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Ministério da Educação Universidade Aberta do Brasil Universidade Federal de Mato Grosso FAeCC - Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Núcleo de Educação Aberta e a Distância Departamento de Administração Administração (Introdução e Teorias) - II Cuiabá - MT 2008 Continuando a Viagem... 5 Car@ Estudante, Estamos iniciando o nosso Fascículo II e, a partir deste momento, vamos estudar o comportamento humano nas organizações, começando por conhecer a ciência do comportamento e os precursores da abordagem comportamental. Ao decidir estudar Administração você imaginava que seria tão agradável conhecer cientificamente como se organizam as empresas? Saber quais as razões de existirem tantos modelos destinados a explicar e recomendar maneiras, para melhorar a produtividade e, como resultado, o lucro das empresas? Ainda há muito que aprender para se (trans)formar um competente Administrador@, e é por isso mesmo que estamos aqui, para, juntos, continuarmos a nossa viagem rumo ao conhecimento da Ciência da Administração. Como você está se sentindo estudando Administração? Certamente, a cada nova Unidade, você está ficando melhor, não é mesmo? SUMÁRIO UNIDADE 1 – ESCOLA COMPORTAMENTAL 1.1 Ciências do Comportamento ............................................................................... 11 1.2 Comportamento Humano nas Organizações .................................................... 12 1.3 Escola das Relações Humanas ............................................................................. 16 1.4 Motivação................................................................................................................ 19 1.5 Liderança ................................................................................................................ 26 UNIDADE 2 – PLANEJAMENTO E PROCESSO ADMINISTRATIVO 2.1 A Complexidade nas Organizações .................................................................... 35 2.2 Enfoque Sistêmico ................................................................................................. 36 2.3 Tecnologia da Informação .................................................................................... 44 2.4 Conseqüências da Informática na Administração ............................................ 48 2.5 Teoria da Contingência ......................................................................................... 50 2.6 Planejamento Estratégico ...................................................................................... 53 2.7 Administração Participativa ................................................................................ 64 UNIDADE 3 – ADMINISTRAÇÃO NO TERCEIRO MILÊNIO 3.1 Administração na Era Digital .............................................................................. 75 3.2. Aprimoramento de Processos ............................................................................. 77 3.3 Balanced Scorecard (BSC) ..................................................................................... 79 3.4 Gestão de competência, conhecimento e aprendizagem organizacional ...... 86 3.5 Responsabilidade sócio-ambiental ...................................................................... 92 3.6 Governança Corporativa .................................................................................... 100 REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS .......................................................................... 103 ESCOLA COMPORTAMENTAL Objetivos: esclarecer os fundamentos que explicam o processo de valorização do ser humano e das relações sociais nas organizações; descrever os princípios da Escola de Relações Humanas e da Abordagem Comportamental ou Behaviorista; relacionar e explicar as principais teorias motivacionais e a influência da liderança na motivação das pessoas no ambiente de trabalho. 11 1.1 Ciências do Comportamento O comportamento organizacional é o assunto do qual se ocupam diferentes ciências do comportamento. Suas raízes estão nas concepções pioneiras dos filósofos gregos, que estudaram assuntos fundamentais como as diferenças individuais, o conceito de ética, a qualidade como atributo humano, a tragédia, o conceito de felicidade entre muitos outros. Apresentamos a Figura 1, que mostra as ciências que se ocupam do comportamento organizacional: CIÊNCIA ESTUDOS FOCO Psicologia Aprendizagem; Personalidade; Liderança Motivação; Processo de tomar decisões Seleção de pessoal; Stress e qualidade de vida. Indivíduo Sociologia Dinâmica de grupo; Teoria das organizações; Poder; Conflito e Comportamento dos grandes grupos. Grupo; organização e sistema Psicologia social Dinâmica de grupo; Liderança; Processo de decisão em pequenos grupos e Mudanças de atitudes Grupo; organização e sistema Antropologia Cultura organizacional e Ambiente organizacional Grupo; organização e sistema Ciência Política Poder; Conflito; Política e Relações entre organizações e poderes Grupo; organização e sistema Figura 1 – Ciências que se ocupam do Comportamento Organizacional Fonte: Adaptado de MAXIMIANO (2006) Na Administração e nas organizações, cada ciência oferece uma contribuição especializada para cada um dos temas que interessam ao enfoque comportamental. Por exemplo, quando se estuda a liderança, pode-se usar a perspectiva da psicologia ou da sociologia. A psicologia estuda a liderança, do ponto de vista das motivações e habilidades do líder. A sociologia estuda a liderança, do ponto de vista do processo social. Você sabia que, hoje, essas questões clássicas transformaram-se nos estudos sistemáticos sobre personalidade, cultura organizacional, conflito, motivação e outros? 12 1.2 Comportamento Humano nas Organizações A abordagem comportamental, também denominada orgânica ou humanística, deu ênfase ao tratamento humanizado aos empregados, em vez de só focalizar seu desempenho ou produtividade (MEGGINSON et al 1998). A partir da década de 1940, o estudo sobre o comportamento humano nas organizações ganha destaque, com os estudos desenvolvidos por psicólogos. Com a crescente globalização e industrialização dos países, o fator humano torna-se chave para o desenvolvimento das empresas, que passam a exercer papel essencial para o desenvolvimento social. A Figura 2, a seguir, traz um resumo dos principais estudiosos que contribuíram para o surgimento desta abordagem: Cientistas Resultados das Pesquisas Oliver Sheldon (1894-1951) Apresentou a noção de que uma empresa tem alma. Ênfase da administração com responsabilidade social Elton Mayo (1880-1949) e F.J.Roethlisberger (1896-1974) Descobriram o “efeito Hawthorne”. A noção de “organização informal” dentro da organização formal. Ênfase na importância do elemento humano para aumentar a produtividade. Mary Parker Follet (1868-1933) Desenvolveu a “Lei da Situação” e o processo de “integração” na resolução de conflitos. Chester Barnard (1886-1961) Enfatizou as organizações como sistemas. Desenvolveu a teoria da aceitação da autoridade pelos subordinados. Salientou a importância da liderança. Figura 2 – Quadro demonstrativo dos principais estudiosos que contribuíram para o surgimento da abordagem comportamental. Fonte: Adaptado de MEGGINSONet al. (1998) Observe que, na ciência e na vida, há sempre os precursores das idéias e das ações implementadas. A seguir, apresentam-se os precursores da abordagem comportamental. 13 O processo de integração de Mary Parker Follet afirma que todos ganham, ao contrário da situação de perda-ganho, ou de um acordo diluído em que ninguém consegue o que deseja. Para Megginson et al (1998), é o método de resolução de conflito construtivo, pelo qual as pessoas envolvidas procuram caminhos para resolver suas diferenças de forma que cada um consiga o que deseja. A teoria da aceitação da autoridade de Chester Barnard afirma que os subordinados somente acatarão as ordens se as compreenderem e se puderem e quiserem aceitá-las. Para quem adota a perspectiva comportamental, o importante em uma organização é o sistema social. Para Maximiano (2006), sistemas sociais são formados por pessoas e suas necessidades, sentimentos e atitudes, bem como por seu comportamento como integrantes de grupos. Compreender o comportamento das pessoas nas organizações requer conhecer as características individuais e como se comportam coletivamente. Com relação às características individuais, podem ser considerados comportamentos, personalidades, atitudes, competências, habilidades, aptidões, inteligências, sentimentos e emoções. Quando a pessoa está diante de outras, como no ambiente de trabalho, passa a imprimir novos traços de seu comportamento. O comportamento coletivo abrange a dinâmica dos grupos, a cultura organizacional e o clima organizacional. a) Dinâmica dos grupos Os grupos são conjuntos de pessoas e podem ser classificados como informais e formais. O primeiro se forma de maneira espontânea e através das afinidades entre as pessoas. O segundo se estabelece por meio da organização e suas relações de acordo com cargos e hierarquias. Os grupos formais são deliberadamente formados pela administração e, quase sempre, aparecem no organograma. Você já observou que o sistema social tem mais influência sobre o desempenho da organização do que seu sistema técnico, formado pelas máquinas, métodos de trabalho, tecnologia, estrutura organizacional, normas e procedimentos? 