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TCC LUDICIDADE NA ESCOLA / CURSO DE PEDAGOGIA

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INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS – FACEL
LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO
 BELO HORIZONTE – MG 2017
IPEMIG - Instituto Pedagógico de Minas Gerais www.ipemig.com.br (31) 3484-4334 - (31) 8642-1801 "É mais que educação, é EVOLUÇÃO"
	
	
 LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
Ao Instituto IPEMIG/FACEL como requisito para
Obtenção do título de especialista em PEDAGOGIA
XXXXXXXXArtigo Científico. Belo Horizonte: IPEMIG/ FACEL, 2017. Especialização em PEDAGOGIA
RESUMO
 Valorizar a infância no desenvolvimento humano requer estar atento ao detalhamento acerca de cada uma das culturas das crianças. É importante lembrar que tais condições estruturantes das culturas infantis não são estáveis ou estáticas, estando sujeitas a transformações decorrentes de inúmeras outras mudanças sociais. Por isso, o próprio Sarmento (2004) realça a “institucionalização educativa da infância”, referindo que cada vez um número maior de crianças passa boa parte do seu tempo diário em instituições educativas, mesmo antes da idade obrigatória, apesar da fragilização da escola, dos problemas de qualidade e dos indicadores de ineficiência ou insucesso escolar. Do mesmo modo, Mollo-Bouvier (2005) e Plaisance (2004) destacam que as crianças se veem envolvidas cada vez mais precocemente no processo de escolarização, adentrando mais cedo na “grande escola”. Do quadro teórico construído, toma-se como principais referências para a construção do conceito: Gilles Brougere (1998), Cipriano Luckesi (2004; 2006; 2007), Lev S. Vygotsky (2008). Para estes autores, a ludicidade e as atividades lúdicas estão para muito além de simples atividades recreativas – são expressões de uma determinada cultura, fazem parte da dinâmica interna dos indivíduos e são uma ação social. Com o presente trabalho, resultante de pesquisa bibliográfica, defende-se a ludicidade como princípio formativo estruturante de uma ação educativa criativa, inteligível e sensível, numa perspectiva que vai de encontro ao paradigma mecanicista de educação. 
Palavras-chave: Infância. Educação. Ludicidade.
	
	
 SUMÁRIO
 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................5 
2 DESENVOLVIMENTO .............................................................................................................6
2.1-Concepção de criança e de pedagogia da educação infantil..............................................7
2.2-Educação Infantil: um espaço coletivo e democrático ......................................................8
2.3-O brincar como direito da criança......................................................................................11	
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................12
 4-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
1-INTRODUÇÃO
 O presente trabalho tem como objetivo geral, discutir os motivos que levam as crianças a dedicarem grande parte de seu tempo ao jogo, à brincadeira e esclarecer a importância do brincar no contexto da etapa educacional denominada Educação Infantil, mostrando que o lúdico é considerado como importante fator no processo ensino e aprendizagem.
 Abordar os aspectos que constituem o brincar: o tempo, o espaço e o papel do educador no processo de aprendizagem através do lúdico; verificar como os elementos do brincar são contemplados dentro de uma instituição que tem o lúdico como atividade fundamental para a criança. Buscou-se nos livros e artigos científicos referências de diversos autores que trazem discussões teóricas sobre o tema.
 A brincadeira tem sido fonte de pesquisa na Psicologia devido a sua influência no desenvolvimento infantil e pela motivação interna para tal atividade. O brincar, tão característico da infância, traz inúmeras vantagens para a constituição da criança, proporcionando a capacitação de uma série de experiências que irão contribuir para o desenvolvimento futuro dela.
 Um dos pensadores que desenvolveu uma teoria sobre o tema foi Lev S. Vygotsky, o qual buscou compreender a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos ao longo da história da espécie humana, levando sempre em conta a individualidade de cada sujeito, o qual está imerso no meio cultural que o define. Para ele, o homem constitui-se enquanto ser social e necessita do outro para desenvolver-se. Vygotsky, ao longo de sua obra, discute aspectos da infância, destacando-se suas contribuições acerca do papel que o brinquedo desempenha, fazendo referência a sua capacidade de estruturar o funcionamento psíquico da criança.
