis- tração deve adotar medidas informais, de ave- riguação sumária, preliminar, a fim de apurar a verossimilhança dos fatos narrados e a pos- sível ocorrência de ilicitude. Assim, caso seja averiguado que a denúncia anônima possui indícios de veracidade e seriedade, poderá (poder-dever) ser instaurado o processo ad- ministrativo. Esse entendimento também se Procedimento Administrativo 38 Redes Sociais aplica à instauração de procedimento adminis- trativo disciplinar (PAD), baseado em infração ao estatuto do servidor. 39 Redes Sociais A ação de improbidade administrati- va constitui relevante instrumento de controle judicial sobre a Administração Pública, assim como o mandado de segurança individual e coletivo, mandado de injunção, habeas data, ação popular, ação civil pública, cada um com seu objetivo específico, conforme definido no ordenamento jurídico. Segundo Rafael Oliveira, “a ação de improbidade administrativa é o ins- trumento processual que tem por objetivo apli- car sanções aos agentes públicos ou terceiros que praticarem atos de improbidade adminis- trativa”. A doutrina e jurisprudência majoritária entendem que a natureza da ação de improbi- dade é de ação civil pública, com algumas re- gras procedimentais próprias, previstas na Lei nº 8.429/92. Processo Judicial (Ação de Improbidadde) 40 Redes Sociais LIA, introduzido pela LC nº 157/2016, conside- ra-se interessado o município situado no polo ativo da obrigação tributária do imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS), em razão do que preceitua o ato de improbidade do art. 10-A. Oportuno destacar a posição do profes- sor Márcio Cavalcante (Dizer o Direito) em am- pliar a extensão do referido § 13 do art. 17 da LIA, incluindo também o município prejudica- do pela guerra fiscal (ex: município que reduziu a alíquota do imposto abaixo de 2%, atraindo novas empresas prestadoras de serviços, pre- judicou o município vizinho). O autor assevera que “a ‘pessoa jurídica interessada’ não é ape- nas o Município no qual o ato de improbidade está sendo praticado. O Município que está sen- do prejudicado pela concessão de isenção em desacordo com o art. 8º-A da LC 116/2003 tam- bém deve ser considerado como ‘pessoa jurídica LEGITIMIDADE: A legitimidade ativa é concorrente entre o Ministério Público e a pessoa jurídica interes- sada (lesada). Se o MP não ajuizar a ação, atua- rá obrigatoriamente como custos legis (art. 17, § 4º, da LIA). Quando o MP é o autor da ação, aplica-se a inversão de legitimidade prevista no § 3º do art. 6º da Lei da Ação Popular (Lei 4.717/65), segundo o qual a pessoa jurídica po- derá atuar ao lado do MP, desde que tal provi- dência atenda ao interesse público (art. 17, § 3º, da LIA). Se houver desistência da pessoa jurídi- ca que ajuizou a ação, o MP poderá assumir o polo ativo (sucessão processual), em aplicação analógica da norma prevista no microssiste- ma das ações coletivas – art. 9° da Lei 4.717/65 (LAP) e art. 5º, § 3°, da Lei 7.347/85 (LACP) Segundo o disposto no art. 17, § 13, da 41 Redes Sociais clarar a inconstitucionalidade do art. 84, § 2º, do CPP, definiu que não há foro por prerrogativa de função na ação de improbidade, pois cabe exclusivamente à Constituição Federal instituir tal foro especial (ADI 2797). Na hipótese de verbas federais transferi- das a município mediante convênio, o STJ tem entendido que, se os recursos forem incorpo- rados ao patrimônio municipal, acompetên- cia será da Justiça Estadual (regra). Todavia, se a União (ou autarquia federal, fundação federal ou empresa pública federal) mani- festar interesse de intervir na causa, a com- petência será da Justiça Federal, em virtude do art. 109, I, da CF/88 (exceção). Confira-se a jurisprudência do STJ, especialmente no que tange à aplicação das Súmulas 208 e 209 no âmbito cível: • Súmula 208 STJ - Compete à Justiça Fed- eral processar e julgar Prefeito Municipal interessada’ e poderá propor a ação de improbi- dade ou intervir no processo como interessado.”