14 Os grupos informais, que não fazem parte da organização formal, surgem da necessidade de interação social, amizade, comunicação e status dos empregados. Em grupos, sejam os formais ou informais, há uma necessidade de interação, a dinâmica de grupo é uma ação voltada para treinamento e integração entre as pessoas de um grupo. Os grupos informais nascem dentro dos grupos formais, devido à proximidade física, à semelhança social, à identidade de interesses e aos problemas similares que todos enfrentam. b) Cultura organizacional Schein, apoiando-se em Maximiano (2006,p.218), define cultura como: A experiência que o grupo adquire à medida que resolve seus problemas de adaptação externa e integração interna, e que funciona suficientemente bem para ser considerada válida. Portanto, essa experiência pode ser ensinada aos novos integrantes como forma correta de perceber, pensar e sentir-se em relação a esses problemas. Para Megginson et al (1998), a cultura organizacional pode ser definida como o conjunto de valores, crenças e padrões de comportamento que forma o núcleo de identidade de uma organização. Abrange normas informais de conduta, hábitos, crenças, valores, preconceitos, cerimônias, rituais e símbolos. c) Sentimentos e clima organizacional As percepções e os sentimentos em relação à realidade objetiva da organização podem ser classificados, em três grandes categorias: satisfação, insatisfação e indiferença. (MAXIMIANO, 2006) Todos os componentes da organização afetam percepções e sentimentos. 15 Quando os sentimentos se expressam, origina-se o clima organizacional. Em essência, esse clima é uma medida de como as pessoas se sentem em relação à organização e a seus administradores. Desde a década de 1980, os estudos sobre clima são voltados para o conceito de qualidade de vida no trabalho. Segundo o enfoque comportamental, a empresa deve ser vista como sistema social, formado primariamente por pessoas, sentimentos, interesses e motivações. Compreender o sistema social (ou organização formal) da empresa é um dos dois objetivos principais do enfoque comportamental na administração moderna. O outro objetivo é entender os mecanismos que individualizam e influenciam o comportamento das pessoas. Analisando o sistema social, vê-se que as pessoas nas organizações comportam- se como pessoas e não como peças de máquinas ou seres estritamente profissionais, de acordo com a visão de Taylor ou Weber. Eles apresentam sentimentos de amizade e hostilidade, cooperação e competição, formam grupos com seus colegas de trabalho e criam regras de convivência. Além disso, levam para dentro da empresa, praticamente, todos seus interesses como pessoas e membros de famílias ou grupos externos. Recomendamos que você leia o Saber Mais disponível na plataforma, para compreender a origem da preocupação com o bem-estar social. Mais uma vez você está de parabéns! Terminou de ler um item desta Unidade. Para que você realmente aprenda é necessário investir tempo e energia. Daí, que tal, antes, fazer um pequeno exercício físico. Então, você concorda que o Administrador precisa ocupar-se dos sentimentos também? Vale saber que, desde a localização física até os objetivos, passando pelos salários, refeitórios, condições de trabalho, limpeza, programas de incentivos, benefícios e integração com os colegas, tudo afeta a forma como as pessoas se sentem em relação à organização. 16 Pronto? Já espaireceu? Agora, mãos à obra! Responda... 1.3 Escola das Relações Humanas 1.3.1 Elton Mayo e a Experiência de Hawthorne Elton Mayo, cientista social, nas décadas de 1920 e de 1930, juntamente com seus colegas do Departamento de Pesquisa Industrial da Harvard Business School, desenvolveu uma pesquisa longa e complexa, na Western Electric Company, situada no bairro de Hawthorne, em Chicago. A pesquisa desenvolvida por Mayo, no período de 1927 a 1933, tinha por objetivo responder a uma pergunta: O resultado esperado dessa pesquisa tinha um sentido prático: O que Mayo estava testando era o efeito da iluminação na produção global, uma preocupação muito ao estilo de Taylor e outros integrantes da Escola Clássica. O resultado inicial, surpreendente, mostrou não haver relação entre as duas variáveis: produção e iluminação. O processo foi aprimorado, com a criação de um grupo de controle e um grupo de teste, de modo a garantir resultados mais fidedignos. Além disso, trabalharam com O de aprimorar o desempenho da organização e, evidentemente, aumentar o estoque de conhecimento existente. Quais os fatores, presentes nos ambientes físico e social de uma pessoa que trabalha em uma organização, capazes de afetar seu desempenho no trabalho e sua satisfação pessoal com a tarefa realizada? Você acredita que o comportamento das pessoas e dos integrantes de grupos pode ajudar ou atrapalhar os objetivos das empresas? Justifique sua resposta em texto de uma página e o envie ao fórum de discussões. 17 temáticas diferentes, além dos aspectos de iluminação, tais como pausas para descanso dos empregados e mudanças nas horas de trabalho. Mas os resultados não materializaram as hipóteses iniciais. Moral da história: Como salientam Megginson et al (1998), o Efeito Hawthorne é o sentimento de valorização, experimentadopelos trabalhadores escolhidos para tomar parte em um estudo científico, que serviu como incentivo ao aumento da produção. 1.3.2 Princípios da Escola de Relações Humanas O Movimento de Relações Humanas, segundo Megginson et al (1998), é uma abordagem da administração que visa motivar os indivíduos a conseguir o equilíbrio de objetivos que irá proporcionar maior satisfação humana e atingir as metas da organização. O que Mayo e seu grupo efetivamente fizeram foi colocar em cheque os pressupostos da Teoria Clássica, estabelecendo as seguintes proposições: o incentivo econômico não é a única força motivadora a que o trabalhador responde; sua produção é fortemente influenciada tanto por suas relações com os outros companheiros de trabalho como por seus problemas pessoais, tanto dentro como fora da fábrica; o trabalhador não se comporta como um ser isolado, mas sim como um membro do grupo. Essas inter-relações criam aquilo que chamamos de organização informal; a especialização funcional não cria, necessariamente, a organização mais eficiente. Tanto que a rotação de cargos, em que o indivíduo alterna tarefas a serem executadas, contribui para seu melhor desempenho. (CARAVANTES et al, 2005) Outros fatores – e não meramente uma reação de causa e efeito de caráter mecânico – estavam em jogo. E esses outros fatores estavam ligados ao homem, à sua motivação, ao seu envolvimento maior ou menor com a tarefa. Tal descoberta recebeu o nome de efeito Hawthorne. 18 1.3.3 Abordagem Comportamentalista O trabalho de Elton Mayo e seu grupo, especialmente as pesquisas de Hawthorne, criaram outra maneira de ver a organização, agora não mais a partir de uma visão meramente formal, mecanicista, do homem quase autômato, respondendo a interesses única e exclusivamente pecuniários, como afirmam Caravantes et al (2005). Os comportamentalistas, em verdade, são estudiosos, também preocupados com o indivíduo, reconhecendo a importância de seu impacto na organização, mas não aceitando as inferências e conclusões simplistas dos primeiros estudos do comportamento humano (Escola das Relações Humanas). Não aceitar essas simplificações significou que os comportamentalistas se concentraram na análise de variáveis específicas, vinculadas ao comportamento do indivíduo, tais como moral elevado e baixa produção, moral baixo e alta produção, moral elevado e alta produção. (CARAVANTES et al , 2005) Para Chiavenatoo (2006), a Teoria Comportamental (ou Teoria Behaviorista) da Administração trouxe nova concepção e novo enfoque dentro da teoria administrativa: a abordagem das ciências do comportamento, abandono das posições normativas e prescritivas das teorias anteriores (teoria Clássica, das Relações Humanas e da Burocracia) e adoção de posições explicativas e descritivas. A ênfase é nas pessoas dentro do contexto organizacional mais amplo. Muitos foram os autores que desenvolveram estudos e pesquisas que resultaram no corpo teórico da abordagem comportamentalista. Entre esses autores estão: Chester Barnard, Herbert Simon, David C. McClelland, Rensis Likert, Kurt Lewin. Para conhecê-los melhor busque informações no Saber Mais I. Que ótimo! Você continua conosco e a nossa viagem vai indo muito bem. Pesquisas posteriores revelaram que pode ocorrer qualquer tipo de combinação ente essas variáveis –– fica nítida a falta de qualquer relação entre elas. 19 Mais uma parada! Ela é opcional, porém vale a pena cuidarmos de nós e dos nossos amores (filh@s, maridos, esposas, namorad@s...), por isso, convide-@s para um lanche conversem alegremente restaure suas energia ... E então, volte ao seu fascículo 2 e continue. 