 Para se ter uma ideia da importância do ato de brincar na construção do conhecimento é preciso que se observe uma criança brincando. É possível aprender muito desta observação. Se formos atentos e sensíveis, veremos os caminhos que ela trilha ao aprender sem a intervenção direta do adulto. Sem, no entanto, esquecer que a mediação é essencial para o direcionamento das atividades lúdicas. Brincando, a criança aprende a lidar com o mundo e forma sua personalidade, recria situações do cotidiano e experimenta sentimentos básicos
 O mundo da criança difere qualitativamente do mundo adulto, nele há o encanto da fantasia, do faz-de-conta, do sonhar e do descobrir. É através das brincadeiras, atividade mais nobre da infância, que a criança irá se conhecer e terá a oportunidade de se constituir socialmente. É também a partir da espontaneidade do brincar que a criança poderá expressar as diferentes impressões vivenciadas em seu contexto familiar e social.
2-DESENVOLVIMENTO
 A Constituição Federal, em seu art. 227, determina:
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
 Considerando que as crianças estão chegando com menos idade ao Ensino Fundamental, no qual as exigências são maiores, é necessário analisar com atenção as especificidades das infâncias, antes de simplesmente conformar as crianças à cultura escolar. Para Mollo-Bouvier (2005) o ingresso de crianças mais novas na escola obrigatória insere-se num movimento mundial de aceleração da infância. E nós, o que estamos oferecendo e esperando das nossas crianças? Como temos oportunizado a ludicidade na instituição educativa? 
As culturas infantis não nascem no universo simbólico exclusivo da infância, este universo não está fechado – muito pelo contrário, é mais que qualquer outro, extremamente permeável - tampouco está distante do reflexo social global. A interpretação das culturas infantis, em síntese, não pode realizar-se no vazio social, e necessita sustentar-se na análise das condições sociais nas quais as crianças vivem, interagem e dão sentido ao que fazem (PINTO & SARMENTO, 1997, p. 22). 
Segundo Malaquias (2013):
“O lúdico é essencial ao mundo infantil, perpetuando por toda a vida do ser humano. Dessa forma, o faz-de-conta e a realidade se correlacionam, pois, os jogos e as brincadeiras fazem parte do mundo infantil tanto quanto a realidade. A atividade lúdica funciona como elo integrador dos aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais. Naturalmente a criança possui o impulso de brincar. Quando esta vontade é interligada com a aprendizagem, o estudo se torna prazeroso e é realizado de forma intensa eabrangente. ” (MALAQUIAS, 2013)
 Luckesi (2005) entende a ludicidade como um estado interno de consciência plena, uma entrega vivida sobretudo internamente, mas com inteireza, envolvendo o pensamento, sentimento e ação. Para ele, a harmonia entre as dimensões cognitiva, psicomotora e afetiva contribui para o desenvolvimento humano. Entretanto, conforme o autor, o ser humano se desenvolve através das suas ações intencionais na vida, mas não se desenvolve sozinho, mas na convivência harmônica ou conflituosa com o outro. O homem desenvolve suas potencialidades com o outro, como membro de uma determinada cultura, ou seja, dentro de um determinado contexto cultural e histórico. 
2.1-Concepção de criança e de pedagogia da educação infantil
A criança é um sujeito social e histórico que está inserido em uma sociedade na qual partilha de uma determinada cultura. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também contribui com ele (BRASIL, 1994a). 
A criança, assim, não é uma abstração, mas um ser produtor e produto da história e da cultura (FARIA, 1999)
Segundo Aroeira (1996, p.20):
 [...] a criança é um ser social e histórico. Não é abstrata, não é um modelo teórico de desenvolvimento. Para conhecê-la e compreendê-la melhor, é necessário sempre levar em conta suas condições reais de vida, origem social, a cultura, pois é partir desse contexto determinante ela constrói seu conhecimento.