. A jurisprudência dos tribunais superiores ainda não se manifestou sobre essa questão. A legitimidade passiva é atribuída a quem cometeu o ato de improbidade, abran- gendo agentes públicos e terceiros. Importan- te relembrar duas teses definidas pelo STJ: a) não é possível a propositura de ação de improbidade exclusivamente contra o partic- ular, sem a concomitante presença de agente público no polo passivo da demanda; e b) não há litisconsórcio passivo necessário entre o agente público e os terceiros beneficia- dos com o ato ímprobo COMPETÊNCIA: A ação de improbidade será ajuizada perante o juízo de primeiro grau. O STF, ao de- 42 Redes Sociais “verba sujeita a prestação de contas peran- te órgão federal” (Súmula 208), trata-se de “verba transferida e incorporada ao patrimô- nio municipal” (Súmula 209). Ocorre que es- ses enunciados provêm da Terceira Seção do STJ e, por isso, versam sobre hipóteses de fixação da competência em matéria penal, em que basta o interesse da União, de suas autarquias ou empresas públicas para deslocar a competência para a Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. No âmbito cível, entretanto, deve- se observar uma distinção na aplicação desses enunciados, visto que o art. 109 da CF elenca a competência da Justiça Fed- eral em um rol taxativo em que, em seu in- ciso I, menciona as causas a serem julga- das por juízo federal em razão da pessoa, competindo a este último “decidir sobre a existência [ou não] de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas” (Súmula 150 do STJ). Assim, a despeito de a por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. • Súmula 209 STJ - Compete à Justiça Estad- ual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimô- nio municipal. • Compete à Justiça Estadual - e não à Justiça Federal - processar e julgar ação civil pública de improbidade administra- tiva na qual se apure irregularidades na prestação de contas, por ex-prefeito, rel- acionadas a verbas federais transferidas mediante convênio e incorporadas ao patrimônio municipal, a não ser que exis- ta manifestação de interesse na causa por parte da União, de autarquia ou empresa pública federal. Nessa situação, pode-se, em tese, visualizar conflito entre as Súmulas 208 e 209 do STJ, que determinam, respec- tivamente, hipóteses de competência da Justiça Federal e da Justiça Estadual. Isso porque, embora a ação tenha por objeto 43 Redes Sociais praticadas na utilização ou prestação de contas de valores decorrentes de con- vênio federal, o simples fato das verbas estarem sujeitas à prestação de contas perante o Tribunal de Contas da União, por si só, não justifica a competência da Justiça Federal. (...) (STJ. 1ª Seção. AgRg no CC 139.562/SP, Rel. Min. Olindo Menezes (Des. Conv. do TRF 1ª Região), julgado em 25/11/2015) O procedimento da ação de improbida- de pode ser resumido nas seguintes fases: 1. Propositura da ação (prevenção da com- petência do juízo – art. 17, § 5º, da LIA); 2. Notificação do requerido para manifes- tação prévia, que pode ser instruída com docu- mentos, no prazo de 15 dias (art. 17, § 7º, da LIA); 3. Juiz decide se: a) rejeita a inicial e extingue o processo Súmula 208 do STJ afirmar que “Compete à Justiça Federal processar e julgar pre- feito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão fed- eral”, a competência absoluta enunciada no art. 109, I, da CF faz alusão, de forma clara e objetiva, às partes envolvidas no processo, tornando despicienda, dessa maneira, a análise da matéria discutida em juízo. Nesse contexto, a Segunda Tur- ma do STJ já decidiu que “A competência da Justiça Federal, em matéria cível, é aquela prevista no art. 109, I, da Constituição Feder- al, que tem por base critério objetivo, sen- do fixada tão só em razão dos figurantes da relação processual, prescindindo da análise da matéria discutida na lide” (REsp 1.325.491- BA, DJe 25/6/2014). CC 131.323-TO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 25/3/2015, DJe 6/4/2015 – Info 559) • Nas ações de ressarcimento ao erário e de improbidade administrativa ajuiza- das em face de eventuais irregularidades 44 Redes Sociais tição inicial da ação de improbidade deve ser recebida pelo juiz, pois, na fase inicial prevista no art. 17, §§ 7º, 8º e 9º, da Lei n.° 8.429/92, vale o princípio do in dubio pro societate, a fim de possibilitar o maior resguardo do interesse pú- blico. No caso concreto, o STJ entendeu que deveria ser recebida a petição inicial de ação de improbidade no caso em que determina- do prefeito, no contexto de campanha de es- tímulo ao pagamento do IPTU, fizera constar seu nome, juntamente com informações que colocavam o município entre outros que deti- nham bons índices de qualidade de vida, tan- to na contracapa do carnê de pagamento do tributo quanto em outros meios de comunica- ção. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.317.127-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 7/3/2013 - Info 518). 4. Instrução processual. 5. Sentença. Nesse ponto, são de grande com ou sem resolução do mérito, quando con- vencido da inexistência do ato de improbidade, a improcedência do pedido ou a inadequação da ação à Recurso: APELAÇÃO; ou b) recebe a inicial, se houver indícios da prática do ato de improbidade, e ordena a cita- ção do réu para apresentar contestação. Esse juízo preliminar é chamado de juízo de deliba- ção à Recurso: AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ainda que a decisão receba a inicial, mas a re- jeite em relação a alguns réus, cabe o agravo de instrumento. Nesse caso, o STJ, aplicando o princípio da fungibilidade recursal, já admi- tiu o conhecimento da apelação, desde que não haja má-fé. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1305905-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julga- do em 13/10/2015 - Info 574). OBS: De acordo com a jurisprudência do STJ, existindo meros indícios de cometimento de atos enquadráveis na Lei nº 8.429/92, a pe- 45 Redes Sociais Por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei 4.717/1965, as sentenças de improcedência de Ação Civil Pública sujeitam-se indistintamente ao reexame necessário (REsp 1.108.542/SC, Rel. Min- istro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 29/5/2009). Julgada improcedente Ação de Improbidade Administrativa, há necessidade de remessa oficial, independente do valor da sucum- bência.” (STJ - AgInt no REsp 1379659/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUN- DA TURMA, julgado em 28/03/2017, DJe 18/04/2017) OBS: havia julgado da 1ª Turma do STJ em sentido contrário (vide REsp 1.220.667-MG, 1ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 4/9/2014 - Info 546). Nos termos do § 1º do art. 17, é vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de improbidade. Portanto, não cabe Termo de relevância os seguintes julgados do STJ: • “A sentença que concluir pela carênciaou pela improcedência de ação de im- probidade administrativa está sujeita ao reexame necessário, com base na apli- cação subsidiária do CPC e por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65.” (STJ. 1ª Seção. EREsp 1220667-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/5/2017 - Info 607). • “É patente a possibilidade de utilização da lei de regência da Ação Popular (Lei 4.717/1965) como fonte do microssistema processual de tutela coletiva, prevalecendo, inclusive, sobre disposições gerais do Código de Pro- cesso Civil. A existência dos microssiste- mas processuais em nosso Ordenamento Jurídico é reconhecida em diversas searas de direitos coletivos, de forma que os seus instrumentos podem ser utilizados com o escopo de propiciar sua adequada e efetiva tutela. 46 Redes Sociais Ajustamento de Conduta - TAC (lembrar que a Medida Provisória nº 703/2015 que havia revo- gado o dispositivo perdeu vigência). 47 Redes Sociais A LIA prevê a possibilidade de decreta- ção da indisponibilidade de bens (art. 7º), se- questro de bens (art. 16) e afastamento cautelar do agente público (art. 20, parágrafo único). A única que a lei permite que seja aplicada di- retamente pela autoridade administrativa é o afastamento cautelar do servidor (vimos que se trata de norma federal, destinada à União). Esse afastamento temporário não possui prazo (a duração é enquanto for necessário à instru- ção processual) e é efetivado sem prejuízo da remuneração do servidor. As demais providên- cias devem ser requeridas ao juízo competente (reserva de jurisdição). Convém salientar que o Novo CPC su- primiu as medidas cautelares como procedi- mentos autônomos, passando a incluí-las no âmbito da tutela de urgência de natureza cau- telar (art. 301 do CPC/15). ATENÇÃO para a indisponibilidade de Medidas Cautelares 48 Redes Sociais • É possível a decretação de indisponibili- dade e sequestro de bens antes mesmo do recebimento da petição inicial da ação civil pública destinada a apurar a práti- ca de ato de