1.4 Motivação Motivo, motivação, mover, movimentar e motor são todas palavras modernas que têm a mesma origem e estão associadas à mesma idéia: a palavra latina motivus, que significa aquilo que movimenta, que faz andar. O estudo da motivação é um dos temas centrais do enfoque comportamental, porque é necessário compreender os mecanismos que movimentam as pessoas, para os comportamentos de alto desempenho, indiferença ou improdutividade, a favor ou contra os interesses da organização e da administração. (MAXIMIANO 2006) A produtividade e o bem-estar dos funcionários dependem da motivação que os mesmos têm em relação ao trabalho e ao envolvimento com a organização do qual fazem parte. Estudar os fundamentos da motivação humana, sua implicância no comportamento e, consequentemente, nos resultados, é fundamental para que a gestão de pessoas obtenha êxito nos processos e planos voltados ao departamento de pessoal. A teoria comportamental fundamenta-se no comportamento individual das pessoas para explicar o comportamento organizacional. Para analisar como as pessoas se comportam, torna-se necessário o estudo da motivação humana. O administrador Como você pensa que as pessoas se motivam? Acredita que seja necessário lhes oferecer algo para se motivarem ou acredita que os motivos são internos e só dependem da própria pessoa? Vamos conhecer um pouco desse assunto neste item... Pesquise em livros e internet a respeito de dois dos autores desta abordagem (Chester Barnard, Herbert Simon, David C. McClelland, Rensis Likert e Kurt Lewin) e escreva as suas maiores contribuições. Entregue a sua pesquisa ao seu orientador no decorrer do estudo desta unidade. 20 deve conhecer as necessidades humanas para compreender o comportamento humano e utilizar a motivação como meio para melhorar a qualidade de vida nas organizações. (CHIAVENATTO, 2006) A ação dos administradores continuamente dá origem a respostas positivas ou negativas dos empregados. A resposta positiva é caracterizada pelo desempenho satisfatório do funcionário e a negativa se dá quando o indivíduo não reage ou responde com queda no desempenho de suas tarefas e nas relações formais e informais dentro da organização. Nas organizações, segundo Megginson et al (1998), embora haja vários fatores influenciando o desempenho dos empregados, uma variável principal é a motivação: o processo de induzir uma pessoa ou um grupo, cada qual com necessidades e personalidades distintas, a atingir os objetivos da organização e os objetivos pessoais. 1.4.1 Teorias Motivacionais As teorias sobre motivação que explicam o desempenho das pessoas em situação de trabalho. 1.4.1.1 Teorias das Necessidades de Maslow Abraham Maslow (1908-1970) baseou seu conceito de hierarquia de necessidades em dois princípios: Neste item, você terá oportunidade de conhecer em detalhes a Teoria das Necessidades de Maslow, a Teoria dos Dois Fatores de Herzberg e, por fim, a Teoria X e Teoria Y de McGregor. Sabe o que significa uma pessoa motivada no campo da Administração? No campo da Administração, pessoa motivada, usualmente, significa alguém que demonstra alto grau de disposição para realizar uma tarefa ou atividade de qualquer natureza. No entanto, as pessoas também se motivam para fazer coisas que vão em direção oposta à desejada pela empresa, como greves, sabotagens, roubo de mercadorias ou invasões de fábricas que levam a demissão de funcionários 21 • as necessidades humanas podem ser colocadas em uma hierarquia de importância; • uma necessidade satisfeita não pode mais ser usada como motivador primordial de comportamento. Maslow salienta que as necessidades podem ser classificadas em uma hierarquia em que uma necessidade é mais importante que as outras até ser satisfeita. Assim que uma necessidade é satisfeita, a próxima, mais alta, torna-se predominante. A ordem, no entanto, podeser invertida, e mesmo mudar para baixo e para cima. Além disso, a cultura pode afetar a estrutura. Por exemplo, em muitas sociedades, as necessidades sociais podem ser mais importantes do que ego ou auto-estima. Uma vez satisfeita, uma necessidade não motiva mais o comportamento, pois só quando estamos privados de algo, e, portanto o desejamos, é que tal necessidade pode ser usada como incentivo para nós. Figura 3 – Pirâmide da Hierarquia das Necessidades de Maslow Fonte: adaptado - www.administradores.com.br Agora, examinaremos a hierarquia de necessidades, como foi apresentada na Figura 3: Necessidades fisiológicas: no nível mais baixo, porém primordiais, quando não satisfeitas, estão nossas necessidades fisiológicas ou biológicas. Quando comemos regular e adequadamente paramos de encarar a fome como um importante motivador. 22 Necessidades de segurança: quando as necessidades fisiológicas estão razoavelmente satisfeitas, a segurança torna-se importante. Isso nos protege contra perigos, ameaças ou privações. Por exemplo, muitos empregados tornam-se membros de sindicatos, para se garantir contra atos arbitrários e unilaterais do pessoal de administração. Necessidades sociais: incluem as necessidades de associação, aceitação pelos colegas, bem como dar e receber amor e amizade. Quando a necessidade social, assim como as necessidades fisiológicas, não são satisfeitas, as pessoas podem se comportar de forma a bloquear a motivação e frustrar os objetivos da empresa. Elas passam a ser resistentes, não cooperam e são, até mesmo, antagonistas. Necessidades de estima (acima das necessidades sociais) essas necessidades podem surgir de duas formas: (1) aquelas que se relacionam à nossa auto- estima: necessidade de autoconfiança, independência, realização, competência e conhecimento, e (2) aquelas relacionadas à nossa reputação – necessidades de status, de reconhecimento, de apreciação e de ter o respeito dos colegas. Estas necessidades raramente são satisfeitas por completo, pois as pessoas procuram indefinidamente a satisfação dessas necessidades. A organização típica (produção em massa) oferece poucas oportunidades para a satisfação das necessidades de ego para as pessoas dos níveis mais baixos da hierarquia. Necessidades de auto-realização: finalmente, há necessidade de auto- realização, o que inclui procurar executar bem o próprio trabalho, realizando o próprio potencial, desenvolvimento contínuo e criatividade, no sentido mais amplo da palavra. Os administradores podem usar essa teoria, segundo Megginson et al (1998), na questão de Liderança, Cultura Organizacional, Mudanças, comportamento individual. Ainda segundo os mesmos autores, a teoria de Maslow deveria ser considerada como um guia geral para os administradores, pois é um conceito teórico, não uma explicação absoluta do comportamento humano. Para Caravantes et al (2005), a teoria de Maslow é simultaneamente bem estruturada e suficientemente flexível para que cada um de nós possa utilizá-la como um instrumento balizador de sua ação. 23 1.4.1.2 Teorias dos Dois Fatores de Herzberg A teoria dos dois fatores de Frederick Herberg (1923-2000)1 explica como o ambiente de trabalho e o próprio trabalho interagem para produzir motivação. Segundo Herzberg, a motivação resulta de fatores que podem ser divididos em duas categorias principais, como mostra a Figura 4: Figura 4 – Teoria de Herzberg (Dois fatores) Fonte: Adaptado de Maximiano (2006) Os fatores higiênicos criam o clima psicológico e material saudável, e influenciam a satisfação com as condições dentro das quais o trabalho é realizado. Quanto melhores, por exemplo, as relações entre colegas e o tratamento recebido do superior, melhor será esse clima: mais higiênico o ambiente. Quanto mais contente a pessoa estiver com seu salário, menor a disposição para reclamar desse aspecto de sua relação com a empresa. Conseqüentemente, maior a satisfação do trabalhador com o ambiente de trabalho. As condições ambientais, no entanto, não são suficientes para induzir o estado de motivação para o trabalho. Para que haja motivação, de acordo com Herberg, é preciso que a pessoa esteja sintonizada com seu trabalho, que enxergue nele a possibilidade de exercitar suas habilidades ou desenvolver suas aptidões. Ou seja, apenas o trabalho em si e seu conteúdo produzem motivação para o trabalho. 1 Frederick Herzberg: seus estudos básicos foram em Psicologia, dedicando-se ao estudo da saúde mental no mundo industrial e, mais especificamente, à motivação humana nas situações de trabalhos. Consultor conhecido em mais de 30 países, especialmente por sua teoria sobre higiene-motivação. 