 Por intermédio dos jogos e brincadeiras a criança vai interagindo, exercitando a imaginação e com isso vai experimentando uma série de papéis nas brincadeiras, nos jogos que podem ser considerados como um espelho de sua cultura
“Uma criança brincando com uma boneca, por exemplo, repete quase exatamente o que sua mãe faz com ela. Isso significa que, na situação original, as regras operam sob uma forma condensada e comprimida. Há muito pouco de imaginário. É uma situação imaginária, mas é compreensível somente à luz de uma situação real que, de fato, tenha acontecido. O brinquedo é muito mais a lembrança de alguma coisa que realmente aconteceu do que imaginação. É mais a memória em ação do que uma situação imaginária nova. ” (VYGOTSKY, 1991; p.117)
 Nesta fase, além de exteriorizar sua realidade através das brincadeiras; a sua imaginação é viva e é frequente a confusão entre fantasia e realidade, evitamos assim que fiquem fabulando, dando-lhe oportunidade de encontrar os meios indicados para construir, isto é, para expressar seu modo imaginário, transportá-lo a condições visíveis e concretas, que a mesma possa reconsiderar e modificar. (SANTINI, 1998).
 O termo lúdico, segundo o DICIONÁRIO UNIVERSAL DA LÍNGUA PORTUGUESA (2000) vem do latim ludus e significa jogo. E pode-se dizer nesse jogo, estão incluídos elementos tais como os brinquedos, o brincar em si e também os jogos. Estes elementos acima são uma forma de linguagem dos humanos, em que também há uma oportunização de aprendizagem. Como cita Gomes (2004), seria o lúdico:
‘Expressão humana de significados da/na cultura referenciada no brincar consigo, com o outro e com o contexto. Por essa razão, o lúdico reflete as tradições, os valores, os costumes e as contradições presentes em nossa sociedade. Assim, é construído culturalmente e cercado por vários fatores: normas políticas e sociais, princípios morais, regras educacionais, condições concretas de existência. Como expressão de significados que tem o brincar como referência, o lúdico representa uma oportunidade de (re) organizar a vivência e (re) elaborar valores, os quais se comprometem com determinado projeto de sociedade”. (p. 145-146).
 Essa atividade lúdica pode-se dizer que são todas as atividades que proporcionam prazer àqueles que as praticam, sejam crianças ou não. Para Luckesi (1994):
“O lúdico está no imaginário das pessoas, é totalmente subjetivo: O lúdico é o modo de ser do homem no transcurso da vida, o mágico, o sagrado, o artístico, o científico, o filosófico, o jurídico são expressões da experiência lúdica constitutiva da vida. O lúdico significa a experiência de ‘ir e voltar’ a’ ‘entrar e sair’, ‘expandir e contrair’, ‘contratar e romper contratos’, o lúdico significa a construção criativa da vida enquanto ela é vivida. O lúdico é um fazer o caminho enquanto se caminha, nem se espera que ele esteja pronto, nem se considera que ele ficou pronto, este caminho criativo foi feito e está sendo feito com a vida no seu ‘ir e vir’, no seu avançar e recuar. Mais: não há como pisar as pegadas feitas, pois que cada caminhante faz e fará novas pegadas. O lúdico é a vida se construindo no seu movimento”. (LUCKESI,1994, p.51)
 A atividade lúdica se caracteriza por uma articulação muito frouxa entre o fim e os meios. Isso não quer dizer que as crianças não tendam a um objetivo quando jogam e que não executem certos meios para atingi-lo, mas é frequente que modifiquem seus objetivos durante o percurso para se adaptar a novos meios ou vice-versa [...], portanto, o jogo não é somente um meio de exploração, mas também de invenção. (BRUNER, apud BROUGERE, 1998, p. 193)
 As crianças brincam, encenam, mostrando alegria na brincadeira seja essa uma invenção ou apenas uma imitação do mundo adulto. Conseguem transmitir com naturalidade aquilo que acontece no seu contexto social.