improbidade administrativa. (AgRg no REsp 1317653/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julga- do em 07/03/2013, DJe 13/03/2013 - INFO 518). • Na ação de improbidade, a decretação de indisponibilidade de bens pode recair so- bre aqueles adquiridos anteriormente ao suposto ato, além de levar em consider- ação, o valor de possível multa civil como sanção autônoma. (REsp 1461892/BA, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUN- DA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 06/04/2015; REsp 1461882/PA, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julga- do em 05/03/2015, DJe 12/03/2015). OBS: é irrelevante se a indisponibilidade recaiu sobre bens anteriores ou posteriores ao bens, prevista no art. 7º da LIA, que tem o obje- tivo de evitar a dilapidação patrimonial por par- te do réu. A jurisprudência do STJ tem fixado di- versos entendimentos importantes. Confira-se: • É possível o deferimento da medida acau- telatória de indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa nos autos da ação principal sem audiência da parte adversa e, portanto, antes da notifi- cação a que se refere o art. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/92. (AgRg no AREsp 460279/MS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUN- DA TURMA, julgado em 07/10/2014, DJe 27/11/2014; REsp 1197444/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEI- RA TURMA, julgado em 27/08/2013, DJe 05/09/2013) OBS: trata-se da concessão de liminar inaudita altera pars (sem ouvir o réu) com vistas a assegurar o resultado útil da tutela jurisdicio- nal, qual seja, o ressarcimento ao erário. 49 Redes Sociais ato tido como ímprobo. • Em que pese o silêncio do art. 7º da Lei n. 8.429/92, uma interpretação sistemática que leva em consideração o poder geral de cautela do magistrado induz a concluir que a medida cautelar de indisponibilidade dos bens também pode ser aplicada aos atos de improbidade administrativa que impliquem violação dos princípios da ad- ministração pública, mormente para asse- gurar o integral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, se houver, e ainda a multa civil prevista no art. 12, III, da Lei n. 8.429/92” (AgRg no REsp 1.311.013/RO, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TUR- MA, julgado em 4/12/2012, DJe 13/12/2012; MC 24.205/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/04/2016, DJe 19/04/2016). • Pode ser decretada a indisponibili- dade dos bens ainda que o acusado não esteja se desfazendo de seus bens. É desnecessária a prova de que os réus estejam dilapidando efetivamente seus patrimônios ou de que eles estariam na iminência de fazê-lo (prova de periculum in mora concreto). O requisito do pericu- lum in mora está implícito no referido art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 8.429/1992, que visa assegurar “o integral ressarcimen- to” de eventual prejuízo ao erário, o que, in- clusive, atende à determinação contida no art. 37, § 4º, da CF/88. Como a indisponibilidade dos bens visa evitar que ocorra a dilapidação patrimonial, não é razoável aguardar atos concretos direciona- dos à sua diminuição ou dissipação, na me- dida em que exigir a comprovação de que esse fato estaria ocorrendo ou prestes a ocorrer tornaria difícil a efetivação da medi- da cautelar em análise. Além do mais, o disposto no referido art. 7º em nenhum momento exige o requisito da urgência, reclamando apenas a demon- 50 Redes Sociais está implícito no comando do art. 7º, parágra- fo único, da LIA, em razão da natureza do bem protegido. Nessa esteira, o STJ concluiu ainda que a indisponibilidade de bens prevista na LIA consiste em uma tutela de evidência, pois bas- ta a comprovação da plausibilidade do direito alegado (fumus boni iuris). • Os bens de família podem ser objeto de medida de indisponibilidade prevista na Lei de Improbidade Administrativa, uma vez que há apenas a limitação de even- tual alienação do bem. (REsp 1461882/ PA, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEI- RA TURMA, julgado em 05/03/2015, DJe 12/03/2015; REsp 1260731/RJ, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, jul- gado em 19/11/2013, DJe 29/11/2013). OBS: Segundo o STJ, o caráter de bem de família de imóvel não tem a força de obs- stração, numa cognição sumária, de que o ato