24 Segundo Herzberg, satisfação e insatisfação não são pólos opostos do mesmo continuum, mas duas dimensões diferentes, conforme mostra a Figura 5. PRESENÇA DE AUSÊNCIA DE FATORES FATORES MOTIVACIONAIS MOTIVACIONAIS SATISFAÇÃO NÃO-SATISFAÇÃO INSATISFAÇÃO NÃO-INSATISFAÇÃO AUSÊNCIA DE PRESENÇA DE FATORES FATORES HIGIÊNICOS HIGIÊNICOS Figura 5 – Satisfação e Insatisfação, segundo Herzberg. Fonte: Adaptado de MAXIMIANO (2006) A teoria dos dois fatores consolidou o princípio de que motivação vem do trabalho e não do ambiente. A teoria explica, por exemplo, porque certos profissionais dão mais importância à atividade que realizam do que a possíveis vantagens materiais que ela possa trazer. Os estudos de Herberg, conforme explicam Caravantes et al (2005), levaram à conclusão de que os fatores que influíam na produção de satisfação profissional eram desligados e distintos dos fatores que levavam à insatisfação profissional. Assim, nas palavras de Herzberg,o oposto de satisfação profissional não seria a insatisfação, mas, sim, nenhuma satisfação profissional e, da mesma maneira, o oposto de insatisfação seria nenhuma insatisfação profissional e não a satisfação. Você sabia que, de acordo com Herzberg, o ambiente de trabalho produz satisfação ou insatisfação com o próprio ambiente, mas não motivação para o trabalho. Continue a leitura para entender essa afirmação. Sabe por quê? 25 1.4.1.3 Teoria X e Y de McGregor Douglas McGregor desenvolveu as Teorias X e Y para comparar dois estilos opostos e antagônicos de gerenciamento que impactam no tipo de liderança e na motivação no ambiente de trabalho. Como explicam Maximiano (2006), Megginson et al (1998), Caravantes et al (2005) e Chiavenatto (2006), ao estilo tradicional e mecanicista, McGregor atribuiu o nome de Teoria X, e o estilo baseado no comportamento humano, denominou-se Teoria Y. Os mesmos autores ressaltam os seguintes pressupostos (Figura 6) para os dois tipos de administração: Pressupostos da Teoria X Pressupostos da Teoria Y O ser humano comum tem aversão ao trabalho e o evitará ao máximo. O dispêndio de esforço físico e mental no trabalho é tão natural como a diversão ou o descanso, e o ser humano médio, nas condições adequadas, aprende não só a aceitar, mas a procurar responsabilidade. Por causa dessa característica, a maioria das pessoas deve ser coagida, controlada, dirigida ou ameaçada com punição, para ser levada a fazer esforço necessário para atingir os objetivos organizacionais. As pessoas irão exercer autodireção e autocontrole para atingir os objetivos estabelecidos. O ser humano médio prefere ser dirigido, quer evitar responsabilidade,tem relativamente pouca ambição e deseja, acima de tudo, segurança. A capacidade de usar alto grau de imaginação, engenhosidade e criatividade na resolução dos problemas organizacionais está amplamente distribuída pela população, e o potencial intelectual do ser humano só é utilizado parcialmente dentro das condições da vida industrial moderna. Figura 6 – Os pressupostos das Teorias X e Y de McGregor Fonte: Adaptado de CARAVANTES et al (2006) Estamos novamente merecendo uma parada! Que tal dar aquele telefonema que está deixando para depois desde que iniciamos esta parte? É hora de produzir! Faça um texto de uma página, mostrando a importância dos estudos sobre a motivação humana em ambiente de trabalho. Você já havia observado que as pessoas precisam de motivação? Como administrar, considerando-se esse fato? Terminado o texto, anexo-o à plataforma para o seu orientador acadêmico. 26 Continuando.... Vamos agora conhecer um pouco do que significa a Liderança no contexto das organizações! 1.5 Liderança A capacidade de liderar é importante em todos os tipos de organizações e, por isso, a liderança recebe grande atenção dentro do enfoque comportamental na administração. As pessoas, muitas vezes, confundem Liderança com Administração. Megginson et al (1998) enfatizam que Administração abrange muito mais, pois, apesar de a liderança fazer parte dela, inclui também o desempenho de outras funções: planejamento, organização e controle. Liderança, na concepção de Maximiano (2006) é a realização de metas por meio da direção de colaboradores. A pessoa que comanda com sucesso seus colaboradores para alcançar finalidades específicas é líder. Um grande líder tem essa capacidade dia após dia, ano após ano, em uma grande variedade de situações. 1.5.1 Consentimento Um elemento importante em qualquer definição de liderança é o consentimento dos liderados. (MAXIMIANO 2006) Importante destacar a dificuldade de dizer se o consentimento é produto das convicções dos liderados ou das habilidades de persuasão do líder. Só há liderança quando os liderados seguem o líder espontaneamente. A idéia do consentimento exclui a coerção como base da liderança. Você acredita que é possível liderar sem o consentimento dos liderados? E o que é Liderança? 27 A liderança ocorre quando há identidade entre a proposta do líder e a recompensa esperada pelo grupo, ou o problema que o grupo precisa resolver. Essa identidade cria no grupo a disposição (ou motivação) para fazer o que o líder propõe. A liderança é um fenômeno localizado no tempo e no espaço. O líder que é venerado em uma localidade pode ser (e freqüentemente é) detestado em outra. A liderança também pode desaparecer quando desaparecem as circunstâncias que a sustentam ou justificam. 1.5.2 Classificação dos Líderes Um líder tem de trabalhar de forma eficaz com muitas pessoas, incluindo superiores, colegas, subordinados e grupos externos. As qualidades de liderança, todavia, surgem especialmente no relacionamento do administrador com os subordinados. Segundo Megginson et al (1998), há duas maneiras de classificarem líderes ou estilos de liderança: (1) a abordagem usada e (2) a orientação para conseguir que o trabalho seja feito. (1) Abordagem usada: uma forma simples de estudar liderança que define três abordagens básicas usadas pelos líderes, que são a autocrática, democrática e laissez-faire. Os líderes autocráticos, chamados de autoritários, tomam todas as decisões, em vez de permitir a seus seguidores que participem delas. Esses líderes são muitas vezes, comparados com um instrutor militar ou sargento. Os líderes democráticos ou participativos envolvem bastante os seguidores no processo de decisão. Usam o envolvimento grupal para estabelecer e determinar as funções dos cargos. Os líderes de tipo laissez-faire ou liberais são frouxos e permissivos e deixam os seguidores fazerem o que querem. Não é interessante saber que há uma classificação para os líderes? Ou seja, há diferentes posturas para diferentes momentos. É o que vamos conhecer agora. 28 (2) Orientação para o trabalho: essa forma de classificação se dá pelo exame das atitudes dos líderes na realização de um trabalho. Alguns dão ênfase à tarefa, outros enfatizam os seguidores e subordinados ou os dois juntos. Líderes orientados para tarefas ou para a produção: focalizam o trabalho a ser feito. Dão ênfase ao planejamento, programação e processamento do trabalho, e exercem controle cerrado de qualidade. Líderes orientados para pessoas ou empregados: focalizam o bem-estar e os sentimentos dos seguidores, têm confiança em si e uma forte necessidade de desenvolver e dar poder aos membros de seus grupos. 1.5.3 Teorias de Liderança a) Teoria dos traços De acordo com a teoria dos traços, os líderes têm certos traços ou características que os fazem sobressair dos seguidores. Incluem: altura, energia, aparência, conhecimento e inteligência, imaginação, autoconfiança, integridade, fluência no uso da palavra, equilíbrio e controle mental e emocional, sociabilidade e simpatia, disposição, entusiasmo e coragem. A maioria da pesquisa inicial sobre liderança tentava: (1) comparar traços das pessoas que se tornaram líderes com os dos seguidores e (2) identificar as características e traços dos líderes eficazes. A suposição subjacente dos pesquisadores dos traços parece ter sido que os líderes nascem, não são feitos. Um dos primeiros pesquisadores foi Ralfh Stogdil, que descobriu vários traços relacionados à liderança eficaz. Esses incluem habilidade pessoal e interpessoal, habilidade técnica, habilidade administrativa e liderança eficaz. Os estudos que comparavam os traços dos líderes e dos não-líderes muitas vezes chegavam à conclusão de que os primeiros tendiam a ser mais inteligentes, um pouco mais altos, mais extrovertidos e mais autoconfiantes do que os outros e tinham maior necessidade de poder. Porém, não se chegou a uma combinação específica de traços que distinguissem o líder, ou o líder em potencial, dos seguidores. Não é um dado importante para se compreender a questão da liderança? O que você acha? É importante salientar a existência das seguintes teorias e pesquisas sobre liderança: a teoria dos traços, a teoria comportamental e teoria da contingência-situação. Vamos conhecê-las? 29 Outro pesquisador, Edwin Ghiselli, descobriu certas características que parecem ser importantes para uma liderança eficaz: capacidade de supervisão, necessidade de realização ocupacional, inteligência, decisão, confiança em si e iniciativa. b) Teorias comportamentais As teorias comportamentais dão ênfase às relações humanas, ao lado de produtividade e desempenho. Conforme mostrado em páginas anteriores, o teórico Douglas McGregor, acreditava que as estratégias de liderança são influenciadas pelos pressupostos do líder a respeito da natureza humana, resumidos em dois conjuntos diferentes: a Teoria X e a Teoria Y. Certamente um líder que apóie a Teoria X iria preferir um estilo autocrático; enquanto que, se apoiasse as suposições da Teoria Y, iria preferir um estilo mais participativo. No mundo contemporâneo, dá-se muita importância aos seguidores e ao reconhecimento, como sendo correta a idéia de McGregor - segundo a qual o talento se distribui a todos os empregados e não se restringe a administradores ou profissionais. c) Teorias da contingência-situação As teorias da contingência-situação prescrevem que o estilo a ser usado depende de fatores tais como a situação, a pessoa,a tarefa, a organização e outras variáveis ambientais. As teorias da contingência mais populares são: (1) o contínuo de liderança de Tannenbaum e Schmidt e (2) a teoria do ciclo de vida de Hersey e Blanchard. (1) O contínuo de liderança de Tannenbaum e Schimidt O contínuo de liderança se baseia na lei de situação de Mary Parker Follet, que declara haver vários caminhos alternativos que os administradores podem seguir ao lidar com pessoas. Portanto, ao tomar decisões de liderança, os administradores devem levar em conta as forças em si mesmos, nos subordinados e na situação, que são inter- relacionadas e interatuantes. O que poderia ser contingência-situação em ambiente organizacional? Você tem idéia? Como poderia explicar tal teoria? 