Portanto, por meio dos jogos e brincadeiras, componentes lúdicos, poder-se-á não apenas incutir valores vigentes no contexto social, mas, inclusive, complementar a personalidade da criança, propiciando um espaço de vivência crítica, favorecendo transformações qualitativas em todos os seus aspectos, sociais, psicológicos, culturais. (SILVA, 2004, p. 124).
2.2-Educação Infantil: um espaço coletivo e democrático 
 A Constituição de 1988, a partir da redação dada pela a Emenda Constitucional nº 53 de 2006, assegura o direito à educação para crianças de até 5 anos de idade em creches e pré-escolas e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 estabelece:
Art. 29 – A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade[1: Com a implementação da Emenda Constitucional nº 53 de 2006, a Educação Infantil passa a abranger crianças com até cinco anos e não mais seis anos de idade.]
 Dessa forma, percebe-se que, a partir da promulgação dessa lei, é dado à criança pequena o direito a ser cuidada e educada em espaços educacionais que priorizem o desenvolvimento de suas linguagens múltiplas, respeitando seu tempo de infância como complemento à ação familiar. 
 Segundo a LDB (1996), a Educação Infantil é entendida como a primeira etapa da Educação Básica e visa o desenvolvimento integral da criança em complementação à família. Essa não era, até então, uma etapa obrigatória de ensino mas, sim, um direito da criança, uma opção da família e um dever do Estado.[2: Com a implementação da Emenda Constitucional nº 59 de 2009, a Educação Básica passa a ser obrigatória dos quatro aos dezessete anos de idade, devendo ser implementada de forma progressiva até o ano de 2016. Nesse sentido, a Educação Infantil, a partir dos quatro anos de idade, passa a ser não apenas dever do Estado e direito da criança, mas obrigação da família ]
 Além da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, marco que garantiu o caráter social, político e intelectual da Educação Infantil, outros documentos também contemplam as questões referentes à educação da primeira infância, entre estes, estão: o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990, a Lei 11.274/06 e o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) de 1998. Entretanto, apesar da preocupação com a garantia de qualidadepresente nas legislações, percebe-se, com relação à realidade atual do nosso país, que:
[...] esses documentos refletem ainda uma visão ingênua do papel da Educação Infantil, uma vez que as pesquisas apontam que grande parte das crianças na faixa etária entre zero e seis anos não tem acesso às instituições de Educação Infantil (JOÃO, 2007, p.17).
 Em 1994, o Ministério da Educação (MEC), em sua Política Nacional de Educação Infantil, estabeleceu diretrizes para a orientação do trabalho com as crianças pequenas. Anos mais tarde, publicou critérios para o atendimento em creches, que respeitem os direitos fundamentais das crianças. Já, em 2006, estabeleceu os Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil e, em 2009, surgiram os Indicadores de Qualidade na Educação Infantil.
“Em 1990 o Estatuto da Criança e do Adolescente ratifica os dispositivos enunciados na constituição. O MEC também teve um importante papel, inicialmente na coordenação do Movimento Criança Constituinte, em seguida nos compromissos assumidos internacionalmente na Conferência de Jomtien, e na realização dos debates no âmbito do I Simpósio Nacional de Educação Infantil (1994), preparatório à Conferência Nacional de Educação para Todos. Nesse encontro, realizado no marco do Plano Decenal de Educação para Todos, ao lado de outros temas, foi realizada uma mesa-redonda sobre experiências internacionais de melhoria da qualidade na Educação Infantil” (ROSEMBERG; JENSEN; PERALTA, 1994).
 Atualmente, a preocupação com a qualidade se torna cada vez mais presente nos discursos das instituições dedicadas à primeira infância. Dahlberg, Moss e Pence (2003) acreditam que:
[...] a importância crescente da qualidade no campo das instituições dedicadas à primeira infância pode ser entendida em relação à busca modernista pela ordem e à certeza fundamentada na objetividade e na quantificação (p. 121).