de improbidade causou lesão ao pat- rimônio público ou ensejou enriquecimento ilícito. Vale ressaltar, no entanto, que a decre- tação da indisponibilidade de bens, apesar da excepcionalidade legal expressa da desnecessidade da demonstração do ris- co de dilapidação do patrimônio, não é uma medida de adoção automática, devendo ser adequadamente fundamentada pelo magistrado, sob pena de nulidade (art. 93, IX, da Constituição Federal), sobretudo por se tratar de constrição patrimonial. (REsp 1319515/ES). (STJ. 1ª Seção. REsp 1366721-BA, Rel. Min. Na- poleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Og Fernandes, julgado em 26/2/2014 (recurso repetitivo) - Info 547). OBS: o candidato deve atentar que o STJ não dispensou o periculum in mora. Tal requisito 51 Redes Sociais Percebe-se que o entendimento acima exposto é contraditório com julgados do STJ que afirmam que é possível que a indisponibi- lidade recaia sobre bem de família, que, como se sabe, é impenhorável. • É possível que se determine a indisponib- ilidade de bens em valor superior ao indi- cado na inicial da ação, visando a garantir o integral ressarcimento de eventual pre- juízo ao erário, levando-se em consider- ação, até mesmo, o valor de possível multa civil como sançãoautônoma. Isso porque a indisponibilidade acautelatória prevista na Lei de Improbidade Administrativa tem como finalidade a reparação integral dos danos que porventura tenham sido cau- sados ao erário. (REsp 1176440-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/9/2013). • É desnecessária a individualização dos bens sobre os quais se pretende fazer re- cair a indisponibilidade prevista no art. tar a determinação de sua indisponibilidade nos autos de ação civil pública, pois tal medi- da não implica em expropriação do bem (REsp 1204794/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 16/05/2013). • A indisponibilidade de bens prevista na LIA pode alcançar tantos bens quantos necessários a garantir as consequências financeiras da prática de improbidade, excluídos os bens impenhoráveis assim definidos por lei. (AgRg no AREsp 436929/ RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/10/2014, DJe 31/10/2014; REsp 1461892/BA, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUN- DA TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 06/04/2015) OBS: o STJ fundamenta que, como os bens não poderão assegurar uma futura execu- ção, não pode ser decretada sua indisponibili- dade. 52 Redes Sociais 7º, parágrafo único, da Lei n.° 8.429/92. (AgRg no REsp 1307137/BA, Rel. Min. Mau- ro Campbell Marques, 2ª Turma, julgado em 25/09/2012). • Ainda que proferida por juízo absoluta- mente incompetente, é válida a decisão que, em ação civil pública proposta para a apuração de ato de improbidade adminis- trativa, tenha determinado — até que haja pronunciamento do juízo competente — a indisponibilidade dos bens do réu a fim de assegurar o ressarcimento de suposto dano ao patrimônio público. (STJ. 2ª Turma. REsp 1.038.199-ES, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 7/5/2013 (Info 524). 53 Redes Sociais O prazo prescricional para ajuizamento da ação de improbidade é fixado pelo art. 23 da LIA de acordo com a natureza do vínculo do agente ao Estado: a) servidor que ocupa mandato, cargo em comissão ou função de confiança: 5 anos após o término do mandato ou do exercício do cargo ou função – inciso I. Observa-se que o início do prazo ocor- re a partir da extinção do vínculo. Assim, na hi- pótese de reeleição, o prazo somente se inicia após o término do último mandato. Atenção para o seguinte julgado do STJ: O prazo prescricional em ação de im- probidade administrativa movida contra pre- feito reeleito só se inicia após o término do segundo mandato, ainda que tenha havido descontinuidade entre o primeiro e o segun- do mandato em razão da anulação de pleito Prescrição: 54 Redes Sociais tados da data da apresentação à Adminis- tração Pública da prestação de contas final – inciso III. ATENÇÃO: Se o agente que praticar o ato de improbidade ocupa, cumulativamen- te, cargo efetivo e cargo comissionado, qual o prazo prescricional? Segundo o STJ, por inter- pretação teleológica, aplica-se o prazo previs- to para o cargo/emprego efetivo (inciso II), pois o vínculo entre o agente e a Administração não