30 (2) A teoria do Ciclo de Vida de Hersey e Blanchard A teoria do ciclo de vida baseia-se, em grande parte, nas pesquisas anteriores sobre liderança. Hersey e Blanchard usam uma abordagem da situação, com uma diferença primordial: enfatizam o uso pelo líder de um estilo adaptativo, dependendo do diagnóstico que fazem da situação. O conceito básico da teoria do ciclo de vida é: as estratégias e o comportamento do líder devem estar de acordo com a situação, baseando-se, principalmente, na maturidade ou imaturidade dos seguidores e na natureza da tarefa. Comportamento da tarefa é o grau em que os líderes organizam e definem os papéis de seus seguidores, para explicar as tarefas que cada um deve realizar, e também quando, onde e como farão. Comportamento do relacionamento trata dos relacionamentos pessoais do líder com indivíduos ou membros de seu grupo. Envolve o grau de apoio pelo líder e a extensão em que este realiza comunicação interpessoal e comportamento facilitador. Quanto à teoria na prática, Hersey e Blanchard apoiados em Megginson et al 1998, usaram o exemplo do relacionamento dos pais com os filhos para ilustrar: Poderão surgir conseqüências negativas se os pais usarem só um estilo de liderança durante os anos de desenvolvimento dos filhos. Por exemplo, os filhos podem fugir de casa ou apresentar comportamento rebelde ou anti- social se os pais usarem só uma liderança diretiva (alto grau de tarefa e baixo relacionamento). O ponto em que os filhos provavelmente irão se rebelar será no início da juventude. Por outro lado, se os pais usam principalmente um estilo permissivo, o resultado é, freqüentemente, ter crianças que são chamadas de “mimadas”, não aceitando regras ou o direito dos outros. A chave é usar um estilo mais diretivo nos primeiros anos e à medida que a criança (empregado) amadurece, usar menos direção e controle. Um ponto essencial a lembrar, tanto no ambiente familiar como no trabalho, é que os líderes e administradores devem alterar as estratégias de acordo com as circunstâncias. Das várias teorias de liderança, provavelmente, a abordagem contingência- situação é a que melhor explica o que é preciso para uma liderança eficaz na administração, pois o ambiente é mutável e, cada vez mais, torna-se instável e imprevisível. 31 PALMAS para você! Mais uma unidade foi estudada e é hora de dar aquela parada! Inicialmente, convidamos você a alongar-se... E então, ficou claro o sentido de contingência-situação? Dê um exemplo e o coloque no fórum. Estamos nos caminhando para a Unidade 2. Prepare-se e boa viagem! Para conhecer o seu nível de aprendizagem, responda as questões do caderno de atividades e verifique o quanto acertou. Ver filme – Mestre dos Mares 33 PLANEJAMENTO E PROCESSO ADMINISTRATIVO Objetivos: apresentar as abordagens modernas da Administração (sistêmica, tecnológica e contingencial), explicando os princípios e a importância nas organizações influenciadas por forças externas (política, economia, sociedade); explicar os fundamentos do planejamento estratégico nas organizações, tais como os objetivos, estratégias e métodos de controle; mostrar o processo da Administração Participativa e seu impacto no envolvimento das pessoas e nos resultados. UNIDADE 2 35 Car@ Estudante de Administração, Estamos iniciando a Unidade 2 que vai tratar do planejamento e do processo administrativo. Vamos conhecer mais a fundo sobre complexidade e pensamento sistêmico. Você saberia dizer o que é exatamente a complexidade e o pensamento sistêmico? Se não sabe, não tem problema, pois vamos saber muito já, já! Vamos “passear” pela teoria geral dos sistemas, observaremos as organizações como sistemas, contemplaremos os tipos de sistemas e o papel do homem na Teoria Geral dos Sistemas. Então, rumo à complexidade! 2.1 A Complexidade nas Organizações Complexidade é a condição normal que as organizações e os administradores enfrentam. Quanto maior o número de problemas e variáveis, mais complexa é a situação. Maximiano (2006) define complexidade como a palavra que indica o grande número de problemas e variáveis presentes em uma situação. A sociedade contemporânea tem grandes problemas urbanos e rurais, catástrofes naturais, esgotamento de recursos ecológicos, transportes, educação, saúde, moradia, falta de emprego, pobreza, violência, criminalidade, corrupção, tecnologia etc. Assim, a complexidade está presente na administração, seja de entidades públicas ou privadas, nos três setores – primário (Estado), secundário (Empresas) e terciário (Entidades privadas sem fins lucrativos). Além desses fatores, mesmo dentro das organizações, a interdependência é a palavra da vez: cada vez mais as empresas são plurais, resultantes da interação e cooperação de diversas outras organizações. O enfoque sistêmico possibilita visualizar a interação entre os elementos que compõem e totalizam conjuntos complexos, como uma organização. Gerenciar com foco na totalidade é uma habilidade do administrador, pois terá que considerar Exemplos concretos da complexidade do mundo dos negócios e da valorização do pensamento sistêmico são as redes de empresas como as franquias, a cadeia de suprimento e distribuição (fornecedores de matéria- prima, fabricantes, atacadista e distribuidores, agentes, varejistas), as fusões, os grupos empresariais e a integração de setores (primário, secundário e terciário). 36 diversos aspectos como a produção, o limite de tempo, o comportamento das pessoas, os prazos estabelecidos pelos clientes e fornecedores, entre outros. Tente formular um texto de meia página, explicando o que é complexidade no mundo dos negócios e encaminhe ao fórum. Compartilhe o seu saber e busque o saber de seus colegas! O aprendizado é construído paulatinamente, não há magia, o que há é trabalho, dedicação e vontade. Por isso mesmo, não nos cansamos de lhe parabenizar pelo seu atento acompanhamento a esta disciplina! Continuando a viagem.... Lembre-se de que paisagens já vistas podem ser revistas, revisitadas... Não tema ler e reler tudo o que foi lido até aqui para agregar conhecimento ao novo. Para realmente sedimentar a competência que você deverá ter para ser um@ Administrador@ de sucesso! 2.2 Enfoque Sistêmico Para se compreenderem os problemas complexos e procurar solucioná-los é importante que se analise o sistema, com suas várias partes interdependentes. Este tópico aborda o conceito e princípios do sistema, a estrutura dos sistemas, os tipos de sistemas, as bases do pensamento sistêmico e suas aplicações. 2.2.1 Conceito, princípios e tipos de sistema Para Caravantes et al (2005), um sistema é qualquerentidade, conceitual ou física, composta de partes inter-relacionadas, interatuantes ou interdependentes, dotada de um objetivo. Assim, em um sistema têm-se as partes (ou elementos, ou componentes), a relação (ou interação) e a entrada de novos integrantes. Tendo finalizado esse item você poderia dizer que compreendeu o que é complexidade? Caso queira aprofundar-se, busque a referência bibliográfica. 37 Muitos sistemas são formados por uma combinação de elementos físicos e abstratos. Em alguns sistemas, predomina um tipo de componente. Os computadores, por exemplo, têm os dois tipos – a parte física (teclado, CPU, mouse etc.) e a parte abstrata (os softwares ou programas). 2.2.2 Estrutura dos sistemas Qualquer sistema pode ser representado como conjunto de elementos ou componentes interdependentes, que se organizam em três partes: entradas, processo e saída (Figura 7). (CHIAVENATTO 2006, MAXIMIANO 2005, CARAVANTES et al 2005, MEGGINSON et al 1998) Figura 7 – Elementos de um sistema Fonte: Adaptado de MAXIMIANO (2006) Entradas As entradas (inputs) compreendem os elementos ou recursos físicos e abstratos de que o sistema é feito, incluindo todas as influências e recursos recebidos do meio ambiente. Processos Todo sistema é dinâmico e tem processos que interligam e transformam os elementos de entrada em resultados. Todas as organizações usam pessoas, dinheiro, materiais e informação, mas um banco é diferente de um exército e os dois de uma escola e esses três de um hospital, devido às diferenças nos processos internos e nos Você saberia citar outros exemplos de sistemas? Faça isso! 38 resultados de cada um. São diferentes: a tecnologia, as normas e regulamentos, a cultura e os produtos e serviços que cada um produz. Saídas As saídas (outputs) são os resultados do sistema, os objetivos que o sistema pretende atingir ou efetivamente atinge. Feedback Feedback (palavra que significa retorno da informação, efeito retroativo ou retroalimentação) é o que ocorre quando a energia, informação ou saída de um sistema retorna. O mesmo reforça ou modifica o comportamento do sistema. Caravantes et al (2005) e Chiavenatto (2006) ainda trazem outros elementos na estrutura dos sistemas, como a entropia e homeostase. Entropia É a tendência que têm os organismos, quaisquer que sejam, no sentido da desagregação. Em um sistema biológico ou social (aberto), a entropia pode ser interrompida, transformando-se no que chamamos de entropia negativa, ou homeostase. Nesse caso, o sistema pode buscar novos rumos no ambiente externo e se desenvolver. Homeostase É o oposto da entropia. No organismo humano, o processo homeostático se faz presente, automaticamente, sempre que há um distúrbio no sistema. Assim, sempre que um fator de perturbação (doença) atinge o sistema, o organismo tende a gerar anticorpos, de forma a reequilibrar o sistema. 