 Pensar em qualidade em instituições direcionadas à educação da primeira infância se torna um processo que exige, para além de pesquisas bibliográficas, um estudo que possa perceber e ouvir os diversos sujeitos que estão intimamente relacionados à educação da primeira infância. 
 Bush e Philips apud Dahlberg, Moss e Pence (2003), seguindo uma perspectiva pós-moderna, acreditam que:
As subculturas e a pluralidade dos valores nas sociedades, com frequência, significam que não existe um conceito definitivo de qualidade. Este é um conceito relativo que varia dependendo da perspectiva da pessoa [...]. Na verdade, qualidade é, ao mesmo tempo, um conceito dinâmico e relativo, de modo que as percepções de qualidade se modificam à medida que vários fatores se desenvolvem (p. 15). 
 Na Educação Infantil, busca-se um ensino democrático, que visa à formação de cidadãos críticos, cientes dos seus direitos e deveres, que atuem segundo princípios éticos. Além disso, tem-se a intenção de incentivar a atuação autônoma das crianças, respeitando seu tempo de infância, suas particularidades, sua posição social e seus interesses. 
A Educação Infantil (2005):
 “Tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade” (art. 29 da LDB). A Política Nacional de Educação Infantil parte dessa finalidade para estabelecer como uma de suas diretrizes a indissociabilidade entre o cuidado e a educação no atendimento às crianças da Educação Infantil (BRASIL, 2005).
 Diferente da escola, em instituições infantis, o interesse não é o de escolarizar, mas manter relações educativas travadas em um espaço coletivo, que tem como sujeito a criança de zero a cinco anos. Para Dahlberg, Moss e Pence (2003), instituições dedicadas à primeira infância podem ser entendidas como um meio de inclusão, para crianças e adultos, na sociedade civil; criando oportunidades para o exercício da democracia e da liberdade, através da aprendizagem, do diálogo e do pensamento crítico; oferecendo formas abrangentes e flexíveis de apoio social para os pais, tanto dentro quanto fora do mercado de trabalho; proporcionando um mecanismo de redistribuição de recursos para as crianças como um grupo social (p. 110).
 Segundo Vygotsky (2008): 
“A relação entre a brincadeira e o desenvolvimento deve ser comparada com a relação entre a instrução e o desenvolvimento. Por trás da brincadeira estão as alterações das necessidades e as alterações de caráter mais geral da consciência. A brincadeira é fonte do desenvolvimento e cria a zona de desenvolvimento iminente. A ação num campo imaginário, numa situação imaginária, a criação de uma intenção voluntária, a formação de um plano de vida, de motivos volitivos – tudo isso surge na brincadeira, colocando-a num nível superior de desenvolvimento, elevando-a para a crista da onda e fazendo dela a onda decúmana do desenvolvimento na idade pré-escolar, que se eleva das águas mais profundas, porém relativamente calmas. Em última instancia, a criança é movida por meio da atividade de brincar. Somente nesse sentido a brincadeira pode ser denominada de atividade guia, ou seja, a que determina o desenvolvimento da criança. ” (VYGOTSKY, P.22.2008.) 
 Discutir a qualidade da educação na perspectiva do respeito à diversidade implica necessariamente enfrentar e encontrar caminhos para superar as desigualdades no acesso a programas de boa qualidade, que respeitem os direitos básicos das crianças e de suas famílias, seja qual for sua origem ou condição social, sem esquecer que, entre esses direitos básicos, inclui-se o direito ao respeito às suas diversas identidades culturais, étnicas e de gênero(PARÂMETROS NACIONAIS DE QUALIDADE PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL ,2006, p. 23).
2.3-O brincar como direito da criança 
 Brincar é também um direito da criança reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos da Criança da qual o Brasil é signatário. Nesta Declaração, o artigo 31 afirma: 
“Os estados reconhecem o direito da criança de descansar e ter lazer, de brincar e realizar atividades recreacionais apropriadas à sua idade e de participar ativamente da vida cultural e das artes. ” 
 Mrech (2008, p.128) afirma que “brinquedos, jogos e materiais pedagógicos não são objetos que trazem em seu bojo um saber pronto e acabado. Ao contrário, eles são objetos que trazem um saber em potencial. Este saber em potencial pode ou não ser ativado pelo aluno”.