cessa com a exoneração do cargo em comis- são. ATENÇÃO: Se o agente que praticou o ato de improbidade é servidor temporário (art. 37, IX, da CF/88), qual o prazo prescricional? Há divergência doutrinária. Para Rafael Oliveira, Emerson Garcia e Márcio Cavalcante, aplica-se o inciso I, eis que o dispositivo menciona outros agentes com vínculos não duradouros com a Administração (mandato, função de confiança eleitoral, com posse provisória do Presidente da Câmara, por determinação da Justiça Elei- toral, antes da reeleição do prefeito em no- vas eleições convocadas. (STJ. 2ª Turma. REsp 1414757-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julga- do em 6/10/2015 – Info 571). b) servidor efetivo ou ocupante de emprego público: no prazo prescricional con- templado em lei específica para a pena de demissão a bem do serviço público (na esfera federal, esse prazo é de 5 anos – salvo se a in- fração também for crime – contados a partir da data em que o fato se tornou conhecido – art. 142 da Lei 8.112/90) – inciso II. c) entidades referidas no parágrafo único do art. 1º da LIA (que recebem sub- venção, benefício ou incentivo fiscal ou creditício de órgão público ou cuja criação ou custeio o erário haja concorrido com MENOS de 50% do patrimônio ou da receita anual): 5 anos con- 55 Redes Sociais de improbidade, conforme jurisprudência do STJ: • “O STJ, interpretando o art. 23 da LIA, que regula o prazo prescricional para a proposi- tura da ação de improbidade administrativa, já consolidou entendimento no sentido de que não se mostra possível decretar a ocorrência de prescrição intercorrente nas ações de improbidade administrati- va, porquanto referido dispositivo legal so- mente se refere a prescrição quinquenal para ajuizamento da ação, contados do término do exercício do mandato, cargo em comissão ou função de confiança. Prec- edente: REsp 1.218.050/RO, Rel. Min. Na- poleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 20/9/2013 (AgInt no AREsp 962.059/ PI, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/04/2017, DJe 29/05/2017). Por fim, conforme vimos anteriormente, a prescrição não atinge o direito da Adminis- e comissionados). Já para Carvalho Filho, apli- ca-se o inciso II, pois o autor entende que “as hipóteses do inciso I são expressas e as do inciso II excluem apenas mandatos, cargos em comis- são e funções de confiança, contidos naquele”. Em relação à prescrição em face de ato de improbidade praticado por TERCEIRO, a lei é omissa, havendo divergência doutrinária. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que prevalece o mesmo prazo prescri- cional aplicável ao agente público envolvi- do (AgInt no AREsp 986.279/RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em 24/10/2017, DJe 30/10/2017; AgRg no REsp 1.541.598/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 13/11/2015; REsp 1.156.519/RO, Rel. Min. Castro Meira, jul- gado em 18/06/2013). Outro ponto que merece destaque é que não há prescrição intercorrente na ação 56 Redes Sociais tração Pública de pleitear o ressarcimento de danos ao erário decorrente de ato de improbi- dade. Nessa hipótese, a ação é imprescritível. 57 Redes Sociais • Nas ações civis por ato de improbidade ad- ministrativa, o prazo prescricional é inter- rompido com o mero ajuizamento da ação de improbidade dentro do prazo de 5 anos contado a partir do término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança, ainda que a citação do réu seja efetivada após esse prazo. Assim, se a ação de improbidade foi ajuiza- da dentro do prazo prescricional, eventual demora na citação do réu não prejudica a pretensão condenatória da parte autora. (STJ. 2ª Turma. REsp 1391212-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/9/2014 - Info 546). • No caso de condenação pela prática de ato de improbidade administrativa que aten- ta contra os princípios da administração pública, as penalidades de suspensão dos direitos políticos e de proibição de con- tratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou cred- itícios não podem ser fixadas abaixo de 3 Jurisprudência Aplicável ao Tema Improbidade Administrativa (outros julgados): 58 Redes Sociais ração de ato ímprobo atribuído a magis- trado mesmo que já exista concomitante procedimento disciplinar na Corregedoria do Tribunal