2.2.3 Bases do Enfoque Sistêmico na Administração A mudança é provavelmente o fator crítico que afeta tanto a vida dos indivíduos como as operações de uma empresa. Megginson et al (1998) enfatizam que “os que se adaptam sobrevivem; os que não se adaptam ficam estagnados e podem até E nas organizações, você acredita que o reequilíbrio é automático? Justifique. Está claro para você o que é feedback? Dê um exemplo. 39 morrer. A estabilidade relativa nos anos 50 foi destruída pelo ativismo dos anos 60. A administração de organizações descobriu que o ambiente social, político e legal influenciavam quase todas as decisões”. Dessa forma, as antigas abordagens já não funcionam mais. O ambiente estável e previsível de ontem já não existe mais, o que coloca a organização em um contexto complexo, exigindo uma atuação mais sistêmica do administrador, contextualizando todas as forças internas e externas que afetam as decisões organizacionais. O enfoque sistêmico oferece ao administrador uma visão integrada das organizações e do processo administrativo. O enfoque sistêmico é também uma ferramenta para planejar e montar sistemas que produzam resultados, conforme explica Maximiano (2006). Assim, no planejamento estratégico e nas demais funções da administração, como a organização, a liderança e o controle, é fundamental que o administrador identifique o processo como sistema, pois a empresa não é formada de partes isoladas. Esta recebe influência interna, como das áreas (marketing, recursos humanos, finanças, produção, logística, compras), das pessoas, da tecnologia, e também da parte externa (economia, política, leis, meio ambiente, tecnologia, concorrência, sociedade e cultura). Em 1918, Mary Parker Follett já falava na necessidade de os administradores considerarem a “situação total”. Essa pioneira imaginava um modelo holístico de gerência, que incluía não apenas os indivíduos e os grupos, mas também os efeitos de fatores ambientais, como política, economia e biologia. As características principais da abordagem, segundo Chiavenatto (2006), são a dinamicidade, a multidimensionalidade, a adaptabilidade, a visão sistêmica, a multidisciplinaridade (sociologia, psicologia, economia, ecologia, pesquisa operacional) e o probabilismo (explicadas em termos preditivos e não com absoluta certeza). Saiba que a idéia de sistema vem dos antigos gregos, mas o moderno enfoque sistêmico começou a se formar na mesma época em que os pioneiros lançavam as fundações da administração científica do processo administrativo e da qualidade total. 40 As mais importantes linhas de pensamento que convergiram para o moderno enfoque sistêmico são: a teoria da forma, a cibernética e a teoria geral dos sistemas (Figura 8). TEORIA AUTOR PRINCIPAIS IDÉIAS GESTALT WERTHEIMER O todo é maior que a soma das partes. As propriedades das partes são definidas pelo todo a que pertencem. CIBERNÉTICA WEINER A informação é a base do controle de sistemas. O autocontrole de um sistema depende de informações sobre seu objetivo e sobre seu próprio desempenho. TEORIA GERAL DOS SISTEMAS VON BERTALANFFY O desempenho de qualquer componente depende do sistema em que se insere. É necessário usar uma abordagem holística ou sistêmica para lidar com a complexidade dos todos. Figura 8 – Principais teorias associadas ao moderno enfoque sistêmico Fonte: Adaptado de MAXIMIANO (2006) 2.2.3.1 Teoria da Forma (Gestalt) Como afirma Maximiano (2006) Max Wertheimer e outros psicólogos alemães desenvolveram o conceito de Gestalt (teoria da forma), num trabalho que se estendeu de 1912 a 1940,. Ele desenvolveu a teoria da forma segundo a idéia de que as pessoas enxergam os objetos e os fenômenos em seu conjunto. De acordo com a teoria da Gestalt, a natureza de cada elemento de um conjunto é definida pela estrutura e pela finalidade desse mesmo conjunto. Assim, cada tecla de um teclado é interpretada como parte deste, não como peça isolada. Nós analisamos o objeto, por exemplo, de forma sistêmica, como um conjunto único que tem uma finalidade, e não como conjunto de elementos independentes que necessitam ser interpretados um a um. A teoria da forma explica certos fenômenos do aprendizado, porque reconhecem o formato e não pela interpretação das sílabas, bem como da percepção que as pessoas têm dos objetos à sua volta. A teoria da forma é uma explicação sobre a maneira como as pessoas percebem o mundo dos objetos e eventos. No marketing, por exemplo, no gerenciamento de produtos, marcas e embalagens, é possível trabalhar com a visão e percepção,a partir da forma dos produtos. Crianças novas são capazes de “ler” a palavra Coca-cola, porque reconhecem o formato. 41 www.cocacola.com.br 2.2.3.2 Cibernética Nos anos 1940, o matemático americano Norbert Wiener participou do projeto de desenvolvimento de mísseis autocontrolados, que deram origem aos mísseis inteligentes e a muitos sistemas automáticos da atualidade. Ele procurou estudar a máquina comparando-a a um organismo vivo. Para designar esse novo campo da ciência, que busca encontrar elementos comuns no funcionamento das máquinas e do sistema nervoso humano, Wiener utilizou a palavra cibernética. A idéia central da cibernética é o autocontrole dos sistemas, visando ao alcance de um objetivo. Segundo Chiavenatto (2006), a cibernética é a ciência da comunicação e do controle no animal (homem, seres vivos) e na máquina. A comunicação torna os sistemas integrados e coerentes, e o controle regula o seu comportamento. O autocontrole dos sistemas por meio da informação está ligado à idéia de equilíbrio dinâmico (o equilíbrio entre o sistema e seu objetivo), que passou da cibernética para o campo da administração. A principal aplicação desta idéia é o conceito de que todo sistema deve ser autocontrolado por meio de algum fluxo de informação que lhe permita o seu pleno funcionamento. 2.2.3.3 Teoria geral dos sistemas A abordagem estruturalista pode ser considerada um primeiro esforço na busca de integrar abordagens que se concentravam em áreas específicas, como a abordagem clássica e as das Relações Humanas. Mas é na Teoria Geral dos Sistemas (TGS), conforme explicam Caravantes et al (2005), que encontraremos um esquema teórico Saiba que a Gestalt, em outras palavras, conduz a um raciocínio integrativo, que considera qualquer objeto, evento ou sistema. 42 maduro, capaz de propiciar as condições básicas para a integração sonhada pelos teóricos organizacionais. O fato histórico que reverteu o processo unidirecional da especialização foi a Segunda Guerra Mundial, que exigiu a formação de equipes interdisciplinares, com especialistas de áreas diversas, para equacionar e solucionar os problemas complexos surgidos. Após a Segunda Guerra, tivemos vários acontecimentos como a crise do petróleo (década de 70), o fim da Guerra Fria, entre 1989 e 1991, e a intensificação do processo de globalização nos anos 80, que exigiram uma visão sistêmica dos administradores na solução dos problemas, no gerenciamento e processo decisório. A teoria geral dos sistemas foi desenvolvida pelo cientista alemão Ludwig von Bertalanffy e tem como objetivos: classificar os sistemas, segundo a maneira como seus componentes se organizam e identificar as “leis” ou padrões característicos de comportamento de cada categoria de sistemas. Bertalanffy formulou as duas idéias básicas de sua teoria geral dos sistemas: interdependência das partes e tratamento complexo da realidade complexa. (MAXIMIANO 2006, MEGGINSON et al 1998, CARAVANTES et al 2005, CHIAVENATTO 2006). I. Interdependência das partes É preciso analisar não apenas os elementos, mas também suas inter-relações. A teoria geral dos sistemas é a exploração científica de “todos” e “totalidades”. As empresas também são sistemas compostos de diversas partes ou áreas (marketing, produção, recursos humanos, finanças) e também de outros sistemas como o técnico (formado por recursos e componentes físicos e abstratos, como objetivos, divisão do trabalho, tecnologia, duração das tarefas, instalações, procedimentos), e o social (formado por todas as manifestações do comportamento dos indivíduos e dos grupos como as relações sociais, grupos informais, cultura, clima, atitudes, crenças, e motivação). II. Tratamento complexo da realidade complexa Segundo Bertanlanffy, a tecnologia e a sociedade, hoje em dia, tornaram-se tão complexas que as soluções tradicionais não são mais suficientes. É necessário utilizar abordagens de natureza holística ou sistêmica, generalistas ou interdisciplinares. 