 De acordo com Neves(2002):
O lúdico naturalmente induz à motivação e à diversão. Representa liberdade de expressão, renovação e criação do ser humano. As atividades lúdicas possibilitam que as crianças reelaborem criativamente sentimentos e conhecimentos e edifiquem novas possibilidades de interpretação e de representação do real, de acordo com suas necessidades, seus desejos e suas paixões. Estas mesmas atividades permitem, também, às crianças, o encontro com seus pares. No grupo, descobrem que não são os únicos sujeitos da ação, e que para alcançar seus objetivos precisam levar em conta o fato de que os outros também têm objetivos próprios que desejam satisfazer (NEVES, 2002). 
Do ponto de vista didático, as brincadeiras promovem situações em que as crianças aprendem conceitos, atitudes e desenvolvem habilidades diversas, integrando aspectos cognitivos, sociais e físicos. Podem motivar as crianças para se envolverem nas atividades e despertam seu interesse pelos conteúdos curriculares (BITTENCOURT e FERREIRA, 2002).
 Além de signatário da Declaração, o Brasil tem um Plano Nacional pela Primeira Infância (PNPI), aprovado pelo CONANDA, portanto norteador das políticas públicas para esta fase da vida, o qual reitera o brincar como um direito da criança e explicita em seus objetivos, tais como: 
Oferecer espaços lúdicos que atendam às demandas da infância, acolhendo a singularidade doindivíduo, e que contemplem a diversidade cultural, produzida também pelas crianças e que formam um conjunto de padrões de comportamento, crenças e valores morais e materiais. 
 Apesar desse reconhecimento, ainda se vê o brincar como atividade que deve acontecer nos intervalos do que é realmente “importante”. A consciência da importância do brincar, tão bem expressa na Declaração e reiterada pelo PNPI é ainda pouco reconhecida na sociedade como um todo. 
3- CONSIDERAÇÕES FINAIS
 A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica, ela estabelece as bases da personalidade humana, da inteligência, da vida emocional, da socialização. As primeiras experiências da vida são as que marcam mais profundamente a pessoa. Quando positivas, tendem a reforçar, ao longo da vida, as atitudes de autoconfiança, de cooperação, solidariedade, responsabilidade. As ciências que se debruçaram sobre a criança nas últimas décadas, investigam como se processa o seu desenvolvimento, coincidem em afirmar a importância dos primeiros anos de vida para o desenvolvimento e aprendizagem posteriores. E tem oferecido grande suporte para a educação formular seus propósitos e atuação a partir do nascimento. A pedagogia vem acumulando considerável experiência e reflexão sobre sua prática nesse campo e definindo os procedimentos mais adequados de desenvolvimento e aprendizagem. A educação infantil inaugura a educação da pessoa humana. 
 Finalmente um diagnóstico das necessidades da educação infantil, assinalando as condições de vida e o desenvolvimento das crianças brasileiras, a pobreza, que afeta a maioria delas, que retira de suas famílias as possibilidades mais primárias de alimentá-las e assisti-las, tem que ser enfrentada com políticas abrangentes que envolvam a saúde, a nutrição, a educação, a moradia, o trabalho e o emprego, a renda e os espaços sociais de convivência, cultura e lazer, pois todos esses são elementos constitutivos da vida e do desenvolvimento da criança.
4-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AÇÃO EDUCATIVA; UNICEF; UNDP; INEP. Indicadores da qualidade na educação. São Paulo: Ação Educativa, 2004.
AROEIRA, Maria Luísa Campos. Os caminhos do aprendizado. In: AROEIRA, Maria Luísa C.; SOARES, Maria Inês B.; MENDES, Rosa Emília de A. Didática de pré-escola: vida criança: brincar e aprender. São Paulo: FTD, 1996. p.18- 25.
BITTENCOURT, Glaucimar; FERREIRA, Mariana Denise Moura. A importância do lúdico na Alfabetização. Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia - Centro de Ciências Humanas e Educação da Universidade da Amazônia. Belém / Pará 2002. Disponível:em:www.nead.unama.br/bibliotecavirtual/monografias/IMPORTANCIA_LUDICO.pdf>. Acesso em: 8 set.. 2017.
BRASIL, Brasília, DF, Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996.
________MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. Brasília, MEC/SEB, 2006. 1v
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei Federal n.º 9.394, de 26/12/1996.
BRASIL, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Resolução Nº 5, de 17 de dezembro de 2009. (Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil), Brasília, 2010. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Lei Federal de 05/10/1988. Brasília: Senado Federal, 2000.
BRASIL. Lei Federal 11.274 de 2006. Altera o caput do art. 32 afirmando que o ensino fundamental obrigatório tem duração de 9 (nove) anos e inicia-se aos 6 (seis) anos de idade.
BROUGÈRE, Gilles. Jogo e educação. Tradução Patrícia Chittoni Ramos> Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
DAHLBERG, G.; MOSS, P.; PENCE, A. Construindo a primeira infância: o que achamos que isso seja? In: DAHLBERG, G.; MOSS, P.; PENCE, A. Qualidade na educação da primeira infância: perspectivas pós-modernas. Trad. Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2003.
DICIONÁRIO UNIVERSAL DA LÍNGUA PORTUGUESA. On-line – Puberan Informática e Texto Editora, 1999-2000.
GOMES, F.A. Educação Infantil - O Lúdico com crianças de 4 anos, Lins – SP, 2004. 
LUCKESI, C. Ludicidade e atividades lúdicas – uma abordagem a partir da experiência interna. Salvador, 2005
LUCKESI, C.C. O lúdico na prática educativa. Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro. Vol. 22, pág. 119-120. Jul/Out, 1994.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Ludicidade e atividades lúdicas - uma abordagem a partir da experiênciainterna.nov.2005.Disponívelem:<http://www.luckesi.com.br/artigoseducacaoludicidade.htm>. Acesso em: 5 set.2017. 
LUCKESI, Cipriano Carlos. Brincar: o que é brincar? Disponível em: <http://www.luckesi.com.br/textos\ludicidade_bricar_01doc.htm>. Acesso em: 5 set. 2017. 
MALAQUIAS, Maiane Santos; RIBEIRO, Suely de Souza. A importância do lúdico no processo de ensino e aprendizagem no desenvolvimento da infância. Psicologado, 2013. Disponível em: <http://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/a-importancia-do-ludico-no-processo-de-ensino-aprendizagem-no-desenvolvimento-da-infancia>. Acesso em: 15 setembro2017.
MRECH, Leny Magalhães. O uso de brinquedos e jogos na intervenção psicopedagógica de crianças com necessidades especiais. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 11ª ed. São Paulo, Cortez, 2008.
MOLLO-BOUVIER, S. De l’école aux vacances, prolègomènes à une analyse sociologique des enfants. Revue Française de Pédagogie, Paris, n. 106, p. 79-90, 1994. Tradução de Alain François, com revisão técnica de Ivany Pino (versão apresentada nas Rencontres de Nantes, 2e Biennale de L’Action Éducative, Sociale et Culturelle. 31 mars-1º avril 1994.)
NEVES, Lisandra Olinda Roberto. O lúdico nas interfaces das relações educativas. 2002. Disponível em:<http://www.centrorefeducacional.com.br/ludicoint.htm>. Acesso em: 14 agosto.2017
PINTO, M. & SARMENTO, J. (Coord.). As crianças: contextos e identidades. Braga. CESC/Universidade do Minho, 1997.
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SANTINI, Rita de Cássia G. Dimensões do Lazer e Recreação. São Paulo: Madras, 1993.
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