43 De acordo com o mesmo autor, a teoria dos sistemas é a reorientação do pensamento e da visão do mundo, a partir da introdução dos sistemas como paradigma científico, que contrasta com o paradigma analítico, mecânico e linear de causa e efeito da ciência clássica. 2.2.4 O “Homem Funcional” A Teoria Geral dos Sistemas utiliza o conceito de “homem funcional”, em contraste com o conceito de “homem econômico”, da Teoria Clássica, do “homem social”, da Teoria das Relações Humanas, do “homem organizacional”, da Teoria Estruturalista e do “homem administrativo”, da Teoria Comportamental (ou behaviorista). O indivíduo, conforme explica Chiavenatto (2006), comporta-se, desempenhando um papel específico nas organizações, inter-relacionando-se com os demais indivíduos como um sistema aberto. Essa interação altera ou reforça o papel. 2.2.4.1 Sistemas Abertos e Fechados Os sistemas podem ser abertos ou fechados. (MAXIMIANO 2006, MEGGINSON et al 1998, CARAVANTES et al 2005, CHIAVENATTO 2006). Um sistema fechado não interage com o ambiente externo e, portanto, não é influenciado pelo que está acontecendo nesse ambiente. Exemplo: motor elétrico movido por bateria. Por outro lado, um sistema aberto, como, por exemplo, uma organização, tende sempre a ter um relacionamento dinâmico com seu ambiente, recebendo vários inputs, transformando-os de alguma forma para chegar ao produto final (outputs). Receber os inputs na forma de material, energia e informação, levando em conta a retroinformação Você sabe por que se denomina de Homem Funcional? E qual seria a diferença entre o Homem Funcional e o Homem Econômico? E então compreendeu a teoria de sistemas? Sabe o que é um sistema e por que é importante o pensamento sistêmico para as organizações? 44 em relação ao produto final, permite ao sistema aberto compensar e evitar o processo de sua estrutura e componentes internos, assim que surge a necessidade. 2.3 Tecnologia da Informação 2.3.1 Evolução histórica Desde a Revolução Industrial, a tecnologia vem influenciando o funcionamento das organizações. A aplicação do vapor como tecnologia de produção, que substituiu o trabalho humano, permitiu o aparecimento de fábricas e indústrias, e não mais a produção artesanal. Nessa época, surge também a máquina a vapor, o que permitiu distribuir em massa os produtos fabricados em locais distantes da industrialização. No final do século XVIII, a invenção da máquina de escrever alterou significativamente o processo produtivo dos escritórios, possibilitando maior agilidade e registro das informações. No final do século XIX, o surgimento do telefone permitiu a expansão e a descentralização das organizações rumo a novos e diferentes mercados, uma vez que a comunicação tornou-se mais rápida e as negociações podiam ser feitas a distância. O navio, o automóvel e o avião proporcionaram uma expansão sem precedentes nos negócios mundiais. Nas Idades Antiga e Média, muitos produtos já eram comercializados em outras regiões distantes, através das Naus (navios), em um acontecimento histórico denominado de Grandes Navegações. Os produtos eram especiarias como canela, cravo, gengibre, pimenta, entre outros. O desenvolvimento tecnológico constituiu a plataforma básica que impulsionou o desenvolvimento das organizações e permitiu a consolidação da globalização, salienta Chiavenatto (2006). Foi a invenção do computador, no entanto, na segunda metade do século XX (a partir de 1945), que permitiu as atuais características deautomação das organizações, como os sistemas de gestão, o controle da máquina por mecanismos digitais, a gestão Qual a importância da Tecnologia da Informação na Administração? 45 do relacionamento com o cliente a partir de banco de dados computadorizados. O computador tem sua origem na Cibernética: o primeiro esforço científico integrado no sentido de reunir diferentes áreas e especialidades da ciência – Matemática, Engenharia, Medicina, Eletrônica, Física, Neurologia etc., para a construção de uma máquina complexa que funcionasse como o cérebro humano. Foi com o computador pessoal (PC), em 1975, que a informação foi levada em larga escala - tanto corporativa, como individual ou doméstica – e à substituição dos antigos centros de processamento de dados corporativos pelas redes corporativas de informação (mainframes). 2.3.2 Sistema de informação Nas empresas, o sistema de informação abrange várias áreas como marketing, produção, finanças, recursos humanos, compras, logística, vendas e, nesse sentido, é importante que o sistema de informação gerencial de cada área seja integrado com os demais, a fim de permitir o gerenciamento das informações de forma adequada, no momento e locais certos. 2.3.2.1 Dado, Informação e Comunicação Há diferença entre dado e informação? E entre ambos e comunicação? Você sabe dizer? Já percebeu o quanto é importante um bom sistema de informação para os negócios e para os países? Saiba que sem o computador, não haveria a possibilidade de administrar grandes organizações com uma variedade significativa de produtos, serviços, processos, materiais e recursos, clientes, fornecedores, parceiros comerciais, funcionários, governo, imprensa, sociedade e outros públicos envolvidos. 46 No mundo contemporâneo, a informação envolve um processo de redução de incerteza, pois é o conhecimento disponível para uso imediato e que permite orientar a ação, ao reduzir a margem de incerteza que cerca as decisões cotidianas. As organizações são bombardeadas de informações de todos os lados e, cada vez mais, se tornam complexas. Assim, o gerenciamento das informações é fundamental para serem tomadas decisões em ambientes instáveis, imprevisíveis e mutáveis. Para esclarecer o significado de dados e informação, citaremos os conceitos definidos por Chiavenatto (2006): Dado: É o registro ou anotação a respeito de um evento ou ocorrência. Um banco de dados é um meio de acumular e armazenar conjuntos de dados para serem posteriormente combinados e processados. Exemplo: número de clientes ativos; volume de vendas em determinado mês. Informação: É um conjunto de dados com significado, ou seja, que reduz a incerteza ou que aumenta o conhecimento a respeito de algo. Exemplo: volume de vendas por cliente para serem tomadas decisões de marketing de relacionamento. E comunicação ocorre, quando a informação é transferida a alguém, sendo também compartilhada por essa pessoa. Para que haja comunicação, é necessário que o destinatário da informação a receba e a compreenda. Exemplo: comunicação de marketing através da propaganda e da publicidade. 2.3.2.2 Teoria da informação e comunicação A teoria da informação surgiu com as pesquisas de Claude E. Shannon e Warren Weaver, no campo da telefonia, em 1949. O sistema de comunicação tratado pela teoria da informação consiste em seis componentes (Figura 9): Figura 9 – Sistema de comunicação Fonte: Adaptado de CHIAVENATTO (2006) Fonte Fonte Transmissor Canal Receptor Destino 47 a) Fonte: pessoa, coisa ou processo que emite ou fornece as mensagens por intermédio do sistema. b) Transmissor: o processo ou equipamento que opera a mensagem, transmitindo- a da fonte ao canal. O transmissor codifica a mensagem fornecida pela fonte para poder transmiti-la. É o caso dos impulsos sonoros (voz humana da fonte) que são transformados e codificados em impulsos elétricos pelo telefone (transmissor) para serem transmitidos para outro telefone (receptor). c) Canal: o equipamento ou espaço intermediário entre o transmissor e o receptor. Exemplos: TV e rádio (antenas), telefone (fios). d) Receptor: processo ou equipamento que recebe a mensagem do canal. O receptor decodifica a mensagem para coloca-la à disposição do destino. É o caso dos impulsos elétricos (canal telefônico) que são transformados e decodificados em impulsos sonoros pelo telefone (receptor), para serem interpretados pelo destino (pessoa que está ouvindo o telefone receptor). e) Destino: pessoa, coisa ou processo a quem é destinada a mensagem no ponto final do sistema de comunicação. f) Ruído: quantidade de perturbações indesejáveis que tendem a deturpar e alterar, de maneira imprevisível as mensagens transmitidas. Uma informação ambígua ou que induz a erro é uma informação que contém ruído. 2.3.3 Informática A informática é a disciplina que lida com o tratamento racional e sistemático da informação por meio automáticos. (CHIAVENATTO 2006) Na realidade, a Informática é a parte da Cibernética que trata das relações entre as coisas e suas características de maneira a representá-las através de suportes de informação. A informática é um dos fundamentos da teoria e dos modelos que fornecem as regras para o tratamento da informação. Mais um item! Parabéns de novo! Você é 10! 48 Tem alguma dúvida a respeito de Tecnologia de Informação? Sabe agora a diferença entre dado, informação e comunicação? Sabe quais são os componentes de um sistema de comunicação? Então, mãos à obra! Responda às questões do Caderno de Atividades referentes a este item e veja o quanto acertou. Compartilhe com o orientador, o especialista e colegas... 2.4 Conseqüências da Informática na Administração As principais conseqüências da Informática na Administração são: automação, sistemas de informação, integração do negócio e e-business. (CHIAVENATTO 2006) 2.4.1 Automação A automação é uma síntese de ultra-mecanização, super-racionalização (melhor combinação dos meios), processamento contínuo e controle automático (pela retroação que alimenta a máquina com o seu próprio produto). Com a automação surgiram sistemas automatizados e fábricas autogeridas. Algumas indústrias químicas e refinarias de petróleo apresentam uma automação quase total. O mesmo ocorre em organizações cujas operações são relativamente estáveis e cíclicas, como centrais elétricas, ferrovias, metrôs etc. Bancos e financeiras estão entre as organizações que mais investem em automação de suas operações, seja em âmbito interno, na administração de produção e recursos humanos, como também externamente, na relação com os clientes e fornecedores. 2.4.2 Sistema de informação gerencial Para melhorar o processo decisório, as organizações criam sistemas específicos de busca, coleta, armazenamento, classificação e tratamento de informações relevantes para seu funcionamento. Tais sistemas são denominados sistemas de informação gerencial (SIG). Quais seriam essas conseqüências? Para você elas são mais positivas ou mais negativas? Por quê? 49 Os sistemas de informação gerencial constituem sistemas computacionais capazes de proporcionar informação como matéria-prima para as decisões a serem tomadas dentro da organização. Os sistemas de informação gerencial constituem uma combinação de sistema de computação, de procedimentos e de pessoas, e têm como base um banco de dados, que nada mais é do que um sistema de arquivos interligados e integrados. 2.4.3 Integração do negócioA passagem do mundo real para o mundo virtual passa pela TI, que proporciona os meios para que as organizações organizem e agilizem seus processos internos, sua logística e seu relacionamento com o ambiente. Integração, conectividade e mobilidade são as palavras de ordem no mundo atual. A implantação de um sistema integrado de gestão organizacional envolve quatro fases: a. Construir e integrar o sistema interno: integração de softwares de gestão, como o ERP. b. Integrar as entradas: a cadeia integrada de fornecedores. Essa integração exige uma logística de materiais: significa dispor dos produtos no tempo certo, no local exato e na quantidade esperada. O SCM (Supply Chain Management) gerencia e sincroniza toda a cadeia de fornecimento – desde o fornecimento de matéria-prima pelos fornecedores até o usuário final, passando pelos produtores e distribuidores ou intermediários. c. Integrar as saídas: o relacionamento com os clientes. É preciso um atendimento impecável ao cliente através de softwares conhecidos pela sigla CRM (Customer Relationship Management). O objetivo é a fidelização do cliente. No atual cenário competitivo, a tecnologia é o fator diferencial. d. Integrar o sistema interno com as entradas e saídas. 2.4.4 E-business São os negócios virtuais feitos através da mídia eletrônica, que recebe o nome de Web (Wide World Web). Envolve compras e vendas eletrônicas, parcerias, redes estratégicas, logística virtual, produção sob medida, entre outros. 50 2.5 Teoria da Contingência Neste tópico, vamos explicar como surgiu a abordagem contingencial, seu conceito e importância para a ciência da administração, e principais características. 2.5.1 Conceito e Objetivos da Teoria da Contingência Chiavenatto (1997) diz que a palavra contingência significa algo incerto ou eventual, que pode se suceder ou não. A abordagem contingencial salienta que não se atingem os objetivos de forma eficaz, seguindo-se um único modelo ou diretriz, ou forma pré-estabelecida para todas as circunstâncias, mas, sim, através de diversas variáveis internas e externas. Outro aspecto que sintetiza os pressupostos da Teoria da Contingência é que ela recebe contribuição das várias outras teorias, como a Administração Científica, Teoria Clássica, Teoria das Relações Humanas, Teoria da Burocracia, Teoria Estruturalista, Teoria Neoclássica, Teoria Comportamental e Teoria de Sistemas. O que vai determinar qual a melhor será o momento, a circunstância atual, ou seja, não existe uma melhor ou pior, e, sim, a que é mais adequada para os objetivos que se quer alcançar no momento. Stoner & Freeman (1999) conceituam abordagem contingencial como a concepção de que a técnica de administração que melhor contribui para o alcance dos objetivos organizacionais pode variar em situações ou circunstâncias diferentes. Com essa relatividade, a Teoria da Contingência se torna flexível, conseqüentemente, mais adaptável às mudanças rápidas que acontecem no mundo dos Você sabia que o princípio geral da teoria da contingência é: “nada é, mas tudo pode ser”? Explique com suas palavras o que significa um sistema de informação gerencial para a organização moderna. Ao finalizar, envie a seu orientador. Ouça sua música preferida e vamos caminhar mais um pouco pela Teoria! 51 negócios e na ciência da administração. A mesma combina os aspectos mais positivos das outras abordagens, como ressaltam Megginson et al (1998), a abordagem da contingência teoricamente afirma que condições e situações diferentes exigem a aplicação de técnicas diferentes de administração. Assim, não há verdades, conceitos ou princípios universais que possam ser aplicados em todos os casos. Em vez disso, cada situação, na empresa, deve ser abordada com uma atitude de: “isto depende”. 2.5.2 Origens da Teoria da Contingência As origens da Teoria da Contingência são explicadas por meio de uma série de pesquisas para explicar as formas de estruturas organizacionais mais eficazes em certos tipos de empresas. As pesquisas foram desenvolvidas por Chandler, Burns & Stalker, Lawrence e Lorsch, Joan Woodward. A pesquisa de Chandler, de 1962, realizou uma série de investigações históricas sobre as mudanças estruturais de grandes organizações, relacionando-as com a estratégia de negócios. Sua conclusão é que, na história industrial, a estrutura organizacional das empresas americanas foi sendo gradativamente determinada pela sua estratégia mercadológica. A pesquisa de Burns e Stalker, realizada em 20 indústrias inglesas em 1961, procurou verificar a relação existente entre as práticas administrativas e o ambiente externo das indústrias. Eles classificaram as indústrias pesquisadas em dois tipos: organizações “mecanicistas”, com características clássicas, como estrutura burocrática, minuciosa divisão do trabalho, hierarquia rígida, especialidade, interação vertical, procedimentos formais; “orgânicas”, fundamentadas em pressupostos como estruturas flexíveis, pouca divisão do trabalho, predomínio da interação lateral, maior confiança nas comunicações, ênfase nos princípios da Teoria das Relações Humanas. A pesquisa de Lawrence e Lorsch, realizada em 1972, foi a que mais repercutiu para o aparecimento da Teoria da Contingência. Aliás, esta expressão resultou dessa pesquisa. Preocupados com as características que devem ter as empresas para enfrentar com eficiência as diferentes condições externas, tecnológicas e de mercado, fizeram A partir da consciência de que “tudo depende” você imagina qual a origem da teoria contingencial? Pois vamos saber já! 52 uma pesquisa comparando dez empresas em três diferentes segmentos industriais – plásticos, alimentos empacotados e recipientes. Concluíram que os problemas organizacionais básicos são a diferenciação e integração. Estes pesquisadores definiram que a Teoria da Contingência procura explicar que não há nada de absoluto nos princípios de organização. Os aspectos universais e normativos devem ser substituídos pelo critério de ajuste entre organização e ambiente, e tecnologia. A pesquisa de Joan Woodward, realizada em 1958, em 100 firmas de diferentes tipos de negócios, de tamanhos diferentes, objetivou saber se os princípios de administração propostos pelas várias teorias administrativas correlacionavam-se com êxito do negócio quando postos em prática. As principais conclusões foram: o desenho organizacional é profundamente afetado pela tecnologia utilizada pela organização; há uma forte correlação entre estrutura organizacional e previsibilidade das técnicas de produção; as empresas com operações estáveis necessitam de estruturas diferentes daquelas organizações com tecnologia mutável; a importância de vendas, produção ou engenharia, na empresa, depende da tecnologia específica empregada. 2.5.3 Características da Teoria da Contingência A Teoria da Contingência, de forma resumida tem as seguintes características: • O ambiente é dividido em ambiente geral – condições legais, tecnológicas, culturais, políticas, econômicas, demográficas, ecológicas; e ambiente de tarefa: fornecedores, clientes, concorrentes e entidades reguladoras. • As organizações têm os seguintes níveis: institucional ou estratégico, intermediário e operacional. • O arranjo organizacional: sistemas abertos. • Abordagem do desenho organizacional: estrutura organizacional matricial. • Dimensão do homem: complexidade. Um homem como um sistema complexo de valores, percepções, características e necessidades pessoais (Figura 10). Está percebendo que é resultado de muita pesquisa uma nova teoria?
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